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HORTA ESCOLAR: EDUCAÇÃO PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR

Haroldo Gomes de Aguiar Júnior


Luci Mendes de Melo Bonini
Samira Daniele Gardizilius Maia Reis
Elias Ribeiro de Castro

RESUMO
Estuda-se a criação de umas horta, numa escola de ensino fundamental de Mogi das Cruzes realizada a partir de
uma parceria entre a Fundação Mokiti Okada, a Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes e a Escola
Estadual Maestro Antonio Mármora Filho. Os objetivos deste trabalho são: identificar a os conteúdos
relacionados à agricultura e à segurança alimentar nos currículos do ensino fundamental na rede pública estadual
do estado de São Paulo; estudar como as competências e habilidades de um Tecnólogo em Agronegócio pode
auxiliar os profissionais da Educação a promoverem uma conscientização acerca da agricultura sustentável e
segurança alimentar. Como metodologia escolheu-se a Este estudo se caracteriza como pesquisa descritiva de
abordagem qualitativa, estudo de caso, pois optou-se por descrever o processo de estágio para o Curso Superior
de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes, realizado em parceria com a
fundação Mokiti Okada na construção de uma horta numa escola de educação Básica em Mogi Das Cruzes, São
Paulo. Primeiramente houve o acordo de parceria homologado entre a instituição e a fundação Mokiti Okada, em
seguida estabelece-se um contato com a escola, no início em 10 de março de 2014. As ações a serem
implementadas eram: implantar as técnicas de agricultura natural segundo a filosofia da Fundação Mokiti Okada,
no processo de uma horta escola estendendo-se à melhoria da qualidade de vida e educação ambiental nos
professores, alunos e escola, pela a fundação e desenvolveu-se em 4 etapas: i) a primeira etapa preparação do
material e recursos; ii) preparar o composto (adubo) com o resto de folhagem e vegetais sem estarem cozidos e
sem tempero - processo natural de fermentação e a decomposição dos alimentos para a produção de adubo para
ser utilizado nas hortas de tempo em tempo. a no canteiro, para que todos fizessem parte do processo; iii)
demonstrar que, ao longo do processo, a conservação e a manutenção da horta para fins de aproveitamento dos
alimentos na merenda escolar e iv) a escuta da opinião dos profissionais da Educação acerca dos resultados do
projeto.

Palavras-chave: Agronegócio. Educação Básica. Horta. Inrterdisciplinaridade

1. INTRODUÇÃO

Um dos grandes debates da atualidade é a segurança alimentar. Se se puder juntar a


esse debate a questão da educação para a agricultura sustentável, pode-se ter um grande
avanço para a sociedade brasileira.
Será que o profissional formado num curso superior de Tecnologia em Agronegócio
pode colaborar com a educação no sentido de promover ações conjuntas com educadores
acerca da educação para a agricultura sustentável e segurança alimentar?
A fim de responder a essa problemática os objetivos deste trabalho são: identificar a
os conteúdos relacionados à agricultura e à segurança alimentar nos currículos do ensino
fundamental na rede pública estadual do estado de São Paulo; estudar como as competências e
habilidades de um Tecnólogo em Agronegócio pode auxiliar os profissionais da Educação a
promoverem uma conscientização acerca da agricultura sustentável e segurança alimentar.
O interesse em desenvolver este estudo, partiu da experiência dos pesquisadores
como professores. Um dos autores foi contratado do Ensino Fundamental e Médio na Rede
Pública do Estado de São Paulo nos anos de 2013 e 2014 e, em seguida, no ano de 2020. As
disciplinas lecionadas eram Ciências Naturais, Biologia e Matemática, e ao longo desse
período foi detectada uma ausência de conteúdos que abordassem a importância da produção
agrícola e da segurança alimentar.
O curso superior de tecnologia em Agronegócio proporcionou que se optasse por
realizar um estágio supervisionado que pudesse unir a educação e o agricultura. Assim, a
instituição de origem dos pesquisadores fez uma parceria com a Fundação Mokiti Okada, em
2014, a fim de se planejar uma horta numa escola de Educação Básica em Mogi das Cruzes,
São Paulo.
A Fundação Mokiti Okada, existe desde 1971 e de acordo com o site da instituição,
os trabalhos realizados visam a: “a objetivos morais, culturais, educacionais, ambientais e
assistenciais alicerçados na filosofia de nosso patrono, Mokiti Okada.” (FUNDAÇÃO
MOKITI OKADA, s/d, online) às áreas de arte; cultura; alimentação e agricultura natural;
meio ambiente; educação; saúde e espiritualidade.

