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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA
DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM II

SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM E COORDENAÇÃO EM ENFERMAGEM

Docente: Bernadete Marinho Bara De Martin Gama


Nádia Fontoura Sanhudo
Objetivos
➢ Compreender a importância da supervisão em enfermagem;
➢ Compreender a supervisão como um instrumento de orientação da equipe de enfermagem para uma
prática de qualidade;
➢ Conhecer técnicas e instrumentos que contribuem para a supervisão em enfermagem;
➢ Compreender a coordenação como atividade essencial do enfermeiro para organização da
assistência em enfermagem;

SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM

I.Introdução
A supervisão como instrumento de direção tem sido considerada capaz de exercer grande influência
em aspectos fundamentais das organizações. E este é um dos motivos que justificam o estudo da função
supervisão pelo enfermeiro, uma vez que pela própria Lei do Exercício Profissional – Lei 7498/86, ele deve
assumir a coordenação das atividades da equipe de enfermagem, visando principalmente à prestação de
uma assistência eficaz, o desenvolvimento do pessoal e a manutenção de um ambiente humano produtivo
para todos (DUTRA, 2013).
As características da supervisão têm passado por modificações de acordo com o contexto social,
político e momento histórico das sociedades onde as organizações estão inseridas. Percebem-se
significativas mudanças entre a supervisão tradicional, centrada na inspeção do trabalho, nas punições e nas
falhas, com o caráter estritamente “fiscalizador”, e a supervisão atual ou contemporânea, centrada no
desenvolvimento pessoal, visando o controle dos processos e resultados, com o enfoque voltado para o
desenvolvimento de pessoal e com caráter “orientador”.
O enfermeiro tem percebido que sua formação tem recebido influências da visão de mundo de cada
época, adotando às vezes atitude de autoridade, sem levar ao desenvolvimento profissional, estabelecendo
relações negativas no trabalho, e em muitas situações induzindo as pessoas a ocultarem seus erros por
recearem punições.
Tem sido evidenciada nos últimos anos uma postura mais democrática por parte dos enfermeiros,
onde o supervisor passa a se preocupar com o planejamento, desenvolvimento e avaliação do trabalho,
visando sua qualidade e o desenvolvimento de pessoal. Assim, o enfermeiro passa a assumir a função de

1. Professoras do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade


Federal de Juiz de Fora.
2.Este texto foi elaborado pela Prof. Bernadete e atualizado pela Prof. Nádia. Trata-se de material
instrucional para a Disciplina Administração da Assistência de Enfermagem II, para os acadêmicos do Curso
de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Pedimos que caso haja o interesse em utilizar este material para outro fim seja solicitada autorização pelo
seguinte e-mail: nadiasanhudo@gmail.com.
orientador e facilitador do trabalho, onde os fins desejáveis são propostos conjuntamente pelos auxiliares e
técnicos de enfermagem e pelo enfermeiro, enquanto supervisor (grupo > equipe).
A supervisão é vista como uma ação do enfermeiro imprescindível, pois ela vai repercutir em cada
dimensão do cuidar e influência a qualidade da assistência. A questão a ser discutida é o formato que a
supervisão é desenvolvida, pode favorecer ou não o desempenho profissional. Quando é conduzida
utilizando estratégias educativas e promotora da integração da equipe caminha na direção de um estilo
participativo para gerenciar favorável ao desenvolvimento das pessoas/profissionais. Por outro lado, quando
é utilizada de forma coerciva, limitadora da criatividade, tem caráter apenas fiscalizador e inibidor do
desenvolvimento dos profissionais. Esta forma de supervisionar é um modelo ultrapassado e não atende as
demandas dos profissionais, instituições e clientes- usuários e acompanhantes.

