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PROFISIO SESCAD
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM
TERAPIA INTENSIVA
FLÁVIO MACIEL DIAS DE ANDRADE
EDUARDO ERIKO TENÓRIO DE FRANÇA
FRANCIMAR FERRARI RAMOS
INDIANARA MARIA ARAÚJO DO NASCIMENTO
SILANO SOUTO MENDES BARROS
n INTRODUÇÃO
Os pacientes críticos apresentam, comumente, alterações funcionais respiratórias e motoras.
Essas alterações podem relacionar-se ao nível de consciência, à força muscular e ao controle
motor, ao desempenho muscular respiratório e à mecânica respiratória.
Os dados fornecidos pelo exame clínico, associados àqueles disponibilizados por monitores
multiparamétricos, ventiladores mecânicos e seus gráficos, além de equipamentos de avaliação
específicos da fisioterapia (ventilômetro, manovacuômetro, peak flow e dinamômetro), permitem o
estabelecimento de diagnósticos clinicofuncionais.
n OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de
n ESQUEMA CONCEITUAL
Anamnese
Inspeção estática
Inspeção clínica
Inspeção dinâmica
Palpação torácica
Percussão torácica
Ausculta respiratória
Manovacuometria
Caso clínico 1
Casos clínicos
Caso clínico 2
Conclusão
15
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n ANAMNESE
Em terapia intensiva, muitas informações que seriam obtidas pela entrevista podem ser coletadas
dos prontuários, ressaltando-se, no momento da admissão hospitalar, a importância de uma boa
anamnese, que deve ser composta por:1
n identificação;
n queixa principal;
n história da doença atual;
n listagem de sinais e sintomas;
n antecedentes pessoais e familiares;
n hábitos de vida;
n aspectos socioeconômicos e culturais.
A queixa principal consiste na causa que motivou a internação na UTI, enquanto a história da
doença atual resume a sequência de eventos que culminaram na admissão hospitalar, constituindo
a principal etapa da anamnese.
Por fim, a observação dos hábitos de vida e dos aspectos socioeconômicos e culturais busca
identificar fatores de risco, como tabagismo, etilismo, estado nutricional (obesidade ou desnutrição),
sedentarismo, além da possível ligação entre a patologia de base, o local de habitação e a atividade
profissional do paciente.1
16
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
LEMBRAR
Após a coleta dos dados da anamnese, o fisioterapeuta deve buscar principalmente
a interação entre os achados clínicos e as alterações funcionais possivelmente
apresentadas.
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(TCE), em 1974, foi proposta a escala de coma de Glasgow, uma escala numérica cuja pontuação
podia variar entre 3 e 14 pontos. Corrigida posteriormente, adotou a configuração atual, que totaliza
15 pontos, tornando-se a escala de pontuação clínica mais utilizada.2
A escala de coma de Glasgow é composta por avaliação da abertura ocular, resposta verbal
e resposta motora, que podem ocorrer espontaneamente, após estímulos verbais ou dolorosos
(Quadro 1).2
Quadro 1
ESCALA DE COMA DE GLASGOW
As respostas obtidas em cada um dos padrões de avaliação podem ser afetadas por: 4
Quadro 2
CLASSIFICAÇÃO DO COMPROMETIMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA SEGUNDO A
PONTUAÇÃO OBTIDA NA ESCALA DE COMA DE GLASGOW
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muito estreito e podem contribuir de forma significativa para a morbidade e mortalidade, quando
empregados fora de critérios rígidos.6
Visando a evitar a sedação insuficiente ou excessiva, várias escalas foram desenvolvidas com a
finalidade de avaliar o nível de sedação. A escala de Ramsay é a mais simples e a mais utilizada
(Quadro 3).5
Quadro 3
ESCALA DE RAMSAY
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
A) 11.
B) 9.
C) 10.
D) 8.
Resposta no final do artigo
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A) 3.
B) 2.
C) 4.
D) 1.
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Council (MRC).
LEMBRAR
Antes da sua aplicação, a sedação deve ser suspensa, e o paciente precisa estar
desperto. Por meio dela, gradua-se a força em valores compreendidos entre 0 (paralisia
total) e 5 (força muscular normal) pela realização voluntária de seis movimentos
específicos bilaterais6 (Quadro 4). A pontuação total pode variar entre 0 (tetraparesia
completa) e 60 (força muscular normal).6
Quadro 4
AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR PERIFÉRICA PELO ESCORE DO MEDICAL
RESEARCH COUNCIL
Movimentos avaliados
n Abdução do ombro
n Flexão do cotovelo
n Extensão do punho
n Flexão do quadril
n Extensão do joelho
n Dorsiflexão do tornozelo
Grau de força muscular
n 0 = Nenhuma contração visível
n 1 = Contração visível sem movimento do segmento
n 2 = Movimento ativo com eliminação da gravidade
n 3 = Movimento ativo contra a gravidade
n 4 = Movimento ativo contra a gravidade e resistência
n 5 = Força normal
Fonte: Adaptado de De Jonghe e colaboradores (2005).6
Quadro 5
DISTÚRBIOS DO TÔNUS MUSCULAR
LEMBRAR
O tônus muscular pode ser avaliado de várias formas, com base na análise da
resistência ao movimento passivo com realização de movimentos articulares em
diferentes velocidades e angulações, sempre comparando-se com o membro
equivalente contralateral.7,8
TRANSTORNOS DO MOVIMENTO
Os transtornos do movimento são distúrbios que se caracterizam pela quebra da harmonia entre
os múltiplos sistemas cerebrais e musculares responsáveis pela integração do indivíduo com o
seu meio, causados por alterações nos gânglios da base. Podem ser divididos em hipercinesia
e hipocinesia, expressando-se como anomalias do tônus muscular associadas a movimentos
involuntários.7,9
As descrições clássicas dos transtornos do movimento são bastante recentes, incluindo termos,
como mioclonias, coreia, tremores, tiques, distonia e bradicinesia (Quadro 6).7,9
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Quadro 6
TRANSTORNOS DO MOVIMENTO
Mioclonias Contrações involuntárias súbitas e de curta duração que acometem face, tronco e
extremidades, decorrentes de alterações no SNC.
Coreia Movimentos involuntários arrítmicos, assimétricos, bruscos, breves e sem propósito em
repouso ou durante o movimento voluntário.
Tremor Oscilações rítmicas sincrônicas ou alternadas de uma determinada parte do corpo
decorrentes da contração de músculos antagonistas. Divide-se em tremor de repouso,
postural e de ação.
Distonia Contrações musculares tônicas, involuntárias, lentamente sustentadas e simultâneas
de grupos musculares agonistas e antagonistas, forçando certas partes do corpo a
movimentos ou posturas anormais e, muitas vezes, dolorosas.
