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PROFISIO SESCAD
FISIOTERAPIA NA UNIDADE
CORONARIANA
JULIANA FLÁVIA DE OLIVEIRA
JOSÉ RENATO CREPALDI ALVES
SÉRGIO S. M. C. CHERMONT
n INTRODUÇÃO
O surgimento das unidades coronarianas permitiu a otimização da monitorização contínua de
variáveis hemodinâmicas por intermédio de uma equipe multiprofissional altamente qualificada,
diminuindo a morbidade e a mortalidade das doenças cardiovasculares (DCVs).
A mortalidade hospitalar para IAM nos anos 1950 situava-se em torno de 30%, com um declínio
posterior de 15% em função do aparecimento das unidades coronarianas. O emprego de trombolíticos
e a intervenção percutânea diminuíram esse índice para 6 a 9,3%. Todavia, pela sua alta prevalência
e mortalidade pré-hospitalar, o IAM ainda é a causa líder de mortalidade no mundo ocidental. No
Brasil, estima-se em 300.000 a 400.000 casos anuais de IAM, com 60.080 óbitos, o que permite
considerá-lo a principal causa isolada de morte no País.1
n OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, o leitor deverá ser capaz de
n ESQUEMA CONCEITUAL
Doença arterial coronariana
Mecanismos da circulação
coronariana e oferta de oxigênio
para o miocárdio
Fisiopatologia
Fatores endoteliais
Controle intrínseco do tônus
vascular coronariano Modulação autonômica
Aterogênese
Estenose aterosclerótica
Aterogênese e fatores
Disfunção endotelial
relacionados à isquemia
Vasoconstrição
Agregação plaquetária
Caso clínico
Conclusão
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n DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA
Pacientes com síndrome coronária aguda e supradesnível do segmento ST são classificados
como de alto risco para eventos de IAM, embora exista ainda muita heterogeneidade nesse grupo.2
Na avaliação dos pacientes com suspeita de IAM, é importante que seja feita a estratificação de
risco inicial de acordo com a probabilidade de desenvolverem eventos e complicações cardíacas
isquêmicas no futuro. O sintoma mais importante e típico do IAM é a dor ou desconforto intenso
retroesternal, que é, muitas vezes, referido como aperto, opressão, peso ou queimação, podendo
irradiar-se para pescoço, mandíbula, membros superiores e dorso.2
n sintomas isquêmicos;
n alterações no eletrocardiograma (ECG) com indícios de isquemia (supra ou
infradesnivelamento do segmento ST);
n desenvolvimento de ondas Q patológicas no ECG;
n evidência, em exames de imagem, de perda de viabilidade miocárdica ou contratilidade
segmentar anormal.
Quadro 1
ESCORE TIMI PARA ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
n FISIOPATOLOGIA
MECANISMOS DA CIRCULAÇÃO CORONARIANA E OFERTA DE OXIGÊNIO
PARA O MIOCÁRDIO
A oferta de oxigênio (O2) para o miocárdio depende da capacidade de transporte O2 no sangue
e do fluxo coronário, assim como o bom funcionamento do músculo cardíaco frequentemente
determina o consumo de O2 (VO2) (quantidade de O2 captada e metabolizada tanto em repouso
como no exercício). A capacidade de transporte de O2 no sangue depende diretamente da taxa de
hemoglobina e da saturação arterial de oxigênio (SaO2). Sendo assim, o fluxo coronariano é dinâmico,
e sua regulação é responsável pelo equilíbrio entre a oferta de O2 e a demanda metabólica. Assim
como em todo o sistema vascular, o fluxo coronariano apresenta-se diretamente proporcional à
pressão de perfusão e inversamente proporcional à resistência vascular.5
Os vasos coronarianos demonstram o seu fluxo máximo durante a diástole pela dinâmica
do fluxo de ejeção ventricular na raiz da aorta, causada pela compressão durante a
contração do miocárdio sobre as artérias coronárias.
Quando ocorre elevação da FC, aumentam o número de contrações, o gasto energético (ATP) e a
demanda de O2. Com a redução da FC, como ocorre durante o uso de betabloqueador ou mesmo
em resposta adaptativa ao exercício, há redução do gasto energético e do VO2.
