Você está na página 1de 24

153

PROFISIO SESCAD
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR
DO PACIENTE CRÍTICO

JOCIMAR AVELAR MARTINS

n INTRODUÇÃO
O transporte intra-hospitalar acontece principalmente quando um paciente crítico necessita de
cuidados adicionais que não estão disponíveis no local onde ele está. Esse tipo de transporte é
realizado com mais frequência para admissão de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
e para realização de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos.1,2

Esse transporte envolve uma série de riscos, e está associado a várias complicações, sendo as
alterações cardiorrespiratórias as mais frequentes, podendo interferir no desfecho clínico do
paciente.3

Para ser seguro e eficiente, o ato de transportar deve reproduzir a extensão da unidade de origem
do paciente, sem expô-lo a riscos desnecessários que poderiam agravar seu estado de saúde.
O risco do transporte não deve sobrepor o possível benefício que o mesmo proporcionará ao
paciente.1,3-6

A segurança do transporte dependerá de fatores, como cuidado na seleção e na preparação do


paciente, planejamento e organização de todo o processo, equipe qualificada e equipamentos
adequados às necessidades dos pacientes.7

LEMBRAR
O transporte intra-hospitalar pode trazer complicações adicionais ao paciente crítico,
por isso o processo deve ser organizado e eficiente.
154
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

n OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de

n identificar fatores de riscos e eventos adversos mais comumente descritos no transporte do


paciente crítico;
n descrever os cuidados necessários para o transporte seguro do paciente em ventilação
mecânica;
n identificar as fases que compõem todo o processo de transporte do paciente crítico;
n descrever um check list dos cuidados respiratórios necessários para um transporte seguro.

n ESQUEMA CONCEITUAL
Transporte intra-
-hospitalar do
paciente crítico
Transporte
realizado com
o ressuscitador
manual
Fatores de risco O paciente
relacionados aos em ventilação
equipamentos mecânica Transporte
Transporte
intra-hospitalar
realizado com
e pneumonia
ventilador de
associada à
transporte
Fatores de risco ventilação mecânica
relacionados à equipe
Fatores de risco e
eventos adversos Fatores de risco
relacionados ao
planejamento e à
organização

Fatores de risco
relacionados à
condição clínica do
paciente

Fase preparatória

Transporte intra- Fase de transferência


-hospitalar seguro
Fase de recuperação
pós-transporte

Caso clínico 1
Casos clínicos
Caso clínico 2

Conclusão
155

PROFISIO SESCAD
n TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

Transporte intra-hospitalar é a transferência temporária ou definitiva de pacientes


por profissionais de saúde dentro do ambiente hospitalar.1,2,6,8

O transporte intra-hospitalar do paciente crítico é uma ocorrência comum entre os pacientes


internados em UTI. Bercault e colaboradores demonstraram que 44% dos pacientes internados
nessas unidades são submetidos a um episódio de transporte, e 29% dos pacientes foram
submetidos a mais de um episódio.9

Voigt e colaboradores descreveram que 43,4% dos 948 pacientes estudados foram submetidos a
transporte intra-hospitalar; destes, 45% foram submetidos a dois ou mais episódios de transporte.
Nesse mesmo estudo, demonstrou-se que os transportes acontecem principalmente durante a
semana e no período da tarde.10

Na maioria dos estudos, a tomografia computadorizada (TC) é a razão mais frequente para o transporte
intra-hospitalar do paciente – de 70 a 97% dos casos.3,7,9,11 Mazza e colaboradores relataram que, dos
pacientes que tiveram como destino a sala de TC, 97% realizaram tomografia de crânio.7

O prolongamento do tempo de transporte é um fator potencial para complicações.3,12 De acordo


com estudos, a duração média do transporte está entre 30 a 52 minutos.3,7,13 Além de o paciente
ausentar-se por um período de tempo prolongado, ele permanece em unidades onde não há
pessoal treinado nem equipamentos adequados que permitam a continuidade do tratamento a que
ele estava sendo submetido na UTI.1,3

Devido à possível necessidade de repetição, os exames de imagem devem ser avaliados


imediatamente após sua realização, para poupar o paciente de um novo transporte.2

A Figura 1, a seguir, descreve os fatores de risco envolvidos no impacto do transporte do paciente


crítico.

Impacto do transporte no paciente

Movimento de aceleração-desaceleração do Mudança do ambiente de cuidados intensivos,


paciente, mudanças de postura, movimento mudança dos equipamentos, ruídos, desconforto
de uma superfície contra outra. da mesa de exames e do procedimento em geral.

Fatores de risco que podem causar repercussões hemodinâmicas, respiratórias, neurológicas, psicológicas.

Figura 1 - Impacto do transporte no paciente crítico.


Fonte: Arquivo de imagens da autora.
156
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

1. Analise as afirmativas a seguir sobre o transporte intra-hospitalar do paciente


crítico.

I. Na maioria dos estudos, a TC é a razão mais frequente para o transporte intra-


hospitalar do paciente
II. O prolongamento do tempo de transporte é um fator potencial para
complicações.
III. Não é necessário que o paciente espere a avaliação dos exames para que
possa retornar à sua unidade de origem.

Está(ão) correta(s)

A) as afirmativas I e II.
B) as afirmativas II e III.
C) apenas a afirmativa II.
D) as afirmativas I e III.
Resposta no final do artigo

n FATORES DE RISCO E EVENTOS ADVERSOS


A decisão de transportar um paciente deve ser tomada por um profissional experiente e após
serem considerados os benefícios e os possíveis riscos que o transporte pode trazer ao
paciente.1-3,5-7,9,13-16

Mudanças na condução do tratamento do paciente aconteceram, de acordo com Indeck e


colaboradores e Hurst e colaboradores, respectivamente, em 24 e 39% dos transportes realizados
para exame diagnóstico.17,18

Vários estudos contribuíram para identificação dos fatores de risco dos eventos adversos (EA)
imediatos relacionados ao transporte.3,5,7,9,10,13-15,19,20 No entanto, pouco se conhece sobre os efeitos
desses eventos a longo prazo.8

