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Disciplina Processo de Cuidar: Fundamentação e práticas

Faculdade de Enfermagem – UFMT


2020/2
SONDAGEM
Sondagem é a colocação de sondas nos orifícios naturais do organismo ou
através de abertura da pele com a finalidade de extrair líquidos retidos,
diagnóstico ou penetração de alguma substância.

As sondas são de preferência tubos confeccionados de PVC ou silicone


por serem atóxicos, de superfície lisa e terem baixo poder aderente às
secreções.
. São de secção cilíndrica e comprimentos variáveis para atingir órgãos
em várias profundidades.
- Podem ser impregnados com óxido de prata, clorohexidina ou
nitrofurasona.

Os tamanhos padronizados dos diâmetros externos do cateter e a maioria


dos instrumentos endoscópicos são fornecidos de acordo com a escala
francesa de Charriére (unidades de 0,33 mm = 1 French [F] ou 1 Charriére
[Charr]. Assim, 3F é igual a 1 mm de diâmetro.
CATETERISMO VESICAL DEMORA OU SONDAGEM
VESICAL DE DEMORA

• Cateterismo vesical é a introdução de um cateter no


meato urinário passando pela uretra até a bexiga.

• A cateterização do trato urinário deve ser realizada


somente quando não há outra alternativa.

• É fundamental o uso de técnica asséptica para a sua


passagem e manipulação.

• As infecções estão associadas, na maioria das vezes,


com a violação do sistema fechado.
CATETERISMO VESICAL DEMORA OU SONDAGEM VESICAL
DE DEMORA

• Principais objetivos
• Esvaziar a bexiga dos pacientes com retenção urinária;
• Promover drenagem urinária dos pacientes com
incontinência urinária;
• Permitir o controle indireto da função hemodinâmica;
• Monitorar o débito urinário em pacientes inconscientes;
• Manter o pertuito uretral nas obstruções urinárias
anatômicas ou funcionais prolongadas.
• Introduzir medicamentos na bexiga.
CATETERISMO VESICAL DEMORA OU SONDAGEM VESICAL
DE DEMORA

• Principais objetivos

• Auxiliar na investigação da função urinária


(urodinâmica).

• Manter a bexiga vazia durante cirurgias principalmente


as abdominais.

• Auxiliar no diagnóstico das lesões traumáticas do trato


urinário.

• Obter urina asséptica para exame.


Eliminação urinária

Características gerais

1. Volume urinário

2. Cor

3. Aspecto

4. Odor

5. PH

6. Densidade
Volume urinário
✓24 horas: 1500-1600ml

✓Cada micção: 150 a 200 ml (média)

✓Desejável hora > 30ml/hora


Fatores que podem interferir no débito urinário

Ingesta hídrica

✓Alimentação

✓Emoção

✓Temperatura ambiente

✓Exercícios físicos
Padrão esperado
➢Volume = 1500 ml/24 horas
➢Frequência = variação individual (4 a 6 vezes/dia excretando 250 a
400 ml/vez)
➢Realizada sem dificuldade ou dor.
➢Cor de amarelo-claro a âmbar de acordo com a concentração
➢Transparente no momento da eliminação
➢Odor característico
➢PH= 6,0 (ligeiramente ácido)
➢Densidade de 1.003 a 1.030 (medida da concentração de partículas
sólidas na urina)
Avaliação da Função Urinária - sinais e sintomas
sugestivos de patologia

✓Diurese - volume urinário em determinado período de tempo


✓Micção - volume urinário eliminado em um determinado
horário
✓Poliúria - volume urinário de 24 horas aumentado, > 2000ml
✓Oligúria - volume urinário de 24 horas diminuído
✓Anúria – ausência de formação de urina (<100ml/24horas)
✓Nictúria – aumento do volume urinário no período
noturno
✓Polaciúria ou polaquiúria- aumento da frequência de
micções sem aumento de volume urinário
✓Disúria - dor à micção, ou micção difícil
✓Retenção Urinária - incapacidade de eliminar a urina da
bexiga ≠ Anúria
✓Incontinência Urinária - perda involuntária de urina
✓Dor renal – dor constante no ângulo costovertebral (caixa torácica e
coluna vertebral) pode estender para a área umbilical).
✓Dor uretral – dor que irradia para o abdômen, porção superior da
coxa, testículos e grandes lábios.
✓Ardência – no ato de urinar- pode ser irritação uretral ou infecção
vesical;
✓Uretrite – queimação durante a micção;
✓Cistite – queimação durante e após a micção.
Exame Físico:
Cor:
Amarelo pálido: urina diluída: (diabetes, consumo excessivo);
Amarelo: urina normal
Âmbar: urina concentrada, pigmentos de bilirrubina
Marrom: Bilirrubina, hemoglobina e metahemoglobina;
Verde: Bilirrubina oxidada, azul de metileno, medicações.
Vermelho/rosa: porfirinas, mioglobina, hemoglobina, medicações;
Laranja: Medicações
Preta: Melanina e ácido homogentísico