LEMBRAR
A intensidade da resposta na avaliação dos reflexos profundos varia de uma pessoa
para outra, devendo-se levar em conta a simetria.
Tabela 1
CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE RESPOSTA REFLEXA
n reflexo bicipital – o examinador percute o seu próprio polegar, posicionado sobre o tendão do
bíceps. O braço avaliado deve estar em posição relaxada e confortável, com o antebraço em
semiflexão (Figura 2A);
n reflexo tricipital – o examinador percute o tendão do tríceps acima do olécrano, com o braço do
paciente em semiflexão (Figura 2B);
n reflexo patelar – o examinador percute o tendão patelar, com o paciente deitado ou sentado
(Figura 3A);
n reflexo aquileu – o examinador realiza a percussão sobre o tendão do tríceps sural, com o
paciente com a perna flexionada, o joelho apoiado e a extremidade livre (Figura 3B).
A B
A B
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10. Quanto à avaliação neurofuncional básica, é INCORRETO afirmar que
A) 1.
B) 2.
C) 3.
D) 4.
Respostas no final do artigo
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
n temperatura corpórea;
n pulso;
n pressão arterial (PA);
n frequência respiratória (FR).
A presença de monitores multiparamétricos nas UTIs, que fornecem os dados referidos de forma
eletrônica, levou a uma subestimação da importância da avaliação sistemática e manual dos sinais
vitais.
A verificação dos sinais vitais deve ser realizada antes, durante e após a realização dos
procedimentos fisioterapêuticos.1
n INSPEÇÃO CLÍNICA
A inspeção clínica constitui o primeiro elemento do exame físico do tórax. Nesse exame, cada
região deve ser comparada com a região correspondente do hemitórax oposto, procedimento muito
útil para a detecção de pequenos desvios da normalidade.
O tórax anterior deve ser examinado preferencialmente com o paciente em decúbito dorsal.
Porém, para a região posterior, quando possível, o paciente deverá estar sentado ou
em posição ortostática. Em pacientes restritos ao leito, com dificuldades de mobilização
espontânea, o exame do tórax posterior deve ser feito em decúbito lateral.1,11
INSPEÇÃO ESTÁTICA
Na inspeção estática, observa-se o tórax avaliando sua configuração e possíveis anormalidades
congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não.1,11,12 Verifica-se a presença
das alterações descritas a seguir.
Alterações tegumentares
As alterações tegumentares incluem presença de cicatrizes, especialmente relacionadas à
toracotomia, drenagem torácica e mastectomia, além da presença de edemas, fístulas torácicas e
alterações na coloração, como hiperemia, palidez ou cianose.1,11,12
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A cianose é um sinal ou sintoma marcado pela coloração azul-arroxeada da pele, dos
leitos ungueais ou das mucosas. Ocorre devido ao aumento da hemoglobina (Hb)
reduzida (desoxi-hemoglobina) no leito capilar (> 5g/dL).1,11,12
n central – provocada por deficiência na hematose pulmonar (por exemplo: diminuição da pressão
parcial de oxigênio no ar inspirado, doenças pulmonares, doenças cardiovasculares que cursam
com shunt direito-esquerdo e depressão do centro respiratório); é visualizada principalmente na
língua, mucosas orais e pele;1,11,12
n periférica – ocorre pelo aumento da extração de oxigênio nos tecidos periféricos, subdividindo-se
em generalizada ou localizada. A cianose periférica generalizada é observada na hipotensão
grave devido à baixa perfusão. Suas principais causas são a trombose venosa profunda e a IC
direita, pela ocorrência de estase sanguínea, obstrução arterial e exposição à baixa temperatura.
Na cianose periférica, a pele é frequentemente afetada, porém não se observa acometimento
da língua e da mucosa oral.1,11,12
Alterações musculares
Nas alterações musculares, observa-se presença de atrofia musculares, encurtamentos ou
hipertrofia, especialmente da musculatura acessória da respiração. Pacientes acamados, com
DNM ou desnutridos podem apresentar atrofia dos músculos da parede torácica, assim como atrofia
muscular periférica, com consequente redução na capacidade funcional e restrição das atividades
físicas e da vida diária.
Alterações osteoarticulares
As principais alterações osteoarticulares referem-se aos diâmetros e ao formato da caixa torácica.1,11,12
As anormalidades na forma do tórax são apresentadas na Figura 4.
28
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Dor torácica
A dor torácica pode ter várias origens e características, como as descritas a seguir: 1,11,12
29
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n cardíaca – quando associada aos processos isquêmicos do miocárdio, possui característica
aguda e localização retroesternal; piora ou surge aos esforços e pode irradiar-se para o membro
superior esquerdo, região cervical e/ou mandíbula;
n pleurítica – é uma dor localizada, tem aspecto de pontada e piora com inspiração profunda
ou tosse;
n vascular – a dor pode ser produzida pela dissecção aórtica severa persistente, irradiada para as
costas, regiões interescapular ou lombar, e pode se confundir com o infarto agudo do miocárdio
(IAM). A dor também pode ser causada por aneurismas de aorta ao se expandir ou pela erosão
dos corpos vertebrais;
n musculoesquelética – geralmente dura menos do que um minuto, mas pode durar dias; é
localizada e pode ser desencadeada por pressão local;
n esofágica – a dor localizada na região epigástrica com sensação de queimação.
15. Que sinais vitais devem ser analisados pelo fisioterapeuta no paciente em terapia
intensiva e com que frequência?
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INSPEÇÃO DINÂMICA
Na etapa de inspeção dinâmica do exame físico, avaliam-se o padrão respiratório, a FR, o ritmo
respiratório, a expansibilidade torácica e o esforço muscular respiratório.
