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Tópicos de Filosofia Medieval, Primeira Prova Nicolas Schneider Blanco

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Art.4 Se em Deus, é o mesmo a essencia e o existir.

O artigo começa com a exposição de duas objeções à questão, se o existir e a essência são o
mesmo em Deus.
Na primeira primeira delas o objetor pretende demonstrar é que se a essência de deus fosse
seu existir, se para além do existir de deus não houvesse nada em deus, deus seria o ecce
comune, seria o transcendental 'ser', que se aplicaria a todos os entes. Na segunda objeção se
concorda que Deus existe, e que se pode saber que existe, sua existência é demonstrável, mas
não podendo saber o que ele é, sua existência e essência seriam coisas diversas, pois se pode
demonstrar apenas uma e não a outra.
Para o mas contra Hilário diz que existir não é acidente em deus mas verdade essencial,
portanto aquilo que é essencial em deus é o seu existir.
Na resposta ao corpus do artigo São Tomás estende a explicação a dois pontos: o primeiro é
que Deus não é somente a sua essência mas também o seu existir, e o segundo ponto é a
extensão de três demonstrações independentes de que em Deus não há composição de
essência e existir.
Na primeira demonstração São Tomás se referindo a algo que existe fora de sua essência, se
tratando do que é predicado não da essência mas causados por ela, que são consequências
daquilo que a coisa é, como no exemplo de risível, a capacidade de rir é um próprio do
homem por ser algo que decorre de sua natureza, sua essência racional, é causado pelos
princípios essenciais da espécie, outro exemplo dado por São Tomás é o calor na água
causado pelo fogo, a temperatura que a água se encontra é algo acidental e é causado por algo
exterior a sua essência, se algo está presente em uma coisa e não faz parte da essência da
coisa , ou é causado pela essência da coisa sendo um próprio ou vem de fora.
Ele aplica essa distinção ao existir, se o existir está fora da essencial é necessário que o existir
daquela coisa seja , ou causado por algo exterior, ou pelos princípios essenciais daquela
coisa, assim sendo ou ele é um acidente ou um próprio, o que Tomás faz a seguir é excluir a
possibilidade que o existir seja um próprio, pois o próprio é aquilo causado pela essência mas
como algo causaria se não existe, uma essência que não existisse não poderia ser causa de
nada. Deus existe em razão do que ele é e não por causa de si mesmo, Deus sendo o que ele é
não poderia não existir, Deus é um ser necessário mas não é causa de si mesmo. Ele conclui
dizendo que é impossível que o existir e a sua essência sejam o mesmo, pois temos como
deus a causa eficiente primeira.
Na segunda demonstração Santo Tomás emprega a distinção vista na introdução sob o nome
de ato formal e ato entitativo, quando ele diz que o existir é a atualidade de toda a forma ou
natureza ele está referindo-se ao ato entitativo, a forma já é uma atualidade, e a natureza
igualmente. Assim como a matéria para a forma e a potência para o ato, a essência também
está para o existir, o existir é um ato cuja potência é a essência, se houvesse em deus uma
essência diversa do existir, haveria então em deus algo em potencial, mas isso é impossível
pois Deus é ato puro.
Na terceira demonstração é invocada a noção de participação, se valendo de um exemplo
físico, utilizando o fogo para ilustrar a essência e aquilo que está em chamas como o
participante do fogo, se algo não existe por si é ente por participação. Deus sendo o primeiro
ente e a sua essência, se deus recebesse a existência de outra coisa, essa coisa que lhe
concedesse a existência seria superior a ele, e isso portanto seria absurdo pois deus é o seu ser
e existir não somente sua essência, deus sendo simples a essência de deus é o seu existir.
Avançando as respostas às duas objeções, a primeira onde o objetor procurava identificar
deus com o ser comum (ecce comune) sustentando que o existir divino nada se acrescenta, e
atua como predicado mais universal. São Tomás responde com uma distinção, algo a que não
é feita adição pode ser entendida duplamente, em um primeiro modo o ser existir sem adição
é o divino, de um segundo modo o ser e existir sem adição é o ser comum.
A segunda objeção é possível observar uma distinção sendo traçada o ecce pode ter dois
sentido, o do ato de existir e o de um sentido de composição da proposição. Nesse primeiro
sentido a essência divina permanece desconhecida para nós como também é uma
impossibilidade ter ciência do seu ser existir. Em um segundo sentido é empregado a deus o
modo do verbo haver, dizendo da seguinte forma ''deus existe'' diferentemente do caso
anterior não é o objeto a essência divina, em síntese é provável a proposição deus existe, no
sentido de haver diferente do ato de existir, verificando sua existência a partir de seus efeitos,
deus é assim um ato de existir subsistente. O que isso significa só pode ser apreendido na
visão beatífica que é de ordem sobrenatural.

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