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UNIDADE 3

DESEMPENHO MOTOR

Objetivos
• Conhecer o que é capacidade funcional.
• Identificar as capacidades funcionais condicionantes e coordenativas.
• Conhecer e compreender os testes de capacidade funcional.

Conteúdos
• Testes de Velocidade.
• Testes de Agilidade.
• Testes de Equilíbrio.
• Teste de Coordenação Motora.
• Testes de Força Muscular.
• Testes de Resistência Muscular.
• Teste de Flexibilidade.
• Testes de Ritmo.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
• Vá além! Pesquisando, você pode aprofundar e ampliar seus conhecimentos.
Sugerimos, portanto, que você leia os livros citados na bibliografia.
• Se encontrar dificuldades, entre em contato com seus colegas de curso
ou seu tutor. Interaja, pois, dessa maneira, você estará ampliando seus
conhecimentos.

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UNIDADE 3 – DESEMPENHO MOTOR

• Afaste tudo que possa desviar seu foco e não deixe de conferir os materiais
complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO
O desempenho motor está relacionado com aspectos de
conduta e solicitação motora, cujas implicações de cunho fisiológico
sofrem influência de fatores ambientais e comportamentais. Na
infância e na adolescência, o acompanhamento do desempenho
motor pode contribuir na tentativa da prática esportiva,
por exemplo, ou acompanhamento de maturação biológica
(GUEDES; GUEDES, 2006). Em contrapartida, no adulto, pode ser
relacionado à saúde e à capacidade de realizar tarefas diárias,
e demonstrar traços e características que estão associados
ao desenvolvimento precoce de doenças relacionadas ao
sedentarismo (GLANER, 2003, NIEMAN, 2010).
Segundo Guedes e Guedes (2006), as capacidades motoras
estão classificadass em:
• Capacidades físicas condicionantes: relacionadas
às ações musculares e à disponibilidade de energia
biológica, com atribuições ligadas a resistência, força,
velocidade e suas combinações.
• Capacidades físicas coordenativas: relacionadas aos
processos de controle motor, organização e formação
dos movimentos, por meio de analisadores táteis,
visuais, acústicos, estático-dinâmicos e cinestésicos.

Teste de Velocidade
Segundo Guedes (2006), a capacidade motora de
velocidade se relaciona diretamente com a agilidade. Portanto,
velocidade é o resultado da interação de um conjunto de atributos
que envolvem implicações de ordem neurofisiológica, com
repercussões em diferentes solicitações motoras. Concisamente,

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a velocidade é a capacidade de mover o corpo em uma distância


predeterminada o mais rápido possível (NSCA, 2015).
O teste de velocidade é influenciado, basicamente, por dois
fatores: tempo de reação, que é a medida que traduz a velocidade
de processamento de uma informação, sendo considerada uma
das medidas mais relevantes do desempenho humano (ELVIRA
SILVA, et al., 2019); tempo de movimento, período temporal
gasto entre o início do movimento e a finalização completa da
tarefa motora proposta (GUEDES, 2006).
A seleção do teste deve seguir, inicialmente, a especificidade
do teste que represente a demanda fisiológica do esporte,
fatores biomecânicos e padrão de movimento. Com objetivo de
ilustrar esse teste, selecionamos o teste de 10 jardas (9 m), que
avalia muito bem jogadores de basquetebol ou de esportes que
envolvam corridas curtas (NSCA, 2015).
O teste sugerido por Marins (2003) para medir a velocidade
é o teste de corrida de 50 m (JOHNSON; NELSON, 1969), em
que se utilizam uma área de corrida com mais de 50 m e um
cronômetro (Quadro 1).
A área do teste deve ser demarcada com giz, fita ou cone.
O avaliado deve permanecer de pé antes da linha de partida e,
ao comando do testador ("Pronto", "Vai", "Já"), o cronômetro
é disparado. O avaliado deve correr o mais rápido possível,
ultrapassando a linha de chegada com a maior parte do corpo,
momento em que o cronômetro é travado.

Quadro 1 Classificação do Teste de Corrida de 50 m.


Fraco Ruim Bom Muito Bom Excelente
Experientes 5s7 5s6 5s5 5s4 <5s4
Novatos 6s1 6s0 5s9 5s8 <5s8
Fonte: Rocha; Caldas; Andrade (1978).

