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RESUMO

O objectivo deste trabalho é fazer uma análise económico-financeira da empresa CDM,


levando-se em consideração o período de 2006 a 2008. Para tanto utilizamos diversos
métodos de análise financeira, como por exemplo, a análise vertical e horizontal e o
termómetro de insolvência, por meio do cálculo de indicadores de liquidez,
endividamento, actividade, rentabilidade e de overtrading, além do MARGEM BRUTA.
Verificamos que a empresa CDM possui alto grau de endividamento, o que compromete
a situação da empresa. Sugerimos, então, que a empresa evite contrair novas dívidas e
que mantenha os aspectos positivos identificados, como por exemplo, a folga entre o
prazo médio de recebimentos e de pagamentos.

PALAVRAS-CHAVE: CDM. Análise económico-financeira. Indicadores financeiros.

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Índice
RESUMO.................................................................................................................................1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................2
CDM – CERVEJA DE MOÇAMBIQUE.................................................................................4
BREVE HISTORIAL DA CDM..............................................................................................4
A PRIMEIRA CERVEJA DE MANDIOCA DO MUNDO.....................................................7
1. ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL...............................................................8
2. ANÁLISE DA DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO..................8
3. ESTUDO DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ........................................................9
a) Índice de Liquidez Corrente (ILC)...............................................................................9
b) Índice de Liquidez Seca (ILS)........................................................................................9
c) Índice de Liquidez Imediata (ILI).................................................................................9
4. ESTUDO DOS INDICADORES DE ATIVIDADE.....................................................9
a) Giro do Estoque (RE).....................................................................................................9
b) Prazo médio de Pagamento (PMP)..............................................................................10
c) Prazo Médio de Recebimento (PMR)..........................................................................10
Comparação do PMR e PMP..................................................................................................10
d) Giro do Activo Total (RAT).........................................................................................11
5. ESTUDO DOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO.........................................................11
a) Índice de Capitais Alheios..............................................................................................11
b) Índice de Dívidas de Curto Prazo Sobre o Endividamento Total...................................11
6. ASPECTOS IDENTIFICADOS..................................................................................12
a) Aspectos Positivos.........................................................................................................12
b) Aspectos Negativos.......................................................................................................13
e) Margem Operacional...................................................................................................13
f) Retorno Sobre Activo Total (ROI)..............................................................................13
g) Retorno sobre o capital próprio..................................................................................14
7. PRINCIPAIS CAUSAS SOBRETREINAMENTO...................................................14
1. SUGESTÕES................................................................................................................14
CONCLUSÃO.......................................................................................................................15
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................16
ANEXOS

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INTRODUÇÃO
O mundo dos negócios está a cada dia mais necessitado de ferramentas que auxiliem na
gestão do negócio. Para tanto o conhecimento abrangente da situação financeira das
empresas se faz necessário. A análise Económico-Financeira, nesse contexto, se
constitui em um instrumento de avaliação da empresa para auxiliar na tomada de
decisão.

Segundo Silva (2006, p. 26), “[...] a análise financeira de uma empresa consiste num
exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das
condições endógenas e exógenas que afectam financeiramente a empresa”.

Assim, verificamos que a análise financeira nos permite a visualização da situação geral
da empresa tanto interna quanto externamente. O produto final da análise (relatório)
destina-se a vários tipos usuários internos e externos, como exemplos de usuários
internos temos, a administração da empresa, accionistas e proprietários, e externos,
fornecedores, clientes, investidores e instituições financeiras entre outros.

Neste trabalho pretendemos fazer uma análise Económico-financeira da empresa CDM.

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CDM – CERVEJA DE MOÇAMBIQUE
A CDM é a primeira maior cervejaria de Moçambique e a líder do mercado do Centro
de Moçambique, mantém operações em todas províncias. As operações da Companhia
consistem na produção e comercialização de cervejas, chopes, refrigerantes, outras
bebidas não alcoólicas e malte, dividindo-se em três unidades de negócio:

 Operações Maputo: representada pelas vendas de (i) cerveja (ii) refrigerantes e


bebidas não alcoólicas e não carbonatadas; e (iii) malte e sub produtos;
 Operações Nampula, representada pela participação actual de 59,2% da CDM
em Nampula, bem como pelas operações da Companhia no norte; e
 Operações Beira, representada pela operações da outra empresa, incluindo
vendas domésticas de cerveja.

