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Educação - Jogos

e Brincadeiras
Material Teórico
A Criança e o Brinquedo

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Pascoal Fernando Ferrari

Revisão Textual:
Prof. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
a
A Criança e o Brinquedo

• Introdução;
• A Bola;
• A Pipa;
• A Boneca e o Boneco;
• As Miniaturas;
• O Brinquedo e a Brincadeira;
• O Brinquedo e seus Espaços;
• Considerações Finais.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Analisar alguns brinquedos e sua relação com o brincar;
• Destacar alguns apontamentos históricos sobre o brinquedo e sua utilização na atualidade;
• Investigar o brinquedo e suas relações com o desenvolvimento sensório-motor e o universo
simbólico da criança.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE A Criança e o Brinquedo

Contextualização
Neste momento, sugerimos que você acesse o site Portal do Professor, do Minis-
tério da Educação do Brasil. Na página específica, você encontrará uma sequência
didática com o tema brinquedos e brincadeiras indígenas.

Você Sabia? Importante!

Você sabia que inúmeros brinquedos vêm da tradição indígena, como a perna de pau,
pião, peteca, entre outros? Também, no mesmo site, encontraremos dezenas de brinca-
deiras que vieram da tradição indígena brasileira.

Ainda sugerimos que você visite os links indicados na sequência. Após visitar
a página e os links indicados, faça uma reflexão sobre as contribuições indígenas
que influenciaram nossos brinquedos e brincadeiras e sobre como poderíamos levar
essas propostas para a sala de aula.
Explor

Portal do Professor. Disponível em: http://bit.ly/2Ur2bSd

Obrigado e bons estudos!

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Introdução
Nesta unidade, faremos alguns apontamentos históricos sobre o brinquedo, sua
utilização na atualidade. Também faremos uma investigação sobre o brinquedo e
suas relações com o desenvolvimento sensório-motor e o universo simbólico da
criança. Finalizaremos a unidade com uma análise sobre os brinquedos eletrônicos
que são muito utilizados nos dias atuais.

Iniciaremos a unidade contando a história dos brinquedos. É bom lembrar que


contar a história dos brinquedos é, certamente, contar um pouco a história do pró-
prio homem, seu desenvolvimento, valores e visões de mundo que estão impregna-
dos em alguns brinquedos tradicionais. Vejamos alguns exemplos.

A Bola
Podemos citar, como primeiro exemplo de brinquedo, a bola. Ela é um dos
brinquedos mais antigos. Seu surgimento data de 6.500 anos, no Japão, mas é um
objeto que está presente em outras culturas antigas, como China, Grécia, Egito,
entre outras. As bolas apareceram confeccionadas com diversos materiais, como
couro e bexiga de animais. Hoje, a bola é um brinquedo que está popularizado em
todas as partes do mundo. Além de ser um brinquedo, a bola é utilizada em inúme-
ras modalidades esportivas.

A bola, dependendo de sua utilização, apresenta não só diversidade do material


empregado em sua confecção, como também diferentes tamanhos, que vão desde
as bolas grandes, como as de exercícios terapêuticos de Pilates, até as pequenas
bolas de gude. Podem ser duras, como as bolas de boliche, ou macias, como as que
oferecemos para os bebês brincarem e morderem.

A bola é um objeto que pode ser rolado, atirado, chutado, batido, empurrado ou
arremessado. São muitas as possibilidades de contato com uma bola; depende da
brincadeira ou do jogo que se está praticando.

Figura 1 – Bola de Futebol; Gizo; Beisebol e Gude


Fonte: Adaptado de Getty Images

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

Froebel atribuía grandes expectativas educacionais para a bola e a esfera. Em seus


Dons, como vimos anteriomente, estavam presentes as bolas macias e as esferas.
Segundo Kishimoto (2002), na esfera não existem lados, a identidade e a unidade pre-
valecem; as bolas satisfazem o desejo primitivo de exercer força e causar mudanças.
Ao brincar com a bola, a criança experimenta movimentos e diferentes direções.