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Teste de Agilidade
A agilidade é a capacidade de mudança rápida de direção
em resposta a um estímulo (GUEDES, 2006). A agilidade é uma
qualidade física fundamental na prática de esportes como
futebol, ginástica artística e lutas, nos quais a mudança de
direção é muito frequente, com manutenção do equilíbrio e
coordenação. Além disso, segundo a NSCA (2015), a agilidade
pode ser dividida em subcomponentes, qualidades físicas e
habilidades cognitivas.
Assim como nos testes de velocidade, os testes que
buscam avaliar a agilidade (GUSMÃO, 2019) devem ser baseados
na especificidade, nos fatores biomecânicos e no padrão de
movimento. Há uma divergência entre as duas capacidades,
pois, diferente do que se avalia na velocidade, os testes de
agilidade envolvem interrupção e reinício do movimento
corporal em outra direção (NSCA, 2015).
Um dos testes mais utilizados para se avaliar a agilidade
é o shuttle-run, especialmente em relação à distância limitada
em aproximadamente 10 m e às mudanças na altura de
movimentos, devido à necessidade de recuperar, transportar e
depositar os tacos e a mudança de direção de 180°, reduzindo,
dessa maneira, o fator velocidade durante a realização do teste
(GUEDES, 2006).
Outro exemplo é o teste de Ida e Volta Pró-Agilidade, que
avalia a técnica enquanto são realizadas múltiplas mudanças de
direção. Aplicado na avaliação da grande maioria dos esportes,
por meio dele é possível avaliar posições corporais e mecânicas,
além da capacidade de iniciar, acelerar e desacelerar (NSCA,
2015).

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Para a realização do teste de Ida e Volta Pró-Agilidade,


são necessários um cronômetro, para registro do tempo, e três
cones a 5 m de distância uns dos outros, formando uma linha
reta que cubra uma distância de 10 m em uma superfície plana,
não escorregadia.
O teste se inicia com o avaliado voltado para o cone do
meio (primeiro cone), colocando uma das mãos no solo. Ao
sinal de comando, o avaliado gira para a direita e corre 5 m
para o segundo cone, tocando o solo com a mão direita. Feito
isso, realiza-se outro giro, e o avaliado corre 10 m até o terceiro
cone, tocando novamente o solo; um novo giro acontece e o
avaliado volta à posição inicial no primeiro cone, momento
em que se trava o cronômetro, registrando-se o menor tempo.
Devem ser realizadas três tentativas (NSCA, 2015).

Testes de Equilíbrio
O equilíbrio se define como a capacidade de manter o
centro de gravidade dentro da base de suporte e depende da
ação eficaz dos sistemas visual, vestibular e somatossensorial.
É definido como estático ou dinâmico (MARINS, 2003; NSCA,
2015; PAVANTE, 2018).
Essa capacidade física se deteriora com o envelhecimento,
devido às modificações morfológicas, fisiológicas e bioquímicas,
ocasionando deficit do equilíbrio e distúrbios e provocando
limitações funcionais, especialmente nos idosos. Portanto,
avaliações constantes de equilíbrio nessa população se tornam
necessárias (SOUZA et al., 2019).
Segundo Marins (2003), podemos avaliar o equilíbrio
estático por meio do teste do Flamingo, no qual o avaliado deve
se manter, durante o maior tempo possível, equilibrado em seu

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pé dominante sobre uma trave, estando a outra perna fletida e