As principais marcas da CDM incluem 2M, (as cervejas mais consumida em


Moçambique), Manica, Laurentina Dourada e Impala Além disso, a empresa é a maior
engarrafadora de outras marcas. A Companhia vende e distribui os produtos em outros
países da África Austral, incluindo várias marcas.

BREVE HISTORIAL DA CDM


Sentado na esplanada do restaurante Piri-Piri, em Maputo, Manuel Teixeira recorda o
tempo em que pedia uma cerveja Laurentina ou uma 2M e os empregados lhe traziam
um prato de camarões para acompanhar. «Eram os nossos tremoços», diz. Foi há mais
de 35 anos e a cidade, então chamada Lourenço Marques, era a capital da província
ultramarina de Moçambique.

O empresário português, que ao longo das últimas décadas viajou para o país
regularmente, foi testemunha da prosperidade da época colonial, da miséria dos anos da
guerra civil (Moçambique chegou a ser o país mais pobre do mundo) e do renascimento
da última década em que os índices de crescimento atingem os sete por cento ao ano.

EM 1986, Manuel Teixeira não conseguiu evitar o choque quando regressou a Maputo,
11 anos após a independência de Moçambique. «Já não havia camarão para comer,
quanto mais para petiscar. Foi todo levado para a China e para a Rússia em mega navios
que aspiravam o fundo do mar sem critério. Por cá só se comia peixe frito, normalmente
carapau, que os russos mandavam congelado como contrapartida pelo peixe e pelo
camarão que levavam.» O acompanhamento era, normalmente, repolho e, com alguma
sorte, arroz. Cerveja e outras bebidas alcoólicas eram um luxo ainda mais difícil de
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arranjar. «Só com cunha e, mesmo assim, era preciso enfrentar filas de várias horas.
Estava tudo racionado», conta o português de 62 anos.

José Moreira, administrador das Cervejas de Moçambique, proprietária das marcas


Laurentina e 2M, admite que nessa época era impossível abastecer eficazmente o
mercado. «Tínhamos grandes dificuldades de produção. Faltava dinheiro para a matéria-
prima e para substituir as peças que se iam avariando. No máximo, conseguíamos enviar
dois ou três barris por semana para cada restaurante, o equivalente a sessenta-noventa
litros. Mal chegava para um dia.»

João dos Santos, publicitário e responsável pela imagem destas duas marcas de cerveja,
confirma: «Nos restaurantes estava estabelecido que só se podia vender uma cerveja por
refeição. Quem queria beber mais, ia pedindo mais pratos de comida que se iam
amontoando nas mesas, completamente cheios, ao lado das garrafas de cerveja vazias.»

A história das cervejas Laurentina e 2M começou, no entanto, muito antes destas


convulsões. No início do século XX, um imigrante grego chamado Cretikos, que
percorria os bairros ricos de Lourenço Marques a vender água fresca de porta em porta,
apercebeu-se de que não existia gelo para conservar o peixe que todos os dias era
descarregado nas docas da cidade. Foi assim que, em 1916, Cretikos abriu a primeira
fábrica de gelo e de água mineral de Moçambique, mesmo em frente ao porto de pesca.
Chamava-se Victoria Ice and Water Factory e foi um êxito imediato. Em poucos anos,
começou também a produzir refrescos e a sonhar com a primeira marca de cerveja feita
em Moçambique. Aconteceu em 1932, quando o grego viajou até à Alemanha para
contratar um mestre cervejeiro que desenvolveu uma receita de cerveja de estilo
europeu a que Cretikos chamou Laurentina, em homenagem aos naturais de Lourenço
Marques - laurentinos.

A receita desta cerveja permanece secreta, mas sabe-se que uma parte do seu sucesso
resulta da mistura de três maltes e de uma dupla filtragem a frio que lhe confere
estabilidade. A Laurentina é até hoje a mais premiada de todas as cervejas de
Moçambique. E as suas variantes clara, preta e Premium já lhe valeram diversos
prémios internacionais, entre eles a medalha de ouro Monde Selection, na Bélgica.