LEMBRAR
A FC é determinante do MVO2. Portanto, quando há um aumento da demanda
simpática, consequentemente tem-se o aumento do MVO2, assim como um aumento
da atividade parassimpática resulta em menor MVO2.
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CONTROLE INTRÍNSECO DO TÔNUS VASCULAR CORONARIANO
Ao contrário da maioria dos tecidos, o coração não pode aumentar sua taxa de extração de O2
quando ocorre aumento da demanda, uma vez que, em seu estado basal, a extração de O2 do
sangue já é máxima. Qualquer necessidade adicional de O2 só pode ser suprida mediante o
aumento do fluxo de sangue ao miocárdio. A autorregulação do tônus vascular é o mediador
mais importante nesse processo.8
Fatores endoteliais
As células endoteliais produzem várias substâncias vasoativas que contribuem para a regulação
do tônus vascular. Entre os vasodilatadores produzidos pelo endotélio, estão as prostaciclinas e
o óxido nítrico (ON). O ON causa relaxamento da musculatura lisa vascular.
Modulação autonômica
O controle neural da resistência vascular possui componentes simpáticos e parassimpáticos. Os
vasos coronarianos possuem receptores tanto α-adrenérgicos quanto β-adrenérgicos. O estímulo
produz vasoconstrição, e o estímulo produz vasodilatação.
A interação entre regulação metabólica, endotelial e neural determina o tônus vasomotor. Por
exemplo, o estímulo catecolaminérgico do coração inicialmente causa vasoconstrição, via receptores
. No entanto, com o aumento do VO2 causado pelo aumento da FC, a contratilidade mediada pela
mesma catecolamina desencadeia aumento da produção de metabólitos, induzindo vasodilatação
coronariana.10
Quadro 2
CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DAS LESÕES SEGUNDO
A ASSOCIAÇÃO AMERICANA DO CORAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS
Tipo I Lesão microscópica, invisível a olho nu, caracterizada pelo aparecimento das
células espumosas, que são macrófagos cheios de gordura, acometendo a
íntima vascular. Esse tipo de lesão já pode ocorrer antes mesmo do primeiro
ano de vida.
Tipo II Lesão conhecida como “estria gordurosa”. É a primeira fase visível a olho nu.
É composta por macrófagos, células musculares lisas e pequenos grãos de
gordura extracelular. Lesões desse tipo são encontradas antes da terceira
década de vida.
Tipo III Denominada de pré-ateroma, origina-se, sobretudo, das lesões tipo II e difere
destas por possuir maior quantidade de lipídeo formando pequenos núcleos
visíveis a olho nu. Pode-se afirmar que é uma fase de transição para a
formação da lesão tipo IV.
Tipo IV Nessa lesão, a placa de ateroma já está formada. Possui um núcleo lipídico
individualizado, formado pela fusão das ilhotas de gordura das lesões tipo
III. Esse núcleo é também chamado de centro necrótico por possuir, além de
macrófagos e gordura livre, uma quantidade significativa de fragmentos de
células necrosadas.
Tipo V Lesão caracterizada pela presença de tecido fibroso envolvendo o núcleo
lipídico.
Tipo VI Essa lesão é a placa complicada por trombo, fissura, rotura, hemorragia ou
erosão. É considerada a causa dos eventos isquêmicos agudos e, geralmente,
é procedente de placas do tipo IV ou V.
Fonte: Adaptado de Braunwald e colaboradores (2005).11
A redução do fluxo sanguíneo coronariano é resultado do estreitamento da luz do vaso, que, por sua
vez, é causado pela placa aterosclerótica (lesão fixa) e por anormalidades da regulação do tônus
vascular secundárias à disfunção endotelial induzida pela doença aterosclerótica.11
113
A Figura 1 mostra os tipos de lesões e a gravidade da obstrução.