II.Conceitos e Objetivos da Supervisão


O conceito de supervisão, como não poderia deixar de ser, é influenciado pelos valores e
convicções das pessoas envolvidas na mesma, e pelo contexto em que essa função é desenvolvida.
Supervisão representa a função de direção exercida no nível operacional da empresa, o termo
supervisão é usado tradicionalmente para designar a atividade de direção imediata das atividades dos
subordinados, representa assistência à execução (CHIAVENATO, 2007).
Se conceituada tradicionalmente, a supervisão é definida autocraticamente como sendo “a
inspeção e verificação do desempenho de um profissional por alguém que só procura coisas que estejam
sendo feitas de modo errado”. Neste modo de compreender, o supervisor “planeja todo o trabalho, toma
todas as decisões e dá ordens aos profissionais, que têm de obedecê-las sem hesitar”. Os efeitos dessa
forma de supervisão são, entre outros, a inibição da iniciativa e da produtividade (Kron e Gray, 1994).
A supervisão surge pela formação de grupos de pessoas desenvolvendo um mesmo trabalho,
visando assegurar o cumprimento das ordens, a detecção de falhas e a aplicação de sansões. Assim a
supervisão tem finalidade fiscalizadora, visando fins lucrativos e obtenção de maior produtividade de cada
pessoa.
Se conceituada de um modo mais atual, a supervisão consiste em um instrumento educativo
contínuo com a finalidade de orientar, estimular e direcionar pessoas para a organização, desenvolvimento e
controle do trabalho, visa ajudar o indivíduo a fazer melhor o seu trabalho, o que se consegue através de
uma gerência democrática, na medida em que se garante aos profissionais possibilidades de participação no
estabelecimento dos objetivos do trabalho bem como do planejamento e métodos para atingi-los (ALMEIDA,
MERCES, SERVO, 2013; SANTIAGO; CUNHA, 2011).
Esta nova concepção decorre do aumento da complexidade das organizações e do próprio contexto
econômico, político e social da inserção das pessoas no mundo do trabalho, requer outro tipo de supervisão
que não seja centrada apenas na produção.
➢ Supervisão pode ainda ser entendida como um processo dinâmico e
democrático de integração e coordenação dos recursos humanos – pessoas, numa estrutura
organizada, visando alcançar objetivos definidos em programa de trabalho, mediante o
desenvolvimento pessoal.
➢ Supervisão significa “olhar pra cima”, de uma forma abrangente e total,
pressupondo que quem supervisiona tenha a qualificação e o conhecimento para
desempenhar tal função.
➢ Supervisor vem do sentido de “inspecionar”, porque o inspetor ficava em
local mais elevado em relação aos trabalhadores, de onde podia enxergar todos os detalhes
da operação. O termo veio do latim super, “acima”, e videre, “ver”. O supervisor é o que vê de
cima (Gehringer, 2002).
Os principais objetivos da supervisão são: a) estimular o desejo de auto-aperfeiçoamento em cada
sujeito; b) orientar, treinar e guiar os indivíduos conforme suas necessidades para que usem suas
capacidades e desenvolvam habilidades novas; c) desenvolver a cooperação enfatizando o “nós” em
detrimento do “eu”; d) proporcionar, sempre que possível, condições adequadas para o desenvolvimento do
trabalho (ambiente físico, equipamentos, suprimentos) bem como uma atmosfera de trabalho agradável.

Quando? Continuamente, nas 24 horas.


A quem? A todo indivíduo.
Como? Com paciência, tato e justiça.
Para que? Para que cada indivíduo possa fazer seu trabalho e prestar assistência de enfermagem, com
habilidade, segurança, de forma correta e completa, de acordo com a sua capacidade,
dentro das limitações de seu trabalho.
Fonte: GAMA, 2012.

