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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO – HABILITAÇÃO EM
CIÊNCIAS DA NATUREZA

Nome: Gabriella Fernandes Livino Vieira


Matrícula: 97893

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – ENA 442


apresentado à educadora Rafaella Martins

Viçosa - MG
SUMÁRIO

1. Introdução de onde venho……………………………………………..3


2. Minha caminhada formativa no Estágio Supervisionado III…………..5
2.1. Processos educativos na UFV e o Estágio Supervisionado III………...7
2.2. As leituras e o estágio supervisionado III……………………………...8
2.3. A chegada à escola…………………………………………………….10
2.4. As regências no ensino de Física no ensino médio……………………14
2.5. Reflexões sobre o ensino de ciências da natureza na Ed. do Campo….15
3. Considerações finais – para onde vou…………………………………17
4. Referências…………………………………………………………….19
5. Anexos………………………………………………………………....21

Anexo I – PLANOS DE AULA

Anexo II – FICHAS DE AVALIAÇÃO

Anexo III – FICHAS DE REGISTRO FREQUÊNCIA


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1. INTRODUÇÃO – DE ONDE VENHO

Sou Gabriella, tenho 25 anos. Nasci na cidade do Estado do Rio de Janeiro.


Minha infância foi na zona rural, em Seropédica, na Baixada Fluminense do Estado do
Rio de Janeiro. A vivência no campo formou minha identidade pessoal e cultural,
morava em um quintal rodeado de árvores, frutas, verduras, plantas, animais e uma
grande família composta por pais, avós, tios e primos em um mesmo território. As
memórias desta infância se fazem presentes e trazem afeto ao coração. Quando lembro
do cheiro de bolo de laranja de minha avó e meu avô cortando lenha para fazer comida.
Passava a maior parte do tempo com os meus avós, pois meus pais trabalhavam durante
o dia. Eu acredito que os mais velhos são bibliotecas vivas e os conhecimentos passados
pelos meus mais velhos me possibilitaram aprender, ouvir, refletir, querer conhecer
mais, me fazer crescer com raízes fortes e buscando ser minha melhor versão. É
primoroso o valor de poder crescer e se desenvolver em comunidade diante de um
mundo ocidental e globalizado que anda tão amargo e cada vez mais desumanizado.

A partir dessa infância, depois de alguns anos, fui morar na zona urbana com os
meus pais, logo, obtive outras influências ao decorrer da jornada, assim, na
adolescência, conheci a Capoeira Angola e outras manifestações culturais
afro-brasileiras, como o jongo, o samba de roda, assim, a Capoeira foi/é uma escola que
contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal, social e coletivo, assim, ampliando
meu olhar de mundo, contribuido pro meu proceso formativo e de identidade negra,
antirracista, trazendo um olhar mais humano, inclusivo, com consciência racial, política,
cultural e territorial também. Me considero uma pessoa comunicativa e interativa,
assim, o ambiente escolar e espaços formais e não formais de trocas sempre foram
proveitosos e sinceros, pois acredito na visão africana Ubuntu que seria ‘Eu sou o outro
e o outro sou eu’’, logo me vejo no outro e assim respeito como quero ser respeitada e
valorizada. Todos nós carregamos uma luz dentro de nós e quando essa luz bate com
outras luzes, se expande e assim surgem grandes potências de aprendizados e trocas de
energia, saber, força, realizações e celebrações. Assim, espaços coletivos são espaços de
cura e trocas valiosas.
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A observação do estágio I e II me trouxe muitas contribuições importantes no


sentido de observar e ter boas reflexões positivas e negativas que envolvem o campo da
educação e ambiente escolar. E além disto, a troca de conhecimentos e trazer novos
conhecimentos e possibilidades é de grande valor e gera bons frutos. Observei que é de
suma importância a contribuição e colaboração de todos da escola, como a gestão
escolar, os supervisores, coordenador, serviços gerais, merendeiras, educandos, pais
entre outros para que haja um bom desenvolvimento escolar. Contudo a realização do
estágio III e os saberes construídos coletivamente geraram conhecimento no processo de
ensino-aprendizagem, reflexões, criticidade, interações e diversão. O aprender sendo um
processo colaborativo e interdisciplinar, reconhecendo a importância de cada um e da
importância do conhecimento enquanto um processo educativo e formativo que pode ser
leve e interessante.
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2. MINHA CAMINHADA FORMATIVA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