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Pré-evento Trombose - SCA Risco de evento
recorrente
Linha de
tempo
ESTENOSE ATEROSCLERÓTICA
A estenose aterosclerótica está relacionada com a anatomia do vaso e com as leis de dinâmica
de fluidos. Sendo assim, a resistência vascular num ponto de obstrução aterosclerótica tem sua
significância hemodinâmica dependente do raio da luz do vaso no local da lesão.11
Obstruções acima de 90% originam redução de fluxo que diminui a oferta de O2 mesmo em condições
basais, podendo provocar, então, isquemia em repouso.11
DISFUNÇÃO ENDOTELIAL
VASOCONSTRIÇÃO
AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA
Esses fatores demonstram uma associação entre inflamação e DAC. A inflamação presente no
processo aterosclerótico é de tal importância que há detecção sistêmica de marcadores capazes
de prever eventos adversos relacionados à doença. Desse modo, é possível identificar indivíduos
aparentemente saudáveis com risco de IAM e pacientes com IAM prévio e risco de recorrência.
Quadro 3
CLASSIFICAÇÕES DO INFARTO AGUDO
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LEMBRAR
A gravidade do IAM relaciona-se diretamente à extensão da lesão isquêmica
miocárdica. Estima-se que, com o acometimento isquêmico de 8% do VE, haja
diminuição da complacência diastólica e 15% de redução da fração de ejeção do
ventrículo esquerdo (FEVE). Com 25% de redução da FEVE, há evidências clínicas
de insuficiência ventricular esquerda e, com 40%, choque cardiogênico.
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Respostas no final do artigo
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FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
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Resposta no final do artigo
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A) Killip II.
B) Killip III.
C) Killip IV.
D) Killip I.
Respostas no final do artigo
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n EDEMA AGUDO PULMONAR CARDIOGÊNICO
O edema agudo pulmonar cardiogênico (EAPC) caracteriza-se pelo aumento do fluido
extravascular, o que causa redução da complacência pulmonar, aumento da resistência das vias
aéreas, hipoxemia arterial e diminuição da capacidade de difusão. A retenção de dióxido de carbono
(CO2) não associada à história de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um achado comum
em pacientes com EAPC e está relacionada com mau prognóstico.
A patogênese do EAPC é relatada como uma interação crítica entre a depressão progressiva da
função sistólica do VE e o aumento súbito da resistência vascular sistêmica, com consequente
migração de fluidos intravasculares para o interstício pulmonar e para o alvéolo. Esse mecanismo
gera um ciclo vicioso que é intensificado pelo aumento da congestão pulmonar. Sintomas de dispneia
e de congestão são manifestações cardinais frequentemente presentes nesse momento clínico da
insuficiência cardíaca (IC).17
Os diferentes métodos de VNI vêm evoluindo em decorrência de diversos estudos sobre os efeitos
dos modos ventilatórios, tais como a CPAP e a pressão positiva em vias aéreas a dois níveis (bilevel
positive airway pressure – BIPAP). Por fornecer uma pressão constante durante a inspiração e a
expiração, o modo CPAP aumenta a capacidade residual funcional (CRF), distendendo alvéolos
colapsados ou pouco ventilados, diminuindo, assim, o shunt intrapulmonar e, consequentemente,
melhorando a oxigenação.20 O aumento da CRF pode diminuir o trabalho respiratório e melhorar
a complacência pulmonar.21
A VNI ainda intervém na pressão transmural do VE, reduz a pós-carga e melhora o débito cardíaco.22
Por essas alterações hemodinâmicas, a VNI tem sido empregada como tratamento coadjuvante na
terapia de emergência no EAPC.19,21
118
Os efeitos da VNI no EAPC de origem coronariana estão ligados a uma resposta específica
FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
Diversos estudos têm sido realizados sobre a utilização da VNI e seu efeito em pacientes com
EAPC. Park e colaboradores compararam diferentes formas de suporte respiratório não invasivo
(oxigenoterapia, CPAP e BIPAP) no tratamento do EAPC avaliando as respostas obtidas na
gasometria arterial. Nesse estudo, constatou-se maior eficácia do BIPAP no tratamento de EAPC,
pois os resultados demonstraram uma melhor resposta gasométrica e menor incidência de
intubação.23
Mehta e colaboradores descreveram uma alta incidência de IAM nos pacientes com doença
coronariana submetidos ao BIPAP, porém esse resultado não foi confirmado em estudos
subsequentes.25
Um estudo de Winck e colaboradores também avaliou o emprego de CPAP e/ou ventilação não
invasiva com pressão positiva (NIPPV) no tratamento do EAPC e demonstrou resultados satisfatórios
na redução da necessidade de intubação endotraqueal e dos níveis de mortalidade. No entanto,
a VNI foi associada ao aumento do risco para ocorrência de efeitos adversos, tais como o IAM.26
Apesar desse resultado, Mehta e colaboradores27 relataram, em sua revisão sistemática, que alguns
estudos examinaram especificamente as taxas de IAM e não encontraram nenhuma diferença no
risco de infarto ou na alteração do nível de enzimas cardíacas entre a VNI (BIPAP) e o CPAP em
pacientes com EAPC.