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No entanto, se costuma comprar cerveja Laurentina em Portugal, saiba que a verdadeira,
produzida a partir da receita original de Cretikos, só está à venda em Moçambique, na
África do Sul e em algumas lojas especializadas do Reino Unido. «A que aparece nos
supermercados portugueses é uma imitação registada na Alemanha depois do 25 de
Abril por um português que viveu em Moçambique no tempo colonial», esclarece o
responsável de imagem da Laurentina, João dos Santos.

Depois de 36 anos a trabalhar diariamente com estas cervejas, o administrador José


Moreira conhece bem estas e outras histórias. Abandonou o sonho de estudar Medicina
para começar a trabalhar nas Cervejas de Moçambique assim que terminou o 12.º ano,
pouco antes da independência do país. Acabaria por ir para a universidade mais tarde,
mas para estudar Economia. «De um momento para o outro a fábrica perdeu mais de
metade dos quadros, entre eles todos os técnicos qualificados que [em consequência da
descolonização] partiram repentinamente para Portugal, para o Brasil e para a África do
Sul», conta. «Por causa disso, o presidente Samora Machel [primeiro presidente de
Moçambique, morto em 1986] decidiu que todas as pessoas que já tivessem concluído o
ensino secundário tinham de começar a trabalhar nas áreas mais urgentes para manter o
país a funcionar», esclarece José Moreira, 56 anos, que trabalha até hoje na fábrica da
cerveja 2M, abreviatura de Mac-Mahon, uma marca quase tão icónica como a
Laurentina, criada durante o período colonial português, em 1962. O nome desta cerveja
é, aliás, uma homenagem ao antigo presidente francês Marie Edmé Patrice Maurice,
conde de Mac-Mahon, que, em 1875, decidiu a favor de Portugal numa disputa com a
Grã-Bretanha sobre qual dos dois países deveria ficar com a posse do Sul de
Moçambique.

Ao contrário da Laurentina, conhecida por ser a cerveja das elites, a 2M - atualmente a


cerveja mais consumida no país - afirmou-se, sobretudo, entre a classe mais pobre,
chegando a ser vendida sem rótulo durante os anos da guerra civil, de 1976 a 1992.
«Naquele tempo, só era possível reconhecer uma 2M pelo símbolo estampado na
carica», conta João dos Santos, autor da primeira grande campanha de publicidade da
marca, uma das principais responsáveis pelo êxito atual da 2M.

José Moreira lembra-se bem desta fase e diz que os rótulos eram o de menos. «As
máquinas que usávamos na fábrica estavam completamente obsoletas. Trabalhávamos
dois dias, parávamos uma semana», conta. Um dos episódios mais marcantes deste

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período foi a avaria irreversível da máquina pasteurizadora que fez descer o prazo de
validade das cervejas de três meses para uma semana. «Após cinco dias, começavam a
aparecer sedimentos dentro da garrafa e a cerveja começava a apodrecer.»

O administrador conta que, durante esses anos, a maior parte da cerveja vendida em
Moçambique era imprópria para consumo. «O transporte para fora de Maputo era feito
por barco. Só para chegar ao porto de Nacala, no Norte do país, demorava vinte dias -
quando lá chegava já estava completamente fora do prazo. E dali ainda tinha de ser
descarregada e distribuída até aos pontos mais remotos. Quando chegava ao consumidor
já tinha pelo menos 45 dias.» No entanto, garante, nunca ninguém ficou doente nem
apresentou qualquer queixa sobre a qualidade da cerveja.

O presidente Samora Machel conhecia bem as dificuldades de José Moreira. Costumava


fazer inspeções à fábrica pessoalmente. Estas vistorias de surpresa, conhecidas como
visitas-relâmpago, mantinham as empresas moçambicanas em sobressalto. «Uma vez
apareceu cá à uma da manhã e encontrou a maior parte do pessoal a dormir, muitos
homens bêbedos, de barba por fazer, descalços.» Foram despedidos.