A realização do estágio III contribui significativamente para minha


formação docente. A construção do projeto político-pedagógico nas escolas e a gestão
democrática se baseiam em uma educação de qualidade e tem sido influenciada de
maneira positiva por políticas públicas. As bases legais e a LDB(Lei de diretrizes e
bases) estabelecem uma ordem de prescrição para determinar a escola a elaborar,
executar e avaliar o próprio projeto político pedagógico. Portanto a escola deve assumir
e se responsabilizar por sua intencionalidade educativa e a organização do trabalho
pedagógico, incluindo o plano de trabalho que tem relação com a didática da aula e
atividades complementares pedagógicas e administrativas.
A ideia central do projeto é a construção coletiva, considerando as
dimensões de qualidade técnica-política e de democracia participativa. Sendo assim, é
dever dos docentes, da equipe técnica, dos funcionários da comunidade escolar como
um todo cumprir o plano de atividades técnico-administrativas, construindo um
planejamento justo e participativo perante as estratégias de ação da escola. Por se tratar
de uma construção coletiva e participativa em tomadas de decisões, reflexões e ações, o
projeto político pedagógico faz uma ruptura com organizações e ações baseadas em
competições, autoritarismo, corporativas, a fim de romper com a rotina pessoal e
racional, permitindo relações horizontais, circulares e justas.
Sendo assim, é responsabilidade da escola evidenciar os fundamentos
teórico-metodológicos, os objetivos, os conteúdos teórico-práticos, a forma
organizacional, a metodologia do processo de ensino-aprendizagem, a forma avaliativa
e de execução da escola. Nesta busca por uma forma organizacional e uma educação
emancipatória e autônoma é extremamente necessário um referencial
teórico-metodológico que visa à construção de um projeto pedagógico inclusivo,
igualitário, transparente, solidário e participativo. Este processo de construção envolve
duas nuances importantes como o tempo cronológico e o tempo pedagógico. O
cronológico envolve o tempo marcado pelo relógio, onde a realidade é apresentada no
momento. O tempo pedagógico é a experiência cotidiana. É o tempo na sala de aula, na
qual o aprender ocorre de maneira natural e contínua e o conhecimento é construído
coletivamente, através de conversas, do compartilhar de saberes, dos afetos, da
presença, etc. Instigar a construção de argumentos e, assim, propor uma forma de
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estimular a apropriação de conceitos, proposição de soluções e assimilação do


significado dos conteúdos estudados.
A barreira é a ausência de laboratórios de ciências na maioria das escolas
brasileiras, o que constitui a privação dos alunos no uso da prática experimental, na
ilustração de fenômenos naturais estudados teoricamente. Assim temos a (PCN) que
por ser um documento que estabelece diretrizes para a educação básica, traz diversos
artigos e estudos, enfatizando a importância da educação transformadora. Além disso,
eles consideram a educação básica como uma educação de objetivo, não apenas ciência,
mas a importância da educação cívica.
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2.1 Processos educativos na UFV e o Estágio Supervisionado III

O processo educativo na UFV e as leituras do estágio supervisionado III


trouxeram grande aprendizado no sentido de despertar o conhecimento acerca dos
processos educativos contribuindo significativamente pro meu processo de
ensino-aprendizagem, além de desenvolver os temas acerca da educação, da
transformação social, da cultural e do exercício da cidadania.

