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XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”


Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021.

Análise da Evolução da Tendência de Alta Atual


do IBOVESPA segundo o Índice de Força
Relativa de Welles Wilder
Adail Marcos Lima da Silva (UFCG)
marcos.adail@gmail.com

Intercalando momentos de maior valorização com correções pontuais, o


mercado acionário nacional está em tendência de alta desde janeiro de
2016, representando uma oportunidade à realização de pesquisas com
o conteúdo da análise técnica. Pertencente ao grupo de indicadores da
análise técnica estatística conhecidos como osciladores em bandas, o
índice de força relativa tem seu emprego respaldado na necessidade de
definição de momentos caracterizados por sobrevenda (escassez de
vendedores) e sobrecompra (escassez de compradores), auxiliando, por
exemplo, a confirmação de reversões de tendências com durações mais
curtas. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo analisar a tendência
de alta primária mais recente do IBOVESPA segundo os padrões
clássicos de evolução do índice de força relativa. A partir de uma
amostra contendo 1.301 valores diários (20 de janeiro de 2016 até 26
de abril de 2021) ao índice de força relativa de 14 períodos, versão
popularizada pelo próprio autor do indicador (Welles Wilder), as
informações estão asseguradas pelos seguintes tratamentos estatísticos:
teorema de Chebyshev, distribuição de frequência, gráfico de ogiva,
box-plot, box-and-whisker e intervalo de confiança. Enquanto detector
de circunstâncias compatíveis com sobrecompra e sobrevenda no
mercado acionário brasileiro, os resultados ratificam ao índice de força
relativa de 14 períodos precisão significativa no contexto do
IBOVESPA. Entretanto, diante da possibilidade usar adaptações
devidamente amparadas no conteúdo teórico clássico, é prudente adotar
à interpretação do IBOVESPA cinco faixas de oscilação: zona de
sobrevenda, composta pelos intervalos do suporte da sobrevenda e do
excesso de sobrevenda; zona de tendência; zona de sobrecompra,
formada com os intervalos da resistência da sobrecompra e do excesso
de sobrecompra.

Palavras-chave: Mercado de Ações, Tendência de Alta, IBOVESPA,


Análise Técnica Estatística, Índice de Força Relativa.
XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021.

1. Introdução
Iniciado em janeiro de 2016, o mais recente movimento de alta do mercado acionário brasileiro
vem se notabilizando pela quebra recorrente de recordes de valorização. O principal índice de
mercado, o IBOVESPA (índice da bolsa de valores de São Paulo, atualmente denominada
[B]³), ultrapassou, pela primeira vez na história, a barreira dos 100.000 pontos no dia 18 de
março de 2019. No ano de 2021, precisamente em 08 de janeiro, mesmo depois da correção até
62.161 (23/03/2020) em razão da pandemia do COVID-19, o índice teve seu fechamento
recorde estabelecido em 125.077 pontos.
De acordo com padrões repetitivos observados e catalogados por décadas, os indicadores da
tradicional análise técnica estatística fornecem diversas abordagens para melhor explicar o
modo como se dá a evolução histórica de cotações. Como os índices de bolsas de valores se
enquadram satisfatoriamente enquanto objetos de estudo da análise técnica fundamentada em
indicadores, o IBOVESPA, por exemplo, pode ter sua flutuação histórica detalhadamente
explicada, independentemente do tipo de tendência em ênfase – alta, baixa ou indefinida.
O índice de força relativa está no conjunto seleto de métricas mais apropriadas para converter
em padrões recorrentes os comportamentos dos índices do mercado de ações (DEBASTIANI,
2008). Sendo mais conhecido pela sigla RSI, de relative strength index, tem sua criação
atribuída a Welles Wilder (BROWN, 2012; DEBASTIANI, 2008; PRING, 2017).
Classificado como oscilador em bandas e com sua variação se dando dentro do intervalo de
0,00 a 100,00, o índice de força relativa emite alertas para momentos de sobrevenda, quando
tende a se aproximar de 0,00, e de sobrecompra, quando tende a se aproximar de 100,00. Sob o
ponto de vista dos operadores de mercado com posições compradas, aqueles com rendimentos
oriundos do ganho de capital positivo (venda de um ativo por preço superior ao preço de
compra): a sobrevenda sugere a escassez de vendedores, ocorre após um período de
desvalorização (sinal de possível reversão para alta), representando uma oportunidade de
compra; a sobrecompra respalda a situação oposta, quando, após um período de valorização,
passa a prevalecer a escassez de compradores (sinal de possível reversão para queda), sendo
assim, indica uma ocasião mais propícia à venda (DEBASTIANI, 2008; KLEINMAN, 2013).
O autor Kamich (2016) apresenta os seguintes padrões para descrever a evolução do índice de
força relativa: em tendência de baixa, um processo de desvalorização da cotação, a zona de
sobrevenda ocorre a partir do instante da apuração de respostas abaixo de 20,00, com a
sobrecompra passando a prevalecer depois de superado o valor de 60,00; em tendência de alta,
um processo de valorização da cotação, as respostas abaixo de 40,00 indicam sobrevenda, com
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a sobrecompra ocorrendo a partir da superação da marca de 80,00.


