Você está na página 1de 15

Brazilian Journal of Development 74983

ISSN: 2525-8761

Metodologias ativas: Oficinas de Escrita Acadêmica no contexto


Amazônico para calouros Indígenas e Quilombolas

Active methodologies: Academic writing workshops in the Amazon


context for Indigenous and Quilombolas

DOI:10.34117/bjdv7n7-601

Recebimento dos originais: 29/06/2021


Aceitação para publicação: 29/07/2021

Maria Christina da Silva Firmino Cervera


Doutora e Mestre em Linguística aplicada, professora efetiva na Universidade Federal
do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), líder do Grupo de Pesquisa em Metodologias
Inovadoras de Ensino–aprendizagem, na linha de pesquisa: Práticas de leitura e escrita
dos gêneros acadêmicos e ensino-aprendizagem CNPq.
E-mail: chriscer@unifesspa.edu.br

RESUMO
O objetivo central deste estudo é apresentar o desenvolvimento das ações e os resultados
obtidos pelo projeto de Oficinas de Escrita Acadêmica para indígenas e quilombolas
inserido no Projeto de Apoio ao Indígena (PAIND), realizado em uma universidade
federal do sul e sudeste do Pará no ano de 2018. O projeto de Oficinas de Escrita
Acadêmica surgiu pelo interesse dos alunos nas aulas de Leitura e Produção Textual, no
curso de Letras/Português, cujo objetivo era o de desenvolver capacidades de linguagem,
nos alunos, para a escrita de textos da esfera acadêmica: artigo, TCC, resumo, resumo
expandido, resenha e outros. Após o período de aprendizagem destes alunos com base
nas sequências didáticas desses gêneros acadêmicos, surgiu o projeto das Oficinas de
Escrita Acadêmica com o interesse, pelos alunos veteranos em compartilhar experiências
e aprendizados. Hoje, o projeto de Oficinas de Escrita Acadêmica é uma das ações
desenvolvidas e ligadas ao Grupo de Pesquisa CNPq – GEA – Grupo de Pesquisa em
Metodologias Inovadoras de Ensino–aprendizagem, na linha de pesquisa: Práticas de
leitura e escrita dos gêneros acadêmicos e ensino-aprendizagem, criado e coordenado pela
Profa. Dra. Maria Christina da Silva Firmino Cervera, da FAEL-UNIFESSPA. O Grupo
GEA tem desenvolvido pesquisas e práticas em oficinas oferecidas com estudos de
gêneros científicos e das várias práticas de ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Metodologias Ativas, Escrita Acadêmica, Sequência Didáticam,


Gêneros Textuais.

ABSTRACT
The main objective of this study is to present the development of actions and the results
obtained by the Academic Writing Workshops project for indigenous and quilombolas as
part of the Indigenous Support Project (PAIND), carried out at a federal university in the
south and southeast of Pará in the year of 2018. The Academic Writing Workshops project
arose out of the interest of students in Reading and Textual Production classes, in the
Literature/Portuguese course, whose objective was to develop students' language skills
for writing texts in the sphere academic: article, TCC, abstract, expanded abstract, review
and others. After the learning period of these students based on the didactic sequences of
these academic genres, the Academic Writing Workshops project emerged with the

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74984
ISSN: 2525-8761

interest of veteran students in sharing experiences and learning. Today, the Academic
Writing Workshops project is one of the actions developed and linked to the CNPq
Research Group – GEA – Research Group on Innovative Teaching-Learning
Methodologies, in the line of research: Reading and writing practices in academic genres
and teaching -learning, created and coordinated by Profa. Dr. Maria Christina da Silva
Firmino Cervera, from FAEL-UNIFESSPA. The GEA Group has developed research and
practices in workshops offered with studies of scientific genres and various teaching-
learning practices.

Keywords: Metodologias Ativas, Escrita Acadêmica, Sequência Didática, Gêneros


Textuais.

