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CASOS PRÁTICOS DIREITO PENAL

Caso 1
Um temporal provoca a morte a dez pessoas. Para o direito Penal há uma acção?
R: Não, não é um comportamento humano.

Caso 2
Um leão do jardim zoológico come um domador? Para o direito Penal há uma acção?
R: Não, não é um comportamento humano.

Caso 3
A, irritado com B, na sequência de uma discussão, pensa nomeadamente em matá-lo. QI?
R: É um mero pensamento. À luz da definição de Roxin não há “manifestação”.

Caso 4
A empurra B contra uma montra, daí resultante a destruição da monstra e lesões corporais em B.
R: É só acção física do A. Caso de força irresistível (vis absoluta)

Caso 5
Uma rajada de vento projecto A contra B resultando lesões corporais em B. QI?
R: Não há acção, porque é um fenómeno da natureza. Diferente do caso n.º 2 porque é um caso de vis
absoluta.

Caso 6
A coage B, apontando-lhe uma pistola à cabeça, a falsificar um documento? QI?
R: Se considerarmos a coação moral (vis compulsiva) há acção.
Doutrina Penal: coação moral – há acção, o que não significa que o agente seja punido. Acção humana
mas condicionada.

Caso 7
A fica sem sentidos. Ao desfalecer parte quatro jarras antigas. QI?
R: Estado de inconsciência. Falta de manifestação psíquica. Não há acção.

Caso 8
A numa crise epiléptica, pontapeia B.
R: Resposta igual ao caso n.º 7.

Caso 9
A em estado de hipnose profundo, controlado por B, mata C. Há uma acção por parte de A?
R: Respostas 7 e 8.

Caso 10
A, durante um período de sonambulismo, esfaqueia B, causando-lhe a morte?
R: Resposta 7, 8 e 9.

Caso 11
A, procurando coragem para matar B, bebeu muito alcóol, ficando embriagado e matando B. Há acção?
R: Artigo 20º/4. Acção e culpa – O momento relevante não é quando o agente actua mas sim quando se
põe no estado que o levou ao facto. Portanto, há acção porque ele pôs-se conscientemente nessa situação.

Caso 13
A, por força de uma descarga eléctrica, parte uma peça de mobiliário. QI?
R: Acto puramente reflexo. Não há acção.

Conclui-se que apenas nos casos 6 e 11 é que havia acção. Não há acção pelo pensamento, pela força
irresistível, pela inconsciência e quando estamos perante um acto puramente reflexo.

Caso 14

1
A., ao provar um vestido numa senhora, abraçou-a. Esta procurou então afastá-lo mas, nesse momento o
seu peito ficou a descoberto. De imediato, A lança-se sobre o mesmo beijando-o e mordiscando-o, tendo-
lhe causado uma ferida. QI?
R: Há uma acção (era controlável pela vontade).

Caso 15
Quando A conduzia na estrada, entrou pela janela que se encontrava aberta uma mosca que estava na
direcção da sua vista. A realizou então um movimento brusco de defesa com a mão. Este movimento
reflectiu-se no volante e consequentemente A perdeu o controlo sobre o seu automóvel que se projectou
na via oposta, provocando a colisão com o veículo que seguia na faixa contrária. Da mencionada colisão,
resultaram ferimentos em várias pessoas.
R: Automatismo tem de ser ligado a métodos de aprendizagem e a uma experiência????? reiterada.
Roxin – quando o estímulo corporal se transmite do centro sensorial para o centro do movimento estamos
perante um acto reflexo, não havendo acção. No caso ora em concreto, para Roxin não há acto reflexo,
logo há acção.
SD – há acto reflexo.

Caso 16
A conduz de noite, um automóvel na auto-estrada a 90 km/H vendo à sua frente a uma distância de 10/15
metros um animal do tamanho de uma lebre guinou o carro para a esquerda contra o separador central e
produziu-se a morte da acompanhante.
R: Há acção porque existe uma intervenção do nervo central. Há um movimento brusco, um automatismo.

OMISSÃO VS ACÇÃO

Caso 17
Com está a afogar-se em alto mar. A lança uma bóia a C, a meio retira-a e C morre afogado. QI?
R: Este caso está na fronteira entre a acção e a omissão. Naturalsiticamente a omissão era o nada e a
acção o dispêndio de energia. Para Roxin,
Normativamente esta conduta deve ser equiparada a quando o agente não age desde início (omissão). É
como se houvesse dois dispêndios de energia de sentido contrário.
Resta saber que tipo de omissão será? Omissão de auxílio (omissão pura) ou ??? or omisso
(artigo 131.º + 10º - estende a tipicidade). Omissão impura. …..

Subhipótese – A está a passear na praia. Tem nas mãos um copo de whisky e um charuto. Vê uma criança
a afogar-se a uma profundidade de 50cm de altura. Senta-se e assiste ao afogamento. Não havia mais
ninguém na praia.
R: artigo 200.º ou 131º? Tinha que se ver se havia posição de garante. Há que aferir o monopólio dos
meios de salvamento – ele era o único na praia. Posição de garante está no artigo 10.º/2. Esta posição de
garante obriga a evitar resultados mas não obriga a agir.
M.F.Palma - Meios de salvamento a constituir – posição de garante.

Caso 18
C está-se a afogar em alto mar. A lança uma bóia a C, ,as a meio do caminho B retira-a e C morre
afogado.
R: B interrompe processo causal de salvamento alheio (protagonizado por A). Isto não pode ser
normativamente comparado a uma omissão. Há uma acção.

Caso 19
A lança uma bóia a C. A puxa a bóia quando ele está prestes a alcancá-la.
R: Estruturalmente está mais próximo do caso 17 (há interrupção do processo de salvamento próprio).
Roxin – está prestes a alcançar a bóia, por isso já a atitude de A já entrou na esfera jurídica de C. Logo
há acção.

Caso 20
A é guarda de cancela. Certo dia, não querendo mudar a agulha à hora determinada, embriaga-se. Como a
agulha não fora mudada, dois comboios em direcções conflituantes acabam por trilhar na mesma linha.
Consequentemente colidindo, resultando a morte e ferimentos graves dos ocupantes.
R: Estava em posição de garante – omissão imprópria (crime de resultado). Havendo homicídio por
omissão.

2
Além da conduta do não fazer, temos a produção de um resultado típico que se imputa objectivamente à
omissão. O crime é o do artigo 10º + artigo 131º.
(Diferentemente: Omissão própria: mera inactividade, independentemente da verificação do resultado).
Roxin: omissão através de fazer “omissão libero en causa”
O que é acção livre na causa? Pessoa derrogar-se para cometer crime” 20º/4

Caso 21
C está a afogar-se em alto mar. A lança a bóia a C. A meio caminho, B a pedido de A retira-a. QI?
R: A – Autor; B – cúmplice por acção no crime de homicídio de A;
É um crime de homicídio de A. (é como se não tivesse lançado a bóia – Roxin). Deve analisar-se primeiro
o autor e depois os participantes.
Confrontar o caso 18 com o caso 21 – são estruturalmente parecidos.
Roxin: participação num crime omitivo de terceiro

Caso 22
A está a afogar-se. B apercebendo-se dessa situação resolve esconder o seu barco para ele não ser
utilizado por um terceiro. De imediato, surge na praia C, que, desesperado, não conseguiu acudir A em
tempo útil. QI se existirem vários barcos?
R: Roxin – crime de homicídio por acção de B. Só não era assim se houvesse vários barcos (neste caso
seria só omissão por parte de B (omissão de auxílio de B).
(caso estruturalmente parecido ao 18)