Ancorado na linha de raciocínio expressa nos parágrafos anteriores, este trabalho tem por
objetivo analisar a tendência de alta primária mais recente do IBOVESPA segundo os padrões
clássicos de evolução do índice de força relativa. O período completo do presente estudo perfaz
o total de 1.301 dias úteis (seguindo o calendário dos pregões), de 20 de janeiro de 2016 até 26
de abril de 2021. Ambientada no tempo gráfico diário do IBOVESPA, esta pesquisa segue o
cálculo do índice de força relativa em acordo com a quantidade de dias originalmente sugerida
por Welles Wilder, exatamente 14. O tratamento quantitativo realizado engloba os seguintes
tópicos de estatística: distribuição de frequência, gráfico de ogiva, teorema de Chebyshev, box-
plot, box-and-whisker e intervalo de confiança da média.
Os resultados estão consolidados em cinco seções: análise exploratória da amostra do índice de
força relativa do IBOVESPA; definição das zonas de sobrevenda, sobrecompra e tendência;
análise da zona de sobrevenda; análise da zona de sobrecompra; análise da zona de tendência.
As principais conclusões ratificam ao mercado de ações brasileiro convergência parcial quanto
aos esclarecimentos contidos nos principais manuais da análise técnica, mas ratificando ao
índice de força relativa de 14 dias importância à tomada de decisões aportadas na identificação
de padrões comportamentais clássicos.

2. Fundamentação Teórica
Antes de iniciar as explicações ao índice de força relativa, os conceitos de sobrevenda e de
sobrecompra requerem alguns esclarecimentos prévios. É uma iniciativa capaz facilitar a
compreensão sobre o comportamento e o uso do indicador durante as tendências possivelmente
assumidas por ativos isolados e mercados.
Segundo Kleinman (2013), sobrecompra e sobrevenda têm a ver com o fato de as tendências
de alta (processo de valorização) e de baixa (processo de desvalorização) dos mercados não
terem durações indefinidas, portanto, estão periodicamente expostas a momentos de pausas,
mais conhecidos como correções ou movimentos corretivos.
A sobrecompra exprime uma situação na qual manifesta-se a escassez de compradores, logo,
trata-se da indicação de um momento mais favorável à desvalorização. Por sua vez, retratando
a situação oposta, a sobrevenda indica a escassez de vendedores, sendo assim, trata-se da
sinalização de um momento mais propício à valorização (NORONHA, 1995).
Inserido no contexto dos indicadores da análise técnica rotulados como osciladores em bandas,
o índice de força relativa tem a propriedade de mostrar a seus usuários quando ativos e índices
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de mercado estão em momentos qualificados segundo os conceitos de sobrevenda e de