1 INTRODUÇÃO
O contexto amazônico sempre suscitou curiosidades por parte de pesquisadores
vindos de diversas partes do mundo. As aldeias indígenas, sobretudo aquelas localizadas
no estado do Pará recebem pesquisadores com objetivos diversos. São pesquisas
desenvolvidas na esteira temática da terra, da cultura, da botânica, dos costumes,
comportamento, enfim, a exuberância natural desta região, considerada o Portal da
Amazônia abre oportunidades para o desenvolvimento do saber científico.
Ao longo dos anos e, com cada vez mais as universidades se instalarem em
regiões, antes considerados não centrais, percebeu-se uma nova população alcançada e
jovem, interessada em aprender. São também os indígenas e quilombolas que formam o
público-alvo deste projeto. São calouros que iniciam cursos diversos em uma
universidade federal na região amazônica.
É importante ressaltar que o projeto Oficinas de Escrita Acadêmica, destinado aos
calouros indígenas e quilombolas foi oferecido por alunos veteranos, em sua maioria
voluntários, do curso de Letras/Português da faculdade desta universidade. O projeto de
apoio ao indígena - PAIND - ao qual o Projeto de Oficinas de Escrita Acadêmica foi
inserido, visava contribuir para o êxito acadêmico dos alunos indígenas através da
realização de projetos de ensino que promovessem espaços de integração, contribuindo
para a permanência dos estudantes indígenas na Universidade, por meio da intervenção
de discentes apoiadores nos processos de adaptação às atividades acadêmicas, bem como
contribuir para a compreensão, pelo estudante indígena, de seu novo ambiente de
vivência.
Os objetivos principais a serem alcançados pelo projeto PAIND iam, desde
contribuir para o sucesso da Política de Ações Afirmativas na universidade, assegurando

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74985
ISSN: 2525-8761

melhores condições de permanência, desenvolvimento acadêmico, redução dos índices


de evasão, reprovação e baixo desempenho dos estudantes indígenas da
Universidade; Inserir os estudantes recém-ingressos na universidade à realidade
universitária, visando minimizar as barreiras sociais, culturais e acadêmicas existentes;
contribuir para a qualificação do ensino de graduação, por meio da participação dos
discentes apoiadores em práticas pedagógicas já existentes e do desenvolvimento de
novas práticas, até promover o desenvolvimento acadêmico dos discentes apoiadores
através do diálogo intercultural associado à reflexão sobre a diversidade como pertinente
a sua formação acadêmica.
Nessa perspectiva, inseriu-se o Projeto de Oficinas de Escrita Acadêmica
destinadas aos calouros indígenas e quilombolas que se iniciou na região amazônica, em
uma universidade federal no sul e sudeste do Pará no ano de 2018, com base em trabalhos
iniciais nas Metodologias Ativas, em uma época em que as metodologias utilizando as
tecnologias aplicadas ao ensino e, nas universidades, sobretudo em alguns cursos, ainda
não tinham cenário propício para que pesquisas desse tipo prosperassem.
Neste ponto, apresentamos os objetivos, onde o objetivo geral do projeto de
Oficinas de Escrita Acadêmica é desenvolver capacidades de linguagem escrita nos
alunos calouros indígenas e quilombolas com gêneros textuais da esfera acadêmica
utilizando como abordagem didática a sequência didática dos gêneros textuais da esfera
acadêmica, num laboratório de informática.
E como objetivos específicos:
• Levar os alunos a entenderem o uso das ferramentas tecnológicas básicas para a
elaboração de textos acadêmicos;
• Conhecer, inicialmente, as normas mais básicas e usadas da ABNT;
• Levar o aluno a desenvolver seu próprio texto inicial;
• Entender estruturas formais dos gêneros textuais científicos : TCC; Artigo; Resumo
Expandido; Resumo; Resenha e Fichamento.
• Desenvolver oficinas com base na elaboração de sequências didáticas pré-
estabelecidas.
Postos os objetivos, ressalta-se que o projeto teve base nas propostas das
metodologias ativas aplicadas ao ensino-aprendizagem aplicado de gêneros textuais da
esfera acadêmica descritos por sequências didáticas. O projeto se desenvolveu,
inicialmente, sem muitas pretensões, porém foi tomando forma e conquistou um espaço

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74986
ISSN: 2525-8761

considerável com propostas, aos alunos do curso de Letras/Português, para contribuírem


