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Este trabalho abordará a vida de Jean Piaget, suas obras, algumas curiosidades, alem do
tema: Jogos e brincadeiras - A lógica na educação infantil, fator fundamental ao
desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador
para que esta estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes.
Jean Piaget, para explicar o desenvolvimento intelectual, partiu da idéia que os atos
biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente,
sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desenvolvimento
intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico (WADSWORTH,
1996).
Para Piaget, a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento "total" do
organismo.
Teorias de Piaget
Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu
trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Passou grande parte de sua carreira
profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus
estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.
Sua Vida
Jean Piaget nasceu no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça. Seu pai, um
calvinista convicto, era professor universitário de Literatura medieval.
Piaget foi um menino prodígio. Interessou-se por História Natural ainda em sua
infância. Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sobre sua observação de
um pardal albino. Esse breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira
científica. Aos sábados, trabalhava gratuitamente no Museu de História Natural.
Após formar-se, foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá ele
freqüentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma clínica. Essas
experiências influenciaram-no em seu trabalho. Ele passou a combinar a psicologia
experimental - que é um estudo formal e sistemático - com métodos informais de
psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes.
O ano de 1919 foi um marco em sua vida. Quando iniciou seus estudos experimentais
sobre a mente humana e começou a pesquisar também sobre o desenvolvimento das
habilidades cognitivas. Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o
desenvolvimento cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa.
Em 1923, casou-se com Valentine Châtenay, com quem teve três filhas: Jacqueline
(1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). As teorias de Piaget foram, em grande parte,
baseadas em estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua
esposa.
Sua Obra
Em seu trabalho, identifica os quatro estágios de evolução mental de uma criança. Cada
estágio é um período onde o pensamento e comportamento infantil é caracterizado por
uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Esses quatro estágios são: sensório-
motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
Construção do conhecimento
Esquema
Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos esquemas
sensório-motores da criança e os processos responsáveis por essas mudanças nas
estruturas cognitivas são assimilação e acomodação.
Assimilação
A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas alternativas:
Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito
sobre esse, para tentar assimilá-lo.
Equilibração
Estágios
Exemplos:
O bebê “pega” o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que
está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e
levá-lo a boca.
Pré-operatório (2 a 7 anos)
Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente,
pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-
motor).
Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês");
Exemplos:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma
de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas
são diferentes. Não relaciona as situações.
Exemplos:
Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança
diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança
já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.
Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado
de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de
problemas.
Exemplos:
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o
papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma
galinha comendo grãos.
Jogos e Brincadeiras
Em torno dos 2-3 e 5-6 anos (fase Pré-operatória) nota-se a ocorrência dos jogos
simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o
mentalmente o acontecido, mas também de executar a representação.
Vamos analisar uma entrevista feita por Piaget com crianças sobre o jogo “Bola de
gude”.
O experimentador fala mais ou menos isso. “Aqui estão algumas bolas de gude... você
deve me mostrar como jogar. Quando eu era pequeno eu costumava jogar bastante, mas
agora eu me esqueci como se joga. Eu gostaria de jogar novamente. Vamos jogar juntos.
Você me ensinará as regras e eu jogarei com você...”. Você deve evitar fazer qualquer
tipo de sugestão. Tudo o que precisa é parecer completamente ignorante (sobre o jogo
de bola de gude) e até mesmo cometer alguns erros propositais de modo que a criança, a
cada erro, possa dizer claramente qual é a regra. Naturalmente, você deve levar a coisa a
sério, e se as coisas não ficarem muito claras você começará uma nova partida.(Piaget,
1965, p.24).
Com os jogos de regras podemos analisar por traz das respostas, informações sobre seus
conhecimentos e conceitos. Esses níveis de conhecimento podem ser classificados
como: Motor, Egocêntrico, Cooperação e Codificação de Regras, e são paralelos ao
desenvolvimento cognitivo da criança.
Motor: Nível apresentado nos primeiros anos de vida e que normalmente se estende até
o estágio pré-operacional. No estágio de compreensão de regras, a criança não apresenta
nenhuma compreensão de regras. O prazer da criança parece advir grandemente do
controle motor e muscular, e não há atividade social nesse nível.
Egocêntrico: Em geral, essa fase se dá dos 2 aos 5 anos, a criança adquire a consciência
da existência de regras e começa a querer jogar com outras crianças – vemos nesse
ponto os primeiros traços de socialização. Mas notamos também que algumas crianças
insistem em jogar sozinhas, sem tentar vencer, assim revelando uma atividade cognitiva
egocêntrica. As regras são percebidas como fixas e o respeito por elas é unilateral.
Segundo Piaget (1976): “... os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou
entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual”.
Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a
informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o
resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira,
aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou
não.
Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer,
segundo Oliveira (1997), que são correspondentes.
“As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que
no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (Vygotsky, 1998)”.
Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais
da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977, 58).
Para Vygotsky, citado por Wajskop (1999:35): “... A brincadeira cria para as crianças
uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão à distância entre o
nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado
através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um
companheiro mais capaz”.
Vygotsky, citado por Lins (1999), classifica o brincar em algumas fases: durante a
primeira fase a criança começa a se distanciar de seu primeiro meio social, representado
pela mãe, começa a falar, andar e movimentar-se em volta das coisas. Nesta fase, o
ambiente a alcança por meio do adulto e pode-se dizer que a fase estende-se até em
torno dos sete anos. A segunda fase é caracterizada pela imitação, a criança copia os
modelos dos adultos. A terceira fase é marcada pelas convenções que surgem de regras
e convenções a elas associadas.
As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de
desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se perceber a importância
do professor conhecer a teoria de Vygotsky.
Porém essa perspectiva não é tão fácil de ser adotada na prática. Podemos nos
perguntar: como colocar em prática uma proposta de educação infantil em que as
crianças desenvolvam, construam/adquiram conhecimentos e se tornem autônomas e
cooperativas?
Como os professores favorecerão a construção de conhecimentos se não forem
desafiados a construírem os seus? O caminho que parece possível implica pensar a
formação permanente dos profissionais que nela atuam.
Conclusão
Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget descobriu que elas não raciocinam como os
adultos. Esta descoberta levou-o a recomendar aos adultos que adotassem uma
abordagem educacional diferente ao lidar com crianças. Ele modificou a teoria
pedagógica tradicional que, até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia,
esperando ser preenchida por conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as
próprias construtoras ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas
teorias sobre o mundo. Grande parte desse conhecimento é adquirida através das zonas
do conhecimento onde os jogos e brincadeiras infantis têm sua principal influencia,
onde as noções de regras são criadas, a socialização se faz presente, o simbólico é
exercitado, além do físico e o mental. Fazendo uma comparação relativa com os
pensamentos e a linha de trabalho de Vygotsky.
Piaget forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de muitas linhas
educacionais atuais. De fato, suas contribuições para as áreas da Psicologia e Pedagogia
são imensuráveis.
Piaget com apenas 10 anos publicou, em Neuchâtel, um artigo sobre um pardal branco.
Aos 22 anos, já era doutor em Biologia.
Referências bibliográficas
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de (org). 2000. Educação infantil: muitos olhares.
4.ed. São Paulo: Cortez.
LOPES, Josiane. Jean Piaget, Revista Nova Escola - ano XI - Nº 95 – fev. de 1996.