Padrão respiratório
Para avaliar o padrão respiratório, observa-se a movimentação do tórax e do abdome com o objetivo
de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos, definindo assim, os seguintes
padrões:1,11,12
Esforço respiratório
O aumento do esforço respiratório pode ser caracterizado pela presença dos seguintes sinais
clínicos:1
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n
n tiragens intercostais – retrações intermitentes da pele que recobre a parede torácica durante a
inspiração, ocorrendo quando os músculos respiratórios se contraem com força suficiente para
causar uma grande redução na pressão intratorácica. Podem ser observadas entre as costelas,
acima das clavículas e imediatamente abaixo da caixa torácica, sendo assim denominadas como
tiragens intercostais supraclaviculares ou subcostais, respectivamente;1,11,12
n dispneia – segundo a American Thoracic Society (ATS), é definida como a sensação subjetiva
de desconforto respiratório. Deriva da interação entre vários fatores (fisiológicos, psicológicos,
ambientais, sociais) e pode produzir respostas fisiológicas e comportamentais secundárias.16
LEMBRAR
Na avaliação da dispneia, devem-se levar em consideração a duração, o modo de
instalação (súbito, progressivo ou crônico), a intensidade (leve, moderada ou grave)
e as condições de aparecimento, melhora e piora (postura, decúbito, repouso e
exercício). A intensidade da dispneia pode ser avaliada por meio de escalas subjetivas,
como a proposta por Borg ou pelo MRC.16
Sinal de Hoover
O sinal de Hoover é observado em pacientes portadores de hiperinsuflação pulmonar grave, cujo
diafragma se mantém retificado e rebaixado. Durante a inspiração, a contração de suas fibras
promove, paradoxalmente, a diminuição do diâmetro laterolateral da região inferior do tórax (retração
torácica – Figura 7).1,12
Frequência respiratória
A FR de um adulto durante o repouso oscila entre 12 e 20 incursões por minuto (ipm), e suas
anormalidades são assim denominadas:1,11,12
Ritmo respiratório
Os ritmos respiratórios anormais associam-se a alterações da FR, intervalo entre as fases do ciclo
ventilatório e amplitude dos movimentos ventilatórios (Figura 8). São eles:1,12
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Expansibilidade torácica
Normalmente, a expansibilidade torácica é simétrica e equivalente nos dois hemitórax.
Qualquer doença que afete a caixa torácica, sua musculatura, o diafragma, a pleura ou o pulmão
unilateralmente pode ser precocemente percebida pela redução da expansibilidade torácica do
lado comprometido.1,11,12
Por meio da expansibilidade torácica assimétrica, também é possível inferir a possibilidade de
posicionamento inadequado do tubo traqueal. Caso o tubo traqueal esteja muito introduzido,
seletivando o brônquio fonte direito, mais calibroso e verticalizado, a expansibilidade estará diminuída
no hemitórax esquerdo.
As doenças que acometem ambos os pulmões ou a caixa torácica provocam redução bilateral da
expansibilidade, o que é comumente observado nas DNMs, DPOC e patologias restritivas.1,11,12
Tosse e expectoração
A tosse constitui um sintoma de grande variedade de patologias pulmonares e extrapulmonares,
sendo um mecanismo reflexo em resposta a um estímulo químico ou mecânico dos receptores
presentes na mucosa do trato respiratório superior. A tosse reflexa é composta pelas fases de
irritação, inspiração profunda, compressão e expulsão.18
A tosse pode ser classificada quanto ao tempo de ocorrência em aguda (presença do sintoma por
até três semanas), subaguda (persistente por período entre três e oito semanas) e crônica (com
duração superior a oito semanas).
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21. Quanto à inspeção dinâmica do tórax, analise as afirmativas a seguir.
A) I, II e III.
B) II, III e V.
C) I e III.
D) III e IV.
Resposta no final do artigo
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n PALPAÇÃO TORÁCICA
A palpação torácica consiste em utilizar o tato para a percepção das estruturas da caixa torácica,
sejam elas partes moles ou estruturas ósseas, visando a avaliar a presença de anormalidades como
edemas, enfisemas subcutâneos, desvios de traqueia, alterações de sensibilidade, expansibilidade
torácica e temperatura, além da obtenção do frêmito toracovocal.1
LEMBRAR
O crépito é um som ou sensação tátil1 semelhante a um estalido, percebido na
presença do enfisema subcutâneo. Durante a realização de procedimentos
invasivos, tais como entubações orotraqueais, traqueostomias e punções venosas,
pode haver, acidentalmente, o extravasamento de ar para o tecido subcutâneo,
originando o enfisema.1
36
A palpação da fúrcula esternal pode evidenciar os desvios traqueais originados de alguns quadros
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
n PERCUSSÃO TORÁCICA
A percussão torácica produz um som grave (baixa frequência) de baixa intensidade (fraco) e, por
consequência, denominada vibração. A vibração criada pela percussão penetra o pulmão a uma
profundidade de 5 a 7cm abaixo da parede torácica.
n AUSCULTA RESPIRATÓRIA
A ausculta é um componente semiológico básico e essencial do exame físico do SR, que
permite a obtenção rápida e pouco dispendiosa de numerosas informações acerca de diferentes
patologias broncopulmonares.
A ausculta deve ser realizada durante todo o ciclo respiratório, descrevendo a presença e
a distribuição normal dos sons da respiração, assim como a presença de anormalidades
na localização desses sons.
A compreensão dos ruídos pulmonares anormais pelos fisioterapeutas que atuam na UTI é de
extrema importância pelo seu íntimo e frequente contato na prática diária. Os sons respiratórios
dividem-se em:
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Durante o ortostatismo ou a sedestação, os sons respiratórios são mais audíveis nas bases
pulmonares, onde a pressão pleural é menos negativa, facilitando o estreitamento e o fechamento
das vias aéreas durante a expiração. Com o processo de envelhecimento e com a perda do
recolhimento elástico do parênquima pulmonar, as crepitações tendem a aumentar.21
As crepitações na IC, consideradas grossas, são audíveis nas fases inspiratórias e expiratórias.
Na pneumonia, as crepitações podem variar conforme a fase da doença.21
Maluf e colaboradores analisaram um total de 300 estetoscópios e verificaram que 87% deles
estavam contaminados e 96% apresentavam-se colonizados por mais de um microrganismo.
Portanto, recomenda-se álcool a 70% para a limpeza do aparelho antes do uso.22
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24. Em que casos pode ser indicada a percussão torácica e quais são as recomendações
quanto à técnica de realização desse exame?
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Dentre as técnicas não invasivas destinadas a monitorizar as trocas gasosas no paciente criticamente
enfermo, destacam-se a oximetria de pulso e a capnografia.23
Oximetria de pulso
n meta-hemoglobinemia;
n carboxi-hemoglobinemia;
n hiperbilirrubinemia;
n luz ambiente excessiva;
n mau posicionamento do sensor;
n redução da perfusão da extremidade (hipotermia, doença obstrutiva arterial e hipotensão);
n presença de certos compostos químicos na circulação (medicamentos vasoconstritores ou
corantes);
n espessura e cor da pele;
n presença de esmalte nas unhas;
n edema.
No mesmo indivíduo, a absorção varia com o pulso, de forma periódica e constante, em função das
modificações do volume de sangue contido na extremidade avaliada (Figura 9).23
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Em pacientes com oxigenação deficiente, a oximetria de pulso fornece informação imediata sobre
o resultado dos ajustes na fração inspirada de oxigênio (FiO2) e pressão positiva expiratória final
(PEEP), oferece segurança adicional devido à possibilidade de monitorização contínua e reduz a
frequência de coletas de sangue arterial (gasometria arterial) durante o processo de desmame da
ventilação mecânica.24
LEMBRAR
Essas observações fazem com que a oximetria de pulso seja considerada hoje um
recurso indispensável para a segurança e a monitorização respiratória durante a
realização de procedimentos anestésicos e o transporte de pacientes ventilados
mecanicamente ou sob cuidados intensivos.