Beckmann e colaboradores identificaram problemas com os equipamentos em 39% dos


transportes, enquanto problemas com a equipe e com a organização do transporte surgiram
em 61% dos transportes.14

Evento adverso, neste contexto, é considerado qualquer evento, esperado ou não,


que pode influenciar a estabilidade do paciente.1,3 Alguns estudos consideram eventos
adversos menores aqueles em que ocorre um declínio das variáveis fisiológicas
maior do que 20% após o transporte, e eventos adversos sérios são considerados
aqueles que trazem riscos à vida do paciente e que necessitam de intervenção
terapêutica.3,13,14,20
157
Dois estudos recentes demonstraram a ocorrência de eventos adversos em 76 e 68% dos transportes,

PROFISIO SESCAD
sendo que o último verificou que em 8,9% deles ocorreram sérios eventos adversos.3,13 No estudo
apresentado por Beckmann e colaboradores, ocorreram sérios eventos adversos em 31% dos
transportes e óbito em 2%. Os autores atribuíram esses eventos a causas multifatoriais.14

As alterações cardiorrespiratórias são os eventos adversos mais frequentemente


encontrados.1,3,6 Um estudo recente relatou que 67% dos pacientes submetidos ao
transporte apresentaram alterações cardiorrespiratórias relevantes.3

LEMBRAR
Todo o transporte, assim como todos os eventos ocorridos durante o mesmo, devem
ser detalhadamente documentados no prontuário do paciente.1,4,6

De acordo com Fanara e colaboradores,1 os fatores de risco são classificados em quatro categorias
distintas:

n equipamentos de transporte;
n equipe;
n organização e planejamento do transporte;
n gravidade do quadro clínico do paciente.

Os eventos adversos mais descritos 1-3,5,6,10,11,13,19-21 estão listados no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1
EVENTOS ADVERSOS COMUNS NO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

n Falha da bateria do ventilador mecânico


n Falha na bateria de monitores e oxímetros
n Falha na bateria da bomba de infusão contínua
n Fim do O2 do cilindro usado no transporte
n Não funcionamento do oxímetro
n Acesso venoso tracionado
n Sonda nasogástrica ou nasoentérica tracionada
n Tomógrafo ocupado
n Válvula de O2 fechada
n Hipotensão
n Arritmia
n Hipóxia
n Problemas com a via aérea artificial – tracionamento do tubo orotraqueal, intubação seletiva
n Secreção abundante em tubo orotraqueal
n Desconforto respiratório persistente
n Variação do pH e da pressão parcial arterial de gás carbônico (PaCO2)
n Agitação
n Broncoespasmo
n Pneumotórax
n Extubação acidental
n Aumento da pressão intracraniana (PIC)
n Tosse persistente
n Assincronia com o equipamento de ventilação mecânica
n Vômitos
n Parada cardiorrespiratória
158
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

FATORES DE RISCO RELACIONADOS AOS EQUIPAMENTOS

Os problemas mais comumente relacionados aos equipamentos envolvem:14

n acesso do paciente ao elevador;


n suprimento de bateria dos equipamentos;
n problemas nos sistemas de infusão de medicamentos;
n falha nos equipamentos de intubação;
n ventiladores de transporte;
n suprimento de oxigênio;
n problemas com os monitores.

É fundamental avaliar a necessidade individual em relação aos equipamentos para o transporte,


a fim de evitar problemas no funcionamento ou sua necessidade premente distante do local de
origem, onde os mesmos podem não estar disponíveis.1-3,11,13,20

LEMBRAR
A monitorização contínua e sistematizada durante todo o transporte é indispensável
para que os eventos adversos sejam detectados prontamente.3

Muitos serviços possuem uma unidade móvel de transporte permanentemente equipada com
ventilador mecânico, monitor de eletrocardiograma (ECG) e de pressão não invasiva, oximetria de
pulso, capnografia e bombas de infusão, além de tubos orotraqueais e material para intubação.6
Alguns estudos recomendam que a unidade de transporte contenha um desfibrilador e um
aspirador de secreções.6,8,10 No entanto, Pereira Júnior e colaboradores recomendam que, caso
esses equipamentos não estejam disponíveis, eles devem estar alcançáveis em no máximo quatro
minutos de qualquer ponto do transporte para atender emergências que possam ocorrer durante
o mesmo.2

A disponibilidade de ressuscitador manual e máscara de ventilação é fundamental na


prevenção de eventos adversos, como nos casos de extubação acidental.

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 7 publicada no Diário Oficial da União
(DOU) de 24 de fevereiro de 2010,22 que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento
das UTIs, a mesmas devem dispor de:

n maca para transporte, com grades laterais, suporte para soluções parenterais e suporte para
cilindro de oxigênio;
n equipamentos com bateria para monitorização contínua de múltiplos parâmetros, como oximetria
de pulso, pressão arterial não invasiva, cardioscopia, frequência respiratória (FR) específicos
para transporte;
n ventilador mecânico com bateria, específico para transporte;
n kit de acompanhamento para o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos e
materiais para atendimento às emergências.
159

PROFISIO SESCAD
O paciente em ventilação mecânica

Aproximadamente 70% dos pacientes submetidos ao transporte intra-hospitalar encontram-se em


ventilação mecânica.1 Ambu é o nome dado a um ressuscitador ou reanimador manual utilizado em
várias unidades para transporte de pacientes estáveis. Seu uso é favorecido pela sua simplicidade
e baixo custo.3,23

Para saber mais


A Ambu International A/S, empresa criada em 1934, na Dinamarca, foi a responsável pela
invenção do dispositivo ressuscitador manual ou reanimador manual no ano de 1956, quando
lançou este produto com o nome de Ambu®. Desde então, “ambu” passou a ser sinônimo de
ressuscitador manual em todo o mundo.