Quadro 4
CONTRAINDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA
Trauma de face
Recusa do paciente Deglutição ou tosse ineficaz Pós-operatório de vias aéreas
superiores ou esôfago
Instabilidade hemodinâmica e Distensão abdominal Pós-operatório de cirurgia
necessidade de vasopressor gástrica
Fonte: Schettino e colaboradores (2007).28
Uma sugestão para a abordagem do fisioterapeuta no EAPC, por meio da VNI, pode ser
contemplada no fluxograma da Figura 2.
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Fr > 25 irpm
Esforço ventilatório aumentado
7,25 > pH < 7,35
SaO2 < 90%
Agitação
FiO2 > 30%
Glasgow < 12
Tosse ineficaz
Sim Não Obstrução da via aérea
Vômito
Considerar intubação Contraindicação
Sangramento digestivo alto
para VNI
Instabilidade hemodinãmica
Síndrome coronariana aguda
Arritmias complexas
EAP Trauma de face
Cirurgia de esôfago
CPAP = 10cmH2O Pneumotórax não drenado
Ou
PS/PEEP (Bilevel)
PS (IPAP) = 6-8mL/Kg
PEEP 8cmH2O
Interface nasal / facial
UTI / UCO / UCG / PA
MODOS VENTILATÓRIOS
A VNI, no modo ventilatório com dois níveis de pressão (BIPAP), envolve uma assistência inspiratória
na qual uma pressão maior do que a pressão expiratória é aplicada à via aérea. No modo ventilatório
CPAP, uma pressão maior do que a pressão atmosférica é aplicada durante todo o ciclo ventilatório,
sem aumento de pressão durante a fase inspiratória.
Os ventiladores mecânicos desenhados especificamente para VNI fornecem uma pressão positiva
inspiratória na via aérea (IPAP) e uma pressão expiratória positiva na via aérea (EPAP). Nos
ventiladores utilizados em cuidados intensivos, o valor da pressão positiva inspiratória está acima
do nível da PEEP. Em ambos os modos ventilatórios, dependendo do ventilador, é possível associar
uma pressão de suporte (PSV).28
120
FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
As pressões podem ser aplicadas usando-se uma variedade de aparelhos, incluindo válvulas de
CPAP conectadas a gás comprimido, unidades pequenas portáteis e ventiladores designados para
utilização em UTI. A principal consideração para seleção de um dispositivo apropriado deve incluir
a avaliação de um fluxo adequado de ar proveniente de dispositivos que compensem a perda de
fluxo, pois, dessa forma, a pressão contínua é garantida.29
Devido às críticas em relação ao conforto do paciente e das complicações da terapia com VNI,
outros métodos de assistência ventilatória têm sido propostos. O modo de ventilação assistida
proporcional (PAV) é capaz de responder ao esforço do paciente por meio de um monitoramento
do fluxo inspiratório e do volume, registrado por pneumotacografia. Ao contrário de outros modos
que oferecem um volume ou pressão pré-selecionados, a PAV estabelece a quantidade de suporte
em função do esforço do paciente. Esse método parece proporcionar maior conforto ao paciente
com IC. Todavia, ainda são poucos os estudos sobre a modalidade nesse cenário.30
121
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LEMBRAR
Embora prévias evidências na literatura não tenham focado a ação do mecanismo
da pressão positiva sobre o grau de disfunção coronariana, é possível, na prática,
agir com prudência quanto a esse tipo de paciente e diante de portadores de EAP de
etiologia coronariana. É aconselhável que o fisioterapeuta estabeleça sua conduta
em relação à VNI, levando em consideração os seguintes aspectos:
A presença de ESV durante a VNI nem sempre se dá pela ocorrência de hipóxia. Ela
pode se originar a partir da sobrecarga de pressão no coração esquerdo.