sobrecompra (ABE, 2009; BROWN, 2012; DEBASTIANI, 2008; PRING, 2017).
É atribuída a Welles Wilder a criação do índice de força relativa; sua apresentação ao mercado
se deu no ano de 1978, ocasião da publicação do livro intitulado New Concepts in Technical
Trading Systems (MURPHY, 2021). A obra em questão também contempla outros indicadores
relevantes, assim sendo, trata-se de um dos mais importantes clássicos da história da análise
técnica estatística.
De acordo com sua interpretação exclusivamente quantitativa, sem ser levado em conta o tipo
de tendência, o índice de força relativa pode variar de 0,00 até 100,00, ou seja, aceita-se, em
tese, oscilação dentro do intervalo [0,00;100,00], todavia, conforme esclarecem vários
estudiosos da análise técnica, o intervalo de flutuação muda conforme a tendência assumida por
ativos e mercados – se de alta, de baixa ou lateral.
Existem diversas metodologias quanto à compreensão das tendências; muitos preferem usar
indicadores da análise técnica estatística (ELDER, 2017); outros dão mais peso à abordagem
empírica, ancorada nas teorias de Dow e de Elliott, por exemplo (PRETCHER, 2017;
HAMILTON, 1998; SPERANDEO; BROWN, 1991). Contudo, para o propósito deste trabalho
de pesquisa, cabem as explicações mais simples: em tendência de alta, também classificada
como mercado de alta ou bull market, a cotação ascende a partir da formação recorrente de
topos e fundos mais altos; em tendência de baixa, também chamada de mercado de baixa ou
bear market, a evolução descendente se dá por meio da geração sucessiva de topos e fundos
mais baixos; em tendência lateral, igualmente denominada zona de congestão ou faixa de
negociação, ratifica-se a evolução horizontal com a marcação de topos e fundos em níveis
aproximadamente repetidos (ELDER, 2017; PRETCHER, 2017; HAMILTON, 1998;
SPERANDEO; BROWN, 1991).
O conteúdo exposto por Kamich (2016), precisamente sobre a detecção de sobrevenda e de
sobrecompra com o índice de força relativa de 14 dias em tendências de alta, divulga as
seguintes instruções: a oscilação é mais frequente no intervalo [40,00;80,00]; sendo assim, a
sobrevenda passa a prevalecer quando o indicador está abaixo de 40,00; a sobrecompra tem sua
ocorrência ratificada com valores acima de 80,00.
Continuando com as discussões sobre os ensinamentos de Kamich (2016), agora relacionadas
ao processo de detecção de sobrevenda e de sobrecompra em situações classificadas como
tendência de baixa: a oscilação do indicador se concentra majoritariamente no intervalo
[20,00;50,00]; a extrapolação do limite inferior admite sobrevenda; a sobrecompra ocorre
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quando da violação ascendente do limite superior. Por fim, o mesmo autor sustenta o intervalo
[30,00;60,00] aos casos confirmados como período de tendência do tipo lateral.
Outro esclarecimento a respeito da análise dos intervalos do índice de força relativa está no
conjunto das instruções apresentadas por Desbatiani (2009), especialmente quanto ao fato de o
indicador ter três zonas de trânsito: zona de sobrevenda, zona de sobrecompra e zona de
tendência. Combinando com os ensinamentos difundidos por Kamich (2016): as zonas de
tendência são os intervalos [40,00;80,00], [20,00;50,00] e [30,00;60,00], representando as
tendências de alta, de baixa e lateral, respectivamente.
Também merece destaque a contribuição de Brown (2012): em tendência de alta, o índice de
força relativa de 14 dias pode variar de 40,00 até 90,00, com o intervalo ]40,00;50,00]
representando uma região de suporte; a oscilação passa a ocorrer entre 10,00 e 60,00 quando a
tendência é de baixa, com o intervalo ]50,00;60] determinando a região de resistência.
É válido mencionar alguns trabalhos de pesquisa como forma de enfatizar a importância do
indicador em questão ao mercado de capitais: Beaupain, Meng e Belair (2010) se dispuseram a
examinar como o efeito da volatilidade pode contribuir com a elaboração de um sistema
específico de negociações para o índice de força relativa; com a participação do índice de força
relativa, Ibrahim (2015) realizou uma pesquisa quantitativa voltada à aferição do grau de
precisão de alguns indicadores de análise técnica quando emitem sinais favoráveis à compra e
à venda de ações; Bhargavi, Gumparthi e Anith (2017) se preocuparam em mostrar como
explorar o índice enquanto variável relevante à formação de carteiras de ativos.

