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alianças estratégicas, M
21:03
KEN (2006).
Conforme você pôde perceber, o processo de escolha de uma estratégia inicia com uma análise
pormenorizada não somente da empresa como um todo, mas, sobretudo, do ambiente em que serão
realizadas a produção e a comercialização de produtos ou serviços, ou seja, os locais onde os colaboradores
atuarão, de modo a otimizar os recursos da empresa e maximizar sua rentabilidade. Assim, de acordo com a
análise efetuada, caberá à empresa optar pela estratégia mais coerente, com base nas suas capacidades
estratégicas.
- Estratégia de proteção;
- Desenvolvimento de produto;
- Desenvolvimento de mercado;
- Diversificação.
Estratégias de PRODUTOS
desenvolvimento Existentes Novos
DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTO
PROTEÇÃO
Além das
expectativas
MERCADOS
DESENVOLVIMENTO DE
MERCADOS
DIVERSIFICAÇÃO
Com capacidades
Novos segmentos existentes
Novos Novas regiões Com novas
Novas utilizações capacidades
Além das
expectativas
Desenvolvimento do mercado: com abertura de novos mercados em nova localização ou com novos
segmentos de clientes.
Em qualquer das opções de estratégia apresentadas, é fundamental que a empresa equacione suas
capacidades estratégicas, verificando a possibilidade de obtenção de vantagens competitivas na nova
estratégia.
Ao permanecerem em seus mercados sem modificação de produtos ofertados, as empresas assumem duas
posturas: defender-se da agressividade da concorrência, procurando consolidar sua posição, ou
aumentando seu poder perante a concorrência, servindo-se de suas competitividades essenciais.
Diante do desenvolvimento de mercados, as empresas optam por novos segmentos, novos clientes ou
mercados em novas regiões geográficas. Nessas situações, é necessário levar em conta um estudo mais
aprofundado dos fatores críticos existentes nesses mercados, principalmente no que refere aos aspectos
culturais. Além disso, elas devem estar preparadas para gerenciar clientes até então desconhecidos.
A diversificação, ao afastar a empresa de seus mercados e produtos habituais, é a opção mais radical e com
maiores riscos, porém, é a estratégia com maiores chances de retorno, uma vez que é possível obter ganhos
de eficiência ao destinar recursos e capacidades existentes a novos mercados ou ao transferir, entre
mercados, excedentes de recursos. Esse tipo de diversificação pode estar relacionado ou não à estratégia
atual da empresa.
Essa diversificação relacionada pode ser definida como o desenvolvimento corporativo, além dos produtos e
mercados atuais, porém, dentro das capacidades ou da rede de valor das organizações, podendo assumir as
seguintes formas:
A diversificação não relacionada diz respeito ao desenvolvimento, pela corporação, de produtos ou serviços,
além das capacidades ou da rede de valores atuais, podendo assumir várias formas. A empresa Yamaha é
exemplo de uma corporação que comercializa, em diferentes regiões, produtos que vão desde jet-ski, piano
elétrico, raquete de tênis até moto. Contudo, a empresa em questão tem no lazer o elemento que une os seus
negócios e serve de base à agregação de valor.
"Nosso grupo tem uma tradição de evoluir em relação ao que faz. Não somos muito
revolucionários, não; nosso modelo é mais de evolução." Com o tão característico jeito
mineiro de falar, Luiz Alexandre Garcia, CEO do Grupo Algar, atribui o sucesso de um dos mais
fortes grupos empresariais nacionais de hoje ao fato de ser uma organização que aprende.
Com 54 anos de existência, faturamento anual de R$ 3 bilhões e abrangência nacional -
destacada no Centro-Oeste e Sudeste-, o grupo atua em setores tão diversos quanto hotelaria,
serviços de aviação e criação de gado, mas orgulha-se dos focos em telecomunicações e
agronegócio da soja e, especificamente, da competência essencial de gestão que se traduz no
relacionamento com o cliente ou na visão "gente servindo gente". "Nascemos prestando
serviços", diz Garcia, que é neto do fundador.
Em entrevista exclusiva a José Salibi Neto, chief knowledge officer do HSM Group, Garcia
discorre sobre as razões de se manter como empresa familiar, a boa governança corporativa,
as oportunidades de negócios que ele detecta no Brasil, a Universidade e o Instituto Algar,
seus programas de gestão de processos e de ideias e explica até a manutenção da base em
Uberlândia.
Gostaria de começar nossa conversa por uma peculiaridade de vocês: ser um grupo de R$ 3
bilhões com sede fora do eixo Rio-São Paulo. Uberlândia, em Minas Gerais, teoricamente
representa afastamento físico dos principais clientes. Isso atrapalha? Ou ajuda?
Nascemos em Uberlândia. Mas pudemos continuar aqui porque a cidade tem diferenciais. Em
primeiro lugar, é formadora de competências; tem mais de 15 universidades, com mais de 40
mil alunos, e não há dificuldades em conseguir talentos. Em segundo, sua qualidade de vida é
bastante boa, o que funciona como fator de atração de executivos que neste momento estão
buscando mais qualidade de vida, querendo fugir principalmente do trânsito, dos grandes
centros. Para fechar, a localização geo-gráfica é bastante favorável, porque temos ponte aérea
para Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, que são nossos principais eixos de relacionamento.
Em uma hora de voo, já estamos em qualquer uma dessas localidades. Uberlândia nos ajuda,
portanto.
Acho que o grupo de vocês tem duas características de gestão definidoras. A primeira é de ser
um grupo familiar que deu certo, que quero abordar em seguida. A outra é a diversidade de
negócios, que abrangem desde a área de telecom, sofisticada tecnologicamente, até o
agronegócio, passando por um grande resort. Qual é o desafio de ser multifocal em um mundo
que privilegia o foco?
O Grupo Algar é diversificado por opção estratégica, mas com foco. Aliás, o importante dentro
da diversificação é ter um foco, aprendemos isso. Já tivemos 60 empresas, indo da fabricação
de fibra óptica e de equipamentos de transmissão de telecomunicações até frigoríficos e
revendas de automóveis... Deixamos esses segmentos todos e hoje temos poucos focos
definidos.
Quais são?
O que posso dizer é que não temos a mínima ideia de quais serão os produtos e os serviços
que venderemos daqui a dez anos, mas nosso futuro está alicerçado na prática dos nossos
princípios e valores e em nosso principal diferencial competitivo, que é continuar
desenvolvendo a competência de gestão, empreendedorismo e liderança dos nossos
executivos. Somos uma empresa com core competence em vez de core business. Isso nos
levará ao futuro.
Sim, até porque produto virou commodity, serviço virou commodity, é tudo igual. Nós
acreditamos que podemos ser diferentes por meio do relacionamento com nossos clientes. A
Algar não tem pré-venda nem pós-venda; tem relacionamento com seus clientes, e isso vem da
nossa core competence, a competência de gestão, empreendedorismo e liderança do nosso
pessoal.
Você mencionou empresas embrionárias. É assim que um grupo tão grande mantém o espírito
empreendedor? Qual é a fórmula?
