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DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE

GRADUAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL

Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os


Curso de Graduação em Terapia Ocupacional, a serem observadas na
organização do projeto pedagógico, avaliação e funcionamento de curso nas
Instituições de Ensino Superior (IES) que compõem o sistema de Educação
Superior do país.

Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em


Terapia Ocupacional estão estruturadas em princípios, perfil do egresso,
conteúdos fundamentais, estratégias para formação de terapeutas ocupacionais
e diretrizes para a elaboração dos projetos pedagógicos dos cursos de
graduação de terapia ocupacional, conforme estabelecido pela Câmara de
Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, para aplicação em
âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos
pedagógicos dos Cursos de Graduação em Terapia Ocupacional das Instituições
de Ensino Superior (IES) que compõem o sistema de Ensino Superior no país.

Art. 3º O perfil do egresso do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional visa


a um terapeuta ocupacional com formação generalista, humanista, laica, crítica,
ético-política, reflexiva e problematizadora, de forma que, em diferentes
contextos, seja capaz de analisar, compreender e atuar com e na relação entre
pessoas, grupos, coletivos e populações e suas atividades, ocupações e
cotidianos. O terapeuta ocupacional deve estar comprometido com a defesa da
cidadania, dos direitos e deveres dela advindos, dos direitos humanos, do
respeito à diversidade e ao meio ambiente, com geração de sustentabilidade, na
perspectiva da defesa da vida, ampliação da funcionalidade humana, autonomia,
independência, acessibilidade, participação e inclusão social. Fundamentado no
conhecimento científico, mas também atento e articulado aos saberes e práticas
populares. O perfil do terapeuta ocupacional o habilita ao exercício profissional
nos campos da saúde, educação, assistência social, previdência social, esporte,
lazer, justiça e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente.

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Art. 4º A formação profissional graduada em Terapia Ocupacional deve se
desenvolver a partir dos seguintes princípios:

1. Afirmação dos direitos humanos, da cidadania, da democracia, da liberdade,


da justiça, da dignidade, da autonomia, da diversidade e da alteridade como
valores essenciais para o reconhecimento de diferentes pessoas, grupos,
coletivos e populações nas questões relacionadas à ampliação de autonomia,
participação e inclusão social.

2. Defesa e integração dos/aos processos políticos de forma participativa e


democrática na relação Estado-sociedade, que garantam o desenvolvimento e o
acesso a sistemas universais públicos e gratuitos - como o Sistema Único de
Saúde e o Sistema Único de Assistência Social - e de políticas de garantia de
direitos a: saúde, educação, assistência social, previdência social, esporte, lazer,
justiça e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente.

3. Participação na formulação, desenvolvimento, avaliação e sustentação de


políticas e ações que estejam em conformidade com os sistemas universais,
públicos, gratuitos e, também, suplementares (filantrópicos, cooperativas,
privados) e demais políticas de afirmação de direitos, que considerem os
princípios de integralidade, interdisciplinaridade, interprofissionalidade e
intersetorialidade.

4. Atuação em diferentes contextos e serviços no âmbito da saúde, educação,


assistência social, previdência social, meio ambiente, esporte, lazer, justiça,
trabalho e cultura, bem como em projetos e ações intersetoriais,
interdisciplinares e/ou interprofissionais, em uma perspectiva ética, bioética,
crítica e problematizadora, assumindo responsabilidades profissionais de
promoção de cuidado, apoio, autonomia, exercício de direitos, participação e
inclusão social, de maneira a contribuir para a superação das desigualdades
sociais, da discriminação e da violação de direitos civis, políticos e sociais.

5. Contribuição para o desenvolvimento social e a sustentabilidade ambiental de


forma que sejam respeitadas as relações entre sociedade, ambiente e

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tecnologias, na incorporação de novas ações e práticas, compreendendo os
processos de constituição de identidades e subjetividades, considerando as
dimensões étnico-racial, geracional, de identidade de gênero, de orientação
sexual, de deficiência, de classe social e de diversidade cultural.