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10. Quais são as contraindicações para a realização de VNI em pacientes com EAPC?
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BIPAP
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FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
n REABILITAÇÃO CARDÍACA
n abrangente;
n iniciado o mais precoce possível;
n contínuo;
n dividido em estágios;
n individualizado, dependendo do estado clínico do paciente;
n aceitável para o paciente.
n avaliação clínica;
n otimização da terapia farmacológica;
n treinamento físico;
n reabilitação psicossocial;
n avaliação e redução dos fatores de risco para doença coronariana por meio de medidas, como
interrupção do tabagismo, controle da pressão arterial, manutenção de nível adequado de
triglicerídeos no sangue, redução do excesso de peso corporal, modificação do estilo de vida e
um programa educacional para o paciente e familiares.
LEMBRAR
Os objetivos de um PRC exigem o envolvimento global de uma equipe multidisciplinar
que inclui não somente fisioterapeuta e médico, mas também psicólogo, assistente
social, equipe de enfermagem e nutricionista.34
PROFISIO SESCAD
n
Embora o PRC tenha sido desenvolvido para pacientes após um evento coronariano agudo, esse
programa também é utilizado após angioplastia e transplante cardíaco, bem como em paciente com
angina estável,35 IC silenciosa e IC estável com moderada a grave disfunção sistólica ventricular
esquerda.35
O PRC deve ser traçado de forma individualizada e baseado na história clínica do paciente,
no prognóstico, na capacidade funcional e nas necessidades específicas, a fim de obter
máxima segurança, eficácia e aderência.
FASES DA RC
Fase IV – um programa de longo prazo, sendo a duração indefinida, muito variável. As atividades
não são necessariamente supervisionadas. Os objetivos principais dessa fase são o aumento
e a manutenção da aptidão física.
Reabilitação Reabilitação
ambulatorial hospitalar
Reabilitação
domiciliar com
monitorização ECG
6-8 semanas
Teste de esforço
máximo
Reabilitação fase 3
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Reabilitação cardíaca – fase I ou hospitalar
A fase I da RC é iniciada imediatamente após uma doença aguda com tratamento conservador ou
invasivo. Os principais objetivos dessa fase incluem:33
Quadro 5
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PARA EVENTO CARDÍACO INDUZIDO PELO EXERCÍCIO
Quadro 6
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS PARA O INÍCIO DO TREINAMENTO FÍSICO
EM PACIENTES APÓS IAM
n Angina instável
n Insuficiência cardíaca descompensada
n PAS > 200mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) > 100mmHg em repouso
n Depressão do segmento ST > 2mm
n Sintomas graves de doença valvar cardíaca
n Arritmia ventricular complexa
n Taquicardia supraventricular paroxística no repouso
n Arritmia complexa induzida pelo exercício
n Bloqueio atrioventricular (BAV) de terceiro grau sem marca-passo definitivo
n Endocardite
n Pericardite
n Infecção sistêmica descontrolada
n Tromboembolismo arterial
n Tromboflebite
n Problemas ortopédicos ou neurológicos graves
n Diabete melito (DM) descompensada
Fonte: Adaptado de Moraes e colaboradores (2005).37
LEMBRAR
A atividade física é um componente crucial da RC, e sua falta é um fator de risco
conhecido para aterosclerose cardíaca e morte, incluindo a morte súbita.38 Inclui
exercícios isotônicos (dinâmicos), isométricos (estáticos), treinamento resistido e
treinamento combinado, o qual agrega todos os anteriores.39
Segundo o Quadro 7, os exercícios físicos podem ser classificados de acordo com diversos
critérios.40
127
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Quadro 7
CLASSIFICAÇÃO DO EXERCÍCIO
Denominação Característica
Pela via metabólica predominante
Anaeróbio alático Grande intensidade e curtíssima duração
Anaeróbio lático Grande intensidade e curta duração
Aeróbico Baixa ou média intensidade e longa duração
Pelo ritmo
Fixo ou constante Sem alternância de ritmo ao longo do tempo
Variável ou intermitente Com alternância de ritmo ao longo do tempo
Pela intensidade relativa*
Baixa ou leve Repouso até 30% do VO2 máximo (VO2máx) (Borg < 10)
Média ou moderada Entre 30% do VO2máx e o limiar anaeróbio** (Borg 10-13)
Alta ou pesada Acima do limiar anaeróbio (Borg > 14)
Pela mecânica muscular
Estático Não ocorre movimento, e o trabalho mecânico é zero
Dinâmico Há movimento e trabalho mecânico positivo ou negativo
*Para exercícios com implementos ou pesos que utilizam grupamentos musculares localizados, a
intensidade relativa pode ser expressa em função da carga máxima possível para realizar uma repetição
(1RM). Por exemplo, intensidade leve (até 30% de 1RM), intensidade média (entre 30 e 60 ou 70% de
1RM). Outra alternativa é empregar as escalas psicofisiológicas de Borg. Para a classificação referida,
considerou-se a versão da escala que varia entre 6 e 20.
