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PROFISIO SESCAD
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM
TERAPIA INTENSIVA
FLÁVIO MACIEL DIAS DE ANDRADE
EDUARDO ERIKO TENÓRIO DE FRANÇA
FRANCIMAR FERRARI RAMOS
INDIANARA MARIA ARAÚJO DO NASCIMENTO
SILANO SOUTO MENDES BARROS

n INTRODUÇÃO
Os pacientes críticos apresentam, comumente, alterações funcionais respiratórias e motoras.
Essas alterações podem relacionar-se ao nível de consciência, à força muscular e ao controle
motor, ao desempenho muscular respiratório e à mecânica respiratória.

Alterações do sistema nervoso central (SNC) e periférico, doenças crônico-degenerativas (diabete


melito – DM, hipertensão arterial sistêmica – HAS, etc.), problemas cardiovasculares (insuficiência
coronariana ou cardíaca, etc.), doenças pulmonares (doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC,
pneumonias, asma, síndrome do desconforto respiratório agudo – SDRA, etc.), neoplasias e
procedimentos cirúrgicos de grande porte (toracoabdominais, neurológicos e ortopédicos) são
causas frequentes de internação em unidade de terapia intensiva (UTI).

Os dados fornecidos pelo exame clínico, associados àqueles disponibilizados por monitores
multiparamétricos, ventiladores mecânicos e seus gráficos, além de equipamentos de avaliação
específicos da fisioterapia (ventilômetro, manovacuômetro, peak flow e dinamômetro), permitem o
estabelecimento de diagnósticos clinicofuncionais.

Os diversos componentes do processo de avaliação do paciente crítico serão abordados neste


artigo, enfatizando-se sua importância para uma assistência fisioterapêutica objetiva e eficiente,
guiada por marcadores funcionais e capaz de contribuir para a melhora do prognóstico clínico.

n OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de

n identificar um exame clínico adequado, incluindo anamnese e exame físico;


n indicar um protocolo adequado para a avaliação neurológica do paciente crítico;
n reconhecer as alterações do intercâmbio gasoso e do equilíbrio acidobásico;
n realizar a avaliação cinesiofuncional do sistema respiratório e motor;
n identificar alterações da mecânica respiratória em pacientes mecanicamente ventilados por meio
de cálculos e de visualização gráfica.
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

n ESQUEMA CONCEITUAL
Anamnese

Avaliação do nível de consciência e de


sedação

Avaliação da força muscular

Avaliação do tônus muscular


Avaliação neurofuncional básica
Transtornos do movimento

Avaliação dos reflexos profundos

Avaliação dos sinais vitais

Inspeção estática
Inspeção clínica
Inspeção dinâmica

Palpação torácica

Percussão torácica

Ausculta respiratória

Avaliação não invasiva


Avaliação do equilíbrio acidobásico e das
trocas gasosas
Avaliação invasiva

Manovacuometria

Avaliação cinesiofuncional respiratória Ventilometria

Pico de fluxo expiratório

Complacência e resistência do sistema respiratório

Avaliação da mecânica respiratória Autopressão positiva expiratória final

Monitorização gráfica durante a ventilação mecânica

Caso clínico 1
Casos clínicos
Caso clínico 2

Conclusão
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n ANAMNESE

A anamnese consiste em uma entrevista em que paciente, familiares, responsável ou


profissionais envolvidos na assistência pré-internação em UTI fornecem informações
cruciais para a elaboração de uma hipótese diagnóstica.

Em terapia intensiva, muitas informações que seriam obtidas pela entrevista podem ser coletadas
dos prontuários, ressaltando-se, no momento da admissão hospitalar, a importância de uma boa
anamnese, que deve ser composta por:1

n identificação;
n queixa principal;
n história da doença atual;
n listagem de sinais e sintomas;
n antecedentes pessoais e familiares;
n hábitos de vida;
n aspectos socioeconômicos e culturais.

Durante a identificação do paciente, o fisioterapeuta deve ater-se à obtenção do número de registro,


nome completo, gênero, idade e profissão cujos dados permitirão o acompanhamento do paciente
ao longo de todo o seu período de internação e possibilitarão a associação entre problemas clínicos,
sexo, faixa etária e atividade ocupacional.1

A queixa principal consiste na causa que motivou a internação na UTI, enquanto a história da
doença atual resume a sequência de eventos que culminaram na admissão hospitalar, constituindo
a principal etapa da anamnese.

Na exploração sintomatológica, questiona-se a ocorrência de sintomas gerais, como febre, astenia,


perda de peso, sudorese, cianose, entre outros, e localizados, em particular, aqueles relacionados
aos aparelhos cardiorrespiratório e neuromusculoesquelético.1

Durante a busca dos antecedentes pessoais e familiares de pacientes críticos, atenção


especial deve ser dispensada à identificação de patologias crônico-degenerativas ou
hábitos de vida que se relacionam à piora do prognóstico clínico e ao aumento da
morbidade e mortalidade, tais como DM, HAS, insuficiência coronariana, doenças
pulmonares prévias (asma, DPOC, tuberculose, infecções respiratórias de repetição,
etc.), insuficiência cardíaca (IC), alergias, realização prévia de procedimentos cirúrgicos,
dentre outros.1

Por fim, a observação dos hábitos de vida e dos aspectos socioeconômicos e culturais busca
identificar fatores de risco, como tabagismo, etilismo, estado nutricional (obesidade ou desnutrição),
sedentarismo, além da possível ligação entre a patologia de base, o local de habitação e a atividade
profissional do paciente.1
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

LEMBRAR
Após a coleta dos dados da anamnese, o fisioterapeuta deve buscar principalmente
a interação entre os achados clínicos e as alterações funcionais possivelmente
apresentadas.

1. No momento da admissão hospitalar do paciente, que informações devem ser obtidas


pelo fisioterapeuta na anamnese?

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2. Na avaliação de antecedentes pessoais e familiares, que doenças merecem maior


atenção?

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3. Que aspectos relacionados aos hábitos de vida e às condições socioeconômicas e


culturais devem ser identificados na anamnese?

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n AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA E DE SEDAÇÃO


A consciência é uma função mental básica, e sua avaliação é de importância fundamental
em terapia intensiva. Sua redução sugere a presença de patologias que afetam diretamente
o SNC ou que exercem influência sobre ele. O nível de consciência refere-se à resposta
aos estímulos e à capacidade de despertar.

As principais alterações do nível de consciência incluem:2

n coma – ausência ou redução da capacidade de despertar e responder a estímulos;


n torpor – presença de movimentos voluntários e resposta a comandos verbais;
n confusão – perda da atenção e do diálogo coerente;
n delirium – quadro confusional associado à oscilação entre agitação psicomotora e quietude;
n obnubilação – redução e lentidão na percepção e na compreensão associadas à sonolência e
à desorientação.
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Com a finalidade de avaliar o nível de consciência nos pacientes com traumatismo craniencefálico

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(TCE), em 1974, foi proposta a escala de coma de Glasgow, uma escala numérica cuja pontuação
podia variar entre 3 e 14 pontos. Corrigida posteriormente, adotou a configuração atual, que totaliza
15 pontos, tornando-se a escala de pontuação clínica mais utilizada.2

A escala de coma de Glasgow é composta por avaliação da abertura ocular, resposta verbal
e resposta motora, que podem ocorrer espontaneamente, após estímulos verbais ou dolorosos
(Quadro 1).2

Quadro 1
ESCALA DE COMA DE GLASGOW

Padrões de avaliação Pontuação


Abertura ocular
Espontânea, sem estímulo verbal ou doloroso 4
Ao comando verbal 3
Ao estímulo doloroso 2
Ausente 1
Resposta verbal
Orientado 5
Confuso (não responde às questões elaboradas) 4
Palavras inapropriadas (palavras inteligíveis, que não mantêm diálogo) 3
Sons incompreensíveis (palavras inintelegíveis, gemidos) 2
Ausente 1
Resposta motora
Obedece a comandos 6
Localiza o estímulo doloroso 5
Retira o membro após estímulo doloroso 4
Decorticação (resposta em flexão patológica) (Figura 1A) 3
Descerebração (resposta em extensão patológica) (Figura 1B) 2
Ausente 1
Fonte: Adaptado de Machado (2006). 2
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Figura 1 - A) Padrão de decorticação. B) Padrão de descerebração.


Fonte: Adaptada do site Netter Images.3

As respostas obtidas em cada um dos padrões de avaliação podem ser afetadas por: 4

n redução da capacidade auditiva;


n presença de edema de pálpebras, hematomas e lesões que impossibilitem a abertura ocular;
n utilização de via aérea artificial, presença de lesão medular e efeito de medicamentos que
afetem o SNC.

A escala de coma de Glasgow permite a classificação do comprometimento do nível de consciência


de acordo com a pontuação obtida (Quadro 2), possuindo uma acurácia entre 80 e 90%.4

Quadro 2
CLASSIFICAÇÃO DO COMPROMETIMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA SEGUNDO A
PONTUAÇÃO OBTIDA NA ESCALA DE COMA DE GLASGOW

Pontuação Grau de comprometimento


3 pontos Menor responsividade
4-8 pontos Coma profundo
9-12 pontos Coma moderado
13-15 pontos Coma leve
Fonte: Adaptado de Cruz (2002).4

O paciente internado na UTI está sujeito a alterações psíquicas provocadas


principalmente por ansiedade, longa permanência hospitalar, síndrome do imobilismo e
manipulação indevida, o que acarreta agitação psicomotora e complicações inerentes
ao processo mórbido.

A sedação em pacientes críticos visa a abolir as alterações citadas anteriormente e, especialmente,


naqueles pacientes submetidos à assistência ventilatória mecânica (AVM), e tem como objetivo
erradicar a dor, facilitar a intubação traqueal e otimizar a sincronia paciente-ventilador.5
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Os medicamentos sedativos, analgésicos e anestésicos, na sua maioria, têm índice toxicoterapêutico

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muito estreito e podem contribuir de forma significativa para a morbidade e mortalidade, quando
empregados fora de critérios rígidos.6

Visando a evitar a sedação insuficiente ou excessiva, várias escalas foram desenvolvidas com a
finalidade de avaliar o nível de sedação. A escala de Ramsay é a mais simples e a mais utilizada
(Quadro 3).5

Quadro 3
ESCALA DE RAMSAY

Grau de sedação Descrição


Grau 1 Ansioso, agitado.
Grau 2 Cooperativo, orientado, tranquilo.
Grau 3 Sonolento, atende aos comandos.
Grau 4 Dormindo, responde rapidamente ao estímulo glabelar ou ao estímulo sonoro
vigoroso.
Grau 5 Dormindo, responde lentamente ao estímulo glabelar ou ao estímulo sonoro
vigoroso.
Grau 6 Dormindo, sem resposta.
Fonte: Adaptado de Riker e colaboradores (1999).5

4. Explique por que é considerada fundamental a avaliação do nível de consciência no


paciente em terapia intensiva.

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5. Cite as principais alterações do nível de consciência.

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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

6. A pontuação na escala de coma de Glasgow de um paciente que abre os olhos


aos chamados, pronuncia sons incompreensíveis e movimenta os membros
localizando o estímulo doloroso é

A) 11.
B) 9.
C) 10.
D) 8.
Resposta no final do artigo

7. Que fatores podem interferir na avaliação do nível de consciência?

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8. Qual é a finalidade da sedação em pacientes críticos?

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9. O grau obtido na escala de Ramsay por um paciente que se encontra acordado,


calmo e interagindo com o examinador é

A) 3.
B) 2.
C) 4.
D) 1.

Resposta no final do artigo

n AVALIAÇÃO NEUROFUNCIONAL BÁSICA


AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR
Diversas patologias neurológicas podem ocasionar a admissão de pacientes na UTI, os quais
apresentam, frequentemente, redução da força muscular periférica, incluindo acidente vascular
encefálico (AVE), traumatismo raquimedular (TRM), TCE, tumores cerebrais e doenças
neuromusculares (DNM). Além de estar presente no momento da admissão na UTI, o déficit motor
pode surgir como consequência da permanência na UTI.6
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A força muscular periférica pode ser avaliada utilizando-se a escala proposta pelo Medical Research

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Council (MRC).

LEMBRAR
Antes da sua aplicação, a sedação deve ser suspensa, e o paciente precisa estar
desperto. Por meio dela, gradua-se a força em valores compreendidos entre 0 (paralisia
total) e 5 (força muscular normal) pela realização voluntária de seis movimentos
específicos bilaterais6 (Quadro 4). A pontuação total pode variar entre 0 (tetraparesia
completa) e 60 (força muscular normal).6

Uma pontuação inferior a 48 na escala do MRC em duas avaliações diárias consecutivas


é sugestiva de déficit motor grave.