Construir uma equipe de alto desempenho não se configura como uma tarefa fácil. Chiavenato
(2007), sugere alguns aspectos fundamentais para criar e desenvolver uma equipe:
➢ Escolha da equipe→ Escolher as pessoas que reúnam as competências, habilidades
e conhecimentos necessários ao seu trabalho.
➢ Modelagem do trabalho da equipe→ Definir a atividade da equipe e distribuir de
maneira balanceada o trabalho entre os membros.
➢ Preparação da equipe→ Treinamento e capacitação da equipe precisam ser
constantemente avaliadas pelo supervisor. Supervisor coach, isto é, o preparador, orientador,
impulsionador da equipe.
➢ Condução da equipe→ Ser líder, auxiliar a definir metas e objetivos a serem
alcançados, meios e recurso para chegar lá, acompanhamento e orientação e muita ajuda,
retaguarda e apoio incondicional à equipe.
➢ Motivação e recompensas à equipe→ Manter o clima e o entusiasmo da equipe,
motivar constantemente a equipe, proporcionar reconhecimento imediato e oferecer recompensas à
equipe. Pelo alcance das metas e os objetivos definidos.
Para Chiavenato (2013), administração não é somente desempenho, boa vontade, dedicação,
vai, além disso, é oferecer resultados. Os membros de uma equipe isoladamente, e a própria equipe
como um todo, são avaliados pelos resultados que entrega. Por essa razão precisa focar a missão da
empresa- o que somos como empresa- ser um verdadeiro missionário na condução da equipe. Deve
lembrar qual é visão de futuro da empresa – o que queremos ser como empresa, ser um verdadeiro
visionário da equipe. É preciso focar os objetivos da empresa- onde queremos chegar como empresa e
atuar com uma visão proativa e antecipatória. Precisa focar sua equipe de trabalho- com quem vamos
contar como empresa, e atuar como um gestor de equipes. Todos esses cuidados devem ser
constantemente lembrados aos membros da equipe, não basta o supervisor sozinho ter tudo isto em
mente, o que configura o trabalho em equipe é justamente desenvolver trabalho em conjunto.

III. A Supervisão na Prática da Enfermagem


Uma particularidade importante para o tipo de objeto de trabalho que a enfermagem possui, trata-se
que a supervisão é um exercício de uma comunicação direta entre o supervisor e o supervisionado em nível
de execução do trabalho, para que tudo aconteça conforme o planejado, ou seja, é uma forma de averiguar
que as atividades estejam promovendo os resultados desejados (CORREIA; SERVO, 2006).
Para o enfermeiro assumir a supervisão em enfermagem a humanização deve constituir o
embasamento de todo o processo, exigindo-se da equipe produção quantitativa e qualitativa de trabalho,
orientando e acompanhando a mesma, para o aperfeiçoamento como profissional, e principalmente
valorizando cada um como pessoa humana (competência profissional / competência interpessoal, motivação
para o desenvolvimento de pessoal, acreditar no potencial humano – fator gente, envolvimento de todos para
co-participação).
Alguns princípios devem ser observados pelo enfermeiro na prática da supervisão, a saber:
psicologia (conhecimento de cada pessoa da equipe); sociologia (compreensão dos elementos do grupo em
relação a comportamento individual e coletivo, heterogeneidade, capacidade de adaptação); planejamento
(para direcionamento do processo de supervisão); organização (favorece o desempenho da equipe, com a
definição de funções, área física satisfatória, recursos necessários); direção (para proporcionar o melhor para
a clientela e pessoal); justiça (para agir respeitando os direitos legais, com distribuição equitativa de
atividades e horários).
O principal interesse da supervisão é no desenvolvimento das pessoas. Ao realizar suas atividades, o
supervisor observa de forma sistemática e avalia o trabalho do pessoal, devendo incentivá-los a utilizar seus
próprios conhecimentos, ajudá-los a melhorar sua capacidade para o trabalho, contribuindo para uma
assistência de enfermagem qualificada e para o desenvolvimento individual e profissional de ambos.
Destaca-se que a supervisão é uma função inerente ao enfermeiro que a exerce com respaldo legal
no seu exercício profissional (SANTIAGO e CUNHA, 2011). Independente do contexto a supervisão dos
profissionais de enfermagem é uma função do enfermeiro, na prestação dos cuidados diretos aos pacientes
até os que assumem as divisões ou serviços de enfermagem, em maior ou menor complexidade, todos
desenvolvem atividades que visam o aprimoramento do pessoal de enfermagem e manutenção de condições
necessárias para a prestação de uma assistência eficiente e eficaz.
Para desenvolver a função de supervisão, o enfermeiro deve integrar em seu trabalho aspectos
administrativos (quando interpreta, emprega e assegura os propósitos de administração no Serviço de
Enfermagem (SE), utiliza o controle e a avaliação para determinar o progresso e as necessidades de
treinamento de pessoal, aprimora o trabalho e promove o desenvolvimento profissional e pessoal de cada um
da equipe) e aspectos técnicos (quando orienta e educa o pessoal, auxilia no desenvolvimento das
potencialidades na realização de procedimentos básicos de enfermagem e outros).
A supervisão em enfermagem deve ser para o enfermeiro um recurso valioso, para que ele conheça
sempre mais e melhor as necessidades de sua clientela, e assim possa agir, assumindo diretamente o cuidar
ou delegando criteriosamente quando indicado, não constituindo uma forma do mesmo se esquivar do
compromisso daquilo que é de sua competência.