**Na impossibilidade da determinação do limiar anaeróbio, arbitra-se que este se situe entre 55 e 70%
do VO2máx.
Fonte: Adaptado de Piotrowicz e Wolszakiewicz (2008). 33
Durante os primeiros dias após o infarto, a RC (fase I) deve ser realizada sob
acompanhamento eletrocardiográfico (ECG), ou seja, a FC e a PA são aferidas antes
do exercício, durante o pico do exercício e após o exercício. A prescrição inclui modo,
intensidade, duração, frequência e taxa de progressão do exercício.42
Quadro 8
CRITÉRIOS PARA INTERRUPÇÃO DO EXERCÍCIO
Intensidade do exercício
Quadro 9
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDÍACA FASE I
Estágio 4 Paciente em pé
Consumo calórico = 3 a Alongamento ativo de MMSS e MMII
4METs Exercícios ativos de MMII (flexão/extensão e abdução/adução)
Deambulação: 50m (25 lentos e 25 rápidos) – ver Figura 7
Ensino da contagem da FC
Continua
129
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Estágio 5 Paciente em pé
Consumo calórico = 3 a Alongamento ativo de MMSS e MMII
4METs Exercícios ativos de MMSS (dissociados)
Exercícios ativos de MMII (flexão/extensão e abdução/adução)
Rotação de tronco e pescoço
Marcação dos passos com elevação de joelhos
Deambulação: 100m (checar pulso inicial e final)
Estágio 6 Paciente em pé
Consumo calórico = 3 a Alongamento ativo de MMSS e MMII
4METs Exercícios ativos de MMSS e MMII (dissociados) associados à
caminhada
Descida lenta de escada e retorno de elevador (um andar)
Deambulação: 165m (medir pulso inicial e final)
Instruções para continuidade dos exercícios em casa
Estágio 7 Continuação do estágio 6
Consumo calórico = 3 a Descida e subida lenta de escada (um andar)
4METs
MET = equivalente metabólico; MMSS = membros superiores; MMII = membros inferiores.
Fonte: Adaptado de Regenga (2000).43
6
7 Exercício mínimo
8
9 Exercício muito leve
10
11 Exercício leve
12
13 Exercício moderado
14
15 Exercício intenso
16
17 Exercício muito intenso
18
19 Exercício máximo
20
A B
A FCT para paciente internado geralmente é determinada por meio do uso de uma
FC fixa de treinamento de baixa intensidade (por exemplo, FCT = 120bpm). Esse
método tem suas limitações, visto que pacientes clínicos normalmente estão em uso
de betabloqueador e podem ser bradicárdicos, com FC de repouso entre 50 e 60bpm.
