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DESCRIÇÃO

Aplicação básica dos conceitos de investimento, custo e preço na prática e seu


uso para tomada de decisões gerenciais.

PROPÓSITO

Explicar os conceitos de custo, investimento, despesa e formação de preços e


suas aplicações nas mais variadas situações e contextos profissionais.
:
OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os custos diretos, indiretos, variáveis e fixos de um produto

MÓDULO 2

Analisar lucro e margem de contribuição

MÓDULO 3

Calcular o preço de venda de um produto

MÓDULO 1

! Identificar os custos diretos, indiretos, variáveis e fixos de um produto

INTRODUÇÃO
:
No Brasil, cerca de 60% das empresas fecham suas portas em até 5 anos após
a sua criação. Além disso, em 2018, 96% das empresas que faliram no Brasil
eram pequenas. Isso demonstra tanto a dificuldade do mercado brasileiro
quanto a falta de preparo do pequeno empreendedor nacional.

SEM TER UMA NOÇÃO PRÁTICA DE


COMO SE CALCULA UMA MARGEM DE
CONTRIBUIÇÃO, SEM SABER QUAIS
SÃO OS CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS
DE UM NEGÓCIO E, PRINCIPALMENTE,
SEM TER UMA BASE PARA SE DEFINIR
O PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO,
AS CHANCES DO SUCESSO DE UM
NEGÓCIO, QUE JÁ SÃO PEQUENAS,
TORNAM-SE ÍNFIMAS.

Por esta razão o tema Mercado e Formação de Preços é tão relevante. Aqui,
nós exploraremos os conceitos contábeis básicos e as nomenclaturas, depois
aprenderemos como calcular os custos e, por fim, usaremos esses resultados
dos custos tanto para verificar a viabilidade de um negócio quanto para definir o
:
preço de venda de um produto.

Antes de iniciarmos nossos estudos, assista a este vídeo no qual o professor


Antônio Carlos Magalhães da Silva fala sobre os conceitos que serão
apresentados ao longo do módulo 1.

04:10

CONCEITO DE CUSTO, DESPESA E


INVESTIMENTO
A teoria de formação de preços vem de uma parte da Contabilidade que é
chamada de Contabilidade de Custos.

! DICA

Você já deve ter ouvido falar que a “Contabilidade é a língua dos negócios” e,
como qualquer língua, se você não souber as principais palavras, termos e
estruturas, não vai conseguir usá-la para se comunicar eficientemente. Assim é
com a Contabilidade de Custos: para aplicá-la de forma eficaz e eficiente à sua
tomada de decisão, você precisa conhecer seus principais termos.

Toda vez que compramos algo (na Contabilidade, isso é chamado de


dispêndio de caixa ) estamos pagando um custo, realizando uma despesa ou
fazendo um investimento. Essas três palavras têm conceitos específicos e são
:
importantes para identificar quais os tipos de gastos (dispêndios de caixa ) que
estamos realizando.

DISPÊNDIO DE CAIXA

São as saídas de dinheiro do caixa, ou seja, aquilo que se paga em um


negócio.

INVESTIMENTO

Vamos começar abordando o conceito de investimento:

INVESTIMENTOS PODEM SER


ENTENDIDOS COMO A AQUISIÇÃO DE
BENS OU SERVIÇOS QUE IRÃO GERAR
MAIS RIQUEZA PARA OS SÓCIOS DA
EMPRESA NO FUTURO.
:
" ATENÇÃO

Podemos diferenciar o investimento dos outros tipos de gastos, pelo fato de o


investimento sempre resultar na aquisição de um ativo (bem ou direito) que a
empresa pode utilizar para realizar a sua operação.

Veja, a seguir, dois exemplos de investimentos, levando em conta um contexto


de oferta de produto e outro de oferta de serviço:

PADARIA DO SR. JOSÉ

O Sr. José é proprietário de uma pequena padaria na qual ele também trabalha
como padeiro. Devido ao aumento da demanda, ele precisou ir até uma loja
comprar um forno industrial para assar a quantidade de pães necessária para
atender a todos os seus fregueses. Esse tipo de gasto que o Sr. José realizou
foi um investimento.

CONSULTÓRIO DA DRA. MARCELA


:
Marcela é recém-formada em Medicina e decidiu abrir seu próprio consultório
com alguns colegas. O investimento para o consultório seria a compra de
material para atendimento, tais como estetoscópios, cama médica, mesas e
cadeiras, entre outros, pois tudo isso seria usado na atividade-fim da empresa
(prestar o serviço de atendimento médico), o que, no final, geraria mais riqueza.
Outro exemplo de investimento para uma empresa seria a compra de um
imóvel, um veículo ou um computador. Em todos esses casos, a empresa está
recebendo um bem como contrapartida de seu gasto.

# SAIBA MAIS

Agora, vamos supor que uma empresa compre uma patente de outra, a fim de
desenvolver um produto. Esse é um tipo de investimento? Sim! Lembre-se de
que o investimento é a aquisição de um bem ou de um direito. Assim sendo,
tanto a compra de um ativo físico quanto a de um ativo intangível (como o caso
de uma marca, patente, direito de exploração, concessão etc.) são
:
investimentos.

CUSTO

CUSTOS SÃO TODAS AS SAÍDAS DE


DINHEIRO QUE SÃO NECESSÁRIAS
PARA QUE A EMPRESA POSSA
PRODUZIR UM BEM OU PRESTAR UM
SERVIÇO.

Como será que o custo pode ser classificado levando em consideração a


padaria do Sr. José e o consultório da doutora Marcela?

PADARIA DO SR. JOSÉ


:
Para fabricar os pães, o Sr. José precisa comprar farinha para servir de
matéria-prima. Diferentemente do fogão, que pode permanecer durante anos
sendo usado pela padaria, esse ativo será consumido rapidamente na produção
do seu produto. Isto é, a farinha será utilizada de forma bem mais rápida para
se fabricar os pães. Logo, esse tipo de gasto difere do investimento, pois a
farinha faz parte do pão (produto final). Portanto, tal gasto é classificado como
custo.