Transporte realizado com o ressuscitador manual

As recomendações para a realização de transporte com o ressuscitador manual são as


seguintes:

n deve ser usado um ambu de volume adequado ao peso do paciente;


n a frequência da ventilação manual deve ser igual à frequência do ventilador utilizado pelo
paciente na UTI;
n para uma ventilação manual segura, é indispensável que o ambu conte com um manômetro
capaz de mensurar o pico de pressão em cada ciclo respiratório, além de válvula de pressão
expiratória ao final da expiração (PEEP) para otimizar a ventilação;
n o volume de ar a ser insuflado deve ser adequado para a expansão bilateral e simétrica da
caixa torácica;1-3,21,23
n deve-se utilizar ambu com reservatório capaz de oferecer uma fração inspirada de oxigênio
(FiO2) de 85 a 100%.2

Se utilizada com técnica apropriada e com atenção, a ventilação manual pode promover uma
boa ventilação durante o transporte.6,11,16,21,23 No entanto, o ambiente de transporte não favorece a
concentração do profissional que opera o ambu, pois além de o profissional andar junto da maca,
ele, muitas vezes, desempenha outra função no transporte, favorecendo a variação na oxigenação
e na ventilação. Isso ocorre frequentemente quando a ventilação manual é interrompida durante
a passagem em portas, rampas, elevadores e durante a transferência para macas ou para mesas
de exames.2,4

LEMBRAR
Mesmo durante a ventilação manual, realizada por profissionais experientes, a
hiperventilação e o aumento do trabalho respiratório podem ocorrer.23
160
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

Transporte realizado com ventilador de transporte

O ventilador de transporte tem mostrado superioridade sobre a ventilação manual em relação


à oxigenação, à entrega de volume corrente (VC) constante e à maior sincronia com os ciclos do
paciente.23

Zanetta e colaboradores16 compararam vários ventiladores de transporte com os ventiladores da


UTI e encontraram diferenças entre eles, particularmente no sistema de disparo, na resistência da
válvula expiratória e na dificuldade de manutenção do VC. Os autores concluíram que equipamentos
utilizados na UTI mostraram superioridade em relação aos equipamentos de transporte avaliados
no estudo.

A escolha do ventilador de transporte mais adequado pode interferir na adaptação do paciente, na


manutenção dos parâmetros necessários e no nível de sedação utilizado durante o transporte.1
As alterações de pH e de PaCO2 após o transporte são atribuídas, muitas vezes, ao aumento da
ventilação espontânea e à incapacidade do ventilador de transporte em manter o VC ajustado.3

É importante que os ventiladores apresentem adequada monitorização dos parâmetros


ventilatórios (VC, pressão de via aérea – Pva –, FR, PEEP) e um sistema de alarmes
(apneia, desconexão, elevação de pressão de vias aéreas), pois esses cuidados podem
reduzir a ocorrência de eventos adversos.2,3,6,8,13

Uma estratégia sugerida para o transporte de pacientes adultos é o ajuste da FiO2 para
100% durante o procedimento.3,6

O ventilador de transporte deve ser capaz de ventilar pacientes que apresentam diferentes
condições respiratórias mantendo o mesmo modo ventilatório utilizado na UTI. 6,7,24 As
características consideradas essenciais na escolha do ventilador de transporte estão descritas
no Quadro 2.1-3,7,10,11,23,24

Quadro 2
CARACTERÍSTICAS MÍNIMAS DE UM VENTILADOR DE TRANSPORTE

n Bateria
n Funcionamento sem ar comprimido
n Ventilação em modos assistido e controlado
n Operação em modo volume ou pressão controlada
n Controle independente do VC e da FR
n Monitor de Pva, VC e FR
n Ajuste de sensibilidade
n Sistema de alarmes
n PEEP
n Ajustes da FiO2
161
Transporte intra-hospitalar e pneumonia associada à ventilação mecânica

PROFISIO SESCAD
A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é um evento frequente nas UTIs. Sua incidência
varia de 9 a 67%, e sua mortalidade 24 a 70%.9 O transporte representa um risco adicional para
o paciente intubado em ventilação mecânica, especialmente pelo risco de aspiração de secreção
contaminada, favorecida pela posição supina durante o transporte.2,4,24

Durante o trajeto do transporte, deve-se ter especial atenção à passagem por rampas. Ao
subir e descer uma rampa, a cabeça do paciente deve estar sempre no lado mais alto da
mesma. Esse cuidado pode evitar aspiração pulmonar de secreção contaminada.

Bercault e colaboradores estudaram 118 pacientes submetidos ao transporte intra-hospitalar


(expostos) pareados com 118 pacientes com características semelhantes, mas que não foram
submetidos ao transporte (não expostos). Esse estudo comparou a presença da PAV nos dois
grupos e encontrou uma frequência de 26% no grupo exposto contra 10% no grupo não exposto.
Os autores concluíram que o transporte de paciente em ventilação mecânica é um fator de risco
independente para a PAV.9

2. Como são classificados os fatores de risco do transporte intra-hospitalar?

..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................

3. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas a seguir em relação aos


fatores de risco do transporte intra-hospitalar.

A) ( ) As alterações cardiorrespiratórias são os eventos adversos mais raros


encontrados no transporte intra-hospitalar.
B) ( ) A monitorização contínua e sistematizada durante todo o transporte
é indispensável para que os eventos adversos sejam detectados
prontamente.
C) ( ) A disponibilidade de ressuscitador manual e máscara de ventilação é
fundamental na prevenção de eventos adversos, como nos casos de
extubação acidental.
D) ( ) Ambu é o nome dado a um ressuscitador ou reanimador manual.
Em virtude de seu alto custo e de sua complexidade, não é muito
utilizado.

Resposta no final do artigo


162
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

4. Quando a ventilação manual é utilizada durante o transporte de pacientes críticos


da UTI para o centro de diagnóstico, quais são as principais características que
ela deve possuir?

................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................

5. Para um transporte seguro, os ventiladores de transporte devem manter a


ventilação proposta para o paciente na UTI. Diante disso, quais as características
mínimas que o ventilador de transporte deve apresentar?

................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
Respostas no final do artigo

6. Que cuidados se pode ter para diminuir o risco de PAV no transporte de pacientes
intubados em ventilação mecânica?

..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................

FATORES DE RISCO RELACIONADOS À EQUIPE


O principal fator determinante da qualidade dos cuidados durante o transporte do paciente é o
treinamento e a eficiência da equipe de transporte.1,2,4,6,19

O número de profissionais que participa do transporte varia de acordo com:1,3,6,7

n a gravidade e a complexidade do quadro clínico do paciente;


n o número de equipamentos exigidos;
n a rotina da instituição.