ROXIN – 3 categorias de omitir através de fazer:


1 – interrupção de salvamento próprio; (caso 17)
2 – omissão “libero en causa” (caso 20)
3 – participação activa num crime omitivo de terceiro; (caso 21)
Que tipos de omissão conhece? Omissão própria Vs Omissão imprópria (tem de evitar o resultado mas
não o evita).
 Crimes de omissão e resultado – Para F. Aguilar “são crimes que não são carne nem peixe”. Têm
características de omissão própria e imprópria.
277º/1 b) in fine – crime quanto á estrutura impróprio, mas quanto à técnica legislativa, a
semelhança é de crime próprio;
 Crime de mera inactividade – 200º

Caso 23
Num jardim, Abel repara que Berta de três anos de idade se está a afogar num pequeno lago com 30 cm
de profundidade. Nada fez e a criança acaba por morrer. Imagine que Abel é:
a) pai de B;
b) babysitter contratado pelos pais de B que, para furtar-se à eventual responsabilidade, invocam a
nulidade do contrato de prestação de serviços;
c) a pessoa que, inadvertidamente, empurra Berta para dentro do lago;
d) um primo afastado de B;
e) um estranho que passeia acidentalmente por aquele local;
Respostas:
a) Artigo 10º/2 – Posição de garante – dever jurídico especial / pessoal de evitar o resultado. Dever
fundado em laços de sangue.
Homicídio por omissão – interpretação objecto – artigo 131º + 10º; Omissão imprópria;
Fontes da posição de garante: lei, contrato, e ingerência.
Fonte da posição de garante: LeiCfr. 1874º CC; QI se fossem cônjuges? 1672ºCC; e se estivessem
separados?
Se não fosse o pai? Omissão de auxílio (omissão própria);

b) Há uma posição de garante resultante de contrato. Quanto ao facto de o contrato ser nulo? Poderá tirar
a responsabilidade? Há dever de vigilância por acto voluntário. Haveria sempre responsabilidade
(assunção tácita).

c) Ingerência (quando alguém perturba a esfera de outrem) – quando a posição de garante advém de uma
acção do agente sobre o bem jurídico (ingerência ilícita).
O artigo 200º não é nunca fonte de posição de garante para efeitos do artigo 10º/2. Ingerência lícita? Sim,
estado de necessidade (F. Dias);

3
O facto pode ser lícito (cfr. M.F.Palma – há também posição de garante) – alguém pode provocar um
acidente, mas respeitou sempre as regras de trânsito. Não tem que ser necessariamente um acto ilícito.
E se o acto for justificado? Ex: em caso de legítima defesa e estado necessidade (M. F. Palma).

d) Tínhamos que ver no caso concreto se havia comunhão de vida;

e) Dever geral de auxílio do artigo 200º( há posição de garante para o Prof. F. Aguilar e F. Dias), mas não
há posição de garante. Omissão própria. (M.F. Palma)
Se fosse o único a poder salvá-lo? Haveria posição de garante (F. Dias);

Caso 24
A e B são dois alpinistas empenhados em escalar o Everest a mil metros de altitude. A escorrega e cai,
ficando pendurado por um cabo. B verifica que este se desfaz rapidamente e nada faz. Abel cai no vazio e
morre.
R: Jurisprudência alemã.
Dever de vigilância mútua (alpinismo, mineiros – comunidades de perigo). Assunção tácita – posição de
garante (aplica-se artigo 200º). Não é um caso fortuito (normalmente no alpinismo só empende sobre o
guia. F. Aguilar não concorda).
M.F. Palma – não há posição de garante;
Se B corresse o risco de ela própria cair?
Imagine uma prostituta com o seu cliente. O cliente sente-se mal. Prostituta tem posição de garante em
relação ao cliente? M. F. Palma diz que há posição de garante (assunção de responsabilidade do corpo do
outro), mas entre namorados não há.

4
TIPICIDADE

Caso 1
Durante uma briga de namorados, B atinge A com um soco, pondo-a inconsciente. Transportado ao
hospital de emergência, A morre na sequência de um despiste provocado por óleo na estrada. QI?
R: Elencar as três teorias sempre e concordar com uma delas (Conditio Sinne Qua Non, Teoria da
Causalidade ou da Adequação e Teoria do Risco).
1 – Suprime-se ??? a causa que se averiguar. Ou o resultado ainda se verifica, ou não se verifica.
2 – É já uma teoria ????? – imputação objectiva.
3 – A previsão deve incluir todo o processo causal (FD – fascículos)
Há imputação objectiva por todas as teorias – por crime à integridade física.
Quanto ao homicídio: 1 – havia; 2 – não havia (normalmente dar um soco não implica morte
num despiste de ambulância); 3 – não ???
Os Tribunais defendem a teoria da adequação. F. Dias apenas utiliza a teoria do risco para
corrigir os problemas que advêm da teoria da adequação.

Caso 2
A dispara sobre C com o fim de matá-lo provocando-lhe ferimentos graves susceptíveis de causar a
morte. C é internado no hospital, vindo a morrer na sequência dum acidente que lá deflagra. QI?
R: Conditio Sine Qua Non – (sem disparo, C não morria, logo há imputação);
T. Adequação – segundo um juízo de normalidade é previsível que C morra (em abstracto – Menezes
Cordeiro), há imputação. Será previsível que o disparo provoque a morte num incêndio (em concreto)?
Não há imputação;
T. do Risco – Criou um risco à vida dele, mas não foi esse o risco que se materializou – não há
imputação;
S. Dias – A criou um risco não permitido mas que não se concretizou num resultado – imputação apenas
de homicídio tentado.
Teoria da adequação – previsibilidade em concreto não se verifica (disparar não provoca a morte por
incêndio).

Caso 3
A esbofeteia B. B é cardíaco e morre fulminado. QI se:
a) A desconhece o problema cardíaco de B?
b) A conhece o problema cardíaco de B?

Respostas:
a) 1 - Teoria da conditio: há imputação objectiva (se não tivesse dado bofetada, o senhor não morria);
2 - Teoria da adequação: como desconhecia que B era cardíaco não havia imputação objectiva (com base
no homem médio);
3 – Teoria do Risco: Saber se o risco é significante ou não? Ver ??? e “ex ante” (no momento da conduta)
e previsibilidade do homicídio – deve coincidir com os conhecimentos especiais do agente. Não há
imputação objectiva porque a natureza do risco tem de ser aferida “ex ante”. O resultado é aferido “ex
post”.

b) Actuação do homem médio corrigido pelos conhecimentos especiais do agente. Alcança a


responsabilidade porque ele conhece que B tem problemas cardíacos.
Teoria da adequação – há responsabilidade objectiva;
Teoria do risco – há responsabilidade objectiva;

Caso 4
A quer matar B. Para isso dissolve uma aspirina no interior da chávena de chá que lhe servia. B acaba por
morrer na sequência de uma raríssima alergia (desconhecida de A e de B) ao astil-salcídio.
R: Teoria da conditio sinne qua non . Há causalidade objectiva “se não tivese colocado aspirina, a última
não teria morrido”;
Teoria da adequação: Não há previsibilidade nem a adequação com base no conhecimento (não há
cuidados especiais de observação de um homem médio) – não há imputação;
Teoria do risco – Não seria risco uma pessoa morrer com uma aspirina. Aspirina não é um meio idóneo
de provocar um risco de morte. Objectivamente o risco provocado pela aspirina é insignificante. Aqui a
teoria do risco falha pelas mesmas razões da adequação – não há imputação. (juízo natural – ex post)
(avaliação do risco – ex ante).