CONSULTÓRIO DA DRA. MARCELA


:
Como o consultório presta serviço de atendimento clínico através de médicos, o
salário dos médicos é um custo. Além disso, como é necessário um imóvel para
que as consultas ocorram, o aluguel do imóvel também será um custo, bem
como o álcool usado para se limpar um paciente, entre outros.

Posteriormente, nós entraremos em mais detalhes sobre as tipologias de


custos. Por enquanto, o importante é que você entenda a diferença entre
investimento e custo.

Investimento

O investimento é um gasto alocado em outros tipos de ativos como maquinário,


equipamentos, imóveis, veículos etc.

$
Custo

O custo se diferencia do investimento porque ele é o gasto alocado em um


:
produto.

DESPESA

AS DESPESAS SÃO TODOS OS GASTOS


QUE NÃO ESTÃO DIRETAMENTE
LIGADOS À ATIVIDADE-FIM DA
EMPRESA.

Será que existe diferença no conceito de despesa quando se oferece produto


ou serviço? Vamos ver, a seguir, o que é considerado despesa para a padaria e
para o consultório.

PADARIA DO SR. JOSÉ


:
O Sr. José deseja reformar a sua padaria e consegue um empréstimo bancário
para poder realizar essa reforma.

O valor que ele pagará pelo empréstimo é chamado de despesa financeira,


pois este é um valor que não se transformou em um ativo (portanto, não é
investimento) e nem pode ser alocado no produto, porque o gasto não foi
utilizado na produção do produto (logo, não é custo).

Se o Sr. José contratasse um caixa para atender aos seus clientes, o valor
do salário pago seria também um tipo de despesa.

CONSULTÓRIO DA DRA. MARCELA


:
No caso do consultório da doutora Marcela, a atividade-fim é prestar serviço
médico. Sendo assim, são classificados como despesas o salário da
recepcionista do seu consultório, a TV a cabo que está disponível na recepção,
para que seus pacientes possam se entreter enquanto aguardam, a água do
filtro que é fornecida, entre outras.

" ATENÇÃO

Perceba que, por mais que esses gastos sejam, muitas vezes, importantes, em
nada influenciam de forma direta a atividade-fim da padaria que é vender pães
ou do consultório, que é atender aos pacientes. E é por esse simples detalhe
que esses gastos são classificados como despesa nos dois tipos de negócio.

Vamos, então, entender os conceitos de forma resumida:

INVESTIMENTO
Caso você gaste um valor para comprar um ativo, este é um investimento.
:
CUSTO
Se você gasta um valor para comprar matérias-primas ou outros tipos de
insumos para produção (ou, ainda, se você compra diretamente um produto
acabado para revenda), este gasto é um custo.

DESPESA
Gasto relativo ao consumo de Bem ou serviço que tem relação direta ou
indireta com o processo de obtenção de receitas da entidade. Ou seja, caso
você gaste com outras finalidades que não compõem o custo do produto nem
se encaixam como aquisição de ativo, então você incorreu em uma despesa.

Os custos são o foco da Contabilidade de Custos.

POR QUE ELES SÃO TÃO ESPECIAIS PARA


MERECEREM TODA UMA SUBDIVISÃO DA
CONTABILIDADE PARA ELES?
Justamente porque eles são essenciais para uma boa tomada de decisão com
relação à fabricação de produtos e na decisão de quais produtos são mais
rentáveis, tendo em vista que são gastos diretamente relacionados com a
operação da empresa, pois são ligados aos produtos.

Que tal testarmos se você compreendeu os conceitos que foram trabalhados


até aqui? Leia as questões e assinale a alternativa correta:

ATIVIDADE

CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS


:
Custos diretos

São aqueles em que a atribuição do custo a um produto é fácil. Por exemplo, a


matéria-prima é um tipo de custo direto, tendo em vista que é possível atribuí-la
diretamente a um produto específico. Outro exemplo é a mão de obra direta,
visto que o trabalhador executou o seu serviço diretamente no produto.

$
Custos indiretos

São mais difíceis de ser diretamente atribuídos a um produto. Exemplos são a


energia elétrica de uma fábrica ou a mão de obra indireta (pessoas que não
trabalham diretamente na fabricação do produto).

% EXEMPLO

No caso da padaria do Sr. José, podem ser considerados custos diretos o valor
da farinha utilizada nos pães e o valor que o Sr. José paga a si mesmo por
atuar como padeiro. Já quando se trata do consultório, o valor gasto com a
impressão das fichas dos pacientes, atestados e receitas médicas são
considerados custos diretos, da mesma forma que a compra de insumos como
algodão, seringa e outros materiais utilizados no cuidado dos pacientes.

Entretanto, a energia elétrica e o valor do salário da balconista/recepcionista


são exemplos de custos indiretos tanto da padaria quanto do consultório.

Caso a padaria possuísse um funcionário especificamente contratado para


:
carregar e/ou descarregar, e manter arrumado o depósito de matérias primas
(farinha, fermento, e os demais itens necessários para a produção dos pães e
bolos), este funcionário seria um exemplo de custo indireto.

Caso o consultório realizasse procedimentos de exames e tenha um funcionário


especificamente contratado para entregar todo o tipo de material coletado em
exames nos laboratórios de análises clínicas e depois buscar os laudos destes
exames, este funcionário também seria um exemplo de custo indireto.

Nestes 2 casos, estes exemplos de funcionários que atuam no produto/serviço,


mas a atividade deles não é facilmente atribuída a cada produto/serviço que a
padaria e o consultório realizam são exemplos típicos de custos indiretos. E
dessa forma, estes gastos podem ser enquadrados como custos indiretos e
sendo utilizado um critério de rateio para distribuir o gasto com estes
funcionários para cada produto/serviço.

Geralmente, quanto maior a complexidade de uma organização e maior o


número de produtos produzidos/comercializados ou serviços prestados, mais
exemplos de custos indiretos podem ocorrer.