IV. Técnicas e Instrumentos de Supervisão


Para o desenvolvimento da supervisão o enfermeiro deverá fazer uso de técnicas (conjunto de
métodos para a execução de uma função) e instrumentos (conjunto de meios para se atingir um fim), e
deverá ser avaliado em cada SE e nas diversas situações, quais desses recursos que melhor atendem às
necessidades, características e objetivos dos mesmos.
De acordo com Cunha (1991), temos:
· Instrumentos de Supervisão: Prontuário – ficha do cliente / prescrição de enfermagem / plano de
supervisão / cronograma / roteiro / normas, rotinas e procedimentos do serviço de enfermagem / plano de
desenvolvimento pessoal.
· Técnicas de Supervisão: observação direta e indireta (visita de enfermagem) /análise de registros
/ entrevistas / reunião/ discussão de grupo / demonstração /orientação/ estudo de caso / dinâmica de grupo /
análise de situação pelo método científico.

V. Desenvolvimento da Supervisão
Para desenvolver a supervisão necessariamente teremos de percorrer o caminho que a metodologia
científica nos aponta, qual seja: analisar criticamente as situações/problemas identificando as necessidades,
identificar e definir os problemas, estabelecer as prioridades, descrever os objetivos que se deseja alcançar,
avaliar as situações alternativas, definir o período de tempo, implantar as propostas viáveis, avaliar
continuamente e replanejar quando se fizer necessário (> Planejamento >Execução > Avaliação).
Como instrumentos para o planejamento da supervisão podem ser utilizados o plano de supervisão
(diagnóstico situacional – ação- avaliação), o cronograma e o roteiro, que deverão ser adaptados às
particularidades da situação vivenciada pelo enfermeiro supervisor (Cunha, 1991).
A execução/desenvolvimento da supervisão depende diretamente do planejamento e será tanto
melhor e eficaz, quanto mais precioso for o próprio planejamento. O desenvolvimento da supervisão deve
estar voltado para o atendimento das necessidades da clientela e para tanto o enfermeiro realiza ações de
coordenação, avaliação e controle e deve observar: visita de enfermagem à clientela e aos setores e
unidades de sua área de atuação conforme plano diário e prioridades; distribuição de atividades ao pessoal
conforme categoria e capacitação; planejamento assistencial de cada cliente (diagnóstico de enfermagem,
prescrição evolução, ações de cuidado direto e indireto); acompanhar o desempenho da equipe, orientar e
demonstrar atividades; interpretar junto com a equipe protocolos, normas, rotinas e procedimentos fazendo
as adequações necessárias ao atendimento da clientela; detectar situações ou problemas relativos a
assistência direta ou a recursos humanos, materiais e ambientais, buscando sua resolução; identificar e
assumir / encaminhar a necessidade de treinamento / reciclagem de pessoal; manter contato com todos os
setores / unidades do serviço de saúde para a tomada de decisão, encaminhamentos solução de problemas;
elaborar relatório de atividades do SE e outros.
Avaliação da Supervisão: a avaliação da supervisão deve ser realizada pelo enfermeiro de forma
contínua, revendo sempre o planejamento inicial e replanejamento de acordo com a necessidade, uma vez
que é um meio e não um fim em si mesma, e deve ser voltada para a caracterização dos resultados obtidos,
adequação das propostas e sua praticidade. A avaliação pode ser imediata (realizada ao longo do processo,
ao final de todas as ações, permitindo a análise dos resultados obtidos, a pertinência dos objetivos e das
ações, técnicas e instrumentos usados e caracterizando a sua flexibilidade) e mediata (realizada ao final de
todo o processo, para esclarecer as dúvidas que tenham surgido e replanejar com nova direção de
orientação para as ações).