com outros calouros, provenientes de vários cursos e que não eram originariamente
quilombolas ou Indígenas e o sucesso dessas oficinas começaram a se estender por todo
o campus. Sem dúvida o prestígio elevava o moral dos alunos veteranos e estes passaram
cada vez mais a desempenharem papel de projetistas de outras e novas ações, porém para
este momento nos ateremos às Oficinas de Escrita Acadêmica.
Justifica-se a escolha pelas Metodologias Ativas uma vez que coloca os alunos
como principais agentes de seu aprendizado, pois estimula a crítica e reflexão
incentivados pelo professor-orientador que conduz a aula, mas o centro desse processo é,
de fato, o próprio aluno. Assim, é possível trabalhar o aprendizado de uma maneira mais
participativa, uma vez que o envolvimento do estudante é que traz a fluidez e a essência
da Metodologia Ativa.
Estudos anteriores sobre Metodologias Ativas, já apontam que, se bem utilizadas,
esse formato de aulas com tecnologias aplicadas poderiam levar ao aperfeiçoamento e a
autonomia individual do aluno, desenvolvendo-o como um todo, para que se torne capaz
de compreender aspectos cognitivos, socioeconômicos, afetivos, políticos e culturais,
com maior amplitude do que se dá em sala de aula tradicional.
Buscando outras áreas das ciências sobre o tema, a neurociência tem alertado para
que memória e emoção estão profundamente conectadas. O lugar mais indicado para não
se aprender é estar em uma cadeira onde o aluno fica passivamente ouvindo alguém falar
por horas.
No processo de aprendizagem por meio das metodologias ativas, o professor usa
estratégias diversas que procuram evitar compartilhar com os alunos o conteúdo pronto e
acabado ou exercícios mecânicos e repetitivos. Na verdade, as metodologias ativas criam
provocações nos alunos bem antes da própria aula. Na chamada “sala de aula invertida”,
os alunos estudam muito antes da aula e a aula se torna um palco estimulante de debates
e aplicações.
Nas próximas seções serão apresentadas as bases teóricas utilizadas para
fundamentar este estudo, a descrição da metodologia, e as análises obtidas, além das
considerações finais.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74987
ISSN: 2525-8761

2 DESENVOLVIMENTO
Apaixonar-se por determinadas teorias apresentadas na universidade é natural,
pois os alunos universitários passam pela tomada de conhecimentos teórico-
metodológicos iniciais e em toda a fase acadêmica. Um dos conhecimentos teóricos que
foi propulsor da forma com que os alunos se posicionaram de forma teórica , diante do
projeto com as oficinas foi, sem dúvida, a partir das discussões teóricas prévias sobre o
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), Bronckart (2006). Dessa forma, foi através do
conhecimento dessa base teórica que os alunos se identificaram como interacionistas:
interagindo em um meio social com ferramentas adequadas para a interação e o desejo de
mudança do meio social. Neste sentido, identificou-se e atingiu-se rapidamente a
necessidade de promover conhecimentos e saberes voltados à esfera acadêmica, por meio
de atividades planejadas com base nas sequências didáticas (Dolz, Noverraz, Schneuwly,
2004) como instrumento da interação didática, estudos estes que alicerçaram a formação
das oficinas que viriam a ser construídas, criando movimento que faz parte do processo
de ensino-aprendizagem, na qual, aborda a complexidade do pensamento humano
abrangente e multidimensional (MORAES, 2002), abrindo espaço para a participação de
ingressantes das mais diversas áreas de conhecimento utilizando ferramentas
tecnológicas.
Ressalta-se que o Interacionismo sociodiscursivo considera que a linguagem é o
fator principal de desenvolvimento humano, podendo ser apresentadas como
instrumentos de comunicação, construção de conhecimentos e saberes, ligada à
identidade social e cultural de uma comunidade e a formação do indivíduo. Dessa
maneira, para Cervera (2008), a relação didática entre o social e o individual acontece
através da apropriação de atividades sociais, por meio da linguagem e da interação entre
os sujeitos envolvidos.
Foi neste contexto acadêmico que se reconheceu como um desafio o trabalho com
novos gêneros discursivos que iniciariam convivência com a realidade dos discentes
ingressantes de quaisquer áreas, e que se tornou o ponto de partida para a elaboração de
sequências didáticas como meio de intervenção e apropriação de novos instrumentos de
comunicação e produção, a partir da interação entre os sujeitos envolvidos a partir da
Interdisciplinaridade, principalmente do elo entre professor e aluno, para que assim, tal
adversidade seja sanada mediante a mobilização dos conhecimentos pelos discentes.
O ensino em sala de aula tem se voltado fortemente para as práticas de
aprendizagem em grupo, tais comportamentos didáticos modificaram,