6. Atuação profissional embasada no reconhecimento das necessidades na


esfera da saúde, educação, assistência social, previdência social, esporte, lazer,
justiça e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente, dentre outras, de pessoas,
grupos, coletivos e populações, de forma a promover o engajamento nas
atividades/ocupações/cotidianos significativos em seus ambientes e contextos
de vida que possibilite dignidade, exercício de cidadania e participação e
inclusão social.

7. Adoção da concepção ampliada de atividade/ocupação/cotidianos, como


ferramenta de transformação social na medida em que contribui para a redução
da distância entre a privação e/ou desvantagem e o potencial; para o
desenvolvimento social e comunitário; para o engajamento de pessoas, grupos,
coletivos e populações na promoção de cidadania e inclusão social; e para a
influência na criação e implementação de leis, sistemas e serviços relacionados
à saúde, educação, assistência social, previdência social, esporte, lazer, justiça
e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente.

8. Desenvolvimento da capacidade de formular projetos de intervenção e tomar


decisões de forma colaborativa, democrática e participativa junto à população e
a outros profissionais com compromisso, responsabilidade, ética e empatia,
baseando-se em evidências científicas, preocupado e articulado com os saberes
tradicionais e populares em que se atua, na eficácia e custo-efetividade, em
recursos e tecnologias disponíveis.

9. Defesa da complexidade do conhecimento e da diversidade de saberes e


perspectivas para o entendimento das atividades/ocupações/cotidianos, do ser
humano em diversos contextos.

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10. Aprimoramento de processos de comunicação, considerando aspectos
verbais e não verbais, habilidades de escrita e leitura nas línguas do território
nacional, oficiais ou não (Português, Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS,
línguas indígenas e outras), internacional e uso de tecnologias de informação e
comunicação que ampliem as possibilidades de diálogo e de intercâmbio de
experiências e conhecimentos.

11. Reconhecimento do significado sociocultural da prática profissional, além da


indissociabilidade entre suas dimensões técnica, ética, bioética e política.

12. Construção de parcerias e intercâmbios locais, regionais, nacionais e


internacionais entre cursos, IES, estudantes, profissionais e docentes,
prioritariamente de forma presencial, podendo ser ocasionalmente mediadas
pelas tecnologias de informação e comunicação, valorizando a articulação com
a comunidade, a educação permanente e contínua de profissionais e as práticas
assistenciais e de gestão na produção e difusão de conhecimento.

13. Investimento no aprendizado contínuo de estudantes, profissionais e


docentes para o desenvolvimento da prática profissional, do ensino e da
produção de conhecimento na área. É essencial que terapeutas ocupacionais
desenvolvam sua responsabilização e comprometimento com a continuidade de
sua educação e com a formação de futuros profissionais em propostas coletivas
de educação que pressuponham o trabalho colaborativo e em redes.

14. Desenvolvimento de assistência, ensino, pesquisa, extensão universitária,


planejamento, gestão de serviços e de políticas, assessoria e consultoria de
projetos.

15. Identificação de oportunidades e de desafios na organização do trabalho nas


redes de serviços de saúde, educação, assistência social, previdência social,
esporte, lazer, meio ambiente, justiça e trabalho, reconhecendo que todos são
cenários de intervenção e neles se deve assumir e propiciar compromissos com
a qualidade da atenção ofertada a pessoas, grupos, coletivos e populações.

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16. Estímulo e valorização à participação de estudantes, docentes e profissionais
em órgãos colegiados e conselhos das IES e da sociedade, incluindo as
associações e entidades de Terapia Ocupacional, como atividade indispensável
em sociedades democráticas.

Art. 5º O egresso graduado em Terapia Ocupacional deve estar habilitado a:

1. Compreender a problemática específica das pessoas, grupos, coletivos e


populações com as quais trabalhará, contextualizada em seus
processos/implicações pessoais, sociais, culturais e políticos/as que influenciam
o engajamento em suas atividades/ocupações/cotidianos.

2. Conhecer e manter-se atualizado acerca dos indicadores e conjunturas


sociais, econômicos, culturais, ambientais e políticos global, nacional, regionais
e locais, fundamentais à cidadania e à prática profissional.

3. Conhecer e analisar as realidades nacional, regionais e locais da sociedade


brasileira em relação ao modo de produção e trabalho das diferentes pessoas,
grupos, coletivos e populações que a compõem.