VI. Dificuldades no Desenvolvimento da Supervisão


Existem situações e fatores que dificultam o desenvolvimento do processo de supervisão, limitando o
alcance dos objetivos a serem atingidos no SE, e o enfermeiro deve estar atento a eles, estão: filosofia do SE
que não considera a importância do desenvolvimento do pessoal e das relações interpessoais
fundamentadas no respeito mútuo; política de trabalho centralizadora, autoritária e “tarefista”, não
incentivando a participação da equipe como um todo na tomada de decisão; inadequação /dimensionamento
incorreto de recursos; política social vigente que afeta as organizações e seu pessoal (absenteísmo,
rotatividade,...); precariedade / falta de equipamentos e materiais para a assistência de enfermagem; área
física inadequada quanto a padrões e necessidades do SE; despreparo do enfermeiro para desenvolver a
supervisão; falha no planejamento do serviço levando a sobrecarga de solicitação dos enfermeiros,
interferindo no planejamento, e impedindo-os de alcançar os objetivos do SE (amplitude de supervisão) e
outros.
Existem ainda “erros”, que são citados por Mirshawka (1992), e que vão de encontro a algumas
dificuldades na supervisão em enfermagem, cometidos principalmente por “supervisores novatos”, e entre
eles temos: fazer mudanças apenas pelo prazer de fazer alguma modificação e para mostrar “que faz algo”;
fazer mudanças drásticas sem o devido preparo; não conseguir delegar; não discutir todas as possíveis
causas do problema; mostrar favoritismo entre os membros da equipe; não desenvolver meios de
comunicação eficaz; não utilizar adequadamente o tempo; não documentar, apenas fazer críticas sem propor
soluções; não colocar logo as “mãos na massa”; desconhecer a filosofia e os objetivos do serviço; não saber
pedir um conselho, uma ajuda.
Acrescentamos ainda outras situações/fatores que podem interferir na supervisão em enfermagem:
saber como e quando delegar ou não delegar (observar: para demonstrar capacidade de trabalho e
estabelecer relação de confiança com a equipe; para aprender; para ensinar; para contribuir com a equipe;
de acordo com a LEPE;...); não ter compromisso ético – profissional; não valorizar os recursos do sistema de
informação do SE (passagem de plantão, registros,...).
Resultados de uma supervisão eficaz: ao aprimorar a prática da supervisão, o enfermeiro está
contribuindo para: manutenção de um nível elevado na qualidade da assistência de enfermagem, satisfação
do paciente, dos familiares e da equipe, para o reconhecimento da qualidade da assistência de enfermagem,
a adequação dos programas elaborados pelo SE e a manutenção de condições propiciais ao
desenvolvimento e motivação do pessoal, ao trabalho em equipe e à adaptação das técnicas de trabalho a
natureza do homem enquanto trabalhador, para maior segurança nas ações da equipe de enfermagem,
maior autoconfiança e integração da equipe e maios economia e credibilidade para o SE e instituição.
Um recurso de imenso valor para o enfermeiro desenvolver uma supervisão eficaz é sua capacidade
de observação. Ao desenvolver a observação de forma sistemática, o enfermeiro obterá dados, informações
e perceberá o todo de forma mais abrangente. A visita de enfermagem quando adotada neste formato é um
instrumento de supervisão capaz de identificar as reais necessidades da clientela e do pessoal.
A construção de instrumento para nortear a visita de enfermagem contribui para qualificar o cuidado,
subsidiando o planejamento e a organização da assistência, além de possibilitar que o enfermeiro possa
acompanhar também as condições do ambiente onde se realiza o cuidado (SANHUDO, N.F.; et al, 2018)