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74988
ISSN: 2525-8761

consideravelmente, a cena didática e levaram alunos e professores perceberem que,


naturalmente, desenvolveriam habilidades para o trabalho em equipe utilizando as
tecnologias, seja por whatsaap, por e-mail, etc. O professor ficou mais próximo do aluno,
mais acessível.
É possível que o trabalho em grupo , mediado pelas tecnologias, na educação,
tenderá a refletir, em sociedade, pessoas preparadas para enfrentarem as situações de
trabalho de forma colaborativa, o que é um ganho para a sociedade atual egocêntrica e
pouco familiarizada em compartilhar informações e/ou dividir a carga de trabalho,
delegar ações para um trabalho conjunto, saber ouvir, saber opinar, saber recuar.
O desenvolvimento da responsabilidade pelo aluno é outro fator importante no
conjunto de reflexos observados nas ações numa abordagem com metodologias ativas.
O aprender deixa de ser somente responsabilidade do professor e nas interações
professor-aluno estes se reconhecem em seus respectivos papéis e na importância do
desempenho de cada um na mesma proporção, no mesmo esforço para atingirem o
objetivo traçado.
O conjunto do desenvolvimento das habilidades, já apontadas, desenvolvem
alunos mais críticos, efetivamente, estimulando o auto estudo e a forma como os novos
conhecimentos são realizados habilita-os para fazerem contato com a prática profissional
e, por conseguinte, essas práticas aumentam a retenção do conhecimento e a performance,
neste caso a performance do perfil do novo professor.
Uma aula baseada nos princípios das metodologias ativas transforma o formato
do ensinar e aprender e cria o ensino-aprendizagem que desconstrói a postura antiga de
quem ensina e de quem aprende, torna o método voltado a uma aprendizagem
significativa construída na reflexão para a ação. O agir didático entende-se, finalmente,
como facilitador/mediador de todo o processo de aprendizagem co-construída.
Assim, a Educação nos leva a pensar um ensino-aprendizagem centrado no aluno
como protagonista do seu próprio aprendizado. Este seria o ideal, mas ainda vemos os
velhos modelos cuja perspectiva pedagógica ainda está centrada no professor. A
Educação não contava com as mudanças que viriam a acontecer nas últimas gerações e
principalmente, na Geração Y, conectada aos avanços tecnológicos, impactou
profundamente os modelos pedagógicos e exigiu deles mudança.
A informação e busca pelo conhecimento foram facilitados pelas tecnologias e
logo chegariam às salas de aula com o uso das metodologias ativas.
Muitos são os aspectos que as metodologias ativas propiciam ao trabalho do

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74989
ISSN: 2525-8761

professor e no desempenho do aluno, sobretudo na promoção da maior autonomia dos


alunos. É indiscutível o efeito que o ensino, com base nas metodologias ativas, cria no
aluno dando a ele cada vez mais condições de tornar-se autônomo na sua própria busca,
quer seja pela quantidade de temas interessantes dentro de uma mesma linha para
desenvolvimento de pesquisa, de busca por informações, quer seja pela rapidez com que
as coisas mudam no campo das informações cibernéticas ou daquelas informações que
utilizam o suporte cibernético. É a era INFO – da informática, da informação. Por esse
motivo, a utilização de plataformas digitais são canais a serem otimizados pelos
professores a permitir mais meios de ensinar-aprender.
Dessa forma, é preciso considerar que o ensino educacional está cada vez mais a
se inserir no mundo digital e, assim, o papel do professor também vem a se desenvolver
de maneira a aperfeiçoar suas práticas pedagógicas com o intuito de envolver o aluno no
processo de ensino-aprendizagem por meio da tecnologia virtual. Toda essa
transformação foi resultado do atual cenário mundial pós-pandêmico que induziu ao uso
em massa das plataformas digitais em busca de amenizar os danos causados pelo
isolamento.
Assim, em vista da utilização dessas plataformas pelos alunos do ensino básico, é
preciso compreender que a escola deve reconhecer a importância do uso de recursos
digitais para o ensino e aprendizagem da escrita. Por conseguinte, Silva (2000) apresenta
a seguinte perspectiva:

Compreende-se que as redes sociais na educação podem proporcionar aos


indivíduos uma aprendizagem expressiva, no âmbito de leitura e de escrita,
uma vez que configuram como novas linguagens, novos meios de se comunicar
e de aprender [...] entende-se que a escola possa se inserir na rede e a rede
possa adentrar a escola, afim de que possa atualizar os seus métodos
pedagógicos, no que diz respeito a escrita e a leitura. (SILVA, 2000, p. 2-3)

O processo de ensino-aprendizagem nessa perspectiva também envolve práticas


de multiletramento capazes de atender as demais demandas da contemporaneidade, é por
isso que o professor precisa refletir sobre os novos significados de educar e aprender.
É evidente que as ferramentas digitais fazem parte do dia-a-dia do professor e do
aluno, todavia, é preciso estratégias de ensino-aprendizagem que contribuam na formação
do discente a partir do uso dessas plataformas, com o intuito de engajar mais, a incentivar
a busca pelo conhecimento e o domínio das habilidades exigidas pelos currículos
escolares. Assim, as metodologias ativas são as principais estratégias que contribuem na
formação de alunos críticos, autônomos e capazes de apresentar um rico potencial e um