segurada pela mão do mesmo lado da perna. O braço da perna
dominante pode auxiliar no equilíbrio.
Os materiais utilizados para a realização desse teste são:
um cronômetro e uma trave de aço ou madeira com 50 cm de
comprimento, 3 cm de largura e 4 cm de altura. O teste tem início
quando o avaliado se mantém na posição de equilíbrio por um
minuto. O resultado é computado pelo número de tentativas
(no máximo cinco), até que se consiga manter o equilíbrio por
um minuto. Por exemplo: se um indivíduo utiliza três tentativas
para conseguir se manter na posição, é registrado o número
três. Se em cinco tentativas não conseguiu se manter por pelo
menos um minuto, registra-se o número zero (SILVA et al.,
2018).
Já para o equilíbrio dinâmico pode ser utilizado o teste
Star Excursion Balance Test – SEBT (SEBT), o qual é composto
por oito linhas dispostas no solo em diferentes posições,
anterior, anteromedial, anterolateral, medial, lateral, posterior,
posteromedial e posterolateral, medindo 120 cm e com
angulação de 45°, como mostra a Figura 1 (CARDOSO, et al.,
2017).
Para a realização do teste, o avaliado deve permanecer no
centro da figura com uma perna de apoio e, com a outra perna,
alcançar a maior distância entre as linhas. Para tanto, pode-
se realizar a flexão do joelho da perna apoiada. Vale ressaltar
que o teste é realizado com ambas as pernas, registrando-se
o valor em centímetros (GEHRKE et al., 2018). Quanto maior a
distância, melhor será o equilíbrio dinâmico.

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Figura 1 Star Excursion Balance Test – SEBT.

Fonte: Cardoso, et al., 2017.

Teste de Coordenação Motora


Essa capacidade física tem sua estruturação e elaboração
relacionada com movimentos complexos, evidenciando a
participação efetiva de fatores associados ao sistema nervoso
central (GUEDES, 2006). De acordo com o mesmo autor, essa
relação determina a dificuldade em validar e reproduzir testes
sobre essa capacidade. Portanto, a utilização de testes mais
genéricos se torna mais adequada.
Segundo Marins (2003), um dos testes genéricos para se
avaliar a coordenação motora é o Burpee, ilustrado na Figura 2
(JOHNSON; NELSON, 1969), pois permite medir a coordenação

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entre os movimentos dos membros superiores, inferiores e


o tronco. Cabe lembrar que a coordenação motora tem real
importância no grau de domínio dos movimentos, com reflexo
no nível de qualidade de aprendizagem, não somente física, mas
também na fala e escrita.

Figura 2 Burpee.

Para a realização desse teste, realiza-se uma sequência de


quatro movimentos durante um minuto. Durante essa sequência,
é computado o maior número de vezes toda vez que se retorna à
posição inicial, ortostática. Vejamos os quatro movimentos:
1) Primeiro movimento: agachado, com as mãos no chão
e joelhos fletidos.
2) Segundo movimento: mãos apoiadas no solo, cotovelos
estendidos e os membros inferiores em extensão.
3) Terceiro movimento: agachado, com as mãos no chão
e joelhos fletidos.
4) Quarto movimento: salto vertical com os membros
superiores e inferiores em extensão, retornando à
posição inicial.

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Teste de Força Muscular e Resistência Muscular


A similaridade entre a força muscular, capacidade de se
desenvolver a maior tensão por um músculo ou grupo muscular
específico, e a resistência muscular, capacidade de manter
essa tensão por um período temporal específico, possibilita
a avaliação conjunta dessas capacidades, mas com ênfases
diferentes (GUEDES, 2006; NSCA, 2015; PEREIRA et al., 2018).
Os testes de força muscular promovem um monitoramento
funcional e fisiológico, dependendo do que se pretende avaliar,
por exemplo: programas iniciais de treinamento, respostas de
um período específico de treinamento, intensidade, resposta de
uma reabilitação ou sarcopenia e sua relação com a osteoporose
(NSCA, 2015). Portanto, a especificidade deve ser levada em
consideração no monitoramento, tanto da força quanto da
resistência muscular, mas é possível, por meio de testes mais
abrangentes, mensurar essa capacidade física.
O teste de uma repetição máxima (1RM) é considerado
método de referência para se avaliar a força máxima. É bastante
usado devido a sua facilidade de aplicação e baixo custo,
podendo ser utilizado nas mais variadas populações (Federizzi et
al., 2019), inclusive em idosos (NSCA, 2015; DA SILVA; DANTAS,
2018). Para avaliação da força muscular dos membros inferiores,
geralmente utiliza-se o leg press (Nunes, 2018) e, para os
membros superiores, o supino.
Segundo Souza (2019), o procedimento-padrão determina
que, após aquecimento, o avaliado realize séries com cargas em
progressão até que atinja uma única repetição. Vale ressaltar que
o número máximo de tentativas gira em torno de 5 e o tempo
de intervalo entre as tentativas, de 3 minutos. Se por acaso não
se atinja a carga referente a 1RM depois das tentativas, deve-se
repetir o teste após pelo menos 48 horas.

