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Rescisão de Contrato

Humanizada

O desligamento talvez seja o momento


mais difícil e delicado para a empresa e
colaborador, pois é neste momento que
o vínculo trabalhista se rompe e as vezes
o motivo não é um dos melhores, o que
pode acabar criando um clima
desagradável ou até mesmo traumas
que podem levar um certo tempo se
recuperar.

Bom, antes mesmo de falar sobre o desligamento humanizado, é interessante


entendermos um pouco sobre as questões legais que envolvem o tema, a fim de facilitar
a compreensão desse momento não delicado que é o desligamento do trabalhador.

No Brasil a rescisão de contrato de trabalho pode acontecer de diversas formas e não


necessariamente a iniciativa pelo desligamento do empregado ocorrerá por iniciativa do
empregador. Vamos aqui ver alguns exemplos de desligamento, começando pelas
menos comuns.

Demissão por falecimento


do empregado ou do
empregador
Esse tipo de desligamento acontece em
decorrência do falecimento do trabalha-
dor ou do empregado. Aqui se o empre-
gador chega a falecer e as atividades da
empresa serão descontinuadas devido
ao fato, então haverá o desligamento do
empregado, ocasião em que o mesmo
receberá todas as verbas trabalhistas,
inclusive, o saque de FGTS e multa resci-
sória, bem como, aviso prévio.

Por outro lado, ocorrendo o falecimento do trabalhador, ocorrerá uma espécie de


“pedido de demissão", situação em que a família do empregado poderá receber as
verbas trabalhistas, sacar o saldo de FGTS, porém, sem direito a multa de 40% e nem
aviso prévio indenizado.

Despedida indireta
No desligamento por despedida indire-
ta, temos o que chamamos de demissão
por justa causa do empregador. Ela
ocorre quando a empresa descumpre
cláusulas e regras do contrato de traba-
lho, por exemplo, atraso no pagamento
de salário, não concede férias ao em-
pregado, ou as concede fora do período
concessivo, entre muitas outras irregu-
laridades.

Nesta ocasião, o trabalhador poderá acionar a justiça do trabalho por meio de ação
trabalhista e pedir o desligamento do empregador e consequentemente, este deverá
pagar todas as verbas trabalhistas garantidas ao empregado e talvez, quem sabe, até
indenização por danos morais.

Término de Contrato
de Trabalho
Nesse tipo de desligamento temos a
finalização do contrato de trabalho
por este ter sido estabelecido por um
tempo determinado, por exemplo, o
contrato de experiência e o contrato
temporário.

Nesta ocasião o trabalhador deverá receber todas as verbas trabalhistas, com exce-
ção do aviso prévio, multa de 40% de FGTS e seguro-desemprego.

Rescisão por acordo


Essa foi uma novidade introduzida pela
reforma trabalhista em novembro de
2017, quando o legislador verificou a
necessidade de uma rescisão de contra-
to de trabalho, onde as partes pudes-
sem manifestar a sua vontade pelo fim
da relação trabalhista, sem maiores
prejuízos.

Ela ocorre assim, uma das partes pode


manifestar o seu interesse pelo desligamento, e se a outra parte concordar, teremos
então a rescisão por acordo. Nesta ocasião, algumas verbas serão pagas pela metade,
por exemplo, o aviso prévio quando indenizado e a multa rescisória de 40%. Neste
caso, também não há direito ao seguro-desemprego.

Demissão sem justa causa


Nesse tipo de rescisão, a mais comum na
verdade, o trabalhador é desligado por
vontade do empregador, e sem um
motivo mais específico como nos demais
casos. Na ocasião do desligamento, o
empregado terá direito a todas as verbas
trabalhistas incluindo o aviso prévio,
saque de FGTS, multa de FGTS de 40% e
seguro-desemprego.

Pedido de demissão
No pedido de demissão, ao contrário do
que acontece com a demissão sem justa
causa, a iniciativa pelo desligamento é
do trabalhador. É ele quem deseja dar
fim na relação trabalhista.

Pedindo demissão o colaborador terá


direito a todas as verbas trabalhistas,
com exceção do saque do FGTS, multa
rescisória, e não terá direito ao seguro-
-desemprego.

Demissão por justa causa


A mais delicada e polêmica de todas,
pois aqui não trabalhamos com critérios
necessariamente objetivos e você deve
estar se perguntando por quê.

Primeiramente é importante mencio-


nar, que a justa causa ocorre quando o
empregado comete uma falta grave.
Mas como saber quando necessaria-
mente o trabalhador cometeu uma falta
grave?