Sim, tanto que nós temos algumas ações bastante inovadoras. O celular pré-pago no Brasil
fomos nós que lançamos; nós já interligamos centrais telefônicas com fibras ópticas, quando
não se fazia isso.
O modelo evolucionário tem tudo a ver com o conceito de learning organization, de uma
empresa que aprende todos os dias, cada vez mais atual. Muita empresa diz ser learning
organization, mas na verdade não é. Vocês são mesmo? [risos] Existe algum método ou
sistema que os ajude a sê-lo?
Em primeiro lugar, temos nossa universidade corporativa, que nasceu para ser uma reflexão
permanente sobre o futuro [veja quadro na página 28] e que, assim, nos ajuda a evoluir
constantemente. E, como sistematização, temos dois processos no nível operacional, que já
são implementados: o programa de gestão de processos (PGP) e o programa de gestão de
ideias (PGI).
O PGP poderia ser descrito como um programa de melhoria contínua da qualidade, mas que
estimula a inovação e o envolvimento dos funcionários. Ele estimula o desenvolvimento de
projetos com determinada se quência de ações. Primeiro, identificamos uma oportunidade de
melhoria -que é o problema tratado como oportunidade. Então, fazemos medições. Depois,
analisamos. Em seguida, implementamos e avaliamos. E vamos retomando o processo.
Esses projetos são tocados por um grupo de duas a sete pessoas, nem menos, nem mais.
Acontece todos os anos há quase uma década -temos 80 projetos em média, este ano, que já
consumiram R$ 22 milhões de investimentos e retorno econômico-financeiro de R$ 161
milhões.
É importante falar da parte dacelebração do PGP. Fazemos uma feira anual, aberta a familiares
dos funcionários e à comunidade, na qual todas as equipes apresentam seus projetos e os dez
primeiros colocados são premiados -há prêmios em dinheiro. Ou seja, além de ser um
programa que estimula a inovação, ele gera sinergia entre as empresas e convida as pessoas
a participar. Vale a pena mencionar o seguinte: quem tem competência para inovar e melhorar
aquilo que faz é o dono de um processo, não o presidente da empresa. Esse programa
reconhece e estimula isso.
Também se volta para a inovação [risos]. Ele estimula nossos associados a sugerir mudanças
e inovações. Quando estas são implementadas, eles recebem um prêmio em dinheiro.
Fora o PGP e o PGI, temos, na área comercial, nosso clube de vendas. Há um em cada uma das
localidades em que estamos presentes com mais de uma empresa. Isso possibilita que os
representantes dessas empresas aprendam uns com os outros e identifiquem novas
oportunidades comerciais.
Os valores e a cultura forte também contribuem para esse aprendizado contínuo? Aliás, o
Grupo Algar é realmente ligado a valores, como é a maioria das empresas familiares?
Acabamos de fazer um trabalho muito interessante que pôs à prova nossos valores. A
monomarca "Algar", nome de todas nossas empresas, é coisa recente; antes éramos um grupo
multimarcas. E, para chegar à monomarca, fizemos uma revisão dos nossos princípios e
valores, que se reduziram de 12 para 9. Nessa análise, até trocamos o valor "responsabilidade
social" por "sustentabilidade", para englobar os aspectos social, econômico e ambiental. Mas
pudemos ver que temos realmente valores imutáveis na organização. Por exemplo: cliente,
nossa razão de existir; integridade, algo que temos de respeitar em todos os nossos
stakeholders; simplicidade, no aspecto não de ser simplista, mas no de termos processos,
produtos e serviços simples para o entendimento dos nossos clientes; transparência -a Algar é
uma empresa extremamente transparente, e, nos nossos momentos mais difíceis, ainda mais;
valorização dos talentos humanos -realmente nós investimos na formação desses talentos e
em um bom clima organizacional.
O resultado de ter esses valores? Isso faz com que na Algar não exista aquele negócio de
resultado a qualquer preço. As empresas precisam ter resultados e clima organizacional
positivo. Sem o segundo, o primeiro não interessa. E isso ajuda no aprendizado, claro.
Eu diria que toda empresa é composta por uma parte tangível, material, e outra intangível. A
intangível corresponde quase ao espiritual: é o que está por trás de tudo o que as pessoas
fazem. Nossos valores nos servem de "guias mestres" nessa parte intangível.
Criamos o Instituto Algar, em 2002, para focar nosso investimento social. Está voltado para
educação de crianças e inclusão digital. Feitos em parceria com escolas públicas, os
programas proporcionam formação continuada de educadores e alunos. Atualmente estamos
em dez cidades, beneficiando cem escolas e 6 mil alunos.
Em época de recessão, é fácil manter valores? Porque o pensamento costuma ficar mais
imediatista...
Posso dizer que este ano foi bastante conturbado -não só para nós- e mantivemos o valor da
transparência com toda a equipe. A contenção foi forte no início, e, agora, 2009 está sendo
excelente, superando todas as expectativas -acho que tem a ver com o valor mantido.
Transparência ajuda a desenvolver o sentido de pertencimento das pessoas que trabalham na
empresa, que assim confiam em que você, acionista, não tem uma agenda oculta.
Outra coisa importante para a perenidade e o futuro das empresas está em valorizar,
disseminar e adaptar, quando preciso, sua cultura empresarial. É extremamente importante
que a cultura empresarial evolua com a organização. Mas não pode perder a essência. O
grande risco de fracasso de uma empresa ocorre quando ela cresce muito e perde sua cultura;
logo depois perde os princípios e valores e daí a identidade.
Alguns experts dizem que as empresas familiares parecem pensar mais no futuro, preocupam-
se mais em se perenizar. Você acha que o papel do primeiro executivo de uma empresa muda
se ela for de capital fechado, e familiar, ou de capital aberto?
Para mim, o papel é sempre garantir, praticar e difundir os princípios e valores da organização,
e energizá-la para que realmente pratique tais princípios e valores. Minha responsabilidade
principal é essa; há pessoas com competências específicas para cuidar da execução das
operações.
Já que entramos no tema "empresa familiar", como você vê o fato de ser um acionista em uma
função executiva?
Sim, o executivo acionista tem um ônus dobrado, porque, quando erra, perde dinheiro da
empresa e da família; eu diria que a responsabilidade duplica. Mas, em contrapartida, acredito
mais na governança de uma empresa familiar, porque ela é mais ágil nas suas tomadas de
decisão; lida melhor com assuntos de longo prazo, além do curto e médio, como você
mencionou; é mais forte na prática de seus princípios e valores quando bem administrada.
Formamos nosso conselho de administração já tem dez anos, no final da década de 90, e
estamos sempre atualizando nossa governança segundo as melhores práticas do IBGC
[Instituto Brasileiro de Governança Corporativa], porque a intenção é que ela realmente
agregue valor ao negócio. O desenho da nossa governança respeita três pilares: o primeiro é a
Lei das SAs; o segundo, nossas particularidades internas; e o terceiro, as melhores práticas do
IBGC. Todos os anos fazemos uma revisão com os conselheiros.
