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PROPÓSITO
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
:
No Brasil, cerca de 60% das empresas fecham suas portas em até 5 anos após
a sua criação. Além disso, em 2018, 96% das empresas que faliram no Brasil
eram pequenas. Isso demonstra tanto a dificuldade do mercado brasileiro
quanto a falta de preparo do pequeno empreendedor nacional.
Por esta razão o tema Mercado e Formação de Preços é tão relevante. Aqui,
nós exploraremos os conceitos contábeis básicos e as nomenclaturas, depois
aprenderemos como calcular os custos e, por fim, usaremos esses resultados
dos custos tanto para verificar a viabilidade de um negócio quanto para definir o
:
preço de venda de um produto.
04:10
! DICA
Você já deve ter ouvido falar que a “Contabilidade é a língua dos negócios” e,
como qualquer língua, se você não souber as principais palavras, termos e
estruturas, não vai conseguir usá-la para se comunicar eficientemente. Assim é
com a Contabilidade de Custos: para aplicá-la de forma eficaz e eficiente à sua
tomada de decisão, você precisa conhecer seus principais termos.
DISPÊNDIO DE CAIXA
INVESTIMENTO
O Sr. José é proprietário de uma pequena padaria na qual ele também trabalha
como padeiro. Devido ao aumento da demanda, ele precisou ir até uma loja
comprar um forno industrial para assar a quantidade de pães necessária para
atender a todos os seus fregueses. Esse tipo de gasto que o Sr. José realizou
foi um investimento.
# SAIBA MAIS
Agora, vamos supor que uma empresa compre uma patente de outra, a fim de
desenvolver um produto. Esse é um tipo de investimento? Sim! Lembre-se de
que o investimento é a aquisição de um bem ou de um direito. Assim sendo,
tanto a compra de um ativo físico quanto a de um ativo intangível (como o caso
de uma marca, patente, direito de exploração, concessão etc.) são
:
investimentos.
CUSTO
Investimento
$
Custo
DESPESA
Se o Sr. José contratasse um caixa para atender aos seus clientes, o valor
do salário pago seria também um tipo de despesa.
" ATENÇÃO
Perceba que, por mais que esses gastos sejam, muitas vezes, importantes, em
nada influenciam de forma direta a atividade-fim da padaria que é vender pães
ou do consultório, que é atender aos pacientes. E é por esse simples detalhe
que esses gastos são classificados como despesa nos dois tipos de negócio.
INVESTIMENTO
Caso você gaste um valor para comprar um ativo, este é um investimento.
:
CUSTO
Se você gasta um valor para comprar matérias-primas ou outros tipos de
insumos para produção (ou, ainda, se você compra diretamente um produto
acabado para revenda), este gasto é um custo.
DESPESA
Gasto relativo ao consumo de Bem ou serviço que tem relação direta ou
indireta com o processo de obtenção de receitas da entidade. Ou seja, caso
você gaste com outras finalidades que não compõem o custo do produto nem
se encaixam como aquisição de ativo, então você incorreu em uma despesa.
ATIVIDADE
$
Custos indiretos
% EXEMPLO
No caso da padaria do Sr. José, podem ser considerados custos diretos o valor
da farinha utilizada nos pães e o valor que o Sr. José paga a si mesmo por
atuar como padeiro. Já quando se trata do consultório, o valor gasto com a
impressão das fichas dos pacientes, atestados e receitas médicas são
considerados custos diretos, da mesma forma que a compra de insumos como
algodão, seringa e outros materiais utilizados no cuidado dos pacientes.
RESPOSTA
A contabilidade não existe como um fim em si mesma, mas, sim, como um
meio de ilustrar e auxiliar a tomada de decisão. Assim sendo, saber quais
são seus custos diretos e indiretos auxilia na tomada de decisão de uma
empresa. Vamos ver como isso ocorre?
" ATENÇÃO
Já que os custos diretos podem ser diretamente alocados nos produtos, não é
:
necessário um rateio geral. Porém, os custos indiretos precisam ser rateados
entre todos os produtos.