Urina com espuma

Urina escura contendo porfiria


O que é Porfiria?
• As porfirias constituem um grupo de pelo menos oito doenças,
herdadas e adquiridas, que ocorrem em decorrência da produção
excessiva e do acúmulo de substâncias químicas que produzem
porfirina,

• PORFIRINA é uma proteína responsável pelo transporte de


oxigênio na corrente sanguínea, essencial para a produção de
hemoglobina. Por causa disso, ocorre uma série de deficiências
enzimáticas na produção de uma estrutura muito importante da
hemoglobina, o heme.

• HEME - O heme é formado a partir da ligação entre a porfirina


e o ferro contido no corpo.
Sonda Foley

Sonda Nelaton em Silicone com linha


radiopaca - GMI
Coletor Sistema Fechado
SONDA FOLEY
Duas vias
Três vias

https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fm
edicarshop.com.br%2Fproduto%2Fmaterial-de-consumo-
sonda-foley-3-vias-no-16-
medix%2F&psig=AOvVaw13tpbZAUQ1a6inAROFNO8E&ust
=1616492630535000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQj
RxqFwoTCLiC4rnOw-8CFQAAAAAdAAAAABAK

Sonda Foley 3 Vias 22FR 30CC Solidor é indicada para pacientes que necessitam
de controle rigoroso da diurese ou para tratamentos de distúrbios urinários
SONDA FOLEY

Balonete

Válvula
Sonda de Nelaton

Sonda uretral (PVC)


SONDA DE DRENAGEM NELATON EM BORRACHA RUSCH

Sonda Nelaton em Silicone - GMI

Sonda Nelaton em Silicone com linha radiopaca - GMI


Dispositivo Peniano
Coletor sistema aberto
Características da sonda

✓Comprimento : de 220 –380 mm

✓Seção de tubo: mais usados os de nº 12 a 18

✓Capacidade do balão: 10ml e 30 ml mais usados

✓Sistema de drenagem:

• fechado (menos infecção)

• aberto (mais infecção)


Critérios para escolha da sonda

✓O calibre da sonda deve ser determinado pelo


tamanho do canal uretral do cliente. – Sistema
graduação francesa - quanto maior o número do
calibre, maior é o cateter.
✓Crianças de 8 a 10 Fr;
✓Mulheres de 14 a 18 Fr;
✓Homens 16 a 18 Fr.
✓ O período de cateterização deve determinar o tipo de
material a ser utilizado.

✓Os cateteres plásticos são adequados apenas para o uso


intermitente por serem espessos e inflexíveis.

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UROCOLETOR SISTEMA FECHADO
Escolha da sonda

✓Tamanho do balão é um aspecto importante:

✓O volume de 03 a 05 ml é apropriado para o cateterismo padrão

• Este pequeno volume permite uma drenagem ótima da bexiga e


não interfere com o esvaziamento da bexiga

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✓Apenas água estéril deve ser utilizado para insuflar o balão; o SF 0,9%
pode cristalizar, provocando assim deflação incompleta do balão no
momento de sua remoção.

✓A troca de tamanho do cateter pode ser necessária para controlar o


extravasamento.
Cateterismo Vesical de Demora Sexo Masculino/
Feminino

Técnica sondagem

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Períneo feminino
1. Explicar o procedimento e finalidade ao paciente;
2. Fazer higiene rigorosa da região genital e perineal com PVP-I
degermante/ clorexidina dergemante – (paciente que deambula
entregar a solução explicando como deve fazer a higiene íntima);
3. Lavar as mãos;
4. Reunir o material para o cateterismo de demora;
5. Levar todo material para junto do paciente colocando-o sobre a
mesa de cabeceira ou outro local apropriado;
6. Cercar a unidade com biombo;
7. Posicionar o paciente feminino – pernas ligeiramente
afastadas/posição ginecológica;
• Posicionar o paciente masculino – decúbito dorsal com as
pernas afastadas.