Capnografia
O uso da capnografia nas UTIs tem sido disseminado, sendo fundamental na condução das
estratégias clínicas direcionadas aos pacientes com hipertensão intracraniana, DPOC, asma
grave ou DNM, além de ser empregada durante a reanimação cardiopulmonar e a intubação
orotraqueal.23,25
Durante a fase inspiratória, em condições habituais, não se detecta nível significativo de CO2 no gás
inspirado. Porém, à medida que se processa a expiração, a pressão parcial desse gás na mistura
exalada aumenta progressivamente.
Essa elevação é gradativa, visto que o início da fase expiratória corresponde ao deslocamento
da massa gasosa que ocupa espaços não sujeitos às trocas gasosas, como traqueia, brônquios
e bronquíolos não respiratórios (“espaço morto” anatômico). Níveis máximos de CO2 são obtidos
ao final da expiração (PETCO2) e correspondem à pressão do gás que compõe a mistura alveolar
(Figura 10).23,25
40
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Figura 10 - Traçado capnográfico normal. ETCO2 = dióxido de carbono ao final da expiração (ET =
“end tidal”). A-B = início da expiração. B-C = platô alveolar. C-D = inspiração. D = platô inspiratório.
Fonte: Amaral e colaboradores (1992).23
Figura 11 - A) Curva capnográfica apresentando redução súbita da pressão parcial de CO2 ao final da expiração
(PETCO2), sugestiva de apneia, desconexão do circuito ventilatório ou extubação acidental. B) Vazamento no circuito
ventilatório ou obstrução progressiva da via aérea. C) Intubação esofágica.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
41
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Figura 12 - A) Curva capnográfica apresentando elevação abrupta e isolada da pressão parcial de CO2 ao final da
expiração (PETCO2), sugestiva de elevação aguda do débito cardíaco. B) Elevação progressiva da PETCO2, observada em
quadros hipermetabólicos ou hipoventilação. C) Redução progressiva da PETCO2, sugestiva de redução progressiva da
perfusão pulmonar, hipotermia ou hiperventilação.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
Figura 13 - A) Curva capnográfica demonstrando presença de CO2 durante a fase inspiratória devido à falha de válvula
unidirecional ou esgotamento do sistema de absorção. B) Fase expiratória ascendente sem a ocorrência de platô
expiratório devido à obstrução do fluxo aéreo expiratório.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
Figura 14 - A) Curva capnográfica apresentando artefatos durante a fase inspiratória e ausência de platô expiratório
decorrentes de oscilações cardiogênicas. B) Ausência de platô expiratório que pode ser ocasionada por contaminação da
amostra com gás alveolar, expiração curta ou heterogeneidade da relação ventilação/perfusão.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
Figura 15 - A) Curva capnográfica apresentando deformidade da porção descendente do capnograma ocasionada por
obstrução inspiratória, restrição à expansão pulmonar ou disfunção da válvula unidirecional do ventilador mecânico. B)
Alterações da fase inspiratória decorrentes de assincronia paciente-ventilador.
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores (1992).23
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AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
26. Que fatores podem afetar a acurácia dos valores de SpO2 fornecidos pela
oximetria?
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Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
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AVALIAÇÃO INVASIVA
Gasometria arterial
Equilíbrio acidobásico
A manutenção do equilíbrio acidobásico é imprescindível para a manutenção da homeostasia, sendo
determinada pelos mecanismos fisiológicos responsáveis pelo estabelecimento de concentrações
de íons hidrogênio (H+) compatíveis com a vida.26-28
Os distúrbios acidobásicos podem ser divididos em acidose (pH < 7,35) ou alcalose (pH > 7,45).
Tanto a acidose quanto a alcalose podem originar-se de alterações ventilatórias ou metabólicas,
denominando-se, assim, acidose e alcalose respiratória ou acidose e alcalose metabólica,
respectivamente.26-28
Os valores normais de pH, PaCO2, HCO3-, BE e ânion gap estão expostos no Quadro 7.28
44
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Quadro 7
VALORES NORMAIS DE PH, PACO2, HCO3-, EXCESSO OU BE E ÂNION GAP
Acidose respiratória
A acidose respiratória caracteriza-se pela presença de pH < 7,35 decorrente da elevação dos níveis
plasmáticos de PaCO2 (hipercapnia) sem sinais de compensação renal. Esse distúrbio decorre da
redução da ventilação alveolar ou das desigualdades da relação ventilação/perfusão.26-29
Alcalose respiratória
Acidose metabólica
A redução da excreção renal de íons H+, a movimentação de H+ para o meio extracelular e a perda
de íons HCO3- contribuem para a gênese da acidose metabólica.26-29
Em pacientes críticos, as causas mais comuns da acidose metabólica são cetoacidose diabética,
rabdomiólise, insuficiência renal, estados de choque, sepse, intoxicação exógena (metanol, etanol,
cloreto de amônio, etc.) e diarreia.26-29
Alcalose metabólica
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acidobásico.
Figura 16 - Roteiro prático para interpretação dos distúrbios primários do equilíbrio acidobásico.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Distúrbios mistos
Mecanismos de compensação
n condição “A” – PaCO2 = 30mmHg; HCO3- = 18mEq/L; pH = 7,4 – duplo distúrbio (acidose
metabólica e alcalose respiratória – distúrbio misto);
n condição “B” – PaCO2 = 33mmHg; HCO3- = 18mEq/L; pH = 7,35 – acidose metabólica
compensada.
O Quadro 8 apresenta as diversas fórmulas para obtenção dos limites de compensação dos
distúrbios acidobásicos.27
46
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Quadro 8
FÓRMULAS PARA OBTENÇÃO DOS LIMITES DE COMPENSAÇÃO
DOS DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS
Avaliação da oxigenação
Quadro 9
CLASSIFICAÇÃO DA HIPÓXIA
PaO2 = pressão parcial de oxigênio no sangue arterial; CaO2 = conteúdo arterial de oxigênio; Hb = hemoglobina; DO2 =
oferta de oxigênio ao tecido; DC = débito cardíaco; CO = monóxido de carbono; ICC = insuficiência cardíaca congestiva.
Fonte: Adaptado de Emmerich (2001); Marini e Wheeler (2005).12,27
47
O Quadro 10 apresenta as fórmulas e os valores de referência de variáveis e índices relacionados
PROFISIO SESCAD
à oxigenação.