No caso da padaria do Sr. José, ele trabalha 6 horas por dia fazendo pães e 2
horas por dia fazendo bolos, portanto é fácil alocar o custo do salário de padeiro
dele nos dois tipos de produtos: 3/4 são alocados nos pães e 1/4 nos bolos.
A RESPOSTA É SIM!
Por exemplo, o valor que uma empresa paga para alugar um prédio para utilizá-
lo como fábrica vai aumentar se ela aumentar a sua produção e precisar alugar
um espaço maior. Contudo, quando falamos do valor para o custo variar
estamos falando na variação de curto prazo e de alterações não muito grandes
na produção. Assim, caso uma empresa varie um pouco sua produção, o custo
do aluguel não mudará.
CUSTO VARIÁVEL
No caso da padaria do Sr. José, a farinha que ele utilizou para fazer seus pães
é um tipo de custo variável, assim como a água que ele usou para misturar na
farinha e fazer a massa, todos os demais ingredientes e também o gás do
fogão. Todos esses tipos de custos vão aumentar se a produção aumentar, e
diminuir caso ela diminua.
CUSTO FIXO
Um exemplo de custo fixo seria o valor pago para o salário do caixa. Não
importa a produção de pães do Sr. José, o salário do funcionário que trabalha
no caixa permanecerá o mesmo.
" ATENÇÃO
:
Lembre-se sempre de que estamos falando de custos de curto prazo. Pode ser
que, caso o Sr. José aumente a sua padaria e abra uma filial, ele precise
contratar um novo caixa. Porém, isso não significa que tal custo é classificado
como variável, pois ele é fixo em curto prazo.
CUSTO VARIÁVEL
Quando o valor se altera conforme a quantidade de bens produzidos ou
serviços prestados, esse custo deve ser classificado como custo variável.
Então, o papel usado para forrar a cama médica toda vez que se atende um
novo paciente, os palitos de madeira usados para se analisar a garganta de
cada paciente, entre outros custos que variam conforme se atende a um
paciente, são classificados como custo variável.
CUSTO FIXO
São todas as despesas para a prestação do serviço de atendimento médico
que não se alteram conforme a quantidade de pacientes que são atendidos.
Logo, é possível exemplificar como custo fixo o aluguel do imóvel, pois
independente do fato de eles decidirem trabalhar 8 horas por dia e atender x
pacientes ou trabalhar 24 horas por dia, alternando em escalas, e atender 3x
:
pacientes, o aluguel do consultório permanecerá o mesmo.
Notamos aí que existe uma relação entre os dois tipos de custos que vimos até
agora: direto/indireto e fixo/variável. Normalmente, custos diretos, por serem
diretamente e facilmente relacionados ao produto, tendem a variar com a
produção, sendo, assim, variáveis. O mesmo vale para os custos indiretos: por
eles não serem tão associados com a produção, tendem a ser considerados
fixos.
" ATENÇÃO
Tais reconhecimentos variam de área para área. Na padaria do Sr. José, caso
sejam produzidos 500, 800 ou 1.000 pães por dia, apenas um padeiro irá
trabalhar, o Sr. José. Portanto, para essa empresa, a mão de obra direta é um
custo fixo.
Imagine que uma empresa, que tem lucro, produz quatro tipos de produtos: A,
B, C e D.
Agora, a empresa, que antes era lucrativa, acaba indo à falência, mesmo
tomando decisões que pareciam fazer sentido. Essa é a armadilha da espiral da
morte!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
04:24
:
ANÁLISE DO CUSTO X VOLUME X
LUCRO
A ANÁLISE DE CUSTO-VOLUME-LUCRO
(TAMBÉM CHAMADA DE CVL) É
FUNDAMENTAL PARA SE VERIFICAR A
SUSTENTABILIDADE DO NEGÓCIO E O
QUANTO ELE É FACTÍVEL.
Utilizando o exemplo da padaria do Sr. José, quantos pães ele precisa produzir
e vender para o seu negócio ser sustentável? Essa quantidade é factível? A fim
de realizar essa análise, nós faremos a divisão dos custos dessa padaria entre
fixos e variáveis.