5
Caso 5
Com intenção de afogar B (de 10 anos), filha do seu inimigo Carlos, A fura a bóia com que aquela flutua
no mar. Carlos que pretende suceder à filha num automóvel ganho por ela num sorteio publicitáro, finge
não ouvir os seus apelos e deixa-a afogar. Pode a morte de B ser imputada à conduta de Abel e/ou Carlos?
R: A fura abóia – teoria da conditio (há imputação objectiva); teoria da causalidade adequada (há); teoria
do risco (há) – homicídio por acção;
Carlos, pai de B – omissão imprópria; teoria da conditio (há); teoria da adequação (seria previsível que a
acção devida mas omitida teria evitado o resultado típico? Sim, logo há imputação objectiva 10º/1);
Teoria do risco (a acção devida e omitida teria diminuído o risco do resultado típico quanto às omissões?
há imputação objectiva) – homicídio por omissão (há posição de garante);
A omissão de Carlos tem algum reflexo quanto à imputação objectiva de A (não se pergunta pela
omissão, mas sim pela conduta omitida)? Saber se as omissões interrompem o nexo de imputação
objectiva. Em relação a A havia sempre tentativa de homicídio mas não por homicídio consumado?
Quando a omissão for imprópria quebra-se o juízo de imputação objectiva face à conduta de A?
Silva Dias: Quando a omissão é própria – não há interrupção do nexo de causalidade; Quando a omissão é
imprópria – pode haver interrupção do nexo;
Argumento a favor: o artigo 10º/1 equipara a omissão à acção. Mas em que termos opera essa
equiparação, e para quê?
Para haver imputação objectiva nestas omissões é necessária que se saiba que esta tal acção teria evitado
o resultado? Roxin / F. Aguilar – não é necessária essa certeza;

Caso 7 (Causalidade dupla ou alternativa)


A e B, separadamente, deitam no café de C doses letais de veneno. C bebe o café e morre. QI se:
a) o veneno de A actuou em primeiro lugar;
b) produzem os dois o efeito pretendido;
c) não se consegue determinar qual do s dois obteve o efeito pretendido (sabendo que foi uma dose que o
matou);
R: Teoria da conditio: nunca há imputação objectiva;
Silva Dias – teoria da conditio – conformidade às leis naturais??
a) Para o A imputação objectiva (homicídio consumado), para o B tentativa de homicídio;
b) Imputação objectiva aos dois por homicídio doloso consumado em autorias paralelas;
c) O Tribunal não conseguiria provocar qual dois obteve o efeito, por isso deviam ser acusados os
dois por tentativa de homicídio (princípio da inocência);

Caso 8
A e B planeiam separadamente, e desconhecendo cada um as intenções do outro, matar Carlos, usando o
veneno X, do qual são necessários 4 gramas para provocar a morte. Abel ministra a Carlos 3 gramas.
Horas depois Berta ministra um grama. Carlos morre.
R: Causalidade cumulativa = é a soma das duas acções que produz o resultado. Tentativa por um e
tentativa por outro, separadamente.
Teoria da conditio (condição sobre o qual o resultado não se verifica) – há imputação, porque se B não
lhe tivesse ministrado uma grama, o resultado morte não se teria produzido.
Teoria da adequação – não há imputação objectiva. Cada um deles responde apenas pela sua conduta
porque não há co-autoria. Eles planeiam matar Carlos separadamente. Se actuassem concertadamente,
haveria homicídio consumado em co-autoria (26º do CP).
Teoria do risco – o risco causado não era passível de provocar aquele resultado (não haveria imputação),
haveria tão só tentativa para ambos.

Caso 9
Abel quer matar Carlos e ministra-lhe para tal 3 gramas do mesmo veneno de X. Sabendo da actuação de
Abel, Berta que também se quer ver livre de Carlos, ministra-lhe uma grama. Carlos morre.
R: B sabia que para aquela pessoa, naquelas condições era necessária apenas uma grama para matá-lo.
Haveria para o A tentativa (= resposta anterior), e para o B homicídio consumado. Sabia B, e sabe um
observador médio que tivesse observado a mesma cena. Causalidade cumulativa.
Conditio sinne qua non: há causalidade; T. Adequação: Será que por um grama de veneno
(conhecimentos especiais), sabendo que isso lhe provocaria a morte é previsível? Há imputação.

Caso 10

6
A oferece uma passagem de avião a B, seu tio e senhor de uma grande fortuna de quem é o único
herdeiro. A espera ardentemente que o avião caia, o que, efectivamente veio a suceder, morrendo todos os
ocupantes da aeronave. QI?
R: não há crime. Mas pela teoria da conditio foi ele que lhe deu o bilhete – criação de um risco permitido
– não funciona aqui a teoria do risco porque este é permitido (é um risco socialmente aceitável sem o qual
a vida social paralisaria).
Se ele soubesse que alguém tinha colocado lá uma bomba (conhecimentos especiais)? Ai já havia
imputação para todas as teorias face a quem pôs a bomba e a quem deu o bilhete e sabia pela morte de B.
São autónomas.
Teoria da adequação – era previsível e provável que alguém oferecer um bilhete de avião possa causar a
morte.

Caso 11
A lança uma pedra na direcção da cabeça de B. C desvia a pedra, tendo esta atingindo esta o braço de B.
R: Aquilo que temos que saber é se a ferida na mão do braço de B podia ser imputada a C? Houve uma
diminuição do risco, não há imputação objectiva de acordo com a teoria da conexão do risco. Ao desviar
o projéctil diminui o risco de A.
Pela teoria da adequação, havia imputação objectiva porque era previsível que a pedra ao ser desviada iria
acertar-lhe.
Teoria Sinne qua non: Havia causalidade e portanto o agente responderia pelo resultado.

Caso 12 (Processo causal hipotético)


Um grupo de soldados fuzila ilicitamente em pleno teatro de guerra, um companheiro por força do
carácter intolerável do seu comportamento. Em sua defesa, invocam estes homens, que caso não tivessem
actuado, outros teriam levado a acabo o fuzilamento.
R: Autores de substituição/ Causas de substituição (doutrina alemã). Há imputação objectiva. Doutrina
equipara a causa virtual, mas o facto é que a causa virtual não se verifica. Fundamento: porque não
podemos ignorar o comportamento dos fuzilados.
Não procede o fundamento: “se não fossemos nós, eram outros”.
Porquê não é um comportamento lícito alternativo?

Caso 13
A assassino, encontra-se já deitado sobre a prancha de guilhotin – quando, no preciso momento em que o
executador se prepara para receber a concordância gestual do director do estabelecimento prisional – B,
pai da última vítima de A, salta para o pátibulo, empurra todos os presentes e acciona o mecanismo que
liberta o aço frio da lâmina
R: Teoria do Risco – Se B não tivesse accionado o mecanismo A teria morrido na mesma? Sim, erro da
questão de tempo. No há imputação objectiva.
Teoria da Adequação – Homem médio – era previsível que o accionar do mecanismo que liberta o aço
provoca-se a morte de A. Não há relevância da causa virtual. Há imputação objectiva.
Teoria do Risco – B cria um risco para a vida ao accionar o mecanismo. É esse risco que é a causa idónea
da verificação do resultado da morte. Há imputação objectiva. Causa virtual é irrelevante.
Causa de execução lícita (do executador)

Caso 14
O director de uma fábrica de pincéis importou peles de cabra a uma empresa chinesa. Apesar de saber que
os mesmos carecem de desinfestação, utilizou logo para fabricar pincéis. Em consequência disso, quatro
trabalhadores foram infectados com um bosilo. Segundo o relatório pericial, os procedimentos de
desinfestação prescritos, teriam sido ineficazes contra esso bacilo, sendo certo que, mesmo que os
mesmos houvessem sido observados, os trabalhadores teriam sido infectados à mesma. Os
procedimentos eram ineficazes, porque aquele bacilo era desconhecido na Europa..
R: Comportamento lícito alternativo – logo não há imputação objectiva. A infecção teria ocorrido na
mesma.
Isto coloca-se normalmente em crimes negligentes mas Roxin diz que também podem ocorrer em crimes
dolosos.
Mesmo que tivessem tomado atitude correcta, o resultado seria o mesmo. Não foi este risco não permitido
que se materializou no resultado.