Consequentemente, o treinamento com FC fixa entre 110-120bpm para pacientes
cirúrgicos provavelmente não fornece um estímulo suficiente de treinamento, enquanto
os pacientes com betabloqueadores teriam que dobrar suas FC para alcançar o nível
predeterminado. Assim, o uso da FC de repouso ortostática somado a 10-20bpm é um
índice predeterminado para intensidade do exercício apropriado para todos os pacientes
nessa fase inicial.34
131
A escala de percepção de intensidade de esforço ou escala de Borg pode ser usada para os
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pacientes durante a RC. Os exercícios devem ser leves, objetivando níveis entre 10 e 12 (leve)
nessa escala, pontuada entre 6 e 20.33
Ao receberem alta da unidade coronariana, os pacientes podem ser encaminhados para a enfermaria
ou para sua residência. Antes da alta hospitalar, devem realizar teste de esforço submáximo ou
sintoma limitante, visto que são mantidos, normalmente, em uso de betabloqueadores e, muitas
vezes, são incapazes de realizar exercício máximo. O objetivo desse teste é avaliar a eficácia do
regime de tratamento medicamentoso e a estratificação de risco para evento subsequente, bem
como determinar a capacidade funcional e auxiliar na elaboração de um programa de exercícios a
ser realizado fora do ambiente hospitalar.33
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Resposta no final do artigo
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15. Que aspectos devem ser avaliados e/ou considerados pelo fisioterapeuta antes de
FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
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16. Entre as alternativas a seguir, qual não é uma contraindicação absoluta para
o início do treinamento físico em pacientes após IAM?
A) Angina instável.
B) BAV de segundo grau.
C) Depressão do segmento ST > 2mm.
D) Pericardite.
Resposta no final do artigo
17. Qual é a abordagem indicada para pacientes que recebem alta da unidade
coronariana?
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n CASO CLÍNICO
Homem de 63 anos procurou o hospital em função da ocorrência de dois episódios de dor
retroesternal opressiva, relacionados a esforço e à emoção, com melhora espontânea.
Foi atendido na emergência do hospital com dispneia e sensação de fadiga.
História patológica pregressa (HPP): DAC, DM, angioplastia realizada há três anos
com implante de dois stents – um em um terço proximal da artéria coronária descendente
anterior (DA), e o outro no um terço proximal da artéria coronária circunflexa (CX). O
paciente vem sendo acompanhado com tratamento clínico conservador. É tabagista,
hipertenso controlado, com índice de massa corporal (IMC) > 30 e LDL = 170.
n ECG, que demonstrou ritmo sinusal, com infradesnível de segmento ST > 2mm (V4/
V5), ondas R amplas (V5/V6), sugerindo isquemia em parede anterior e lateral e
hipertrofia de VE;
133
raio X de tórax, que evidenciou ICT com 0,61;
PROFISIO SESCAD
n
A partir do que foi visto neste artigo e das informações descritas no caso clínico, responda às
questões a seguir.
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19. Neste caso, qual seria a melhor conduta adotada pelo fisioterapeuta, baseada
na fisiopatologia e na etiologia da doença?
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Respostas no final do artigo
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FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
n CONCLUSÃO
Na presença de doença aterosclerótica avançada, a queda da pressão de perfusão distal e a lesão
associada à disfunção do endotélio na região da lesão, levam a um desequilíbrio entre o suprimento
disponível de sangue e O2 e à demanda metabólica miocárdica.
Evidências na literatura apontam que, no EAPC, a VNI com CPAP pode reduzir, de modo eficaz, a
necessidade de intubação, assim como a morbidade e a mortalidade. Porém, o efeito desse método
ainda precisa ser melhor investigado quanto aos seus mecanismos, assim como em relação aos
diversos níveis de pressão e suas respostas.46
A fase 1 da reabilitação cardíaca tem como objetivo manter a capacidade de trabalho, força e
flexibilidade, bem como conter os efeitos adversos do repouso prolongado no leito.36 Essa é
considerada uma forma de tratamento não farmacológico eficaz e segura,e é de extrema importância
o conhecimento das indicações e contraindicações para sua realização, assim como os critérios
para interrompê-la.
Atividade 3
Resposta: O perfil fisiopatológico do paciente coronariopata inclui mecanismos de disfunção mediante
hipocinesia cardíaca por diminuição do fluxo nas artérias coronárias, aumento da demanda simpática
evidenciada pela taquicardia, piora da congestão e, portanto, retenção de líquido evidenciada pelo
edema ou mesmo por estertores pulmonares, além de supradesnível de ST denotando atividade
isquêmica.