Segundo diversos depoimentos, você foi bem preparado por seu pai para a sucessão, além de
ter a formação de gestor. Quais são suas recomendações quanto a educar a família
empresária?
O principal nesse aspecto é o exercício da liderança educadora. Isso não vale apenas para uma
família empresária; vale para qualquer família -os pais sempre são os líderes dos filhos- e vale
para qualquer equipe. É o estilo de liderança em que acredito. E como funciona a liderança
educadora? Principalmente pelo exemplo; você não pode querer que seus filhos, ou
subordinados, sejam algo diferente do que você é. Também é fundamental despertar e
alimentar o sentido de pertencimento, tanto na família empresária como nos funcionários.
Se você me permite, eu vejo a família empresária como uma organização, no que se refere a
ser um local onde as pessoas precisam compartilhar a mesma visão e os mesmos princípios
e valores, por ser uma comunidade produzindo um bem comum. Os membros da família são
stakeholders dessa família, assim como os acionistas e funcionários são stakeholders da
empresa. Então, o líder, seja o pai ou o executivo, tem a responsabilidade de passar a visão, os
princípios e os valores para os outros -os filhos ou a equipe.
Sim. Formamos o nosso com assessoria do IMD [escola de administração suíça], em que
criamos nossa "Constituição" da família. Depois, algum tempo atrás, trabalhamos por três
anos com a Bernhoeft [hoje, Höft Consultoria]. Agora estamos na fase de praticar as ações do
conselho de família, que tem reuniões bimestrais.
O principal objetivo é criar e formalizar regras claras para a participação dos acionistas na
empresa considerando seus três papéis: proprietário, trabalhador e família. Desenvolvemos
um plano de formação personalizado para preparar as futuras gerações para seu papel de
acionista.
Vocês não são uma empresa de capital aberto. Pretendem um dia ir à bolsa para financiar o
crescimento?
Na Algar Telecom temos debêntures, mas não ações na bolsa. O que posso dizer é que
estamos preparando nossas empresas para ter acesso a capital, seja pelo mercado de
capitais, seja por parcerias. Para isso temos um sistema de governança corporativa que segue
as normas de empresa de capital aberto. Em nossos planos de longo prazo, prevemos a
aceleração do crescimento por meio do acesso a capital. Mas isso ocorrerá quando for
adequado, mediante oportunidades.
Nosso planejamento estratégico para os próximos cinco anos prevê dobrar a empresa de
tamanho, realizando nos próximos cinco anos o equivalente ao que fizemos nesses 50. É um
desafio muito grande, sem dúvida, mas perfeitamente factível, porque temos as pessoas, as
oportunidades e já conhecemos o desafio.
Um dos valores do Grupo Algar é a crença no Brasil, como você disse. Como veem o Brasil nos
próximos anos?
Sem dúvida alguma, hoje o Brasil tem uma oportunidade concreta de sair dessa turbulência
que o mundo inteiro enfrenta de forma diferenciada e iniciar 2010 fortalecido. Diferentemente
do que acontecia dez anos atrás, nosso país agora é reconhecido no cenário econômico
mundial e temos características que poucos países compartilham: uma dimensão geográfica
imensa, população grande, povo com flexibilidade e competência, e recursos naturais, como
minérios diversos, petróleo, água e terras férteis. Eu acredito fortemente que o Brasil já é o
país do futuro -não será, não; ele já é.
O Philip Kotler falou exatamente isso em um evento recente da HSM. Acho que é uma
percepção que aumenta...
Em entrevista exclusiva, Luiz Alexandre Garcia, CEO do Grupo Algar, analisa o desafio de ter
um negócio familiar e diversificado no Brasil
O nome Algar vem das iniciais de seu fundador, Alexandrino Garcia (imigrante português, avô
de Luiz Alexandre), que, em 1954, constituiu, em Uberlândia, Minas Gerais, a CTBC, empresa de
serviços de telefonia. A empresa se expandiu rapidamente e se consolidou em dezenas de
cidades do Brasil. Alexandrino permaneceu à frente dos negócios até 1985, quando teve de se
afastar por problemas de saúde, sendo substituído por seu filho, Luiz Alberto Garcia, atual
presidente do conselho de administração da Algar. Em 2008 a Algar faturou R$ 3 bilhões,
divididos entre 52% em telecom/TI,43% em agronegócios e 5% nos setores de turismo e
serviços. Seu crescimento na última década tem sido de 12% ao ano, em média.
A divisão de telecom e TI abarca telefonia fixa e celular, internet banda larga, comunicação de
dados, TV a cabo, e código 12 de longa distância nacional e internacional, soluções de BPO
(Business Process Outsourcing), TI e soluções de consultoria. O agronegócio inclui plantio de
soja e milho e criação de gado nelore, além de processamento de óleo de soja, azeite
extravirgem, extrato e molho de tomate e óleo composto. Entre os serviços destacam-se lista
telefônica e jornal, mídia externa e indoor; serviços de engenharia de telecomunicações; venda,
manutenção e fretamento de aeronaves; soluções integradas de segurança patrimonial,
eletrônica e de documentos; administração de terminais urbanos de passageiros e shopping
center. E pertence ao grupo ainda o célebre Rio Quente Resorts, situado em Goiás.
De certa maneira, pode-se dizer que o Grupo Algar é a General Electric brasileira. Lógico, a
primeira permanece como empresa familiar, enquanto a segunda é o próprio exemplo de
corporation, mas elas coincidem, guardadas as devidas proporções, na diversidade de
negócios e no aproveitamento de oportunidades como diretriz, no foco em pessoas e na
preocupação com a formação destas por meio da universidade corporativa. Nesse caso
apenas, em vez de Crotonville, a universidade fica em Uberlândia. A seguir, o CEO do Grupo
Algar, Luiz Alexandre Garcia, fala acerca da universidade corporativa.
Vocês têm a Universidade Algar para treinar seus gestores. Universidade corporativa é objeto
de desejo de muitas empresas, mas poucas se atrevem a tentar montá-la. O que os levou a
fazer isso?
Temos um programa aqui batizado de Algar 2100, idealizado e dirigido pelo presidente do
nosso conselho de administração, meu pai. Como ele disse, esse programa precisava chamar
Algar 2100, porque em 2100 nós não estaremos aqui. Trata-se de um programa para pensar o
futuro de maneira totalmente imparcial. Uma das coisas que nós constatamos em uma das
primeiras edições do Algar 2100 -já estamos em sua 12ª edição- é que o conhecimento será
extremamente importante para todas as fases da empresa, e que ele é traduzido no
treinamento e capacitação dos nossos executivos. Foi nessa época, há 12 anos, que
transformamos nosso centro de treinamento em uma universidade corporativa, que tem o
nome de UniAlgar. Evoluímos: fomos reconhecidos, em 2009, como a melhor universidade de
ensino a distância do Brasil.
Mas muitas universidades corporativas criadas não dão certo. A de vocês funciona bem? O
que vocês fizeram de diferente? Houve benchmarking com outras universidades corporativas?