DEFINIR CUSTOS DIRETOS E


INDIRETOS PODE SER MAIS
COMPLEXO DO QUE IMAGINAMOS...

Nos exemplos anteriores, citamos que a energia elétrica é um tipo de custo


indireto. Entretanto, se uma fábrica instalar diferentes medidores de energia e
conseguir alocar o valor da conta de eletricidade entre os variados processos
:
de produção, então este poderá ser um exemplo de custo direto.

Outro caso que mostra a dificuldade de se atribuir um custo como direto ou


indireto é o da remuneração do Sr. José. Ele trabalha como padeiro, mas, como
também é o dono da padaria, tem que administrar o negócio. Em vista disso, na
sua remuneração estão inclusos tanto os valores de custos diretos (a mão de
obra direta do seu trabalho como padeiro) quanto os indiretos (a mão de obra
indireta do seu trabalho como administrador). Assim, é preciso segregar os dois
valores, pois cada parcela se refere a um tipo de custo.

Uma dúvida que pode surgir na cabeça do administrador ou do dono do


negócio é:

POR QUE EU TENHO QUE TER TODO


ESSE TRABALHO EM SEGREGAR OS
MEUS CUSTOS ENTRE DIRETOS E
INDIRETOS?

RESPOSTA
A contabilidade não existe como um fim em si mesma, mas, sim, como um
meio de ilustrar e auxiliar a tomada de decisão. Assim sendo, saber quais
são seus custos diretos e indiretos auxilia na tomada de decisão de uma
empresa. Vamos ver como isso ocorre?

" ATENÇÃO

Já que os custos diretos podem ser diretamente alocados nos produtos, não é
:
necessário um rateio geral. Porém, os custos indiretos precisam ser rateados
entre todos os produtos.

No caso da padaria do Sr. José, ele trabalha 6 horas por dia fazendo pães e 2
horas por dia fazendo bolos, portanto é fácil alocar o custo do salário de padeiro
dele nos dois tipos de produtos: 3/4 são alocados nos pães e 1/4 nos bolos.

Todavia, o salário do funcionário que cuida do depósito de matérias primas, não


tem como ser diretamente alocado nos pães e nos bolos, então o rateio pode
ser feito de forma proporcional a quantidade total produzida. Se são produzidos
1.000 pães e 50 bolos por dia, uma forma de rateio seria dividir o valor do
salário mensal pela proporção que cada produto contribui na fabricação total,
ou seja, pães terão a proporção de 1.000/1050 (que é aproximadamente 95%)
e bolos de 50/1.050 (que é aproximadamente 5%). Sendo assim, se o
funcionário do depósito tem um salário mensal de $2.000,00, esse custo
indireto será alocado proporcionalmente para os pães em $1.900 e em bolos
$100.

Mas, esta não é a única forma de se alocar os custos nos produtos/serviços.


Veremos em seguida a diferença entre custos variáveis e fixos, e como
funciona a alocação entre eles.

CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS

Uma forma adicional de se medir os custos de um produto pode ser posta em


prática, caso a nossa análise seja pautada no comportamento do custo, quando
alteramos a produção e fazemos a separação entre os custos que variam, de
acordo com a produção, e os que não variam. Por exemplo, caso você aumente
ou diminua a sua produção, os custos das matérias-primas irão aumentar ou
diminuir conforme a sua produção.
:
PORÉM, VOCÊ DEVE ESTAR SE
PERGUNTANDO:
TODOS OS CUSTOS NO FIM NÃO
VARIAM DE ACORDO COM A
PRODUÇÃO?

A RESPOSTA É SIM!

Por exemplo, o valor que uma empresa paga para alugar um prédio para utilizá-
lo como fábrica vai aumentar se ela aumentar a sua produção e precisar alugar
um espaço maior. Contudo, quando falamos do valor para o custo variar
estamos falando na variação de curto prazo e de alterações não muito grandes
na produção. Assim, caso uma empresa varie um pouco sua produção, o custo
do aluguel não mudará.

ESSES TIPOS DE CUSTOS QUE NÃO


VARIAM SÃO CHAMADOS DE FIXOS,
ENQUANTO OS OUTROS CUSTOS SÃO
CHAMADOS DE VARIÁVEIS.
:
CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS NA
PADARIA

CUSTO VARIÁVEL
No caso da padaria do Sr. José, a farinha que ele utilizou para fazer seus pães
é um tipo de custo variável, assim como a água que ele usou para misturar na
farinha e fazer a massa, todos os demais ingredientes e também o gás do
fogão. Todos esses tipos de custos vão aumentar se a produção aumentar, e
diminuir caso ela diminua.

CUSTO FIXO
Um exemplo de custo fixo seria o valor pago para o salário do caixa. Não
importa a produção de pães do Sr. José, o salário do funcionário que trabalha
no caixa permanecerá o mesmo.

" ATENÇÃO
:
Lembre-se sempre de que estamos falando de custos de curto prazo. Pode ser
que, caso o Sr. José aumente a sua padaria e abra uma filial, ele precise
contratar um novo caixa. Porém, isso não significa que tal custo é classificado
como variável, pois ele é fixo em curto prazo.

CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS NO


CONSULTÓRIO

CUSTO VARIÁVEL
Quando o valor se altera conforme a quantidade de bens produzidos ou
serviços prestados, esse custo deve ser classificado como custo variável.
Então, o papel usado para forrar a cama médica toda vez que se atende um
novo paciente, os palitos de madeira usados para se analisar a garganta de
cada paciente, entre outros custos que variam conforme se atende a um
paciente, são classificados como custo variável.

CUSTO FIXO
São todas as despesas para a prestação do serviço de atendimento médico
que não se alteram conforme a quantidade de pacientes que são atendidos.
Logo, é possível exemplificar como custo fixo o aluguel do imóvel, pois
independente do fato de eles decidirem trabalhar 8 horas por dia e atender x
pacientes ou trabalhar 24 horas por dia, alternando em escalas, e atender 3x
:
pacientes, o aluguel do consultório permanecerá o mesmo.