LEMBRAR
De acordo com a RDC n°7 da ANVISA,22 todo paciente grave deve ser transportado
com o acompanhamento contínuo de, no mínimo, um médico e um enfermeiro, ambos
com habilidade comprovada para o atendimento de urgência e emergência.
163
Segundo Lahner e colaboradores e Gillman e colaboradores, a baixa incidência de eventos adversos

PROFISIO SESCAD
encontrada em seus respectivos estudos reflete a experiência da equipe de transporte.11,20 Vários estudos
citam o fisioterapeuta como integrante dessas equipes de transporte.1-3,6,10 Zuchelo e Chiavone3
relataram que o fisioterapeuta esteve presente em 37% dos transportes estudados. Nesse estudo, em
112 eventos adversos encontrados, apenas oito foram atribuídos à falha da equipe de transporte.

De acordo com estudo realizado pela ASSOBRAFIR sobre o perfil dos fisioterapeutas brasileiros
que atuam em terapia intensiva, 37% deles participam de todos os transportes da unidade.25

No estudo apresentado por Mazza e colaboradores,7 a equipe de transporte foi composta sempre
por um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta. Esse estudo avaliou parâmetros hemodinâmicos
antes e após o transporte intra-hospitalar.

Diferentemente dos achados de outros autores, Mazza e colaboradores encontraram eventos


adversos em apenas 32,4% dos transportes, sendo que 67% desses eventos foram registrados como
agitação do paciente. Os autores concluíram que o transporte intra-hospitalar pode ser realizado
de forma segura, sem alteração cardiorrespiratória significativa, e atribuem essa segurança ao
ventilador utilizado e à presença do fisioterapeuta, do médico e do enfermeiro durante todos os
transportes.7

Vários estudos enfatizam que a presença do fisioterapeuta respiratório é fundamental


nos pacientes com via aérea artificial e em ventilação mecânica.1-3,6,7,10,24

Nos pacientes em ventilação mecânica, a prevenção de riscos depende da equipe de transporte,


principalmente no que diz respeito:1,2,10

n à escolha do equipamento adequado;


n à inspeção da bateria;
n à estimativa da quantidade de oxigênio para o transporte;
n aos cuidados com a via aérea artificial;
n aos ajustes adequados dos parâmetros da ventilação mecânica;
n ao rápido reconhecimento e à pronta resolução dos eventos detectados pelos alarmes do
ventilador.

FATORES DE RISCO RELACIONADOS AO PLANEJAMENTO E À


ORGANIZAÇÃO
Após a tomada de decisão para o transporte do paciente crítico, é fundamental o planejamento
e a organização de todo o processo, que é de responsabilidade da equipe e pode determinar a
frequência de fatores de risco e de eventos adversos.1,4,6,11

LEMBRAR
Ao planejar o transporte de um paciente crítico, a equipe deve prever e, se possível,
antecipar, todas as intercorrências que possam surgir durante seu deslocamento. A
falta de planejamento pode contribuir para situações críticas.1,1,6,13,24
164
A implantação de rotinas e de protocolos operacionais é responsável pelo sucesso desta fase. O
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

uso de checklists é recomendado como forma de minimizar a ocorrência de eventos adversos.


É recomendável que cada membro da equipe tenha a sua responsabilidade na conferência do
checklist.1,4,14

Fanara e colaboradores1 incentivam o uso da conferência rápida e sistematizada do checklist


por todos os membros da equipe durante a preparação do paciente para o transporte, pois isso
pode fazer com que um dos membros da equipe se lembre de certos pontos que podem ter sido
esquecidos por outros. Os cuidados na preparação do paciente variam com a necessidade de cada
um e definem o sucesso do transporte.1,2,4,6,14

Um dos fatores de risco identificado por Beckmann e colaboradores14 foi a falta de atenção da
equipe com os protocolos existentes. Esse autor enfatiza a necessidade de treinamento constante
da equipe e a aderência à utilização de protocolos para limitar a ocorrência de eventos adversos.

Muitos estudos discutem a importância da comunicação entre as equipes do setor de


origem e de destino do transporte. A comunicação é vital na redução do tempo de espera
e, consequentemente, na duração do transporte, diminuindo a ocorrência de eventos
adversos.1,2,4,6,13,14,14,20

7. Entre as alternativas a seguir, qual NÃO pode ser considerada risco ao paciente
durante o transporte?

A) Incapacidade de manter oxigenação e ventilação adequadas durante o


transporte ou durante a permanência no setor de destino.
B) Incapacidade de manter performance hemodinâmica durante o transporte ou
durante a permanência no setor de destino pelo tempo necessário.
C) Incapacidade de monitorar o estado cardiorrespiratório durante o transporte ou
durante a permanência no setor de destino pelo tempo necessário.
D) Número suficiente de profissionais treinados (por exemplo: médico, enfermeiro,
fisioterapeuta) para manter as condições descritas durante o transporte ou
durante a permanência no setor de destino.
Resposta no final do artigo

8. Qual a importância dos checklists e da comunicação no transporte de pacientes


críticos?

..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
165

PROFISIO SESCAD
FATORES DE RISCO RELACIONADOS À CONDIÇÃO CLÍNICA DO
PACIENTE
A gravidade do quadro clínico do paciente foi identificada como fator de risco para ocorrência
de eventos adversos.1 Os fatores relacionados a seguir favorecem a ocorrência de eventos
adversos:1,2,14,19

n número de bombas de infusão;


n uso de aminas vasoativas;
n pacientes em ventilação mecânica em uso de níveis elevados de PEEP;
n FiO2 superior a 50%;
n idade superior a 43 anos.

Em pacientes ventilados mecanicamente, uma redução de 20% ou mais da relação PaO2/FiO2 foi
encontrada em 43% dos pacientes submetidos ao transporte intra-hospitalar.8 Zuchelo e Chiavone3
encontraram diminuição da PaO2 após o transporte em 45% do pacientes. A principal variável
relacionada a essa alteração é a necessidade de PEEP.1,8,11,14,19,25

Pereira Júnior e colaboradores2 consideram como pacientes mais graves e de maior risco no transporte
aqueles com necessidade de PEEP superior a 14cmH2O e em uso de aminas vasoativas.