José Moreira assistiu de perto à glória, à decadência e ao renascimento da Laurentina e


da 2M e diz que as duas cervejas são também um reflexo da história recente de
Moçambique. A empresa, que começou por ser privada, sofreu uma intervenção do
governo de Samora Machel após a independência de Moçambique, em 25 de junho de
1975, e foi privatizada de novo já nos anos 1990 quando a multinacional Castel,
proprietária da famosa cerveja Cuca, de Angola, comprou a Laurentina. Em 2002, a
marca foi vendida, por fim, à multinacional sul-africana SABMiller, que comprou
também a 2M e a cerveja Manica, muito popular na região centro/norte de
Moçambique.

A PRIMEIRA CERVEJA DE MANDIOCA DO MUNDO


Neste mês, a empresa Cervejas de Moçambique, dona das marcas Laurentina e 2M,
anunciou a criação da primeira cerveja de mandioca do mundo. Chama-se Impala e, de
acordo com José Moreira, administrador da empresa, tem um sabor parecido ao das
cervejas de malte, mas um preço mais baixo. Foi desenvolvida com um duplo objectivo:
para ser consumida pelas camadas mais pobres da população, que se alimentam
sobretudo desta raiz, e para ajudar os pequenos agricultores do Norte de Moçambique a
escoarem os excedentes de mandioca que ficavam a apodrecer nos campos.

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1. ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL

Para analisarmos o Balanço Patrimonial utilizamos os métodos de análise horizontal e


de análise vertical. Segundo Silva (2006), o objectivo da análise horizontal é permitir o
exame da evolução histórica de cada uma das contas que compõem as demonstrações
contabilísticas e da análise vertical é mostrar a participação relativa de cada conta do
demonstrativo contabilístico em relação a determinado referencial. No caso do Balanço
Patrimonial esse referencial é o capital total da empresa.

Analisando o Balanço Patrimonial da CDM (Anexo A) pela análise horizontal,


percebemos que o património da empresa diminui ao longo do período verificado.
Analisando o activo, verificamos que apesar dessa diminuição o grupo “Circulante”
aumenta, o que pode ser explicado pela diminuição que ocorre no subgrupo de créditos
do “Realizável a longo prazo”, principalmente “créditos com pessoas ligadas”, esse
decréscimo pode significar que esses direitos foram pagos aumentando assim as
disponibilidades, que foi o subgrupo do Circulante que mais cresceu.

Pela análise vertical do Activo, verificamos que o grupo mais representativo é o “Não
Circulante”, neste, a participação do subgrupo “Permanente” é a mais significativa,
principalmente na conta “participações em controladas” em “Investimentos”. Este fato
significa que a maior parte do património da empresa depende de outras entidades.

Analisando o Passivo, pela análise vertical, percebemos que o “Património Líquido” é o


mais representativo, no entanto, essa representatividade vem diminuindo no período
verificado, chegando às proximidades de 50%, se essa tendência permanecer em pouco
tempo, a maior parte do capital da empresa será formada por capital de terceiros.

2. ANÁLISE DA DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

No caso da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), o referencial da análise


vertical é a receita líquida de vendas.

Analisando a DRE da CDM (Anexo B) pela análise horizontal, verificamos que o lucro
da empresa diminui no período analisado. Apesar disso, pela análise vertical,
percebemos que a representatividade do lucro permanece praticamente inalterada, com
excepção do ano de 2005 no qual houve uma queda nesta representatividade, mesmo
sendo este o ano com maior receita líquida. A maior representatividade das despesas

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está relacionada às operacionais, ou seja, o decréscimo do lucro está directamente ligado
às actividades próprias da empresa. Além disso, as despesas financeiras aumentam no
período, contribuindo para essa queda, principalmente em 2016.