Gás R$0,04
Agora, para analisarmos esses números, nós temos que, em primeiro lugar,
entender o conceito de lucro contábil. Na contabilidade, o lucro é a diferença
entre as receitas e as despesas se essa diferença for positiva (e prejuízo se
negativa).
Note que a quantidade vendida está multiplicando tanto o preço quanto o custo
variável na equação anterior. Consequentemente, podemos colocar em
evidência esse valor, assim como mostrado abaixo:
:
LUCRO = (PREÇO ‒ CUSTO VARIÁVEL -
DESPESA VARIÁVEL) X QUANT.
VENDIDA ‒ CUSTO FIXO
Esse termo descrito acima como a diferença entre o preço e o custo variável
unitário é chamado na contabilidade de Margem de Contribuição Unitária
(MCU).
PONTO DE EQUILÍBRIO
PONTO DE EQUILÍBRIO É A
QUANTIDADE MÍNIMA QUE DEVE SER
VENDIDA PARA QUE UM RESULTADO
:
SEJA ALCANÇADO.
04:34
Note que a quantidade de pães diária que o Sr. José tem que produzir e vender
é altíssima, 12.000 pães! Ao verificar isso, o Sr. José percebeu que, para
conseguir manter a sua padaria ativa, ele teria que diminuir a sua remuneração.
Se ele não fizesse isso, não teria como atingir o PEC.
Ele decidiu que, nesse início de operação, iria se pagar apenas R$2.000 (antes
eram R$4.500, portanto, uma redução de R$2.500 na remuneração) por mês e
que ele só aumentaria a sua remuneração quando o negócio já estivesse se
expandindo o suficiente.
No caso do Sr. José, o PEF para quando ele se paga R$2.000 por mês ao invés
dos R$4.500 fica em:
Note que esse valor é menor do que os 9.222 pães anteriores que o Sr. José
tinha que vender. Isso acontece porque no PEF o Sr. José não precisa cobrir os
R$300 de depreciação do fogão que acontece todo mês, assim, a quantidade
necessária para se alcançar o ponto de equilíbrio é menor.
CUSTO DE OPORTUNIDADE
“Nada na vida é de graça”, você já deve ter ouvido essa expressão. Ela reflete
que cada escolha é uma perda. Ao fazermos uma escolha, renunciamos a
todas as escolhas possíveis que poderíamos ter feito. Desta forma, a
Contabilidade de Custos também incorpora esse fato ao ajudar na tomada de
decisão.
Vamos supor que a Dra. Marcela e seus sócios decidam que apenas compense
trabalhar em um consultório caso eles lucrem R$1.000 no final do mês, e
considerando a tabela de custos a seguir:
Esses R$5.000 também são os valores mínimos que o Sr. José acredita que
precisa ter de lucro para compensar o fato do risco que é ter a sua própria
padaria, ao invés de trabalhar como padeiro em outro local (como empresário,
ele não tem acesso a férias, décimo terceiro, FGTS e seguro-desemprego,
:
além do risco que é ter seu próprio negócio). Portanto, este valor é o custo de
oportunidade do Sr. José.
Isto é, para compensar o custo de oportunidade do Sr. José, ele teria que
vender 17.556 pães por dia. Assim, seu salário seria de R$4.500 e teria um
lucro de R$5.000 para reinvestir no negócio.
O Sr. José, ao analisar os números, verificou que eles estão muito altos e que
não está sendo compensatória a venda dos pães a R$0,15 a unidade. Ele
decidiu, então, verificar se a política de preços da sua padaria está adequada.
No próximo módulo, iremos discutir a formação de preços e como isso pode
ajudar o Sr. José na sua jornada de empreendedor.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
# SAIBA MAIS
Como ele pode utilizar esses dados para verificar que preço cobrar?
Primeiro, ele já sabe que 85% da demanda global equivale a 8.000, já que 85%
das pessoas responderam que comprariam o pão a R$0,15. Ou seja, a
demanda global é de 8.000/0,85 = 9.412 pães.