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74990
ISSN: 2525-8761

futuro promissor dentro de suas reais escolhas possíveis. Portanto, o professor deve estar
atendo a essas mudanças sociais e compreender que é possível proporcionar aos seus
alunos uma aprendizagem plena.
Pode-se dizer que o preparo para as novas práticas de ensino interativas consiste
em, antes, detectar as fontes das dificuldades dos alunos quanto à escrita para, dessa
forma, orientar e organizar as atividades de ensino em sequências didáticas.
Algumas fontes das dificuldades de escrita dos alunos foram descritas por Dolz,
Gagnon e Decândio (2010), em um estudo em que expuseram as bases dessas
dificuldades. Para Cervera (2015) “Os autores defendem a ideia de que, para se organizar
as atividades de ensino, é necessário conhecer as bases das dificuldades. As mais
concorrentes são, de acordo com eles, as motivacionais” (CERVERA, 2015, p. 21) : “[...]
trata-se de fontes associadas à canalização das necessidades do aprendiz, à qualidade e à
intensidade do investimento da escrita e à relação entre o esforço feito e os resultados
obtidos” (DOLZ, GAGNON e DECÂNDIO, 2010, p.33).
Outra fonte relaciona-se às dificuldades enunciativas. Para os autores, “[...] a fonte
da dificuldade é a entrada do sujeito no texto, o modo como leva em conta e implica o
outro no texto [...]”; assim, de forma geral “[...] a gestão dialógica (a quem responde o
texto?) e polifônica do texto (quais são as vozes que são citadas e como?)” (DOLZ,
GAGNON e DECÂNDIO, 2010, p.33). Há também as procedimentais: estas “[...]
envolvem os procedimentos, as estratégias convocadas durante a escrita, bem como as
operações aplicadas para ultrapassar os obstáculos” (DOLZ, GAGNON e DECÂNDIO,
2010, p.33).
No percurso do mesmo estudo, vamos encontrar outra fonte da dificuldade de
escrita dos alunos: as textuais, que “[...] envolvem, principalmente, os conhecimentos
insuficientes em relação ao gênero textual a ser produzido e a não-conformidade com as
convenções e as regularidades que os caracterizam” (DOLZ, GAGNON e DECÂNDIO,
2010, p.33).
As questões sobre leitura e escrita se relacionam às questões sobre gêneros
textuais. Para Cervera (2008), “Gêneros são produtos das atividades sociais de linguagem
e reguladores dessas atividades.”(CERVERA, 2008, p. 37). Para a autora, a “Apropriar-
se de um gênero parece ser adequado em diferentes situações de ensino-aprendizagem.”
(CERVERA, 2008, p. 37)
O ensino-aprendizagem com gêneros textuais com atividades pensadas dentro de
uma sequência didática é, segundo Cervera (2018) ponto central para o desenvolvimento

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74991
ISSN: 2525-8761

das capacidades necessárias para a leitura e produção de diferentes gêneros, como é o


caso da Prova do Enem.

3 METODOLOGIA
As Oficinas foram ministradas no laboratório de informática da universidade. Os
alunos se inscreveram optando dentre as várias oficinas oferecidas aos calouros. As
Oficinas de Escrita Acadêmica receberam inúmeras inscrições e contou com lista de
espera, era, assim, uma das mais concorridas. Os alunos eram informados, no momento
da inscrição que poderiam trazer seus notebooks, mas teriam um computador à disposição
para cada participante.
Os alunos veteranos que ministrariam as oficinas estavam incumbidos de:
1. Selecionar leituras para o conhecimento prévio sobre Metodologias Ativas;
2. Identificar, com base no levantamento das próprias dificuldades e experiências os
temas a serem trabalhados nas oficinas e a divisão deles;
3. Levantamento de material didático a ser utilizado nas oficinas de forma que
obtivessem teoria aplicada;
4. Construção das Oficinas a partir de sequências didáticas pré-definidas.
5. Elaboração de um material de apoio para o aluno ingressante e comunidade acadêmica
da graduação postado na web.
Foi gratificante constatar as habilidades alcançadas pelos alunos que ministraram
as oficinas, alunos veteranos, no que tange: 1) ao trabalho em grupo; 2) momento de
ensino-aprendizagem; 3) Contato direto com alunos de outras áreas e a verificação das
suas necessidades no que se refere às práticas de escrita acadêmica, tornaram-se o motivo
central do incentivo destes alunos a continuarem, mesmo que e forma voluntária no
projeto nos anos subsequentes, que finalizou em 2020.
Os alunos veteranos desenvolveram uma organização interna de trabalho em
grupo com papéis definidos por eles: a equipe que gerencia os conteúdos para serem
ministrados nas oficinas, o aluno que cria os slides para as oficinas, o que gerencia os
trabalhos, o que fica com a lista de presença, o que organiza a entrada dos alunos no
laboratório, os monitores de sala de aula que auxiliam o aluno que está diante do
computador em algum detalhe que ele perdeu, o aluno que é o ministrante do curso, enfim,
há uma organização interna de trabalhos que foi se estabelecendo, naturalmente, e
observada e suprida pelos alunos veteranos. A coordenadora do projeto passou a ser
acompanhar o desenvolvimento das oficinas.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74992
ISSN: 2525-8761