A bola é um artefato utilizado para o lazer e o brincar dos indivíduos, mas tam-
bém é um artefato esportivo, na medida em que é utilizada em inúmeras modalida-
des esportivas.

A Pipa
Outro exemplo bastante curioso é a tradicional Pipa, também conhecida como
quadrado, papagaio, arraia, entre outros nomes, dependendo do lugar ou época
de utilização.

A Pipa não nasceu como brinquedo, mas como instrumento de guerra. Consta
que, na China antiga, por volta de 1.200 a.C., as pipas eram utilizadas como arte-
fato de sinalização militar. Uma determinada cor e o movimento que a pipa fazia no
ar indicavam o movimento e a estratégia dos exércitos.

Outra curiosidade é a sua utilização pelo


inventor americano Benjamin Franklin,
que usou uma pipa para investigar as des-
cargas elétricas que vinham das nuvens e,
assim, inventar o para-raios. Empinando
uma pipa em uma tempestade, provou
que existia carga elétrica acumulada no ar
e teve a ideia de capturar as descargas elé-
tricas e devolvê-las à terra.

Com o passar do tempo, a pipa foi se


transformando em um interessante brinque-
do. Hoje encontramos pipas de todos os ta-
manhos e cores enfeitando os céus e diver- Figura 2 – Pipas
tindo inúmeras crianças por todo o mundo. Fonte: Getty Images

A Boneca e o Boneco
A boneca é um dos brinquedos mais antigos e mais populares em todo o mundo.
Ela reproduz as formas humanas, com predomínio das formas feminina e infantil,
como as bonecas bebês, por exemplo.

Em várias civilizações antigas, como a chinesa e a egípcia, já se encontrava o


artefato. Segundo pesquisadores, bonecas egípcias eram colocadas no túmulo para

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a criança brincar no mundo do além. Na Grécia Antiga, nos rituais que antecediam
o casamento, as jovens noivas entregavam suas bonecas à deusa Ártemis, simboli-
zando o fim da infância.

Feitas de diversos materiais, as mais antigas eram de barro, madeira ou fibras


naturais e, hoje, as mais modernas são de pano, plásticos e borrachas, além das
mais sofisticadas, como as bonecas de porcelana. Essa diversidade de materiais é,
também, influenciada pelas novas tecnologias da indústria.

As bonecas são consideradas altamente socializadoras por serem um brinquedo


com características humanas e, assim, estimularem brincadeiras de relacionamento.
Brincar com as bonecas estimula as crianças a entrar no universo da imaginação e do
faz de conta, criando histórias e experimentando, mesmo que de forma imaginária,
diferentes situações de vida.

Figura 3 – Bonecas
Fonte: Adaptado de Getty Images

A tradição da boneca iniciou-se com uma confecção caseira e familiar. Em se-


guida, foi também, confeccionada de maneira artesanal em pequena escala, mas a
fabricação de bonecas, com objetivos comerciais, teve início na França, presumida-
mente no século XV. Hoje em dia, algumas bonecas possuem marcas registradas,
são produzidas em grande escala pela indústria de brinquedos e consumidas por
milhares de crianças em todo o planeta.

As bonecas, muitas vezes, são consideradas um brinquedo que prepara para a


maternidade, por esse motivo as bonecas, em muitas culturas, são vistas como um
brinquedo associado às meninas, no entanto existem versões de bonecos direcio-
nados aos meninos.

Na modernidade encontramos diversos bonecos direcionados ao gênero masculino.


Existem inúmeros bonecos com características masculinas, como os super-heróis,
personagens saídos do cinema ou da revista em quadrinhos, os bonecos militares ou
personagens de guerra e uma infinidade de bonecos articuláveis em geral.

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

As Miniaturas
A ideia de diminuir o tamanho dos objetos é algo que acompanha o homem
desde há muito tempo. Essa ideia talvez tenha surgido da necessidade do homem
de manipular as coisas a seu bel prazer, o que sugere certo “poder”. Porém as pes-
quisas sobre as miniaturas são escassas, o que prejudica as referências históricas.