3. Aspectos metodológicos
A análise da evolução histórica da recente tendência de alta do mercado acionário brasileiro a
partir de um dos mais importantes indicadores de análise técnica, justamente o índice de força
relativa de 14 dias, exigiu a construção dos resultados em cinco partes distintas, destacadas e
explicadas no Quadro 01. A partir deste instante da pesquisa o indicador passa a ser tratado por
RSI14, em alusão ao modo como a sigla mais polular (em inglês) encontra-se difundida no
ambiente da análise técnica.

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Os dados necessários à viabilização das seções foram coletados exclusivamente do site


http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-amplos/indice-ibovespa-
ibovespa-estatisticas-historicas.htm. Trata-se de um histórico de cotações de fechamento do
IBOVESPA, conteúdo necessário para calcular o RSI14 de todos os dias, de 20 de janeiro de
2016 até 26 de abril de 2021. O referido histórico contempla 1.301 valores do RSI14 do
IBOVESPA. O Quadro 2 traz a descrição detalhada dos tratamentos quantitativos realizados à
obtenção de cada seção.

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Todos os procedimentos destacados no Quadro 02, inclusive o tratamento preliminar voltado à


geração da amostra do RSI14, foram exclusivamente realizados com modelos específicos de
planilhas do Microsoft Excel.

4. Apresentação e análise dos resultados


As próximas cinco seções reúnem todos os resultados desta pesquisa. Estão distribuídas da
seguinte forma: análise exploratória da amostra do RSI14 do IBOVESPA; definição das zonas
de sobrevenda, sobrecompra e tendência; análise da zona de sobrevenda; análise da zona de
sobrecompra; análise da zona de tendência.

4.1. Análise exploratória da amostra do IFR14 do IBOVESPA


Derivados da mais recente tendência de alta do mercado acionário brasileiro, os sumários
gráficos contidos na Figura 1 (intervalo de confiança, teorema de Chebyshev, box-and-whisker
e box-plot) permitem extrair informações preliminares relevantes, todas concernentes ao
comportamento diário do RSI14 do IBOVESPA.

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Quanto ao intervalo de confiança: com base nos valores do nível de significância (0,05), erro
padrão (0,5928), t bicaudal (1,96) e escore original médio (55,86), ao longo do período
completo de análise a média do indicador se manteve dentro do intervalo [54,60; 55,86],
afirmação assegurada por um nível de confiança de 95%; enquanto sumário numérico para a
amostra, vale destacar o valor médio de 55,23.
Como a amplitude amostral (intervalo indicado pelos valores extremos do box-and-whisker,
exatamente 19,50 e 84,28) não está totalmente contida na amplitude do box-plot (valores
estimados em 22,28 e 89,10), não há como refutar a ocorrência de pelo menos uma observação
discrepante à esquerda, com 19,50 (valor mínimo da amostra) em posição de estaque; de acordo
com a amplitude interquartílica, 50% dos pregões tiveram o RSI14 no intervalo ]47,34; 64,04[;
de modo mutuamente exclusivo, a mediana sustenta incidências de 50% para os intervalos

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[19,50;55,25[ e ]55,25;84,28]; 75% dos elementos da amostra estão distribuíd os em