Quais são os conselhos que você dá para uma empresa que quer ter sua universidade
corporativa? Como fazê-la realmente funcionar?
O primeiro conselho é que a alta gestão queira realmente investir na educação de executivos,
que a enxergue como estratégica para o sucesso da empresa. O segundo é ter um plano de
formação bem definido: o que a universidade corporativa vai fazer, de que forma atuará -nossa
universidade, por exemplo, atua na formação executiva, não na formação técnica, e cuida
também da disseminação dos princípios e valores do Grupo Algar, além de fazer alguns
trabalhos mais operacionais, como levantamento de clima organizacional.
GARCIA (2009).
uma estratégia através da qual duas firmas concordam em integrar suas operações
em base relativamente coigual, porque têm recursos e capacidades que, juntos,
podem criar uma vantagem competitiva mais forte. (HOSKISSON, 2009, p. 276).
Assim, a fusão permite que a nova empresa possa trabalhar um mercado mais amplo, ganhando mais poder
de mercado, além de aproveitar sinergias operacionais.
Já a aquisição seria:
uma estratégia através da qual uma empresa compra uma participação de controle,
ou 100%, de outra firma com intenção de utilizar uma competência essencial mais
eficiente, tornando a firma adquirida um negócio subsidiário dentro do seu portfólio.
(HOSKISSON, 2009, p. 276-277).
Quando se opta, no processo de expansão, pela aquisição de uma empresa (em vez de investir em novos
empreendimentos), o que ocorre não é somente a compra da empresa, mas, sim, a posse de toda a sua
estrutura de fornecedores e de clientes, além da cultura corporativa existente.
Aquisição de uma empresa: não vai aumentar a oferta nos mercados nos quais atua, e, por
isso, a reação dos concorrentes deverá ser menos agressiva.
Verticalmente: quando são adquiridas empresas em níveis diferentes da cadeia de valor; por
exemplo: quando uma empresa de varejo adquire um distribuidor.
Relacionadas: quando empresas adquirem empresas com atividades relacionadas, mas não
diretamente integradas à sua cadeia de valor.
Não relacionadas: como o caso da Berkshire Hathaway, do famoso investidor Warren Buffet, que
inclui empresas em diferentes áreas de atuação e de produção: seguros, distribuição e varejo, sem
apresentar elementos comuns.
Assista ao vídeo "Preparando Empresas Familiares para Fusões e Aquisições", uma entrevista na qual
Osvaldo Roberto Nieto fala sobre como as empresas estão trabalhando os sucessores e preparando seus
herdeiros para o momento de transição.
No cenário de fusões e aquisições, as empresas familiares atraem os olhares de
investidores tanto estrangeiros quanto do mercado interno. Osvaldo Roberto Nieto, Sócio-
fundador da Baker Tilly Brasil, empresa de consultoria e auditoria em empresas familiares,
fala sobre como as empresas estão trabalhando os sucessores e preparando seus herdeiros
para esse momento de transição, no vídeo "Preparando Empresas Familiares para Fusões e
Aquisições".
09:17
NIETO (2017).
Estratégias cooperativas
Em processos de desenvolvimento, muitas empresas optam por colaborar sem que, com isso, percam a
identidade em acordos envolvendo partilha de capacidades produtivas ou comerciais. Como a maioria das
empresas não tem o conjunto integral de recursos e capacidades necessário para cumprir seus objetivos, a
escolha por estratégias cooperativas permite que os parceiros criem um valor que não conseguiriam obter
agindo de forma independente. (HOSKISSON, 2009, p. 218).
As estratégias cooperativas são configuradas com a formação de alianças estratégicas, quando duas ou
mais empresas partilham seus recursos, capacidades e competências essenciais, a fim de atingir interesses
mútuos no projeto, na produção ou na comercialização de bens ou de serviços.
Sobre a forma como as alianças estratégicas podem contribuir para a longevidade das empresas, leia o
artigo a seguir: "As alianças estratégicas no picadeiro da arte/negócio circense", dos professores Edson
Junior, Everton da Silva e Alexandre Carrieri.
EBSCO
A globalização das economias instigou a especialização das tarefas das cadeias de valor, popularizando as
alianças estratégicas a vários níveis. Diante disso, podemos afirmar que as grandes motivações para essa
formação são:
Tipos de alianças
Existem vários tipos de estratégias cooperativas, algumas formalizadas por relações entre empresas, outras
menos formais, resultantes de acordos pouco rigorosos, mesmo em algumas situações, sem participação
recíproca na gestão ou na propriedade das empresas (JOHNSON et al., 2011, p. 260):
Joint ventures - Associação de empresas para desenvolvimento e execução de um projeto específico.
Na joint venture, duas ou mais empresas constituem um vínculo entre si, mas permanecem
independentes. Em alguns casos, esse vínculo é apenas contratual (non corporate joint ventures ou
consórcios) e, em outros, as empresas constituem uma sociedade formal (corporate joint ventures).
Franquias - Sistema de colaboração, com referência a um contrato entre duas empresas, mediante o
qual uma delas, o franqueador, cede, em troca de compensações econômicas (royalties), o direito de
fabricar e/ou utilizar, e/ou explorar um produto, serviço, nome ou marca comercial, conjuntamente
com os conhecimentos necessários para o desenrolar do negócio, ao franqueado, que, com os seus
aportes financeiros e pessoais, se compromete a seguir normas, sistemas e procedimentos do
franqueador.
Redes - São arranjos menos formais, nos quais as empresas recebem vantagens mútuas a partir do
trabalho em colaboração, sem necessitar de acordos de propriedade comum nem contratos formais.
Como exemplo, a distribuição de produtos de grande rotatividade em supermercados, em que as
reposições nos pontos de venda são da responsabilidade dos fornecedores, gerando benefícios para
ambos.
Consórcios de exportação são exemplos de alianças estratégicas em que não existe um vínculo formal entre
as empresas que os constituem.
Analise os principais aspectos relevantes na atuação de consórcios, lendo o artigo "Atuação de consórcios
de exportação brasileiros no segmento de moda praia", de Breno de Paula Andrade Cruz e Deborah Morais
Zouain.
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Alianças bem-sucedidas, geralmente, são aquelas em que os parceiros têm uma atitude positiva quanto à
natureza de evolução dessa aliança e em que existe confiança entre as partes.
Liderança estratégica
A capacidade de uma empresa para atuar com competitividade estratégica e ganhar retornos acima da
média fica comprometida quando os líderes estratégicos deixam de responder apropriada e rapidamente às
mudanças no ambiente competitivo global.
Flexibilidade e agilidade na capacidade de adaptação são, assim, competências essenciais que devem estar
presentes no proceder dos gestores empresariais, sendo a base da liderança estratégica. Esses atributos
podem ser definidos como a capacidade de antecipar, vislumbrar, manter e delegar poderes, a fim de criar
mudanças estratégicas quando necessário. (HOSKISSON et al., 2005, p. 489).