Quadro 10
FÓRMULAS E VALORES DE REFERÊNCIA DE VARIÁVEIS E ÍNDICES RELACIONADOS
À OXIGENAÇÃO
PAO2 = pressão parcial de oxigênio no gás alveolar; FiO2 = fração inspirada de oxigênio; PB = pressão barométrica; PH2O =
pressão parcial de vapor d’água; PaCO2 = pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial; QR = quociente respiratório;
PaO2 = pressão parcial de oxigênio no sangue arterial; SaO2 = saturação arterial de oxigênio; IO = índice de oxigenação;
Dif A-aO2 = diferença alvéolo-arterial de oxigênio; CaO2 = conteúdo arterial de oxigênio; Hb = hemoglobina; Qs/Qt = shunt
pulmonar; Dif a-v O2 = diferença do conteúdo arteriovenoso de oxigênio; DO2 = oferta de oxigênio aos tecidos; DC = débito
cardíaco; VO2 = consumo tissular de oxigênio; IEO2 = índice de extração de oxigênio.
Fonte: Adaptado de Emmerich (2001).12
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48
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
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A) hipóxia anêmica.
B) hipóxia circulatória.
C) hipóxia hipoxêmica.
D) hipóxia histotóxica.
PROFISIO SESCAD
n AVALIAÇÃO CINESIOFUNCIONAL RESPIRATÓRIA
MANOVACUOMETRIA
LEMBRAR
A manovacuometria consiste na mensuração das pressões respiratórias estáticas
máximas, da pressão inspiratória máxima (PImáx) e da pressão expiratória máxima
(PEmáx), as quais expressam, respectivamente, a força máxima dos músculos
inspiratórios e expiratórios.31,32
Técnica de avaliação
Respiração espontânea
As medidas da respiração espontânea só devem ser realizadas nos pacientes alertas e capazes
de cooperar com a realização da manobra.
A PImáx é rotineiramente medida por meio de um esforço inspiratório máximo contra a via aérea
ocluída (manobra de Muller) a partir de uma expiração máxima até o volume residual – VR (PImáx-
VR). Contudo, também pode ser medida a partir do final de uma expiração normal até a capacidade
residual funcional – CRF (PImáx-CRF).31
A PEmáx é geralmente medida por meio de um esforço expiratório máximo contra a via aérea
ocluída (manobra de Valsalva) a partir de uma inspiração máxima até a capacidade pulmonar
total – CPT (PEmáx-CPT). Entretanto, também pode ser medida a partir do final de uma inspiração
normal (PEmáx-CRF).31
Por outro lado, quando as mensurações da PImáx e PEMáx são realizadas a partir da CRF, os
músculos respiratórios encontram-se com uma menor relação tensão-comprimento, propiciando a
geração de menores valores de pressão.31
O fisioterapeuta deve escolher sempre a mesma técnica (partir sempre do mesmo volume)
para as diversas mensurações da respiração espontânea.
A oclusão da via aérea por, no mínimo, 40 segundos e o registro do maior valor obtido após
três manobras sucessivas garantem maior acurácia e reprodutibilidade à manovacuometria. A
hiperoxigenação prévia por, pelo menos, 2 minutos é recomendada para evitar possível queda de
SpO2, oferecendo maior segurança para a realização da técnica.
O posicionamento com decúbito elevado a, pelo menos, 60º oferece uma melhor
vantagem mecânica ao diafragma e também contribui para a obtenção de maiores valores
pressóricos. Após a realização das manobras, sugere-se a realização de técnicas de
hiperinsuflação pulmonar para reverter o provável colapso alveolar causado pela redução
de volume pulmonar.30,33,34
51
Os valores esperados para as pressões respiratórias máximas são previstos a partir de cálculos de
PROFISIO SESCAD
regressão que consideram a variação desses valores de acordo com a idade e o sexo do paciente.35
A função ventilatória e o mecanismo de tosse estarão quase sempre prejudicados quando a PImáx
for maior do que -50cmH2O, enquanto valores maiores do que -25cmH2O são invariavelmente
compatíveis com a necessidade, em algum grau, de suporte ventilatório.31
Reserva muscular
Por meio da manovacuometria, pode-se obter a relação entre a pressão inspiratória gerada durante
uma inspiração normal (PI) e a PImáx (PI/PImáx). Valores superiores a 0,3 representam diminuição
de reserva muscular ventilatória.36
A resistência muscular respiratória pode ser avaliada por meio do índice de resistência à fadiga
(IRF). Esse índice fundamenta-se no conceito de que os músculos respiratórios apresentam
diminuição da capacidade de gerar pressão quando submetidos a uma carga fatigante.
Antes da obtenção do IRF, é necessária a utilização de um dispositivo capaz de ofertar uma carga
linear à inspiração (Threshold®) por 2 minutos, ajustado com carga equivalente a 30% da PImáx
do paciente.
O cálculo é realizado pela relação entre a PImáx mensurada imediatamente após a imposição da
carga e a PImáx inicial. Valores inferiores a 0,8 são sugestivos de baixa resistência muscular
ventilatória.37
O avanço tecnológico permite a avaliação da resistência muscular ventilatória pela análise gráfica
do tempo de sustentação do esforço muscular durante a manobra de manovacuometria. O tempo
de sustentação das pressões inspiratória e expiratória é diretamente proporcional à resistência
dos músculos respiratórios.
LEMBRAR
A utilização da técnica de avaliação da resistência muscular ventilatória destina-se
apenas aos pacientes bastante cooperativos.32
A) patologias pulmonares.
B) doenças neurodegenerativas.
C) hérnias abdominais.
D) pré e pós-operatório de cirurgias toracoabdominais.
Resposta no final do artigo
52
37. Quais são as contraindicações absolutas e as relativas de manovacuometria?
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
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VENTILOMETRIA
Os principais parâmetros avaliados à beira do leito com o ventilômetro estão descritos a seguir.
53
PROFISIO SESCAD
Volume minuto
O volume minuto (VM) está diretamente associado à ventilação alveolar e representa uma boa
indicação da resposta da musculatura à demanda ventilatória. São considerados normais os
valores entre 6 e 8L/min; valores superiores a 10L/min são indicativos de aumento da demanda
ventilatória.
Volume corrente
O índice de respiração rápida e superficial (IRRS) é calculado pela relação FR/VC (medido em
litros) e analisa a amplitude do padrão ventilatório. Elevados valores de IRRS indicam presença de
padrão ventilatório superficial, aumento do trabalho respiratório e provável prejuízo na ventilação
alveolar. Valores maiores do que 105 sugerem uma alta possibilidade de insucesso no desmame
da AVM.36
Capacidade vital
A capacidade vital (CV) é definida como o volume máximo que um indivíduo pode mobilizar,
representando a relação entre a capacidade muscular ventilatória e a impedância total do SR.