Caso 15

7
A e B andam de bicicleta de noite mas, desrespeitando o Código da Estrada, circulam de luzes apagadas.
A, que vai à frente é colhido por um automóvel e morre. Pode B (que ia atrás) ser acusada de homicídio
negligente porque se fosse de luzes acessas iluminaria A e tornava-o visível para os automóveis que iam
em sentido contrário?
R: A norma do Código da Estrada é relativo à própria pessoa. Não é a norma em relação ao tipo
incriminador (131 ou 137). A norma serve para evitar riscos ao próprio veículo e não riscos para terceiros.
Não há imputação objectiva. Não se realiza ????????????
Roxin – não se realiza o perigo que queria prevenir o preceito de cuidado violado – não há imputação.

Caso 16
O condutor de um camião ao ultrapassar um ciclista não respeita a distância lateral de segurança
aproximando-se até 75 como. Durante a ultrapassagem o ciclista que estava alcoolizado gira o volante
para a esquerda por causa do álcool, caindo sob as rodas traseiras do reboque. Comprova-se que o
acidente teria possivelmente acontecido mm que se tivesse guardado a distância lateral de acordo com as
normas rodoviárias.
R: Causa virtual do raciocínio lícito alternativo.
Se ele tivesse guardado a distância de segurança possível ????????????mas não há certeza que isso
acontece – não há imputação.
?????
Roxin/F. Aguilar – não se sabe se o cumprimento da distância seria ou não inútil. Portanto, o agente devia
ter cumprido os deveres de cuidado. Como ele não cumpriu o dever não diminui o risco portanto há
imputação.
Comportamentos lícitos alternativos.
Se a conduta omitida diminuiria o risco havia imputação objectiva. Silva Dias.
Ex: cirurgião que não lava as mãos.
Caso 14 – seguramente; Caso 16 – possivelmente;

Caso 17
A esfaqueia B, com intenção de matá-lo, provocando ferimentos ligeiros. B não consulta um médico e
resguarda-se em casa onde acaba por morrer meses depois vítima de uma infecção provocada por esses
ferimentos. QI?

Caso 17A
A envenena B com veneno letal de efeito demorado. Passado algum tempo, arrepende-se e avisa B para
tomar o antídoto. B que havia decidido morrer, não toma o referido antídoto e acaba por morrer.
R: Em ambos os casos a morte de B transfere-se sobre a esfera de auto-responsabilidade do mesmo –
hetero-lesão.

Caso 18
Na sequência de um conflito de vizinhança, A incendeia, com intenção de destrui-la, e sabendo que
ninguém lá se encontrava a casa de B. B ao chegar a casa, tenta salvar os seus haveres e morre no
incêndio.
R: Morte de B imputável a A?
FA – há omissão, homicídio negligente ou doloso (depende da perspectiva) consumado;
Era imputável a A o resultado.

Caso 21
A quer matar B, mas o seu fair-play impede-lhe de o executar sem conceder qualquer possibilidade de
salvação à sua vítima. Alveja-lhe a 100 metros, com uma pistola que sabe que abrange 70 metros. O
disparo acerta em B que morre.
R: MFPalma: há imputação objectiva porque há criação de um risco não permitido;
F. Aguilar: só responderia por tentativa de objectivo, mas não pelo resultado; é justo imputar-lhe o
resultado, mas não vê a criação de um risco para a vida;

Caso 22
A quer matar B e desloca-se na sua direcção apontando na sua direcção com um revólver. B vai recuando,
acabando por cair da janela e morre.
R: O resultado morte é imputado ao agente?

Caso 23

8
Ao passar um sinal vermelho, A atropela B. Quando sabe da morte da filha (B), C, doente cardíaco em
estado grave, sofre um enfarte e morre. Morte de Com pode ser imputada a A?
R: Processo causal atípico; não há imputação objectiva (só se houver conhecimentos especiais do agente);
Doutrina alemã: dano choque;

Caso 24
A aconselha B a atravessar um lago com gelo quebradiço. B, amante de emoções fortes, aceita o desafio.
B, ao atravessar o lago, o gelo cede sobre os seus pés e B mergulha na eternidade das águas geladas.
R: há auto-colocação em perigo;
Porquê não há imputação objectiva? Pois este caso está claramente fora do tipo incriminador do
homicídio;
A resposta seria idêntica se B não soubesse que o gelo estava quebradiço? Já não havia auto-colocação
em perigo;

Caso 25
A quer que B, barqueiro, o leve a atravessar o rio, durante uma tempestade. O barqueiro desaconselha-o,
aludindo ao perigo, mas, perante a insistência do cliente, A acaba por empreender à arriscada missão. Na
viagem, o barco volta-se e A afoga-se.
R: hetero-colocação em perigo consentida (Prof. Costa Andrade);
Estamos fora do tipo incriminador do crime de homicídio; não há imputação objectiva, porque A entrou
porque quis e sabia bem as condições em que se encontrava (tempestade).
2) quando o risco corresponde a esse perigo;
3) responsabilidade nessa decisão conjunta;
4) o cliente tinha o mesmo conhecimento que o barqueiro;

Caso 28
A provoca por descuido, um incêndio em sua casa. B, bombeiro, ao tentar apagar as chamas, cai-lhe uma
viga em cima e morre.
R: Âmbito de responsabilidade alheia; não há imputação objectiva, pois estamos fora do tipo
incriminador do homicídio; Cai no âmbito da responsabilidade própria da actividade profissional do
bombeiro; mutadis mutandis para outras categorias profissionais (ex: polícia).

9
IMPUTAÇÃO SUBJECTIVA

Caso 1
A dispara sobre o cão de B, supondo tratar-se de um pedregulho num monte. QI?
R: Erro sobre os elementos fácticos de um tipo de crime.
Erro sobre os elementos do tipo:
- ignorância: ignorava que estava ali um cão, desconhecimento de uma/do que é a realidade (cão de B).
- suposição: conhecimento suposto. Não haveria presunção do artigo 16º (pedregulho – não tem
relevância).
Erro como conhecimento daquilo que não é: Cavaleiro Ferreira Artigo 16.º/1 – versa só sobre o erro
ignorância;
Elemento essencial? Dolo
Elemento intelectual/volitivo? Dolo, conhecimento e vontade da realização do tipo objectivo de ilícito.
No caso: não chega a haver dolo, ele não tem conhecimento (elemento intelectual)
Artigo 212º - não há crime de dano doloso (cfr. p. 16 erro – J.A.Veloso);
Consequência jurídica: 16º/1 exclui o dolo;

Exemplo de erro-suposição de tentativa impossível punida: A vai o quarto de B com uma pistola com o
objectivo de o matar. A dispara quatro tiros. Contudo, B já tinha morrido cinco minutos antes.