LEMBRAR
No caso de pacientes com níveis elevados de PEEP, é recomendado que o transporte
seja feito somente em ventilação mecânica, especialmente em um ventilador que
permita o mesmo modo ventilatório e o mesmo nível de PEEP.1,3,6,8

Além disso, deve-se ter um cuidado extremo com a via aérea artificial, especialmente com a
desconexão do tubo endotraqueal, evitando, assim, uma despressurização do sistema, o que
desfavorece a mecânica pulmonar.3

O transporte do paciente neurológico pode contribuir com déficits neurológicos futuros ou prolongá-
los. As lesões secundárias, nesses pacientes, afetam negativamente o desfecho da condição clínica,
por isso deve-se trabalhar para a prevenção dessas complicações.24 Os fatores mais preditivos de
mortalidade em pacientes neurológicos são:26

n intensidade e duração da hipoxemia;


n hipotensão arterial;
n febre;
n elevação da PIC.

As recomendações do grupo de neurointensivismo da European Society of Intensive Care Medicine


para que o paciente adulto com grave lesão cerebral seja elegível para o transporte são:26

n saturação de O2 superior a 95% (SatO2 > 95%);


n gás carbônico ao final da expiração (ETCO2) correlacionado a uma PaCO2 de aproximadamente
35mmHg;
n pressão arterial média igual ou superior a 90mmHg;
166
PIC igual ou inferior a 20mmHg;
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO
n

n pressão de perfusão cerebral (PPC) igual ou superior a 70mmHg;


n temperatura corporal ótima de 36°.

Alguns cuidados que podem limitar os eventos adversos no paciente neurológico estão listados
no Quadro 3, a seguir.24,26

Quadro 3
CUIDADOS NO TRANSPORTE DO PACIENTE NEUROLÓGICO

n Manter a cabeceira elevada, se possível


n Imobilizar adequadamente o paciente politraumatizado (evitar lesões medulares suspeitas)
n Evitar rotação cervical para não reduzir o retorno venoso jugular
n Proteger as vias aéreas, pois os pacientes são predispostos à perda do reflexo de tosse e queda de
língua
n Avaliar necessidade de aspiração de secreção e titulação da oxigenoterapia
n Monitorizar frequentemente os parâmetros em caso de ventilação mecânica
n Utilizar a capnografia no transporte

9. Dos fatores relacionados a seguir, qual NÃO favorece a ocorrência de eventos


adversos?

A) Número de bombas de infusão.


B) Uso de aminas vasoativas.
C) Pacientes em ventilação mecânica em uso de altos níveis de PEEP.
D) Pacientes respirando espontaneamente em ar ambiente.

10. Os cuidados descritos a seguir podem limitar a ocorrência de eventos adversos


no paciente neurológico com EXCEÇÃO de

A) posicionar adequadamente a cabeça, utilizando colar cervical, quando


necessário.
B) monitorizar frequentemente os parâmetros da ventilação mecânica.
C) utilizar o capnógrafo no transporte.
D) evitar a aspiração da via aérea artificial antes do transporte.

11. Muitos estudos demonstraram a redução da PaO2/FiO2 no retorno do paciente


à UTI após seu transporte em ventilação mecânica. Em qual dos pacientes a seguir
esse evento NÃO ocorre mais frequentemente?

A) Nos que necessitam de altos níveis de PEEP.


B) Nos que são ventilados com ventilador de transporte, mantendo os parâmetros
utilizados na terapia intensiva.
C) Nos que necessitam de FiO2 superior a 50% na UTI.
D) Nos que são transportados utilizando ventilação manual.
167

PROFISIO SESCAD
12. Assinale a alternativa que NÃO é considerada um fator de risco relacionado à
gravidade do quadro do paciente?

A) Paciente com traumatismo craniencefálico (TCE) com PIC instável.


B) Paciente com necessidade de altos níveis de PEEP.
C) Paciente em uso de aminas vasoativas.
D) Paciente em uso de sedação intermitente.
Respostas no final do artigo

n TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR SEGURO


Para promover um transporte seguro, os estudos sugerem que quatro itens devem ser incorporados
à rotina das UTIs:1,2,4,6,14,19,24,27

n implantação de protocolos;
n comunicação;
n treinamento da equipe;
n equipamentos adequados e monitorização constante.

Para sistematizar o transporte, pode-se dividi-lo em três fases:

n fase preparatória;
n fase de transferência;
n fase de recuperação pós-transporte.

FASE PREPARATÓRIA

A fase preparatória1-8,10,13,14,16,19,20,24,26-28,29 é fundamental para a segurança e o sucesso do transporte.


A decisão do transporte é feita após a avaliação e a ponderação dos benefícios e dos riscos
potenciais.

Nessa fase, deve-se promover a melhor estabilização cardiorrespiratória possível para iniciar o
transporte, observando os seguintes itens:

n avaliar as condições de proteção de via aérea e retenção de secreção;


n avaliar os equipamentos de oxigenoterapia e interfaces necessárias durante o transporte;
n avaliar a fixação da via aérea artificial;
n verificar a pressão do balonete;
n avaliar a necessidade de aspiração do paciente antes de iniciar o transporte e no local de
destino;
n checar a bateria do equipamento de ventilação mecânica;
n checar o cilindro de oxigênio, que deve conter uma quantidade necessária para suprir o paciente
por, pelo menos, trinta minutos;
168
no caso de drenos torácicos, assegurar a adequada fixação, tendo o cuidado de não fechá-los.
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO
n

Isso deve ser feito apenas para a transferência do paciente para a maca de transporte. Deve-se
ter o cuidado de posicionar o recipiente de drenagem em um nível abaixo do ponto de inserção
do dreno no tórax;
n checar a bateria dos equipamentos de monitorização, principalmente do oxímetro de pulso;
n checar as bombas de infusão e as sondas nasogástrica, nasoentérica e vesical, para assegurar
uma fixação adequada, assim como a necessidade de esvaziamento do conteúdo gástrico antes
do transporte, visando à prevenção da broncoaspiração;
n comunicar-se com o local de destino para que este esteja aguardando o paciente, evitando
atrasos;
n verificar os equipamentos existentes no local de destino e seu funcionamento;
n conhecer o trajeto a ser feito e, se possível, a distância a ser percorrida e o caminho a ser
seguido, para que se possa estimar o tempo gasto no transporte;
n verificar se há disponibilidade de elevadores.