Atividade 4
Resposta: As variáveis a serem consideradas pelo fisioterapeuta são FC e FE. A FC varia de forma
diretamente proporcional ao VO2. A FEVE deixa claro se há disfunção ventricular nesse tipo de
paciente. A escala de Killip, a troponina I e o grau da lesão coronariana também são importantes.
Atividade 5
Resposta: O controle neural da resistência vascular possui componentes simpáticos e
parassimpáticos. Em situações normais, a contribuição do sistema parassimpático ocorre com
menor expressão, enquanto o sistema simpático possui uma importância significativa. Os vasos
coronarianos possuem receptores tanto α-adrenérgicos quanto β-adrenérgicos. O estímulo alfa
produz vasoconstrição; o estímulo beta produz vasodilatação.
135
PROFISIO SESCAD
Atividade 7
Resposta: A disfunção endotelial manifesta-se por meio de vasoconstrição inapropriada das artérias
coronárias e perda das propriedades antitrombóticas naturais.
Atividade 8
Resposta: B
Comentário: Rever o Quadro 3 – Classificações do IAM.
Atividade 12
Resposta: O PRC é composto por uma equipe multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, nutricionista,
psicólogo, assistente social e equipe de enfermagem) que, por meio de suas especialidades, promove
um conjunto de atividades que influenciam tanto na causa subjacente quanto na melhora das
condições físicas, mentais e sociais do paciente, de maneira que ele possa, mediante seus próprios
esforços, preservar ou reassumir um papel tão normal quanto possível dentro da comunidade.
Atividade 16
Resposta: B
Comentário: Somente o BAVT ou o BAV de terceiro grau é considerado uma contraindicação absoluta
para o início do treinamento físico após IAM.
Atividade 18
Resposta: O provável diagnóstico deste paciente é de IC descompensada, EAPC com provável
etiologia coronariana ou mesmo cardiopatia isquêmica. Há presença de estertores e sibilos,
acompanhados de B3; FEVE de 32% evidenciando disfunção ventricular, cardiomegalia no exame
de raios X de tórax e confirmação da PCP de 25mmHg.
Atividade 19
Resposta: A conduta mais prudente, neste caso, seria a VNI com modo CPAP. Apesar de alguns
estudos afirmarem que não há contraindicação de BIPAP no EAPC, evidências em estudos com
os dois métodos demonstraram que pacientes com cardiopatia isquêmica correm risco de maiores
complicações desta ordem. Enquanto o estudo de Metha e colaboradores foi interrompido por
eventos isquêmicos, Bellone e colaboradores, ao afastarem metodologicamente os pacientes com
doença isquêmica do próprio estudo, demonstraram que não houve complicações dessa etiologia
do EAPC. Além disso, uma metanálise deixa clara a tendência de maior risco desse tipo de evento
com uso de dois níveis de pressão. A ação da pressão transmural sobre o VE em presença de DAC
pode precipitar possibilidade de isquemia.
Atividade 20
Resposta: O ECG foi necessário para confirmação da atividade elétrica e isquêmica. A medida
do ICT acima de 0,50 evidencia cardiomegalia, demonstrando uma situação de remodelamento
próprio em disfunções do músculo cardíaco. O ECO evidenciou e confirmou áreas de hipocinesia
já constatadas no ECG, além de confirmar a disfunção ventricular pela FEVE < de 50%. Poderiam
ter sido fornecidos detalhes da gasometria arterial, além de enzimas cardíacas, e, principalmente,
a troponina e o peptídeo do tipo B (BNP). A troponina poderia evidenciar e confirmar a atividade
isquêmica importante, já que se tratava de um caso de cardiopatia isquêmica.
Atividade 21
Resposta: As contraindicações, neste caso, são VNI com BIPAP e qualquer conduta que possa
aumentar o VO2 ou mesmo o duplo produto (FC x PAS); portanto, a monitorização dessas duas
variáveis é de grande importância.
136
FISIOTERAPIA NA UNIDADE CORONARIANA
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