8. Dispor recipiente de lixo em local acessível; (Quebrar ampola se


necessário).

9. Colocar gaze embebida em PVP-I tópico/ clorexidina tópica, no


meato uretral e deixar no local (luvas limpas);

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10. Abrir pacote de cateterismo próximo ao paciente ou entre suas
pernas;

11. Colocar bolsa coletora no campo estéril e os outros materiais


estéreis;

12. Calçar luvas estéreis;

13. Montar agulha na seringa; aspirar H2O destilada na seringa; e


testar balão;

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14. Solicitar ajuda para colocar xylocaina na seringa estéril ou na gaze;
Caso não tenha ajuda, não calce as duas luvas estéreis. Deixe uma
sem luva e com essa mão não dominante, coloque xilocaína na
seringa( no caso de cateterismo masculino) ou coloque xilocaína em
uma case (para lubrificar a ponta da sonda);

15. Conectar extensão na sonda vesical;

16. Colocar campo fenestrado sobre o períneo;


14. Retirar a gaze embebida em PVP-I/ clorexidina tópica do meato uretral
15. Secar o meato uretral com gaze ou algodão seco;
16. Lubrificar a sonda (mulher) ou introduzir xylocaína direto na uretra (homem)
com o auxílio de uma seringa, cerca de 8- 10mL.
17. Introduzir a sonda na quantidade recomendada e observar a saída de urina;
18. insuflar o balão;

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22.Testar se a sonda está fixa na bexiga;
23.Fixar externamente a sonda, conforme recomendado;
24.Prender a bolsa coletora na grade lateral inferior do leito;
25.Colocar o paciente em posição confortável;
26.Recompor a unidade, dando destino adequado aos materiais e
resíduos;
27.Verificar volume urinário e demais características da urina drenada
durante o procedimento;
28.Lavar as mãos;
29.Efetuar as anotações.
Cuidados de rotina com a sonda
✓Realizar a higiene íntima periódica (duas vezes ao dia e
em seguida à evacuação);

✓Usar a solução anti-séptica em torno da sonda no


meato uretral;

✓Trocar o esparadrapo sempre que sujo ou solto


Retirada da sonda de demora
✓Obedecer dois princípios:

• Estímulo do funcionamento normal da bexiga e a prevenção de


traumatismos da uretra.
• Recondicionamento da bexiga (iniciar dez horas antes da
retirada, clampar a sonda por 3 horas e soltar por 5 minutos,
repetindo 3 vezes, em seguida retirar o cateter)

✓Checar o volume no interior do balão;


Para retirar a sonda vesical

➢Seringa de 10ml (p/ esvaziar balão)

➢Luva de procedimento e gaze

➢Esvazie bolsa coletora (atenção para volume e características da


urina)

➢Desprezar sistema coletor e sonda

➢Atenção: observar diurese espontânea após a retirada da sonda


Cuidados de Enfermagem relacionados ao
Cateterismo Vesical

Antes, durante e após a cateterização


➢Reunir todo material necessário

➢Higiene rigorosa do períneo antes da anti-sepsia


➢Escolha da sonda com calibre compatível à luz da uretra
➢Seleção de sistema de drenagem fechado
➢Lubrificação do cateter
➢Rigor asséptico no manuseio do material estéril
➢Volume de líquido no balão para fixar a sonda
➢Introduzir quantidade de sonda maior que tamanho da
uretra, impedindo que o balão seja insuflado na uretra
➢Fixação do cateter
✓Feminino - parte interna da coxa
✓Masculino – lateral da coxa ou região suprapúbica

➢Observar fixação da sonda, impedindo que a mesma


fique presa apenas pelo balão.
➢Manter sistema de drenagem fechado (não desconectar
sonda da extensão)
✓Coleta amostra de urina
✓Esvaziar bolsa coletora
✓Sistema em contato com o chão
➢Esvaziar bolsa coletora a cada 6 ou 8 horas
➢Aumentar a ingesta hídrica se não houver contra
indicação
➢Manter a bolsa coletora em nível inferior ao da bexiga para
conservar fluxo descendente

➢Trocar a sonda diante de sinais e sintomas indicativos de infecção.