Os objeto didáticos utilizados nas oficinas foram as ferramentas Word e Power


Point, para compreender e fixar as normas da ABNT para trabalhos acadêmicos,
apresentação da plataforma do Google Acadêmico para leituras e pesquisas e apropriação
de tais instrumentos para produção acadêmica.
Através das Sequências Didáticas, foi planejado a programação da oficina nível I
sobre “Normas acadêmicas conforme a ABNT” durante a Semana da Calourada, com
duração de quatro horas e divididas nos seguintes módulos: Formatação; Formatação para
escrita acadêmica e Como apresentar trabalhos acadêmicos. Dessa forma, observou-se a
participação de ingressantes das mais diversas áreas reforçando o processo de ensino-
aprendizagem através da Interdisciplinaridade, movimento que se direciona a uma
perspectiva fragmentada da produção do conhecimento que liga todas as áreas para
contribuição nos estudos acadêmicos e influência nas trocas de experiências e
socialização.

4 RESULTADOS
Foram mais de 120 alunos inscritos, distribuídos em três dias, entre calouros da
cidade (como chamaremos os não indígenas e não quilombolas), quilombolas e indígenas,
pois estes vivem em comunidades e em aldeias. Só não houve mais alunos, pois o
laboratório de informática comportava até 40 alunos por oficina. Chegou-se a ter o mesmo
número de inscritos para o mesmo número na lista de espera, tal foi a demanda.
Os alunos provinham de vários cursos, dentre eles: Ciências Econômicas,
Geologia, Engenharia de Minas, Engenharia da Computação, História, Ciências Sociais,
Engenharia Mecânica, Matemática, Ciências Biológicas, Física, Sistema de Informação,
Letras – Inglês, Saúde coletiva, Engenharia Civil e Direito

4.1 DESDOBRAMENTO DO PROJETO


a) Oficinas oferecidas
1) Oficina nível I para calouros da cidade (4 horas de duração – 40 alunos atendidos) –
Normas do trabalho acadêmico segundo a ABNT. Nesta oficina os alunos tiveram o
primeiro contato com a formatação do trabalho acadêmico, nos moldes exigidos pelos
professores da universidade, como criação da capa para trabalhos, folha de rosto, como
fazer citação direta, citação indireta, como fazer referências bibliográficas, formatos
geralmente pedidos pelas disciplinas que teriam.
b) Oficinas para calouros indígenas e quilombolas:

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74993
ISSN: 2525-8761

2) Oficina nível I – Normas para trabalhos acadêmicos segundo a ABNT (4 horas de


duração – 40 alunos atendidos)
3) Oficina nível II – Formatação de trabalhos acadêmicos - (4 horas de duração – 40
alunos atendidos) Conteúdos: Noções básicas para elaboração de resenha, fichamento e
artigo.
Participação: 17 alunos veteranos e voluntários
Certificação: Todos os alunos tiveram certificados de participação nos eventos, tanto os
ministrantes quanto os participantes.