Agora, ele já pode calcular o seu lucro em cada um dos cenários usando a
:
fórmula do lucro que nós já vimos:
" ATENÇÃO
Note que ele está cobrando muito barato pelo pão, pois está tendo um prejuízo
agora. Porém, em todos os outros cenários testados, ele está tendo lucro! Caso
ele venda a R$0,18 a unidade, o lucro esperado é de R$2.754, R$2.753 caso
ele venda cada pão a R$0,20 a unidade, R$1.905 de lucro se for a R$0,22 e,
finalmente, R$213, caso o valor de venda seja de R$0,25. Portanto, o Sr. José
poderia escolher qualquer valor entre R$0,18 e R$0,20 para vender seu pão, já
que o lucro para R$0,18 e para R$0,20 é virtualmente idêntico.
:
MÉTODO SURVEY NO CONTEXTO DO
CONSULTÓRIO
Valor
Custos Classificação
(R$)
Custo
Custo por atendimento 1
variável
Custo
:
Custo médico variável 50
Lucro = R$3.100
! DICA
MARKUP
Quando não se tem dados reais sobre demanda e como ela se comporta
com determinados níveis de preços, devemos utilizar métodos
alternativos para se calcular o valor do preço para venda de um
determinado produto. Todas essas fórmulas se baseiam em um certo nível
que queremos alcançar, seja ele um multiplicador do custo ou um
percentual de margem de contribuição unitária. Todas essas técnicas são
chamadas de markup.
:
UMA DAS FORMAS DE SE CALCULAR O
MARKUP É SE UTILIZANDO DO CUSTO
UNITÁRIO PARA SE CALCULAR UM
MULTIPLICADOR EM CIMA DO CUSTO.
Por exemplo, vamos supor que o Sr. José produza 8.000 pães por dia. O
custo unitário de cada produto é de R$0,12 + R$10.300/(8.000 x 30) (rateio
do custo fixo) = R$0,16 por unidade. Se ele quiser um markup de 0,25 em
cima desse valor, ele calcula da seguinte maneira: R$0,16 x 1,25 = R$0,20
como preço de venda. Podemos generalizar isso para:
Por exemplo, se o Sr. José deseja que cada pão tenha uma margem de
contribuição de R$0,06, então o valor de venda deve ser de R$0,12 +
R$0,06 = R$0,18.
Valor
Custos Classificação
(R$)
Custo
Custo por atendimento 1
variável
Custo
Custo médico 100
variável
:
Quant. máxima cada médico atende por
50
mês
Primeiro, era necessário que eles calculassem o rateio de custo fixo, isto
é, que eles incorporassem o custo fixo à quantidade de atendimentos. Em
um cenário em que os 4 médicos atendam 50 pacientes, o que resulta em
200 atendimentos por mês, basta fazer o seguinte cálculo:
Esse método é mais simples que o anterior, pois não necessita do rateio
do custo fixo e, por conseguinte, você não precisa saber quantas
unidades vai vender.
:
Em compensação, você não vai conseguir calcular se o valor de venda
está cobrindo o rateio dos seus custos fixos, e pode ter prejuízo caso não
consiga vender unidades suficientes para cobrir esse custo.
Como você pode notar, essas técnicas de formação de preço não são tão
precisas quanto a técnica de survey, porém elas exigem menos esforço e
podem ser úteis para pequenos empreendedores que não conseguem ter
acesso a recursos para fazer uma pesquisa de demanda e de preços.
Além disso, ambas são melhores do que o empreendedor apenas chutar
um valor sem conhecer direito seus custos fixos e variáveis, aumentando,
assim, a sua chance de fracasso.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos módulos, foi possível definir o conceito de despesas, custos
e investimentos. Quais as peculiaridades de cada um, como se classificar
os diferentes gastos e como eles são usados nas tomadas de decisões
estratégicas nas empresas.
& PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
:
REFERÊNCIAS
COELHO, Fabiano Simões. Formação Estratégica de Precificação: Como
Maximizar o Resultado das Empresas. Rio de Janeiro: Atlas, 2009.
EXPLORE+
Para aprender mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
Dinheirama;
Infomoney;
Portal do Investidor;
Portal Sebrae.
CONTEUDISTA
Rodrigo Leite