O Tempo Universidade na Universidade Federal de Viçosa realizamos leitura de


textos de forma coletiva, apresentação de trabalhos, trocas, assim contribuindo para a
construção de conhecimentos. Os textos envolvendo educação, práticas da docência e
ensino em ciências e de práxis político-social são fundamentais para reflexões e
análises, além de proporcionar e ampliar minha visão de mundo na docência. Os futuros
educadores têm um papel fundamental de fazer o intercâmbio de conhecimentos, a fim
de despertar a vontade do aprendizado do educando. Assim, através da experiência no
estágio supervisionado II e realizando o estágio III, percebi que se torna primordial
enquanto futura educadora formas de desenvolver e aplicar metodologias diversas e
participativas, que fomentam o processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave: educação, autonomia, cidadania, transformação, cultura.

2.2 As leituras e o estágio supervisionado III

A partir da leitura da pedagogia da autonomia de Paulo Freire, vejo que a


educação deve ser baseada em troca, e que o educador deve trazer aos estudantes o
espírito crítico, a curiosidade, a não aceitação do conhecimento simplesmente
transferido e sim o livre pensar e o conhecimento libertador. Os educadores têm um
papel fundamental de fazer o intercâmbio de conhecimentos, a fim de despertar a
vontade pelo aprendizado do educando.
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O educador deve desenvolver metodologias diversificadas e participativas que


fomentem o processo de ensino aprendizagem. Paulo Freire, reflete sobre uma educação
que visa a criação de uma pedagogia crítica educativa, que está intimamente ligada a
uma educação libertadora. A educação, segundo Freire, teria o caráter libertador e não
domesticador, como o modelo tradicional da educação. Seria uma práxis educativa
capaz de libertar os sujeitos de toda situação de opressão, ao qual se encontra sujeitado,
através da libertação de sua consciência, tornando-o um sujeito crítico e reflexivo capaz
de transformar sua realidade e inserir-se na sociedade de forma efetiva. A educação
libertadora proposta por Paulo Freire, por sua face crítica e educativa, pode servir de
importante instrumento de emancipação dos sujeitos diante da opressão, pois, ela
demonstra sua preocupação diante da realidade vivida pelo educando, propondo
intervenção prática no ambiente cotidiano escolar, de forma dinâmica, transformadora,
considerando, a todo instante, a realidade concreta, singular e peculiar de cada
educando.
O foco central da educação libertadora de Freire é o combate à dominação e
opressão dos “desprivilegiados”. Esses podem ser entendidos como os “marginalizados”
perante a visão sociedade capitalista. Freire acreditava na possibilidade de mudança do
ser humano, enquanto sujeitos inacabados e na conscientização destes sobre sua
situação de exploração e dominação diante dos segmentos mais altos da sociedade.
Desta forma Freire afirma que ensinar não é somente transmitir conhecimento e sim,
proporcionar que o aluno aprenda de dentro para fora. Na perspectiva Freiriana, a
educação deve ser concebida como um processo incessante, inquieto e, sobretudo,
permanente de busca ao conhecimento, em oposição ao que o autor denominou de
educação bancária, caracterizada pela transmissão acrítica e apolítica do conhecimento.

A pedagogia freiriana é ótima para ser inspirada e ter como referência e ser
adotada nas práticas de ensino. Seu princípio básico é a “pedagogia libertadora”, ou
seja, a idéia de que cada indivíduo é agente da própria libertação à medida que adquire
conhecimento. Por isso, as escolas que adotam a pedagogia criada por Paulo Freire têm
como objetivo educar respeitando as condições socioculturais dos educandos e
desenvolver neles um senso crítico. Existem metodologias que possibilitem que este
processo seja facilitado. Como por exemplo, a sistematização de experiência que se
refere a processos de análise e reflexões críticas de experiências que de certa forma tem
ligação com transformações sociais, interligando e se relacionando diretamente com a
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educação popular e uma educação emancipadora, sendo assim, é uma educação que visa
o protagonismo dos próprios sujeitos envolvidos.

