Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apresentação
Entre os alimentos, os óleos e as gorduras representam as principais fontes de
energia para os seres humanos e para os animais. Os azeites extra virgem de oliva,
no âmbito nutricional e farmacológico, apresentam funções indispensáveis ao
organismo, tais como: proteção da mucosa gástrica, controle na secreção pancreática,
prevenção de cálculos biliares e de degenerações celulares, auxílio na absorção das
vitaminas lipossolúveis etc.
O azeite extravirgem é considerado o melhor azeite devido às características
organolépticas, estabilidade oxidativa e composição química. É o único óleo vegetal
que pode ser consumido diretamente cru e contém elementos nutricionais importantes,
entre os quais vitaminas e antioxidantes. O azeite é composto sobretudo por
triacilgliceróis (~99%), ácidos gordos livres, mono e diacilgliceróis, hidrocarbonetos
(principalmente esqualeno), esteróis, álcoois alifáticos, tocoferóis e pigmentos (p. ex.
β-caroteno), bem como vários compostos fenólicos e voláteis. Os compostos voláteis
contribuem para as características organolépticas do azeite e são fundamentais para a
sua qualidade.
COMPOSIÇÃO QUIMICA
O azeite de oliva apresenta em sua composição ácido oleico, ácido α-linolênico e
compostos fenólicos, que apresentam capacidade antioxidante e aos quais são
atribuídos vários benefícios à saúde. A composição química de azeites de oliva
depende de fatores agronômicos, condições climáticas, variedade, estágio de
maturação da azeitona, fatores tecnológicos relacionados com a extração, como o
método e tipo de equipamentos utilizados, bem como das condições de colheita,
armazenamento e transporte do produto.
ÁCIDOS GRAXOS
ÁCIDOS GRAXOS
Composição em ácidos gordos
Os ácidos gordos componentes dos triacilgliceróis são os constituintes mais
importantes do azeite e os principais responsáveis pelos seus efeitos benéficos para a
saúde, sobretudo devido ao valor elevado da razão ácidos gordos
monoinsaturados/ácidos gordos polinsaturados. A composição em ácidos gordos
depende da zona de produção, latitude, clima, variedade de azeitona e o seu estado
de maturação. Os ácidos oleico, linoleico e palmítico são os ácidos gordos mais
abundantes no azeite, entre muitos outros. O azeite é rico em ácidos gordos
monoinsaturados (MUFA), sobretudo em ácido oleico, e pobre em ácidos gordos
saturados (SFA). Os MUFA com configuração cis presentes na dieta têm um maior
efeito contra a aterosclerose do que os SFA, sendo comparáveis aos ácidos gordos
polinsaturados (PUFA) na prevenção do risco de doenças cardiovasculares.
.
A acidez graxa livre é, portanto, uma medida direta da qualidade do óleo, e reflete os cuidados
tomados desde o florescimento e a produção de frutos até a eventual venda e consumo do
óleo.
O óleo recentemente prensado, feito com cuidado, sem o uso de calor excessivo, de azeitonas
sadias, saudáveis e recém colhidas, normalmente tem uma "acidez" muito baixa, bem abaixo
de 0,5% de AGL. Os azeites virgens extra têm menos de 0,8% de AGL.
PERÓXIDOS
Os compostos voláteis têm baixa massa molecular (inferior a 300 g/mol) e são
vaporizados rapidamente à temperatura ambiente. Alguns compostos voláteis chegam
ao epitélio olfativo, podendo ligar-se aos receptores olfativos originando a sensação
aromática. O aroma do azeite é atribuído sobretudo a aldeídos, cetonas, ésteres,
álcoois, hidrocarbonetos e furanos. Considera-se que as enzimas endógenas das
plantas, sobretudo a lipoxigenase, são responsáveis pelos aromas positivos
percepcionados, enquanto que a oxidação química e as enzimas exógenas,
normalmente derivadas da atividade microbiana são responsáveis pelos defeitos
sensoriais. Quando estão presentes em concentrações abaixo do seu limite de
percepção olfativa, os compostos voláteis não contribuem diretamente para o aroma,
mas podem ser importantes para compreender a formação e decomposição de outros
compostos voláteis importantes para o aroma, podendo ser úteis como marcadores da
qualidade.