4. Conhecer as políticas públicas de seguridade social (saúde, assistência social


e previdência social), e outras políticas e programas sociais referentes à
educação, habitação, cultura, mobilidade e direitos humanos na atenção a
pessoas, grupos, coletivos e populações de todas as faixas etárias e diferentes
classes, raças/etnias e gêneros.

5. Reconhecer a saúde, a proteção e inclusão social, a cultura, a educação e o


trabalho como direitos e atuar de forma a garantir a intersetorialidade e a
integralidade da assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das
ações individuais e coletivas realizadas em serviços e equipamentos sociais em
todos os níveis de complexidade.

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6. Conhecer as políticas públicas para compreender sua constituição, a
dimensão das responsabilidades das instâncias federativas (federal, estadual e
municipal) e a inserção e atribuições do terapeuta ocupacional.

7. Reconhecer as modificações nas relações societárias, de trabalho e


comunicação em âmbito mundial, nacional e regional, assim como entender os
desafios de tais mudanças para a vida cotidiana, possibilitando ações e
intervenções que garantam o exercício de direitos e a participação na vida social.

8. Conhecer a realidade loco-regional considerando os indicadores sociais que


influenciam na inserção, na participação social e no exercício da cidadania dos
sujeitos, com vistas à formulação de estratégias de intervenção em Terapia
Ocupacional.

9. Conhecer as dinâmicas culturais e determinantes sociais relacionados aos


processos de exclusão, segregação, asilamento, institucionalização,
discriminação e estigmatização de diferentes grupos e territórios e seu impacto
nas atividades/ocupações/cotidianos, para defender e promover a inclusão e
participação social como direito.

10. Conhecer os fundamentos históricos da Terapia Ocupacional em nível


mundial, nacional e regional.

11. Conhecer os fundamentos epistemológicos e teórico-metodológicos da


Terapia Ocupacional e seus diferentes modelos/perspectivas/abordagens de
compreensão, avaliação e intervenção.

12. Compreender a relação das pessoas, grupos, coletivos e populações com as


atividades/ocupações/cotidianos em diferentes contextos, considerando fatores
biológicos, funcionais, relacionais, afetivos, históricos, sociais, econômicos,
tecnológicos, culturais e políticos.

13. Identificar, experienciar, compreender, analisar, interpretar e avaliar a


atividade/ocupação/cotidiano de pessoas, grupos, coletivos e populações,

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considerando a centralidade das atividades cotidianas: culturais, artísticas,
artesanais, educacionais, de trabalho, de lazer, sociais, lúdicas, esportivas,
básicas e instrumentais da vida diária, descanso e sono, para a construção
complexa da identidade dos sujeitos e do processo terapêutico ocupacional, que
visem a autonomia, a ampliação de direitos, a independência, a participação,
inclusão e a emancipação social

14. Conhecer os fundamentos de diferentes perspectivas teóricas sobre a


atividade/ocupação/cotidiano, funcionalidade, atividades de vida diária,
autonomia, independência, acessibilidade, participação e emancipação social.

15. Conhecer os principais métodos de diagnóstico, formulação de objetivos,


estratégias de planejamento, desenvolvimento e avaliação da intervenção que
constituem o processo terapêutico-ocupacional.

16. Realizar registros das intervenções em terapia ocupacional por meio de


linguagem adequada ao contexto em que ocorrem, reconhecendo sua
importância assistencial, educacional, científica, administrativa e jurídica.

17. Conhecer como os contextos e dinâmicas sociais interferem na realização de


atividades/ocupações/cotidiano e na participação social das pessoas, grupos,
coletivos e populações, bem como a dimensão coletiva dessa realização e do
seu potencial de transformação social, considerando os movimentos sociais, as
políticas ambientais e socioeconômicas, as questões de gênero, etnia, classe
social, geracionais, nacionalidade, naturalidade, dentre outras.

18. Compreender as relações indivíduo-sociedade, os processos de


vulnerabilidade, de exclusão-inclusão social e de saúde-doença-deficiência em
suas múltiplas determinações, contemplando os aspectos biológicos, históricos,
econômicos, psicossociais, culturais, espirituais e ambientais para o processo
terapêutico-ocupacional, visando autonomia, participação, inclusão e
emancipação social.