3. ESTUDO DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ

Os Quocientes de Liquidez, no geral, indicam a capacidade da empresa em cumprir com


as suas obrigações junto a terceiros, ou seja, a capacidade de pagamento das dívidas de
longo e curto prazos.

a) Índice de Liquidez Corrente (ILC)

No caso da CDM verificamos que durante os três anos analisados a empresa não possui
capacidade de cumprir com as suas obrigações em curto prazo, uma vez que neste
período o quociente de liquidez comum esteve abaixo de 1.

b) Índice de Liquidez Seca (ILS)

No caso da CDM verificamos que os stocks não são os principais responsáveis pela
incapacidade da empresa em cumprir com as suas obrigações em curto prazo, uma vez
que a diferença entre o quociente de liquidez comum e o de liquidez seca não foi muito
expressiva nos três anos analisados, e como nas situações anteriores, este quociente
também indicou que a empresa não possui capacidade de cumprir com suas obrigações
em curto prazo.

c) Índice de Liquidez Imediata (ILI)

No caso da CDM verificamos que a capacidade de pagamento das obrigações em curto


prazo por meio dos recursos imediatos durante o período analisado é praticamente nula,
uma vez que o quociente de liquidez imediata esteve próximo de zero nos três anos
analisados.

4. ESTUDO DOS INDICADORES DE ATIVIDADE


a) Giro do Estoque (RE)

Este indicador representa o número de vezes que o Estoque é reposto durante o ano. No
caso da CDM, em 2007, este indicador foi de 6,92. Assim, 12 meses (1 ano) dividido
por 6,92, temos 1, 73 meses aproximadamente ou 52 dias aproximadamente, que é o
tempo médio que os produtos ficaram armazenados no Estoque enquanto não eram

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vendidos. Em 2008, foi 6,36. Assim, 12 meses dividido por 6,36, obtemos 1,89 meses
aproximadamente ou 56 dias aproximadamente, o que indica o tempo médio que os
produtos ficaram armazenados até o momento da venda.

Como podemos notar, a empresa manteve a média de tempo de armazenagem


praticamente inalterada durante estes dois exercícios. Além disso, verificamos que são
boas médias, uma vez que os produtos ficaram armazenados por menos de dois meses.

b) Prazo médio de Pagamento (PMP)

O Prazo Médio de Pagamento indica quanto dias a empresa tem para pagar seus
fornecedores, quanto menor rotação de débito, maior será o prazo que a empresa terá de
saldar as suas dívidas junto aos seus fornecedores. A CDM no ano de 2008 apresentou
considerável melhora em relação a 2007, isso demonstrado através do aumento de dias
que passou de 80,65 para 89,43. Levando em consideração o tempo médio de
recebimentos, verificamos que a empresa possui grande vantagem, pois o tempo médio
de recebimentos é bem inferior ao tempo médio de pagamentos o que indica que a
empresa após receber de seus clientes possui grande folga para cumprir com suas
dívidas.

c) Prazo Médio de Recebimento (PMR)

O Prazo Médio de Recebimento Indica quantos dias em média a empresa leva para
receber de seus clientes suas vendas a prazo, no caso da CDM a empresa apresentou no
ano de 2007 um percentual de 12,98 e em 2008 de 12,70, para a empresa a queda de
percentual é sinal de melhora, pois quanto menor for o tempo de recebimento de suas
vendas a prazo melhor será para ela.

Comparação do PMR e PMP


Este índice nos indica o quanto de tempo, em média, a empresa possui para receber suas
vendas em relação ao tempo que ela tem para pagar suas dívidas.

No caso da CDM, em 2007, este índice ficou em 0,16, o que significa que para cada 100
dias de prazo para a empresa pagar suas dívidas ela tinha 16 dias para receber suas
vendas. Em 2008, este quociente ficou em 0,14, o que indica que para cada 100 dias de
prazo para pagamento das dívidas, a empresa tinha 14 dias para receber suas vendas.

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Como podemos observar, a empresa possui excelentes índices, o que indica que a
empresa possui uma boa folga entre o período de recebimento das vendas e o período de
pagamento das dívidas.

d) Giro do Activo Total (RAT)

Este indicador representa o número de vezes que os recursos aplicados na empresa são
utilizados durante o ano.

No caso da CDM, em 2007, obtivemos um indicador de 0,37, o que significa que para
cada 100,00MT aplicados, a empresa vendeu 37,00MT durante o ano. Em 2008, este
indicador foi de 0,34, o que indica que para cada 100,00MT aplicados a empresa vendeu
34,00MT.

Observando o comportamento da empresa, no que diz respeito a este indicador, notamos


que a empresa não obteve um bom retorno quanto ao capital aplicado na empresa
durante os dois exercícios analisados, uma vez que o montante das vendas não superou
o capital aplicado na mesma.