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Para avaliação da resistência muscular, alguns testes como


os sugeridos por Guedes (2006) são bastante aceitos: o abdominal,
o teste de suspensão na barra e o de flexão/extensão dos braços
sobre o solo para avaliar os músculos da cintura escapular.
Os materiais utilizados no teste abdominal são cronômetro
e colchonete. Posicionado em decúbito dorsal, o avaliado deverá
manter seu joelho em flexão e apoiar a planta dos pés no solo
(fixados pelo avaliador), com os braços apoiados sobre o tórax.
Para a realização do teste, o avaliado faz uma flexão de tronco até
que seus antebraços toquem a coxa, retornando à posição inicial,
durante um minuto (Guedes, 2006). Os resultados encontrados
podem ser comparados com os quadros 2 e 3:

Quadro 2 Teste Abdominal para Homens (número de repetições


por minuto):
Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Fraco
média média
15-19 + 48 42 a 47 38 a 41 33 a 37 – 32
20-29 + 43 37 a 42 33 a 36 29 a 32 – 28
30-39 + 36 31 a 35 27 a 30 22 a 26 –21
40-49 + 31 26 a 30 22 a 25 17 a 21 – 16
50-59 + 26 22 a 25 18 a 21 13 a 17 – 12
60-69 + 23 17 a 22 12 a 16 7 a 11 –6
Fonte: Pollock, M. L. & Wilmore J. H. (1993).

Quadro 3 Teste Abdominal para Mulheres (número de repetições


por minuto):
Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Fraco
média média
15-19 + 42 36 a 41 32 a 35 27 a 31 – 26
20-29 + 36 31 a 35 25 a 30 21 a 24 – 20
30-39 + 29 24 a 28 20 a 23 15 a 19 – 14
40-49 + 25 20 a 24 15 a 19 7 a 14 –6
50-59 + 19 12 a 18 5 a 11 3a4 – 22
60-69 + 16 12 a 15 4 a 11 2a3 –1
Fonte: Pollock, M. L. & Wilmore J. H. (1993).

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A suspensão na barra permite avaliar a resistência


dos músculos da cintura escapular, por meio do movimento
de suspensão em uma barra fixa e da flexão do cotovelo.
O equipamento necessário é uma barra fixa que permita
que o avaliado fique em suspensão com extensão total de
membros superiores e inferiores, sem tocar com os pés no solo
(GUEDES,2006).
O teste se inicia quando, com o auxílio do avaliador, o
avaliado se põe em suspensão, com os cotovelos fletidos
e com o queixo acima do nível da barra, posição em que
deve permanecer durante o maior tempo possível. O teste é
interrompido assim que o avaliado não mais consegue manter
a posição estabelecida.
Outro teste é o de flexão/extensão dos braços sobre o
solo para avaliar a força dos músculos da cintura escapular,
que é bastante aceito. Entretanto, ressalta-se a importância
da sua padronização, para maior controle e possibilidade de
reprodutibilidade, além, é claro, para possibilitar a comparação
com padrões referenciais (GUEDES, 2006).
A metodologia consiste em posicionar o avaliado
em decúbito ventral, em quatro apoios, com os membros
superiores estendidos e paralelos ao solo. Ao sinal do avaliador,
o avaliado deve realizar flexões do cotovelo a um ângulo de
90°, durante um minuto, sendo possível interromper o teste
quando o avaliado for incapaz de realizar essas flexões. As
mulheres podem realizar esse teste de forma modificada, com
os joelhos fazendo o suporte do corpo (POLLOCK; WILMORE,
1993). Os resultados encontrados podem ser comparados com
os quadros referenciais 4 e 5.

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Quadro 4 Teste de Flexão de Braços para Homens (número de


repetições por minuto)
Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Fraco
média média
15-19 + 39 29 a 38 23 a 28 18 a 22 – 17
20-29 + 36 29 a 35 22 a 28 17 a 21 – 16
30-39 + 30 22 a 29 17 a 21 12 a 16 – 11
40-49 + 22 17 a 21 13 a 16 10 a 12 –9
50-59 + 21 13 a 20 10 a 12 7a9 –6
60-69 + 18 11 a 17 8 a 10 5a7 –4
Fonte: Pollock, M. L. & Wilmore J. H. (1993).