]47,34;84,28]; 25% das observações têm valores contidos em ]64,04; 84,28].
O gráfico correspondente ao teorema de Chebyshev aponta o elevado grau de concentração das
observações em torno da média como uma importante característica da amostra; enquanto o
teorema prevê frequências de 75%, 88,89% e 93,75% de observações para os intervalos
estabelecidos com 2, 3 e 4 desvios padrões à esquerda e à direta da média, as frequências
efetivamente apuradas ao RSI14 têm 96,88% e 100,00% para os intervalos formados com
apenas 2 e 3 escores padronizados.
Em praticamente cinco anos de pregão, tempo de duração da tendência primária de alta mais
recente do IBOV, o RSI14 diário jamais atingiu os limites teóricos 0,00 e 100,00, no máximo
fez aproximações, tendo alcançado os extremos estabelecidos pelo intervalo [19,50; 84,28]; por
ser proveniente de uma população com média pertencente ao intervalo [54,60; 55,86], as
valorizações mais intensas do IBOV se deram após a superação da barreira de 55,86, enquanto
a ocorrência de valores abaixo de 54,60 indicou os momentos iniciais de desvalorizações
(correções) mais significativas; em 75% dos pregões, o RSI14 manteve oscilação acima de
47,34 (primeiro quartil), representando mais uma marca importante à percepção do ponto a
partir do qual passaram a prevalecer valorizações e desvalorizações mais expressivas; o teorema
de Chebyshev deixa clara a movimentação mais equilibrada e gradual do RSI14 do IBOV,
ratificando, para os cinco anos da tendência de alta, raridade quanto à ocorrência de
recrudescimentos e arrefecimentos abruptos, portanto, sem frequência significativa de
variações descompassadas.

4.2. Definição das zonas de sobrevenda, sobrecompra e tendência


Contendo os históricos (1.301 pregões) da cotação do IBOVESPA e do RSI14, a Figura 2
permite definir zonas (sobrevenda, sobrecompra e tendência) mais apropriadas à explicação da
evolução do mercado acionário de alta no Brasil. Contudo, antes de iniciar a análise, vale
enfatizar: todas as conclusões decorrentes da observação da Figura 2 estão amparadas nas
contribuições dos autores Brown (2012), Desbatiani (2009), Kamich (2016), Kleinman (2013)
e Pring (2017) – principalmente na combinação dos ensinamentos dos autores Brown (2012) e
Kamich (2016).

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Em relação aos movimentos de correção sobre a tendência de alta, justamente os instantes tidos
como de sobrecompra, os valores 70,00 e 80,00 se destacaram por terem fornecido sinalizações
precisas. Sendo assim, o mercado acionário passou a experimentar pausas na tendência de alta
logo após o RSI14 oscilar no intervalo ]70,00;80,00]. A mesma conclusão vale para o intervalo
]80,00;90,00], mas com uma incidência muito mais rara.
Do lado oposto, referente aos níveis do indicador dotados da propriedade de sinalizar os
encerramentos das correções sucedidas sobre a tendência de alta do mercado, as retomadas do
movimento de valorização se deram após a flutuação do RSI14 nos intervalos [30,00;40,00[ e
[20,00;30,00[, tendo havido predomínio substancial em favor de [30,00;40;00[.
Levando-se em conta o conceito de sobrecompra em mercados de alta explicado por Kamich
(2016): por não ter sido necessariamente uma exigência superar a marca de 80,00 antes dos

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movimentos de correção sobre o mercado de alta, à zona de sobrecompra do mercad o de ações


brasileiro é aceitável definir sua prevalência a partir da oscilação do RSI14 acima de 70,00.
De acordo com o conceito de sobrevenda em mercados de alta esclarecido por Kamich (2016):
por ter sido menos frequente a perfuração descendente da marca de 30,00, à zona de sobrevenda
do mercado acionário de alta mais recente no Brasil se deu quando o RSI14 passou a oscilar
logo abaixo de 40,00.
Em função das frequências também observadas abaixo de 30,00 e acima de 80,00, torna-se
aconselhável viabilizar uma adaptação interpretativa derivada dos conceitos de suporte e de
resistência do RSI14, seguindo mais ou menos a abordagem sustentada por Brown (2012). A
zona de sobrecompra teve duas faixas: ]70,00; 80,00] para a resistência da sobrecompra; ]80,00;
90,00] para o excesso de sobrecompra. A zona de sobrevenda também teve duas faixas: [30,00;
40,00[ para o suporte da sobrevenda; [20,00; 30,00[ para o excesso de sobrevenda. Por fim, a
zona de tendência, uma definição também abordada por Debastiani (2005), delimitou-se ao
intervalo [40,00; 70,00].