Peroxidação lipídica
A oxidação dos lípidos ocorre devido a uma reação em cadeia com três etapas:
iniciação, propagação e terminação. Na etapa de iniciação as espécies reativas de
oxigénio (p. ex. HO● ) reagem com um substrato lipidico (LH), formando-se radicais
lipidicos (L● ). Estes radicais são instáveis e reagem com o oxigénio formando radicais
peróxido lipidicos (LOO● ). Estes também são instáveis e reagem com outra molécula
lipidica, produzindo radicais idênticos, o que propaga a reação. A reação termina
quando dois radicais se ligam, formando uma molécula estável não radical. Os PUFA
são substratos muito bons para a peroxidação lipídica devido à presença de grupos
metileno bis-alílicos ativos. As ligações carbono-hidrogénio destes grupos têm uma
baixa energia de dissociação, o que facilita a sua captura pelas espécies reativas de
oxigénio. A susceptibilidade de um determinado PUFA à peroxidação aumenta
proporcionalmente ao número de locais insaturados na cadeia.
A hidrólise e a oxidação são as formas mais importantes de deterioração do azeite. No
azeite a hidrólise tem o nome lipólise, inicia-se ainda na azeitona, enquanto que a
oxidação ocorre depois do azeite ser extraído e, sobretudo, durante o armazenamento.
FATORES EXTERNOS QUE INFLUENCIAM A OXIDAÇÃO DO AZEITE
Temperatura e concentração de oxigénio e armazenamento
A temperaturas elevadas a concentração do oxigénio aumenta, mas a sua
solubilidade diminui. A concentração de radicais alcóxido aumenta, em relação à dos
radicais peróxido inicialmente formados e são formados compostos poliméricos a partir
dos radicais alquilo e alcóxilo. A temperaturas baixas ou moderadas, a velocidade de
oxidação é baixa. Os hidroperóxidos são os compostos formados em maior quantidade
e a sua concentração aumenta até às etapas avançadas da oxidação, quando se
decompõem em compostos voláteis minoritários, em particular, em compostos
carbonila que podem modificar o aroma do azeite.
Luz
LUIZA – SLIDE 10 AO 17
RANCIDEZ
Considerando-se a estabilidade relativa, a estrutura química predominantemente
monoinsaturada e a presença de antioxidantes naturais faz com que o azeite de oliva
não seja um produto estático e, sim, em transformação contínua. Normalmente, o
período de conservação (estabilidade) pós-produção de um azeite extra virgem de
oliva é de 12 a 18 meses, dependendo de vários fatores que influenciam direta ou
indiretamente no seu envelhecimento e consecutiva rancidez, presentes, muitas
vezes, antes mesmo de seu consumo, como por exemplo: qualidade inicial das olivas
e condições de conservação antes do processo; condições tecnológicas dos
processos; condições de conservação (exposição à luz, temperatura, umidade); tipo
de embalagem.
A rancidez hidrolítica resulta da hidrólise da ligação éster por lipase ou umidade. A
rancidez hidrolítica enzimática refere-se à hidrólise dos óleos e gorduras com
produção de ácidos graxos livres (AGL), devido à ação das enzimas lipases. De forma
não enzimática, a rancidez hidrolítica se dá em altas temperaturas, produzindo ácidos
graxos livres. É acelerada por luz e calor e os ácidos graxos livres formados são
responsáveis pelo sabor e odor desagradáveis, especialmente em gorduras. Porém,
em gorduras com ácidos graxos não-voláteis, o sabor e odor característicos não
surgem juntamente com a deterioração. Um outro efeito importante decorrente do
aumento do teor de ácidos graxos livres é o abaixamento do ponto de fumaça do
lipídio, com reflexos sofre a inflamabilidade do mesmo, ou seja, o azeite possui um
baixo ponto de fumaça o que lhe confere pegar fogo mais rapidamente. Além disso a
maior concentração de AGL gera uma rancificação mais rápida, o que leva a uma
maior oxidação e menor tempo de prateleira. Contudo, o aspecto mais importante
ainda é o baixo ponto de fumaça e a maior inflamabilidade.
Tratamento térmico
Compostos
Uma diminuição nos álcoois, ésteres e terpenos foi observada com o aumento da
temperatura de aquecimento, enquanto um aumento nos compostos oxidados, como
aldeídos e ácidos carboxílicos, foi observado com o aumento da temperatura de
aquecimento, sugerindo uma deterioração mais drástica do azeite temperaturas mais
altas. De fato, altas taxas de formação de aldeído, além do aumento de ácidos
carboxílicos, foram observadas durante a oxidação do azeite de oliva. Estes
compostos são relatados como influenciando negativamente as características
sensoriais dos óleos
urológicos.