Quadro 4
AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR PERIFÉRICA PELO ESCORE DO MEDICAL
RESEARCH COUNCIL

Movimentos avaliados
n Abdução do ombro
n Flexão do cotovelo
n Extensão do punho
n Flexão do quadril
n Extensão do joelho
n Dorsiflexão do tornozelo
Grau de força muscular
n 0 = Nenhuma contração visível
n 1 = Contração visível sem movimento do segmento
n 2 = Movimento ativo com eliminação da gravidade
n 3 = Movimento ativo contra a gravidade
n 4 = Movimento ativo contra a gravidade e resistência
n 5 = Força normal
Fonte: Adaptado de De Jonghe e colaboradores (2005).6

Quanto à topografia, o déficit motor pode ser classificado em: 7

n monoparesia (acometimento de apenas um segmento corpóreo);


n hemiparesia (acometimento de um hemicorpo);
n paraparesia (acometimento de membros simétricos);
n quadriparesia (comprometimento dos quatro membros).
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR


O tônus muscular define o estado de tensão permanente do músculo estriado mesmo quando em
repouso, ou seja, trata-se da resistência oferecida ao movimento passivo dos membros. Os distúrbios
do tônus muscular incluem a hipertonia, a hipotonia e a paratonia (Quadro 5).7,8

Quadro 5
DISTÚRBIOS DO TÔNUS MUSCULAR

Hipertonia Aumento da resistência ao movimento passivo das articulações. Divide-se em


espasticidade (origem piramidal) e rigidez (origem extrapiramidal). Outras formas menos
comuns de hipertonia são a rigidez de descerebração e decorticação e as contraturas
antálgicas (rigidez meníngea, rigidez tetânica, etc.).
Hipotonia Diminuição da resistência ao movimento passivo de uma articulação. Tem origem
neuropática, radicular, medular ou muscular, sendo comum nos casos de neuropatia
diabética, tabes dorsalis, secção medular traumática, distrofias musculares, fase aguda
das lesões corticais ou medulares.
Paratonia Deficiência no relaxamento voluntário. Associa-se à disfunção cerebral difusa,
principalmente dos lobos frontais.

LEMBRAR
O tônus muscular pode ser avaliado de várias formas, com base na análise da
resistência ao movimento passivo com realização de movimentos articulares em
diferentes velocidades e angulações, sempre comparando-se com o membro
equivalente contralateral.7,8

TRANSTORNOS DO MOVIMENTO
Os transtornos do movimento são distúrbios que se caracterizam pela quebra da harmonia entre
os múltiplos sistemas cerebrais e musculares responsáveis pela integração do indivíduo com o
seu meio, causados por alterações nos gânglios da base. Podem ser divididos em hipercinesia
e hipocinesia, expressando-se como anomalias do tônus muscular associadas a movimentos
involuntários.7,9

As descrições clássicas dos transtornos do movimento são bastante recentes, incluindo termos,
como mioclonias, coreia, tremores, tiques, distonia e bradicinesia (Quadro 6).7,9
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Quadro 6
TRANSTORNOS DO MOVIMENTO

Mioclonias Contrações involuntárias súbitas e de curta duração que acometem face, tronco e
extremidades, decorrentes de alterações no SNC.
Coreia Movimentos involuntários arrítmicos, assimétricos, bruscos, breves e sem propósito em
repouso ou durante o movimento voluntário.
Tremor Oscilações rítmicas sincrônicas ou alternadas de uma determinada parte do corpo
decorrentes da contração de músculos antagonistas. Divide-se em tremor de repouso,
postural e de ação.
Distonia Contrações musculares tônicas, involuntárias, lentamente sustentadas e simultâneas
de grupos musculares agonistas e antagonistas, forçando certas partes do corpo a
movimentos ou posturas anormais e, muitas vezes, dolorosas.

AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS PROFUNDOS

Os reflexos profundos devem ser avaliados a fim de se verificar a qualidade da condução do


impulso elétrico em direção ao efetor (músculo). Uma das características do reflexo é a resposta
estereotipada (mesma localização e resposta ao estímulo), sendo de fácil aplicabilidade para o
paciente internado na UTI.10

LEMBRAR
A intensidade da resposta na avaliação dos reflexos profundos varia de uma pessoa
para outra, devendo-se levar em conta a simetria.

A classificação do grau de resposta reflexa é exibida na Tabela 1, a seguir.

Tabela 1
CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE RESPOSTA REFLEXA

Grau de resposta Definição


0 Sem resposta
1 Diminuído
2 Normal
3 Aumentado, mas normal
4 Muito aumentado, hiper-reflexia
5 Clônus sustentado
Fonte: Adaptada de Speciali (1996). 10
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Os principais reflexos avaliados na UTI são:10
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

n reflexo bicipital – o examinador percute o seu próprio polegar, posicionado sobre o tendão do
bíceps. O braço avaliado deve estar em posição relaxada e confortável, com o antebraço em
semiflexão (Figura 2A);
n reflexo tricipital – o examinador percute o tendão do tríceps acima do olécrano, com o braço do
paciente em semiflexão (Figura 2B);
n reflexo patelar – o examinador percute o tendão patelar, com o paciente deitado ou sentado
(Figura 3A);
n reflexo aquileu – o examinador realiza a percussão sobre o tendão do tríceps sural, com o
paciente com a perna flexionada, o joelho apoiado e a extremidade livre (Figura 3B).

A B

Figura 2 - A) Forma de avaliação dos reflexos bicipital; B) tricipital.


Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

A B

Figura 3 - A) Forma de avaliação dos reflexos patelar; B) aquileu.


Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
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10. Quanto à avaliação neurofuncional básica, é INCORRETO afirmar que

A) na avaliação da força muscular pelo escore do MRC, uma pontuação superior


a 48 em duas avaliações diárias consecutivas é sugestiva de déficit motor
leve.
B) os transtornos do movimento caracterizam-se pela quebra da harmonia entre
os múltiplos sistemas cerebrais e musculares responsáveis pela integração do
indivíduo com o seu meio, causados por alterações nos gânglios da base.
C) os distúrbios do tônus muscular são a hipertonia, a hipotonia e a paratonia.
D) a avaliação dos reflexos profundos tem o objetivo de verificar a qualidade da
condução do impulso elétrico em direção ao músculo.

11. Paciente que, durante a avaliação da extensão de punho apresenta movimento


ativo com eliminação da gravidade, corresponde, conforme o escore do MRC, ao
grau

A) 1.
B) 2.
C) 3.
D) 4.
Respostas no final do artigo

12. Como é classificado o déficit motor?

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13. Descreva resumidamente a classificação dos transtornos do movimento.

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14. Quais são os principais reflexos profundos avaliados em UTI?

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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

n AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS


Os sinais vitais compreendem:

n temperatura corpórea;
n pulso;
n pressão arterial (PA);
n frequência respiratória (FR).

A presença de monitores multiparamétricos nas UTIs, que fornecem os dados referidos de forma
eletrônica, levou a uma subestimação da importância da avaliação sistemática e manual dos sinais
vitais.

A verificação dos sinais vitais deve ser realizada antes, durante e após a realização dos
procedimentos fisioterapêuticos.1

n INSPEÇÃO CLÍNICA
A inspeção clínica constitui o primeiro elemento do exame físico do tórax. Nesse exame, cada
região deve ser comparada com a região correspondente do hemitórax oposto, procedimento muito
útil para a detecção de pequenos desvios da normalidade.

A inspeção clínica divide-se em:1

n estática – se examinam a forma do tórax e suas anormalidades;


n dinâmica – se observam os movimentos respiratórios, suas características e alterações.

O tórax anterior deve ser examinado preferencialmente com o paciente em decúbito dorsal.
Porém, para a região posterior, quando possível, o paciente deverá estar sentado ou
em posição ortostática. Em pacientes restritos ao leito, com dificuldades de mobilização
espontânea, o exame do tórax posterior deve ser feito em decúbito lateral.1,11

INSPEÇÃO ESTÁTICA
Na inspeção estática, observa-se o tórax avaliando sua configuração e possíveis anormalidades
congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não.1,11,12 Verifica-se a presença
das alterações descritas a seguir.

Alterações tegumentares
As alterações tegumentares incluem presença de cicatrizes, especialmente relacionadas à
toracotomia, drenagem torácica e mastectomia, além da presença de edemas, fístulas torácicas e
alterações na coloração, como hiperemia, palidez ou cianose.1,11,12
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A cianose é um sinal ou sintoma marcado pela coloração azul-arroxeada da pele, dos
leitos ungueais ou das mucosas. Ocorre devido ao aumento da hemoglobina (Hb)
reduzida (desoxi-hemoglobina) no leito capilar (> 5g/dL).1,11,12

De acordo com o mecanismo fisiopatológico, a cianose classifica-se em:

n central – provocada por deficiência na hematose pulmonar (por exemplo: diminuição da pressão
parcial de oxigênio no ar inspirado, doenças pulmonares, doenças cardiovasculares que cursam
com shunt direito-esquerdo e depressão do centro respiratório); é visualizada principalmente na
língua, mucosas orais e pele;1,11,12

n periférica – ocorre pelo aumento da extração de oxigênio nos tecidos periféricos, subdividindo-se
em generalizada ou localizada. A cianose periférica generalizada é observada na hipotensão
grave devido à baixa perfusão. Suas principais causas são a trombose venosa profunda e a IC
direita, pela ocorrência de estase sanguínea, obstrução arterial e exposição à baixa temperatura.
Na cianose periférica, a pele é frequentemente afetada, porém não se observa acometimento
da língua e da mucosa oral.1,11,12

Alterações musculares
Nas alterações musculares, observa-se presença de atrofia musculares, encurtamentos ou
hipertrofia, especialmente da musculatura acessória da respiração. Pacientes acamados, com
DNM ou desnutridos podem apresentar atrofia dos músculos da parede torácica, assim como atrofia
muscular periférica, com consequente redução na capacidade funcional e restrição das atividades
físicas e da vida diária.

Os encurtamentos e/ou hipertrofias musculares estão mais presentes em patologias


que têm como característica a sobrecarga mecânica do sistema respiratório (SR), como
asma ou DPOC.1,11,12

Alterações osteoarticulares
As principais alterações osteoarticulares referem-se aos diâmetros e ao formato da caixa torácica.1,11,12
As anormalidades na forma do tórax são apresentadas na Figura 4.
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Figura 4 - Formas de tórax.


Fonte: Adaptada do site Central do Técnico de Enfermagem.13

Alterações nas extremidades

É importante verificar alterações nas extremidades a fim de observar a presença de baqueteamento


ou hipocratismo digital. Esse sinal é caracterizado pelo aumento (hipertrofia) das falanges distais
dos dedos e das unhas das mãos e está associado a diversas doenças, principalmente cardíacas
e pulmonares (Figura 5).1

Figura 5 - Extremidade normal e baqueteamento digital.


Fonte: Adaptada do site Portal São Francisco.14

Alterações na parede abdominal

Anormalidades abdominais encontradas em quadros de hepatoesplenomegalia, ascite ou distensão


gástrica podem levar à restrição na expansibilidade torácica, com consequente redução dos volumes
e das capacidades pulmonares e aumento do trabalho muscular respiratório.

Dor torácica

A dor torácica pode ter várias origens e características, como as descritas a seguir: 1,11,12
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n cardíaca – quando associada aos processos isquêmicos do miocárdio, possui característica
aguda e localização retroesternal; piora ou surge aos esforços e pode irradiar-se para o membro
superior esquerdo, região cervical e/ou mandíbula;
n pleurítica – é uma dor localizada, tem aspecto de pontada e piora com inspiração profunda
ou tosse;
n vascular – a dor pode ser produzida pela dissecção aórtica severa persistente, irradiada para as
costas, regiões interescapular ou lombar, e pode se confundir com o infarto agudo do miocárdio
(IAM). A dor também pode ser causada por aneurismas de aorta ao se expandir ou pela erosão
dos corpos vertebrais;
n musculoesquelética – geralmente dura menos do que um minuto, mas pode durar dias; é
localizada e pode ser desencadeada por pressão local;
n esofágica – a dor localizada na região epigástrica com sensação de queimação.

15. Que sinais vitais devem ser analisados pelo fisioterapeuta no paciente em terapia
intensiva e com que frequência?

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16. Como deve ser realizada a inspeção clínica do tórax?

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17. Em relação à inspeção clínica, assinale a alternativa INCORRETA.

A) As alterações tegumentares são observadas pela presença de cicatrizes,


edemas, fístulas torácicas e alterações na coloração da pele.
B) A cianose periférica acomete principalmente a língua e a mucosa oral.
C) A inspeção das extremidades é importante para observar a presença de
baqueteamento ou hipocratismo digital.
D) A dor torácica pleurítica é localizada, tem um aspecto de pontada e piora com
a inspiração profunda ou tosse.
Resposta no final do artigo
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

INSPEÇÃO DINÂMICA
Na etapa de inspeção dinâmica do exame físico, avaliam-se o padrão respiratório, a FR, o ritmo
respiratório, a expansibilidade torácica e o esforço muscular respiratório.