Sobre a seu uso, consta que, no início do século XII, as miniaturas eram utili-
zadas para simular situações de batalha. Era uma tecnologia empregada para de-
terminar qual seria a estratégia utilizada pelas tropas de guerra. Castelos, cenários
representando o espaço geográfico com rios e montanhas, aldeias e os soldados de
chumbo representando as tropas. Os soldados vieram, mais tarde, no século XIX,
a ser industrializados e vendidos em larga escala, ocasionando o barateamento de
seu custo e, consequentemente, a sua popularização.

Muito populares também, as casas de bonecas são presentes na vida das crianças.
Algumas casas de bonecas ganham ricos detalhes e alto grau de perfeição e realida-
de, criando ambientes como cozinha, sala de estar, banheiros, entre outros cômodos
de uma casa. Não podemos nos esquecer do mobiliário dos ambientes; dentre alguns
móveis e objetos, encontramos relógio, fogão, mesa, guarda-roupa, cama.

Veja um exemplo:

Figura 4 – Casa de Bonecas


Fonte: Wikimedia Commons

O registro das primeiras casas de bonecas consta do século XVI, quando os


nobres europeus mandavam construir casas de bonecas para suas filhas. Assim,
as casas de bonecas nasceram para os ricos. Hoje em dia, muitas destas minia-
turas são consideradas objetos de arte e fazem parte de exposições artísticas por
todo o mundo.

Todavia o brinquedo casa de boneca passou por uma popularização devido à


sua fabricação em larga escala e aos preços acessíveis para uma parcela signifi-
cativa da população.

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Outro exemplo de miniaturização de objetos são os meios de transportes.
Encontramos uma infinidade de carros, motos, caminhões, navios, aviões, trens
e até espaçonave, miniaturizados. Esses brinquedos colocam em atividade a ima-
ginação das crianças.

Meninos e meninas sonham e criam histórias com suas miniaturas. Criam pas-
seios fantásticos a lugares que ainda estão por serem criados na realidade ou,
também, simulam suas futuras profissões. O sonho de ser um piloto aviador, um
caminhoneiro livre das estradas pode começar com uma brincadeira com minia-
turas. A miniatura pode criar ou alimentar sonhos e fantasias. É bom lembrar que
algumas realidades tiveram origem no mundo do faz de conta.

São muitas as possibilidades de miniaturas. De forma geral, qualquer objeto


pode ser miniaturizado e tornar-se um brinquedo colecionável. Hoje vemos criar-se
uma indústria das miniaturas colecionáveis, agregando, em seu entorno, diversas
outras atividades econômicas, como, por exemplo, editoras de revistas, clubes e
lojas especializadas em miniaturas.
Explor

Museu do brinquedo. Disponível em: http://bit.ly/2UrblhJ

Como podemos notar, existe uma infinidade de tipos e categorias de brinquedos,


cada qual com seu objetivo e público alvo definido. São brinquedos eletrônicos, mui-
to comuns na contemporaneidade, que acendem luzes, se movem e emitem sons,
réplicas perfeitas do universo adulto. Existem os brinquedos educativos que visam
ensinar algo ou desenvolver determinadas habilidades.

Há brinquedos únicos, feitos em casa pelos pais ou pelas crianças, com materiais
diversos, como, por exemplo, o carrinho de rolimã. Brinquedos feitos por mestres
artesãos. E até, brinquedos raros, com os quais ninguém mais brinca, pois estão em
exposição em algum museu ou guardados com algum colecionador de brinquedos.