RELAÇÃO ENTRE OS TIPOS DE CUSTO

Notamos aí que existe uma relação entre os dois tipos de custos que vimos até
agora: direto/indireto e fixo/variável. Normalmente, custos diretos, por serem
diretamente e facilmente relacionados ao produto, tendem a variar com a
produção, sendo, assim, variáveis. O mesmo vale para os custos indiretos: por
eles não serem tão associados com a produção, tendem a ser considerados
fixos.

" ATENÇÃO

Isso é uma tendência geral, e não uma regra! Um exemplo é a energia


elétrica, que é um custo indireto, porém variável: quanto maior a produção,
normalmente maior é a utilização de energia elétrica. Outro exemplo é a mão
de obra direta. Ela é um custo direto, porém fixo em curto prazo para pequenas
variações na produção.

Tais reconhecimentos variam de área para área. Na padaria do Sr. José, caso
sejam produzidos 500, 800 ou 1.000 pães por dia, apenas um padeiro irá
trabalhar, o Sr. José. Portanto, para essa empresa, a mão de obra direta é um
custo fixo.

Já no consultório, onde cada médico possui uma especialidade, caso se queira


aumentar a oferta de consultas, deverão ser contratados novos profissionais,
tornando esse custo variável.
:
O RATEIO DOS CUSTOS SEGUE UM
PADRÃO PARECIDO COM O EXEMPLO
QUE VIMOS DOS CUSTOS DIRETOS E
INDIRETOS. OS CUSTOS FIXOS SÃO
RATEADOS ENTRE TODOS OS
PRODUTOS, ENQUANTO OS VARIÁVEIS
NÃO PRECISAM SER RATEADOS,
PORQUE JÁ SE SABE O VALOR PARA
CADA UNIDADE DO PRODUTO.

Uma vantagem da análise através do custeio variável/fixo é que os valores dos


custos fixos alocados na unidade do produto, como não tendem a mudar muito
com a escalada da produção, tendem a diminuir conforme a produção aumenta.
Assim, se uma empresa tem custos fixos de R$100.000,00 na produção de
200.000 produtos, a parcela do custo fixo em cada produto é de R$0,50, mas
se ela produzir 250.000 produtos, o custo fixo cai para R$0,40 a unidade. Isso
também pode ser uma armadilha, tão sutil e devastadora, que tem o nome em
inglês de death spiral (espiral da morte). Vamos saber mais informações sobre
isso em seguida.
:
DEATH SPIRAL (ESPIRAL DA MORTE)

Imagine que uma empresa, que tem lucro, produz quatro tipos de produtos: A,
B, C e D.

Ao analisar a produção do produto D, o empresário percebeu que a receita de


vendas desse produto é menor do que a soma do custo variável e do custo fixo
alocados para o produto D. “Não vale a pena, portanto, continuar fabricando
o produto D, já que estou tendo prejuízo nele”, pensa o administrador e,
assim, a linha de produção do produto D é encerrada.

Embora isso acabe com os custos variáveis associados ao produto D, os custos


fixos associados a ele não desaparecem (são fixos!) e, portanto, devem ser
alocados agora aos outros produtos. Devido ao aumento dos custos fixos
alocados aos produtos A, B e C, o produto C tem seus custos (variáveis e fixos
alocados a ele) maiores que a receita de vendas dele.
:
Já percebeu para onde isso está indo? Usando a mesma justificativa, o gestor
decide eliminar os produtos, C, B e A, respectivamente, pois os custos fixos que
iam sendo alocados a eles aumentavam, devido a outra linha de montagem ser
descontinuada.

Agora, a empresa, que antes era lucrativa, acaba indo à falência, mesmo
tomando decisões que pareciam fazer sentido. Essa é a armadilha da espiral da
morte!

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA? OS


CUSTOS FIXOS SÃO FIXOS! QUANDO
FAZEMOS UM RATEIO DOS CUSTOS
:
FIXOS É PARA TOMADA DE APENAS
ALGUMAS DECISÕES GERENCIAIS.
ENTRETANTO, EXISTEM DECISÕES EM
QUE SOMENTE OS CUSTOS VARIÁVEIS
DEVEM SER CONSIDERADOS.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

! Analisar lucro e margem de contribuição

Antes de iniciarmos, assista a este vídeo no qual o professor Antônio Carlos


Magalhães da Silva introduz os tópicos que serão trabalhados neste módulo.

04:24
:
ANÁLISE DO CUSTO X VOLUME X
LUCRO

A ANÁLISE DE CUSTO-VOLUME-LUCRO
(TAMBÉM CHAMADA DE CVL) É
FUNDAMENTAL PARA SE VERIFICAR A
SUSTENTABILIDADE DO NEGÓCIO E O
QUANTO ELE É FACTÍVEL.

Utilizando o exemplo da padaria do Sr. José, quantos pães ele precisa produzir
e vender para o seu negócio ser sustentável? Essa quantidade é factível? A fim
de realizar essa análise, nós faremos a divisão dos custos dessa padaria entre
fixos e variáveis.

Abaixo, estão os custos que o Sr. José apurou:

Custos fixos (mensais)

Aluguel da padaria R$4.000

Salário do caixa R$2.000


:
Remuneração do Sr. José R$4.500

Depreciação do fogão R$300

Custos variáveis (por pão)

Matéria-prima (farinha, água, sal etc.) R$0,06

Gás R$0,04

Energia elétrica R$0,02

Valor de venda do pão R$0,15/un.

! Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Agora, para analisarmos esses números, nós temos que, em primeiro lugar,
entender o conceito de lucro contábil. Na contabilidade, o lucro é a diferença
entre as receitas e as despesas se essa diferença for positiva (e prejuízo se
negativa).