Padrão respiratório
Para avaliar o padrão respiratório, observa-se a movimentação do tórax e do abdome com o objetivo
de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos, definindo assim, os seguintes
padrões:1,11,12

n respiração torácica ou costal – em bipedestação ou sedestação, a movimentação ocorre


predominantemente na porção superior da caixa torácica; trata-se do padrão ventilatório
característico das mulheres;
n respiração diafragmática ou abdominal – a movimentação da metade inferior do tórax e do
abdome superior ocorre principalmente no posicionamento em supino; homens e, em especial
crianças, apresentam esse tipo de padrão ventilatório;
n padrão paradoxal – caracteriza-se por retração da parede abdominal e projeção externa do tórax
durante a inspiração (Figura 6); ocorre na presença de fadiga ou paralisia diafragmática. Podem
existir movimentos respiratórios paradoxais entre os dois hemitórax secundários à instabilidade
unilateral da caixa torácica (fraturas múltiplas de arcos costais).

Figura 6 - Descrição do padrão paradoxal.


Fonte: Adaptada do site National Center for Biotechnology Information.15

Esforço respiratório

O aumento do esforço respiratório pode ser caracterizado pela presença dos seguintes sinais
clínicos:1

n contração da musculatura acessória da inspiração, em especial, da musculatura cervical


(esternoclidomastóideo e escalenos);
n contração da musculatura expiratória (abdominais);
31
batimento das asas do nariz (BAN);

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n

n tiragens intercostais – retrações intermitentes da pele que recobre a parede torácica durante a
inspiração, ocorrendo quando os músculos respiratórios se contraem com força suficiente para
causar uma grande redução na pressão intratorácica. Podem ser observadas entre as costelas,
acima das clavículas e imediatamente abaixo da caixa torácica, sendo assim denominadas como
tiragens intercostais supraclaviculares ou subcostais, respectivamente;1,11,12
n dispneia – segundo a American Thoracic Society (ATS), é definida como a sensação subjetiva
de desconforto respiratório. Deriva da interação entre vários fatores (fisiológicos, psicológicos,
ambientais, sociais) e pode produzir respostas fisiológicas e comportamentais secundárias.16

LEMBRAR
Na avaliação da dispneia, devem-se levar em consideração a duração, o modo de
instalação (súbito, progressivo ou crônico), a intensidade (leve, moderada ou grave)
e as condições de aparecimento, melhora e piora (postura, decúbito, repouso e
exercício). A intensidade da dispneia pode ser avaliada por meio de escalas subjetivas,
como a proposta por Borg ou pelo MRC.16

Sinal de Hoover
O sinal de Hoover é observado em pacientes portadores de hiperinsuflação pulmonar grave, cujo
diafragma se mantém retificado e rebaixado. Durante a inspiração, a contração de suas fibras
promove, paradoxalmente, a diminuição do diâmetro laterolateral da região inferior do tórax (retração
torácica – Figura 7).1,12

Figura 7 - Sinal de Hoover.


Fonte: Adaptada do site Escuela de Medicina.17
32
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Frequência respiratória
A FR de um adulto durante o repouso oscila entre 12 e 20 incursões por minuto (ipm), e suas
anormalidades são assim denominadas:1,11,12

n bradipneia (FR ≤ 10ipm), comum em pacientes com TCE e overdose de drogas;


n taquipneia (FR ≥ 20-24ipm), geralmente associada a aumento da impedância resistiva ou elástica,
hipoxemia arterial grave (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial – PaO2 ≤ 50mmHg),
exercício intenso, ansiedade ou dor;
n apneia (parada temporária da respiração ao final da expiração);
n apneuse (parada temporária da respiração ao final da inspiração).

Ritmo respiratório

Os ritmos respiratórios anormais associam-se a alterações da FR, intervalo entre as fases do ciclo
ventilatório e amplitude dos movimentos ventilatórios (Figura 8). São eles:1,12

n respiração de Cheyne-Stokes – caracteriza-se por aumento e diminuição da frequência e


profundidade da respiração, seguidos de períodos de pausas respiratórias. As causas mais
frequentes são a IC, a hipertensão intracraniana, o AVE e o TCE;
n respiração de Biot – apresenta-se com duas fases – a primeira constituída de apneia, e a segunda
composta por movimentos inspiratórios e expiratórios anárquicos quanto ao ritmo e à amplitude.
Quase sempre indica grave comprometimento cerebral;
n respiração de Kussmaul – caracteriza-se por respirações profundas e rápidas, seguidas ou não
de pausas inspiratórias e expiratórias. A acidose metabólica é a sua principal causa;
n respiração suspirosa – apresenta-se como movimentos inspiratórios de amplitude crescente,
seguidos de expiração rápida e breve. Outras vezes, os movimentos respiratórios normais são
interrompidos por “suspiros” isolados ou agrupados. Traduz tensão emocional e ansiedade.

Figura 8 - Ritmos respiratórios patológicos.


Fonte: Adaptada do site Escuela de Medicina.17
33

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Expansibilidade torácica
Normalmente, a expansibilidade torácica é simétrica e equivalente nos dois hemitórax.
Qualquer doença que afete a caixa torácica, sua musculatura, o diafragma, a pleura ou o pulmão
unilateralmente pode ser precocemente percebida pela redução da expansibilidade torácica do
lado comprometido.1,11,12
Por meio da expansibilidade torácica assimétrica, também é possível inferir a possibilidade de
posicionamento inadequado do tubo traqueal. Caso o tubo traqueal esteja muito introduzido,
seletivando o brônquio fonte direito, mais calibroso e verticalizado, a expansibilidade estará diminuída
no hemitórax esquerdo.

As doenças que acometem ambos os pulmões ou a caixa torácica provocam redução bilateral da
expansibilidade, o que é comumente observado nas DNMs, DPOC e patologias restritivas.1,11,12

Tosse e expectoração
A tosse constitui um sintoma de grande variedade de patologias pulmonares e extrapulmonares,
sendo um mecanismo reflexo em resposta a um estímulo químico ou mecânico dos receptores
presentes na mucosa do trato respiratório superior. A tosse reflexa é composta pelas fases de
irritação, inspiração profunda, compressão e expulsão.18

A tosse pode ser classificada quanto ao tempo de ocorrência em aguda (presença do sintoma por
até três semanas), subaguda (persistente por período entre três e oito semanas) e crônica (com
duração superior a oito semanas).

Outras denominações para a tosse incluem:18


n espontânea – não apresenta a fase irritativa;
n assistida ou autoassistida – pacientes com deficiência, principalmente na fase de expulsão,
necessitam de auxílio para acelerar o fluxo aéreo expiratório.
n estimulada – também conhecida como “tic traqueal”, é produzida por uma estimulação mecânica
na fúrcula esternal;
n produtiva – ocorre quando processos infecciosos ou inflamatórios estimulam a produção de
secreção pelas células do SR, que deve ser eliminada a fim de evitar a obstrução da passagem
do fluxo aéreo e aumento do trabalho respiratório;
n seca ou irritativa – de origem alérgica ou inflamatória, é comum nas afecções pleurais;
n eficaz – capaz de mobilizar a secreção de vias aéreas periféricas para regiões mais centrais a
fim de ser expectorada ou deglutida;
n ineficaz – comprometimento de qualquer uma das quatro fases da tosse pode reduzir a eficiência
da remoção da secreção traqueobrônquica.

Quanto à expectoração, devem-se levar em consideração as seguintes informações:18


n quantidade – pode influir na evolução do processo patológico;
n aspecto da secreção – pode ser purulento (comum em infecções bacterianas), mucoide
(característico dos processos inflamatórios e infecções virais), hemático (comum em processos
neoplásicos do SR, pós-trauma torácico, coagulopatias, embolia pulmonar e tuberculose),
espumoso e róseo (indicativo de edema agudo de pulmão);
n viscosidade – pode ser fluida ou espessa;
n odor – as infecções bacterianas comumente apresentam secreção fétida.
34
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

18. Considerando o padrão respiratório, relacione as colunas.

(1) Respiração ( ) A movimentação da metade inferior do tórax e


torácica ou costal do abdome superior ocorre principalmente no
posicionamento em supino.
(2) Respiração ( ) A movimentação ocorre predominantemente na
diafragmática ou porção superior da caixa torácica.
abdominal ( ) Ocorre na presença de fadiga ou paralisia
diafragmática.
(3) Padrão ( ) É o padrão ventilatório característico das
paradoxal mulheres.
( ) É o padrão ventilatório característico de homens
e crianças.
( ) Caracteriza-se por retração da parede
abdominal e projeção externa do tórax durante
a inspiração.

Resposta no final do artigo

19. Que sinais clínicos caracterizam o aumento do esforço respiratório?

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20. Em relação ao ritmo respiratório, assinale a alternativa INCORRETA.

A) A respiração de Biot apresenta-se com duas fases – a primeira constituída


de apneia, e a segunda composta por movimentos inspiratórios e expiratórios
anárquicos quanto ao ritmo e à amplitude.
B) A respiração de Cheyne-Stokes caracteriza-se por aumento e diminuição da
frequência e profundidade da respiração, seguidos de períodos de pausas
respiratórias.
C) A respiração suspirosa demonstra tensão emocional e ansiedade e é
caracterizada por movimentos inspiratórios de amplitude crescente, seguidos
de expiração rápida e breve.
D) A respiração de Kussmaul caracteriza-se por respirações profundas e rápidas,
seguidas ou não de pausas inspiratórias e expiratórias, indicando grave
comprometimento cerebral.
Resposta no final do artigo
35

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21. Quanto à inspeção dinâmica do tórax, analise as afirmativas a seguir.

I. As anormalidades da FR incluem bradipneia, taquipneia, apneia e apneuse.


II. Qualquer doença que afete a caixa torácica, sua musculatura, o diafragma,
a pleura ou o pulmão unilateralmente pode ser precocemente percebida pela
redução da expansibilidade torácica do lado comprometido.
III. A tosse pode ser classificada como crônica quando tiver duração superior a
oito semanas.
IV. A tosse é denominada ineficaz quando é capaz de mobilizar a secreção de
vias aéreas periféricas para regiões mais centrais a fim de ser expectorada
ou deglutida, e eficaz quando o comprometimento de qualquer uma das
quatro fases da tosse pode reduzir a eficiência da remoção da secreção
traqueobrônquica.

Estão corretas as afirmativas

A) I, II e III.
B) II, III e V.
C) I e III.
D) III e IV.
Resposta no final do artigo

22. Quanto à expectoração, que aspectos devem ser considerados na inspeção


clínica?

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..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
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n PALPAÇÃO TORÁCICA
A palpação torácica consiste em utilizar o tato para a percepção das estruturas da caixa torácica,
sejam elas partes moles ou estruturas ósseas, visando a avaliar a presença de anormalidades como
edemas, enfisemas subcutâneos, desvios de traqueia, alterações de sensibilidade, expansibilidade
torácica e temperatura, além da obtenção do frêmito toracovocal.1

LEMBRAR
O crépito é um som ou sensação tátil1 semelhante a um estalido, percebido na
presença do enfisema subcutâneo. Durante a realização de procedimentos
invasivos, tais como entubações orotraqueais, traqueostomias e punções venosas,
pode haver, acidentalmente, o extravasamento de ar para o tecido subcutâneo,
originando o enfisema.1
36
A palpação da fúrcula esternal pode evidenciar os desvios traqueais originados de alguns quadros
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

patológicos, como pneumotórax, derrame pleural e atelectasias. As deformidades torácicas também


se associam aos desvios de traqueia.1

O frêmito toracovocal é composto de sons e vibrações gerados pelas cordas vocais


durante a fala e transmitidos por vias aéreas, pulmões e parede torácica. Torna-se mais
perceptível em condições como condensações, neoplasias e derrame pleural, estando
reduzido na presença de pneumotórax ou hiperinsuflação.1

n PERCUSSÃO TORÁCICA
A percussão torácica produz um som grave (baixa frequência) de baixa intensidade (fraco) e, por
consequência, denominada vibração. A vibração criada pela percussão penetra o pulmão a uma
profundidade de 5 a 7cm abaixo da parede torácica.

Após sucessivas refrações, a intensidade, a velocidade de propagação e o comprimento de onda


do som produzido diminuem bastante, e, por isso, a percussão torácica é um exame pouco utilizado
em condições normais, sendo reservada a pacientes com suspeita de:

n macicez – aumento da densidade pulmonar (por exemplo: condensações, preenchimento


alveolar, derrame pleural, hepatização pulmonar) associado ao aumento da intensidade dos
sons produzidos;1
n timpanismo – diminuição da densidade pulmonar (por exemplo: pneumotórax, enfisema
pulmonar) associada à redução da intensidade dos sons gerados.

