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ASSOCIAÇÃO PIRIPIRIENSE DE ENSINO SUPERIOR – APES

CHRISTUS FACULDADE DO PIAUÍ – CHRISFAPI

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

PROFESSORA: PATRÍCIA PEREIRA DO NASCIMENTO

DISCIPLINA: DIREITO DAS SUCESSÕES

PERÍODO: VIII – NOITE

ALUNO: JAILSON LIMA DOS SANTOS

FRANCISCO ANTÔNIO DOS SANTOS

AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA

PIRIPIRI – PI
13 de Setembro de 2022

JAILSON LIMA DOS SANTOS

FRANCISCO ANTONIO DOS SANTOS

AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA

Trabalho apresentada ao curso de Bacharelado em Direito da


Christus Faculdade do Piauí – CHRISFAPI, na matéria de
Direito das sucessões, como requisito para obtenção de nota.
PIRIPIRI – PIAUÍ

13 de Setembro de 2022

Regulamentada pelo Código Civil de 2002, a chamada petitio hereditatis, tem por
objetivo incluir um herdeiro em uma herança mesmo após a sua partilha. É uma ação real, pois
conforme o art. 80, II do Código Civil de 2002, pois o direito de sucessão é um direito imóvel
(BRASIL, 2002).
Conforme o art. 1824 do CC/2002, o herdeiro, através desta ação, inclui-se na sucessão,
reconhecendo-se assim o seu direito sucessório, para conseguir a herança, ou parte dela, em face
do herdeiro ou do possuidor da herança. O exemplo clássico da doutrina é o filho não
reconhecido que pretende o seu reconhecimento posterior e inclusão na herança. Mesmo que um
só herdeiro exerça, todos os bens hereditários serão contemplados , pelo postulado no art. 1825
do Código Civil de 2002, pois a herança antes da partilha, é um bem indivisível, conforme o art.
1.791 do CC (BRASIL, 2002).
Sendo o pedido deferido, a restituição dos bens da herança e espólio são obrigatórios, e a
responsabilidade civil da posse do antigo herdeiro ou possuidor, será avaliada conforme o seu
dolo, sendo de boa ou má-fé.
A seguir, apresenta-se um julgado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde foi
avaliada a má-fé do herdeiro e possuidor devido à ciência da existência de um herdeiro
necessário que não foi reconhecido em juízo, conforme mostrado a seguir:
“Petição de herança. Reconhecimento de herdeira necessária.
Retificação da partilha. Restituição dos frutos. Responsabilidade pelos
prejuízos a partir da citação. O herdeiro excluído da sucessão pode
demandar o reconhecimento do seu direito sucessório e obter em juízo a
sua parte na herança, consoante art. 1.824 do Código Civil. Os
herdeiros que exercem com exclusividade a posse dos bens do
monte, excluindo herdeiro necessário, cuja existência é do seu
conhecimento, agem de má-fé e respondem pelos prejuízos a partir da
citação nesta ação, consoante o art. 1.826, parágrafo único, do Código
Civil. Provimento do recurso” (TJRJ, Apelação 2009.001.07769, 7.ª
Câmara Cível, Rel. Des. Ricardo Couto), (TJ-RJ, 2009, grifo nosso).

Segundo Romano (2020) a ação de petição de herança tem dois objetivos, reconhecer o
herdeiro e colocá-lo na divisão da herança, ou caso já tenha sido partilhada, a restituição dos
bens hereditários que lhe são devidos.
Como se percebe, fica a dúvida, nos casos em que a herança já foi partilhada e os bens já
inexistentes (nos casos de bens consumíveis), a ação se torna infrutífera, por isso, discute-se o
prazo para a referida ação. Também de grande importância, é válido citar a diferença do
supracitado instituto com a ação de reconhecimento de paternidade.
A ação de reconhecimento de paternidade tem o objetivo de reconhecer, através da via
judicial, a paternidade. A legitimidade ativa da ação vale para a mãe ou o próprio filho(a). Está
amparada no Código Civil, nos artigos 1.614 e no ECA, artigos 26 e 27 (BRASIL, 1990).
O principal objetivo da ação é o reconhecimento da paternidade, para que o pai possa
adimplir com suas obrigações. Geralmente cumulada com outros pedidos como alimentos ou
guarda, essa ação é imprescritível, conforme o entendimento Sumular nº 149 do STF, onde é
postulado que a ação de investigação de paternidade é imprescritível, mas não a da petição de
herança (STF, 1963).
Esse entendimento é o majoritário dentro da jurisprudência e doutrina, entretanto, existem
outros posicionamentos que já foram aplicados em casos concretos, conforme serão vistos a
seguir.
No antigo Código Civil de 1916, a prescrição da ação de petição de herança era de 10
anos, conforme o art. 177 do antigo e já revogado código (BRASIL, 1916). Já na vigência do
atual código Civil de 2002, o prazo era o de 10 anos, devido a falta de tipicidade, o instituto era
regido pela regra geral de 10 anos, conforme o art. 205 (BRASIL, 2002). Porém, de acordo com
os julgados, encontravam-se lacunas sobre o prazo, como por exemplo o termo inicial da
contagem do prazo, que é a partir da abertura da sucessão, ou o trânsito em julgado da ação de
reconhecimento de paternidade, conforme explica Tartuce (2021) em sua doutrina.
Porém, respondendo a celeuma apresentada, existe um julgado da terceira turma do
Superior Tribunal de Justiça, onde é dito que a súmula 149 do STF é o instrumento preenchedor
da lacuna jurídica, tendo assim, a ação da petição de herança imprescritível, tanto que a doutrina
elenca um princípio para determinar a imprescritibilidade da ação de petição, a chamada teoria
da actio nata (TARTUCE, 2021).

