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Agenda

1. Quadros conceptuais e guias de


APRENDIZAGEM SOCIOEMOCIONAL orientação para a intervenção:
E BEM-ESTAR 1.1 Abordagem cognitivo-comportamental
1.2 Inteligência (sócio)emocional
1.3 Educação contemplativa
Alexandra Marques Pinto

Abordagem
Quadros conceptuais na
cognitivo-comportamental (70s)
compreensão e promoção da
saúde / bem-estar

“Men are disturbed not by things,


but by the view which they take of
them.” (Epictetus)

Abordagem Abordagem
cognitivo-comportamental cognitivo-comportamental
ü Algumas asserções base: ü Meio ambiente, atividade cognitiva e
comportamento manifesto influenciam-se
§ Atividade cognitiva e comportamento são mutuamente.
aspetos distintos do funcionamento
ü A abordagem CC coloca grande enfâse no
humano.
processo de aprendizagem:
§ Atividade cognitiva – comportamento § a partir da experiência direta;
encoberto, incluindo pensamento,
§ a partir de modelos sociais.
imagens.
§ Comportamento – comportamento ü E sublinha a centralidade dos processos
manifesto. individuais de mediação cognitiva e emocional.
Abordagem Abordagem
cognitivo-comportamental cognitivo-comportamental
ü As intervenções cognitivo-comportamentais
assumem que:
§ a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada;

§ as mudanças na atividade cognitiva podem conduzir


a mudanças nos sentimentos e comportamentos;

§ as mudanças de comportamento também podem


levar a mudanças de sentimentos e cognitivas;

§ os sentimentos podem ser mudados indiretamente


pelas mudanças cognitivas e comportamentais.

Modelo de Avaliação Cognitiva,


Stress e Coping (Lazarus & Folkman,1984) Variáveis antecedentes

PROCESSO DE ü Acontecimentos externos


AVALIAÇÃO COGNITIVA STRESS: reação
fisiológica,
n Físicos (ex: ruído)
Avaliação 1ª: Ameaça
Avaliação 2ª: Recursos
cognitiva, n Psicológicos (ex: conflitos interpessoais)
emocional e
comportamental n Sociais (ex: desemprego)
PROCESSO DE COPING
Resolução de Problemas
Regulação emocional ü “Acontecimentos” internos
(ex: pensamentos, imagens)

Processo de avaliação cognitiva Processo de avaliação cognitiva


ü Avaliação Primária - do significado do ü Avaliação Secundária - dos recursos e
acontecimento, associada a expectativas de alternativas disponíveis para lidar com o
resultado: positivo, irrelevante ou negativo. acontecimento.

n Dano (ex: acidente automóvel): circunstância n Percepção de controlo (aptidões e recursos)


passada, desagradável. n Sentido de competência (sua aplicação com
n Ameaça (ex: prestação empréstimo): sucesso face ao acontecimento)
circunstância próxima, desagradável e de longa n Expectativas de autoeficácia (consciência sobre).
duração.
n Desafio (ex: exame): circunstância de
significado claro, previsível e familiar. ü Reavaliação
Processo de stress Processo de coping

ü Coping:
ü Reações:
"… esforços cognitivos e comportamentais
n Físicas/fisiológicas desenvolvidos pela pessoa para gerir (...)
n Emocionais as exigências internas e externas das
transações pessoa-meio que são avaliadas
n Cognitivas como excedendo os recursos da pessoa…"
n Comportamentais (Folkman et al., 1986, p. 572).

Processo de coping Dimensões do coping


Duas grandes dimensões de coping:
üResolução de problemas / regulação
üResolução de Problemas - gestão e emocional (ativo / passivo)
alteração do problema que causa stress.
üAproximação / (negação e) evitamento

üRegulação Emocional - operações üProcura de apoio social


cognitivas quanto ao significado da
situação; ações.

Estratégias de coping Eficácia do coping?


Aceitar a responsabilidade ü Resolução de
problemas
Planificar uma solução
ü Regulação emocional
Confronto
ü Negação e evitamento
Procurar apoio social

Reavaliação positiva v Controlabilidade do


stressor
Autocontrolo
v Padrão de coping
Distanciamento v Critérios de resultado
Recursos de coping Recursos de coping

ü Recursos de Coping Externos ü Recursos de Coping Intrapessoais

n Estatuto Socioeconómico n Características de Personalidade


§ Personalidade Resistente (hardy
n Apoio Social personality)
§ Locus de Controlo
§ Comportamento Tipo A

Inteligência emocional (90s) Alguns dados para reflexão


ü Nem o QI nem o rendimento académico são bons preditores da
produtividade no trabalho
“... Não é o mais forte que sobrevive,
ü A inteligência não explica grandes áreas da atividade humana
nem o mais inteligente mas o que como o sucesso na profissão e a gestão adequada da família

melhor se adapta às mudanças.” ü Muitas pessoas relevantes e criativas não são destacadas
mediante um teste de inteligência
(Charles Darwin)
ü O QI tem pouca relação com a forma como se reage às
vicissitudes da vida

ü A diferenciação (profissional e pessoal) ocorre mais em


competências como a capacidade para resistir à frustração,
controlar emoções e saber interagir com outras pessoas

Alguns dados para reflexão.