Durante a percussão torácica, a mão não dominante do examinador repousa sobre o


tórax do paciente, e o polegar ou o dedo médio da mão dominante percute sobre a base
da falange distal do dedo médio que repousa sobre o tórax. O movimento de báscula da
mão que percute deve ser realizado pelo punho e não pelo cotovelo.1

n AUSCULTA RESPIRATÓRIA
A ausculta é um componente semiológico básico e essencial do exame físico do SR, que
permite a obtenção rápida e pouco dispendiosa de numerosas informações acerca de diferentes
patologias broncopulmonares.

A ausculta deve ser realizada durante todo o ciclo respiratório, descrevendo a presença e
a distribuição normal dos sons da respiração, assim como a presença de anormalidades
na localização desses sons.

A compreensão dos ruídos pulmonares anormais pelos fisioterapeutas que atuam na UTI é de
extrema importância pelo seu íntimo e frequente contato na prática diária. Os sons respiratórios
dividem-se em:

n normais ou fisiológicos – murmúrio (som) vesicular e ruído traqueal;19


n adventícios contínuos – roncos e sibilos;
n adventícios descontínuos – crepitações e atrito pleural.11,19,20
37

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Durante o ortostatismo ou a sedestação, os sons respiratórios são mais audíveis nas bases
pulmonares, onde a pressão pleural é menos negativa, facilitando o estreitamento e o fechamento
das vias aéreas durante a expiração. Com o processo de envelhecimento e com a perda do
recolhimento elástico do parênquima pulmonar, as crepitações tendem a aumentar.21

As crepitações na IC, consideradas grossas, são audíveis nas fases inspiratórias e expiratórias.
Na pneumonia, as crepitações podem variar conforme a fase da doença.21

Embora seja um valioso instrumento de avaliação, o estetoscópio pode funcionar como


um potencial vetor de transmissão de microrganismos e um dos responsáveis pela
contaminação cruzada de outros pacientes auscultados.

Maluf e colaboradores analisaram um total de 300 estetoscópios e verificaram que 87% deles
estavam contaminados e 96% apresentavam-se colonizados por mais de um microrganismo.
Portanto, recomenda-se álcool a 70% para a limpeza do aparelho antes do uso.22

23. Em que consiste a palpação torácica e qual sua finalidade?

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24. Em que casos pode ser indicada a percussão torácica e quais são as recomendações
quanto à técnica de realização desse exame?

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25. Quanto à ausculta respiratória, é INCORRETO afirmar que

A) a ausculta respiratória deve ser realizada durante todo o ciclo respiratório,


verificando a presença e a distribuição normal dos sons da respiração, assim
como a presença de anormalidades na localização desses sons.
B) os sons adventícios contínuos são as crepitações e o atrito pleural, enquanto
os sons descontínuos incluem os roncos e os sibilos.
C) apesar de ser um valioso instrumento de avaliação, o estetoscópio pode
funcionar como um potencial vetor de transmissão de microrganismos e um dos
responsáveis pela contaminação cruzada de outros pacientes auscultados.
D) para a limpeza do estetoscópio antes do uso, recomenda-se álcool a 70%.
Resposta no final do artigo
38
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO E DAS TROCAS


GASOSAS

AVALIAÇÃO NÃO INVASIVA

Dentre as técnicas não invasivas destinadas a monitorizar as trocas gasosas no paciente criticamente
enfermo, destacam-se a oximetria de pulso e a capnografia.23

Oximetria de pulso

A oximetria de pulso é um método não invasivo que se destina à mensuração contínua


da saturação periférica de oxigênio (SpO2).

Diversos fatores podem impedir leituras acuradas na oximetria de pulso, destacando-se:24

n meta-hemoglobinemia;
n carboxi-hemoglobinemia;
n hiperbilirrubinemia;
n luz ambiente excessiva;
n mau posicionamento do sensor;
n redução da perfusão da extremidade (hipotermia, doença obstrutiva arterial e hipotensão);
n presença de certos compostos químicos na circulação (medicamentos vasoconstritores ou
corantes);
n espessura e cor da pele;
n presença de esmalte nas unhas;
n edema.

No mesmo indivíduo, a absorção varia com o pulso, de forma periódica e constante, em função das
modificações do volume de sangue contido na extremidade avaliada (Figura 9).23

Figura 9 - Pletismografia de pulso, amplitude de pulso (a) e absorbância observada durante


a oximetria de pulso.
Fonte: Amaral e colaboradores (1992).23
39

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Em pacientes com oxigenação deficiente, a oximetria de pulso fornece informação imediata sobre
o resultado dos ajustes na fração inspirada de oxigênio (FiO2) e pressão positiva expiratória final
(PEEP), oferece segurança adicional devido à possibilidade de monitorização contínua e reduz a
frequência de coletas de sangue arterial (gasometria arterial) durante o processo de desmame da
ventilação mecânica.24

LEMBRAR
Essas observações fazem com que a oximetria de pulso seja considerada hoje um
recurso indispensável para a segurança e a monitorização respiratória durante a
realização de procedimentos anestésicos e o transporte de pacientes ventilados
mecanicamente ou sob cuidados intensivos.

Capnografia

A capnografia é a representação gráfica da curva da pressão parcial de CO2 na mistura


gasosa expirada em relação ao tempo, permitindo a avaliação da ventilação alveolar
de forma não invasiva. A melhor expressão de uma adequada ventilação alveolar é
aquela em que se observam níveis imperceptíveis de CO2 durante a inspiração e
valores elevados, próximos aos da pressão parcial de dióxido de carbono no sangue
arterial (PaCO2) ao final da expiração.23,25

O uso da capnografia nas UTIs tem sido disseminado, sendo fundamental na condução das
estratégias clínicas direcionadas aos pacientes com hipertensão intracraniana, DPOC, asma
grave ou DNM, além de ser empregada durante a reanimação cardiopulmonar e a intubação
orotraqueal.23,25

O traçado capnográfico e os valores capnométricos são influenciados por parâmetros ventilatórios,


presença excessiva de vapor d’água, acúmulo de secreções traqueobrônquicas e pressão
atmosférica. Esses problemas podem ser atenuados por meio da utilização de filtros, aquecimento
dos sensores ou dos tubos, além do emprego de analisadores compostos por materiais capazes
de absorver água.23,25

Durante a fase inspiratória, em condições habituais, não se detecta nível significativo de CO2 no gás
inspirado. Porém, à medida que se processa a expiração, a pressão parcial desse gás na mistura
exalada aumenta progressivamente.

Essa elevação é gradativa, visto que o início da fase expiratória corresponde ao deslocamento
da massa gasosa que ocupa espaços não sujeitos às trocas gasosas, como traqueia, brônquios
e bronquíolos não respiratórios (“espaço morto” anatômico). Níveis máximos de CO2 são obtidos
ao final da expiração (PETCO2) e correspondem à pressão do gás que compõe a mistura alveolar
(Figura 10).23,25
40
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Figura 10 - Traçado capnográfico normal. ETCO2 = dióxido de carbono ao final da expiração (ET =
“end tidal”). A-B = início da expiração. B-C = platô alveolar. C-D = inspiração. D = platô inspiratório.
Fonte: Amaral e colaboradores (1992).23

A interpretação adequada dos vários padrões de traçado capnográfico permite a identificação de


diversos achados clínicos ou problemas relacionados à AVM, como os descritos a seguir:23,25

n ausência ou redução do CO2 na fase expiratória – diminuição ou interrupção da ventilação


alveolar. Por exemplo: apneia, desconexão do circuito ventilatório, extubação acidental (Figura
11A), vazamento no circuito ventilatório, obstrução progressiva da via aérea (Figura 11B) ou
intubação esofágica (Figura 11C);
n elevações momentâneas da PETCO2 – despinçamento vascular, aumento momentâneo do débito
cardíaco ou da PA, administração de bicarbonato de sódio (Figura 12A), aumento do volume
corrente (VC) exalado, estados hipermetabólicos (hipertermia maligna, sepse, tireotoxicose e
aumento do fluxo sanguíneo pulmonar – Figura 12B);
n redução progressiva da PETCO2 – redução da perfusão pulmonar, hipotermia ou hiperventilação
(Figura 12C);
n presença de CO2 na fase inspiratória – reinalação de CO2 ou defeito da válvula unidirecional
expiratória (Figura 13A);
n horizontalização da porção ascendente (segmento A-B) – presença de obstrução do fluxo aéreo
expiratório (Figura 13B);
n ausência da fase de platô (segmento B-C) – oscilações cardiogênicas, movimentação da caixa
torácica, distúrbios respiratórios (Figura 14A), tempo expiratório curto ou heterogeneidade da
relação ventilação/perfusão (V/Q – Figura 14B);
n inclinação da fase descendente (C-D) – disfunção das válvulas unidirecionais do ventilador
mecânico, obstrução inspiratória ou restrição da expansão pulmonar (Figura 15A);
n movimentos respiratórios irregulares – assincronia paciente-ventilador decorrente de anestesia,
sedação e/ou bloqueio neuromuscular insuficientes, ajuste inadequado do ventilador, etc. (Figura
15B).

Figura 11 - A) Curva capnográfica apresentando redução súbita da pressão parcial de CO2 ao final da expiração
(PETCO2), sugestiva de apneia, desconexão do circuito ventilatório ou extubação acidental. B) Vazamento no circuito
ventilatório ou obstrução progressiva da via aérea. C) Intubação esofágica.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
41

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Figura 12 - A) Curva capnográfica apresentando elevação abrupta e isolada da pressão parcial de CO2 ao final da
expiração (PETCO2), sugestiva de elevação aguda do débito cardíaco. B) Elevação progressiva da PETCO2, observada em
quadros hipermetabólicos ou hipoventilação. C) Redução progressiva da PETCO2, sugestiva de redução progressiva da
perfusão pulmonar, hipotermia ou hiperventilação.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23

Figura 13 - A) Curva capnográfica demonstrando presença de CO2 durante a fase inspiratória devido à falha de válvula
unidirecional ou esgotamento do sistema de absorção. B) Fase expiratória ascendente sem a ocorrência de platô
expiratório devido à obstrução do fluxo aéreo expiratório.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23

Figura 14 - A) Curva capnográfica apresentando artefatos durante a fase inspiratória e ausência de platô expiratório
decorrentes de oscilações cardiogênicas. B) Ausência de platô expiratório que pode ser ocasionada por contaminação da
amostra com gás alveolar, expiração curta ou heterogeneidade da relação ventilação/perfusão.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23

Figura 15 - A) Curva capnográfica apresentando deformidade da porção descendente do capnograma ocasionada por
obstrução inspiratória, restrição à expansão pulmonar ou disfunção da válvula unidirecional do ventilador mecânico. B)
Alterações da fase inspiratória decorrentes de assincronia paciente-ventilador.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
42
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

26. Que fatores podem afetar a acurácia dos valores de SpO2 fornecidos pela
oximetria?

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Resposta no final do artigo

27. Por que a oximetria de pulso é considerada indispensável para a monitorização


respiratória de pacientes em UTI?

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28. A capnografia é importante para o seguimento clínico de quais patologias em


UTI?

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Resposta no final do artigo

29. Cite os achados clínicos ou os problemas relacionados à AVM possíveis de serem


identificados a partir do exame capnográfico.

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43

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AVALIAÇÃO INVASIVA

Gasometria arterial

A gasometria arterial é um exame invasivo que permite analisar os gases sanguíneos


e avaliar o equilíbrio acidobásico e a oxigenação. A interpretação desse exame permite
identificar alterações ventilatórias e de troca gasosa, estabelecer objetivos terapêuticos
e nortear o emprego de modalidades de tratamento.26-28

Na gasometria arterial, é possível avaliar diversos parâmetros, incluindo potencial hidrogeniônico


(pH), PaCO2, PaO2, saturação arterial de oxigênio (SaO2), concentração de íons bicarbonato (HCO3-),
excesso de bases (BE). Alguns equipamentos de gasometria também proporcionam a avaliação de
ânion gap, diversos eletrólitos (sódio, cloro, potássio, cálcio), taxa de Hb, bilirrubina e glicose.26-28

A gasometria arterial permite também o cálculo de diversos índices relacionados à oxigenação,


como:12,26-28

n índice de oxigenação (IO);


n diferença alveoloarterial de oxigênio (Dif A-aO2);
n conteúdo arterial de oxigênio (CaO2);
n oferta de oxigênio aos tecidos (DO2);
n extração tecidual de oxigênio (Dif a-v O2).