1.1. Problema de pesquisa


Será que o profissional formado num curso superior de Tecnologia em Agronegócio
pode colaborar com a educação no sentido de promover ações conjuntas com educadores
acerca da educação para a agricultura sustentável e segurança alimentar?

1.2. Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral


• Identificar a os conteúdos relacionados à agricultura e à segurança alimentar nos
currículos do ensino fundamental na rede pública estadual do estado de São Paulo

1.2.2. Objetivo específico


• Estudar como as competências e habilidades de um Tecnólogo em Agronegócio pode
auxiliar os profissionais da Educação
2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Os 4 pilares da Educação

Em 1996, a UNESCO publicou Educação – um tesouro a descobrir, um documento


extremamente popular no mundo educacional. Foi escrito por Jacques Delors da Comissão
Internacional. Explica os quatro pilares da aprendizagem: aprender a saber, aprender a ser,
aprender a conviver e também aprender a fazer.
Aprendendo a conhecer - este pilar da aprendizagem como meio e fim para o
desenvolvimento humano. Ele explica que o objetivo não é apenas a aquisição de
conhecimento. Sua opinião é que se trata do domínio dos próprios instrumentos de
conhecimento. Aprendendo a ser – esse segundo pilar aponta para a educação como aquela
que tem a função de dar a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, julgamento,
sentimento e imaginação. Ele diz que eles precisam deles para promover seus talentos ao
máximo. Aprendendo a viver juntos – esse terceiro pilar demonstra que a convivência é
importante para os seres humanos, mais especificamente nos diferentes contextos sociais no
mundo, e isso deve estar presente como prática na educação, em projetos integradores,
trabalhos diversificados em equipes. Ao estimular essas práticas, cultiva-se a tolerância, o
acolhimento. Aprendendo a fazer - esse quarto pilar é necessário para exercer influência
sobre o que nos rodeia, sobre a materialidade da realidade, do dia a dia, da tomada de
decisões, do mundo do trabalho. (DELORS, 2003)