No decorrer do texto, até agora, abordamos a questão histórica, cultural e sim-


bólica do brinquedo, entretanto não podemos nos esquecer da questão comercial
que envolve o brinquedo. Através das propagandas dirigidas ao público infantil, as
mídias podem incentivar o consumo inadequado dos brinquedos. Vejamos o que a
pesquisadora Cristina Porto diz a respeito do tema.
A sociedade ocidental moderna dá ao brinquedo um lugar e uma difu-
são sem precedentes, por meio de um desenvolvimento industrial que
instituiu a produção, a venda e o consumo sistemático desses objetos.
[...] Da concepção à fabricação, das obrigações econômicas às tradições
industriais regionais, é necessário conhecer o contexto que torna possí-
veis os brinquedos de hoje. Neste sentido, é extremamente importante
abordar o brinquedo tal como na nossa sociedade de consumo. (PORTO.
In: KRAMER e LEITE, 1998, p. 179)

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

Ao fazermos uma análise do brinquedo, devemos considerar os fatores de pro-


dução, comerciais e de consumo do brinquedo. A força exercida pelas mídias, na
hora da decisão de escolher um brinquedo para uma criança, é fundamental.

Se você fosse um(a) diretor(a) de uma escola de Educação Infantil e estivesse na hora de
Explor

adquirir novos brinquedos, quais seriam os três brinquedos que não poderia faltar nessa
compra? Por quê?

O Brinquedo e a Brincadeira
Estar de posse de um brinquedo é, de certa forma, poder manipular ou transfor-
mar a realidade. O brinquedo pode nos sugerir também uma reinvenção da realida-
de, na medida em que, através da imaginação e do brincar, a criança experimenta
ou testa soluções para seus problemas do cotidiano. Veja o que Kishimoto (2005)
diz a respeito do brinquedo.
[...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a crian-
ça e uma indeterminação quanto ao seu uso, ou seja, a ausência de um
sistema de regras que organizam sua utilização.

Uma boneca permite à criança várias formas de brincadeiras, desde a


manipulação até a realização de brincadeiras como “mamãe e filhinha”.
O brinquedo estimula a representação e expressão de imagens que evo-
cam aspectos da realidade. [...] (KISHIMOTO, 2005, p. 18)

A autora fornece pistas para melhor entendermos as relações íntimas e pes-


soais entre o brinquedo e a criança. O brinquedo sugere uma manipulação ou
brincadeira mais aberta e livre de regras fixas. Essa forma espontânea de relacio-
nar-se com o brinquedo é que abre as possibilidades de reinvenção da realidade
imediata da criança.

Para compreendermos a brincadeira, dois fatores são fundamentais: o primeiro


é entendermos a brincadeira como conduta livre e expressiva da criança, conside-
rando que a imaginação conduz a brincadeira, e o segundo é entendermos a brinca-
deira como representação da realidade imediata da criança. Imaginação e realidade
são os principais elementos de uma brincadeira infantil.

O brinquedo é o suporte de uma brincadeira e, em última análise, ele é um por-


tador dos significados culturais. Para Gilles Brougère, o brinquedo pode ser analisa-
do sobre dois aspectos preliminares e distintos: o aspecto Material e o aspecto das
Significações. Observe o quadro a seguir, sugerido por Brougère (2008, p. 44).

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Tabela 1
Aspecto Material Aspecto das Significações
Material Representação de uma realidade
Forma/desenho Modificações induzidas nessa realidade
Cor Universo imaginário representado
Tátil Representação isolada ou que pertence a um universo
Odorífico Impacto da dimensão funcional
Produção de sons

A análise preliminar de Brougère expressa uma lógica própria do brinquedo; o


brinquedo adquire uma característica autônoma que sugere um tipo de ação sobre
ele. Porém a falta de regras de como brincar garante, também, a liberdade de ima-
ginação e de criação de como e do que brincar com tal objeto.

Ao trabalhar com brinquedos, o educador deverá fazer essa análise preliminar do


brinquedo, para poder planejar sua aula e garantir suas expectativas de ensino. Não
podemos nos esquecer de que o brinquedo é, também, suporte de aprendizagens.

Brinquedos e brincadeiras são elementos que fazem parte do que Brougère deno-
minou de cultura lúdica e são parte integrante do universo infantil no qual a criança
se insere e através do qual ela aprende e se desenvolve. Inserida nessa cultura, a
criança se socializa e cria a sua rede de relacionamentos sociais da qual a família e
a escola fazem parte.