Equilíbrio acidobásico
A manutenção do equilíbrio acidobásico é imprescindível para a manutenção da homeostasia, sendo
determinada pelos mecanismos fisiológicos responsáveis pelo estabelecimento de concentrações
de íons hidrogênio (H+) compatíveis com a vida.26-28

Os pulmões e os rins são os principais órgãos relacionados ao equilíbrio acidobásico.


Os pulmões são responsáveis pela dissipação de cerca de 13.000mEq (miliequivalentes)
de ácido carbônico por dia, enquanto os rins adicionam ao plasma cerca de 100mEq
de ácidos fixos (H+) no mesmo período. Diante disso, fica evidente que a existência de
patologias que interfiram na ventilação alveolar ou no metabolismo podem determinar a
ocorrência de desequilíbrio acidobásico.26-28

Os distúrbios acidobásicos podem ser divididos em acidose (pH < 7,35) ou alcalose (pH > 7,45).
Tanto a acidose quanto a alcalose podem originar-se de alterações ventilatórias ou metabólicas,
denominando-se, assim, acidose e alcalose respiratória ou acidose e alcalose metabólica,
respectivamente.26-28

Os valores normais de pH, PaCO2, HCO3-, BE e ânion gap estão expostos no Quadro 7.28
44
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Quadro 7
VALORES NORMAIS DE PH, PACO2, HCO3-, EXCESSO OU BE E ÂNION GAP

Parâmetros Valores normais


pH 7,35 a 7,45
PaCO2 35 a 45mmHg
HCO3 -
22 a 26mEq/L
BE +2 a -2mEq/L
Ânion gap 8 a 12 ± 4mEq/L
Fonte: Adaptadaode Levitzky (2000). 28

Acidose respiratória

A acidose respiratória caracteriza-se pela presença de pH < 7,35 decorrente da elevação dos níveis
plasmáticos de PaCO2 (hipercapnia) sem sinais de compensação renal. Esse distúrbio decorre da
redução da ventilação alveolar ou das desigualdades da relação ventilação/perfusão.26-29

Pacientes ventilados mecanicamente com baixos valores de VC, FR e pressão inspiratória ou


que apresentem auto-PEEP também são candidatos ao desenvolvimento de hipercapnia com
consequente acidose respiratória.26-29

Alcalose respiratória

A alcalose respiratória caracteriza-se pela redução abrupta da PaCO2, acarretando a elevação


do pH.26-29 Em terapia intensiva, pode ser encontrada na vigência de quadros de hiperventilação,
causados por hipertermia, ansiedade extrema, inflamações do SNC, taquipneia neurogênica, embolia
pulmonar, sepse, bacteremia ou quando são empregados elevados valores de FR, VC e pressão
inspiratória durante a ventilação mecânica.26-29

Acidose metabólica

A redução da excreção renal de íons H+, a movimentação de H+ para o meio extracelular e a perda
de íons HCO3- contribuem para a gênese da acidose metabólica.26-29

Em pacientes críticos, as causas mais comuns da acidose metabólica são cetoacidose diabética,
rabdomiólise, insuficiência renal, estados de choque, sepse, intoxicação exógena (metanol, etanol,
cloreto de amônio, etc.) e diarreia.26-29

Alcalose metabólica

A alcalose metabólica origina-se da eliminação excessiva de ácidos e ingestão, infusão ou


reabsorção de bases, caracterizando-se pelo aumento da concentração plasmática de HCO3-.
Na UTI, suas causas principais incluem a drenagem excessiva por meio de sonda nasogástrica,
vômitos, infusão intravenosa excessiva de HCO3- e utilização de diuréticos, mineralocorticoides ou
aldosterona.26-29
45
A Figura 16 apresenta um roteiro prático para interpretação dos distúrbios primários do equilíbrio

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acidobásico.

Figura 16 - Roteiro prático para interpretação dos distúrbios primários do equilíbrio acidobásico.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Distúrbios mistos

Os distúrbios mistos caracterizam-se pela presença concomitante de um distúrbio respiratório e outro


metabólico, como acidose respiratória associada à acidose metabólica (exemplo: DPOC agudizada +
sepse) ou alcalose respiratória associada à alcalose metabólica (exemplo: hiperventilação mecânica
+ utilização de diuréticos). Os distúrbios mistos são também denominados duplos distúrbios.26-28

Mecanismos de compensação

Todo distúrbio primário do equilíbrio acidobásico origina um mecanismo compensatório respiratório


ou renal. Por exemplo, na vigência de uma acidose metabólica (redução do HCO3-), os centros
respiratórios promovem uma hiperventilação, reduzindo o valor de PaCO2 e trazendo o pH para
um valor próximo do normal (limite de compensação).

A compensação completa nunca ocorre, nesses casos, quando verificada a ocorrência de um pH


de 7,4 (normal); mesmo com valores de PaCO2 e HCO3- alterados, tem-se um exemplo de duplo
distúrbio.26

Eis um exemplo prático:

n condição “A” – PaCO2 = 30mmHg; HCO3- = 18mEq/L; pH = 7,4 – duplo distúrbio (acidose
metabólica e alcalose respiratória – distúrbio misto);
n condição “B” – PaCO2 = 33mmHg; HCO3- = 18mEq/L; pH = 7,35 – acidose metabólica
compensada.

O Quadro 8 apresenta as diversas fórmulas para obtenção dos limites de compensação dos
distúrbios acidobásicos.27
46
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Quadro 8
FÓRMULAS PARA OBTENÇÃO DOS LIMITES DE COMPENSAÇÃO
DOS DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS

Distúrbio acidobásico Fórmula de compensação


Acidose metabólica PaCO2 esperada = 1,5 x [HCO3-] + 8 (variação de ± 2)
Alcalose metabólica PaCO2 esperada = 0,7 x [HCO3-] + 20 (variação de ± 5)
Acidose respiratória aguda HCO3- esperado = 24 + (PaCO2 - 40)/10
Acidose respiratória crônica HCO3- esperado = 24 + 4 x (PaCO2 - 40)/10
Alcalose respiratória aguda HCO3- esperado = 24 - 2 x (40 - PaCO2)/3
Alcalose respiratória crônica HCO3- esperado = 24 - 5 x (40 - PaCO2)/10
Fonte: Adaptado de Marini e Wheeler (2005).27

Avaliação da oxigenação

O termo hipóxia é aplicado para denominar a oferta insuficiente de oxigênio aos


tecidos, e pode ser classificada de acordo com o fator desencadeante.12,30

A avaliação rotineira da oxigenação arterial contribui para o estabelecimento de um diagnóstico


clinicofuncional mais completo, permitindo a elaboração de um plano terapêutico objetivo e
eficiente.12,30

No Quadro 9, são apresentadas a classificação, as características e as causas mais comuns da


hipóxia.

Quadro 9
CLASSIFICAÇÃO DA HIPÓXIA

Tipo Características Causas


Hipoxêmica ↓ PaO2 n Doenças pulmonares
n Altas altitudes
Anêmica ↓Hb n Anemia
n Meta-hemoglobinemia
Circulatória ↓ DO2; ↓ DC n Estados de choque
n ICC
n Embolia pulmonar
Não liberação ↑Afinidade da Hb pelo O2 n Hipotermia
n Alcalose
Histotóxica Redução na capacidade de n Intoxicação por cianureto
utilização do O2 pela célula n Lesão mitocondrial

PaO2 = pressão parcial de oxigênio no sangue arterial; CaO2 = conteúdo arterial de oxigênio; Hb = hemoglobina; DO2 =
oferta de oxigênio ao tecido; DC = débito cardíaco; CO = monóxido de carbono; ICC = insuficiência cardíaca congestiva.
Fonte: Adaptado de Emmerich (2001); Marini e Wheeler (2005).12,27
47
O Quadro 10 apresenta as fórmulas e os valores de referência de variáveis e índices relacionados

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à oxigenação.

Quadro 10
FÓRMULAS E VALORES DE REFERÊNCIA DE VARIÁVEIS E ÍNDICES RELACIONADOS
À OXIGENAÇÃO

Variáveis e índices Fórmulas Valores de referência


PAO2 FiO2 x (PB - PH2O) - PaCO2/QR 100mmHg (FiO2 = 0,21)
PaO2 --------------------------------------------------- 80-100mmHg
SaO2 --------------------------------------------------- > 95%
IO PaO2/FiO2 > 300mmHg
Dif A-aO2 PAO2 - PaO2 5-15mmHg
(FiO2 = 0,21)
< 100mmHg
(FiO2 = 1)
PaO2/PAO2 --------------------------------------------------- > 0,75
CaO2 (1,34 x Hb x SaO2) + (0,0031 x PaO2) 16-20mL/dL
Qs/Qt Dif A-aO2 x 0,0031/(Dif A-aO2 x 0,0031 5-15%
+ Dif a-v O)
DO2 CaO2 x DC x 10 900-1.200mL O2/min/m2
VO2 Dif a-vO2x DC x 10 250mL/min
IEO2 Dif a-v O2/CaO2 0,25 (25%)

PAO2 = pressão parcial de oxigênio no gás alveolar; FiO2 = fração inspirada de oxigênio; PB = pressão barométrica; PH2O =
pressão parcial de vapor d’água; PaCO2 = pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial; QR = quociente respiratório;
PaO2 = pressão parcial de oxigênio no sangue arterial; SaO2 = saturação arterial de oxigênio; IO = índice de oxigenação;
Dif A-aO2 = diferença alvéolo-arterial de oxigênio; CaO2 = conteúdo arterial de oxigênio; Hb = hemoglobina; Qs/Qt = shunt
pulmonar; Dif a-v O2 = diferença do conteúdo arteriovenoso de oxigênio; DO2 = oferta de oxigênio aos tecidos; DC = débito
cardíaco; VO2 = consumo tissular de oxigênio; IEO2 = índice de extração de oxigênio.
Fonte: Adaptado de Emmerich (2001).12

30. Quais são as finalidades diagnósticas da gasometria arterial?

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31. Quais são os principais órgãos relacionados ao equilíbrio acidobásico?

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48
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

32. Quanto aos distúrbios acidobásicos, relacione a segunda coluna de acordo


com a primeira.

(1) Acidose respiratória ( ) Redução da excreção renal de íons


H+, movimentação de H+ para o meio
(2) Alcalose respiratória extracelular e perda de íons HCO3-.
( ) Eliminação excessiva de ácidos e
(3) Acidose metabólica ingestão, infusão ou reabsorção de bases,
caracterizando-se pelo aumento da
(4) Alcalose metabólica concentração plasmática de HCO3-.
( ) Redução abrupta da PaCO2, acarretando a
elevação do pH.
( ) Presença de pH < 7,35 decorrente da
elevação dos níveis plasmáticos de PaCO2
(hipercapnia) sem sinais de compensação
renal.

Resposta no final do artigo

33. Como são caracterizados os distúrbios mistos?

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34. Considerando a classificação da hipóxia, a intoxicação por cianureto é causa


comum de

A) hipóxia anêmica.
B) hipóxia circulatória.
C) hipóxia hipoxêmica.
D) hipóxia histotóxica.

35. As causas comuns de hipóxia circulatória são

A) estados de choque e embolia pulmonar.


B) hipotermia e alcalose.
C) anemia e doenças pulmonares.
D) estados de choque e lesão mitocondrial.

Respostas no final do artigo


49

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n AVALIAÇÃO CINESIOFUNCIONAL RESPIRATÓRIA
MANOVACUOMETRIA

LEMBRAR
A manovacuometria consiste na mensuração das pressões respiratórias estáticas
máximas, da pressão inspiratória máxima (PImáx) e da pressão expiratória máxima
(PEmáx), as quais expressam, respectivamente, a força máxima dos músculos
inspiratórios e expiratórios.31,32

Em geral, a manovacuometria é realizada utilizando-se um manômetro aneroide chamado


manovacuômetro, porém já se encontram disponíveis dispositivos digitais compostos de
transdutores eletrônicos, capazes de realizar essas medidas com maior precisão. O sinal proveniente
do transdutor é amplificado e exibido em forma de gráfico pressão-tempo.31,32 Alguns ventiladores
mecânicos dispõem dessa tecnologia, possibilitando a mensuração da PImáx sem a necessidade
da desconexão do paciente.32

As indicações para realização de manovacuometria são:31

n pacientes sob AVM prolongada (> 48 horas);


n antes do desmame da AVM, extubação e decanulação, atuando como índice preditivo
do sucesso;
n durante o desmame difícil da AVM;
n doenças neurodegenerativas;
n patologias pulmonares;
n pré e pós-operatório de cirurgias toracoabdominais.

As contraindicações absolutas para realização de manovacuometria são:31

n IAM ou angina instável recente;


n HAS grave descompensada; aneurisma de aorta;
n pneumotórax não drenado;
n fístulas pleurocutâneas ou broncopleurais;
n hérnias abdominais;
n problemas agudos do ouvido médio;
n glaucoma ou descolamento de retina;
n hidrocefalia, meningocele e processos neurológicos que favoreçam a herniação das
amídalas cerebelares.