4.2 O CLIMA DAS OFICINAS


As oficinas foram realizadas aos sábados e iniciavam às 14h:00m. Os alunos
faziam fila para entrarem no laboratório de informática onde eram recebidos pela equipe
de alunos veteranos, por volta de 17 alunos divididos entre monitores do laboratório,
ministrantes da oficina, organizadores da fila e das listas de presença.
A cada oficina oferecida, os alunos ministrantes que se revezavam , iam
adquirindo cada vez mais domínio no manejo com os conteúdos, a forma de adotarem nas
oficinas o laboratório de informática, tornando o fazer didático dinâmico, pois os alunos,
concomitantemente, ao aprendizado, iam aplicando em seus textos o que aprendiam.
É necessário comentar que houve um momento inicial de entendimento do
contexto científico, assim os alunos explanaram sobre os motivos de se fazer ciência,
quem faz ciência, os olhares ampliados que o aluno precisa desenvolver para fazer
ciência, a ciência da aldeia, a ciência que o aluno quilombola e indígena poderiam
desenvolver para contribuir com sua aldeia, sua comunidade, despertar assim, o espírito
científico olhando para o seu entorno. Os diálogos, neste aspecto, entre os alunos e os
ministrantes das oficinas levantaram questões importantes de quando eles percebiam a
presença, em suas aldeias de pessoas, que só agora entendiam que eram pesquisadores e
porque estes estavam acompanhando o dia-a-dia da aldeia sem interferir, mas vivenciar.
Os diálogos deram conta sobre as tradições mantidas pelos mais antigos, pelos jogos
olímpicos da corrida do tronco, por exemplo, que são tradições que os jovens participam
ativamente e requer bom condicionamento físico. Foram descortinando, assim,
possibilidades de temas que poderiam desenvolver em seus próximos estudos, como
forma de contribuir com seu povo, sua terra, sua aldeia. Este foi o momento em que o
aluno percebeu significado para estarem ali, não só para receber o certificado.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74994
ISSN: 2525-8761

As oficinas foram acompanhadas pela professora coordenadora do projeto, sem


interferência, somente na observação do desenvolvimento dos trabalhos.

4.3 AS AVALIAÇÕES FEITAS PELOS ALUNOS DAS OFICINAS


A cada finalização de uma oficina, os ministrantes das oficinas, ofereciam
questões avaliativas da oficina para os alunos responderem. Era bastante comum que os
alunos, ao final, além de escreverem suas percepções também procurassem vocalizá-las.
Eram avaliações bastante positivas que davam conta da sensação boa que tinham
percebido ao longo da oficina, pois sentiam que os alunos respeitavam a condição de o
aluno não saber aqueles conteúdos, apresentar dificuldades, pois estavam também lidando
com tecnologias e o trabalho com word, naquele aspecto nunca tinham visto. Além disso,
comentaram sobre a generosidade dos alunos em buscarem compartilhar conhecimentos
com os novos alunos ingressantes. Eles se sentiam despertos para as possibilidades
científicas que, a aldeia, os caciques falaram: “Trazer os conhecimentos que irão aprender
para sua aldeia e desenvolver seu povo.” é o pedido que muitos jovens indígenas e
quilombolas ouvem dos chefes das aldeias.

4.4 AS AVALIAÇÕES FEITAS PELOS ALUNOS MINISTRANTES


Com as oficinas, pode-se perceber o salto qualitativo que os alunos envolvidos
deram em seus próprios estudos nas escolhas teóricas, em seus TCCs, em sua escrita
acadêmica, na participação ativa em outros projetos que os alunos propunham. Esses
alunos tornaram-se uma equipe de projetista de ações didáticas voltadas para a escrita de
textos acadêmicos e se apresentaram em um congresso do PARFOR (Plano Nacional de
Formação de Professores da Educação Básica), onde ofereceram Oficina de Escrita
Acadêmica na formação de professores, além de continuarem em outras versões
recebendo os alunos calouros.
Hoje, estes alunos estão no término do seu curso, já em fase da escrita de seus
TCCs. A facilidade em orientá-los em suas pesquisas, a forma ampla com que
compreendem as teorias e as aplica, a forma como escolhem os aportes teóricos para suas
pesquisas e os mobiliza no dizer científico construindo um diálogo teórico são conquistas
desses alunos que, ao adentrarem a universidade e se depararem com os temas que
envolvem a escrita acadêmica e o ser científico, se mobilizaram para irem além de
aprender, foram ensinar.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74995
ISSN: 2525-8761