Anotação do procedimento - cateterismo vesical

28/5/10 – 15 horas – realizado cateterismo vesical de demora, sem


intercorrências, utilizado sonda foley duas vias, nº 14, insuflado balonete com
5 ml de água destilada. Drenou no momento 200ml de urina amarelo claro,
odor característico, transparente e sem sedimentos, foram desprezados.
(carimbo nome – nº COREN - assinatura)

28/05/10- 10 horas – Desprezados 500ml de urina amarelo claro, odor


característico, transparente e sem sedimentos. (nome – nº COREN)
- 12 horas – desprezado 600 ml de urina hematúrica, odor amoniacal,
opaca e com sedimentos. (carimbo nome – nº COREN - assinatura)
Cateterismo intermitente
- Introdução de cateter estéril ou limpo a cada 3 -6
horas; feito pelo próprio paciente ou familiar.

- Finalidade de drenar a urina sendo removido


imediatamente (rotina de cuidados de pacientes com
lesão raqui-medular)
Procedimento
1. Higiene íntima com água e sabão/secar

2. Lavar as mãos

3. Retirar a sonda do recipiente e lavá-la com sabão neutro


enxaguando-a com água fervida

4. Lubrificar a sonda com xylocaína

5. Introduzir a sonda no meato uretral, aplicando força leve e


moderada

6. Após a drenagem da urina retirar a sonda

7. Lavá-la com água, sabão e secar/guardá-la fechada até novo


procedimento
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Irrigação vesical

Tem por finalidade permitir a drenagem de urina e líquidos


introduzidos e manter a permeabilidade da sonda.

Material
➢ Solução Fisiológica 1000 ml
➢ Equipo
➢ Luvas
➢ Sistema coletor
Procedimento
1. Lavar as mãos
2. Preparar material e levá-lo junto ao
paciente
3. Calçar luvas
4. Fechar equipo do frasco de solução
instalada
5. Pendurar o frasco de solução ao suporte de
soro
6. Desconectar o equipo do frasco e adaptá-lo
ao novo frasco
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Irrigação vesical

7. Medir o volume de líquido drenado e demais características


para certificar do volume urinário produzido, considerando o
volume de solução usado na irrigação
8. Abrir a pinça estabelecendo gotejamento imediato e
controle da velocidade de gotejamento
9. Providenciar ordem na unidade
7. Retirar luvas e lavar mãos
8. Anotar na folha de controle hídrico o volume
infundido, o drenado e volume urinário
9. Anotar na folha de observação de
enfermagem

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Na irrigação vesical utiliza-se sonda foley 3 vias

1ªvia- insuflar balonete


2ªvia –drenar urina
3ªvia- instalar líquido drenado

- Se o líquido de drenagem for vermelho vivo,


deixar a velocidade da solução de irrigação
aumentada.

- Se líquido claro, manter entre 40 a 60 gts/min

- O líquido drenado será superior ao infundido ,


atentar para presença de bexigoma, obstrução
de sonda.
Dispositivos coletores externos
✓Podem ser improvisados com preservativo (tipo condom) que é
adaptado a um intermediário e este a um reservatório fechado
ou usar coletor próprio- Uropen (homem).

✓Cuidado com complicações: maceração da pele, ulceração e


garroteamento do pênis.

✓Necessidade de retirar diariamente o coletor para higiene do


pênis.
Série
Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde
Medidas de Prevenção de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde

Capítulo 2

Agência Nacional de Vigilância Sanitária | Anvisa


PARA LEITURA
Referências Bibliográficas
•AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Medidas de prevenção de infecção
relacionada à assistência à Saúde. Brasília: ANVISA, 2017. IN: BRASIL.ANVISA. Capítulo 2. Medidas
de prevenção de infecção do trato urinário. Brasília :ANVISA, p.37-42, 2017.Dispnível em
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D. Acesso
em 12 Mar. 2021.

•POTTER P.A; PERRY,A.G. Fundamentos de Enfermagem. 10 ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,
2017

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