As contraindicações relativas para realização de manovacuometria são:31

n pouca colaboração ou paralisia facial em pacientes conscientes e orientados;


n hemorroidas sangrantes;
n história de síncope tussígena.
50
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Técnica de avaliação
Respiração espontânea

As medidas da respiração espontânea só devem ser realizadas nos pacientes alertas e capazes
de cooperar com a realização da manobra.

A PImáx é rotineiramente medida por meio de um esforço inspiratório máximo contra a via aérea
ocluída (manobra de Muller) a partir de uma expiração máxima até o volume residual – VR (PImáx-
VR). Contudo, também pode ser medida a partir do final de uma expiração normal até a capacidade
residual funcional – CRF (PImáx-CRF).31

A PEmáx é geralmente medida por meio de um esforço expiratório máximo contra a via aérea
ocluída (manobra de Valsalva) a partir de uma inspiração máxima até a capacidade pulmonar
total – CPT (PEmáx-CPT). Entretanto, também pode ser medida a partir do final de uma inspiração
normal (PEmáx-CRF).31

O volume pulmonar em que as manobras são realizadas influencia sensivelmente os valores


obtidos. Quando são realizadas a partir de volumes pulmonares extremos (VR e CPT), as pressões
de recolhimento elástico dos pulmões e da caixa torácica podem contribuir para a superestimação
dos valores obtidos em até 30%, principalmente nos músculos respiratórios fracos.

Por outro lado, quando as mensurações da PImáx e PEMáx são realizadas a partir da CRF, os
músculos respiratórios encontram-se com uma menor relação tensão-comprimento, propiciando a
geração de menores valores de pressão.31

O fisioterapeuta deve escolher sempre a mesma técnica (partir sempre do mesmo volume)
para as diversas mensurações da respiração espontânea.

Assistência ventilatória mecânica

Em pacientes intubados ou traqueostomizados, inconscientes e incapazes de cooperar, a PImáx


pode ser realizada a partir da CRF acoplando-se o manovacuômetro diretamente na via aérea
artificial. Porém, a utilização de um sistema de válvulas unidirecionais permite uma aferição mais
acurada e a obtenção de maiores valores, pois a oclusão da válvula unidirecional inspiratória
possibilita a realização da manobra próxima ao VR.33

A oclusão da via aérea por, no mínimo, 40 segundos e o registro do maior valor obtido após
três manobras sucessivas garantem maior acurácia e reprodutibilidade à manovacuometria. A
hiperoxigenação prévia por, pelo menos, 2 minutos é recomendada para evitar possível queda de
SpO2, oferecendo maior segurança para a realização da técnica.

O posicionamento com decúbito elevado a, pelo menos, 60º oferece uma melhor
vantagem mecânica ao diafragma e também contribui para a obtenção de maiores valores
pressóricos. Após a realização das manobras, sugere-se a realização de técnicas de
hiperinsuflação pulmonar para reverter o provável colapso alveolar causado pela redução
de volume pulmonar.30,33,34
51
Os valores esperados para as pressões respiratórias máximas são previstos a partir de cálculos de

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regressão que consideram a variação desses valores de acordo com a idade e o sexo do paciente.35

A função ventilatória e o mecanismo de tosse estarão quase sempre prejudicados quando a PImáx
for maior do que -50cmH2O, enquanto valores maiores do que -25cmH2O são invariavelmente
compatíveis com a necessidade, em algum grau, de suporte ventilatório.31

Reserva muscular

Por meio da manovacuometria, pode-se obter a relação entre a pressão inspiratória gerada durante
uma inspiração normal (PI) e a PImáx (PI/PImáx). Valores superiores a 0,3 representam diminuição
de reserva muscular ventilatória.36

Resistência muscular respiratória (endurance)

A resistência muscular respiratória pode ser avaliada por meio do índice de resistência à fadiga
(IRF). Esse índice fundamenta-se no conceito de que os músculos respiratórios apresentam
diminuição da capacidade de gerar pressão quando submetidos a uma carga fatigante.

Antes da obtenção do IRF, é necessária a utilização de um dispositivo capaz de ofertar uma carga
linear à inspiração (Threshold®) por 2 minutos, ajustado com carga equivalente a 30% da PImáx
do paciente.

O cálculo é realizado pela relação entre a PImáx mensurada imediatamente após a imposição da
carga e a PImáx inicial. Valores inferiores a 0,8 são sugestivos de baixa resistência muscular
ventilatória.37

O avanço tecnológico permite a avaliação da resistência muscular ventilatória pela análise gráfica
do tempo de sustentação do esforço muscular durante a manobra de manovacuometria. O tempo
de sustentação das pressões inspiratória e expiratória é diretamente proporcional à resistência
dos músculos respiratórios.

LEMBRAR
A utilização da técnica de avaliação da resistência muscular ventilatória destina-se
apenas aos pacientes bastante cooperativos.32

36. São indicações de manovacuometria, EXCETO

A) patologias pulmonares.
B) doenças neurodegenerativas.
C) hérnias abdominais.
D) pré e pós-operatório de cirurgias toracoabdominais.
Resposta no final do artigo
52
37. Quais são as contraindicações absolutas e as relativas de manovacuometria?
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

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38. Quais são as técnicas utilizadas para a avaliação da PImáx e da PEmáx?

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39. Estabeleça o protocolo mais adequado para a avaliação da PImáx em pacientes


críticos.

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40. Em relação às técnicas de avaliação respiratória, assinale a alternativa


INCORRETA.

A) No resultado da relação entre a pressão inspiratória gerada durante uma


inspiração normal e a inspiração máxima (PI/PImáx), valores inferiores a 0,3
representam diminuição de resistência muscular ventilatória.
B) Conforme o IRF, os músculos respiratórios apresentam diminuição da
capacidade de gerar pressão quando submetidos a uma carga fatigante.
C) A avaliação da resistência muscular ventilatória pode ser realizada pela análise
gráfica do tempo de sustentação do esforço muscular durante a manobra de
manovacuometria.
D) No resultado da relação entre a PImáx mensurada imediatamente após a
imposição da carga e a PImáx inicial, valores inferiores a 0,8 são sugestivos
de baixa resistência muscular ventilatória.
Respostas no final do artigo

VENTILOMETRIA

O ventilômetro é um equipamento portátil, obrigatório e bastante utilizado pelos fisioterapeutas nas


UTIs para avaliar alguns volumes e algumas capacidades pulmonares.

Os principais parâmetros avaliados à beira do leito com o ventilômetro estão descritos a seguir.
53

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Volume minuto
O volume minuto (VM) está diretamente associado à ventilação alveolar e representa uma boa
indicação da resposta da musculatura à demanda ventilatória. São considerados normais os
valores entre 6 e 8L/min; valores superiores a 10L/min são indicativos de aumento da demanda
ventilatória.

Volume corrente

Na avaliação do VC, valores inferiores a 5mL/Kg estão associados à hipoventilação alveolar e ao


prejuízo nas trocas gasosas.

Índice de respiração rápida e superficial

O índice de respiração rápida e superficial (IRRS) é calculado pela relação FR/VC (medido em
litros) e analisa a amplitude do padrão ventilatório. Elevados valores de IRRS indicam presença de
padrão ventilatório superficial, aumento do trabalho respiratório e provável prejuízo na ventilação
alveolar. Valores maiores do que 105 sugerem uma alta possibilidade de insucesso no desmame
da AVM.36

Capacidade vital

A capacidade vital (CV) é definida como o volume máximo que um indivíduo pode mobilizar,
representando a relação entre a capacidade muscular ventilatória e a impedância total do SR.
Embora só possa ser realizada em pacientes capazes de cooperar, a manobra de CV é, sem dúvida,
o teste mais simples para a avaliação da função pulmonar.37

Apesar da pequena especificidade, a CV é um parâmetro funcional bastante sensível


a qualquer alteração fisiopatológica da mecânica ventilatória, sendo provavelmente o
parâmetro ventilométrico mais utilizado pelo fisioterapeuta para ajudar no diagnóstico
funcional, sugerir o recurso terapêutico mais apropriado e verificar a resposta funcional
à terapia aplicada.

A CV passa a ter maior valor quando os registros são feitos de forma seriada. Valores superiores
a 45mL/Kg são considerados normais, enquanto valores inferiores a 12mL/Kg refletem inabilidade
ventilatória com consequente prejuízo do intercâmbio gasoso e a necessidade de algum tipo de
suporte ventilatório.11

Capacidade inspiratória

A capacidade inspiratória (CI) é um parâmetro reprodutível e particularmente importante para


acompanhar a função pulmonar pós-operatória e a diminuição da hiperinsuflação pulmonar dinâmica
em resposta ao uso de broncodilatadores. Os valores normais situam-se acima de 35mL/Kg.
54
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO


O pico de fluxo expiratório (PFE) representa o máximo volume de ar exalado por unidade de
tempo. Pode ser medido utilizando-se dispositivos portáteis ou por meio dos sensores presentes
em alguns modelos de ventiladores mecânicos.

A redução do PFE pode caracterizar a presença de obstrução de vias aéreas e/ou disfunção
muscular expiratória, sendo bastante útil durante a avaliação de pacientes portadores de patologias
pulmonares obstrutivas (asma, DPOC), pacientes hipersecretivos e portadores de DNM.38

Comumente, o PFE é utilizado como marcador funcional para a avaliação da efetividade das técnicas
fisioterapêuticas destinadas à remoção de secreção, da resposta broncodilatadora, da eficiência
da tosse e como índice preditivo do sucesso na extubação e decanulação.38

Em pacientes críticos, o PFE pode ser avaliado por meio de uma manobra totalmente voluntária (PFE
voluntário) ou técnicas assistidas para aumento do volume inspirado e compressão toracoabdominal
(PFE assistido). A obtenção de valores de PFE voluntário > 60Lpm ou de PFE assistido > 160Lpm
aumenta a probabilidade de sucesso na extubação ou decanulação.38,39

41. Em relação aos principais parâmetros avaliados com o ventilômetro, assinale


a alternativa INCORRETA.

A) A CV é definida como o volume máximo que um indivíduo pode mobilizar,


representando a relação entre a capacidade muscular ventilatória e a
impedância total do SR.
B) O VM está diretamente associado à ventilação alveolar e representa uma boa
indicação da resposta da musculatura à demanda ventilatória.
C) O IRRS analisa a amplitude do padrão ventilatório.
D) O VC é um parâmetro reprodutível e particularmente importante para
acompanhar a função pulmonar pós-operatória e a diminuição da hiperinsuflação
pulmonar dinâmica em resposta ao uso de broncodilatadores.

42. Quanto ao PFE, é INCORRETO afirmar que

A) é utilizado como marcador funcional para a avaliação da efetividade das


técnicas fisioterapêuticas destinadas à remoção de secreção, da resposta
broncodilatadora, da eficiência da tosse e como índice preditivo do sucesso
na extubação e decanulação.
B) em pacientes críticos, pode ser avaliado por meio de uma manobra totalmente
voluntária ou técnicas assistidas para aumento do volume inspirado e
compressão toracoabdominal.
C) sua redução caracteriza ausência de obstrução de vias aéreas e de disfunção
muscular expiratória e não é utilizado para avaliação de patologias pulmonares
obstrutivas.
D) representa o máximo volume de ar exalado por unidade de tempo.
Respostas no final do artigo
55

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n AVALIAÇÃO DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA
COMPLACÊNCIA E RESISTÊNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

A monitorização contínua da mecânica respiratória é fundamental para nortear o


fisioterapeuta quanto à condução da AVM.

A mecânica respiratória pode ser mensurada em:

n condição dinâmica – com a presença de fluxo;


n condição estática – na ausência de fluxo, utilizando-se as técnicas de oclusão.

A atual geração de ventiladores registra a mecânica ventilatória por meio de dados analógicos
(formas de ondas) e digitais (valores numéricos), oferecendo, em tempo real, dados de complacência
e resistência, além da monitorização da pressão, do fluxo e do volume gerados no SR durante a
ventilação.40

A pressão aplicada no interior do SR (Psr) de pacientes sob AVM é o somatório da pressão gerada
pelo ventilador no interior da traqueia (pressão de abertura das vias aéreas – Pao) e da pressão
desenvolvida pelos músculos respiratórios (Pmus).

A relação entre essas pressões, volume de ar disponibilizado (V), fluxo ao longo do trato respiratório
(V• ) e impedância do SR (complacência e resistência do sistema respiratório – Crs/Rrs) pode ser
descrita matematicamente por meio da equação do movimento do SR.40

A fórmula a seguir mostra a equação do movimento dos gases.