Alfabetização emocional
Analfabetismo emocional?
ü Ansiolíticos e antidepressivos - os medicamentos mais ü ser realista nas expectativas,
vendidos em Portugal
ü persistir em face das contrariedades,
ü Taxas elevadas de depressão e burnout entre os ü não desanimar,
professores ü procurar equilíbrio pessoal face às vicissitudes,
ü saber apaziguar-se, saber animar-se,
ü Elevados níveis de alcoolismo
... são competências nas quais devíamos ser
ü Níveis elevados de maus tratos (físicos e psicológicos, educados.
incluindo sexuais)
v Terapia versus Prevenção e Promoção
ü Baixa autoestima
Ø Educação (Sócio)Emocional (papel da escola)
Estudo das emoções Emoção

ü R. Lazarus (1966; 1991)


ü Lewis e Haviland (1993)
üEstado complexo do organismo
ü Goleman (1995)
caracterizado por uma excitação ou
ü Csikszentmihalyi (1990)
perturbação que predispõe a uma
...
resposta organizada. As emoções
ü Gardner: Teoria das Inteligências Múltiplas
(1983) - … Interpessoal e Intrapessoal geram-se habitualmente como
resposta a um acontecimento externo
Competências de adaptação importantes em torno
da forma como percebemos os outros e nos ou interno.
compreendemos a nós mesmos.

Emoção Emoção – Alterações:


Acontecimento

Respostas involuntárias - suor, rubor,


Neurofisiológica pressão sanguínea

• Vivência subjetiva; etiquetagem da


Cognitiva emoção; coincide com o que se denomina
sentimento
Emoção

Mudanças neurofisiológicas

Avaliação cognitiva Expressões faciais, tom de voz,


Comportamental movimentos do corpo

Predisposição
para a acção

Sentimento Afeto

üTem origem numa emoção, mas perdura ü Refere-se à qualidade subjetiva, positiva
para além do estímulo que a origina. ou negativa, de uma experiência
Resulta da avaliação cognitiva e emocional.
nomeação da emoção vivida. Persiste na
ausência dos estímulos. üAfeto negativo e afeto positivo.

Damásio diz ser o processo de viver uma


emoção – vivência subjetiva.
Para que servem as Emoções? Para que servem as Emoções?

v São essenciais para a nossa sobrevivência


O conhecimento das nossas emoções /
ü Dirigem a nossa atenção dos outros e sua regulação:
para informação relevante
ü Mobilizam-nos para a ação
} Motivam
para a ação
ü
ü
Aumenta o nosso autoconhecimento
Ajuda-nos a identificar e resolver problemas
ü Dão energia ao nosso comportamento
ü Auxilia-nos a tomar decisões
ü Contribui para os nosso equilíbrio pessoal
ü Para cumprir uma função social, através da
informação que recebemos dos outros, da que lhes (e.g. assimetria hedónica)
damos e respectiva influência. ü É fundamental para o nosso ajustamento
social / nas relações interpessoais

Classificação das emoções Classificação das emoções

ü Emoções Negativas – são desagradáveis e


ü Emoções Primárias (básicas) – comportam uma experimentam-se quando um objectivo é negado,
expressão facial característica e uma perante uma ameaça ou uma perda
disposição típica de confronto
ü Emoções Positivas – são agradáveis e experimentam-se
IRA, TRISTEZA E MEDO quando se satisfaz uma necessidade

ü Emoções Ambíguas – nem positivas, nem negativas ou


ü Emoções Secundárias (complexas) – não ambas as coisas
apresentam traços faciais característicos nem
uma tendência particular de ação ü Assimetria hedónica