Como orientadora, hoje tenho três orientandas desta sala, dentre elas, uma cuja
pesquisa é, exatamente, sobre a experiência com as oficinas de escrita acadêmica em que
um aluno ensina o outro aluno em uma interação que buscou promover o despertar para
o mundo científico, aqui, nesta região que se abre para a vida, que se abre para o mundo
e que, cada vez mais tem sido valorizada pelos nativos dessas terras, agora, com um novo
olhar, o olhar da ciência.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho inicial desenvolvido com base nas dificuldades que os alunos
apresentam ao adentrarem uma universidade , ao se depararem com textos da esfera
acadêmica e, em pouco tempo precisar escrevê-los, mais as dificuldades no manejo das
ferramentas tecnológicas, ainda que bastante iniciais, como o uso da internet e outras
ferramentas que passaram pela orientação como as bases de busca por periódicos, google
acadêmico, entre outros recursos e, mais as habilidades desenvolvidas para o
aprender/ensinar que se desenvolveu ao longo do percurso do projeto, deram as condições
primeiras para que este projeto se entendesse na esteira do estudo com gêneros textuais,
na abordagem das sequências didáticas e na abordagem das metodologias ativas e que
veio a repercutir e se desdobrar em um novo projeto que é o Laboratório Experimental de
metodologias ativas aplicadas à formação continuada e ao ensino de línguas, sob a mesma
coordenação do projeto inicial e que se originou do projeto com as Oficinas de Escrita
Acadêmica, a partir das necessidades observadas pela demanda de os professores
conhecerem tecnologias que pudessem aplicar em suas aulas, em virtude do cenário
pandêmico pelo qual o mundo tem passado. Assim, o ensino de línguas a que o novo
projeto se refere são as línguas indígena e a língua portuguesa como segunda língua,
estudo decorrente na interação com os alunos indígenas.
É perceptível que nos encaminhamos para termos, nesta região, uma universidade
“morena”, como dizemos aqui, preparada para criar oportunidades trazidos pelos projetos
produzidos pelo homem daqui da terra levado a investigar e propor soluções para os
problemas nativos da região. As propostas científicas abrirão caminhos para, quer sejam
alunos “da cidade”, alunos quilombolas ou alunos indígenas poderem somar experiências,
construir novos projetos significativos. Que a realidade do fazer científico seja acessível
a todos, pois foi pelas mãos dos alunos que conseguiram dar significado a um tema tão
árduo, em qualquer região do Brasil, como é a escrita acadêmica que alcançamos outros
cenários para a mobilização dos conhecimentos para um fazer científico significante.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74996
ISSN: 2525-8761

Projetos dessa natureza abrem portas para a consciência humana de qualquer etnia
e classe social se posicionarem diante da sua realidade e buscar modificar o que precisa
ser modificado.
Estabeleceu-se um elo entre culturas nativas da mesma região, aldeia e cidade e,
definitivamente, o que se sobrepôs foi o mais cativante para qualquer ser humano: A
curiosidade de conhecer, saber explicar e a vontade de aprender!

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 74997
ISSN: 2525-8761

REFERÊNCIAS

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento


humano. (Orgs. Anna Rachel Machado e Maria de Lourdes Meirelles Matêncio) São
Paulo: Mercado de Letras, 2006.

CERVERA, Maria Christina da Silva Firmino. Uma interpretação do agir docente


revelado por gestos didáticos e gestos de aprendizagem no contexto da graduação e da
pós-graduação. Tese: (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) São
Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015.

CERVERA, Maria Christina da Silva Firmino. O ensino-aprendizagem do gênero resenha


crítica na universidade. Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008.

DOLZ, J.; GAGNON, R.; DECÂNDIO, F.R. Uma disciplina emergente: A Didática das
Línguas. In: NASCIMENTO, E.L.(org.) Gêneros textuais: da didática das línguas aos
objetos de ensino. São Carlos: Editora Claraluz, 2010.

DOLZ J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. 2004. Sequências didáticas para o oral e
escrita: apresentação de um procedimento. In: Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e
(Org.). de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas-SP: Mercado de Letras, p. 95-
128.

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus,


2002.

OLIVEIRA, Maria Regina Momesso de: A leitura no século XXI: discursos e


representações. UNIFRAN - SP, 2007. Disponível em:
http://publicacoes.unifran.br/index.php/colecaoMestradoEmLinguistica/article/downloa
d/400/327 Acesso em: 06/10/20.

SILVA, Josimar Santana: Aprendizagem nas redes sociais: o facebook como recurso
pedagógico para a aprendizagem da leitura e da escrita. UNEB – Bahia, 2013.
Disponívelem:http://nehte.com.br/simposio/anais/AnaisHipertexto2013/APRENDIZAG
EM%20NAS%20REDES%20SOCIAIS%20%20O%20FACEBOOK%20COMO%20R
ECURSO%20PEDAG%C3%93GICO%20PARA%20A%20APRENDIZAGEM%20D
A%20LEITURA%20E%20DA%20ESCRITA.pdf Acesso em: 06/10/2020.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.74983-74997 jul. 2021

Você também pode gostar