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FACULDADE DE ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA
DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM II
SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM
I.Introdução
A supervisão como instrumento de direção tem sido considerada capaz de exercer grande influência
em aspectos fundamentais das organizações. E este é um dos motivos que justificam o estudo da função
supervisão pelo enfermeiro, uma vez que pela própria Lei do Exercício Profissional – Lei 7498/86, ele deve
assumir a coordenação das atividades da equipe de enfermagem, visando principalmente à prestação de
uma assistência eficaz, o desenvolvimento do pessoal e a manutenção de um ambiente humano produtivo
para todos (DUTRA, 2013).
As características da supervisão têm passado por modificações de acordo com o contexto social,
político e momento histórico das sociedades onde as organizações estão inseridas. Percebem-se
significativas mudanças entre a supervisão tradicional, centrada na inspeção do trabalho, nas punições e nas
falhas, com o caráter estritamente “fiscalizador”, e a supervisão atual ou contemporânea, centrada no
desenvolvimento pessoal, visando o controle dos processos e resultados, com o enfoque voltado para o
desenvolvimento de pessoal e com caráter “orientador”.
O enfermeiro tem percebido que sua formação tem recebido influências da visão de mundo de cada
época, adotando às vezes atitude de autoridade, sem levar ao desenvolvimento profissional, estabelecendo
relações negativas no trabalho, e em muitas situações induzindo as pessoas a ocultarem seus erros por
recearem punições.
Tem sido evidenciada nos últimos anos uma postura mais democrática por parte dos enfermeiros,
onde o supervisor passa a se preocupar com o planejamento, desenvolvimento e avaliação do trabalho,
visando sua qualidade e o desenvolvimento de pessoal. Assim, o enfermeiro passa a assumir a função de
Construir uma equipe de alto desempenho não se configura como uma tarefa fácil. Chiavenato
(2007), sugere alguns aspectos fundamentais para criar e desenvolver uma equipe:
➢ Escolha da equipe→ Escolher as pessoas que reúnam as competências, habilidades
e conhecimentos necessários ao seu trabalho.
➢ Modelagem do trabalho da equipe→ Definir a atividade da equipe e distribuir de
maneira balanceada o trabalho entre os membros.
➢ Preparação da equipe→ Treinamento e capacitação da equipe precisam ser
constantemente avaliadas pelo supervisor. Supervisor coach, isto é, o preparador, orientador,
impulsionador da equipe.
➢ Condução da equipe→ Ser líder, auxiliar a definir metas e objetivos a serem
alcançados, meios e recurso para chegar lá, acompanhamento e orientação e muita ajuda,
retaguarda e apoio incondicional à equipe.
➢ Motivação e recompensas à equipe→ Manter o clima e o entusiasmo da equipe,
motivar constantemente a equipe, proporcionar reconhecimento imediato e oferecer recompensas à
equipe. Pelo alcance das metas e os objetivos definidos.
Para Chiavenato (2013), administração não é somente desempenho, boa vontade, dedicação,
vai, além disso, é oferecer resultados. Os membros de uma equipe isoladamente, e a própria equipe
como um todo, são avaliados pelos resultados que entrega. Por essa razão precisa focar a missão da
empresa- o que somos como empresa- ser um verdadeiro missionário na condução da equipe. Deve
lembrar qual é visão de futuro da empresa – o que queremos ser como empresa, ser um verdadeiro
visionário da equipe. É preciso focar os objetivos da empresa- onde queremos chegar como empresa e
atuar com uma visão proativa e antecipatória. Precisa focar sua equipe de trabalho- com quem vamos
contar como empresa, e atuar como um gestor de equipes. Todos esses cuidados devem ser
constantemente lembrados aos membros da equipe, não basta o supervisor sozinho ter tudo isto em
mente, o que configura o trabalho em equipe é justamente desenvolver trabalho em conjunto.
V. Desenvolvimento da Supervisão
Para desenvolver a supervisão necessariamente teremos de percorrer o caminho que a metodologia
científica nos aponta, qual seja: analisar criticamente as situações/problemas identificando as necessidades,
identificar e definir os problemas, estabelecer as prioridades, descrever os objetivos que se deseja alcançar,
avaliar as situações alternativas, definir o período de tempo, implantar as propostas viáveis, avaliar
continuamente e replanejar quando se fizer necessário (> Planejamento >Execução > Avaliação).
Como instrumentos para o planejamento da supervisão podem ser utilizados o plano de supervisão
(diagnóstico situacional – ação- avaliação), o cronograma e o roteiro, que deverão ser adaptados às
particularidades da situação vivenciada pelo enfermeiro supervisor (Cunha, 1991).
A execução/desenvolvimento da supervisão depende diretamente do planejamento e será tanto
melhor e eficaz, quanto mais precioso for o próprio planejamento. O desenvolvimento da supervisão deve
estar voltado para o atendimento das necessidades da clientela e para tanto o enfermeiro realiza ações de
coordenação, avaliação e controle e deve observar: visita de enfermagem à clientela e aos setores e
unidades de sua área de atuação conforme plano diário e prioridades; distribuição de atividades ao pessoal
conforme categoria e capacitação; planejamento assistencial de cada cliente (diagnóstico de enfermagem,
prescrição evolução, ações de cuidado direto e indireto); acompanhar o desempenho da equipe, orientar e
demonstrar atividades; interpretar junto com a equipe protocolos, normas, rotinas e procedimentos fazendo
as adequações necessárias ao atendimento da clientela; detectar situações ou problemas relativos a
assistência direta ou a recursos humanos, materiais e ambientais, buscando sua resolução; identificar e
assumir / encaminhar a necessidade de treinamento / reciclagem de pessoal; manter contato com todos os
setores / unidades do serviço de saúde para a tomada de decisão, encaminhamentos solução de problemas;
elaborar relatório de atividades do SE e outros.