Portanto, temos a seguinte relação:

LUCRO = RECEITAS ‒ DESPESAS


:
A receita é o valor de quanto a empresa conseguiu vender por mês, ou seja, é a
quantidade vendida vezes o preço unitário. Já a despesa tem a parte que varia
de acordo com as unidades vendidas (custos variáveis) e a que não varia
(custos fixos). Assim, temos a seguinte relação que deriva da primeira:

LUCRO = PREÇO X QUANT. VENDIDA ‒


CUSTO VARIÁVEL - DESPESA VARIÁVEL
X QUANT. VENDIDA ‒ CUSTO FIXO

Note que a quantidade vendida está multiplicando tanto o preço quanto o custo
variável na equação anterior. Consequentemente, podemos colocar em
evidência esse valor, assim como mostrado abaixo:
:
LUCRO = (PREÇO ‒ CUSTO VARIÁVEL -
DESPESA VARIÁVEL) X QUANT.
VENDIDA ‒ CUSTO FIXO

Esse termo descrito acima como a diferença entre o preço e o custo variável
unitário é chamado na contabilidade de Margem de Contribuição Unitária
(MCU).

A margem de contribuição unitária é calculada pela diferença entre a preço de


venda e os custos e despesas variáveis:

MCU = PV – (CV + DV)

PONTO DE EQUILÍBRIO

PONTO DE EQUILÍBRIO É A
QUANTIDADE MÍNIMA QUE DEVE SER
VENDIDA PARA QUE UM RESULTADO
:
SEJA ALCANÇADO.

Nesta seção, iremos utilizar dois tipos de pontos de equilíbrio: o contábil e o


financeiro.

Assista a este vídeo no qual o professor Antônio Carlos Magalhães da Silva


apresenta o assunto Ponto de equilíbrio.

04:34

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL


(PEC)

O ponto de equilíbrio contábil (PEC) acontece quando o lucro é igual a zero,


ou seja, é a quantidade mínima para se vender sem ter prejuízo. Temos assim:

0 = MCU X QUANT. VENDIDA ‒ CUSTO


FIXO
:
Como queremos achar a quantidade vendida, temos que isolar esse termo. A
fórmula fica então:

QUANT. VENDIDA (PEC) = CUSTO


FIXO/MCU

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL


PARA A PADARIA

No caso do exemplo da padaria do Sr. José, podemos calcular o valor do ponto


de equilíbrio contábil da seguinte forma:

MCU = 0,15 (PREÇO) ‒ 0,06 (MATÉRIA-PRIMA)


‒ 0,04 (GÁS) ‒ 0,02 (ENERGIA) = 0,03

CF = 4.000 + 2.000 + 4.500 + 300 = 10.800


:
PEC = 10.800/0,03 = 360.000 PÃES POR MÊS
(12.000 PÃES POR DIA)

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

Note que a quantidade de pães diária que o Sr. José tem que produzir e vender
é altíssima, 12.000 pães! Ao verificar isso, o Sr. José percebeu que, para
conseguir manter a sua padaria ativa, ele teria que diminuir a sua remuneração.
Se ele não fizesse isso, não teria como atingir o PEC.

Ele decidiu que, nesse início de operação, iria se pagar apenas R$2.000 (antes
eram R$4.500, portanto, uma redução de R$2.500 na remuneração) por mês e
que ele só aumentaria a sua remuneração quando o negócio já estivesse se
expandindo o suficiente.

Agora, os CF ficam com o 10.800 — 2.500 = 8.300, e o novo PEC fica em


8.300/0,03 = 276.667 pães por mês, ou 9.222 pães por dia, o que é uma meta
bem menor do que os anteriores 12.000 pães diários.

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL


PARA O CONSULTÓRIO
:
No caso do consultório da Dra. Marcela, o ponto de equilíbrio é a quantidade
mínima de atendimentos que os médicos devem fazer por mês para que a
empresa não dê prejuízo. Isto é, dados todos os gastos mensais do consultório
e o preço da consulta, quantos atendimentos serão necessários para que o
consultório saia no zero a zero?

Para se calcular o ponto de equilíbrio do consultório, basta usar a fórmula do


lucro e substituir o lucro por zero, conforme abaixo:

0 = (MCU X QUANT. DE ATENDIMENTO) ‒


CUSTOS E DESPESAS FIXAS

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

E depois de isolar o termo quant. de atendimentos, temos:

Custos e Despesas Fixas


Quant. de Atendimento = MCU

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

O ponto de equilíbrio do consultório é composto pelos seguintes valores:


:
Isto é, os médicos precisam realizar, no mínimo, 71,42 atendimentos por mês
para que o consultório pague todos os seus custos e despesas.

PONTO DE EQUILÍBRIO: O PONTO DE


EQUILÍBRIO FINANCEIRO (PEF)

Nós iremos analisar outro ponto de equilíbrio: o ponto de equilíbrio financeiro


(PEF). Na contabilidade, existem certos tipos de despesas que são puramente
contábeis: depreciação, amortização e exaustão. Essas despesas estão
relacionadas com o uso do ativo, mas não geram saída de recursos financeiros
da empresa.

Assim, para se verificar o ponto de equilíbrio financeiro, elas são


desconsideradas, pois nesta análise não se quer verificar se o lucro é zero, mas
se a empresa está gerando receita suficiente para custear as suas despesas
financeiras (retirando da conta as despesas puramente contábeis).
:
Portanto, o PEF é um ajuste do PEC e pode ser calculado como:

PEF = (CUSTOS FIXOS ‒ DEPRECIAÇÃO,


AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO)/MCU

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

No caso do Sr. José, o PEF para quando ele se paga R$2.000 por mês ao invés
dos R$4.500 fica em:

(8.300 ‒ 300)/0,03 = 266.667 PÃES POR MÊS,


OU 8.889 PÃES POR DIA

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


:
horizontal

Note que esse valor é menor do que os 9.222 pães anteriores que o Sr. José
tinha que vender. Isso acontece porque no PEF o Sr. José não precisa cobrir os
R$300 de depreciação do fogão que acontece todo mês, assim, a quantidade
necessária para se alcançar o ponto de equilíbrio é menor.