4.3. Análise da zona de sobrecompra


Esta seção se concentra na análise da zona de sobrecompra do RSI14, ou seja, limita-se ao total
de observações com respostas superiores a 70,00. Para tanto, elaborou-se a Figura 3, cujo
conteúdo abrange os sumários gráficos ogiva, intervalo de confiança e box-and-whisker.
Do total de 1.301 pregões, limitou-se a 141 o número de dias úteis fechados com o RSI14 acima
de 70,00, portanto, em apenas 10,84% dos dias úteis o IBOVESPA esteve efetivamente na
zona de sobrecompra; foram 1.160 pregões encerrados com o RSI14 menor ou igual a 70,00,
uma frequência relativa de 89,16%.
Quanto aos 141 dias úteis encerrados com o RSI14 em zona de sobrecompra: média de 74,17,
com o intervalo de confiança estimado em [73,63; 74,71]; amplitude total definida com [70,07;
84,28]; 75% dos pregões com o RSI14 acima de 71,51; 50% no intervalo ]71,51; 75,83[;
somente 25% acima de 75,83; a resistência da sobrecompra, delimitada por ]70,00; 80,00],
reuniu 130 dias úteis, representando 9,99% da amostra total (1.301), mas 92,20% dos pregões
encerrados em sobrecompra; o excesso de sobrecompra ocorreu em apenas 11 ocasiões, uma
frequência percentual de 0,85% da amostra completa (1.301), equivalente a 7,80% dos dias em
sobrecompra.

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A raridade quanto à oscilação em zona de sobrecompra é uma característica intrínseca ao


indicador. Especificamente no caso da mais recente tendência primária de alta do mercado
acionário brasileiro, aqui representado pelo IBOVESPA, confirma-se o valor de 70,00 como
mais apropriado à demarcação da fronteira entre as zonas de tendência e de sobrecompra, com
os intervalos ]70,00; 80,00] e ]80,00; 90,00] adequados à identificação das subzonas aqui
classificadas como resistência da sobrecompra e excesso de sobrecompra.

4.4. Análise da zona de sobrevenda


Em posição oposta ao conteúdo imediatamente anterior, esta seção se encarrega de analisar a
recente tendência de alta do IBOVESPA segundo o conceito de sobrevenda do RSI14. A
Figura 04 contém os mesmos tipos de gráficos estatísticos da Figura 03, mas elaborados com
os valores do RSI14 localizados na zona de sobrevenda.
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Limitou-se a 126 o número de pregões encerrados com o RSI14 abaixo de 40,00, logo, somente
em 9,68% dos dias úteis o IBOVESPA esteve efetivamente na zona de sobrevenda; foram
1.175 dias onde o mercado fechou as negociações com o RSI14 acima de 40,00, representando
uma frequência relativa de 90,32%.

Limitando a análise ao subgrupo dos 126 pregões fechados com o RSI14 do IBOVESPA na
zona de sobrevenda: média de 34,58, com [33,69; 35,47] identificando o intervalo de confiança;
amplitude definida com [19,50; 39,91]; 75% dos pregões com o RSI14 no intervalo ]31,58;
39,91]; 50% no intervalo ]31,58; 38,59[; somente 25% em ]38,59; 39,91]; o suporte da
sobrecompra, delimitado por [30,00; 40,00[, foi alcançado em 101 ocasiões, representando
7,76% da amostra total (1.301), mas 80,16% dos pregões fechados em sobrevenda; o excesso
de sobrevenda teve apenas 25 observações, com frequências correspondentes a 1,92% da
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amostra total (1.301) e 19,84% dos dias em sobrevenda.


A maior raridade da oscilação em zona de sobrevenda é mais uma característica intrínseca ao
indicador quando a tendência em vigência é de alta. À tendência de alta do IBOVESPA
confirma-se o valor de 40,00 como mais apropriado à definição da linha imaginária capaz de
separar a zona de tendência da zona de sobrevenda; os intervalos [30,00; 40,00[ e [20,00; 30,00[
são satisfatórios para destacar as subzonas, respectivamente classificadas como suporte da
sobrevenda e excesso de sobrevenda.