CIÚME, INVEJA ü Dimensão temporal

Classificação das emoções Temas centrais das emoções


Modelo Circumplexo das Emoções - Russel, 1980 (Lazarus, 1981)
Emoção Temas Centrais
Raiva Uma ofensa contra mim ou
contra os meus, que me
diminui
Medo Um perigo físico real e
iminente, concreto e violento
Ansiedade Lidar com uma ameaça
incerta, existencial
Tristeza Experimentar uma perda
irreparável
Vergonha Não conseguir viver de
acordo com o eu ideal
Culpa Transgredir um imperativo
moral
Inteligência emocional (90s)
Emoção Temas Centrais
Inveja Desejar que o outro não
tenha o que de bom tem
Alegria Fazer progressos face a um ü “... capacidade para lidar com os sentimentos e
objetivo emoções, discriminá-los e utilizar estes
Orgulho Melhorar a identidade conhecimentos para orientar o seu pensamento
pessoal através da realização
ou mérito de algo desejado,
e as suas ações (Salovey & Mayer, 1990)
conseguido por si ou por
alguém de um grupo com o
qual se identifica ü "...capacidade de identificarmos os nossos
Esperança Temer o pior e desejar o próprios sentimentos e os dos outros, de nos
melhor motivarmos e de gerirmos bem as emoções
Compaixão Sentir-se afetado pelo dentro de nós e nos nossos relacionamentos."
sofrimento do outro e desejar
(Goleman, 1998)
ajudar

Inteligência emocional Inteligência emocional

Conhecer as suas próprias emoções


Capacidade para formar um
modelo preciso de si e utilizá-
Competência lo de maneira apropriada
Pessoal para agir de forma eficaz ao Lidar com as emoções
longo da vida

Motivar-se a si próprio

Capacidade de análise social,


Competência de gestão de conflitos, de Reconhecer as emoções dos outros
liderança, etc.
Social
Estabelecer relações

Inteligência emocional Inteligência emocional

Conhecer as Lidar com as


suas próprias emoções
emoções

Conhecer Equilíbrio
Consciência Designação Diferenciação estratégias Regulação emocional
de coping
Inteligência emocional Inteligência emocional

Reconhecer
as emoções
Motivar-se a dos outros
si próprio

Controlo de
Persistência Otimismo Comunicação
impulsos Empatia
verbal e não verbal

Inteligência emocional Educação (Sócio)Emocional


ü Processo educativo, contínuo e permanente que
pretende potenciar o desenvolvimento
Estabelecer (sócio)emocional como complemento indispensável
relações do desenvolvimento cognitivo, constituindo ambos
elementos essenciais do desenvolvimento da
personalidade integral.
ü Desenvolvimento de conhecimentos e competências
sobre emoções e relações interpessoais com o
objetivo de capacitar o indivíduo para lidar melhor
Formas de com os desafios da vida quotidiana. A finalidade é
Contágio aumentar o seu bem-estar pessoal e social.
expressão

(Bisquerra, 2005)

Aprendizagem Aprendizagem
Social e Emocional Social e Emocional
CASEL - Collaborative for Academic, Social, and Emotional
Learning

ü Associação, sedeada no Depart. Psicologia da Univ. do


Illinois, Chicago, dedica-se ao desenvolvimento da
Aprendizagem Sócio-Emocional tanto do ponto de vista
conceptual como da sua prática.

ü Fundada por D. Goleman em 1994, tem como objectivos


principais contribuir para o reconhecimento da
Aprendizagem Sócio-Emocional no sucesso académico,
saúde, bem-estar e relacionamento social dos
estudantes.
Aprendizagem Objetivos e conteúdos das
Social e Emocional Intervenções SEL
Aprendizagem de
CASEL defines SEL as the competências emocionais e
Dedica-se a estudar
process o impacto
by which desta aprendizagem, a
children and sociais, através de
adults develop social and métodos ativos.
desenvolver instrumentos de avaliação, a
emotional competencies,
including
melhorar a the skills necessary dos programas de
implementação Pessoal Social (outros)
to recognize and manage (eu)
competências socioemocionais,
emotions, develop care and a formar líderes.
concern for others, form Consciência Auto- Conhecimento
positive relationships, make conhecimento social
responsible decisions, and
www.casel.org/
successfully handle the
Gestão/ Autocontrolo Relacionamento
Controlo interpessoal
demands of growing up in
today’s complex society.
Tomada de decisão responsável

Dimensões das intervenções O que mostram os resultados


Aprendizagem socioemocional
SEL da investigação?
ü Os fatores sociais e emocionais fazem parte
integrante da aprendizagem académica e dos
resultados educacionais positivos que as
crianças e jovens alcançam.
ü Necessidade de avaliar competências nestas
áreas, como um fim em si mesmo e como
suporte à intervenção (e.g., avaliação de
necessidades, avaliação de eficácia).
ü Necessidade de intervir na promoção destas
competências de forma intencional e
sistemática.