Com o processo de colonização no Brasil, houve a exclusão e opressão social,


sendo assim, povos populares e não brancos especificamente, foram prejudicados em
vários setores como político, econômico, cultural, territorial e ambiental perante as
desigualdades vigentes. Sabe-se que historicamente, o processo de colonização no
Brasil marginalizou, escravizou, deturpou e negou conhecimentos, vivências,
existências e visões de mundo de povos não-brancos. È importante uma educação
popular, de autonomia e libertadora que dialogue com uma perspectiva da
decolonialidade e descolonização do conhecimento e de práticas que diz respeito a um
pensamento crítico a partir de grupos racializados que foram historicamente
marginalizados, oprimidos pela colonialidade racista e capitalista, e a partir da negação
dessas existências.

A decolonialidade é uma idéia de projeto teórico-prático pensando uma visão de


mundo transdisciplinar que respeita e aborda as pluriversalidades de existências e
cosmovisões, indo ao contrário ao paradigma convencional do modelo hegemônico,
além de contrapor as tendências acadêmicas dominantes do pensamento universal e
eurocêntrico, que tem base do conhecimento colonial que reverbera em várias nuances
na sociedade. Portanto, uma educação emancipadora e transformadora além de
transformar os indivíduos, transforma o mundo.
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2.3 A chegada à escola

Realizei o estágio III no Colégio Estadual Souza Aguiar, com o codinome,


CESA, foi criado em 29 de março de 1908, localizado na Rua dos Inválidos , n° 121, no
Centro do Rio de Janeiro no Município do RJ, de CNPJ: 01041668000140, de e mail -
cesouzaaguiar2017@gmail.com, os níveis de escolaridade que a instituição oferece é o
ensino médio, contando com 25 turmas, distribuídas por série/ano. Assim, conhecido
como Primeiro Externato Profissional Mistro, pelo então prefeito do então DF, atual
município do RJ, Francisco Marcelino Souza Aguiar. Historicamente, o CESA teve
início de sua história uma escola destinada à preparação de profissionais para a
indústria, como instituto profissional, escola técnica, escola secundária técnica, escola
industrial, já em 1954. Tal destinação era devido ao crescimento do setor industrial do
país, que gerava mão-de-obra nos processos de trabalhos fabril utilizados. A partir de
56, vira uma escola secundária. Na década de 60, com a criação do Estado da
Guanabara, passou a ser chamado de Colégio Souza Aguiar. Na década de 70, algumas
escolas passaram à gestão da Prefeitura, enquanto outras passaram entre elas, o CESA, a
gestão Estadual. A partir de então dedicou-se exclusivamente à formação geral no
segundo grau, atual Ensino Médio. O CESA possui forte ligação com a territorialidade
local. Uma escola na região da Lapa, berços da boemia carioca.
O CESA modernizou nos anos 80 e foi um dos pioneiros do uso de informática
na educação nos anos 90. Foi o primeiro colégio estadual a ter uma página na internet.
No início dos anos 2000, foi palco de muitas palestras como a do político Chico
Alencar, entre outros. Atualmente, o Colégio vem mantendo parceria com a UFRJ
através dos projetos PIBID-Música e PIBID-Sociologia, que têm oferecido oficinas
muito procuradas pelos alunos. Contudo o Colégio tem aspectos singulares em sua
trajetória, tem também aspectos comuns às demais instituições públicas de ensino do
país. A escola possui uma quantidade média de 300 alunos. A faixa etária varia de 15 a
20 anos de idade. O perfil racial dos alunos é predominante de pardos e negros. A
grande maioria dos estudantes são de comunidades urbanas ao redor da escola na cidade
do RJ. O perfil de gênero é balanceado entre meninos e meninas. Operfil dos
pais/responsáveis pelos alunos da escola são trabalhadores, majoritariamente,
proletários, assalariados, autônomos, etc. A escola procura entender as individualidades
e os atravessamentos de cada um,entendendo que a maioria são jovens que vem de
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periferia, de classes socioeconômicas vulneráveis, entendendo que muitos precisam


