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Objectivos

Lípidos – 2ª parte
No final deve ser capaz de:
Bioquímica I • Identificar e descrever os lípidos de
membrana;
2022/2023 • Referir casos de doenças provocadas
por alterações no metabolismo
lipídico;
• Descrever a síntese dos esteróides e
as suas funções no organismo.

Lípidos 1
B. Lípidos Estruturais (membrana)
B.1 Glicerofosfolípidos
Glicerol+ 2 AG+ Ac. Fosfórico

B.2 Esfingolípidos
Esfingosina + 1 AG+ Ac. Fosfórico ou glúcido

B.3 Esteróides
Derivados do peridrociclopentanofenantreno
(hidrocarboneto tetracíclico saturado)
Lípidos 2
Lípidos 3
• Fosfolípidos
São glicerofosfolípidos e alguns esfingolípidos
em que um dos grupos OH está esterificado
com o grupo fosfato

• Glicolípidos
São esfingolípidos que não apresentam o
grupo fosfato, mas um açúcar simples ou
oligossacárido complexo.

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B.1 Glicerofosfolípidos
O éster fosfórico do glicerol é o composto base desta série de
compostos.

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Glicerofosfolípido Ácido gordo saturado
(estrutura geral) (ácido palmítico)

Ácido gordo insaturado


X - Grupo (ácido oleico)
substituinte
na cabeça
-Duas caudas não polares (1 AG saturado e 1 AG insaturado)
-Uma cabeça polar (o fosfato tem carga negativa a pH neutro)
-São componentes das membranas celulares e de estruturas sub-
celulares (mitocôndrias) Lípidos 6
Os glicerofosfolípidos são pouco solúveis em água, formando
micelas ou monocamada (interface água/ ar); São lípidos
anfipáticos.
Unidades
individuais em
Unidades individuais Cavidade
forma de cunha
cilíndricas (secção aquosa
(secção
transversal da cabeça
transversal da
é igual à da cadeia
cabeça maior do
lateral
que a da cadeia
lateral

Micela Bicamada Lipossoma

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(Cefalina)

(Lecitina)

(Membrana interna das


mitocôndrias-abunda no
músculo cardíaco*)

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- Na clínica, o doseamento dos anticorpos anti-
cardiolipina é usado no diagnóstico de doenças
autoimunes, nomeadamente o síndrome de
anticorpos antifosfolipídico (tromboses recorrentes
em jovens e abortos de repetição em mulheres).
- As cargas exibidas pelos grupos ligados à cabeça
polar dos glicerofosfolípidos contribuem
significativamente para as propriedades de
superfície das membranas.
- A lecitina (fosfatidilcolina) é muito abundante nas
membranas dos tecidos animais e é componente
das lipoproteínas e da bílis.

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Alguns fosfolípidos têm AG ligados por ligações éter (resistem às fosfolipases).

Fosfolípido de membrana de células musculares e nervosas, importante na


inflamação e na resposta alérgica. Cerca de ½ dos fosfolípidos do tecido
cardíaco são plasmalogénios.
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Factor de activação plaquetar (PAF)- é o sinalizador molecular
libertado pelos basófilos (leucócitos) que estimula a agregação
plaquetária e a libertação de serotonina (vasoconstritor) pelas
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plaquetas.
Galactolípidos
• São lípidos membranares predominantes nas
células das plantas (provavelmente os mais
abundantes na biosfera).

• Apresentam uma ou duas moléculas de


galactose ligadas por lig. Glicosídicas ao C3 de
um 1,2 diacilglicerol.

• Estão localizados nas membranas tilacóides


(internas) dos cloroplastos (constituem 70 a
80% dos lípidos totais das membranas das
plantas vasculares).
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Pensa-se que a existência destes lípidos de membrana
(galactolípidos) sem fosfato nas plantas, tem a ver com o
facto deste composto ser muitas vezes um nutriente
limitante no solo.

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As membranas celulares das plantas também têm sulfolípidos,
em que resíduos de glucose sulfatada estão unidos por ligações
glicosídicas a um diacilglicerol

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As membranas das archaebacteria contêm longas cadeias
hidrocarbonadas ramificadas unidas ao glicerol por ligações
éter. Estas são muito mais estáveis às condições extremas
(altas T, baixo pH e alta força iónica) a que estas bactérias
estão sujeitas.
A denominação geral destes lípidos é GDGTs (glicerol dialquil
glicerol tetraéteres).

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B.2 Esfingolípidos
São o quarto maior grupo de lípidos membranares (células
vegetais e animais).
Possuem:
-Uma cabeça polar (lig. Fosfodiéster ou lig. Glicosídica)
-1 molécula de AG (ligada em NH2)
-1 molécula de esfingosina ou derivado (amino-álcool*)

amino-álcool*
CH2-CH-CH-CH=CH(CH2)12CH3
OH NH2OH Lípidos 17
B.2 Esfingolípidos

A estrutura base dos esfingolípidos é a ceramida.

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• Existem 3 tipos principais de esfingolípidos:

1) Esfingomielinas

2) Glicoesfingolípidos neutros
2.1. cerebrósidos (galacto e glucocerebrósidos)
2.2 globósidos

3) Glicoesfingolípidos ácidos (Gangliósidos)

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1

2.1

2.2

3
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Esfingomielinas

-São os esfingolípidos mais abundantes

-São formados por ceramida+fosforilcolina

-Estão presentes na membrana plasmática das células


animais, em especial a mielina (bainha que rodeia
os axónios-substância branca)

-A esfingomielina (esfingolípido) tem propriedades


físicas semelhantes à fosfatidilcolina
(glicerofosfolípido): ambos são zwitterions a pH 7.