Devemos, ainda, lembrar que a criatividade e a inventividade da criança são


fundamentais em sua vida; assim, uma lata pode virar um carrinho, uma panelinha
para fazer comidinha ou uma vassoura pode transformar-se em um cavalo na ima-
ginação da criança. As crianças significam e ressignificam os objetos que estão ao
seu redor e podem transformá-los em brinquedos interessantes.

Você pode ampliar seu repertório de brincadeiras visitando o site Mapa do brincar. O site
Explor

oferece várias brincadeiras e brinquedos para você conhecer e praticar com sua turma.
Disponível em: http://bit.ly/2UpYWud

O Brinquedo e seus Espaços


A criança que cresce no meio urbano, com grande concentração de pessoas, fica,
cada vez mais, sem espaço para brincar livremente. Nos grandes centros, a rua, que
era um ótimo lugar para se brincar e fazer novas amizades, já se transformou; hoje
a criança perdeu esse espaço, em alguns casos, para o trânsito, em outros, para a
insegurança que reina nos grandes centros.

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

O quintal, que também era um excelente lugar para a brincadeira, hoje desa-
pareceu e, em seu lugar, surgem construções verticais, cada vez mais próximas
umas das outras, e fazem do quintal, floreiras ou passeios para os moradores.
Nos lugares mais pobres, as casas se espremem, em uma disputa palmo a palma
pelo espaço nos morros ou nas comunidades carentes, criando vielas que dificul-
tam o brincar.

As praças das cidades, que poderiam ser espaços maravilhosos para se brincar,
também não garantem esse direito para as crianças; muitas delas são maltratadas
pelo poder público, configurando-se como um espaço não inclusivo e inseguro
para os pequenos.

Qual espaço resta para a criança brincar? A escola pode cumprir esse papel?

Como se pode notar, espaços para brincar são escassos nas regiões urbaniza-
das. Entretanto o homem cria espaços específicos para a criança brincar e conviver
com outras, espaços que tenham características acolhedoras e inclusivas, para que
a brincadeira se desenvolva e seja garantida a todas as crianças que frequentam
esses espaços para brincar. Como exemplo, vamos falar dos parques infantis e das
brinquedotecas de natureza pública ou privada.

Os Parques infantis
Também conhecidos como parquinho ou playground, os parques infantis são
espaços geralmente instalados ao ar livre com intenções recreativas. É uma área
pensada especialmente para as crianças, com o principal objetivo de estimular a
atividade física e motora e promover o encontro das crianças para que possam brin-
car. Nesse sentido, é importante que seja um espaço inclusivo e sob a supervisão
de um adulto.

Apenas no século XIX pensou-se em um espaço equipado com brinquedos para


as crianças brincarem de forma segura. Atualmente, esses espaços multiplicam-se
em diferentes formas e são exemplos: os parques de diversão voltados às crianças e
adolescentes, praças e parques públicos que reservam uma área para os brinquedos
infantis, condomínios de moradias que possuem uma área para as crianças brin-
carem, ou casas comerciais que criam esses espaços para entreterem as crianças
enquanto os adultos consomem objetos ou serviços. Esses parques também foram
adaptados para as escolas de Educação Infantil e tornaram-se parte integrante da
rotina e dos currículos escolares.

Mediadas pelo professor, as brincadeiras e atividades surgidas nesses parques


podem ser um instrumento importante para a aprendizagem e o desenvolvimento

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da criança. Existe uma infinidade de brinquedos específicos para esses espaços.
Veja alguns exemplos a seguir:
• Gira-gira: São divertidos e as crianças adoram.
• Gangorra: Trabalham o equilíbrio e a relação entre as crianças.
• Balanços: São tradicionais nos parques infantis.
• Brinquedos múltiplos: que agregam diversas atividades.