4.5. Análise da zona de tendência


Enfatizando o intervalo [40,00; 70;00] do RSI14 do IBOVESPA, esta seção encerra o presente
trabalho de pesquisa com a análise da zona de tendência. Para tanto, a Figura 5 reúne gráficos
com os mesmos propósitos daqueles destacados nas Figuras 03 e 04, mas agora com as
observações pertencentes ao intervalo da zona de tendência.
Dos 1.301 pregões, em 1.034 o indicador evoluiu fora das zonas de sobrevenda e de
sobrecompra, portanto, trata-se de uma frequência dentro do intervalo [40,00; 70,00] da ordem
de 79,48%. Mais detalhes sobre os pregões encerrados com o RSI14 do IBOVESPA na zona
de tendência: média de 55,16, com [54,67; 55,65] como intervalo de confiança; amplitude
definida com [40,04; 69,94]; em 75% dos pregões, na zona de tendência, o RSI14 oscilou no
intervalo ]48,69; 69,94]; 50% no intervalo ]48,69; 61,61[; somente 25% em ]61,61; 69,94].

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“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021.

Como as entradas do RSI14 nas zonas de sobrecompra e de sobrevenda em mercados de alta


são naturalmente menos frequentes, não há surpresa quanto ao elevado nível de incidência do
indicador no intervalo [40,00; 70,00], correspondente à zona de tendência mais adequada para
explicar a evolução do mercado de ações brasileiro.

5. Considerações finais
A reunião das seções da apresentação e análise dos resultados ratifica a consecução do objetivo
deste trabalho de pesquisa, calcado na análise da tendência de alta mais recente do mercado de
ações brasileiro com ênfase no índice de força relativa, um dos indicadores mais populares entre
investidores e especuladores do mercado de capitais.

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“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021.

Com base no histórico do índice de força relativa de 14 dias do IBOVESPA, de 20 de janeiro


de 2016 até 26 de abril de 2021, os intervalos mais apropriados à interpretação dos momentos
do mercado são os seguintes: o indicador permitiu definir três zonas principais; valores abaixo
de 40,00 sinalizaram sobrevenda; tendência ocorrida no intervalo ]40,00; 70,00]; resultados
acima de 70,00 indicaram sobrecompra; a zona de sobrevenda pôde ser dividida em duas
regiões, [30,00; 40,00[ e ]20,00; 30,00[, respectivamente o suporte do indicador e o excesso de
sobrevenda; a zona de sobrecompra também, com a resistência do indicador e o excesso de
sobrecompra contando com os intervalos ]70,00; 80,00] e ]80,00; 90,00], respectivamente.
Como já era esperado, ocorreram apenas raríssimas aproximações quanto aos limites teóricos
0,00 e 100,00, portanto, sem observações iguais a 0,00 ou 100,00.
Principais evidências derivadas do tratamento estatístico: com 95% de confiança, assegurou-
se à média o intervalo [54,60;55,86]; em 90,32% dos pregões a flutuação esteve fora da
sobrevenda (acima de 40,00), então, conforme o complemento assegura, o suporte do indicador
e o excesso de sobrevenda (menos frequente) dividiram 9,68% dos dias úteis; a resistência do
indicador e o excesso de sobrecompra (menos frequente) vigoraram em 10,84% das ocasiões
(acima de 70,00); por fim, a zona de tendência, intervalo ]40,00; 70,00], concentrou 79,48%
dos pregões.
Autores, profissionais de mercado e investidores também defendem a eficácia de outros
intervalos alternativos ao índice de força relativa, tais como 7, 9 e 20. Sendo assim, como
proposta ao desenvolvimento de estudos futuros embasados no mesmo indicador, registra-se a
possibilidade de averiguar como se comportou o mercado de capitais nacional com outros
intervalos de dias, sempre buscando preservar as análises focadas nas zonas de sobrevenda,
sobrecompra e tendência.

REFERÊNCIAS
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