Exemplo de erro-ignorância não punível: A entra no quarto, pensa que está a decapitar B, mas decapitou
o Rato Mickey grande pertença de B.

Caso 2 (cfr. p. 19 erro – J.A.Veloso)


A quer matar B. Vendo um arbusto que se agita e, supondo que se trata B, dispara na direcção do arbusto
que se agita e que supõe ser B, tendo a bala se perdido no vácuo.
R: É um erro de suposição. O agente supõe erradamente a existência de uma pessoa. Não se aplica o
artigo 16º/1.
Erro ignorância arbusto não é relevante porque não é um elemento do tipo incriminador).
Consequência jurídica: Prof. tentativa de homicídio
Tentativa impossível de homicídio
Artigo 22º e artigo 23º/3
Inexistia a pessoa – se for manifesta a existência, a tentativa não era punível. Se não for manifesta a
inexistência a tentativa era punível de acordo com o artigo 23º/2 – artigo 73º/1 (atenuação especial
obrigatória)
Erro Vs falha de execução
Saber se um homem médio teria pensado que existia ali uma pessoa:
- se existia lá uma pessoa: era punido;
- se não existia lá uma pessoa: não era punido;

Caso 3 (cfr. p. 16 erro – J.A.Veloso)


A leva para casa um sobretudo do seu colega pensando que era seu (que é igual). Pode ser condenado
pelo crime de furto.
R: Erro ignorância: ele desconhece que a coisa é alheia. O elemento do tipo é desconhecido ou conhecido
do agente. Artigo 203º
Artigo 16º/1 aplica-se. Não é punível pelo artigo 16º/3.
Não há punição de furto negligente. (não há tipo incriminador).
Se há norma incriminadora. Ver se o comportamento é negligente ou não.

Caso 4
A leva a sua pasta pensado que se trata da pasta do vizinho. QI
R: Pensa que se trata da pasta do vizinho. Supõe o carácter alheio da coisa. Erro suposição – não se aplica
16º/1.
Problema de: tentativa impossível de furto..
Artigo 23º/1 – salvo disposição em contrário – 203º/2

QI sabendo que as pastas eram iguais? (cfr. p. 19 erro – J.A.Veloso) Era ou não manifesta a inexistência
do objecto (pasta)?
23º/3 não era manifesta para o observador médio que aquela não fosse a pasta do vizinho. Havia punição?

10
Caso 5 (cfr. p. 20 erro – J.A.Veloso);
A mata B (ignorância) pensado que se trata de C(suposição).
R: Erro sobre a identidade do sujeito. O Erro não é sobre o elemento do tipo portanto não se aplica o
artigo 16º/1. É um erro sobre a identidade do objecto (da vítima). Não é um erro o artigo 16º/1, é um erro
irrelevante – homicídio doloso.

Caso 6
Abel quer matar Celso (erro-suposição). Na verdade, julgando disparar sobre esse, dispara sobre a estátua
de Cutileiro, destruindo-a.
R: Ele pensa que está lá uma pessoa – erro de suposição. Tentativa de homicídio impossível por
inexistência do objecto – 13º/3 + 131º.
Ele não sabe que a estátua está lá – erro de ignorância que contêm elementos do tipo (16º/1) – exclui-se o
dolo + artigo 16º/3. Não há crime de dano negligente previsto no código portanto não se discute.
Aqui há concurso de erros que não é claramente de erros (seria um concurso efectivo, porque decorreu da
mesma acção) – mas não existe porque não há dano negligente portanto não há este tipo de concurso.

Caso 7
Abel quer matar o cão de Caros, seu vizinho, já que o bicho lhe dá conta das galinhas. Como vê mal de
longe dispara sobre o próprio Carlos, julgando tratar-se do cão. Carlos morre – artigo 212º/2 + 23º/1.
R: Erro de suposição quanto ao cão.
Erro de ignorância quanto ao Carlos – artigo 16º/1 e 3 + 13º
Há norma incriminadora para o homicídio negligente – artigo 137º
Tinha-se que ver se o erro era censurável ou evitável ou não.
Não era punível 23º/3.

Caso 8
Abel quer matar Carlos a tiro. Na verdade, julgando disparar sobre este, acaba por provocar a morte de:
a) D, irmão gémeo de Carlos; Há homicídio doloso consumado.
b) E, seu próprio pai; Ver se é crime qualificado ou não. Tem que se submeter isto ao crivo do
artigo 132º. Neste caso também há erro 16º/1. Ele desconhece que a vítima era seu ascendente –
artigo 132º(2ª). De qualquer maneira, havia homicídio doloso simples.

Caso 9
A quer matar B seu pai, supondo fazê-lo, mata na realidade, Carlos, seu estranho.
R: Tentativa impossível de homicídio qualificado de matar B + homicídio doloso simples (artigo 131º).
Se a tentativa for punível ele é punido por aqui e não pelo homicídio.
Porque é que não se pune por tentativa + homicídio? Porque ele só tem um dolo dirigido a um objecto e
não a dois. Ele então só vai ser punido por dos dolos que cometeu.
É um erro de ignorância, mas não é nos termos normais do artigo 16º/1 porque não exclui o dolo.

Caso 10
Adolfo pretende matar um cavalo e apesar de apontar na sua direcção, mata o tratador. QI?
R: A supõe que é uma pessoa e mata um cavalo. ??? efectivo:
1 – tentativa impossível de dano;
2 – homicídio negligente 131º + 16º/1 e 3;
A supõe que é um cavalo e mata uma pessoa. ?? efectivo:
1 – tentativa possível de dano; homicídio negligente;
Como é possível o artigo 23º/3 não se aplicar?
Houve aqui uma falha de execução. Aqui não é problema de 16º/1. Ele sabe que está lá o cavalo.

11
Caso 11
A dispara sobre B mas, por imperícia atingie Cristóvão que circulava por entre a multidão na mesma rua.
R: MF Palma – págs 80 a 82 da 2ª edição. “aberratio ictus”
Ele tentou matar B mas mata C. Tentativa possível de homicídio + homicídio negligente. Há uma
identidade de objectos. Há concurso efectivo porque não se pode ficcionar o dolo quanto ao objecto
atingido.
E se houvesse mesmo uma pontinha de dolo? Era dolo alternativo (ver o dolo eventual presente)

Caso 14
A dirige-se na direcção de Eva, sua mulher, com uma faca de cozinha e diz que vai matá-la. Eva, em
pânico, vai recuando e acaba por cair das escadas abaixo sofrendo uma morte imediata, em consequência
da coluna ??..
R: Morte de E pode ser imputada a título de dolo a Adolfo.
Para F. Aguilar aqui o erro não é relevante. Há imputação objectiva.
FDIas – em princípio onde há imputação objectiva há imputação subjectiva;

Caso 15
A pretende matar Carlos a tiro. Para dificultar as buscas aos polícias enterra o seu cadáver. Na verdade, o
tiro deixa Carlos moribundo. Este morre asfixiado quando A que julgando que o matou, o enterra.
R: Resultado retardado. Só mata no 2º momento. Há acção dolosa no 1º momento (tentativa possível de
homicídio) e no 2º momento há homicídio por negligência – F. Aguilar.
Doutrina do “dolo generalis” – une os dois momentos. ???????