Na jurisprudência dos juízes de pisos e tribunais, encontra-se jurisprudências que elencam


a imprescritibilidade da ação, como também posicionamentos de juízes que vão no
posicionamento minoritário, elencando prazo prescricional para a ação de 10 anos, contando-se
da abertura da sucessão, de acordo com o julgado a seguir:
Recurso especial. Civil. Direito das sucessões. Ação de petição de
herança. Filiação reconhecida e declarada após a morte do autor da
herança. Termo inicial. Teoria da ‘actio nata’. Data do trânsito em julgado
da ação de investigação de paternidade. 1. Controvérsia doutrinária
acerca da prescritibilidade da pretensão de petição de herança que
restou superada na jurisprudência com a edição pelo STF da Súmula
n.º 149: ‘É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não
o é a de petição de herança’. 2. Ausência de previsão, tanto no Código
Civil de 2002, como no Código Civil de 1916, de prazo prescricional
específico para o ajuizamento da ação de petição de herança, sujeitando-
se, portanto, ao prazo geral de prescrição previsto em cada
codificação civil: vinte anos e dez anos, respectivamente, conforme
previsto no art. 177 do CC/16 e no art. 205 do CC/2002. 3. Nas hipóteses
de reconhecimento ‘post mortem’ da paternidade, o prazo para o herdeiro
preterido buscar a nulidade da partilha e reivindicar a sua parte na herança
só se inicia a partir do trânsito em julgado da ação de investigação de
paternidade, quando resta confirmada a sua condição de herdeiro.
Precedentes específicos desta Terceira do STJ. 4. Superação do
entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmado quando ainda
detinha competência para o julgamento de matérias infraconstitucionais,
no sentido de que o prazo prescricional da ação de petição de herança
corria da abertura da sucessão do pretendido pai, seguindo a exegese do
art. 1.572 do Código Civil de 1916. 5. Aplicação da teoria da ‘actio nata’.
Precedentes. 6. Recurso especial desprovido” (STJ, REsp 1.368.677/MG,
3.ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino), (STJ, 2018, grifo
nosso).

Diante o exposto, percebe-se que a ação de petição de herança tem um cunho voltado
para herança, a inclusão de um herdeiro necessário não reconhecido no inventário, e a ação de
reconhecimento de paternidade tem a sua tutela principal voltada para a filiação, o que abre as
portas para outros direitos como guarda, alimentos, entre outros direitos garantidos por lei.
Ou seja, a ação de petição de herança tem uma abrangência maior, que pode ser cumulada
com ação de reconhecimento de paternidade, porém, mesmo com entendimento jurisprudência
da Suprema corte, alguns juízes tabelam um prazo para a ação petitória, o que poderia ser uma
limitação temporal, diferente da ação de reconhecimento de paternidade, que é imprescritível.
Esteja o ascendente morto ou não, sempre será possível o reconhecimento de paternidade,
pois esta ação é dotada de imprescritibilidade, diferente da ação petitória, que em alguns casos,
segue o prazo geral estabelecido pelo Código Civil, e em outros, também goza de
imprescritibilidade.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei n. 10.406/2002, institui o Código Civil. Publicada no Diário Oficial da União, de
11 de janeiro de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 14 set. 2022.

BRASIL, Lei n. 3.071/1916, institui o Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm. Acesso em: 14 set. 2022.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 14 set. 2022.

_________. Supremo Tribunal Federal. Súmula da Jurisprudência Predominante do


Supremo Tribunal Federal. Súmula 149, aprovada em 13 de dezembro de 1963. Disponível
em: <hhttps://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula149/false>. Acesso em: 14 set.
2022.

ROMANO, Rogério Tadeu. AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA E PRAZO


PRESCRICIONAL. 2020. Disponível em: https://www.rkladvocacia.com/acao-de-peticao-de-
heranca-e-prazo-prescricional/. Acesso em: 14 set. 2022.

STJ, REsp 1.368.677/MG, 3.ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. DJ: 15/02/2018.
JusBrasil. 2022. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/549845755/inteiro-teor-549845765. Acesso em:
12 set. 2022.

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 11. ed. São Paulo: Método, 2021.

TJ-RJ, Ação Cível - Apelação: nº2009.001.07769. Rel. Desembargador: Ricardo Couto. DJ:
16/09/2009. JusBrasil. 2022. Disponível em:
http://www.tjrj.jus.br/consultas/jurisprudencia/curriculo-desembargador/ricardo-couto-castro.
Acesso em: 13 set. 2022.

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