VII. Considerações Finais


Através da ação supervisora pretende-se melhorar a qualidade dos serviços de atenção à saúde,
colaborando para a promoção, proteção e recuperação da saúde rumo à consolidação do Sistema Único de
Saúde (SUS). A supervisão realizada pelo enfermeiro, independente do cargo ou função que exerça é uma
estratégia para a democratização das ações de saúde, pois visa à transformação do modelo assistencial
hegemônico através de uma assistência integral, equânime e resolutiva aos usuários do sistema de saúde.
A supervisão é uma atividade que faz parte do cotidiano do enfermeiro, à medida que este planeja,
executa e avalia o processo de trabalho da equipe na qual se encontra inserido. Desta forma sistematiza a
supervisão em enfermagem, a qual deve ser compreendida como um processo que envolve planejamento,
execução e avaliação das atividades realizadas, através da utilização de técnicas e instrumentos de
supervisão.
As concepções sobre supervisão têm variado de acordo com o contexto político e social de cada
época e a função do elemento supervisor deve acompanhar essas variações, para que possa exercer a
supervisão de forma democrática. Através da ação supervisora pretende-se melhorar a qualidade dos
serviços de atenção à saúde, colaborando para a promoção, proteção e recuperação da saúde rumo à
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Embora a supervisão já tenha sido vista como uma função de caráter fiscalizador e punitivo em que o
supervisor assumia um papel de assegurar o cumprimento das ordens e dos regulamentos impostos pelo seu
patrão. Atualmente a supervisão é um dos instrumentos que colabora no gerenciamento do cuidado em
enfermagem ao orientar as ações do enfermeiro na implementação de um método para sistematizar e
organizar a assistência de enfermagem. Sendo que um dos objetivos da supervisão é manter a educação
permanente dos trabalhadores de saúde através da constante avaliação do serviço realizado por estes, com
propósito de identificar as necessidades de orientação e treinamento, no intuito de prevenir situações
problemáticas e manter as situações desejáveis.
A supervisão é uma atividade que faz parte do cotidiano do enfermeiro para otimizar o desempenho
dos profissionais o enfermeiro deve colocar-se como um elemento pertencente ao grupo e não superior a
este, de forma a possibilitar uma melhoria da assistência prestada. A supervisão torna-se pertinente na
medida em que auxilia as pessoas a alcançar metas ou padrões de atendimento, tendo como parâmetro as
políticas institucionais e adaptando-se as realidades locais.
COORDENAÇÃO EM ENFERMAGEM