Avaliação da Supervisão: a avaliação da supervisão deve ser realizada pelo enfermeiro de forma
contínua, revendo sempre o planejamento inicial e replanejamento de acordo com a necessidade, uma vez
que é um meio e não um fim em si mesma, e deve ser voltada para a caracterização dos resultados obtidos,
adequação das propostas e sua praticidade. A avaliação pode ser imediata (realizada ao longo do processo,
ao final de todas as ações, permitindo a análise dos resultados obtidos, a pertinência dos objetivos e das
ações, técnicas e instrumentos usados e caracterizando a sua flexibilidade) e mediata (realizada ao final de
todo o processo, para esclarecer as dúvidas que tenham surgido e replanejar com nova direção de
orientação para as ações).
Destacamos neste momento a função de direção, que significa liderar e orientar o pessoal.
Simultânea aos trabalhos de planejamento e organização é considerada como a essência do trabalho
daquele que administra e objetiva alcançar resultados. Pouco adianta um bom planejamento e uma boa
organização se as pessoas trabalham sem orientação e coordenação adequadas. Para se ter uma
supervisão eficiente, é necessária a adoção de uma metodologia de trabalho que a contemple como
processo dinâmico que envolve o planejamento, a execução e a avaliação das atividades realizadas. Neste
contexto, a coordenação é o meio de direção que vai buscar, através da orientação e condução do grupo de
trabalho, o alcance dos objetivos.
Nas atribuições privativas do enfermeiro, destacadas pela lei 7498/86 artigo 11, alínea c, está
inserida a coordenação da equipe e do serviço de enfermagem (“planejamento, organização, coordenação,
execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem”) (BRASIL, 1986). Assim, cabe ao
enfermeiro a coordenação de sua unidade de trabalho, congregando os membros da equipe de enfermagem
e organizando os recursos disponíveis na prestação de assistência qualificada e satisfatória a pacientes,
família e equipe.
Relembrando que coordenação é uma função que liga, une, harmoniza todas as atividades, é a
essência da administração, pois sincroniza os esforços individuais, no sentido de obtenção dos objetivos do
grupo, do propósito fundamental da organização, adapta os meios ao fim, da às coisas e aos atos as
proporções convenientes (CHIAVENATO, 2013).
A coordenação está presente ao desempenho de todas as funções administrativas. Ela não faz parte
das características de cada função, mas representa o exercício das funções. A coordenação pode ser
definida como a harmonização dos vários esforços necessários para atingir os objetivos almejados. A
necessidade de sincronia entre as funções é importante para que cada elemento na empresa compreenda
melhor a forma de se atingir os objetivos propostos. A coordenação só surtirá efeito quando todos os
elementos conhecerem o objetivo dominante da empresa. Cada um então poderá trabalhar em prol desse
objetivo dosando e aplicando os esforços no momento melhor ou no momento exato que for preciso. Assim,
a ação individual será frutífera e permitirá que os planos se transformem em resultados de forma mais natural
e eficiente.
Coordenação significa a utilização de diferentes ferramentas para o acompanhamento e intervenções
necessárias no serviço de enfermagem para a realização de assistência de qualidade através da mobilização
da equipe e utilizando os recursos disponíveis de forma eficiente e eficaz.
O enfermeiro é responsável pelo planejamento e coordenação da unidade de trabalho, sendo que o
mesmo possui o compromisso de viabilizar em conjunto com outros atores sociais o alcance dos objetivos e
metas daquele serviço, incentivando a participação da equipe na organização e produção dos serviços de
saúde, atendendo as reais necessidades dos usuários.
Este resultado certamente irá contribuir para a implementação de ações sistematizadas através de
um método de trabalho de enfermagem. A enfermagem desempenha um papel fundamental para a
efetivação de um serviço de saúde com qualidade, sendo que o principal instrumento para revelar o que
acontece na prática é a divulgação do que é vivenciado no cotidiano.
Portanto, para coordenar, é necessário o enfermeiro posicionar-se de forma crítica perante as
políticas do setor saúde, cabendo a enfermagem utilizar um método eficaz para prestar assistência aos
usuários de cada instituição, de forma global, coerente e responsável, ajustando princípios e medidas
administrativas à solução de problemas de sua competência, além da socialização destas experiências
(BRASIL, 2001).
A coordenação das atividades em uma unidade de trabalho é parte necessária da liderança em
enfermagem, ou seja, a liderança eficaz do enfermeiro depende também da coordenação (Kron e
Gray,1994). Manter todos da equipe bem informados sobre as várias atividades e intercorrências do serviço
de enfermagem, utilizar deforma consciente e responsável os recursos da instituição (processo de educação
em serviço) são condições para a coordenação em enfermagem.
A coordenação fundamenta-se no planejamento e na utilização da capacidade de cada pessoa e nos
recursos institucionais e da comunidade (Kron e Gray,1994). A coordenação desenvolvida com excelência
pelo enfermeiro confere ao mesmo a condição de direção do serviço de enfermagem nas 24 horas. Isto
significa que coordenar é utilizar de todas as estratégias, instrumentos e técnicas necessárias para o
acompanhamento e as intervenções necessárias no serviço de enfermagem (processo de comunicação;
instrumentos e técnicas de supervisão; liderança; monitoramento das ações/mecanismo de controle);
Portanto, a coordenação significa a utilização de diferentes ferramentas para o acompanhamento e
intervenções necessárias no serviço de enfermagem (liderança, comunicação, supervisão, controle,
educação...) promovendo a realização de assistência de qualidade através da mobilização da equipe e
utilizando os recursos disponíveis de forma eficiente e eficaz ( DUTRA, 2013).
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