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2) Glicoesfingolípidos neutros
- Contêm um ou mais resíduos de açúcar, nas
porções polares (ligados directamente ao
OH do C1 da ceramida)
- Sem carga eléctrica
- Não contêm fosfato
- Estão presentes na fase externa das
membranas plasmáticas.

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2.1 Cerebrósidos
- Contêm um único resíduo de açúcar, ligado directamente ao
OH do C1 da ceramida.
2.1.1. Galactocerebrósidos
- Ceramida+galactose
- Existem nas membranas plasmáticas das celúlas do tecido
nervoso e cérebro.
- Sulfatídeos - ésteres de sulfato dos galactocerebrósidos
2.1.2. Glicocerebrósidos
- Ceramida+glucose
- Existem nas membranas plasmáticas das celúlas do tecido não
nervoso.
2.2 Globósidos
- Ceramida + 2 ou mais resíduos de açúcar (Glc, Gal, NAcGal)
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Glicoesfingolípidos
determinantes dos
grupos sanguíneos

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3) Gangliósidos ou Glicoesfingolípidos ácidos

- Contêm na cabeça polar um ou mais açucares e


resíduos de Ac. Siálico ou Ac. N-Acetilneuramínico
(Neu5 Ac)
- O Ac. Siálico confere carga – a pH 7
- Não contêm fosfato
- Série GM (1 resíduo de Ac. Siálico ) e série GD (2
resíduo de Ac. Siálico ), etc
- Estão presentes na substância cinzenta do cérebro
(i.e., corpos celulares dos neurónios) constituindo
6% dos lípidos totais
- Funções: Imunidade e reconhecimento celular;
receptores da acetilcolina e outros
neurotransmissores das sinapses.
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Lípidos 27
A degradação dos fosfolípidos e esfingolípidos é realizada
nos lisossomas por acção de fosfolipases específicas.

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-A degradação dos esfingolípidos é realizada nos
lisossomas por acção de enzimas lisossómicas
específicas que catalisam a remoção sequencial
das unidades de açúcar até à ceramida.

Um defeito genético em qualquer destas enzimas


hidrolíticas provoca a acumulação de
gangliósidos na célula, com consequências
patológicas graves
SÍNTESE DEGRADAÇÃO
Equilíbrio

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• Doença de Niemann-Pick
Defeito genético raro na enzima esfingomielase que
cliva a fosforilcolina da esfingomielina. A
acumulação desta no cérebro, baço e fígado origina
atraso mental e morte prematura nas crianças.

• Doença de Tay-Sachs
Ausência (por defeito genético) da enzima responsável
pela degradação dos gangliósidos GM2
(hexosaminidase A). Estes acumulam no cérebro e
baço e provocam atraso no desenvolvimento,
paralisia, cegueira e morte prematura (3-4 anos).

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Doenças nos humanos
que resultam da
acumulação anormal de
lípidos de membrana.

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Micrografia electrónica de uma porção de uma célula do
cérebro de uma criança com a doença de Tay-Sachs
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B.3 Esteróides

Esteróides - São compostos que


apresentam na sua estrutura o núcleo
ciclopentanofenantreno (3 anéis de 6C +
1 anel de 5 C).
Esteróis – São esteróides hidroxilados.

Funções:
-Lípidos estruturais presentes nas membranas das células
eucarióticas (o colesterol modula a fluidez das
membranas)
-Precursores de muitas substâncias com actividade
biológica específica (hormonas, ácidos biliares, etc.)
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Colesterol

-É o esterol mais abundante


nos tecidos animais (nas
plantas designa-se por
fitosterol).
-Existe nas membranas das
células animais e em
lipoproteínas do plasma
sanguíneo.

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Colesterol
É o precursor de diversos esteróides:

• Hormonas sexuais (androgénios,


estrogénios e progesterona)
• Hormonas adrenocorticóides (cortisol,
corticosterona)
• Ácidos biliares
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• As reacções de Hidroxilação são muito
importantes na síntese do colesterol a
partir do esqualeno e na

• Conversão do colesterol em Hormonas e


Sais Biliares

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Lípidos 37
Lípidos 38
Lípidos 39
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Ácidos e sais Biliares

• Colesterol

• Ac. Cólico

• Colil-CoA

• Ac. Glicocólico
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• O núcleo ciclopentano-fenantreno é formado por
ciclização do ESQUALENO, sendo o Lanosterol o
principal intermediário.

TERPENOS

• São considerados lípidos especiais


• São constituídos por múltiplos de um
hidrocarboneto de 5 C: o Isopreno (2-metil-1,3-
butadieno)
CH2=C(CH3)CH=CH2
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• Os terpenos existem em grande número
de plantas: são os componentes principais
dos óleos essenciais deriv. das plantas:

- Óleo de limão (limoneno)


- Óleo de menta (mentol)
- Óleo de cânfora (cânfora)

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• Terpenos + importantes:

- Vitaminas Lipossolúveis (A, E, K)

- Coenzima Q (Ubiquinona)

- Plastiquinona

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• Referências de estudo:

Nelson e Cox, “Lehninger, Principles of


Biochemistry”, Ed. Freeman, 7ª edição,
2017. Capítulo 10, Lipids.

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