FASE DE TRANSFERÊNCIA
A fase da transferência1-8,10,13,14,16,19,20,24,26-28 é a fase do transporte em que acontecem mais
intercorrências, pois os pacientes ficam fora da área de cuidados intensivos, em locais onde a
monitorização é difícil e, muitas vezes, sem equipamentos suficientes para atender a situações
de emergência.

LEMBRAR
Os cuidados devem ser redobrados durante a transferência do paciente para outro
leito ou maca, pois, neste momento, podem ocorrer muitos dos eventos adversos já
citados.

Os eventos acontecem na fase de transferência, principalmente por episódios relacionados aos


equipamentos, em geral por falha na fase preparatória do transporte. Alguns eventos que ocorrem
na fase de transferência são:

n deslocamento do tubo orotraqueal;


n bateria dos equipamentos insuficiente ao tempo de transporte;
n falta ou perda do suprimento de O2;
n defeito em aparelhos;
n perda de acesso venoso;
n retirada das sondas gástrica, nasoentérica ou vesical.

Na fase de transferência, é importante assegurar que o paciente transportado receba


a monitorização adequada capaz de detectar com maior precisão as alterações
cardiorrespiratórias para intervenção imediata.1,2,6,24,26,27
169
Alguns estudos sugerem um nível mínimo de monitorização durante o transporte:

PROFISIO SESCAD
n ECG;
n frequência cardíaca (FC) e FR;
n oximetria de pulso;
n medida intermitente da pressão arterial não invasiva.

Em muitos transportes, apenas o oxímetro de pulso está disponível para a monitorização do paciente,
que, por suas limitações, pode tornar a leitura não confiável.2,3 A monitorização da capnografia, da
pressão arterial invasiva e da PIC podem beneficiar alguns pacientes e devem ser utilizadas sempre
que disponíveis e necessárias.1-3,24,26

LEMBRAR
O paciente submetido ao transporte deve receber a mesma monitorização oferecida
no ambiente de UTI.

FASE DE RECUPERAÇÃO PÓS-TRANSPORTE


A avaliação cuidadosa do paciente, quando ele retorna para o local de origem, é fundamental para
a detecção de alterações imediatas e consequente intervenção, se necessária. Após as alterações
ocorridas ao longo do transporte, a estabilização do paciente é lenta.

Alguns cuidados devem ser destacados para a adequada conduta e estabilização do paciente
pós-transporte:1,2,24

n retornar imediatamente a monitorização;


n retornar o paciente à ventilação mecânica ou à oxigenoterapia, quando utilizada;
n auscultar o paciente e avaliar os parâmetros de troca gasosa;
n avaliar a necessidade de mudanças nos parâmetros ventilatórios;
n avaliar a fixação da via aérea artificial e da pressão do balonete.

13. Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao transporte seguro.

A) A equipe multidisciplinar responsável pelo paciente sabe quando fazê-lo e como


realizá-lo.
B) É assegurada a integridade do paciente, evitando o agravamento de seu quadro
clínico.
C) Há treinamento adequado e periódico da equipe envolvida, desenvolvendo
habilidade no procedimento.
D) Não existe uma rotina operacional para realizá-lo.
Resposta no final do artigo
170
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

14. A fase de transferência é a fase em que ocorrem os principais eventos adversos.


São eventos adversos mais comuns desta fase, EXCETO a

A) perda de acesso venoso.


B) extubação acidental.
C) retirada de sonda gástrica.
D) fixação adequada do tubo orotraqueal.

15. Após a decisão pelo transporte de um paciente crítico, para que seja um
procedimento seguro, qual das alternativas a seguir NÃO se deve ter como rotina
de transporte?

A) Fase preparatória, em que todo o processo é organizado – paciente estabilizado


e materiais preparados para um transporte seguro.
B) Fase de estabilização, em que o paciente retorna ao setor de origem, é avaliado
e monitorizado.
C) Fase de transferência, em que durante todo o percurso de ida e de retorno,
cuidados especiais devem ser priorizados para evitar eventos adversos.
D) Fase de treinamento da equipe, em que os profissionais são treinados no
momento do transporte para sua realização.
Respostas no final do artigo

n CASOS CLÍNICOS
CASO CLÍNICO 1

Paciente de 21 anos internado na UTI, vítima de TCE, está em ventilação mecânica e


apresenta os seguintes sinais:

n PIC: 15mmHg;
n FiO2: 60%;
n VC: 520mL;
n FR: 16irpm;
n pressão de vias aéreas (pico): 20cmH2O;
n PEEP: 7cmH2O.

O paciente será encaminhado ao setor de radiologia para realização de TC de crânio. Está sedado,
e seu transporte será realizado com o ventilador de transporte.

A partir do que foi visto neste artigo e das informações descritas no caso clínico 1, responda à
questão a seguir.
171

PROFISIO SESCAD
16. Cite alguns eventos adversos que podem ser minimizados pela presença do
fisioterapeuta no processo do transporte deste paciente?

................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

CASO CLÍNICO 2
Paciente em ventilação mecânica (ventilação controlada a pressão – FiO2 = 80%, Pva =
32cmH2O, PEEP = 12cmH2O, FR = 16irpm, VC de aproximadamente 550mL) com quadro
de PAV, traqueostomizado, apresentando grande quantidade de secreção purulenta.

A partir das informações descritas no caso clínico 2, responda à questão a seguir.

17. Qual conduta realizada pelo fisioterapeuta que compõe a equipe de transporte
pode limitar alterações cardiorrespiratórias neste paciente?

A) Utilização de ventilador manual sem válvula de PEEP.