Bom, inicialmente, podemos indicar os motivos elencados no artigo 482 da CLT. Neste
artigo temos como exemplo de justa causa a violação de segredo da empresa, a desídia,
embriaguez, entre outros motivos.

Todavia, em algumas situações é muito difícil comprovar a justa causa de forma objetiva.
Imagine um empregado que cometeu um furto na empresa e o empregador sabe e tem
certeza do fato, porém não tem como comprovar. Sem provas, a única alternativa do
empregador é demitir o empregado sem justa causa. Por fim, vale mencionar que a
demissão por justa causa, garante apenas o recebimento do saldo de salário e férias
vencidas se houver.

Desligamento Humanizado

Depois de entender um pouco sobre alguns tipos de rescisão, vamos focar agora na
demissão humanizada. Mas, do que ela trata?

A demissão humanizada tem como principal premissa o cuidado e empatia pelo tra-
balhador que está sendo desligado da organização. A ideia é tornar esse processo
leve e menos traumático.

À medida que passam os anos, as empresas se preocupam mais e mais com essa
etapa do vínculo trabalhista, pois os benefícios são muitos. Para o trabalhador que se
sente mais assistido e respeitado e para as empresas, pois conseguem manter uma
boa relação com o ex-empregado evitando, inclusive, ações trabalhistas.

Cuidados ao realizar o desligamento

Bem, para entender na prática como isso funciona, veremos a seguir algumas dicas
sobre o processo de desligamento.

Comunicação sobre a dispensa


Bem, o fim do vínculo trabalhista, inicia-se pela sua comunicação e é uma das tarefas
mais difíceis para o gestor. Todavia, é possível deixar esse processo menos desagra-
dável e traumático.

Importante lembrar que uma comunicação realizada de forma inadequada, pode


resultar, inclusive, em processos judiciais perante a justiça do trabalho.

A empresa, ao decidir pelo fim do vínculo trabalhista deve comunicar isso diretamen-


te ao empregado e não por terceiros. Imagine a situação em que o trabalhador ouve
comentários de que ele será demitido pelos corredores da empresa.

Essa com certeza, não é a melhor forma do trabalhador saber que será desligado.
chamar o trabalhador pessoalmente para conversar sobre isso com certeza demons-
tra o mínimo que se espera de um gestor, o respeito.

Recentemente um professor processou a instituição de ensino onde lecionava, após


ter sido demitido por telegrama e bem próximo ao natal, o que causou um desgaste
emocional já que não esperava ser demitido, ainda mais daquela forma.

E sim! A instituição de ensino foi condenada a pagar uma indenização por danos
morais no montante de 50 mil reais e na decisão o TST levou em consideração princí-
pios constitucionais como, a dignidade da pessoa humana e a valorização do trabalho.
Por isso, escolha a melhor forma de comunicar o empregado sobre o desligamento.

Motivo do desligamento
Começamos pelo motivo da rescisão. Por que esse colaborador está sendo desligado
e por que saber disso é importante? Bem, se o motivo tem um critério mais objetivo,
por exemplo, terminou o contrato de trabalho e a empresa optou pelo desligamento,
o processo de desligamento fica mais fácil em todos os aspectos.

Agora, se o motivo do desligamento se deu sem justa causa, à priori o trabalhador não
estava preparado para tal situação e a partir daí vem um trabalho importante que é
deixar claro o motivo da dispensa e nada melhor e a entrevista de desligamento.

Entrevista de desligamento
É na entrevista de desligamento que a empresa terá a oportunidade de ouvir o traba-
lhador, dando oportunidade ao mesmo de expor seus sentimentos e opiniões sobre o
período em que esteve na empresa e os motivos que levou ao seu desligamento.

Ainda que seja o trabalhador pedindo demissão, a entrevista de desligamento pode


ajudar a empresa a identificar falhas internas e melhorar processos e também o am-
biente de trabalho, pois se alguém pede demissão, é importante descobrir se esse
pedido é resultado de questões internas na empresa que podem até ser resolvidas ou
no mínimo melhoradas.

Entretanto é importante lembrar que a entrevista não é obrigatória, sendo assim, a


empresa não pode obrigar o trabalhador a ter este momento se não é da vontade
dele.

Atenção a demissão por justa causa


A demissão por justa é considerada como punição máxima aplicada àquele trabalha-
dor que cometeu uma falta grave. Obviamente, se o trabalhador não vem agindo de
acordo com os valores da organização, e sua conduta merece uma justa causa, a em-
presa precisa tomar a triste decisão de demiti-los nesses moldes.

Contudo, a questão está em avaliar se o comportamento do trabalhador justifica um


desligamento não delicado quanto a justa causa. Vamos ver uma situação prática
para ficar mais compreensível.

