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Formação Continuada Territorial

II Ciclo de Formação 2022


Formação de Diretores e Coordenadores Pedagógicos

Atividade 1 - Análise e discussão de uma proposta didática em Ciências da Natureza

Caras colegas,

O texto que leremos a seguir é o relato de uma professora de Ciências do sexto ano
sobre a germinação do feijão (atividade que foi lembrada por muitos de vocês no encontro
passado). Trata-se de uma professora muito comprometida com a aprendizagem dos seus
alunos, cuidadosa com os registros e disposta a compartilhar suas práticas para avançar em
sua formação como docente. Embora esse texto seja fictício, foi composto a partir de
eventos reais vividos por alguns professores.
Além do relato das aulas, que incluem as falas de alguns estudantes, a professora
listou os objetivos de aprendizagem que pretendeu atingir com suas turmas. A partir desse
relato, a proposta será refletirmos coletivamente sobre as seguintes questões:

- Como você avalia a coerência entre os objetivos propostos e as estratégias utilizadas


pela professora?
- O que você diria que os alunos estão aprendendo com essas atividades?

Bom trabalho!

Relato de atividade de Ciências da Natureza para 6o ano

Observação da germinação do feijão

Objetivos da atividade:
● Acompanhar a germinação do feijão.
● Identificar fatores essenciais para a vida das plantas.
● Aprender nomes e conceitos específicos relacionados a germinação (cotilédones,
radícula, folha primária e folha definitiva.)
● Aprender sobre a importância do feijão.
Relato das aulas (com transcrição de falas de alguns alunos)

Aula 1
Quando apresentei a proposta de observarmos feijões germinando, rapidamente os
alunos passaram a falar sobre o assunto. Os comentários mostram que eles ficaram muito
empolgados com a proposta.

A1 - Professora, meu pai planta feijão. Todo ano ele colhe muito feijão e vende na feira.
A2 - Eu adoro feijão, gosto mais do feijão preto que do feijão claro.
A3 - Que feijão a gente vai plantar? Do preto?

Em seguida, apresentei a eles os materiais e organizamos a sala para o plantio.


Cada aluno recebeu um copinho plástico e algodão, assim como alguns grãos de feijão.
Trouxe uma pequena garrafa de água para molhar os algodões com cuidado para não
bagunçar a sala. Os alunos fizeram muitos comentários durante a montagem.

A2 - Por que a gente vai plantar feijão no algodão? Pode plantar na terra?
A1 - O que acontece se deixar o feijão no algodão sem água?
A3 - Por que o feijão não brota no saco?
A4 - Uma vez minha mãe pegou um saco de feijão no mercado que tinha um feijão brotando.

Expliquei a eles que o feijão deveria ser plantado no algodão úmido e que durante
algumas semanas deveríamos molhar e observar o que aconteceria. Tivemos o cuidado de
fazer cartazes com o aviso “Experimento em andamento” para evitar que alguém mexesse.
Pedi a eles que desenhassem como ficou a montagem com o feijão. Pedi também que
desenhassem como imaginavam que ficaria o feijão depois de três semanas.

Aula 2
Três dias depois, retomamos os feijões para observá-los. A turma estava muito
ansiosa para ver as novidades.

A1 - O que é isso branquinho que está saindo do caroço?


A2 - Deve ser a folha saindo.
A3 - Não, folha não é branca.
A4 - Não é folha, é só um bicho saindo do caroço.
A5 - Por que meu feijão não aconteceu nada?
A1 - O feijão do A5 está mofado. Está com uma coisa preta em cima dele.

Como os estudantes estavam muito interessados, deixamos a observação e mostrei


a eles uma imagem do livro didático que ilustrava a germinação do feijão. Contei que a
estrutura branca que saía do feijão era a radícula, que vai formar a raiz. Os alunos acharam a
palavra estranha e engraçada. Pedi então que fizessem um novo desenho dos feijões, que
escrevessem a palavra radícula, apontando onde ela estava nos desenhos. A montagem de
alguns alunos não deu certo: quatro feijões não brotaram e quatro mofaram. Pedi que
deixassem essas montagens de lado e acompanhassem as de um colega que estava dando
mais certo. Os demais molharam os seus feijões.
Aula 3
Nessa aula propus que observassem os feijões novamente e que desenhassem
como estavam. Também nesta aula, a turma foi muito participativa.

A1 - Professora, meu feijão está muito comprido. Bem mais comprido que o da A2.
A2 - Por que meu feijão está menor que o de todo mundo?
A3 - A casquinha do meu já caiu!! Olha!
A4 - O que é essa semente verde dentro da casca do feijão?
A1 - Tem uma folha dentro da semente! Será que ela vai sair?
A2 - Aquele negócio branco era mesmo a raiz, o livro estava certo, prô!
A3 - É mesmo, agora a raiz tá bem grande, se enrolou no algodão. Pra que a raiz tá no
algodão?
A1 - Meu pai contou que pro feijão crescer forte tem que adubar a raiz. A gente devia adubar a
raiz dos nossos.

Diante das modificações que os alunos estavam observando, foi possível mostrar o
que são os cotilédones. Para isso, usei o mesmo esquema da germinação que está no livro.
Os alunos fizeram novos desenhos das suas montagens e molharam os feijões.

Aula 4
Essa aula foi semelhante à aula anterior: os alunos observaram, desenharam e
molharam os feijões. Aproveitando o tempo que sobrou, fizemos uma aula
expositiva-dialogada sobre a importância do feijão na nossa alimentação.

Aula 5
Esse foi o momento em que os alunos fizeram suas observações e desenhos finais
sobre os feijões, sinalizando com legendas os nomes específicos de cada estrutura. Depois,
fizemos uma leitura coletiva de um capítulo do livro de Ciências sobre “Fatores que
interferem na vida das plantas”. Nessa aula, os estudantes puderam entender que a água, o
solo e a luz são fundamentais para as plantas.

Aula 6
Para finalizar a atividade, propus como avaliação um questionário sobre a
importância do feijão na alimentação e sobre o que as plantas precisam para sobreviver, que
foram tópicos trabalhados ao longo das aulas, inclusive com apoio dos textos do livro. Além
disso, reservei um tempo para que os alunos escolhessem alguns de seus desenhos para
compor um mural da escola, para compartilhar com todas as turmas as produções que
foram muito significativas.

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