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19. Desenvolver atividades profissionais junto à diferentes grupos populacionais,
que apresentem alterações nas dimensões motoras, sensoriais, percepto-
cognitivas, mentais, psíquicas e/ou se encontrem em situação de vulnerabilidade
social, e ainda a população em geral na promoção de
atividades/ocupações/cotidianos que potencializem seu bem viver.

20. Conhecer as funções e estruturas do corpo humano, os processos de saúde-


doença e suas repercussões para/nas atividades/ocupações/cotidianos.

21. Conhecer e compreender a dimensão psíquica humana, considerando as


diferentes perspectivas e abordagens e sua interrelação com as
atividades/ocupações/cotidianos.

22. Conhecer e compreender o desenvolvimento do ser humano em seus


diferentes ciclos de vida, considerando as diferentes perspectivas e abordagens
e sua interrelação com atividades/ocupações/cotidianos.

23. Compreender o corpo, a subjetividade e a condição humana em suas


dimensões históricas, sociais, biológicas, espirituais, psicológicas e culturais.

24. Conhecer e compreender as expressões de diversos marcadores sociais da


desigualdade e da diferença: classe social, étnico-racial, geracional, deficiência,
gênero, sexo, religião, territorial, entre outros, e sua interrelação com
atividades/ocupações/cotidianos.

25. Conhecer as bases conceituais das terapias neuroevolutivas,


neurofisiológicas e biomecânicas, psicocorporais, cinesioterápicas, entre outras,
de modo a promover a qualificação da vida e a ampliação da funcionalidade.

26. Analisar e modificar ambientes (domicílio, trabalho, escola e outros cenários)


para ampliação da autonomia nas atividades/ocupações/cotidiano e da
participação social.

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27. Realizar orientações, treino e acompanhamento de Atividades de Vida Diária
(AVDs) com pessoas que encontrem dificuldades para sua realização e/ou seus
cuidadores e familiares.

28. Conhecer e utilizar diversas modalidades de intervenções terapêutico-


ocupacionais, tais como: atendimentos e/ou acompanhamentos individuais,
grupais, familiares, institucionais, coletivos e comunitários, assim como
assessorias e consultorias.

29. Conhecer a fundamentação da acessibilidade universal e sua importância


para a participação social, e aplicar conhecimentos de ergonomia, desenho
universal e tecnologia assistiva, reconhecendo-os como campo interdisciplinar e
multiprofissional para o seu desenvolvimento.

30. Avaliar, indicar e confeccionar dispositivos, adaptações, órteses, próteses,


software e inovações tecnológicas, além de treinar para seus usos, de modo a
facilitar as atividades/ocupações/cotidianos de pessoas, grupos, coletivos e
populações acompanhados pela Terapia Ocupacional.

31. Inserir-se profissionalmente nos diversos cenários de prática da Terapia


Ocupacional, notadamente os pontos de atenção de serviços, redes e sistemas
ligados a saúde, educação, assistência social, previdência social, esporte, lazer,
justiça e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente.

32. Desenvolver o raciocínio terapêutico- ocupacional para realizar a análise da


situação na qual se propõe a intervir, considerando as
atividades/ocupações/cotidianos de pessoas, grupos, coletivos e populações
para a escolha da abordagem profissional apropriada da intervenção e da
avaliação dos resultados a serem alcançados.

33. Desenvolver o acompanhamento processual, contextualizado e singular de


pessoas, grupos, coletivos e populações, bem como ativar e gerenciar redes
sociais de suporte, em consonância com uma perspectiva crítica e
problematizadora da realidade social.

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34. Desenvolver ações junto a pessoas, grupos, coletivos e populações
destinatárias da ação do terapeuta ocupacional com base no respeito e empatia,
para a constituição de vínculos de confiança que permitam estabelecer e manter
com elas relações de parceria e colaboração, com reconhecimento e suspensão
de pré-julgamentos e não discriminação por conta de idade, cultura,
incapacidade, gênero, sexualidade, status social e econômico, linguagem e
etnia.