Onde:
Prs = pressão do sistema respiratório; Pao = pressão de abertura da via aérea; Pmus = pressão
muscular; V• = fluxo; Rrs = resistência do sistema respiratório; V = volume; Crs = complacência do
sistema respiratório; k = constante.40

A letra “k” é uma constante que representa a pressão positiva alveolar ao final da expiração (PEEP)
quando o “V• ” e o “V” são iguais a zero; é a soma da PEEP-extrínseca e da PEEP-intrínseca (auto-
PEEP), quando essa existir. Apresenta uma aplicação prática importante, pois possibilita a estimativa
das variações de CRF por meio da integral do sinal de fluxo.

O termo “V• x Rrs” corresponde à pressão dissipada por meio das vias aéreas, do tubo endotraqueal,
do circuito do ventilador e da movimentação do tecido pulmonar e da parede torácica, enquanto
o termo “V/Crs” retrata a pressão que deve ser aplicada a fim de vencer as forças elásticas de
oposição à distensão toracopulmonar.40
56
Quando o paciente não exerce nenhum esforço muscular (suporte ventilatório total), o que acontece
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

durante os ciclos controlados, a Pmus é desconsiderada, sendo a pressão necessária para deslocar o
ar e expandir a estrutura toracopulmonar correspondente à pressão gerada pelo ventilador (Pao).

LEMBRAR
A monitorização da mecânica respiratória à beira do leito, em pacientes sob AVM, pode
ser realizada por meio de um conjunto de métodos que têm como objetivo principal
demonstrar as alterações funcionais do SR, de forma a nortear a terapia ventilatória
e prevenir as complicações advindas de sua aplicação.

A monitorização da mecânica respiratória deve ser realizada de forma seriada, em


intervalos de 2 a 6 horas, em todos os pacientes ventilados mecanicamente, levando em
consideração a gravidade da patologia.

Na monitorização da mecânica respiratória, são recomendadas as seguintes mensurações:

n Crs e Rrs;
n auto-PEEP (principalmente nos pacientes obstrutivos);
n monitorização e análise gráfica das curvas de pressão;
n fluxo e volume em função do tempo e das alças (loops) pressão-volume e fluxo-volume.

A avaliação da complacência estática (Cst) e da Rrs deve ser realizada apenas


em pacientes paralisados (sob efeito de medicamentos sedativos, anestésicos ou
bloqueadores neuromusculares) ou com drive (controle) ventilatório suprimido (sob efeito
de hiperventilação prévia). Utilizam-se o modo de ventilação com volume controlado
(VCV), o padrão de fluxo constante e a forma de onda quadrada, realizando-se a técnica
de oclusão ao final da inspiração (pausa inspiratória com ausência de fluxo aéreo).

Atualmente, a maioria dos ventiladores mecânicos pode prover rápida oclusão da via aérea por
meio do ajuste da pausa inspiratória. Durante a pausa, ocorre a queda rápida do fluxo a zero,
e o volume é rapidamente aprisionado dentro do pulmão, permitindo a mensuração da pressão
estática das vias aéreas (pressão de platô – Pplatô).

Para a mensuração adequada da mecânica ventilatória estática do SR, recomenda-se,


portanto, modo VCV, VC = 5-8mL/Kg (peso predito), onda de fluxo quadrada com pico
de fluxo (PF) = 60Lpm (1L/s) ou 30Lpm para pulmões com grande impedância; pausa
inspiratória = 3-5 segundos e controle ventilatório do paciente inibido previamente.

Os parâmetros ventilatórios devem ser mantidos nos diferentes momentos de avaliação a fim


de garantir a reprodutibilidade das aferições, permitindo uma análise comparativa dos dados
registrados.

A curva de pressão de vias aéreas em condição estática é caracterizada por um pico de pressão
ao final da inspiração (Ppico), seguido de uma queda rápida após a oclusão e posterior queda lenta
até alcançar a Pplatô (P2) (Figura 17).40
57

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Figura 17 - Comportamento das curvas de fluxo, volume e pressão em função do tempo durante
a avaliação da mecânica do SR. Pmax = pressão de pico (pressão de vias aéreas); P1 = ponto
de inflexão (transição entre a queda rápida e lenta da pressão após a oclusão) e P2 = pressão
de platô alveolar (Pplatô) após a queda lenta da pressão de vias aéreas ao final da oclusão; Vt =
volume corrente; Cqst = complacência quase estática; Ceff = complacência efetiva.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40

A Pplatô (P2) representa a pressão estática do SR, uma vez que, na ausência de fluxo, equaliza-se
com a pressão alveolar (Palv), que reflete a pressão de retração elástica de todo o SR.

A queda da Ppico para P1 representa a pressão requerida para mover o fluxo inspiratório ao longo
das vias aéreas sem a interferência alveolar; portanto, é a pressão dissipada pela interação entre
a resistência e o fluxo aéreo (fluxo dependente).40

A queda lenta observada entre P1 e Pplatô após a oclusão de vias aéreas dependerá das
propriedades viscoelásticas do SR e da redistribuição gradual do ar entre os espaços aéreos
(efeito pendelluft).

Durante o período de oclusão, ocorre uma reorganização da dinâmica elástica do volume pulmonar
inspirado, permitindo que as diferentes pressões aplicadas em alvéolos com diferentes constantes
de tempo (CT) se equalizem.40

Esse fenômeno irá depender do grau de heterogeneidade pulmonar. Assim, as regiões pulmonares
que têm baixa CT, onde a Palv eleva-se rapidamente, serão esvaziadas em regiões pulmonares
que possuem alta CT, onde a pressão eleva-se mais lentamente em virtude da alta resistência e
da alta complacência. A CT é calculada da seguinte forma:

Áreas de CT baixa apresentam baixa Cst e baixa Rrs (exemplo: SDRA), e áreas de CT alta
apresentam alta Cst e alta Rrs (exemplo: DPOC).
58
Os conceitos revisados anteriormente são indispensáveis para o entendimento da diferença entre
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

a avaliação das complacências efetiva (Ceff), dinâmica (Cdyn) e estática (Cst) do SR.

A complacência é uma variável física definida como a relação entre a variação de volume (∆V)
e a variação de pressão (∆P). Quando se fala de Cst, considera-se a ∆V em relação à diferença
entre a pressão de platô menos a pressão ao final da expiração (Pplatô - PEEP), representando
apenas as propriedades elásticas dos pulmões e da caixa torácica.

Já a Ceff representa a ∆V em relação à diferença entre a pressão de pico menos a pressão ao final
da expiração (Ppico - PEEP), que está associada à impedância total do SR, incluindo a impedância
viscoelástica, a elástica e a resistiva (Figura 18).40

Figura 18 - Fórmulas para cálculo das complacências do SR e as propriedades mecânicas que interferem em seu
resultado. Ceff = complacência efetiva; VC = volume corrente; Pmax = pressão de pico (Ppico); PEEPt = pressão
positiva total ao final da expiração; Cdyn = complacência dinâmica; P1 = queda rápida da Ppico após a oclusão; Cst =
complacência estática; P2= pressão de platô alveolar (Pplatô).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores

LEMBRAR
O tempo de oclusão ou pausa inspiratória é determinante para a acurácia da avaliação
da Cst, pois, quando a pausa inspiratória é inferior a 2 segundos, a Pplatô pode não
refletir a Palv. Nesse caso, a mensuração deve ser denominada complacência quase
estática (Cqst).40

A mesma técnica de oclusão pós-inspiratória permite o cálculo da resistência total do SR (Rtot),


que pode ser decomposta em resistência homogênea ou ôhmica, a qual reflete a resistência de vias
aéreas (Raw) e a resistência não homogênea ou viscosa tecidual (Rti), inerente à dissipação de energia
decorrente da movimentação dos tecidos que compõem o pulmão e a parede torácica (Figura 19).40

Figura 19 - Fórmulas para cálculo das resistências e o que representam.


Rtot = resistência total do sistema respiratório (SR); Pmax = pressão de pico; P2= pressão de platô alveolar (Pplatô); V• =
fluxo; Raw = resistência de vias aéreas; P1 = ponto de inflexão (transição entre queda rápida e lenta).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
59

PROFISIO SESCAD
Os valores normais de Rtot situam-se entre 5 e 10cmH2O/L/s, considerando-se o = 1L/s (60Lpm).
A Raw, principalmente em pacientes sob AVM, representa 80% da Rtot, enquanto a Rti representa
cerca de 20%.

AUTOPRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA FINAL

É importante observar que, para realizar o cálculo das complacências do SR, deve-se
considerar o valor da PEEP e a eventual auto-PEEP. No final de uma expiração normal,
em pulmões sadios, a Palv deve ser igual à pressão atmosférica ou à PEEP, quando
presente.

A limitação do fluxo aéreo expiratório ou um inadequado padrão respiratório (alto VC e/ou alta FR
com tempo expiratório curto) são fatores determinantes para o aprisionamento aéreo com geração
de auto-PEEP.41

A auto-PEEP pode ser detectada dinamicamente pela análise da curva fluxo-tempo, observando-se
um fluxo maior do que zero ao final da expiração, e mensurada estaticamente por meio da manobra
de oclusão no final da expiração.

Na presença de auto-PEEP, observa-se um valor de Pao maior do que o valor de PEEP ajustada
no ventilador após oclusão expiratória (Figura 20).41

Figura 20 - Curvas de fluxo e pressão traqueal em função do tempo, em que são demonstradas
a auto-PEEP dinâmica (4cmH2O) no início da inspiração e a auto-PEEP estática (8cmH2O) após
prolongada pausa expiratória.
Fonte: Adaptada de Blanch e colaboradores (2005).41

Como demonstrado na Figura 20, a auto-PEEP dinâmica (4cmH2O) subestima o valor real da
auto-PEEP (8cmH2O) calculada de forma estática. Isso ocorre porque, durante a mensuração da
auto-PEEP dinâmica, o fluxo inspiratório é liberado quando a Pao em regiões pulmonares com
baixa CT é maior do que a Palv ao final da expiração. Entretanto, com a mensuração de forma
estática, a auto-PEEP corresponde ao resultado do valor de Pao de todas as regiões pulmonares
(Figura 21).41
60
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Figura 21 - Conceitos fisiológicos para auto-PEEP dinâmica e estática, baseados nas diferentes
CT. R = resistência; C = complacência.
Fonte: Adaptada de Blanch e colaboradores (2005).41

43. Quanto à monitorização da mecânica respiratória, é INCORRETO afirmar


que

A) tem por objetivo demonstrar as alterações funcionais do SR a fim de nortear a


terapia ventilatória e prevenir complicações.
B) pode ser mensurada em condição dinâmica ou estática.
C) deve ser realizada em intervalos de 24 horas em todos os pacientes ventilados
mecanicamente.
D) Crs e Rrs, auto-PEEP e monitorização gráfica são mensurações
recomendadas.

44. Em relação à avaliação da Cst e da Rrs, é INCORRETO afirmar que

A) são utilizados padrão de fluxo constante e forma de onda quadrada.


B) utiliza-se modo de VCV.
C) é realizada apenas em pacientes paralisados ou com controle ventilatório
suprimido.
D) é realizada pausa inspiratória com presença de fluxo aéreo.
Respostas no final do artigo

45. Qual é a recomendação para a mensuração adequada da mecânica ventilatória


estática?

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..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
61

PROFISIO SESCAD
46. Um paciente ventilado mecanicamente no modo VCV A/C, com VC de 600mL, fluxo
inspiratório de 42Lpm e PEEP de 8cmH2O, apresentou Ppico de 37cmH2O e Pplatô
de 20cmH2O após aplicação de uma pausa inspiratória de 2 segundos. Assinale V
(verdadeiro) e F (falso) e marque a alternativa que equivale à sequência correta.

( ) A Cst encontra-se no seu mínimo valor aceitável.


( ) A Rrs encontra-se elevada, sugerindo a presença de broncoespasmo ou
hipersecretividade.
( ) A pressão resistiva é de 29cmH2O, e a pressão elástica é de 12cmH20.
( ) A Rrs é de aproximadamente 24,28cmH2O/L/s.

A) V; V; F; F.
B) F; F; V; F.
C) F; F; F; V.
D) V; V; F; V.
Resposta no final do artigo

MONITORIZAÇÃO GRÁFICA DURANTE A VENTILAÇÃO MECÂNICA


Os gráficos ventilatórios fornecem, em tempo real, o comportamento da interação paciente-ventilador
e da impedância do SR, permitindo ao fisioterapeuta a avaliação e o reconhecimento das alterações
funcionais pulmonares em pacientes submetidos aos diversos modos de ventilação (espontâneos
ou assistido-controlados).40-42

As curvas pressão-tempo (P x T), fluxo-tempo ( x T) e volume-tempo (V x T), bem como as


alças P-V e -V, podem ser avaliadas precisamente na maioria dos ventiladores modernos. A
monitorização gráfica da ventilação mecânica é bastante utilizada na prática clínica com diversos
objetivos (Quadro 9).