Guias de orientação para a


(eficácia da) intervenção Abordagem whole-school
1. Estabeleçam objetivos específicos de ü Abordagem whole-school - envolver
aprendizagem;
ativamente todos os membros da
2. Treinem competências de aplicação diária; comunidade escolar e de pertença:
3. Sigam uma sequência organizada e coerente; • estudantes,
4. Utilizem métodos ativos de aprendizagem; • professores,
5. Sejam disseminados por toda a escola; • dirigentes escolares e outros funcionários,
6. Sejam aplicados do jardim-de-infância ao ensino • família,
secundário;
• outros membros e serviços da comunidade,
7. Reforcem o trabalho com atividades
extracurriculares / em casa; • políticas locais e governamentais.
8. Envolvam os pais e a comunidade escolar;
9. Promovam a formação contínua dos professores
em competências afins.
Abordagem whole-school Abordagem multi-tiered

Prevenção terciária
(focalizada) – Estudantes que
apresentam problemas.

Prevenção / promoção
secundária (seletiva) -
Estudantes em risco.

Prevenção / promoção
primária (universal) –
Todos os estudantes.

O que mostram os resultados


da investigação? (e.g. Mahoney et al., 2020): Educação contemplativa
ü Melhoria das atitudes face ao self, aos outros e às
tarefas; perceção mais positiva do clima de sala de aula
e escolar - curto prazo. “... aims to foster personal growth and
ü Mais comportamentos sociais positivos e sucesso social transformation through the
académico e menos problemas de comportamento,
emocionais e recurso a drogas - médio prazo. cultivation of conscious awareness and
ü Melhor saúde mental, comportamentos sexuais mais volition in an ethical-relational context”
seguros e relaccionamentos mais saudáveis, maior
envolvimento cívico, menos comportamentos (Roeser & Peck, 2009, pp. 120)
delinquentes, mais ingresso no ensino superior e
trabalho - longo prazo.

Educação contemplativa Educação contemplativa

üUma forma de educação humanista, ü Alguns autores (e.g., Goleman & Senge, 2014)
com origem nas tradições espirituais defendem a integração de outras competências
contemplativas, em particular da Índia. bem como a educação para os valores
humanos básicos nos programas de
aprendizagem social e emocional, tendo em
vista o desenvolvimento harmonioso e o bem-
estar das crianças e jovens e de uma sociedade
melhor.
Educação contemplativa Educação contemplativa
ü Baseia-se na aprendizagem
“… a set of experiential learning experiencial;
opportunities designed to help students ü centra-se no desenvolvimento global
develop clear, calm, and concentrated da criança;
states of awareness in a context of ü tem como objetivo promover uma
personal growth and values such as maior consciência, um sentimento
humility, curiosity, open-mindedness, mais profundo de presença e uma
open-heartedness, and caring for maior compaixão por si e pelos
others.” (Roeser & Peck, 2009, pp. 127) outros.

Educação contemplativa Educação contemplativa

ü O ensino de práticas contemplativas ü Por um lado as práticas são ensinadas


ocorre, por definição, dentro de um como métodos para ajudar as
contexto relacional em que o pessoas a tornarem-se mais
crescimento pessoal e a ética são centradas, calmas, atentas e felizes
enfatizados. no contexto da vida quotidiana.

Educação contemplativa Educação contemplativa


ü Por outro lado, as práticas também ü As práticas contemplativas caracterizam-se por
exercícios mentais e físicos, que requerem uma
são enquadradas na perspetiva de prática sistemática e que treinam várias formas
que: de atenção e emoções prosociais (Carvalho,
§ a nossa felicidade pessoal é 2020).
interdependente da felicidade dos
ü Entre as oportunidades de aprendizagem
outros; experiencial incluem-se mindfulness, yoga,
§ por estarmos mais calmos e consciente tai chi, estar na natureza, meditação,
de nós próprios podemos tornar-nos imaginação guiada, contar histórias, música,
mais consciente das necessidades, arte e literatura (Roeser & Peck, 2009).
perspectivas e bem-estar dos outros.
Mindfulness e bem-estar
ü Foco na regulação da atenção e de estados
afetivos positivos;

ü Tem como objetivo tornar-nos menos reativos a


experiências negativas; Bom Trabalho!
ü Não se procura a ação mas sim a observação e
aceitação dos pensamentos e das situações.

ü Eficaz na redução da ansiedade e tensão


Alexandra Marques Pinto
emocional, melhoria do relaxamento
muscular, tranquilidade e bem-estar geral.

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