Ainda existe mais um tipo de ponto de equilíbrio: o econômico. Mas, para


calcularmos esse índice, necessitamos de um novo conceito: o custo de
oportunidade, que estudaremos a seguir.

CUSTO DE OPORTUNIDADE
“Nada na vida é de graça”, você já deve ter ouvido essa expressão. Ela reflete
que cada escolha é uma perda. Ao fazermos uma escolha, renunciamos a
todas as escolhas possíveis que poderíamos ter feito. Desta forma, a
Contabilidade de Custos também incorpora esse fato ao ajudar na tomada de
decisão.

CUSTO DE OPORTUNIDADE PARA DRA.


MARCELA
Quando decidiram montar um consultório médico, Marcela e seus sócios
renunciaram usar esse dinheiro para outras atividades, tais como investir na
:
bolsa de valores, em um fundo de investimentos, aplicar o dinheiro na
poupança etc.

Essa renúncia, referente ao quanto se poderia ganhar aplicando o dinheiro em


outro área, é chamada de custo de oportunidade e deveria ser levada em
consideração pelos médicos, pois ela é importantíssima na tomada de decisão,
já que é o custo de oportunidade que norteia os médicos para definir se eles
devem ou não abrir o consultório, pois, caso eles recebam no final do mês de
trabalho apenas R$10 cada, talvez optem por não abrir o consultório e trabalhar
em um hospital.

Para se calcular o PEE, utilizamos o custo de oportunidade como o nosso


objetivo de lucro. Sendo assim, temos a fórmula abaixo:

Vamos supor que a Dra. Marcela e seus sócios decidam que apenas compense
trabalhar em um consultório caso eles lucrem R$1.000 no final do mês, e
considerando a tabela de custos a seguir:

Custos Classificação Valor (R$)

Aluguel do imóvel + luz + água Custo fixo 500

Custo por atendimento Custo variável 1

Custo médico Custo variável 100

! Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Levando esses dados em conta, o cálculo do custo de oportunidade pode ser


realizado como:
:
Dessa forma, é necessário que Marcela e seus sócios atendam no mínimo 214
pacientes por mês para que seja favorável a eles trabalharem em um
consultório.

CUSTO DE OPORTUNIDADE PARA O SR.


JOSÉ
O Sr. José calcula que, além dos R$4.500 que ele gostaria de receber de
salário fixo no futuro, também gostaria que o negócio desse um lucro mensal de
R$5.000, a fim de que ele pudesse usar esse dinheiro para expandir a sua
padaria para outras localidades no bairro.

Esses R$5.000 também são os valores mínimos que o Sr. José acredita que
precisa ter de lucro para compensar o fato do risco que é ter a sua própria
padaria, ao invés de trabalhar como padeiro em outro local (como empresário,
ele não tem acesso a férias, décimo terceiro, FGTS e seguro-desemprego,
:
além do risco que é ter seu próprio negócio). Portanto, este valor é o custo de
oportunidade do Sr. José.

Conforme você já sabe, para o cálculo do ponto de equilíbrio econômico (PEE),


utilizamos o custo de oportunidade como o nosso objetivo de lucro. Assim:

CUSTO DE OPORTUNIDADE = MCU X QUANT.


VENDIDA ‒ CUSTO FIXO

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

Ou seja, podemos calcular a quantidade necessária para se chegar ao PEE da


seguinte maneira:

QUANT. VENDIDA (PEE) = (CUSTO FIXO +


CUSTO DE OPORTUNIDADE)/MCU

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

Para o caso da padaria do Sr. José. temos que:

PEE = (10.800 + 5.000)/0,03

PEE = 15.800/0,03 = 526.667 PÃES POR MÊS


OU 17.556 PÃES POR DIA
:
! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal

Isto é, para compensar o custo de oportunidade do Sr. José, ele teria que
vender 17.556 pães por dia. Assim, seu salário seria de R$4.500 e teria um
lucro de R$5.000 para reinvestir no negócio.

O Sr. José, ao analisar os números, verificou que eles estão muito altos e que
não está sendo compensatória a venda dos pães a R$0,15 a unidade. Ele
decidiu, então, verificar se a política de preços da sua padaria está adequada.
No próximo módulo, iremos discutir a formação de preços e como isso pode
ajudar o Sr. José na sua jornada de empreendedor.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

! Calcular o preço de venda de um produto

ESTRATÉGIAS PARA FORMAÇÃO


DE PREÇO

No vídeo a seguir o professor Antônio Carlos Magalhães da Silva fala sobre os


tópicos a serem trabalhados neste módulo. Assista:
:
04:07

Existem diversas formas de se determinar o preço de um produto, mas o


importante é ter em mente que o preço está intimamente relacionado com a
demanda que o seu produto pode ofertar. Por exemplo, se você dá um
desconto no seu produto, a tendência é que você venda mais unidades, porém,
caso você aumente o valor do produto, venderá menos.

Na contabilidade, isso é chamado de dilema da margem versus giro. Caso você


aumente seu preço de venda (e, em consequência, a sua margem), você vai
diminuir a sua quantidade vendida (o seu giro). Agora, caso você diminua o seu
preço, a margem cai, mas o seu giro aumenta. O importante é que você saiba
em que tipo de setor você está localizado.

# SAIBA MAIS

Existem setores que normalmente ganham através da margem, enquanto


outros ganham através do giro. Por exemplo, um supermercado ganha no giro
(isto é, tem uma margem pequena na revenda dos produtos, mas vende uma
quantidade muito grande deles), enquanto uma joalheria ganha na margem
(vende poucos produtos, mas com uma margem de lucro grande).

Sempre leve em consideração que não se pode aumentar o preço


indiscriminadamente.
:
PORÉM, COMO SE PODE SABER QUAL
O PREÇO QUE AS PESSOAS ESTARIAM
DISPOSTAS A PAGAR? UMA DAS
FORMAS É PERGUNTAR A ELAS!