Quadro 5 Teste de Flexão de Braços para Mulheres (número de


repetições por minuto)
Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Fraco
média média
15-19 + 33 25 a 32 18 a 24 12 a 17 – 11
20-29 + 30 21 a 29 15 a 20 10 a 14 –9
30-39 + 27 20 a 26 13 a 19 8 a 12 –7
40-49 + 24 15 a 23 11 a 14 5 a 10 –4
50-59 + 21 11 a 22 7 a 10 2a6 –1
60-69 + 17 12 a 16 5 a 11 2a4 –1
Fonte: Pollock, M. L. & Wilmore J. H. (1993).

Teste de Flexibilidade
O conceito de flexibilidade está relacionado ao movimento
articular e sua amplitude, dentro dos limites impostos pela
articulação, sem causar nenhum dano estrutural (MARINS,
2003). A integridade da flexibilidade diminui o risco para
o desenvolvimento de doenças hipocinéticas ou crônico-
degenerativas (OLIVEIRA; DE OLIVEIRA, 2019).
O teste de sentar e alcançar, proposto por Johnson e Nelson
(1979), possibilita avaliar a flexibilidade da cadeia posterior
(quadril, dorso e músculos posteriores da coxa) e identificar

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possíveis alterações associadas aos maus hábitos posturais. Esse


mesmo teste, proposto por Wells e Dillon (1952), é um dos mais
utilizados para medir a flexibilidade. Sua aplicação é fácil, de
baixo custo operacional, podendo ser utilizado e padronizado nas
principais baterias de teste do mundo (DE SOUZA et al., 2018). A
metodologia consiste em posicionar o avaliado descalço, sentado
de frente para a base do banco de Wells, como mostra a Figura
3. As pernas devem estar estendidas e unidas e as mãos, uma
sobre a outra, com os braços elevados na vertical (Figura 4). Em
seguida, o avaliado inclina o corpo para frente e, com as pontas
dos dedos, alcança o mais longe possível sobre a régua graduada,
sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de insistência
(Figura 5). É permitida a realização de três tentativas e, em todas
elas, o avaliador deve se posicionar ao lado do avaliado, para
garantir a extensão total do joelho no momento do teste.

Figura 3 Banco de Wells.

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Figura 4 Inicio do teste de sentar e alcançar.

Figura 5 Final do teste de sentar e alcançar.

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Os resultados encontrados nesse teste podem ser


comparados com os quadros referenciais 6 e 7.

Quadro 6 Teste de sentar e alcançar masculino


Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Ruim
média Média
15-19 > 39 34-38 29-33 24-28 < 23
20-29 > 40 34-39 30-33 25-29 < 24
30-39 > 38 33-37 28-32 23-27 < 22
40-49 > 35 29-34 24-28 18-23 < 17
50-59 > 35 28-34 24-27 16-23 < 15
60-69 > 33 25-32 20-24 15-19 < 14
Fonte: Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF), 1986.

Quadro 7 Teste de sentar e alcançar feminino


Idade Excelente Acima da Média Abaixo da Ruim
média Média
15 -19 > 43 38-42 34-37 29-33 < 28
20-29 > 41 37-40 33-36 28-32 < 27
30-39 > 41 36-40 32-35 27-31 < 26
40-49 > 38 34-37 30-33 25-29 < 24
50-59 > 39 33-38 30-32 25-29 < 24
60-69 > 35 31-34 27-30 23-26 < 22
Fonte: Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF), 1986.

Testes de Ritmo
Segundo Marins (2003), o ritmo está relacionado a outras
capacidades físicas, tais como a cinesia, a velocidade e a agilidade.
Por essa razão, torna-se difícil defini-la. Talvez a definição de
Tubino (1984) seja a mais aceita: "ritmo é a qualidade física
explicada por um encadeamento dinâmico energético, uma
mudança de tensão e repouso, enfim, uma variação regular com
repetições periódicas".