Embora o objetivo de qualquer estrategista seja identificar a melhor estratégia, a realidade é que estratégias
excelentes não existem, pois elas não são imutáveis. O que existe é a flexibilidade estratégica, isto é, a
capacidade de adaptação da estratégia à dinâmica do mercado, um fator para o sucesso de qualquer
estratégia.
Entenda o que é flexibilidade estratégica e os passos necessários para que uma estratégia seja bem-
sucedida em tempos de constantes mudanças, acessando o artigo "A hora da flexibilidade".
A hora da flexibilidade
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A presença de uma liderança estratégica, enquadrada por uma forte cultura organizacional, facilita e torna
mais eficaz o processo de mudança estratégica.
A questão que se coloca, então, é a razão pela qual algumas empresas não conseguem se adaptar a
mudanças, enquanto outras prosperaram na ruptura e na descontinuidade.
Essa questão se encontra muito bem esclarecida na palestra de Yves Doz, especialista em inovação
tecnológica e estratégica, que você pode assistir no vídeo a seguir.
Assista ao vídeo "Agilidade estratégica: como se antecipar às mudanças com ações rápidas
e certeiras sem preder a direção".
15:15
HSM
Nas condições expostas, o líder estratégico deve: dominar e entender a evolução científica e tecnológica e a
sua aplicação ao negócio; estabelecer planos proativos de melhoria empresarial; estar confiante na
capacidade dos seus colaboradores, para aproveitar o seu potencial e facilitar o desenvolvimento;
aconselhar e oferecer apoio constante; coordenar e projetar regras; selecionar pessoal idôneo; e reunir todos
os seus liderados em torno de uma ideia.
Dessa forma, é esperado de uma liderança estratégica que ela desenvolva uma visão, no longo prazo, da
intenção estratégica da empresa, analisando continuamente a evolução dos ambientes internos e externos
em permanência, assim como o seu desempenho atual. As competências essenciais também devem ser
utilizadas no desenvolvimento da estratégia e, por isso, devem ser verificadas pelos líderes estratégicos.
Esses líderes estratégicos devem modelar a cultura organizacional, regulando o comportamento dos
empregados, a maneira como a empresa realiza negócios e atualizar-se permanentemente, adquirindo
habilidades necessárias, não somente para ajudar a desenvolver o capital humano nas áreas de sua
responsabilidade mas, também, para disseminar qualidades que inspirem os empregados a desenvolver e
apoiar uma cultura organizacional na qual as práticas éticas sejam normas comportamentais esperadas.
Equidade: caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes
interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses
e expectativas.
Em um sistema de governança corporativa, as questões societárias estão sempre bem resolvidas, pois não
são aceitáveis situações como o desvio de finalidade (quando a empresa é utilizada como fachada para
outra atividade) ou confusão patrimonial (confusão no registro e uso de bens da pessoa jurídica por seus
sócios pessoas físicas).
- Alinhamento dos interesses de diversos stakeholders, como acionistas e executivos, na definição dos
objetivos estratégicos para a organização.
O foco da governança corporativa é, então, controlar decisões administrativas, de modo que os interesses de
t o d o s o s stakeholders (consumidores, fornecedores, concorrentes, órgãos fiscalizadores, sindicatos,
comunidade financeira, proprietários, acionistas e associações de classe) sejam assegurados. Caso
contrário, stakeholders retirarão o apoio à empresa e oferecem-no a outra (por exemplo, clientes deixarão de
comprar produtos e passarão a adquiri-los de outro fornecedor).
Aprofunde o tema governança corporativa lendo o artigo "Para incluir o conselho em seu mapa".
Em uma sala de aula do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), após uma
preleção sobre a responsabilidade dos administradores, formam-se dois grupos de alunos.
Eles têm de simular posições de defesa e acusação em relação a uma questão espinhosa: se
os conselheiros da Petrobras que aprovaram a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA,
deveriam ou não responder pessoalmente pelos danos que a empresa teria tido com o projeto.
Há bons argumentos. A favor de uma condenação, alega-se que os conselheiros teriam agido
sem a devida diligência, à medida que aprovaram uma operação por valor muito superior ao
indicado por uma avaliação externa, com cláusulas contratuais manifestamente contrárias aos
interesses da empresa, e sem ter tido tempo e informações suficientes para avaliar os termos
e condições do negócio, entre outras razões.
Pela absolvição, alegou-se que a operação estava alinhada com o plano de investimento da
empresa, que o conselho não tinha sido informado pelos executivos a respeito da existência
das cláusulas consideradas nocivas, que a operação não era desproporcional para uma
empresa como a Petrobras, que o valor foi baseado em uma avaliação interna.
O objetivo da aula era o de fixar, com base em um caso real e famoso, alguns conceitos que
são muito importantes para conselheiros. Essa foi a aula que o professor Richard Blanchet
deu, no primeiro semestre de 2018, a seus alunos no tradicional curso de formação de
conselheiros do IBGC [veja quadro ao lado].
Programas como o do IBGC estão atraindo cada vez mais profissionais, interessados em
seguir a atrativa carreira de conselheiro, apesar de entenderem as dificuldades enfrentadas no
exercício da atividade, como essa decisão sobre Pasadena. Luiz Carlos Cabrera, sócio-
fundador da Panelli Motta Cabrera e também professor do IBGC, identifica três
conjuntos diferentes de profissionais que ambicionam a carreira de conselheiro: os que estão
encerrando a longa atuação executiva mas ainda com muita energia e disposição; CEOs e
diretores-financeiros, de tecnologia, de recursos humanos, ainda em plena carreira
executiva, mas desejosos de uma experiência diversificada; e membros acionistas de famílias
controladoras de negócios que por algum acordo interno não podem ter uma carreira
executiva, mas podem atuar como conselheiros em suas empresas controladas.
"Agora, começa a aparecer um quarto grupo, formado por executivos de empresas estatais que
buscam melhor preparo ante uma escolha mais profissional de conselheiros para empresas
controladas pelo Estado", acrescenta Cabrera, que já foi membro do conselho do IBGC
propriamente dito e hoje se dedica à carreira de "caçador de conselheiros" e ao conselho da
Aliança de Misericórdia, ONG que atua na recuperação de adictos em drogas e em educação
infantil. Isso tem relação com a chamada Lei das Estatais, de 2016, que ela veda a indicação
política de membros para o conselho de administração e para a diretoria.
Há lugar para mais gente? Sim. "Empresas médias e familiares, que não tinham boas práticas
de governança até recentemente, estão passando a adotá-las, e muitas vêm montando
conselhos consultivos como embriões para conselhos de administração futuros", afirma
Heloisa Bedicks, superintendente geral do IBGC. Para Cabrera, várias empresas estão,
finalmente, entendendo a importância do conselho para lidar com a complexidade do mundo
dos negócios atual. "A empresa que durante anos dependeu de uma só cabeça pensante
percebe que precisa de um exercício de reflexão mais amplo para poder tomar decisões mais
conscientes."