Caso 16
A planeia matar Carla, simulando o seu suicídio atordoando-a com uma pancada na cabeça e enforca-o
para o afixiar. Carla morre logo com a pancada e é já o seu cadáver que Abel pendura na ????.
R: 1 momento – homicídio doloso consumado (dolo eventual). 2 momento – tentativa impossível por
inexistência do objecto;

Caso 17
Abel coloca à venda no seu recém adquirido supermercado, frango a um preço por kg não permitido por
tabela legal cuja recente actualização é conhecida de todos. Pode ser punido por especulação previsto no
35º/1 do DL 28/34 de 20 de Janeiro.
R: Erro sobre as produções 16º/1 2ª parte “mala prohibita” ou erro sobre a ilicitude (17º “mala imse”);
Ver se o desvalor axiológico resulta já da conduta (independentemente de ser criminalizada ou não) ou se
resulta esse desvalor do facto de esta ser criminalizadora.
Neste caso é preferível aplicar o artigo 16º/1 2ª parte (ver FDias).

Caso 18
A pensa ver a sua amiga B a ser agredida por um estranho e intervém, prostrando este com um soco. O
estranho era na verdade Carlos, velho amigo de B e lutador de wresling que a cumprimenta com uma
amigável palmada nas costas.
R: Erro sobre os elementos situacionais de uma causa de justificação (que a sua legítima defesa) – artigo
16º/2
É um erro de suposição.

Caso 19
B entrega a A um anel para ele guardá-lo. A apodera-se do anel e é acusado de abuso de confiança (205º).
A afirma julgar que praticou crime de furto (204º). Pode ser condenado pelo primeiro?
R: Erro que o agente faz na qualificação do crime que pratica. Não é um erro sobre o elemento do tipo de
confiança – não é erro do artigo 16º. Nem do artigo 17º (porque ele sabe que pratica um ilícito).

12
Caso 12
A dispara sobre B mas por má pontaria, acaba por matar Helga, namorada de B, que com este passeava na
rua de mão dada. Se estamos perante um dolo eventual ou dolo alternativo de acordo com a MF Palma.
Para o Prof. pode também aqui haver aqui uma “aberratio ictus” como no caso 11 (caso o agente tivesse
uma confiança tal na sua pontaria que não pusesse a hipótese de acertar na Helga) e assim seria tentativa
possível de homicídio + homicídio negligente.

Subhipótese – Agente tem um pato e um homem à sua frente e dispara:


a) acertou no homem - homicídio doloso consumado;
b) acertou no pato – há dano;
c) acertou em ambos – há dolo alternativo;
d) a bala passou no meio de ambos – há dolo alternativo (para o Prof FDias não).

Caso 20
A quer assaltar um banco, mas para isso sabe que tem de matar B, vigilante dessa instituição. Um dia,
mata o vigilante, entra no cofre e tira o dinheiro.
R: Matar B surge como uma etapa necessária para o fim da conduta (que é assaltar o banco) – dolo
directo em 1º grau.
Qualquer das modalidades de dolo se encaixo no artigo 131º
Dolo eventual 14º/3
FDIas – distingue quando o fim visado (último) não é o homicídio mas sim o assalto. Nesse caso o
homicídio é um meio, mas ainda assim há dolo directo intencional. Se for uma consequência inevitável, já
seria de 2º grau.

Caso 21
A, agente da CI, tem como missão eliminar B. Para isso, coloca uma bomba no avião onde este se
desloca. Bomba, provoca a morte a e a 50 passageiros e tripulantes do voo, bem como de 450 passageiros
e tripulantes de um outro avião atingido numa turbina por um estilhaço proveniente do primeiro um avião.
R: Quanto a B – dolo directo em 1º grau;
Quanto às pessoas do avião – dolo directo em 2º grau;
Quanto às pessoas do outro avião – não há dolo directo nem mesmo como dolo eventual (depende do
agente se ter conformado com a ocorrência desse dano). Não há tão pouco negligência consciente.
Artigo 15º/1 b) – negligência inconsciente (porque não exige representação do agente;

Caso 24
A, faquir pretende demonstrar a um mundo céptico e cínico, a excelência das técnicas de faquirismo. Para
tal, enterra Eva, sua mulher esperando que ela viva, fazendo uso da sua ancestral sabedoria. Quando Eva é
desenterrada consta-se que já é cadáver.
R: Morte de Eva: Negligência consciente (a vida da mulher fica secunda rizada perante o objectivo) -
FDias “teoria da conformação” e Roxin.
Dolo eventual (toma a sério a possível lesão) – Fpalma e F. Aguilar.

13
ILICITUDE

Caso 1
Indique se há legítima defesa ou não.
a) Adolfo dispara sobre um doberman que o ataca.
b) A dispara sobre um doberman que o ataca por ordem do dono do cão; R: Agressão
c) A dispara sobre um doberman que o ataca após ter pedido infrutiferamente a Eva (dona do cão)
que o parasse. R: Omissão por parte de E (imprópria).

Caso 2
A lê num diário intimo do seu sobrinho B que este pretende matá-lo. Idoso e paralítico sabe que quando o
momento chegar terá pouca defesa. Daí espera a chega de B armado com uma caçadeira, e quando B
chega a casa dispara e mata-o.
R: Não há legítima defesa (32º); Não há actualidade da agressão se o agente esperasse pelo momento da
mesma, seria tarde demais e já não se podia defender – causa de justificação supra-legal (não
explicitamente consagrada na ordem jurídica).

Caso 3
A é atacado por B, portador de anomalia psíquica. Podendo fugir, confronta o seu agressor, esfaqueando-
o e causando-lhe a morte.
R: Há agressão, é actual e ilícita. Há um requisito não preenchido: o meio não é necessário (podia ter
adoptado um meio menos gravoso). Contudo, o meio era idóneo (acabava com agressão), deste modo há
um excesso de legítima defesa (33º) – desproporção da defesa.
F. Aguilar – não concorda com a solução de fuga, embora admita que ela evita a agressão.

Caso 4
B, velho inimigo de A, reparando na presença deste corre ameaçadoramente na sua direcção dizendo
“desta não escaparás”. A, campeão nacional de halterofilismo utiliza um jarro (único ao seu alcance e
propriedade de Carolina) contra B partindo na sua cabeça.
R: Há agressão iminente, que é ilícita. O meio é necessário? Utilizar as mãos seria menos gravoso? Não
se sabia porque ela era campeão. Admite-se que este é um meio necessário de acordo com o artigo 32º. A
destruição do jarro seria ao abrigo do artigo 34º (estado de necessidade) e não ao abrigo do artigo 32º
(legítima defesa).
Se o jarro fosse dele próprio nada haveria a justificar porque ela partia um jarro dele. Só não há legítima
defesa quanto à jarra porque é de terceiro.

Caso 5
A está a subtrair ½ dúzia de maçãs do pomar de B. Este à distância só pode disparar sobre A. Este morre.
R: Manifesta desproporção entre o roubo das maças e o disparar (33º) – limites do direito do agredido em
relação aos direitos do agressor.

Caso 6
A, inimigo de B e conhecedor da sua irrascibilidade insulta este último com o intuito de, após este bater-
lhe, lhe infligir uma valente sova.
R: Provocação de legitima defesa através de um acto ilícito. A agressão de defesa decorre de um acto pré-
concebido.
Neste caso, como ele insulta mas depois para, o acto de B é ilícito.

Caso 7
A, activista do movimento “pro-life” entra numa sala de operações, onde B (médico) realiza um aborto
imotivado (140CP) a pedido de Eva. Pode Adolfo impedir a realização do aborto com base em legítima
defesa.
R: Bem jurídico – vida humana pré-natal pode ser protegido pelo artigo 32º? O feto é um terceiro em
legítima defesa para o artigo 32º?
Neste caso não está em causa o artigo 142º. Pode ser considerado um terceiro para efeitos de legítima
defesa. ??? jurídica parcial.