Figura 5 – Gira Gira Figura 6 – Gangorra Figura 7 – Balanços


Explor

Brinquedos múltiplos, acesse em: http://bit.ly/2Uc880F

São infinitas as possibilidades de brinquedos. Os materiais utilizados vão desde


resina plástica até madeira e materiais reciclados, como pneus de carro. O impor-
tante é que esses brinquedos ofereçam total segurança para as crianças brincarem.
Os parques infantis devem ser um espaço democrático e inclusivo, necessários para
o desenvolvimento integral das crianças pequenas.

A Brinquedoteca
Constitui-se em um espaço que contém brinquedos e jogos e que é organizado
para o uso livre dos frequentadores. Existem duas modalidades de brinquedoteca: a
que permite que se brinque no local ou a que funciona com empréstimo de brinque-
dos ou jogos, como uma biblioteca. O tema brinquedoteca faz parte das discussões de
terapeutas e educadores por todo o mundo, sendo incluído em diversos congressos e
seminários. Veja o que Porto (In: KRAMER, 1998) diz a respeitos das brinquedotecas:
As brinquedotecas vêm se tornando um lugar novo de convívio, onde
o brinquedo e a brincadeira podem ser mediadores de relações em que
os indivíduos falem sobre suas vidas e troquem experiências. (PORTO,
1998, p. 191)

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

As brinquedotecas tornam-se um lugar para brincar e, em especial, para conviver.


É uma ideia nova que surgiu nos Estados Unidos na década 1930, em Los Angeles.
Elas estão, cada vez mais, ocupando espaços alternativos. Além das escolas, elas
podem estar em hospitais, conjugadas em bibliotecas infanto-juvenis, em parques,
comunidades, entre outros, cumprindo diferentes papéis e objetivos. Em 1984, criou-
-se, no Brasil, a Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABB), responsável pela
organização e orientação da montagem das brinquedotecas.

Uma brinquedoteca, por ser um espaço lúdico, favorece as brincadeiras de faz


de conta, por isso é importante que as brinquedotecas possuam peças de roupas
e fantasias de personagens infantis, abrindo espaço para a imaginação e o simbo-
lismo da criança, além de proporcionar o desenvolvimento físico e intelectual por
meio das brincadeiras.

Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista

A estrutura básica das brinquedotecas é composta por:


• brinquedos de vários tipos e para várias idades;
• um espaço para a produção artística, com mesas, papéis, tintas e lápis;
• um espaço para descanso com tapetes e almofadas;
• um espaço para a contação de histórias e outras atividades livres;
• espelhos, que não podem faltar em uma brinquedoteca.

A existência desses objetos e equipamentos depende das instalações e da situ-


ação financeira da instituição propositora; também são sugestões, pois não existe
rigidez nessa estrutura.

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Considerações Finais
A história do brinquedo e da brincadeira acompanha a história dos homens.
Brinquedo e brincadeira sempre estiveram presentes na sociedade. O brinquedo
não pode ser considerado apenas um objeto para a criança se distrair e divertir; ele
é um poderoso instrumento de aprendizagem e uma forma de conhecer o mundo
em que a criança está inserida.

Brinquedos e brincadeiras oferecem asas à imaginação infantil, estabelecem con-


vivências sociais importantes para o desenvolvimento da criança. Através das brin-
cadeiras, as crianças ressignificam as coisas e os conceitos próprios do seu mundo.

O brinquedo é parte integrante da cultura lúdica e é um retrato fiel do universo


interior da criança. Assim, torna-se fundamental o brinquedo e a brincadeira na
vida da criança e no currículo das escolas.

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UNIDADE A Criança e o Brinquedo

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Infância e produção cultural
KRAMER, S. e LEITE, M. I. (Org.) Infância e produção cultural. 8ª edição. Campinas:
Papirus, 1998.

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Referências
BROUGÈRE G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez Editora, 2008. Coleção:
Questões da nossa época; V.43.

KISHIMOTO, T. M. (Org.) Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 8ª edição.


São Paulo: Cortez, 2005.

________. (Org.) O brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira, 2002.

KRAMER, S.; LEITE, M. I. (Org.) Infância e produção cultural. 8ª edição. Campinas:


Papirus, 1998.

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