Uri Levine, empreendedor serial israelense que entre outros negócios cofundou o onipresente
aplicativo Waze e o Moovit, deixa claro: ele detesta governança e conselhos. "Além de não ser
minha área de expertise, governança é a antítese do empreendedorismo", disse em uma
entrevista a HSM Management, quando se preparava para vir ao Brasil, São Paulo, participar da
Campus Party. Essa declaração retumbante explica uma parte das mudanças que as estruturas
de governança vêm enfrentando.
Hoje, está bem claro que, além de olhar para os riscos, o conselheiro deve olhar para o valor
agregado à estratégia, para o alinhamento de negócios, para questões que envolvem pessoas -
com discussões sobre contratação, remuneração, retenção -,aspectos do negócio que os
investidores consideram estratégicos. "O conselho atual é um ambiente criativo. Deve-se
pensar fora da caixa e estimular as novas ideias", afirma Alexandre Silva, presidente do board
de uma das empresas mais inovadoras do Brasil - a Embraer.
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Da esq. p/ a dir, Alexandre Silva, da Embraer; Celso Lemme, do Coppead; Danilo Gregório, do
IBGC; Erica Isomura, da Corall, e Heloisa Bedicks, do IBGC e do GNDI
Assim, para serem capaz de lidar com a rápida transformação do ambiente de negócios,
impactado pelos avanços tecnológicos, alterações climáticas, crises políticas, econômicas e
sociais, e mudanças demográficas, as empresas estão mudando e recorrendo
ao empreendedorismo inovador. E a necessidade de a empresa empreender e inovar faz mudar
o perfil dos conselheiros. É o que explica o discurso hegemônico - e quase monotemático -
em prol de "diversidade nos conselhos" que encontramos mundo afora.
"A diversidade tem tomado as discussões sobre a governança corporativa no Brasil, e começa
de fato a afetar a formação e o funcionamento dos conselhos", conta Blanchet, que além de
professor do IBGC e da Saint Paul é sócio-sênior da Loeser, Blanchet e Hadad Advogados e
membro do conselho do IBGC.
A diversidade que mais avança no Brasil é a de gênero. Pelo Board Index Brasil 2018, do IBGC,
há 9,4% de mulheres em conselhos, o que significa um aumento de 15% sobre 2017. Entre 2015
e 2018, a presença feminina nos cursos de conselheiros do IBGC aumentou 64% - só em 2018,
eram 120 alunas.
Menos de 10% ainda é pouco, ainda mais quando vemos que 54% dos nossos conselhos ainda
não têm mulher alguma, mas a representatividade feminina parece ir bem quando a pareamos
com a dos negros. Além de não haver medição para isso no país ou fora, os raros casos
existentes -geralmente fora -são tão alardeados que só enfatizam a raridade. Como em 2018,
quando o Facebook alardeou que Kenneth Chenault, ex-CEO da American Express, seria o
primeiro negro em seu conselho. Nem os estrangeiros, normalmente valorizados em
conselhos do Brasil, têm se mantido firmes, aliás: sua participação caiu 5% na comparação
entre 2018 e 2017.
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Um aspecto da diversidade que ganha especial espaço é o da inclusão dos jovens, pelo atual
contexto de transformação digital. Já ficou clara a necessidade de competências ligadas à
tecnologia estarem nos boards. A média de idade dos conselheiros ainda é elevada - 55 anos -,
mas 8,8% possuem entre 30 e 39 anos. A Embraer, de novo, é exemplo: em seu board,
todos eram homens aposentados com mais de 65 anos; hoje já há duas mulheres e três
membros na faixa dos 50.
Para o professor da HSM Luis AuguAugustoão Mendes, que é conselheiro de oito empresas,
há um espaço evidente para os mais jovens em conselhos. Só precisam ser jovens com
visibilidade na carreira executiva, "como um Sergio Chaia, que foi presidente de multinacional
aos 37 anos", ou que apresentem um diferencial como ser especialista em blockchain ou
ter fundado uma startup.
Paulo Veras, um dos fundadores da 99 -o primeiro unicórnio do Brasil- e que nasceu na década
de 1970, foi convidado a participar do conselho da Localiza em 2004 e aualmente, está nos
boards também da B2W Digital e da Estapar. Algum tempo atrás, soube-se de uma mulher de
27 anos, recém-formada, que foi incluída em um conselho brasileiro também. Ela também
havia fundado uma startup. "Ela entrou como uma provocadora digital. Essa é uma boa
estratégia para transformar o mindset dos conselheiros para o digital", avalia a especialista
Érica Isomura, sócia e consultora da Corall.
Da esq. p/ a dir., Alexis Novellino, da Procurare; Luis AuguAugustoão Mendes, ligaa HSM; Luiz
Carlos Cabrera, da Panelli Motta Cabrera; Rui Rocha, da Partner Consulting; e Sandra Guerra,
da Better Governance
Isomura crê que as tecnologias digitais são um dos grandes vetores de uma mudança ainda
maior na governança, na direção de ser mais dinâmica, ágil, horizontal e compartilhada. Até o
formato do conselho pode ser renovado. "Não falo em dez anos adiante; falo em cinco anos",
completa ela.
O primeiro passo para o candidato a board member que quer aproveitar a onda de mudanças
para fazer carreira é desaprender - abandonar a visão fantasiosa que muitos executivos têm: a
de que ser conselheiro é uma mera sequência da carreira corporativa padrão. Não é. "As
competências técnicas até podem ser similares, mas as pessoais e comportamentais são
bem diferentes - e essa transição não pode ser subestimada", diz a especialista Sandra Guerra.
Só para começar, um executivo atua de maneira mais individualizada, enquanto o conselheiro
não faz nada sozinho.
A capacidade de aprender, embora nem sempre seja citada, está implícita: além de fazer um
curso de conselheiro (a certificação é requerida), espera-se de um board member que busque
atualizações frequentes.
Quanto à experiência, ter ocupado posição de liderança pode ser imprescindível para algumas
empresas. Aceita-se uma diversidade cada vez maior nesse campos, mas cargos C-level ainda
têm vantagem. O histórico de integridade ética do executivo é cada vez investigado e conta
muitos pontos.
Um diferencial em tarefas pode ser o foco onde o Brasil deixa a desejar. Segundo uma
pesquisa de 2018 do Global Network of Directors Institutes (GNDI) realizada em 17 países,
planejamento sucessório da empresa e avaliação de desempenho do conselho ainda recebem
pouca atenção aqui, como lembra Bedicks, que também é VP do GNDI. E são pontos
bem relevantes para a maioria dos conselheiros estrangeiros. Ou seja, quem der atenção a
tarefas nessas áreas tende a destacar-se.
Rotinas. Essas devem ser ajustadas de acordo com a dinâmica dos negócios, segundo o
professor da HSM. O conselheiro recebe o material da reunião, com alguma antecedência, para
ter tempo de estudar o que será discutido na próxima reunião. Se necessário, deve buscar
maiores informações dentro da própria empresa ou fora, para que seu parecer e decisão sejam
precisos. "A função não se resume somente ao dia da reunião, ele deve estar sempre
bem informado e atento sobre as atividades da empresa, as mudanças tecnológicas,
movimentos da concorrência, mudanças na legislação, sobre novos hábitos de consumo e
tendências. É uma atividade que requer disciplina, formação continuada, atualização
e principalmente um bom network", detalha Lobão.