35. Estabelecer relações de confiança junto ao público destinatário da


intervenção terapêutico-ocupacional e manter a privacidade e a
confidencialidade das informações prestadas, de acordo com os requerimentos
legais, dos locais de trabalho e com os compromissos acordados com pessoas,
grupos e coletivos.

36. Desenvolver uma escuta ativa e culturalmente sensível durante todo o


processo terapêutico-ocupacional, com integração dos desejos e necessidades
das pessoas, grupos, coletivos e populações atendidas em todos os aspectos do
planejamento e das intervenções;

37. Ter habilidades para lidar com conflitos, negociação, adaptação a novas
situações, acrescidas de criatividade para procura das melhores soluções e
tomada de decisões em colaboração com as equipes e pessoas, grupos,
coletivos e populações destinatárias das ações e dos serviços.

38. Estabelecer e manter parcerias colaborativas com as equipes para a


participação/engajamento das pessoas, grupos, coletivos e populações nas
atividades/ocupações/cotidiano que lhes sejam significativos e em uma ampla
variedade de contextos, a partir de objetivos comuns e orientados pelo público
atendido.

39. Atuar profissionalmente em parcerias e arranjos multiprofissionais e


interprofissionais, promovendo a integração entre os diferentes campos e
práticas envolvidos de forma ética e colaborativa com entendimento, respeito e

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apoio aos papeis e responsabilidades de cada um dos membros que compõem
as equipes de trabalho.

40. Conhecer as bases conceituais, as abordagens e os procedimentos e os


procedimentos relacionados às práticas integrativas e complementares em
saúde, entre outras pertinentes às ações profissionais.

41. Conhecer metodologias de pesquisa científica e técnicas para elaboração,


divulgação e publicação de trabalhos acadêmicos e científicos.

42. Participar ativamente de atividades técnico-científicas (seminários,


congressos, simpósios, jornadas acadêmicas e profissionais), grupos de
pesquisa, grupos de extensão universitária, ligas acadêmicas e associações
científicas.

43. Desenvolver atividades de assistência, ensino, pesquisa, inovação,


planejamento, gestão e empreendedorismo de serviços e de políticas, de
assessoria e consultoria de projetos, de empresas e organizações nas áreas de
saúde, educação, assistência social, previdência social, cultura, lazer e esporte
e trabalho.

44. Planejar e desenvolver serviços acessíveis em Terapia Ocupacional, bem


como atuar e gerenciar diferentes equipamentos sociais e serviços a partir do
reconhecimento do direito do acesso a todas as pessoas.

45. Buscar informações e conhecimentos que qualifiquem a prática profissional


e comprometer-se com a continuidade de sua educação e com a formação de
futuros profissionais, em propostas coletivas de educação profissional e
interprofissional.

46. Promover a troca e difusão de informações e saberes de forma ética, com


garantia de confidencialidade das informações sigilosas, na interação com outros
profissionais e com a sociedade, bem como comprometer-se com a garantia dos

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direitos humanos e encaminhamentos pertinentes relacionados a violações de
direitos e a violências.

47. Atuar como agente facilitador/mediador, transformador e integrador nos


diferentes coletivos, grupos sociais e comunidades por meio de atitudes
permeadas pela noção de identidade sociocultural.

48. Conhecer os princípios éticos, bioéticos e deontológicos que regem os


terapeutas ocupacionais em relação à prática profissional e a suas atividades.

49. Compreender o papel dos órgãos representativos da categoria estudantil e


profissional, e sua importância para o aprimoramento técnico, científico e político
da profissão.

50. Tomar conhecimento das resoluções e normativas dos conselhos e


associações da Terapia Ocupacional, assumindo uma postura crítica e proativa
em relação às mesmas, no sentido de que elas atendam às necessidades da
profissão e seu processo de expansão, como também de respostas às
demandas da contemporaneidade.

Art. 6º
Os conteúdos essenciais para o Curso de Graduação em Terapia Ocupacional
fundamentam-se nos processos de inserção social e nas
atividades/ocupações/cotidianos de pessoas, grupos, coletivos e populações.
Tais conteúdos devem considerar os processos de saúde-doença, de inclusão e
exclusão social, cultural, educacional, laboral, de participação social e cidadã
nos diferentes contextos.