conciliar trabalho e escola, assim flexibilizando com horários, trabalhos, conteúdos, e
possibilitando vias mais acessíveis para facilitar e compreender este processo. Assim,
entende o processo educativo enquanto algo político. A escola tem uma potência grande
em relação ao que diz respeito à interação social, como via de socialização, e também a
arte como aliada para potencializar as expressões artísticas e políticas dos jovens como
poesias, batalha de ripa, slam, danças, teatro, etc.
No geral, ações artísticas que podem promover transformação social, a liberdade
de expressão e o exercício da cidadania. Através de eventos culturais, rodas de
conversas para interligar e ter interação com a comunidade local, profissionais do
âmbito escolar, alunos e famílias. Além disso, a cultura é uma ótima ferramenta de
realizar interações sociais e conexões artísticas, realizando um espaço de arte, cultura e
política. A escola possui 6 banheiros, 1 sala de professores, 10 salas de aula, 1 sala de
secretaria, 1 sala da coordenação, 1 sala da direção, 1 laboratório de ciências e 1
deinformática, 1 biblioteca, 1 quadra pequena, 1 cozinha geral, 1 refeitório. Dentro da
escola o espaço pedagógico alternativo é na biblioteca e nos laboratórios de informática
e ciências. Além de passeios externos em museus, lugares históricos da Cidade, entre
outros. Um espaço que poderia ser utilizado para rodas de conversas, círculos de
culturas, encontros, trocas de saberes e como um espaço pedagógico poderia ser a
quadra da escola.
A escola possui 90 funcionários, como professores, coordenador,inspetor,
diretor, secretárias, orientador, estagiários, administradores, serviços gerais, porteiros,
auxiliares, merendeiras, ajudante de cozinha, psicóloga, nutricionista, etc. As pessoas se
relacionam de forma com que há interação social com boa convivência e ética no espaço
escolar. Os recursos materiais disponíveis pelo Estado são livros, cadernos,material
escolar no geral, além de uniforme para os alunos . Os materiais para os docentes são
apostilas, livros, além de data show, quadro, etc. Dentro da escola o espaço pedagógico
pedagógico alternativo é na biblioteca e nos laboratórios de informática e ciências.
Além de passeios externos em museus, lugares históricos da Cidade, entre outros.
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Concepção político pedagógica

O projeto político e pedagógico do Colégio Estadual Souza Aguiar, além de ser


o eixo de toda e qualquer ação do estabelecimento de ensino, proporciona a busca de
identidade do colégio, tendo por finalidade o comprometimento na construção de uma
sociedade mais humana e democrática, vendo as pessoas como seres sociais e sujeitos
da educação. O projeto político e pedagógico da escola viabiliza que as ações
pedagógicas dos educadores se tornem a favor da educação, exercendo assim, a
cidadania.

O PPP da escola propõe uma visão de um sistema educacional para a vida


social e político, para o desenvolvimento de uma consciência cidadã, sendo capaz de
sistematizar e organizar o conhecimento universal, a produção científica, as tecnologias,
a cultura, etc, a fim de possibilitar novas conquistas e ampliação de olhares,
favorecendo a própria produção de conhecimento , sejam analisadas pela escola, e que a
escola possibilite a articulação de diversos interesses dos variados setores da sociedade,
sem que se perca a verdadeira função a de ensinar e trocar. Assim, é esperado pela
escola que haja interação social, e que os egressos do sistema escolar possuam ou
desenvolvam a capacidade de entender e interpretar as informações, os saberes e valores
que são ensinados e trocamos, de modo que possam participar ativamente da vida
sócio-política.

A escola procura entender as individualidades e os atravessamentos de cada um,


entendendo que a maioria são jovens que vem de periferia, de classes socioeconômicas
vulneráveis, entendendo que muitos precisam conciliar trabalho e escola, assim
flexibilizando com horários, trabalhos, conteúdos, e possibilitando vias mais acessíveis
para facilitar e compreender este processo. dos maiores desafios enfrentados pela
escola é a questão da violência da cidade em si e da evasão escolar devido às
dificuldades enfrentadas pela juventude no que tange a questão de oportunidades de
direitos básicos.