Embora só possa ser realizada em pacientes capazes de cooperar, a manobra de CV é, sem dúvida,
o teste mais simples para a avaliação da função pulmonar.37
A CV passa a ter maior valor quando os registros são feitos de forma seriada. Valores superiores
a 45mL/Kg são considerados normais, enquanto valores inferiores a 12mL/Kg refletem inabilidade
ventilatória com consequente prejuízo do intercâmbio gasoso e a necessidade de algum tipo de
suporte ventilatório.11
Capacidade inspiratória
A redução do PFE pode caracterizar a presença de obstrução de vias aéreas e/ou disfunção
muscular expiratória, sendo bastante útil durante a avaliação de pacientes portadores de patologias
pulmonares obstrutivas (asma, DPOC), pacientes hipersecretivos e portadores de DNM.38
Comumente, o PFE é utilizado como marcador funcional para a avaliação da efetividade das técnicas
fisioterapêuticas destinadas à remoção de secreção, da resposta broncodilatadora, da eficiência
da tosse e como índice preditivo do sucesso na extubação e decanulação.38
Em pacientes críticos, o PFE pode ser avaliado por meio de uma manobra totalmente voluntária (PFE
voluntário) ou técnicas assistidas para aumento do volume inspirado e compressão toracoabdominal
(PFE assistido). A obtenção de valores de PFE voluntário > 60Lpm ou de PFE assistido > 160Lpm
aumenta a probabilidade de sucesso na extubação ou decanulação.38,39
PROFISIO SESCAD
n AVALIAÇÃO DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA
COMPLACÊNCIA E RESISTÊNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
A atual geração de ventiladores registra a mecânica ventilatória por meio de dados analógicos
(formas de ondas) e digitais (valores numéricos), oferecendo, em tempo real, dados de complacência
e resistência, além da monitorização da pressão, do fluxo e do volume gerados no SR durante a
ventilação.40
A pressão aplicada no interior do SR (Psr) de pacientes sob AVM é o somatório da pressão gerada
pelo ventilador no interior da traqueia (pressão de abertura das vias aéreas – Pao) e da pressão
desenvolvida pelos músculos respiratórios (Pmus).
A relação entre essas pressões, volume de ar disponibilizado (V), fluxo ao longo do trato respiratório
(V• ) e impedância do SR (complacência e resistência do sistema respiratório – Crs/Rrs) pode ser
descrita matematicamente por meio da equação do movimento do SR.40
Onde:
Prs = pressão do sistema respiratório; Pao = pressão de abertura da via aérea; Pmus = pressão
muscular; V• = fluxo; Rrs = resistência do sistema respiratório; V = volume; Crs = complacência do
sistema respiratório; k = constante.40
A letra “k” é uma constante que representa a pressão positiva alveolar ao final da expiração (PEEP)
quando o “V• ” e o “V” são iguais a zero; é a soma da PEEP-extrínseca e da PEEP-intrínseca (auto-
PEEP), quando essa existir. Apresenta uma aplicação prática importante, pois possibilita a estimativa
das variações de CRF por meio da integral do sinal de fluxo.
O termo “V• x Rrs” corresponde à pressão dissipada por meio das vias aéreas, do tubo endotraqueal,
do circuito do ventilador e da movimentação do tecido pulmonar e da parede torácica, enquanto
o termo “V/Crs” retrata a pressão que deve ser aplicada a fim de vencer as forças elásticas de
oposição à distensão toracopulmonar.40
56
Quando o paciente não exerce nenhum esforço muscular (suporte ventilatório total), o que acontece
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
durante os ciclos controlados, a Pmus é desconsiderada, sendo a pressão necessária para deslocar o
ar e expandir a estrutura toracopulmonar correspondente à pressão gerada pelo ventilador (Pao).
LEMBRAR
A monitorização da mecânica respiratória à beira do leito, em pacientes sob AVM, pode
ser realizada por meio de um conjunto de métodos que têm como objetivo principal
demonstrar as alterações funcionais do SR, de forma a nortear a terapia ventilatória
e prevenir as complicações advindas de sua aplicação.
n Crs e Rrs;
n auto-PEEP (principalmente nos pacientes obstrutivos);
n monitorização e análise gráfica das curvas de pressão;
n fluxo e volume em função do tempo e das alças (loops) pressão-volume e fluxo-volume.
Atualmente, a maioria dos ventiladores mecânicos pode prover rápida oclusão da via aérea por
meio do ajuste da pausa inspiratória. Durante a pausa, ocorre a queda rápida do fluxo a zero,
e o volume é rapidamente aprisionado dentro do pulmão, permitindo a mensuração da pressão
estática das vias aéreas (pressão de platô – Pplatô).
A curva de pressão de vias aéreas em condição estática é caracterizada por um pico de pressão
ao final da inspiração (Ppico), seguido de uma queda rápida após a oclusão e posterior queda lenta
até alcançar a Pplatô (P2) (Figura 17).40
57
PROFISIO SESCAD
Figura 17 - Comportamento das curvas de fluxo, volume e pressão em função do tempo durante
a avaliação da mecânica do SR. Pmax = pressão de pico (pressão de vias aéreas); P1 = ponto
de inflexão (transição entre a queda rápida e lenta da pressão após a oclusão) e P2 = pressão
de platô alveolar (Pplatô) após a queda lenta da pressão de vias aéreas ao final da oclusão; Vt =
volume corrente; Cqst = complacência quase estática; Ceff = complacência efetiva.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
A Pplatô (P2) representa a pressão estática do SR, uma vez que, na ausência de fluxo, equaliza-se
com a pressão alveolar (Palv), que reflete a pressão de retração elástica de todo o SR.
A queda da Ppico para P1 representa a pressão requerida para mover o fluxo inspiratório ao longo
das vias aéreas sem a interferência alveolar; portanto, é a pressão dissipada pela interação entre
a resistência e o fluxo aéreo (fluxo dependente).40
A queda lenta observada entre P1 e Pplatô após a oclusão de vias aéreas dependerá das
propriedades viscoelásticas do SR e da redistribuição gradual do ar entre os espaços aéreos
(efeito pendelluft).
Durante o período de oclusão, ocorre uma reorganização da dinâmica elástica do volume pulmonar
inspirado, permitindo que as diferentes pressões aplicadas em alvéolos com diferentes constantes
de tempo (CT) se equalizem.40
Esse fenômeno irá depender do grau de heterogeneidade pulmonar. Assim, as regiões pulmonares
que têm baixa CT, onde a Palv eleva-se rapidamente, serão esvaziadas em regiões pulmonares
que possuem alta CT, onde a pressão eleva-se mais lentamente em virtude da alta resistência e
da alta complacência. A CT é calculada da seguinte forma:
Áreas de CT baixa apresentam baixa Cst e baixa Rrs (exemplo: SDRA), e áreas de CT alta
apresentam alta Cst e alta Rrs (exemplo: DPOC).
58
Os conceitos revisados anteriormente são indispensáveis para o entendimento da diferença entre
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
a avaliação das complacências efetiva (Ceff), dinâmica (Cdyn) e estática (Cst) do SR.