Destacamos neste momento a função de direção, que significa liderar e orientar o pessoal.
Simultânea aos trabalhos de planejamento e organização é considerada como a essência do trabalho
daquele que administra e objetiva alcançar resultados. Pouco adianta um bom planejamento e uma boa
organização se as pessoas trabalham sem orientação e coordenação adequadas. Para se ter uma
supervisão eficiente, é necessária a adoção de uma metodologia de trabalho que a contemple como
processo dinâmico que envolve o planejamento, a execução e a avaliação das atividades realizadas. Neste
contexto, a coordenação é o meio de direção que vai buscar, através da orientação e condução do grupo de
trabalho, o alcance dos objetivos.
Nas atribuições privativas do enfermeiro, destacadas pela lei 7498/86 artigo 11, alínea c, está
inserida a coordenação da equipe e do serviço de enfermagem (“planejamento, organização, coordenação,
execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem”) (BRASIL, 1986). Assim, cabe ao
enfermeiro a coordenação de sua unidade de trabalho, congregando os membros da equipe de enfermagem
e organizando os recursos disponíveis na prestação de assistência qualificada e satisfatória a pacientes,
família e equipe.
Relembrando que coordenação é uma função que liga, une, harmoniza todas as atividades, é a
essência da administração, pois sincroniza os esforços individuais, no sentido de obtenção dos objetivos do
grupo, do propósito fundamental da organização, adapta os meios ao fim, da às coisas e aos atos as
proporções convenientes (CHIAVENATO, 2013).
A coordenação está presente ao desempenho de todas as funções administrativas. Ela não faz parte
das características de cada função, mas representa o exercício das funções. A coordenação pode ser
definida como a harmonização dos vários esforços necessários para atingir os objetivos almejados. A
necessidade de sincronia entre as funções é importante para que cada elemento na empresa compreenda
melhor a forma de se atingir os objetivos propostos. A coordenação só surtirá efeito quando todos os
elementos conhecerem o objetivo dominante da empresa. Cada um então poderá trabalhar em prol desse
objetivo dosando e aplicando os esforços no momento melhor ou no momento exato que for preciso. Assim,
a ação individual será frutífera e permitirá que os planos se transformem em resultados de forma mais natural
e eficiente.
Coordenação significa a utilização de diferentes ferramentas para o acompanhamento e intervenções
necessárias no serviço de enfermagem para a realização de assistência de qualidade através da mobilização
da equipe e utilizando os recursos disponíveis de forma eficiente e eficaz.
O enfermeiro é responsável pelo planejamento e coordenação da unidade de trabalho, sendo que o
mesmo possui o compromisso de viabilizar em conjunto com outros atores sociais o alcance dos objetivos e
metas daquele serviço, incentivando a participação da equipe na organização e produção dos serviços de
saúde, atendendo as reais necessidades dos usuários.
Este resultado certamente irá contribuir para a implementação de ações sistematizadas através de
um método de trabalho de enfermagem. A enfermagem desempenha um papel fundamental para a
efetivação de um serviço de saúde com qualidade, sendo que o principal instrumento para revelar o que
acontece na prática é a divulgação do que é vivenciado no cotidiano.
Portanto, para coordenar, é necessário o enfermeiro posicionar-se de forma crítica perante as
políticas do setor saúde, cabendo a enfermagem utilizar um método eficaz para prestar assistência aos
usuários de cada instituição, de forma global, coerente e responsável, ajustando princípios e medidas
administrativas à solução de problemas de sua competência, além da socialização destas experiências
(BRASIL, 2001).
A coordenação das atividades em uma unidade de trabalho é parte necessária da liderança em
enfermagem, ou seja, a liderança eficaz do enfermeiro depende também da coordenação (Kron e
Gray,1994). Manter todos da equipe bem informados sobre as várias atividades e intercorrências do serviço
de enfermagem, utilizar deforma consciente e responsável os recursos da instituição (processo de educação
em serviço) são condições para a coordenação em enfermagem.
A coordenação fundamenta-se no planejamento e na utilização da capacidade de cada pessoa e nos
recursos institucionais e da comunidade (Kron e Gray,1994). A coordenação desenvolvida com excelência
pelo enfermeiro confere ao mesmo a condição de direção do serviço de enfermagem nas 24 horas. Isto
significa que coordenar é utilizar de todas as estratégias, instrumentos e técnicas necessárias para o
acompanhamento e as intervenções necessárias no serviço de enfermagem (processo de comunicação;
instrumentos e técnicas de supervisão; liderança; monitoramento das ações/mecanismo de controle);
Portanto, a coordenação significa a utilização de diferentes ferramentas para o acompanhamento e
intervenções necessárias no serviço de enfermagem (liderança, comunicação, supervisão, controle,
educação...) promovendo a realização de assistência de qualidade através da mobilização da equipe e
utilizando os recursos disponíveis de forma eficiente e eficaz ( DUTRA, 2013).

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (DUTRA, 2013)


1. Descreva os objetivos da supervisão no serviço de Enfermagem.
2. Discuta como a supervisão pode contribuir para obtenção de qualidade na assistência prestada à
clientela.
3. Aponte dificuldades que podem ocorrer no desenvolvimento da supervisão.
4. Cite técnicas e instrumentos de supervisão em enfermagem.
5. Quais são as etapas do processo de supervisão em enfermagem?
6. Que resultados podem ser obtidos com o desenvolvimento da supervisão?
7. Qual a importância da coordenação em enfermagem?
8. O que devemos observar ao delegar?

Referências
ALMEIDA, AHV; MERCES, MC; SERVO, MLS. A supervisão como ferramenta gerencial para a
produção do cuidado em UTI: uma reflexão do agir do enfermeiro. Enfermagem Brasil Novembro /
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