2.2 Competências e habilidades na Base Nacional Comum Curricular


A Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1996 (Lei 9394)
previu, entre outras coisas, uma base nacional comum curricular que estabelece normas que
definem o conjunto o orgânico e progressivo de aprendizagens ao longo do processo da
Educação Básica.
Para o caso específico deste trabalho, não se pretende esgotar o assunto, mas apontam-
se aqui algumas competências específicas em Ciências da Natureza para o Ensino
Fundamental: compreender as ciências da natureza como empreendimento humano e o
conhecimento científico como provisório, cultural e histórico; analisar compreender e explicar
características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico
(incluindo digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a
curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
com base nos conhecimentos da natureza; conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e
bem estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o
outro, recorrendo aos conhecimentos das ciências da natureza e às suas tecnologias e agir
pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões
frente a questões científico-tecnológicas e as socioambientais e a respeito da saúde individual
e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.
Como se vê essas competências estão alinhadas aos pilares da educação e é papel do
professor voltar seu olhar para os alunos no sentido de promover projetos que integrem
procedimentos que possam fazer desabrochar essas competências.
No caso deste trabalho, quando se escolheu estabelecer a parceria entre a tecnologia
em agronegócio com a educação, vislumbrou-se que seria um projeto interdisciplinar no qual
todos teriam ganhos.
O papel do professor sempre será de priorizar o protagonismo da criança, observando
o desenvolvimento e aprendizagem. O educador deve sempre criar possibilidades
educacionais levando as crianças terem experiências que ampliem a visão de mundo incluindo
o campo da tecnologia.
No planejamento curricular deve se levar e consideração possibilidades de
descobertas, o potencial e genialidade de cada criança, de seu interesse e singularidade. A
instituição também tem a liberdade de promover experiências lúdicas, fotos que permitam
com as crianças tenham uma compreensão de que elas fazem parte do mundo ao seu redor.
Analisando-se o conceito de agropecuária acabam surgindo questionamentos sobre a
possibilidade de ensino da matéria de Educação Agropecuária na Educação Básica (DIMAS,
2015).
Sendo assim, o Tecnólogo em Agronegócios pode contribuir para a construção desse
conhecimento trazendo novas perspectivas para o ensino da Biologia, contextualizando o
aluno com práticas do seu dia a dia. E desenvolvendo um material pedagógico rico em
informações que podem produzir maior conhecimento e experiências pessoais com o
conteúdo relacionado (FONSECA, 2015)
Segundo Fonseca (2015) há importância em utilizar o ensino em Agropecuária no
Ensino Fundamental porque os alunos desenvolvem habilidades necessárias para a
sustentabilidade de suas cidades, e desenvolvem capacidade de entender a finidade dos
recursos naturais. Além de habilitá-los a colaborar para o futuro do nosso país, pois o Brasil é
conhecido pelo forte mercado no Agronegócio (FONSECA, 2015).
2.3 O currículo Paulista
O Currículo Paulista da ênfase na vivência e aprendizado do aluno em todo o tempo
que ele irá permanecer na instituição educacional. Assim ele terá maior autonomia e
mobilidade para acessar as competências, construindo seu ponto vista de acordo com o
chamado volume substancial de informações e aos conhecimentos disponíveis em todo
período de formação. Ao final o aluno será mais criativo e fazer suas escolhas de cursos
acadêmicos ou sua vida profissional com uma maior facilidade, planejando assim seu projeto
de vida com menos impacto possível.
Segundo o currículo paulista:
O professor de Ciências, no Ensino Fundamental, deve estimular o estudante a
assumir uma posição reflexiva frente às situações do cotidiano, para que possa cons-
truir argumentos, defender e negociar pontos de vista, de maneira ética e empática, e
fundamentando-se no conhecimento científico, com base em fatos, evidências e
informações confiáveis (SÃO PAULO, s/d, p. 375).

Por isso é importante o desenvolvimento educacional dentro ou fora da sala de aula,


com base no contexto do Sistema Estadual de Ensino, sempre deverão culminar no
aprendizado e desenvolvimento do aluno.
Entre as habilidades descritas no currículo paulista, destacam-se para efeitos desta
pesquisa as seguintes:

• Analisar e construir cadeias alimentares simples, reconhecendo a posição


ocupada pelos seres vivos nessas cadeias e o papel do Sol como fonte pri- mária de
energia na produção de alimentos.
• Organizar um cardápio equilibrado com base nas características dos grupos
alimentares (nutrientes e calorias) e nas necessidades individuais (atividades
realizadas, a idade, sexo, etc.) para a manutenção da saúde.
• Reconhecer as diferentes ofertas de alimentação de acordo com a região onde se
vive, discutindo criticamente os aspectos sociais envolvidos na escassez de alimento
provocada pelas condições ambientais ou pela ação humana.
• Adaptar e propor um cardápio equilibrado utilizando os alimentos regionais pela
sua sazonalidade e associar à alimentação como promotora de saúde.
• Discutir a ocorrência de distúrbios nutricionais como obesidade e subnutrição
entre crianças, jovens e adultos, a partir da análise de hábitos individuais ou de
grupos sociais (tipos e quantidade de alimento ingerido, prática de atividade física
etc.) (SÃO PAULO, s/d, pp-384-385).

3. METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, estudo


de caso. O estudo de caso é utilizado para analisar e descrever eventos contemporâneos (Yin,
2005), neste sentido optou-se por descrever o processo de estágio para o Curso Superior de
Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes, realizado em
parceria com a fundação Mokiti Okada (anexo 1), na construção de uma horta numa escola de
educação Básica em Mogi Das Cruzes, São Paulo.
Primeiramente houve o acordo de parceria homologado entre a instituição e a
fundação Mokiti Okada, em seguida estabelece-se um contato com a escola, no início em 10
de março de 2014. As ações a serem implementadas eram: implantar as técnicas de agricultura
natural segundo a filosofia da Fundação Mokiti Okada, no processo de uma horta escola
estendendo-se à melhoria da qualidade de vida e educação ambiental nos professores, alunos e
escola, para tanto houve um curso preparatório oferecido pela a fundação, de 36 horas de
duração antes de iniciar as atividades na escola.
O processo ocorreu em 4 etapas, que se estendeu por 6 meses:
i) a primeira etapa de implantação corresponde ao conteúdo de implantação passo
a passo no ambiente da escola, preparando o material e recursos referentes aos
materiais que seriam usados no projeto, fazendo a junção e compreendendo a
maiores dificuldades e limitações da escola, dos professores e dos alunos,
preparando atividades extracurriculares e materiais didáticos (teóricas e
práticas) como: tipos de cultura a serem usadas, características agrícolas,
escolha do local, ferramentas, limpeza do terreno, demarcação da área,
formação de canteiros (preparo de covas), tipos de plantios, transplantio de
mudas, calendário de plantio e colheita, tratos culturais na horta, práticas de
colheita e pós-colheita;
ii) a segunda etapa, após a capacitação no curso de agricultura natural, era o
momento de demonstrar a responsabilidade de multiplicar o conhecimento:
assim foram os momentos de preparar o composto (adubo) com o resto de
folhagem e vegetais sem estarem cozidos e sem tempero - processo natural de
fermentação e a decomposição dos alimentos para a produção de adubo para
ser utilizado nas hortas de tempo em tempo. Em seguida, ainda nesta etapa
realizou-se uma atividade que consistia em cuidar e preparar um ambiente
para sementes de alface, os alunos levavam recipientes descartáveis de 50 ml
um pouco de insumo produzidos por eles mesmos, juntos com a semente
semeadas por eles neste recipiente e tinham a responsabilidade de cuidar até
ficar ao ponto de ser replantada no canteiro, para que todos fizessem parte do
processo;
iii) fa 3ª. Etapa consistia em demonstrar que, ao longo do processo, a conservação
e a manutenção da horta para fins de aproveitamento dos alimentos na
merenda escolar – que consistia na rega das plantas, criação de mais adubo,
mais semeadura etc. e
iv) A opinião dos profissionais da Educação acerca dos resultados do projeto.

4. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se poder descrever o processo de criação da horta, registrar os diferentes


passos na sua construção, a opinião de alunos e profissionais da educação envolvidos nesta
ação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília:


MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: [http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf]. Acesso em: 06 jul. 2018.
BRASIL. Lei 9394 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso 22.09.2021.
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 2ed. São Paulo: Cortez Brasília, DF:
MEC/UNESCO, 2003.
FONSECA JR., D.; PESSANHA, R. A. A Importância da Disciplina “Educação
Agropecuária” À Grade Extracurricular No Ensino Fundamental. Trabalho de Graduação.
Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes, 2015
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Disponível em: https://www.fmo.org.br/vivencie. Acesso
em 22.09.2021
SÃO PAULO. Currículo Paulista. Disponível em:
https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/. Acesso em 22.09.2021.
ANEXO I

TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO: FUNDAÇÀO


MOKITI OKADA, FATEC MOGI DAS CRUZES, ESCOLAS
ESTADUAIS E PESQUISADOR

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