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Karl Popper: A lógica da investigação científica

Introdução à lógica da ciência


Cap. 01
Panorama de alguns problemas fundamentais

• Popper vai fazer uma análise crítica ao método das ciências empíricas.

• “mas quais são esses ‘métodos das ciências empíricas’ ? E o que chama de ciência
empírica’” (p. 03).
1. O PROBLEMA DA INDUÇÃO OU LÓGICA INDUTIVA

• A indução é o método amplamente aceito, toda ciência empírica tem como base o
método indutivo.

• Indução é uma inferência que passa de enunciados singulares ___ descrições de


experimentos ___ aos enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias.

• Por um ponto de vista lógico, não é possível se obter uma verdade universal. Pois
qualquer conclusão obtida desta maneira acaba sendo falsa.

• “não importa quantas instâncias de Cisnes brancos possamos ter observados, isso
não justifica a conclusão de que todos os Cisnes são brancos” (p. 03).
• A indução não tem consistência lógica como a dedução.

• Mas, “muitas pessoas acreditam que a verdade desses enunciados universais é


‘conhecida pela experiência’” (p. 04).

• Portanto, se quiser justificar as inferências indutivas, tem que se estabelecer uma


forma lógica para o princípio da indução (p. 04). Transformar a indução em uma
tautologia.

• Para os defensores do método indutivo, elaborar esse princípio é de suma importância


para ciência ___ determina a veracidade das teorias científicas (p. 04).
• A elaboração de um princípio lógico da indução é tudo que a ciência precisa para se
livrar de uma suposta acusação de mero enunciado fantasioso.

• Sem esse princípio a ciência não tem poder de decidir acerca da verdade ou falsidade
de suas teorias (p. 04).

• Para Popper, esse princípio de indução não pode atingir uma verdade puramente
lógica. Se caso existisse um princípio lógico no método indutivo, a indução não seria
um problema.

• Para Popper, “um princípio de indução é supérfluo e que leva necessariamente a


inconsistência lógica” (p. o5).
• Para Popper, a questão da verdade e falsidade é com a lógica dedutiva. Com a
dedução é possível alcançar uma verdade universal.

• A lógica indutiva, “embora não seja ‘estritamente válida’, pode alcançar algum grau de
‘confiança’ ou de ‘probabilidade’. Segundo esta doutrina as inferências indutivas são
‘inferências prováveis’” (p. 05).

• Um possível princípio de indução tem como objetivo dar poder à ciência, para que ela
atue sobre a probabilidade, ou seja, ser mais exata.

• Pois, “os enunciados científicos somente podem alcançar graus de probabilidade” (p.
05). Logo, a probabilidade não é um resultado universal.
• Segundo Popper, para se validar o grau de probabilidade dos enunciados oriundos da
indução deve-se invocar um novo princípio para indução.

• Mas será possível um princípio lógico para o método indutivo?

• Mesmo com uma possível inovação na indução, apenas o tornará às inferências como
prováveis, o que não corresponde muita coisa. Ou seja, a ciência ainda permanecerá
no campo da probabilidade.
• Para trabalhar o problema da indução, mais claramente, Popper vem mostrar que a
crença na indução se deve “a uma confusão entre os problemas psicológicos e
epistemológicos” (p. 06).

• A princípio é importante tornar claro a distinção entre psicologia do conhecimento


que trabalha diretamente com o método empírico e a lógica do conhecimento que
trabalha com às relações lógicas.
2. A eliminação do psicologismo

• Popper coloca, em resumo, que “o trabalho do cientista consiste em propor as teorias


e em testá-las” (p. 06).

• Para o filósofo, propor uma teoria como etapa inicial, não é digna de uma analise, ou
seja, não há necessidade de uma investigação (p. 06). Pois, pode implicar em
interesses psicológicos e isso é irrelevante para lógica do conhecimento.

• A rigor, a lógica do conhecimento “não trata das questões de fato [...], mas somente
das questões de justificação ou validade” (p. 06).