Portanto, a escola tem uma potência grande em relação ao que diz respeito à
interação social, como via de socialização, e também a arte como aliada para
potencializar as expressões artísticas e políticas dos jovens como poesias, batalha de
ripa, slam, danças, teatro, etc. No geral, ações artísticas que podem promover
13

transformação social, a liberdade de expressão e o exercício da cidadania.Através de


eventos culturais, rodas de conversas para interligar e ter interação com a comunidade
local, profissionais do âmbito escolar, alunos e famílias. Além disso, a cultura é uma
ótima ferramenta de realizar interações sociais e conexões artísticas, realizando um
espaço de arte, cultura e política também.

O Estado do Rio de Janeiro precisa investir mais na educação e no sistema


educacional, investir em políticas públicas de base, projetos sociais que incentive o
trabalho enquanto princípio educativo, que incentiva a cultura e lazer, possibilitando
renda e direitos básicos para alunos de ensino médio dar continuidade aos seus estudos,
gerando e possibilitando agentes de transformação social, diminuindo com a violência e
desigualdades sociais.

2.4 As Regências e o Projeto Interdisciplinar para o Ensino Física


As negociações com o professor se deram a partir das aulas que ele
proporcionou no Colégio Estadual Souza Aguiar, assim, as regências se deram nas
turmas do 2° e 3° ano do Ensino Médio e EJA, educação de Jovens e adultos. As
regências ocorreram no período de tarde e noturno. Os temas foram de acordo com os
conceitos já trabalhados em sala, no entanto, desenvolve os temas e conceitos que ele já
estava desenvolvendo com os educandos.

O processo se deu através dos conceitos já construídos em sala pelo professor,


assim, dei continuidade aos conteúdos já trabalhados por ele em sala. A partir disto,
realizei um estudo e elaborei slides e pesquisei exercícios de fixação que facilitasse a
compreensão, também utilizei de tarjetas com palavras-chaves acerca dos conceitos.
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A pesquisa foi realizada a partir dos conteúdos da BNCC e de outras fontes de


livros didáticos de acordo com os conceitos e conteúdos já elaborados pelo professor
acerca do conteúdo de Física para o Ensino Médio e EJA.

2.5 Reflexões sobre o ensino de ciências da natureza na Educação do


Campo

A história da colonização da América é marcada por uma série de questões


relacionadas às diferentes etnias. Neste momento, caracterizado pela disputa de poder e
dominação das terras americanas, destaca-se a relação entre três grupos: os europeus
colonizadores, os indígenas e os africanos colonizados. Esse encontro inicial movido
por interesses expansionistas, invasão de território, genocídio, sequestro das terras
originarias e escravidão, estão diretamente ligados à formação da sociedade moderna,
que configura a época atual. Todo o desenvolvimento do sistema hegemônico vigente,
foi sendo estruturado com base na violência, a partir do poder do homem branco. Nessa
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visão do poder sobre o diferente, considerando-o inferior, justificou-se a exploração e


