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Resumo da Sentença dos autos de nº. 0521.16.006588-9.

O presente resumo cuida-se da sentença proferida nos autos de número


0521.16.006588-9 na 2ª Vara Cível da comarca de Ponte Nova, Minas Gerais, na qual o
requerente é Sebastião Geraldo da Silva e o requerido a empresa Samarco Mineração
S/A e outros.
A referida sentença foi ditada em uma ação cominatória c/c danos materiais e
morais, que foi ajuizada pelos autores Sebastião Geraldo da Silva e Sebastião Geraldo
da Silva - MEI em face de Samarco Mineração S.A., Vale S.A. e BHP Billiton Brasil
LTDA.
Em síntese, foi narrado que a barragem de rejeito de minério da primeira
requerida se rompeu na cidade de Mariana, situada em Minas Gerais, o que acabou
ocasionando sérios e irreversíveis impactos ambientais desde município citado até o
Estado do Espírito Santo.
Ademais, conforme mencionado, o autor venceu um processo licitatório para a
construção de uma lanchonete com área de recreação e o uso de lago para realizar
passeios de jet-ski e pesca. Contudo, com o rompimento da barragem o autor sofreu
com grandes transtornos, uma vez que após dispensar um considerável valor, de modo a
investir nos negócios planejados, teve que adiar o início de sua atividade e ainda ver o
total afastamento dos turistas, visitantes e pescadores que frequentavam o local. Dessa
forma, o autor alega ter sofrido danos ambientais reflexos que são os que atingem
direitos individuais.
Ao final da ação, os autores requereram que fosse julgado procedente a
gratuidade da justiça; condenar a ré ao pagamento mensal de 1 Salário Mínimo ao autor
desde 06/11/2015; pagamento de danos morais no valor de R$ 20.000,00, pagamento de
indenização tendo em vista a perda de uma chance no valor de R$ 25.000,00; citação
das rés, por via postal; que as rés sejam condenadas a pagamento de despesas
processuais e honorários advocatícios; determinação da inversão do ônus da prova.
Diante do caso tratado, cabe ressaltar que a responsabilidade civil ambiental é
objetiva e que assim sendo, não se faz necessário que seja realizada a identificação da
culpa do agente, apenas que seja provado o exercício de atividade de risco, dano e que
reste demonstrado o nexo de causalidade.
Ademais, na decisão o magistrado busca corroborar esses aspectos com duas
premissas metodológicas destacadas pelos professores Tepedino, Terra e Guedes (2020,
p. 113), que diz:
(a) a incompatibilidade da técnica da responsabilidade objetiva com a
pesquisa da culpa, mesmo que presumida, rompendo-se a lógica subjetivista
tão arraigada na tradição cultural brasileira; (b) a necessidade de que a
solução dos conflitos em matéria de responsabilidade civil atenda aos
princípios constitucionais da solidariedade social e da justiça distributiva.

Ainda, assim como destacado na sentença, a mineração já é por si só uma


atividade indiscutivelmente de risco e que os empreendimentos minerários já causam,
ordinariamente, riscos para toda a sociedade, riscos esses que se potencializam quando
as empresas não empregam os cuidados necessários de modo a evitá-los.
Ainda, cumpre destacar que o magistrado para definir a concepção de risco
adotada no Brasil, ele apontou a teoria do francês Josserand (1941, p. 556) que dizia:
“quem cria um risco deve, se esse risco vem a verificar-se à custa de outrem, suportar as
consequências, abstração feita de qualquer falta cometida”.
No decorrer da sentença também fica evidente que foram preenchidos os
requisitos necessários para a responsabilização dos réus, uma vez que restou
demonstrado que com a invasão da lama no local em que o autor abriria seu negócio e,
consequentemente, o autor ficou sem atingir seu objetivo de auferir uma renda maior, o
que o levaria a uma possibilidade maior de ter uma vida mais digna e confortável, para
ele e a família, assim dos dizeres do juiz.
Por fim, o magistrado entendeu que configurada a violação à dignidade da
pessoa humana, abre-se a necessidade de condenação à indenização a título de danos
morais e materiais ao autor, nos termos delineados, julgando parcialmente procedente os
pedidos realizados pelo requerente, tendo ainda reconhecido a perda de uma chance,
conforme apresentada.
Nota-se que os pedidos foram julgados parcialmente procedentes, pois não
entendeu o douto juízo que, o requerente fazia jus à pensão pretendida, já que o autor
não chegou a exercer a atividade no empreendimento vencido no processo licitatório,
não havendo assim, valores a serem avaliados e determinados, considerando que o autor
não chegou a sequer receber qualquer renda referente ao negócio pretendido.

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