Esse tipo de método é chamado de método survey e consiste em fazer uma


pesquisa para saber se as pessoas comprariam um determinado produto com
diferentes níveis de preços.

MÉTODO SURVEY (MÉTODO DA


PESQUISA)

MÉTODO SURVEY NO CONTEXTO DA


PADARIA
:
O Sr. José, dono da padaria do nosso exemplo, resolveu perguntar no seu
bairro quantas pessoas comprariam pão com 5 valores unitários diferentes:
R$0,15 (valor atual), R$0,18, R$0,20, R$0,22 e R$0,25.

Ao entrevistar as pessoas, ele percebeu que 85% delas comprariam a R$0,15,


80% comprariam a R$0,18, 60% comprariam a R$0,20, 45% comprariam a
R$0,22 e 30% comprariam a R$0,25. Atualmente, ele vende 8.000 pães por dia
cobrando R$0,15 por cada um.

Como ele pode utilizar esses dados para verificar que preço cobrar?

Primeiro, ele já sabe que 85% da demanda global equivale a 8.000, já que 85%
das pessoas responderam que comprariam o pão a R$0,15. Ou seja, a
demanda global é de 8.000/0,85 = 9.412 pães.

Essa é a quantidade máxima de pães que ele conseguiria vender (100%).


Utilizando os percentuais acima, temos que as demandas são de 7.530 pães a
R$0,18, 5.647 pães a R$0,20, 4.235 pães a R$0,22 e 2.824 pães a R$0,22.

Agora, ele já pode calcular o seu lucro em cada um dos cenários usando a
:
fórmula do lucro que nós já vimos:

LUCRO = (PREÇO ‒ CUSTO VARIÁVEL) X


QUANT. VENDIDA ‒ CUSTO FIXO

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

Para cada preço, temos os seguintes lucros mensais (30 dias):

Lucro = (0,15 — 0,12) x 8.000 x 30 — 10.800 = (-)R$3.600


Lucro = (0,18 — 0,12) x 7.530 x 30 — 10.800 = R$2.754
Lucro = (0,20 ‒ 0,12) x 5.647 x 30 — 10.800 = R$2.753
Lucro = (0,22 ‒ 0,12) x 4.235 x 30 — 10.800 = R$1.905
Lucro = (0,25 ‒ 0,12) x 2.824 x 30 — 10.800 = R$213

" ATENÇÃO

Note que ele está cobrando muito barato pelo pão, pois está tendo um prejuízo
agora. Porém, em todos os outros cenários testados, ele está tendo lucro! Caso
ele venda a R$0,18 a unidade, o lucro esperado é de R$2.754, R$2.753 caso
ele venda cada pão a R$0,20 a unidade, R$1.905 de lucro se for a R$0,22 e,
finalmente, R$213, caso o valor de venda seja de R$0,25. Portanto, o Sr. José
poderia escolher qualquer valor entre R$0,18 e R$0,20 para vender seu pão, já
que o lucro para R$0,18 e para R$0,20 é virtualmente idêntico.
:
MÉTODO SURVEY NO CONTEXTO DO
CONSULTÓRIO

Para calcular o preço ideal de suas consultas, a doutora Marcela e seus


sócios fizeram uma pesquisa de mercado entrevistando diversas pessoas
para saber quanto elas estariam dispostas a pagar por uma consulta
médica. Após entrevistar diversas pessoas, descobriram que elas
estariam dispostas a pagar até R$20 por consulta médica. Sendo assim,
em um cenário com 4 médicos em que cada um pode atender até 50
pacientes (200 pacientes no final do mês), a receita máxima seria de
R$4.000 (200 pacientes x R$20 por consulta).

Com isso, baseado na tabela abaixo, o lucro do consultório seria:

Valor
Custos Classificação
(R$)

Aluguel do imóvel + luz + água Custo fixo 500

Custo
Custo por atendimento 1
variável

Custo
:
Custo médico variável 50

Quant. máxima cada médico atende por


50
mês

Quant. salas de atendimento 4

Preço da consulta médica 20

! Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem


horizontal

Quant. de Atendimentos = 4 médicos x 50 pacientes


Quant. de Atendimentos = 200

Custo de Atendimento = 200 atendimentos x R$1


Custo de Atendimento = R$200

Custo Médico = 4 médicos x R$50 atendimentos


Custo Médico = R$200

Custo Variável Total = Custo de Atendimento + Custo Médico


Custo Variável Total = 200 + 200
Custo Variável Total = R$400
:
Então, temos:

Lucro = (Preço ‒ Custo Variável) x Quant. de Atendimentos ‒ Custos Fixos

Lucro = (20 ‒ 2) x 200 ‒ 500

Lucro = R$3.100

O método survey é um dos mais utilizados atualmente para se definir


preço, desde a introdução da internet e dos computadores, o que diminuiu
em muito o custo de se fazer uma pesquisa e de se analisar os dados.

Porém, você deve estar se perguntando:

EU GOSTARIA DE SABER POR QUAL


PREÇO EU DEVO VENDER MEU
PRODUTO, MAS NÃO TENHO COMO
UTILIZAR O MÉTODO SURVEY NESSE
MOMENTO. COMO FAÇO PARA
:
CALCULAR O MEU PREÇO DE VENDA
IDEAL?

! DICA

Uma forma alternativa é verificar os preços cobrados pelos concorrentes


e fazer uma estimativa do valor de venda.

A seguir, iremos discutir outra estratégia para formação de preço.

MARKUP
Quando não se tem dados reais sobre demanda e como ela se comporta
com determinados níveis de preços, devemos utilizar métodos
alternativos para se calcular o valor do preço para venda de um
determinado produto. Todas essas fórmulas se baseiam em um certo nível
que queremos alcançar, seja ele um multiplicador do custo ou um
percentual de margem de contribuição unitária. Todas essas técnicas são
chamadas de markup.
:
UMA DAS FORMAS DE SE CALCULAR O
MARKUP É SE UTILIZANDO DO CUSTO
UNITÁRIO PARA SE CALCULAR UM
MULTIPLICADOR EM CIMA DO CUSTO.