• Nessa perspectiva não há uma psicologia do conhecimento que tenha fundamento


lógico.
• A lógica não permite verdade em inferências de cunho psicológico. A lógica do
conhecimento não permite intuir.

• Mesmo dentro dessa lógica indutiva alguns vão objetar para uma “reconstrução
racional” da epistemologia.

• Mediante a essa “reconstrução”, Popper questiona: mas o que realmente reconstruir?

• Logo, não cabe a lógica do conhecimento, uma possível tarefa de reconstruir algo que
se remete a psicologia do conhecimento (p. 07).
3. O teste dedutivo das teorias
• A lógica dedutiva é, de certo modo, o método de testar, criteriosamente, as teorias.

• De outro modo, o teste dedutivo busca retirar conclusões sobre ideias, hipóteses ou
teorias que ainda não foram concluídas.

• A lógica dedutiva trabalha retirando conclusões das comparações dos enunciados


entre-se e deste com outros enunciados mais relevantes, buscando extrair as relações
lógicas entre eles (p. 08).

• “na medida em que a teoria resiste a testes detalhados e severos e em que não é
superada por outra teoria no curso da progressão científica, podemos dizer que
‘aprovou sua têmpera’ ou que é ‘corroborada’ pela experiência passada” (p. 08).
4. O problema da demarcação

• “ao rejeitar o método da indução, pode-se dizer que privo a ciência empírica do que
parece ser sua mais importante característica” (p. 09).

• Para Popper o problema maior da lógica indutiva é que “ela não proporciona um
marco discriminador apropriado do caráter empírico” (p. 09). Ou seja, ela não demarca
criteriosamente o seu campo de atuação.

• Portanto, a ciência empírica é profundamente marcada por esse problema da


demarcação, ou seja, pela falta de um critério que permite distinguir as ciências
empíricas de um lado e a matemática (lógica, metafísica) de outro.
• “os positivistas comumente interpretam o problema da demarcação de uma maneira
naturalista”, ou seja, eles acreditam que as ciências empíricas de um lado e a
metafisica de outro.

• Desse modo os empiristas a todo tempo contrariam a metafísica, colocando-a como


um falatório desnecessário e absurdo. Ou como diz Hume: “um sofisma e ilusão eu
deveria ser jogado nas chamas”.

• Na verdade essa rejeição a metafísica é justamente pelo fato da indução encontrar-se


prejudicada com o problema da demarcação.

• “E é precisamente ao chegar ao problema da indução que cai por terra esta tentativa
de resolver o problema da demarcação: os positivistas em sua ansiedade de aniquilar
a metafísica, aniquilam juntamente com ela a ciência natural” (p. 11).
• Portanto, “o critério indutivista de demarcação não consegue traçar uma linha
demarcatória entre os sistemas científicos e os metafísicos [....]. Desta forma, ao invés
de extirpar a metafísica das ciências empíricas, o positivismo leva à invasão da
metafísica no reino científico” (p. 11).

• A proposta de Popper, é contrária à este aniquilamento da metafísica. Segundo ele é


importante definir os conceitos de ciência empírica e metafísica.

• Para Popper, sua proposta para à questão da demarcação seria uma proposta de um
acordo ou convenção. Com uma discussão razoável.

• “a escolha desse propósito deve, obviamente, ser em última instância um objeto de


decisão que ultrapasse a argumentação racional” (p. 12).
• Popper coloca que suas propostas, certamente, não serão aceitas devido ao rigor com
que muitos colocam o valor da ciência.

• Por essa razão diz Popper: “até onde posso ver, existe somente uma maneira de
argumentar racionalmente em apoio as minhas propostas. Esta maneira é analisar
suas consequências lógicas: mostrar sua fertilidade, seu poder em elucidar os
problemas da teoria do conhecimento” (p. 12).

• Todavia, Popper ainda considera que a primeira tarefa da lógica do conhecimento é


propor um conceito de ciência empírica.

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