B) Monitorização da temperatura corporal.
C) Manter as vias aéreas pérvias, utilizando técnicas de remoção de secreção e
de aspiração do tubo orotraqueal, quando necessário.
D) Reduzir a FiO2.
Resposta no final do artigo

n CONCLUSÃO
O transporte de pacientes críticos é uma atividade complexa, e, de acordo com o relato de vários
estudos, o fisioterapeuta está cada dia mais inserido na equipe multidisciplinar.

É possível realizar um transporte seguro se o mesmo for adequadamente indicado, planejado e


organizado, dispor de equipamentos adequados às necessidades do paciente e, acima de tudo,
dispor de equipe multidisciplinar qualificada para o transporte.
172
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

n RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: A
Comentário: III) Devido à possível necessidade de repetição, os exames de imagem devem ser
avaliados imediatamente após sua realização para poupar o paciente de um novo transporte.

Atividade 3
Resposta: A) F – As alterações cardiorrespiratórias são os eventos adversos mais frequentemente
encontrados no transporte intra-hospitalar. B) V; C) V; D) F – Ambu é o nome dado a um ressuscitador
ou reanimador manual utilizado em várias unidades para transporte de pacientes estáveis. Seu uso
é favorecido pela sua simplicidade e baixo custo.

Atividade 4
Resposta: A ventilação manual deve ter capacidade de gerar volume adequado ao paciente a ser
transportado (por exemplo, neonatal, pediátrico ou adulto), manômetro para medir a pressão de
vias aéreas, válvula de PEEP, bolsa reservatória de oxigênio para otimizar a FiO2.

Atividade 5
Resposta: O ventilador de transporte deve ter bateria; funcionar sem ar comprimido; ventilar em
modos assistido e controlado; operar em modo volume ou pressão controlada; monitor de pressão
das vias aéreas, VC e FR; ajuste de sensibilidade; sistema de alarmes; PEEP.

Atividade 7
Resposta: D
Comentário: O principal fator determinante da qualidade dos cuidados durante o transporte é o
treinamento e a eficiência da equipe. O número de profissionais que participa do transporte varia
de acordo com a gravidade e a complexidade do quadro clínico do paciente, com o número de
equipamentos exigidos e com a rotina da instituição.

Atividade 9
Resposta: D
Comentário: Existem fatores relacionados à gravidade do quadro do paciente que favorecem a
ocorrência de eventos adversos, como uso de aminas vasoativas, número de bombas de infusão
e paciente que está em ventilação mecânica com altos níveis de PEEP.

Atividade 10
Resposta: D
Comentário: A aspiração das vias aéreas antes do transporte pode evitar a broncoaspiração em
pacientes com via aérea artificial ou naqueles com perda dos mecanismos de proteção de via aérea.
O paciente neurológico requer outros cuidados especiais, como o posicionamento da cabeça, a
utilização de colar cervical na suspeita de fratura de vértebras, a monitorização frequente com o
capnógrafo, que pode evitar oscilação da PaCO2 e a monitorização dos parâmetros da ventilação
mecânica, que também pode prevenir alterações cardiorrespiratórias.

Atividade 11
Resposta: B
Comentário: Os ventiladores de transporte podem manter os parâmetros utilizados na ventilação
mecânica dentro da UTI, diminuindo alterações cardiorrespiratórias consequentes da mudança.
173

PROFISIO SESCAD
Atividade 12
Resposta: D
Comentário: A sedação pode ser necessária em alguns pacientes e, muitas vezes, pode diminuir
a ocorrência de eventos adversos.

Atividade 13
Resposta: D
Comentário: Para ser considerado seguro, o transporte deve contar com equipe multidisciplinar
qualificada, equipamentos necessários para manter o mesmo nível de cuidados oferecidos na UTI,
planejamento e organização de todo o processo. O uso de protocolos de transporte é recomendado
como rotina e como forma de minimizar a ocorrência de eventos adversos.

Atividade 14
Resposta: D
Comentário: A fixação adequada do tubo orotraqueal deve ser realizada na fase preparatória para
evitar o deslocamento do tubo ou extubação acidental na fase de transferência.

Atividade 15
Resposta: D
Comentário: O transporte deve ter como rotina a fase preparatória, a fase de transferência e a fase
de estabilização do paciente. A equipe de transporte deve ser experiente e treinada periodicamente;
no entanto, esse treinamento não deve ser realizado de forma rotineira durante o transporte.

Atividade 16
Resposta: Os seguintes eventos podem ser minimizados pela presença de fisioterapeuta no
transporte intra-hospitalar do paciente:
n secreção no tubo orotraqueal durante o transporte: o fisioterapeuta, se inserido na equipe de

transporte, na preparação para o mesmo, deve auscultar o paciente e aplicar técnicas de remoção
de secreção e de aspiração do tubo orotraqueal, se necessário;
n tracionamento do tubo orotraqueal e/ou extubação acidental: antes do transporte, o fisioterapeuta

deve verificar as condições da via aérea artificial, certificando-se de que o tubo está fixado
adequadamente e com pressão suficiente do balonete para evitar vazamentos e minimizar o
risco de aspiração de secreção contaminada. Deve também checar o cilindro de oxigênio, para
assegurar o fornecimento de O2 por trinta minutos;
n descontinuidade da ventilação mecânica durante o transporte: verificar a bateria do ventilador

de transporte;
n descontinuidade da monitorização da SaO : verificar a bateria do oxímetro de pulso.
2

Atividade 17
Resposta: C
Comentário: O paciente que é transportado com secreção abundante em tubo orotraqueal ou
traqueostomia pode apresentar aumento da pressão de pico, queda da SatO2 e retenção de CO2
durante o transporte. Esses fatores podem ser minimizados com a avaliação e o emprego de
técnicas de remoção de secreção e de aspiração antes do transporte, visando à manutenção das
vias aéreas pérvias.
174
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE CRÍTICO

n REFERÊNCIAS
1. Fanara B, Manzon C, Barbot O, Desmettre T, Capellier G. Recommendations for the intra-hospital transport
of critically ill patients. Crit Care. 2010;14(3):R87. Epub 2010 May 14.