Imagine um trabalhador que chega na empresa em estado de embriaguez, e como se


sabe, a embriaguez habitual, é considerado como motivo para justa causa de acordo
com a CLT, em seu artigo 482, f.

Contudo, o entendimento da justiça do trabalho atualmente é que a embriaguez, a


depender da situação, pode ser considerada com doença (alcoolismo),logo, o empre-
gador precisa ter sensibilidade, e antes de tomar qualquer decisão sobre um possível
desligamento por justa causa, devendo inicialmente encaminhar o trabalhador para
encaminhamento médico.

Se constatado que o empregado sofre de alcoolismo, o empregado deve afastá-lo e


não demiti-lo.

Cuidado com as palavras


Como sabemos, o processo de desligamento não é nada fácil, nem para o colaborador
e nem para a empresa, então, por ser uma situação delicada, ela merece cuidado nas
palavras e na forma como elas são externalizadas.

Obviamente que, se existem coisas que precisam ser ditas, até mesmo visando a evo-
lução pessoal e profissional de quem está sendo desligado, então é importante que
sejam ditas, porém, ainda que seja algo não tão agradável, sempre é possível expô-las
de forma gentil e humanizada, se atentando a questões emocionais e à subjetividade
de cada colaborador.

A Rescisão de Contrato Humanizada


que ultrapassa benefícios legais
Quando se fala de desligamento humanizado, podemos até imaginar que isso se
limita a melhores práticas no processo de rescisão contratual entre empregador e
colaborador. Mas ela vai além! Tão além que muitas empresas estão preocupadas
com a segurança e o bem estar de seus ex-empregados, mesmo fora da empresa.
Algumas organizações procuram manter alguns benefícios concedidos aos traba-
lhadores enquanto era colaboradores da empresa, por um determinado período
de tempo como, por exemplo, plano de saúde e até mesmo um pagamento de salá-
rio.

Além disso, uma das preocupações da empresa é conseguir uma nova realocação
do ex-empregado ao mercado de trabalho, por meio de parcerias entre empresas
que buscam tornar as relações trabalhistas ainda mais justa e humanizada.

Infelizmente, essa ainda não é uma realidade para a maioria das empresas, e não
somente por questões culturais, pois muitas empresas gostariam de aplicar tais
práticas, todavia, existem limitações e a financeira é uma delas.

De qualquer modo, pode-se ver como a sociedade está mudando e em muitos


aspectos para melhor, por exemplo, nas relações trabalhistas e o importante é
continuar acreditando que dias melhores sempre virão!

Benefícios da Rescisão Humanizada


Como já mencionei em alguns pontos, o desligamento humanizado traz muitos
benefícios não não somente o ex-colaborador, mas de forma especial as empresas,
pois com esse sentimento de empatia e colaboração o trabalhador fica mais feliz e
seguro, o que contribui não somente para uma boa reputação da empresa perante
a sociedade, mas evita ainda, processos judiciais na justiça do trabalho, já que o
trabalhador se sente mais assistido pela organização.

Além disso, o clima organizacional da empresa é impactado positivamente, visto


que ao perceber a preocupação da organização, os colaboradores se sentem mais
confiantes nos no tratamento dado a eles.

Com tudo isso, os valores sociais da empresa ganham força e consequentemente e


consequentemente, o employer branding também.

As pessoas e a sociedade passam a ter mais respeito por ela, e com isso a empresa
conseguirá atrair os melhores parceiros e talentos que também estão na mesma
direção, afinal, quem não quer estar próximo de quem nos inspira confiança e res-
peito?

E que tal começar agora? Ainda que sua empresa seja pequena, e que não seja
possível aplicar tudo que foi mencionado aqui, sempre é possível conduzir este
processo de forma mais gentil e agradável para todos.

Sobre a autora
Patrícia Capistrano
Advogada e Especialista em Direito
do Trabalho

Há 16 anos na área trabalhista, advoga-


da, pós-graduanda em Direito do Traba-
lho, atualmente atua como Consultora
de Relacionamento da Fortes Tecnolo-
gia, membro da Comissão de Normas
Técnicas Aplicadas às Áreas Trabalhis-
tas e Previdenciária do CRC-CE, Espe-
cialista em eSocial, consultora traba-
lhista com foco preventivo, palestrante
e professora e conteudista digital.

A Fortes Tecnologia possui há 30 anos uma história baseada no crescimento e na transfor-


mação da vida de milhares de empreendedores em todo o Brasil.

Fundada pelo professor, contador, advogado e matemático José Carlos Fortes, somos espe-
cialistas no desenvolvimento de softwares para gestão contábil, gestão de pessoas, gestão
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