enriquecimento às custas da força de trabalho desses sujeitos.
Com esse fundamento boa parte da humanidade seguiu até hoje, compondo uma
sociedade, e em destaque um Brasil, marcado pela desigualdade e racismo
estrutural. Assim, a Educação do Campo com o ensino em ciências da natureza se dá
através de conquistas e lutas de movimentos sociais, dialogando o trabalho enquanto
princípio educativo e promovendo agentes e sujeitos de transformação social. Ensinar
Ciências da Natureza é abordar os conteúdos e conceitos acerca da vida, energia,
matéria e diversos aspectos sociais, ambientais, culturais e políticos. O processo de
desenvolvimento da ciência, através de suas técnicas e tecnologias, foi dando suporte
para cada vez mais intensamente o ser humano conhecer e explorar a natureza. A visão
de mundo que conduz essas ações considera uma superioridade do homem, como tendo
o direito de dominação e submissão sobre os outros seres. Este pensamento e sua prática
são os grandes responsáveis pela crise global que se vive hoje, na qual a lógica
capitalista vem degradando tanto o meio-ambiente que a previsão para um futuro breve,
é de ameaça à sobrevivência da humanidade na terra.
Nesse sentido, algo muito problemático do poder da ciência na história, é a
supervalorização desta forma de produção de conhecimento e leitura do mundo sobre
todas as outras maneiras e cosmovisões existentes. Foi formada uma hierarquização do
poder na qual a ciência detém toda a verdade, colocando os saberes tradicionais como
equivocados. Porém, é importante salientar que a construção desse pensamento se deve
ao processo intencional de invisibilização das culturas dos povos tradicionais e de
padronização já comentado.
A educação convencional, que faz parte da visão de mundo capitalista, é
formada nessa mesma lógica de hierarquização do conhecimento, sob uma perspectiva
única, do branco colonizador. Quando se trata do ensino de história sobre o
descobrimento do Brasil,, seu seguimento e consequências, a narrativa é
predominantemente eurocêntrica, cumprindo o papel de padronização do pensamento e
da contínua invisibilização das outras perspectivas. 
Dessa forma, com somente um ponto de vista, é realizado todo um projeto de
alienação dos indivíduos, desde sua formação, para a aceitação e manutenção da
sociedade como está. Destacando sempre as diferenças entre a educação de ricos e
pobres no país, em que a precarização do ensino público age para que os que,
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originalmente estão na base da pirâmide social e econômica, se mantenham como mão


de obra explorada.
Na perspectiva da Educação do Campo, considera-se a importância de se
horizontalizar o conhecimento, procurando reintegrar as diferenças étnicas como toda a
sua diversidade intelectual, cultural, seus princípios e valores. Tendo em vista que tantos
séculos num processo segregador, padronizador e violento vem resultando numa
sociedade e todo um planeta caótico e doente. Desta maneira, como forma de reverter a
crise atual e ter esperança na continuação da vida humana, e no estabelecimento de uma
cultura de paz, a solução está em aprender com todas essas culturas até então
desconsideradas. As metodologias utilizadas na Educação do Campo são de uma
maneira muito positiva, utilizando de formas Freiriana no ensinar e aprender, formas
como círculos de culturas que há um diálogo no conhecimento e que o aprender não se
tornar opressor e sim horizontal.
Diante disso, na busca de uma mudança de paradigma civilizatório, a transformação do
paradigma educacional é fundamental. Revendo e substituindo toda a estrutura da
sociedade e da educação mecanicista, para formar ,através de uma abordagem
libertadora e humanitária, cidadãos conscientes, críticos e ativos, na construção de
relações de maior igualdade, cuidado e respeito às diferenças. Tendo assim como base
uma pedagogia de visão ecológica, na qual, a partir da natureza, se ensina e aprende
sobre a importância da coexistência para sobreviver e o papel essencial da diversidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - PARA ONDE VOU?

Neste estágio, pude desenvolver diversas percepções enquanto futura educadora


do campo, além de buscar e desenvolver metodologias capazes de passar e trocar
conhecimentos de forma compreensível, interdisciplinar e interativa. As aulas
possibilitaram trocas de conhecimentos utilizando ferramentas e metodologias de Paulo
Freire, da educação popular, assim, tornando o aprender e ensinar, algo construtivo e
colaborativo. Uma das grandes dificuldades é em relação à precariedade do próprio
sistema sociopolítico e educacional, pois cada sujeito carrega suas especificidades e
careces de direitos básicos de suas existências.
Como por exemplo, o educando que necessita conciliar a questão do estudo com
o trabalho, questões psicológicas, racismo, e outras desigualdades sociais vigentes que
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acabam atrapalhando o processo de ensino-aprendizagem do educando e o trabalho do