Caso 9

14
A, vendo B seu filho dirigir-se contra si, empunhando um machado nada faz apesar de ter em seu poder
um revólver. Brutalmente golpeado pelo seu filho, A perde os sentidos à segunda machadada. Após o
quarto golpe, aparece C que, horrorizado com o espectáculo, dispara sobre B, provocando a sua morte.
R: Há legítima defesa de terceiro. A ainda estava vivo. Mas queria este ser defendido (note-se que ele não
usou o revólver)? Sempre que o bem jurídico é a vida a vontade do agredido é irrelevante – artigo 32º -
legítima defesa de terceiro.

Caso 10
B, dirige-se efusivamente na direcção de A para o cumprimentar. A não sabe se o B o vai agredir ou
cumprimentar, mas empurra B quando este está ao seu alcance porque:
a) apesar de se inclinar para a hipótese do cumprimento, age por precaução;
b) se persuade que o B o vai agredir;
Subhipótese – Imagine que A tinha disparado sobre B.
R:
a) Ver Rui Pereira “Justificação e erro”;
Não há legítima defesa, não há erro, não há nada – há ilícito;
b) já está com pré-disposição de que o B o vai agredir, legítima defesa putativa??? (erro – 16º/2); exclui-
se o dolo, mas pode haver negligência pelo 16º/3 que o há 148º (restava saber se o erro é evitável ou não)
– neste caso parecia que era;
Subhipótese: Há erro e excesso de legítima defesa. O erro é a causa deste excesso? Não. Não se aplica o
16º/2 porque mesmo que se pensasse que ia ser ser agredido com uma palmada (e isso fosse verdade)
haveria excesso à mesma – artigo 33º por analogia (porque os pressupostos não estão preenchidos).
Caso 11
A corre na direcção de B, brandindo uma espada e afirmando que o vai mandar para junto do criador. B
dispara sobre A que cai. Pensando que este se vai levantar, este volta a disparar sobre o inanimado A.
R: MF Palma – excesso extensivo que resulta de um erro. Pensa-se que este vai retomar a agressão e por
isso o outro volta a disparar. Aplica-se o artigo 16º/2 (exclusão do dolo) – possibilidade de negligência
(16º/3).

Caso 12
A corta os pulsos. Pode B ao abrigo da legítima defesa arrastar A à custa de algumas bofetadas até ao
Hospital. QI?
R: Legítima defesa de terceiro. Mas até que ponto aqui estamos perante uma agressão ilícita? Há um
direito ao suicídio? A autonomia do agente sobrepõe-se a um direito do agente? Aqui a agressão é ilícita.

Caso 13
a) Da janela do seu quarto, A alveja com intenção de matar B, sua vizinhha da frente e velha resmungona.
B morre efectivamente atingida instantes antes de, por sua vez, chegar a disparar sobre Colombo com
intenção de matá-lo- A desconhece esse facto.
b) E se A tivesse atingido Bm ao limpar a pistola na janela;
c) E se A conhecer da iminência de agressão de B a Colombo, tivesse aproveitado da situação para se
desembaraçar da primeira;
R:
a) Legítima defesa de terceiro? É necessário elemento subjectivo nas causas de justificação? É porque é
um fundamento misto: o ilícito é constituído por um desvalor do incumprimento por acção e desvalor do
resultado. Para se excluir a ilicitude é necessário compensar o desvalor da acção (através do elemento
subjectivo) e o desvalor do resultado (através do elemento objectivo).
Aqui não há elemento subjectivo. Não há legítima defesa. então aqui há dolo, aplica-se o artigo 131º
Francisco Aguilar – aplicação analógica do artigo 38º/4 pois verificam-se os elementos objectivos mas
falham o subjectivo (quando isto acontece há aqui analogia do regime da tentativa).
b) Crime de homicídio negligente (137º). O desvalor da acção do crime negligente é diferente do valor da
acção do crime doloso (não é tão intenso no primeiro). Aqui o desvalor da acção é o incumprimento do
dever de cuidado. Aqui o agente ficaria impune (compensado o valor do resultado deixa de haver matéria
punível). Temos objectivamente legítima defesa e subjectivamente não temos.
c) Objectivamente e subjectivamente há legítima defesa. Basta o conhecimento da situação justificante
(como elemento subjectivo) – não é necessário a intenção de defesa, porque é difícil determinar o
“animus” de qualquer pessoa – legítima defesa está preenchida 32º

15
Caso 14
A ministra a B uma dose letal de veneno. Arrependendo-se dirige-se à farmácia. Encerrada ela parte a
montra e leva o antídoto. Carlos dono da mesma dá-lhe um soco.
R: Quanto ao A: Tentativa de homicídio quanto ao B; Quanto à farmácoia há estado de necessidade (34º).
Mas a al. a) está preenchida? Está porque é para proteger o interesse de B, apesar de ter sido A quem o
pôs em perigo.
Quanto a Carlos: Ofensa à integridade física, mas Carlos não conhece a história de A com B. É um erro
sobre elementos situacionais (16º/2) e há então exclusão de dolo.

Caso 15
A faz queimada no quintal e fogueira e ameaça a casa de A. B não está em casa e A arromba para tirar a
mangueira dele.
R: Artigo 34º? A situação de perigo para a casa é criada negligentemente, portanto não havia obstáculos à
al. a) do artigo 34º (aplica-se este artigo).

Caso 18
Urgência no hospital. Entram lá dois pacientes. O segundo (B) tem mais de 100 anos, C está na flor da
idade e grávida. A, médico dispondo apenas de uma máquina cardio-pulmonar, liga-a a B porque estava
traumatizado e com preconceitos resultantes do divórcio. C morre.
Subhipótese: E se posteriormente desse entrada no hospital também um doente carenciado da mesma
máquina o senhor E, Prémio Nobel da Medicina que no dia a seguir ia revelar a cura para o câncer.
R: Ele não podia ser conduzido pelo seu preconceito e C está na flor da juventude e grávida. Se ela
morresse, o homicídio dela seria homicídio doloso por omissão (131º + 10+). O estado de saúde dos dois
era igual. Não estava justificado se o perigo fosse diferente. Deste modo, neste caso, aplica-se o artigo 36º
Subhipótese: Ele já ligou a máquina a B. Pode ele agora desligar a máquina a B para ligar a D? Conflito
de deveres entre omissão e acção. Cumpre o dever de acção (34º) (este comportamento não está
justificado). Recuava do 36º para o 34º. O dever de omissão é superior ao da acção (neste caso).
Se ele não desligou e não ligou a D cumpre o dever de omissão. Prof. F. Aguilar artigo 6º

Caso 19
A tem um sonho desde a sua tenra infância: ser amputado de uma perna. Já à décadas que se desloca no
interior da sua casa na sua fiel cadeira de rodas. Após anos e anos de luta, convence um amigo talhante B
a executar a amputação.
R: É um bem jurídico disponível Mas há aqui irreversibilidade da ofensa (amputação). Infringia ?? bons
costumes e o consentimento não era válido (149º/2).

Caso 20
A e E mantém uma relação sexual consentida. O consentimento de E é desconhecido de A, que por ter
usado usado violência pensa que cometeu o crime de violação.
R: É uma situação inversa do artigo 16º/1 Costa Andrade. Paradigma dualista Não se aplica o artigo 38º/4
porque não é uma questão de consentimento neste caso. Este é um caso de acordo (os bons costumes não
funcionam assim) deste modo, a conduta é atípica.