A tecnologia facilita as rotinas dos conselheiros. Silva, por exemplo, conta que portais de
governança ajudam muito, por oferecerem mais segurança ao manuseio de documentos e
informações, que evita vazamentos. "Temos usado muito, é melhor do que e-mail", diz. Uma
plataforma da startup Atlas Governance automatiza todos os processos de um
conselho, desde o agendamento da reunião até o monitoramento da implementação do foi
decidido. O fato de a startup já ter recebido duas rodadas de investimento de R$ 1,5 milhão
confirma a utilidade da ferramenta que Eduardo Carone criou em 2017.
Tradeoffs. Por conta da demanda de tempo dessas tarefas e rotinas, o conselheiro precisa ter
uma noção responsável de qual é o limite de conselhos de que consegue participar de modo
eficaz. No Brasil, as boas práticas do IBGC chegavam a indicar a participação de um mesmo
conselheiro em seis boards - mas agora não há recomendação, pois depende muito da
demanda de cada um.
Enquanto alguns conselhos se reúnem a cada três meses, em outros, a frequência é bem
maior, como no Itaú, no qual são 124 reuniões por ano. A média é de oito a 12 reuniões anuais,
além de eventuais encontros extras, que até podem ser virtuais. Dependendo do setor de
atuação, há outras demandas. Se for uma varejista, por exemplo, que requer ajustes rápidos, o
conselheiro pode receber fechamentos diários e semanais, além de manter contatos
frequentes com o gestor.
Um cuidado extra é não cair no canto da sereia de trocar a visão de longo prazo pela de curto
prazo. O modelo de remuneração variável em conselhos, por exemplo, pode induzir a isso. "Em
minha opinião, receber bônus ou dividendos, como executivos e acionistas, pode levar os
conselheiros a ter objetivos de curto prazo", comenta Lobão.
Benefícios e riscos
Ocupar uma cadeira em conselho tem suas delícias, e muitos definem suas intenções de atuar
em governança por causa delas. Uma delícia é poder continuar trabalhando após certa idade,
só que em um ritmo mais leve, em vez de se aposentar ou de precisar empreender, o que
sempre requer mais esforço.
O avanço nos valores, para o IBGC, é reflexo de vários fatores, como a maior consciência
quanto à responsabilidade das companhias no ambiente dos negócios e quanto ao impacto
social e ambiental das mesmas. São as empresas do setor financeiro que melhor pagam seus
conselheiros, enquanto a média mais baixa está nas de tecnologia, mídia e telecomunicações.
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Porém os riscos da carreira também devem ser pesados por quem decide enveredar por essa
trilha. Apesar de não estar destacado na pesquisa do IBGC, o aumento da remuneração a
conselheiros também deve ser reflexo da maior visibilidade dos riscos que esses
profissionais correm, inclusive com impacto ao seu patrimônio pessoal. Isso ficou mais
evidente após casos emblemáticos, desde o escândalo da Enron no ano 2000 nos Estados
Unidos, seguido por outros, inclusive no Brasil.
"A consciência dos riscos deixou de ser pro forma e passou a ser real no Brasil", diz Danilo
Gregório, gerente de vocalização e influência do IBGC. "Os riscos dos membros do conselho
de administração são grandes, como ter bens apreendidos e ficarem indisponíveis, a aplicação
de multas e perdas financeiras e até o cárcere", observa Lobão. "
É claro que há como gerenciar riscos, como um seguro de responsabilidade civil para
administradores, chamado D&O, que é contratado pela companhia. Se ficar provado que não
houve dolo ou negligência, o D&O cobre custos de defesa com processos e honorários de
advogados e condenações pecuniárias. Há também conselheiros que têm criado holdings
patrimoniais com o intuito de blindar seus bens pessoais.
Sandra Guerra, da Better Governance, diz que não há uma metodologia robusta para avaliar,
gerenciar e mitigar todos os riscos possíveis de um board member, inclusive os que envolvem
a própria reputação e talvez o envolvimento emocional. Ela deve saber bem do que fala.
Reconhecida como uma das mais competentes conselheiras do Brasil, Guerra é hoje membro
do conselho da Vale.
Outro elemento dinamizador é o pós-MBA "Advanced Boardroom Program for Women", criado
em 2016 pela Saint Paul Escola de Negócios e focado no desenvolvimento de competências
técnicas multidisciplinares e comportamentais para futuras conselheiras. Tem 276 horas (13
meses) e conta com um módulo internacional na Tel Aviv University, Israel, por uma semana.
Mais um programa alternativo acaba de ser criado pela Inova Business School, o "Conselheiro
TrendsInnovation". Marcelo Veras, presidente da escola, conta que notou, durante sessões
individuais de aconselhamento de carreira dos alunos de MBA e pós-MBA, que dois terços
deles, entre 50 e 55 anos de idade, já enxergam o fim de suas rotas executivas aos 60 e uma
parte deseja atuar em conselhos. "E eles buscam a pegada da Inova, quanto ao futuro,
tendência e inovação, além das disciplinas típicas de formação de conselheiros." A primeira
turma começa em maio próximo com carga horária de 120 horas em cinco meses. Indústria
4.0 e ecossistema de economia criativa estão no currículo.
Ser conselheiro de empresa familiar não é para qualquer um, principalmente quando o
processo de governança ainda não está consolidado (a maioria). Esse profissional precisa
frequentemente ultrapassar os limites do papel de conselheiro e lidar com questões tão
delicadas quanto uma briga entre irmãos.
"Na empresa familiar, emprega-se muito tempo com as relações interpessoais e a gestão dos
conflitos familiares. Isso porque os interesses dos integrantes da família tendem a divergir
bastante, principalmente quando a família empresária é numerosa", avalia Rui Rocha, sócio-
fundador da Partner Consulting do Brasil, membro de conselhos de administração e
consultivos, e também de conselhos de família (a sua própria) e de herdeiros.
Até que o processo de governança esteja consolidado, nenhuma mudança estrutural ocorre
sem desgastes, debates acirrados, idas e vindas de decisões e posicionamentos. Por isso,
explica Rocha, o tempo de consolidação do processo também é mais lento e segue
conforme amadurecem os gestores da família.
Rui Rocha conta que o Grupo Mabu, forte no Paraná, é um bom exemplo disso. Em 2010, criou
um conselho consultivo, que os herdeiros integraram. Na sequência, contratou um CEO e
diretores, e dividiu seu diversificado portfólio de negócios, que inclui hotelaria, agronegócio,
setor imobiliário e energia, em unidades de negócios. "Agora eles já pensam em criar um
conselho de administração."
GOVERNANÇA EM COOPERATIVA
"O desafio é que esse conselheiro eleito nem sempre está preparado para exercer o papel.