1. Conhecimentos das Ciências Biológicas e Ciências da Saúde – incluem-


se os conteúdos (teóricos e práticos) de bases moleculares e celulares dos
processos biológicos normais e alterados, da estrutura e função dos tecidos,
órgãos, sistemas e aparelhos. Abrange, também, ainda, os conteúdos referentes
aos determinantes sociais da saúde; métodos e estratégias de prevenção,
promoção, educação, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos, em nível

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individual e coletivo; e as redes de atenção à saúde (nos diferentes níveis
assistenciais). Incluem-se, ainda, a Saúde Coletiva, Saúde Mental, Saúde Física
e Funcional, Saúde do Trabalhador, Saúde da Pessoa com Deficiência,
Contextos Hospitalares, Cuidados Paliativos e Práticas Integrativas e
Complementares, além de conteúdos relacionados à Educação Ambiental e à
Biossegurança.

2. Conhecimentos das Ciências Sociais e Humanas – abrangem o estudo


dos seres humanos e de suas relações sociais, culturais, econômicas e
institucionais, nas suas múltiplas determinações, contemplando a integração dos
aspectos psicossociais, culturais, artísticos, espirituais e/ou religiosos,
comportamentais, filosóficos, institucionais, políticos, econômicos e éticos.
Também deverão abordar conhecimentos relativos às políticas sociais, aos
direitos humanos e sociais, à diversidade sexual, de gênero, étnico-racial, a
situação de refugiados e vítimas de catástrofes, além das políticas de proteção
de direitos das pessoas com transtornos mentais e deficiências. Na área de
conhecimentos da educação, deverão contemplar os conteúdos que contribuam
para uma educação para todos de uma forma geral, inclusiva e acolhedora da
diversidade humana que correspondam às demandas contemporâneas que a
escola e os processos de escolarização enfrentam.

3. Conhecimentos específicos da Terapia Ocupacional - incluem-se os


conteúdos referentes às atividades/ocupações/cotidiano do ser humano, aos
fundamentos históricos, epistemológicos, éticos e deontológicos e
metodológicos da profissão, às diferentes perspectivas, abordagens e
possibilidades de prática, aos processos de avaliação, intervenção,
planejamento que compõem os processos terapêutico-ocupacionais e à e gestão
de serviços nas diferentes áreas de atuação: saúde, educação, assistência
social, previdência social, justiça, cultura, esporte, lazer, trabalho e meio
ambiente. Devem ser necessariamente abordados os conteúdos relacionados
ao estudo e à análise da atividade/ocupação/cotidiano, à tecnologia assistiva, às
tecnologias sociais da Terapia Ocupacional, à integração sensorial, à
cinesiologia, à biomecânica, à funcionalidade, à estimulação cognitiva, à

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ergonomia e ergologia, à acessibilidade, à atenção psicossocial e aos estudos
de grupos e instituições.

4. Conhecimentos sobre Pesquisa em Terapia Ocupacional – a formação


deve fomentar o desenvolvimento de pesquisadores em Terapia Ocupacional
com capacidade problematizadora e investigativa, para desenvolver pesquisas
contextualizadas em nossas realidades e com relevância social, e para o
avanço da ciência. É preciso investir no desenvolvimento de metodologias de
pesquisa próprias da Terapia Ocupacional e em áreas afins, o fomento às redes
colaborativas em pesquisa e à publicação e divulgação científica, com vistas à
popularização e internacionalização da produção do conhecimento produzido no
país e ao incentivo à produção de patentes e inovação. Para tanto, a formação
deve considerar os seguintes conteúdos: epistemologia das ciências e
metodologia de pesquisa; escrita acadêmica e científica; questões éticas de
pesquisa; e formação na prática da Terapia Ocupacional baseada em evidências
científicas, que dialoguem com os saberes tradicionais e/ou populares.

Art. 7º
A formação do terapeuta ocupacional deve garantir o desenvolvimento de
estágios curriculares, sob supervisão/orientação docente e/ou
supervisão/preceptoria de terapeuta ocupacional. A carga horária mínima do
estágio curricular obrigatório supervisionado deverá atingir 20% da carga horária
total do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional proposta, com base no
Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho
Nacional de Educação.