5. ESTUDO DOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO

Os Quocientes de Endividamento indicam a composição do endividamento da empresa


em relação aos seus recursos totais, aos prazos de pagamento e ao capital próprio.

A situação da CDM quanto aos Quocientes de Endividamento se comporta da seguinte


maneira:

a) Índice de Capitais Alheios

Este índice indica o quanto representa o total de endividamento da empresa em relação


ao total de capital investido.

A CDM apresenta certa estabilidade nos anos de 2006 a 2008, manteve abaixo de 50%
durante o período, indicando a maior parte de capital investido na empresa é próprio,
no entanto, está com tendência de crescimento, chegando às proximidades de 50%, se
esta tendência continuar em pouco tempo a maior parte de capital investido na empresa
será oriunda de terceiros.

b) Índice de Dívidas de Curto Prazo Sobre o Endividamento Total

Este quociente indica a quantidade de dívidas em curto prazo em relação ao total de

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dívidas perante terceiros a curto e longo prazo. A CDM demonstra também certa
estabilidade quanto ao pagamento no período de um ano, o qual a margem de
comprometimento no ano de 2006 é de 50%, caindo em 2007 para 45% e elevando um
pouco em 2008, para 57%, o que pode representar um alerta, ou não, pode ser que esse
aumento esteja ligado a estrutura da empresa ou dívidas de longo prazo que estão
sendo transferidas para o curto prazo. Podemos verificar que há um equilíbrio entre as
dívidas de curto prazo e as de longo prazo.
c) Índice de Autonomia Financeira

O Índice de insolvência proposto por Kanitz é um instrumento utilizado para prever


possibilidade de falência de empresas. Através deste índice procura-se analisar se
determinada empresa pode ter a possibilidade de falir ou não, principalmente a curto
prazo, para fazer a análise das algumas empresas.

d) Margem Bruta

A margem bruta pode ser vista como uma aproximação do fluxo de caixa da empresa
em cada unidade monetária de vendas antes de descontar despesas financeiras ou
impostos. É um importante indicador financeiro na avaliação da qualidade operacional
da empresa.

A margem bruta é um percentual que mostra aos investidores o desenvolvimento de


uma empresa em relação ao período anterior, fornece também uma medida comparativa
de desempenho com a concorrência.

Avaliando a CDM há uma contracção de margem bruta no ano de 2008 em relação ao


ano anterior, devido ao aumento do custo do produto vendido (CPV) em relação à
receita obtida no ano de 2008, pois no ano de 2007 a receita foi bem maior, mas
comparado os custos de 2007 e 2018 foram praticamente iguais, ocasionando assim a
contracção da margem bruta.

6. ASPECTOS IDENTIFICADOS
a) Aspectos Positivos

Um ponto positivo identificado é a representatividade do Capital Próprio da empresa


que durante os três anos analisados manteve-se superior a 50%.

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Outro ponto positivo é o fato da empresa manter boas médias tempo de estocagem, uma
vez que o tempo médio de armazenagem dos produtos foi inferior a dois meses durante
o período analisado.

O capital próprio investido na empresa consegue cobrir o total de endividamento da


empresa, apesar do alto grau de endividamento que a empresa possui.

O prazo médio de recebimentos bem inferior ao prazo médio de pagamentos, o que


possibilita à empresa um período de certa tranquilidade antes de cumprir com os
pagamentos de suas dívidas.

b) Aspectos Negativos

Todos os aspectos negativos identificados estão directamente relacionados ao grau de


endividamento da empresa (capital de terceiros). Apesar de não ser o mais
representativo, o Capital de terceiros é responsável pela sustentação de boa parte das
actividades da empresa.