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UNIDADE 3 – DESEMPENHO MOTOR

O teste de tempo, que avalia a habilidade de repetir


determinado ritmo imposto, de Johnson e Nelson (1979), é um
exemplo de teste de ritmo descrito por MARINS (2003) e CHARRO
et al (2010).
Para a realização do teste, são necessários um
metrônomo e um cronômetro. Ele consiste em se escutar três
tempos diferentes de batidas (64 bpm, 120 bpm e 184 bpm),
determinadas por um metrônomo, e reproduzir o ritmo em
passos. Para tanto, o avaliado, após escutar durante 10 segundos
cada batida, inicialmente com 64 bpm, deverá andar, também
por 10 segundos, na velocidade mais próxima possível das
batidas escutadas, porém, com o metrônomo desligado. Esse
procedimento deve ser repetido, na sequência, com as outras
batidas. O avaliador deverá contar os passos, indicando o início
e o final do tempo para o avaliado. O resultado é medido pela
diferença do número de passos em relação ao número de
batidas do cronômetro em tempo igual, sendo considerado
como resultado, a menor diferença entre batidas e passos.

2. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.
A seguir, você terá artigos relacionados às questões sobre
o desempenho motor.

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UNIDADE 3 – DESEMPENHO MOTOR

2.1. AVALIAÇÕES DAS CAPACIDADES FUNCIONAIS

Diante das perspectivas sobre as avaliações de capacidades


funcionais, acesse os artigos a seguir e verifique a aplicabilidade
desses testes relacionados à população idosa.
• DA TRINDADE, A. P. N. T. et al. Repercussão do
declínio cognitivo na capacidade funcional em
idosos institucionalizados e não institucionalizados.
Fisioterapia em Movimento, v. 26, n. 2, 2017. Disponível
em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/fisio/
article/view/21559>. Acesso em: 2 dez. 2019.
• DE MORAES, F. L. R.; CORRÊA, P.; COELHO, W. S.
Avaliação da autonomia funcional, capacidades físicas
e qualidade de vida de idosos fisicamente ativos e
sedentários. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia
do Exercício (RBPFEX), v. 12, n. 74, p. 297-307, 2018.
Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/
articulo?codigo=6849197>. Acesso em: 2 dez. 2019.
• ROCHA, C. A. Q. C. et al. Efeitos de 20 semanas de
treinamento combinado na capacidade funcional de
idosas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 39,
n. 4, p. 442-449, 2017. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-
32892017000400442&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>.
Acesso em: 2 dez. 2019.

3. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em

76 © MEDIDAS E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOTORA


UNIDADE 3 – DESEMPENHO MOTOR

responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos


estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Segundo Guedes (2006), como podemos classificar as capacidades
motoras?

2) De que maneira o teste de velocidade pode ser influenciado e como


devemos selecionar o teste para medir essa capacidade física?

3) Qual é o procedimento-padrão do teste de 1, repetição máxima (1RM)?

4) Conceitue flexibilidade e descreva como podemos avaliar essa capacidade


física.

5) Segundo Marins (2003), o ritmo está relacionado a quais capacidades


físicas?

4. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, verificamos as possibilidades de se avaliar
as capacidades físicas, bem como as suas definições. Salientamos
que existem inúmeros testes desenvolvidos especificamente para
cada esporte ou população específica. Portanto, aconselhamos
a você que busque um maior entendimento sobre o assunto,
pesquisando mais sobre as possibilidades de testes específicos,
bem como sobre suas aplicações nas avaliações.
Na próxima, e última, unidade, abordaremos os conceitos
e métodos avaliativos das capacidades aeróbias e anaeróbias

© MEDIDAS E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOTORA 77


UNIDADE 3 – DESEMPENHO MOTOR

5. E-REFERÊNCIAS

Figura
Figura 2 – Burpee. Disponível em: <https://www.bicycling.co.za/training-1/
burpees/>. Acesso em: 3 dez. 2019.

Sites pesquisados
CARDOSO, E. A. et al. Artigo original: relação entre o equilíbrio postural de jovens
universitários avaliados por uma plataforma de equilíbrio e o Star Excursion Balance
Test. PECIBES, 32-37, 2016. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas
e Educação em Saúde (PECIBES), v. 2, n. 2, 2017. Disponível em: <https://periodicos.
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