§ 1º O professor supervisor/orientador de estágio deve ser terapeuta


ocupacional, membro do corpo docente da Instituição de Ensino Superior, com
qualificação e experiência profissional específica na área de estágio.

§ 2º As atividades de estágio supervisionado poderão ser realizadas em campos


internos (de serviços e/ou projetos próprios) e/ou externos às IES, a partir do
estabelecimento de parcerias, devendo oferecer ao estudante experiências em
áreas de atuação e contextos diferentes, não cumulativos, para formação

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generalista, que contemple a atuação do terapeuta ocupacional no âmbito
nacional e possa também responder a demandas locais e regionais onde a
Instituição de Ensino Superior se localiza.

Art. 8º
O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional deverá
incluir atividades complementares e as Instituições de Ensino Superior deverão
criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos adquiridos pelo
estudante por meio de estudos e práticas independentes presenciais e/ou a
distância, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica;
projetos ou programas de extensão universitária; elaboração de publicações
científicas; produção acadêmica com publicação; apresentação em eventos;
estudos complementares; cursos realizados em áreas afins; entre outros.

Art. 9º
O projeto pedagógico do Curso deverá contemplar:

1. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Recomenda-se que o


Curso de Graduação em Terapia Ocupacional crie e execute projetos
relacionados aos eixos estruturantes do curso, articulados ao fortalecimento das
políticas sociais e à defesa dos direitos humanos.

2. A formação integral por meio da articulação ensino-serviço e da pesquisa,


extensão universitária e assistência à pessoas, grupos, coletivos e populações,
com fortalecimento da participação e protagonismo estudantil. Deve ser
observado o dinamismo das mudanças sociais e científicas.

3. A inserção do estudante nos cenários de práticas do Sistema Único de Saúde,


do Sistema Único de Assistência Social e das demais políticas públicas sociais
desde o início da formação, integrando a educação e o trabalho nos diferentes
campos e contextos.

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4. A diversificação de cenários de práticas, possibilitando aos estudantes a
vivência de ações advindas de políticas públicas, dos fluxos de atenção em rede
e da organização do trabalho em equipe e em práticas colaborativas.

5. A promoção da articulação, por meio de parcerias e convênios, entre as redes


de serviço e assistência e a IES, visando a qualificação dos trabalhadores e do
trabalho, por meio de processos formativos.

6. A compreensão, preservação, fomento, valorização e difusão das culturas


populares, regionais, e nacionais, em suas historicidades, e o intercâmbio com
culturas de outros países em um contexto de pluralismo e diversidade cultural.

7. As dimensões ética, bioética e humanística, com conteúdos


alinhados/articulados aos diferentes contextos, de forma a desenvolver atitudes
e valores orientados para a cidadania e a garantia dos direitos.

8. A preservação do planeta por meio da educação ambiental e ecologia política,


problematizando a atual estrutura política, econômica e social e as relações de
poder, de forma a permitir uma ação técnica que respeite o humano, os seres
sencientes, o ambiente e a sociedade, contribuindo para a incorporação de
novos hábitos, tecnologias e práticas sociais.

10. A abordagem de temas transversais no currículo, que envolvam


conhecimentos, vivências e reflexões sistematizadas acerca dos direitos
humanos e dos seres sencientes, das experiências e das necessidades das
pessoas com deficiência, em sofrimento psíquico e em situação de
vulnerabilidade e/ou violência, bem como no que diz respeito à história da cultura
e diversidade étnico-raciais, geracionais, de gênero, de identidade e de
orientação sexual.

11. A ampliação dos processos de comunicação incluindo a comunicação


aumentativa e alternativa, o ensino de LIBRAS e de tecnologias de informação,
em apoio aos processos terapêuticos-ocupacionais.

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12. A identificação de oportunidades e de desafios na organização do trabalho
nas redes de serviços de saúde, educação, assistência social, previdência
social, esporte, lazer, justiça e cidadania, trabalho, cultura e meio ambiente,
reconhecendo que todos são cenários de possível intervenção e nele se deve
assumir e propiciar compromissos com a qualidade da atenção ofertada às
pessoas, aos grupos, coletivos e às populações.

13. O conhecimento sobre as resoluções e normativas de seus conselhos e


associações da categoria profissional.