A complacência é uma variável física definida como a relação entre a variação de volume (∆V)
e a variação de pressão (∆P). Quando se fala de Cst, considera-se a ∆V em relação à diferença
entre a pressão de platô menos a pressão ao final da expiração (Pplatô - PEEP), representando
apenas as propriedades elásticas dos pulmões e da caixa torácica.
Já a Ceff representa a ∆V em relação à diferença entre a pressão de pico menos a pressão ao final
da expiração (Ppico - PEEP), que está associada à impedância total do SR, incluindo a impedância
viscoelástica, a elástica e a resistiva (Figura 18).40
Figura 18 - Fórmulas para cálculo das complacências do SR e as propriedades mecânicas que interferem em seu
resultado. Ceff = complacência efetiva; VC = volume corrente; Pmax = pressão de pico (Ppico); PEEPt = pressão
positiva total ao final da expiração; Cdyn = complacência dinâmica; P1 = queda rápida da Ppico após a oclusão; Cst =
complacência estática; P2= pressão de platô alveolar (Pplatô).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
LEMBRAR
O tempo de oclusão ou pausa inspiratória é determinante para a acurácia da avaliação
da Cst, pois, quando a pausa inspiratória é inferior a 2 segundos, a Pplatô pode não
refletir a Palv. Nesse caso, a mensuração deve ser denominada complacência quase
estática (Cqst).40
PROFISIO SESCAD
Os valores normais de Rtot situam-se entre 5 e 10cmH2O/L/s, considerando-se o = 1L/s (60Lpm).
A Raw, principalmente em pacientes sob AVM, representa 80% da Rtot, enquanto a Rti representa
cerca de 20%.
É importante observar que, para realizar o cálculo das complacências do SR, deve-se
considerar o valor da PEEP e a eventual auto-PEEP. No final de uma expiração normal,
em pulmões sadios, a Palv deve ser igual à pressão atmosférica ou à PEEP, quando
presente.
A limitação do fluxo aéreo expiratório ou um inadequado padrão respiratório (alto VC e/ou alta FR
com tempo expiratório curto) são fatores determinantes para o aprisionamento aéreo com geração
de auto-PEEP.41
A auto-PEEP pode ser detectada dinamicamente pela análise da curva fluxo-tempo, observando-se
um fluxo maior do que zero ao final da expiração, e mensurada estaticamente por meio da manobra
de oclusão no final da expiração.
Na presença de auto-PEEP, observa-se um valor de Pao maior do que o valor de PEEP ajustada
no ventilador após oclusão expiratória (Figura 20).41
Figura 20 - Curvas de fluxo e pressão traqueal em função do tempo, em que são demonstradas
a auto-PEEP dinâmica (4cmH2O) no início da inspiração e a auto-PEEP estática (8cmH2O) após
prolongada pausa expiratória.
Fonte: Adaptada de Blanch e colaboradores (2005).41
Como demonstrado na Figura 20, a auto-PEEP dinâmica (4cmH2O) subestima o valor real da
auto-PEEP (8cmH2O) calculada de forma estática. Isso ocorre porque, durante a mensuração da
auto-PEEP dinâmica, o fluxo inspiratório é liberado quando a Pao em regiões pulmonares com
baixa CT é maior do que a Palv ao final da expiração. Entretanto, com a mensuração de forma
estática, a auto-PEEP corresponde ao resultado do valor de Pao de todas as regiões pulmonares
(Figura 21).41
60
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Figura 21 - Conceitos fisiológicos para auto-PEEP dinâmica e estática, baseados nas diferentes
CT. R = resistência; C = complacência.
Fonte: Adaptada de Blanch e colaboradores (2005).41
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61
PROFISIO SESCAD
46. Um paciente ventilado mecanicamente no modo VCV A/C, com VC de 600mL, fluxo
inspiratório de 42Lpm e PEEP de 8cmH2O, apresentou Ppico de 37cmH2O e Pplatô
de 20cmH2O após aplicação de uma pausa inspiratória de 2 segundos. Assinale V
(verdadeiro) e F (falso) e marque a alternativa que equivale à sequência correta.
A) V; V; F; F.
B) F; F; V; F.
C) F; F; F; V.
D) V; V; F; V.
Resposta no final do artigo
Quadro 9
OBJETIVOS DA MONITORIZAÇÃO GRÁFICA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
A mecânica ventilatória pode ser avaliada de forma dinâmica, ou seja, sem a interrupção do fluxo e
durante a utilização de qualquer modo ventilatório. Os valores de R, C, e PEEPt podem ser obtidos
com a análise de regressão linear múltipla ou pelo método de mínimos quadrados.42
62
Como computadores bastante avançados, os ventiladores modernos podem digitalizar com alta
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Na Figura 22, verifica-se o comportamento das curvas durante a utilização do modo de ventilação
com pressão controlada (PCV), com mesmo ajuste de tempo inspiratório (Tins) e ∆P, em três
cenários funcionais do SR:
A Figura 22B apresenta fluxo inspiratório curto e expiratório espiculado com uma pausa ao final
da inspiração, refletindo a diminuição da Crs e da Rrs. Já a Figura 22C mostra a diminuição do
PF inspiratório e expiratório com achatamento tanto na inspiração quanto na expiração, além de
auto-PEEP dinâmica, sugerindo o aumento da resistência ao fluxo aéreo expiratório.
Figura 22 - Comportamento da curvas fluxo-tempo (V x T) no modo de PCV em três cenários funcionais respiratórios
distintos: A) impedância normal; B) restrição pulmonar; C) obstrução pulmonar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
PROFISIO SESCAD
valores de VC), observa-se o aumento da Pao após o segundo ponto de inflexão (Figura 23B). O
oferecimento de volume após esse ponto deve ser considerado mecanicamente impróprio, pois
desrespeita o limite elástico das unidades alveolares. Esse achado gráfico é popularmente chamado
de “bico de passarinho”.40
Figura 23 - Curvas pressão-volume (P x V) durante a utilização do modo VCV. A) Queda progressiva da complacência
com deslocamento da curva para a direita e aumento da pressão após o primeiro ponto de inflexão. B) Hiperdistensão
após utilização de VC > 800mL com aumento expressivo da pressão após o segundo ponto de inflexão e pequeno
deslocamento de volume após esse ponto (sinal de “bico de passarinho”).