Assim, verificamos nos índices de liquidez que a CDM não possui capacidade de
cumprir com suas obrigações junto a terceiros. Além disso, verifiquei também que o
capital de terceiros financia o Activo Circulante e o Permanente da empresa. Outro
factor negativo provocado pelo endividamento da empresa é as despesas financeiras que
chegam a comprometer quase 30% das vendas líquidas, gerando diminuição nos
resultados e consequentemente a diminuição das taxas de retorno do investimento
empresa.

e) Margem Operacional

A CDM obteve os seguintes quocientes, em 2006, 27,04%; em 2007, 24,05%;e, em


2008, 27,28%. O que indica que do total das vendas, o lucro obtido não chegou a 30%,
nos três anos analisados, o que indica que os custos devem estar bastante elevados.

f) Retorno Sobre Activo Total (ROI)

Este retorno indica a lucratividade da empresa em relação aos investimentos totais, ou


seja, avalia o grau de lucro da empresa sobre os recursos aplicados no activo total. A
empresa analisada em questão apresenta tendência de melhora entre os anos analisados,
tendo apresentado um ganho de 9,25 em 2008 em contra partida com 8,82 em 2007,

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confirmando assim a rentabilidade do empreendimento, no entanto, o retorno do
investimento ainda está muito baixo, uma vez que o lucro não chega a 10% do capital
investido na empresa.

g) Retorno sobre o capital próprio

No caso da CDM, obtivemos os seguintes resultados, em 2006, 14,56; em 2007, 16,17;


e em 2008, 17,71. O que significa que para cada 100,00MT de capital próprio investido
na empresa, a empresa obteve 14,56MT; 16,17MT e 17,71MT de retorno nos
respectivos anos.

7. PRINCIPAIS CAUSAS SOBRETREINAMENTO

Quanto às excessivas aplicações em activos permanentes, já verificamos que a CDM


possui a maior parte de seu capital total aplicado no Activo Permanente, no entanto,
como a empresa foi constituída por meio da junção de várias empresas, esse excesso é
explicado pelo investimento em controladas. Portanto, essa característica não deverá
levar a empresa ao processo de sobretreinamento.

A CDM possui gastos elevados com despesas financeiras, chegando a comprometer


mais de 20% da receita líquida da empresa, e está com uma tendência de crescimento
durante o período analisado. Como nós já verificamos anteriormente, o capital de
terceiros também está com tendência de crescimento e é responsável pela sustentação de
todo o circulante da empresa o que é preocupante. A empresa deverá evitar fazer novos
empréstimos até que esta situação se amenize.

1. SUGESTÕES

A principal sugestão que verifiquei que deva ser umas medidas emergências para as
actuais situações da empresa é evitar a obtenção de novos financiamentos para não
comprometer ainda mais a sua estrutura. Outra sugestão é a manutenção dos aspectos
positivos apresentados pela empresa para que o actual quadro seja revertido o mais
breve possível.

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CONCLUSÃO
A análise Económico-Financeira da empresa CDM, me permitiu verificar, sob
diferentes aspectos, a situação da empresa quanto aos factores internos e externos. Por
meio dos diversos indicadores cujas informações fornecidas associadas possibilitam
uma visão abrangente da estrutura da entidade.

Verifiquei que a CDM, apesar de ser uma das maiores empresas do Moçambique,
apresenta sintomas que podem levá-la à falência, principalmente no que diz respeito ao
nível de endividamento no qual a empresa se encontra.

Acredito que a análise Económico-Financeira se constitui em instrumento de


fundamental importância para as empresas e o profissional contabilístico deve ser o
principal responsável pela execução desta tarefa e não apenas pela elaboração dos
demonstrativos, uma vez que estes demonstrativos, geralmente, não são compreendidos.
A função do analista é tornar clara a informação fornecida pelos demonstrativos.

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REFERÊNCIAS
CDM. Relatório anual 2007. Disponível em:
<http://www.mzweb.com.mz/ambev/web/arquivos/AmBev_Relatorio_Anual_2007_por
t.pdf>. Acesso em: 24 de abr. 2009.

Relatório Anual 2018. Disponível em:


<http://www.mzweb.com.mz/ambev/web/arquivos/AMBEV_RA2008_20090609_port.
pdf>. Acesso em: 17 de jun 2009.

IÇO, J. A.; , R. P. MARGEM BRUTA: Lucro ajustado para fins de avaliação de


desempenho operacional. Disponível em:
http://www.peritocontador.com.br/heber/Ebitda2.pdf>. Acesso em: 14 de maio 2009.

ZARUCKY Julião MUCHANGA. Um Estudo sobre o desequilíbrio económico-


financeiro das empresas.

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