Quadro 9
OBJETIVOS DA MONITORIZAÇÃO GRÁFICA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

n Identificar o modo ventilatório


n Identificar processos fisiopatológicos e alterações funcionais
n Otimizar os ajustes do ventilador
n Nortear a conduta fisioterapêutica
n Determinar a eficiência da ventilação
n Detectar efeitos adversos da ventilação mecânica
n Minimizar riscos e complicações induzidas pela ventilação mecânica
Fonte: Adaptado de Nahum (1995).42

A mecânica ventilatória pode ser avaliada de forma dinâmica, ou seja, sem a interrupção do fluxo e
durante a utilização de qualquer modo ventilatório. Os valores de R, C, e PEEPt podem ser obtidos
com a análise de regressão linear múltipla ou pelo método de mínimos quadrados.42
62
Como computadores bastante avançados, os ventiladores modernos podem digitalizar com alta
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

velocidade (100Hz) as mudanças ao longo do ciclo ventilatório da Pao, V e , apresentando a


capacidade de calcular a C e a R com a aplicação da equação de movimento do SR.42

A análise dinâmica da curva x T permite identificar o aumento da impedância respiratória resistiva


e viscoelástica, assim como a presença de auto-PEEP.41

Na Figura 22, verifica-se o comportamento das curvas durante a utilização do modo de ventilação
com pressão controlada (PCV), com mesmo ajuste de tempo inspiratório (Tins) e ∆P, em três
cenários funcionais do SR:

n impedância normal (22A);


n aumento da impedância viscoelástica com CT reduzida (22B);
n aumento da impedância resistiva (22C).

A Figura 22B apresenta fluxo inspiratório curto e expiratório espiculado com uma pausa ao final
da inspiração, refletindo a diminuição da Crs e da Rrs. Já a Figura 22C mostra a diminuição do
PF inspiratório e expiratório com achatamento tanto na inspiração quanto na expiração, além de
auto-PEEP dinâmica, sugerindo o aumento da resistência ao fluxo aéreo expiratório.

Figura 22 - Comportamento da curvas fluxo-tempo (V x T) no modo de PCV em três cenários funcionais respiratórios
distintos: A) impedância normal; B) restrição pulmonar; C) obstrução pulmonar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Os loops P x V e x V oferecem, respectivamente, informações sobre a Crs e a Rrs. A alça P


x V é utilizada para detectar hiperdistensão em pacientes ventilados com fluxo constante (modo
VCV), uma vez que, nesse modo de ventilação, o volume é uma variável independente, enquanto
a pressão dependerá do volume e do fluxo ofertados e da impedância do SR.

Em uma condição isovolumétrica, a diminuição da complacência promove um aumento da


pressão gerada no SR após o primeiro ponto de inflexão, com deslocamento dessa curva para a
direita (Figura 23A).
63
Enquanto isso, em uma situação de hiperdistensão pulmonar (exemplo: utilização de elevados

PROFISIO SESCAD
valores de VC), observa-se o aumento da Pao após o segundo ponto de inflexão (Figura 23B). O
oferecimento de volume após esse ponto deve ser considerado mecanicamente impróprio, pois
desrespeita o limite elástico das unidades alveolares. Esse achado gráfico é popularmente chamado
de “bico de passarinho”.40

Figura 23 - Curvas pressão-volume (P x V) durante a utilização do modo VCV. A) Queda progressiva da complacência
com deslocamento da curva para a direita e aumento da pressão após o primeiro ponto de inflexão. B) Hiperdistensão
após utilização de VC > 800mL com aumento expressivo da pressão após o segundo ponto de inflexão e pequeno
deslocamento de volume após esse ponto (sinal de “bico de passarinho”).
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40

Durante a utilização do modo PCV, a alça P x V oferece informações sobre alterações da Crs e
da Rrs. Para um mesmo valor de pressão inspiratória e sem modificação do trabalho muscular
respiratório, a diminuição do VC pode demonstrar e diferenciar, em tempo real, quando ocorre
redução da Crs (Figura 24A) ou aumento da Raw (Figura 24B).40

Figura 24 - Curvas pressão-volume (P x V) durante a utilização do modo de PCV. Para um mesmo valor de pressão
observa-se: A) diminuição do VC por diminuição da complacência, evidenciando-se o deslocamento da alça para a
direita; B) diminuição do VC por aumento da Rrs, verificando-se a lentificação do esvaziamento pulmonar.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
64
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
As alças x V são particularmente importantes para avaliar a resposta da administração de
broncodilatadores durante a utilização do modo VCV (Figura 25).41,43 São também utilizadas para
identificar vazamentos imperceptíveis durante a monitorização dinâmica das curvas P x T e V x T
(Figura 26).40

Figura 25 - Comportamento da alça fluxo-volume antes e após a administração de


broncodilatador. Observa-se a resposta à terapêutica por meio do aumento do pico de
fluxo aéreo expiratório e a redução da concavidade da curva na fase expiratória.
Fonte: Adaptada de Blanch e colaboradores (2005).41

Figura 26 - Vazamento evidenciado pelo não fechamento da alça fluxo-volume e o não retorno à linha de base (zero) na
curva volume-tempo.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
65

PROFISIO SESCAD
As alças x V funcionam como um marcador sensível para a indicação da necessidade de aspiração
traqueal por meio da presença do padrão denteado (Figura 27), revelando a existência de secreções
nas vias aéreas proximais.44,45 Esse mesmo tipo de padrão também pode ser visualizado na curva
x T, sendo denominado “dente de serra” (“sawtooth”) (Figura 28).

Quando os loops são utilizados para monitorar a função pulmonar, é recomendada a


utilização do instrumento de congelamento (freeze) da curva basal para possibilitar
a comparação com a mensuração realizada após a intervenção fisioterapêutica e a
verificação da resposta funcional.

Figura 27 - Padrão denteado nas alças inspiratória e expiratória denotando a


presença de secreção em vias aéreas proximais e a necessidade da aspiração da
vias aéreas. VR = volume residual; CPT = capacidade pulmonar total; Vexp = fluxo
expiratório; Vins = fluxo inspiratório.
Fonte: Adaptada de Guglielminotti e colaboradores (2000).44

Figura 28 - Padrão denteado na curva fluxo-tempo no sinal de fluxo expiratório


(padrão “sawtooth”), sugerindo a necessidade de aspiração traqueal.
Fonte: Adaptada de Branson (2007).45
66
47. Quais são os objetivos da monitorização gráfica na ventilação mecânica?
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................

48. Descreva, no quadro a seguir, as informações que podem ser obtidas a partir da
análise das curvas de monitorização gráfica.

Curva pressão-tempo (P X T)

Curva fluxo-tempo ( X T)

Curva volume-tempo (V X T)

Alças P-V e V-

n CASOS CLÍNICOS
CASO CLÍNICO 1
Um paciente de 25 anos, do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, com
TCE, é admitido na emergência de um hospital geral apresentando abertura ocular aos
estímulos dolorosos, retirada do membro à dor, mas sem interagir com o examinador.
Cerca de 12 horas depois, é admitido na UTI, após a drenagem de um hematoma subdural
em região frontoparietal esquerda, sob AVM, em uso de sedação, abrindo os olhos após
estímulo doloroso. Seis horas após a admissão na UTI, ainda sem estabilidade clínica
para a evolução do desmame da AVM, apresenta-se agitado, sendo necessário o aumento
da sedação. Alguns minutos após, encontra-se calmo e bem adaptado ao ventilador
mecânico, abrindo os olhos ao estímulo sonoro vigoroso.
67
A partir do que foi visto neste artigo e das informações descritas no caso clínico 1, responda às

PROFISIO SESCAD
questões a seguir.

49. Qual é a pontuação obtida por este paciente na escala de coma de Glasgow
no momento da admissão hospitalar?

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50. Qual é a classificação do coma deste paciente no momento da admissão


hospitalar?

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51. Qual foi a pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay no momento
da admissão na UTI?

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52. Qual foi a pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay seis horas
após a admissão na UTI?

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Respostas no final do artigo

CASO CLÍNICO 2

Um paciente ventilado mecanicamente no modo VCV A/C, com VC de 600mL, de


42Lpm e PEEP de 8cmH2O apresentou Ppico de 37cmH2O, Pplatô de 20cmH2O e auto-
PEEP de 2cmH2O após aplicação de uma pausa inspiratória de 3 segundos e de uma
pausa expiratória.

A partir das informações descritas no caso clínico 2, responda à questão a seguir.


68
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

53. Calcule a Cst e a Rtot deste paciente.

................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

n CONCLUSÃO
Os pacientes criticamente enfermos podem apresentar várias alterações clinicofuncionais nos
diversos sistemas orgânicos. Alterações no nível de consciência, na função motora, nos sinais
vitais, no exame clínico do SR, na troca gasosa, no equilíbrio acidobásico, na função pulmonar
e na mecânica respiratória podem contribuir para o aumento do tempo de internação na UTI, a
permanência hospitalar e a mortalidade. A utilização adequada dos diversos elementos que compõem
a avaliação é fundamental para o estabelecimento de adequados protocolos fisioterapêuticos.

n RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 6
Resposta: C
Comentário: De acordo com a escala de coma de Glasgow, este paciente apresenta a seguinte
pontuação: abertura ocular (3) + resposta verbal (2) + resposta motora (5) = 10.

Atividade 9
Resposta: B
Comentário: De acordo com a escala de Ramsay, este paciente cooperativo, orientado e tranquilo
encontra-se no grau 2.

Atividade 10
Resposta: A

Atividade 11
Resposta: B

Atividade 17
Resposta: B

Atividade 18
Resposta: 2; 1; 3; 1; 2; 3

Atividade 20
Resposta: D
69

PROFISIO SESCAD
Atividade 21
Resposta: A

Atividade 25
Resposta: B

Atividade 26
Resposta: Os fatores que podem afetar a acurácia dos valores de SpO2 fornecidos pela oximetria são
alterações na estrutura da Hb, hiperbilirrubinemia, luz ambiente excessiva, mau posicionamento do
sensor, hipotermia, doença obstrutiva arterial, hipotensão, uso de medicamentos vasoconstrictores
ou corantes, espessura e cor da pele, presença de esmalte e edema.

Atividade 28
Resposta: A capnografia é importante para o seguimento clínico, em UTI, DPOC, DNM, asma e
hipertensão intracraniana.

Atividade 32
Resposta: 3; 4; 2; 1

Atividade 34
Resposta: D

Atividade 35
Resposta: A

Atividade 36
Resposta: C

Atividade 39
Resposta: Em pacientes críticos, o protocolo mais adequado para a avaliação da PImáx inclui
posicionamento com cabeceira elevada a 60º, hiperoxigenação prévia por 2 minutos, utilização de
válvulas unidirecionais e tempo médio de 40 segundos. Deve-se, ainda, realizar três manobras com
intervalo para repouso muscular (cerca de 2 minutos) e considerar o maior valor.

Atividade 40
Resposta: A
Comentário: Na relação entre a pressão inspiratória gerada durante uma PI e a PImáx, valores
superiores a 0,3 representam diminuição de reserva muscular ventilatória.

Atividade 41
Resposta: D

Atividade 42
Resposta: C
Comentário: A redução do PFE pode caracterizar a presença de obstrução de vias aéreas e/ou
disfunção muscular expiratória, sendo bastante útil durante a avaliação de pacientes portadores
de patologias pulmonares obstrutivas (asma, DPOC), pacientes hipersecretivos e portadores de
DNM.
70
Atividade 43
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA

Resposta: C

Atividade 44
Resposta: D

Atividade 46
Resposta: D
Comentário: A pressão resistiva é a diferença entre a Ppico e a Pplatô; portanto, 17cmH2O/L/s.

Atividade 49
Resposta: De acordo com a escala de coma de Glasgow, este paciente apresenta abertura ocular
(2) + resposta verbal (1) + resposta motora (4) = 7.

Atividade 50
Resposta: O coma apresentado pelo paciente no momento da admissão hospitalar é profundo ou
grave.

Atividade 51
Resposta: A pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay no momento da admissão na
UTI equivale ao grau 5.

Atividade 52
Resposta: A pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay seis horas após a admissão na
UTI equivale ao grau 1.

Atividade 53
Resposta: Cst = VC/(Pplatô - PEEPt); Cst = 600/10; Cst = 60mL/cmH2O (PEEPt = PEEP + auto-
PEEP);
Rtot = (Ppico - Pplatô)/ ; Rtot = 17/0,7; Rtot = 24,2cmH2O/L/s (o fluxo deve ser sempre utilizado
em L/s).

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