2. Pereira Júnior G, Carvalho JB, Ponte Filho AD, Malzone DA, Pedersoli CE. Transporte intra-hospitalar do
paciente crítico. Medicina (Riberão Preto). 2007;40(4):500-8.

3. Zuchelo LT, Chiavone PA. Intrahospital transport of patients on invasive ventilation: cardiorespiratory
repercussions and adverse events. J Bras Pneumol. 2009 Apr;35(4):367-74.

4. Jarden RJ, Quirke S. Improving safety and documentation in intrahospital transport: development of an
intrahospital transport tool for critically ill patients. Intensive Crit Care Nurs. 2010 Apr;26(2):101-7. Epub
2010 Jan 20.

5. Shirley PJ, Bion JF. Intra-hospital transport of critically ill patients: minimising risk. Intensive Care Med. 2004
Aug;30(8):1508-10. Epub 2004 Jun 9.

6. Warren J, Fromm RE Jr, Orr RA, Rotello LC, Horst HM; American College of Critical Care Medicine. Guidelines
for the inter- and intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med. 2004 Jan;32(1):256-62.

7. Mazza BF, Amaral JL, Rosseti H, Carvalho RB, Senna AP, Guimarães HP, et al. Safety in intrahospital
transportation: evaluation of respiratory and hemodynamic parameters. A prospective cohort study. Sao
Paulo Med J. 2008 Nov;126(6):319-22.

8. Waydhas C. Intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care. 1999;3(5):R83-9. Epub 1999 Sep 24.

9. Bercault N, Wolf M, Runge I, Fleury JC, Boulain T. Intrahospital transport of critically ill ventilated patients: a
risk factor for ventilator-associated pneumonia--a matched cohort study. Crit Care Med. 2005 Nov;33(11):2471-
8.

10. Voigt LP, Pastores SM, Raoof ND, Thaler HT, Halpern NA. Review of a large clinical series: intrahospital
transport of critically ill patients: outcomes, timing, and patterns. J Intensive Care Med. 2009 Mar-
Apr;24(2):108-15. Epub 2009 Feb 2.

11. Lahner D, Nikolic A, Marhofer P, Koinig H, Germann P, Weinstabl C, et al. Incidence of complications
in intrahospital transport of critically ill patients--experience in an Austrian university hospital. Wien Klin
Wochenschr. 2007;119(13-14):412-6.

12. Smith I, Fleming S, Cernaianu A. Mishaps during transport from the intensive care unit. Crit Care Med. 1990
Mar;18(3):278-81.

13. Papson JP, Russell KL, Taylor DM. Unexpected events during the intrahospital transport of critically ill patients.
Acad Emerg Med. 2007 Jun;14(6):574-7.

14. Beckmann U, Gillies DM, Berenholtz SM, Wu AW, Pronovost P. Incidents relating to the intra-hospital transfer
of critically ill patients. An analysis of the reports submitted to the Australian Incident Monitoring Study in
Intensive Care. Intensive Care Med. 2004 Aug;30(8):1579-85. Epub 2004 Feb 26.

15. Lovell MA, Mudaliar MY, Klineberg PL. Intrahospital transport of critically ill patients: complications and
difficulties. Anaesth Intensive Care. 2001 Aug;29(4):400-5.

16. Zanetta G, Robert D, Guérin C. Evaluation of ventilators used during transport of ICU patients -- a bench
study. Intensive Care Med. 2002 Apr;28(4):443-51. Epub 2002 Mar 12.
175
17. Hurst JM, Davis K Jr, Branson RD, Johannigman JA. Comparison of blood gases during transport using two

PROFISIO SESCAD
methods of ventilatory support. J Trauma. 1989 Dec;29(12):1637-40.

18. Indeck M, Peterson S, Smith J, Brotman S. Risk, cost, and benefit of transporting ICU patients for special
studies. J Trauma. 1988 Jul;28(7):1020-5.

19. Damm C, Vandelet P, Petit J, Richard JC, Veber B, Bonmarchand G, et al. Complications during the
intrahospital transport in critically ill patients. Ann Fr Anesth Reanim. 2005 Jan;24(1):24-30.

20. Gillman L, Leslie G, Williams T, Fawcett K, Bell R, McGibbon V. Adverse events experienced while transferring
the critically ill patient from the emergency department to the intensive care unit. Emerg Med J. 2006
Nov;23(11):858-61.

21. Nakamura T, Fujino Y, Uchiyama A, Mashimo T, Nishimura M. Intrahospital transport of critically ill patients
using ventilator with patient-triggering function. Chest. 2003 Jan;123(1):159-64.

22. Brasil. Resolução RDC nº 7, de 24 de fevereiro de 2010. Diário Oficial da União; 2010.

23. Dockery WK, Futterman C, Keller SR, Sheridan MJ, Akl BF. A comparison of manual and mechanical
ventilation during pediatric transport. Crit Care Med. 1999 Apr;27(4):802-6.

24. Japiassu AM. Transporte intra-hospitalar do paciente grave. Revista Brasileira de Terapia Intensiva.
2005;17(3):217-20.

25. Nozawa E. Perfil de fisioterapeutas brasileiros que atuam em unidades de terapia intensiva. Fisioterapia e
Pesquisa. 2008;15(2):177-82.

26. Carlton PK Jr, Jenkins DH. The mobile patient. Crit Care Med. 2008 Jul;36(7 Suppl):S255-7.

27. Ferdinande P. Recommendations for intra-hospital transport of the severely head injured patient. Working
Group on Neurosurgical Intensive Care of the European Society of Intensive Care Medicine. Intensive Care
Med. 1999 Dec;25(12):1441-3.

28. Chang DW; American Association for Respiratory Care (AARC). AARC Clinical Practice Guideline: in-hospital
transport of the mechanically ventilated patient--2002 revision & update. Respir Care. 2002 Jun;47(6):721-
3.

29. Szem JW, Hydo LJ, Fischer E, Kapur S, Klemperer J, Barie PS. High-risk intrahospital transport of critically
ill patients: safety and outcome of the necessary “road trip”. Crit Care Med. 1995 Oct;23(10):1660-6.

Você também pode gostar