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
Durante a utilização do modo PCV, a alça P x V oferece informações sobre alterações da Crs e
da Rrs. Para um mesmo valor de pressão inspiratória e sem modificação do trabalho muscular
respiratório, a diminuição do VC pode demonstrar e diferenciar, em tempo real, quando ocorre
redução da Crs (Figura 24A) ou aumento da Raw (Figura 24B).40
Figura 24 - Curvas pressão-volume (P x V) durante a utilização do modo de PCV. Para um mesmo valor de pressão
observa-se: A) diminuição do VC por diminuição da complacência, evidenciando-se o deslocamento da alça para a
direita; B) diminuição do VC por aumento da Rrs, verificando-se a lentificação do esvaziamento pulmonar.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
64
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
As alças x V são particularmente importantes para avaliar a resposta da administração de
broncodilatadores durante a utilização do modo VCV (Figura 25).41,43 São também utilizadas para
identificar vazamentos imperceptíveis durante a monitorização dinâmica das curvas P x T e V x T
(Figura 26).40
Figura 26 - Vazamento evidenciado pelo não fechamento da alça fluxo-volume e o não retorno à linha de base (zero) na
curva volume-tempo.
Fonte: Adaptada de Lucangelo e colaboradores (2005).40
65
PROFISIO SESCAD
As alças x V funcionam como um marcador sensível para a indicação da necessidade de aspiração
traqueal por meio da presença do padrão denteado (Figura 27), revelando a existência de secreções
nas vias aéreas proximais.44,45 Esse mesmo tipo de padrão também pode ser visualizado na curva
x T, sendo denominado “dente de serra” (“sawtooth”) (Figura 28).
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48. Descreva, no quadro a seguir, as informações que podem ser obtidas a partir da
análise das curvas de monitorização gráfica.
Curva pressão-tempo (P X T)
Curva fluxo-tempo ( X T)
Curva volume-tempo (V X T)
Alças P-V e V-
n CASOS CLÍNICOS
CASO CLÍNICO 1
Um paciente de 25 anos, do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, com
TCE, é admitido na emergência de um hospital geral apresentando abertura ocular aos
estímulos dolorosos, retirada do membro à dor, mas sem interagir com o examinador.
Cerca de 12 horas depois, é admitido na UTI, após a drenagem de um hematoma subdural
em região frontoparietal esquerda, sob AVM, em uso de sedação, abrindo os olhos após
estímulo doloroso. Seis horas após a admissão na UTI, ainda sem estabilidade clínica
para a evolução do desmame da AVM, apresenta-se agitado, sendo necessário o aumento
da sedação. Alguns minutos após, encontra-se calmo e bem adaptado ao ventilador
mecânico, abrindo os olhos ao estímulo sonoro vigoroso.
67
A partir do que foi visto neste artigo e das informações descritas no caso clínico 1, responda às
PROFISIO SESCAD
questões a seguir.
49. Qual é a pontuação obtida por este paciente na escala de coma de Glasgow
no momento da admissão hospitalar?
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51. Qual foi a pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay no momento
da admissão na UTI?
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52. Qual foi a pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay seis horas
após a admissão na UTI?
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Respostas no final do artigo
CASO CLÍNICO 2
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Resposta no final do artigo
n CONCLUSÃO
Os pacientes criticamente enfermos podem apresentar várias alterações clinicofuncionais nos
diversos sistemas orgânicos. Alterações no nível de consciência, na função motora, nos sinais
vitais, no exame clínico do SR, na troca gasosa, no equilíbrio acidobásico, na função pulmonar
e na mecânica respiratória podem contribuir para o aumento do tempo de internação na UTI, a
permanência hospitalar e a mortalidade. A utilização adequada dos diversos elementos que compõem
a avaliação é fundamental para o estabelecimento de adequados protocolos fisioterapêuticos.
Atividade 9
Resposta: B
Comentário: De acordo com a escala de Ramsay, este paciente cooperativo, orientado e tranquilo
encontra-se no grau 2.
Atividade 10
Resposta: A
Atividade 11
Resposta: B
Atividade 17
Resposta: B
Atividade 18
Resposta: 2; 1; 3; 1; 2; 3
Atividade 20
Resposta: D
69
PROFISIO SESCAD
Atividade 21
Resposta: A
Atividade 25
Resposta: B
Atividade 26
Resposta: Os fatores que podem afetar a acurácia dos valores de SpO2 fornecidos pela oximetria são
alterações na estrutura da Hb, hiperbilirrubinemia, luz ambiente excessiva, mau posicionamento do
sensor, hipotermia, doença obstrutiva arterial, hipotensão, uso de medicamentos vasoconstrictores
ou corantes, espessura e cor da pele, presença de esmalte e edema.
Atividade 28
Resposta: A capnografia é importante para o seguimento clínico, em UTI, DPOC, DNM, asma e
hipertensão intracraniana.
Atividade 32
Resposta: 3; 4; 2; 1
Atividade 34
Resposta: D
Atividade 35
Resposta: A
Atividade 36
Resposta: C
Atividade 39
Resposta: Em pacientes críticos, o protocolo mais adequado para a avaliação da PImáx inclui
posicionamento com cabeceira elevada a 60º, hiperoxigenação prévia por 2 minutos, utilização de
válvulas unidirecionais e tempo médio de 40 segundos. Deve-se, ainda, realizar três manobras com
intervalo para repouso muscular (cerca de 2 minutos) e considerar o maior valor.
Atividade 40
Resposta: A
Comentário: Na relação entre a pressão inspiratória gerada durante uma PI e a PImáx, valores
superiores a 0,3 representam diminuição de reserva muscular ventilatória.
Atividade 41
Resposta: D
Atividade 42
Resposta: C
Comentário: A redução do PFE pode caracterizar a presença de obstrução de vias aéreas e/ou
disfunção muscular expiratória, sendo bastante útil durante a avaliação de pacientes portadores
de patologias pulmonares obstrutivas (asma, DPOC), pacientes hipersecretivos e portadores de
DNM.
70
Atividade 43
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA
Resposta: C
Atividade 44
Resposta: D
Atividade 46
Resposta: D
Comentário: A pressão resistiva é a diferença entre a Ppico e a Pplatô; portanto, 17cmH2O/L/s.
Atividade 49
Resposta: De acordo com a escala de coma de Glasgow, este paciente apresenta abertura ocular
(2) + resposta verbal (1) + resposta motora (4) = 7.
Atividade 50
Resposta: O coma apresentado pelo paciente no momento da admissão hospitalar é profundo ou
grave.
Atividade 51
Resposta: A pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay no momento da admissão na
UTI equivale ao grau 5.
Atividade 52
Resposta: A pontuação obtida pelo paciente na escala de Ramsay seis horas após a admissão na
UTI equivale ao grau 1.
Atividade 53
Resposta: Cst = VC/(Pplatô - PEEPt); Cst = 600/10; Cst = 60mL/cmH2O (PEEPt = PEEP + auto-
PEEP);
Rtot = (Ppico - Pplatô)/ ; Rtot = 17/0,7; Rtot = 24,2cmH2O/L/s (o fluxo deve ser sempre utilizado
em L/s).
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