16
COMPARTICIPAÇÃO
Caso 1
Adolfo quer matar Bento. Para tal:
a) convence-o a agarrar um cabo de alta tensão assegurando-lhe que o mesmo não representa qualquer
risco;
R: A: autor mediato; B: autor imediato – a vítima é o próprio instrumento;

b) pede a Carlos que espete uma forquilha num monte de feno sob o qual Bento se encontra a dormir
(facto desconhecido por Carlos);
R: Artigo 16º/1 – Dolo de C é afastado; A: autor mediato;

c) convence Carlos que Bento irá entrar em casa, dentro de momentos, de arma em punho, pronto a
disparar sobre si com o intuito de lhe provocar a morte;
R: Erro sobre causa de justificação (16º/2) que é provocado pelo A. Çogo A é autor imediato e C punido
por negligência.

d) convence Carlos, jovem muito prestável mas com uma evidente oligofrenia, a esfaquear Bento em
troca de dez rebuçados de mentol; R: A: autor imediato

e) dá uma faca a Carlos dizendo-lhe que tem um minuto exacto para matar Bento, que se encontra no
quarto ao lado. Se o não fizer, Adolfo disparará um tiro na testa de Daniel, filho de Carlos, que mantém
preso;
R: A: auto mediato – houve coação “vis relativa”

f) assina uma "ordem de serviço" na sua qualidade de "padrinho" de um "sindicato" de actividades


criminosas;
R: A – autor mediato

g) empurra Carlos, que segura, naquele preciso momento, um estilete afiadíssimo, na direcção de Bento.
R: A – autor imediato. Não há acção por parte de quem é empurrado (houve coação física – vis
absoluta). Toda a doutrina diz isto excepto: FDIas e Rui Pereira.

Caso 2
Adolfo prepara uma chávena de chá envenenado e ordena a Bento - que desconhece o plano criminoso -
que se encarregue de a servir a Carlos. Bento confunde Carlos com Daniel, servindo a bebida a este
último. Daniel morre.
R: A – autor mediato; Erro sobre a identidade (é irrelevante) o que equivale para o autor mediato com
uma situação de erro de execução.
Solução: concurso efectivo ideal de tentativa e homicídio.
Caso 3
Tendo em atenção o caso 1:
a) e se, na alínea d), Carlos fosse afinal, imputável?; R: Instigador – A; autor imediato – C;
b) e se, na alínea b), Adolfo julgasse que Carlos tinha conhecimento do local em que Bento se encontrava
a fazer a sesta?
R: objectivamente imediato; subjectivamente instigador; vai ser punido como instigador (16º/1);

Caso 4
Determine o início da tentativa nas hipóteses b) e e) do caso 1.
R: b) logo que o autor pratique o acto de execução ou então quando o autor mediato ficasse apenas na
dependência do imediato (desafectação do processo causal).

Caso 5
E se, no caso 1, alínea d), Carlos acabasse por matar, não apenas Bento, mas, também, toda a sua família,
de modo a conseguir mais uns "saborosos rebuçados de mentol"?
R: Excesso. A autor mediato relativamente ao que #encomendou”. Quanto ao resto não tinha nada a
haver;

Caso 6
Adolfo e Bento pactuam roubar Colombo, mantendo Adolfo a vítima em respeito, sob a ameaça de uma

17
pistola, enquanto Bento retira, dos seus bolsos, o dinheiro. No decurso da execução, Bento verifica
decepcionado que Colombo não traz consigo dinheiro.
R: A e B actuam em co-autoria (decisão e execução ??? + conveniência que actuem conjuntamente por
parte dos 2). Isto pode ser tácito (ex: troca de olhares).
Tentativa falhada, logo não pode haver desistência (há uma inexistência do objecto).

Caso 7
Bento, ao passar de noite por uma rua, vê que Adolfo espanca violentamente Colombo que está prestes a
perder os sentidos. Bento espera, escondido, que a vítima fique inanimada e o agressor se afaste para,
então, subtrair o dinheiro a Colombo. No decurso da execução, Bento verifica que a vítima não traz
consigo dinheiro.
R: Ambos autoes (mas não há co-autoria) . B: tentativa falhada;

Caso 8
Adolfo e Bento concebem o plano de matar Colombo, ministrando, ao longo de determinado período de
tempo, cada um deles, em dias alternados, uma dose de veneno, em bebidas a tomar pela vítima. O plano
é descoberto logo depois de Adolfo ter ministrado a primeira dose prevista.
R: A e B co-autores. Logo que um comece inicia-se a tentativa para todos.

Caso 9
Abel e Berta são dois terroristas que querem matar um político. Sabem que este, de visita a uma cidade
de província, utilizará um de dois caminhos para nela entrar. Cada um situa-se num lugar de cada
caminho de onde poderá com grande probabilidade atingir o seu alvo. O político entra na cidade pelo
caminho onde está Abel, que dispara, limitandose, no entanto, a feri-lo com gravidade. R: Ambos são co-
autores diz Roxin.
a) E se Abel estivesse em Lisboa e Berta em Manila, porque o político iria aparecer, nesse dia, numa
destas cidades?

Caso 10
Abel e Berta são dois terroristas que querem matar um político. Sabem que este, de visita a uma cidade
de província, utilizará necessariamente determinado caminho para nela entrar. Como o local é de difícil
visibilidade combinam, para aumentar a probabilidade de sucesso, disparar ambos, simultaneamente,
sobre o seu alvo, o que fazem. O político morre atingido por uma única bala, mas não consegue provar-se
qual deles a disparou.
R: Causalidade alternativa – são co-autores; ambos punidos por homicídio doloso consumado;

Caso 11
Adolfo, Bento e Carlos costumam realizar, em conjunto, uma série de assaltos. Neste contexto:
a) Adolfo, cérebro do "gang", ordena a Bento e Carlos, a realização de um assalto a uma instituição de
crédito, tarefa que estes últimos prontamente executam;
R: F. Aguilar – A seria instigador porque para ser co-autor teria de haver uma acção em conjunto com os
restantes (ex: controlo à distância); D e C são co-autores;
b) Adolfo encomenda um plano a Daniel, conhecido estratega "doutorado" em ciências criminógenas,
para a realização de um assalto e, uma vez na posse do mesmo, ordena, a Bento e Carlos, a execução do
plano;
R: A – instigador; B e C – co-autores; D – cúmplice material;
c) imagine que, no âmbito da sub-hipótese anterior, Adolfo telefona, durante o assalto, a Bento, de modo
a explicar-lhe como colocar o explosivo no cofre-forte do banco.
R: A, B e C são co-autores.

Caso 12
Adolfo, Bento, Carlos e Daniel planeiam a realização de um assalto a um banco.
Nos termos do mesmo, Adolfo ficará à porta encarregue da vigilância do edifício, Bento ameaçará os
funcionários e clientes com uma arma de fogo, Carlos encherá os sacos com dinheiro e Daniel esperará,
no passeio em frente, com o motor do carro ligado, pela fuga dos seus companheiros.
R: C e B são co-autores; A e D são cúmplices m?? e m??;
Teoria da causalidade Critério casual – o acto de execução de cada um dos co-autores têm que ser
essenciais à obtenção do resultado;
Caso 13

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a) Abel pede a Berta que entregue a Carlos um presente de aniversário. Berta as sim faz, deixando o
embrulho em casa de Carlos. Na verdade, não se tratava de um presente, como Berta julgou, mas de uma
bomba-relógio que explodiu à hora programada, matando Carlos.
R: A . autor mediato; B – erro de ignorância – artigo 16º/1 exclui-se o dolo nas não negligência 16º/3 –
autoria imediata;

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