MARKUP NO CONTEXTO DA PADARIA

Por exemplo, vamos supor que o Sr. José produza 8.000 pães por dia. O
custo unitário de cada produto é de R$0,12 + R$10.300/(8.000 x 30) (rateio
do custo fixo) = R$0,16 por unidade. Se ele quiser um markup de 0,25 em
cima desse valor, ele calcula da seguinte maneira: R$0,16 x 1,25 = R$0,20
como preço de venda. Podemos generalizar isso para:

PREÇO DE VENDA = (CUSTO VARIÁVEL +


RATEIO DE CUSTO FIXO) X (1 + MARKUP)
:
! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal

OUTRA FORMA DE SE CALCULAR É


UTILIZAR O MARKUP NÃO PARA O
CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA, MAS
COMO O CÁLCULO DA MARGEM DE
CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA DESEJADA.

Por exemplo, se o Sr. José deseja que cada pão tenha uma margem de
contribuição de R$0,06, então o valor de venda deve ser de R$0,12 +
R$0,06 = R$0,18.

Ou seja, nesta forma de calcular o preço, nós usamos a seguinte fórmula:

PREÇO DE VENDA = MARGEM DE


CONTRIBUIÇÃO DE MARKUP + CUSTO
VARIÁVEL

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal
:
MARKUP NO CONTEXTO DO
CONSULTÓRIO

O método markup se baseia no quanto a doutora Marcela e seus sócios


esperam obter de retorno por cada produto ou serviço vendido.
Considerando que eles desejassem obter de retorno R$5,00 por cada
consulta médica que eles realizassem, então eles deveriam calcular o
preço ideal da consulta da seguinte forma, baseada na tabela abaixo:

Valor
Custos Classificação
(R$)

Aluguel do imóvel + luz + água Custo fixo 500

Custo
Custo por atendimento 1
variável

Custo
Custo médico 100
variável
:
Quant. máxima cada médico atende por
50
mês

Quant. salas de atendimento 4

! Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem


horizontal

Primeiro, era necessário que eles calculassem o rateio de custo fixo, isto
é, que eles incorporassem o custo fixo à quantidade de atendimentos. Em
um cenário em que os 4 médicos atendam 50 pacientes, o que resulta em
200 atendimentos por mês, basta fazer o seguinte cálculo:

Feito isso, basta completar a fórmula abaixo:

PREÇO DO ATENDIMENTO = (CUSTO


VARIÁVEL + RATEIO DE CUSTO FIXO) X (1 +
MARKUP)
:
PREÇO DO ATENDIMENTO = (2 + 2,50) X (1 +
5)

PREÇO DO ATENDIMENTO = 4,5 X 6

PREÇO DO ATENDIMENTO = R$27

! Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem


horizontal

Dessa forma, conforme o método markup, em que os médicos estipularam


o valor de R$5,00 de margem por atendimento, o preço da consulta deve
ser R$27,00.

Esse método é mais simples que o anterior, pois não necessita do rateio
do custo fixo e, por conseguinte, você não precisa saber quantas
unidades vai vender.
:
Em compensação, você não vai conseguir calcular se o valor de venda
está cobrindo o rateio dos seus custos fixos, e pode ter prejuízo caso não
consiga vender unidades suficientes para cobrir esse custo.

Como você pode notar, essas técnicas de formação de preço não são tão
precisas quanto a técnica de survey, porém elas exigem menos esforço e
podem ser úteis para pequenos empreendedores que não conseguem ter
acesso a recursos para fazer uma pesquisa de demanda e de preços.
Além disso, ambas são melhores do que o empreendedor apenas chutar
um valor sem conhecer direito seus custos fixos e variáveis, aumentando,
assim, a sua chance de fracasso.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO
:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos módulos, foi possível definir o conceito de despesas, custos
e investimentos. Quais as peculiaridades de cada um, como se classificar
os diferentes gastos e como eles são usados nas tomadas de decisões
estratégicas nas empresas.

Adicionalmente, transmitimos a forma correta de se precificar um produto


ou bem e as diferentes estratégias usadas por gestores para se encontrar
o preço ideal.

Dessa forma, esperamos que, ao chegar no final deste tema, o estudante


tenha entendido os principais pontos referentes à análise de custos e seja
capaz de tomar melhores decisões gerenciais, a fim de alcançar maiores
eficiência e eficácia empresarial.

& PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:
:
REFERÊNCIAS
COELHO, Fabiano Simões. Formação Estratégica de Precificação: Como
Maximizar o Resultado das Empresas. Rio de Janeiro: Atlas, 2009.

FERREIRA, Ricardo. Contabilidade de Custos: Teoria e Questões


Comentadas. 11. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2018.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 11. ed. Rio de Janeiro: Atlas,


2018.

MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Contabilidade de Custos: Livro de


Exercícios. 11. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2015.

PINTO, Alfredo Augusto Gonçalves et al. Gestão de Custos. 3. ed. Rio de


Janeiro: FGV, 2017.

EXPLORE+
Para aprender mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:

Contabilidade de Custos, MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos.


Rio de Janeiro: Atlas, 2018.

Formação estratégica de precificação, COELHO, Fabiano Simões.


Formação Estratégica de Precificação: Como Maximizar o Resultado
das Empresas. Rio de Janeiro: Atlas, 2009.

Gestão de custos, PINTO, Alfredo Augusto Gonçalves et al. Gestão


de Custos. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2017.
:
Para aprender mais sobre os assuntos tratados neste tema, acesse:

Canal Finanças 101

Como Investir | ANBIMA;

Dinheirama;

Infomoney;

Portal do Investidor;

Portal Sebrae.

CONTEUDISTA

Rodrigo Leite

' CURRÍCULO LATTES


:

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