docente. Na minha concepção, a escola e o Estado de forma geral devem garantir
direitos e realizar certas reparações históricas para garantir o avanço e o
desenvolvimentos dos sujeitos, tornando-os cidadãos de transformação social e em
benefício de sua autonomia e emancipação. Em relação ao que deixo para os colegas
nos anos seguintes é ter a consciência que o sistema educacional como um todo carece
de inúmeras questões e que só podemos fazer o que está ao nosso alcance, mas que
trabalhando de forma coletiva e trazer metodologias e ferramentas mais interativas e
sociais faz com os próprios sujeitos se tornem protagonistas dos seus processos de
aprendizagem. Como futura educadora do campo, acredito que tenho um longo caminho
a percorrer e que só através da vivência na prática e que com o passar do tempo, vou
adquirindo experiência e analisando quais aspectos posso melhorar e desenvolver da
melhor forma, de acordo com o território, cultura e sujeitos de cada realidade, tornando
o conhecimentos algo prazeroso e valioso.
Dentro desses anos na Educação do Campo vejo que o educador do campo tem
uma função de ser um mobilizador social, trazendo metodologias mais participativas,
didáticas colaborativas, metodologias de práxis libertadora, tornando sujeitos ativos,
críticos sociais, conscientes em relação a questão ambiental, sociopolítica e cultural.
Contudo, que o educador do campo juntamente com a escola, promova uma visão para
além do sistema sistema educacional e sim para a vida social e política, para o
desenvolvimento de uma consciência cidadã, sendo capaz de sistematizar e organizar o
conhecimento universal, a produção científica, as tecnologias, a cultura, etc, a fim de
possibilitar novas conquistas e ampliação de olhares, favorecendo a própria produção de
conhecimento , sejam analisadas pela escola, e que a escola possibilite a articulação de
diversos interesses dos variados setores da sociedade, sem que se perca a verdadeira
função a de ensinar e trocar.
Assim, é esperado pela escola que haja interação social, e que os egressos do
sistema escolar possuam ou desenvolvam a capacidade de entender e interpretar as
informações, os saberes e valores que são ensinados e trocamos, de modo que possam
participar ativamente da vida sócio-política.
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3. REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987


FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro. Paz e
Terra, 1999.
FRANCO, Franciele.Escolas do Campo Um olhar sobre a legislação e práticas
implementadas no ensino de física, Rio Grande do Sul, 2018.
GONÇALVES, Roberto. O Ensino da Física na Educação do Campo:
descolonizadora, instrumentalizadora e participativa, Paraná, 2018.
PRISCILA, Kelen. O diálogo freireano como práxis humanizadora e
democrática: contribuições a formação dos educadores/es. São Carlos, 2011.
AGUIAR, Orlando. Planejamento de Ensino (módulo III). Minas Gerais, 2005.
ARAÚJO, Maria Educação de Jovens e Adultos (EJA). Rio de Janeiro, 2012.
CALDART, Roseli. Elementos para construção do projeto político e pedagógico da
educação do campo, 2004.
ALVES, João. Dicionário crítico da Educação do Campo. Belo Horizonte, 2014.
BOFF, Leonardo. A Era Ecológica e Ecozóica - Volta a Terra como pátria/mátria
comum. In: Ecologia grito da terra, grito dos pobres: dignidade e direitos da Mãe Terra.
Editora Vozes. 1995
BNCC - Base Nacional Curricular Comum
Disponível em : <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>
Live com Kaká Werá Jecupé - Educação, Natureza e Ancestralidade: Instituto
Nova Era. 2020; (87 min). 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BwjtGKrPjN0> 
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ANEXOS

I - PLANO DE AULA
21
22
23

Anexo II – FICHAS DE AVALIAÇÃO


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25
26
27

Anexo III – FICHAS DE REGISTRO FREQUÊNCIA

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