Por isso, algumas cooperativas têm investido na formação de conselheiros, em conjunto com
o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Paraná, com treinamentos,
programas de formação e benchmarking para a função de conselheiro, entre outros", detalha
Rocha.
Ser conselheiro em cooperativa é ter uma carreira intensa e desafiadora. Você está preparado?
HSM
Podemos entender, diante de todo o exposto, que somente uma governança corporativa devidamente
exercida possibilitará a formulação e a implementação de estratégias que proporcionem competitividade e
retorno acima da média.
Síntese
SÍNTESE
Tal como definiu Porter, estratégia seria buscar um modo diferente de competir, a fim de trazer valor diverso
para o cliente. Esse procedimento permitiria à empresa prosperar e, consequentemente, atingir lucro
superior. O autor complementa que, para tal, é necessário ser único e, não, ser o melhor, nem colocar metas
de crescimento em primeiro plano. Esses são alguns dos conselhos do pai da estratégia, que podemos
conferir na entrevista a seguir, concedida à HSM Expo Management 2009.
Michael Porter
Seja único- Querer ser o melhor é um erro, assim como colocar metas de
crescimento em primeiro plano
Um dos palestrantes mais esperados da ExpoManagement, Michael Porter deu início a sua
apresentação falando da experiência de fazer parte do evento: "Este é um dos encontros mais
interessantes do mundo na área de gestão". O autor do clássico Vantagem Competitiva das
Nações (ed. Campus/Elsevier) e professor da Harvard Business School veio ao Brasil para nos
recordar os fundamentos da estratégia, por ele difundidos desde os anos 1980, no atual
contexto de competição.
O "pai da estratégia moderna" salientou que o pior erro que uma empresa pode cometer é
competir dentro das mesmas dimensões de seus rivais, almejando ser a melhor. "Você deve
lutar para ser o único. Declarar que quer ser o melhor é uma maneira muito arriscada de
esboçar a estratégia", alertou, referindo-se às declarações de missão. O risco reside no fato de
ser o cliente soberano ao decidir quem é o melhor. "Então, é um objetivo falso, que o leva a
tentar fazer demais."
A chave é decidir a quem você vai entregar seu valor único. Dessa maneira, não se permite que
o mercado conduza a empresa. A estratégia, portanto, define uma abordagem diferenciadora
para competir, bem como as vantagens competitivas únicas nas quais ela será baseada.
Um exemplo de entrega de valor único é o da Ikea, rede sueca de lojas de móveis. Ao entregar
seus produtos em caixas para que o cliente os transporte e os monte por sua conta, conquista
uma fatia de mercado que busca design e qualidade relativamente melhores, mas que não
pode pagar por uma mobília superior. Ao mesmo tempo, a empresa tem economia de custos.
"Eu odeio a Ikea", confessou Porter, "mas minha filha, que está na universidade, a ama."
O ponto de partida para desenvolver uma estratégia é definir os objetivos financeiros, tendo
em mente que o propósito maior da organização é criar valor econômico (veja "Cuidado com
as metas de crescimento!", abaixo). É preciso ter cuidado para não cair na armadilha de
confundir desempenho econômico com valor para os acionistas. "O valor para o acionista é o
resultado, e não a meta", distinguiu o palestrante. "Muitas empresas, porém, olham para o
preço da ação para saber se estão bem ou mal." Como as ações são negociadas rapidamente
e detidas por gestores de capital, os interesses dos acionistas e da empresa não são os
mesmos. "O que me assusta é que isso está destruindo o próprio capitalismo. Isso significa
que não se pode tentar agradar ao atual acionista."
Crescendo estrategicamente
"É ilusão pensar que crescer em segmentos novos e não atendidos é lucrativo", disse Porter.
Segundo ele, para crescer de maneira estratégica, as empresas devem:
• Aprofundar a posição estratégica (em vez de ampliá-la) em relação aos clientes existentes.
Para que o líder consiga sucesso nessa empreitada, um aviso de Porter: "A estratégia não é
um processo democrático. Não se trata de fazer todo mundo feliz, de incorporar as ideias de
todos. O CEO tem de fazer uma escolha clara e não pode tolerar pessoas que atrapalhem essa
direção".
preço
participação de mercado
produto
Em vez de:
Valor
posição única
experiência do cliente
"Há muito otimismo em relação ao Brasil e sinto uma energia boa no ar. O País está
avançando, é empolgante. Existem enormes oportunidades de negócios por aqui e muitos
gestores ótimos. É preciso, porém, maturidade estratégica."
"As ações brasileiras estão lá em cima. Acho que isso não significa que vocês tenham
melhorado tanto em tão pouco tempo."
Na visão de Michael Porter, as preocupações com questões sociais serão determinantes para
as empresas no período pós-crise. No entanto, poucas integraram a questão social na
estratégia, de modo a reforçar vantagens competitivas.
"Uma empresa saudável depende de uma sociedade saudável", disse o professor. Portanto, as
empresas devem trabalhar com as comunidades; elas têm de assumir a liderança. Cabe aos
ativistas, agentes de serviços sociais e governos apoiá-las. "Chegou a hora de adotar uma
estratégia econômica racional e estancar o custo insustentável das abordagens
ultrapassadas."
HSM
Embora complexo, o conceito de estratégia está presente em nossas vidas, alicerçando empreendimentos e
orientando o desenvolvimento pessoal das atividades profissionais e das empresas para as quais
colaboramos.
Resumidamente, podemos dizer que uma liderança estratégica enquadrada por forte cultura organizacional
instigará a tomada de decisões, que não só aumentam a eficiência operacional, mas que, também,
possibilitam que a empresa se desenvolva e cresça de forma sustentável.
Quiz
QUIZ
a Penetração de clientes.
b Desenvolvimento de produto.
c Desenvolvimento de mercado
d Crescimento concêntrico.
e Diversificação.
VERIFICAR
As empresas resistem à formação de alianças estratégicas, pois sabem que perderão a sua
e identidade.
VERIFICAR
a Joint venture.
b Franquia.
c Subcontratação.
d Estratégia de rede.
e Licenciamento.
VERIFICAR
VERIFICAR
a Accountability.
b Equidade.
c Prestação de contas.
d Responsabilidade corporativa.
e Transparência.
VERIFICAR
Referências
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARCIA, L. A. Uma learning organization brasileira. [Entrevista cedida a] José Salib Neto. HSM Experience,
São Paulo, 2009. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/uma-learning-organization-brasileira.
Acesso em: 13 jul. 2020.
HOSKISSON, E.; HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HARISSON, J. S. Estratégia competitiva. Sã o Paulo: Cengage
Learning, 2009.
IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas de governança
corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
JOHNSON, G.; SCHOLES, K.; WHITTINGTON, R. Fundamentos de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2011.
MAZZALI, R.; ERCOLIN, C. A. Governança corporativa. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
ROBSON, Ken. Palestra proferida no TED Taks, Monterey (Califórnia), fev. 2006. Disponível em: https://experi
ence.hsm.com.br/posts/falando-de-estrategia-com-michael-porter. Acesso em: 13 jul. 2020.