Art. 10º
O projeto pedagógico do Curso de Terapia Ocupacional deve ser construído
coletivamente, com a participação do terapeuta ocupacional desde a sua
concepção, e com reavaliações periódicas realizadas por um colegiado com
representação de professores, estudantes e técnicos. O projeto pedagógico
deve ser centrado nos estudantes como sujeitos corresponsáveis da
aprendizagem e nos professores como ativadores e mediadores dos processos
de ensino-aprendizagem. Deve buscar envolver e desenvolver a curiosidade, a
formulação de questões, a busca de respostas, a construção de sentidos para a
identidade profissional, com base na reflexão sobre os próprios conhecimentos
e práticas e no compartilhamento de saberes com pessoas, grupos, coletivos e
populações e com profissionais de diferentes áreas do conhecimento.

Art. 11 º
As diretrizes curriculares e o projeto pedagógico devem orientar o currículo do
Curso de Graduação em Terapia Ocupacional para a definição do perfil
acadêmico e profissional do egresso. Este currículo deverá considerar as
demandas locais, regionais, nacionais e mundiais, respeitando o pluralismo e
diversidade social, político, cultural e ambiental. O projeto pedagógico do curso
deverá ser composto por conteúdos fundamentais para a formação do terapeuta
ocupacional, articulados a atividades complementares e módulos/disciplinas
optativas que contemplem as particularidades regionais, os temas atuais e as
necessidades e expectativas dos estudantes, dos serviços e dos docentes, em
consonância com parâmetros e normativas para a educação nacional. O projeto

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pedagógico do curso deve ter como base a flexibilidade, a diversidade e o
dinamismo do conhecimento, da ciência e da prática profissional, assim como o
protagonismo estudantil na construção do seu percurso acadêmico.

§ 1º O projeto pedagógico deverá tomar como parâmetro as DCNs, no que tange


a inovações e qualidade pretendida.

Art.º 12
A organização do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional deverá ser
definida pelo respectivo colegiado do curso ou estrutura equivalente, que
indicará a modalidade: seriada anual, seriada semestral, sistema de créditos ou
modular. Os projetos pedagógicos e os componentes curriculares dos Cursos de
Graduação em Terapia Ocupacional devem contemplar atividades teórico-
práticas e estar relacionados aos processos de promoção e garantia de direitos,
de exclusão-inclusão e participação social, bem como aos processos de saúde-
doença, de funcionalidade e de incapacidade. Deve-se, ainda, considerar os
contextos familiares, territoriais e comunitários, referenciados nas realidades
locais, proporcionando a integralidade das intervenções, a interdisciplinaridade
e intersetorialidade da atenção e do cuidado e a educação interprofissional.

Art. º 13.
Para a finalização do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional o estudante
deve elaborar um trabalho de conclusão de graduação, sob orientação docente,
que contribua para a produção científica e de conhecimento em Terapia
Ocupacional.

Parágrafo único: Os processos e procedimentos afetos ao trabalho de conclusão


de graduação deverão possuir regimento próprio e estarem em consonância com
o projeto pedagógico do curso.

Art. º 14
A estruturação dos Cursos de Graduação em Terapia Ocupacional deverá
assegurar que:

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1. A formação do terapeuta ocupacional ocorra na modalidade de ensino
presencial, tendo em vista as características do cuidado prestado pelo terapeuta
ocupacional, exigindo interação pessoal in loco do contexto, das condições das
pessoas, grupos, coletivos e populações, das dificuldades e potencialidades
para uma vida autônoma, o que requer observação direta, manejo, avaliação,
planejamento e intervenção presenciais, com relação direta entre professor e
estudante.

2. As atividades práticas específicas de Terapia Ocupacional sejam


desenvolvidas gradualmente, a partir do início do Curso de Graduação em
Terapia Ocupacional, devendo possuir complexidade crescente, desde a
observação até a prática assistida. Espera-se que tais atividades componham
pelo menos 1000 horas, conforme padrões preconizados mundialmente pela
área.

3. As IES possam flexibilizar suas propostas curriculares, para enriquecê-las e


complementá-las, a fim de permitir ao futuro profissional o acesso a novos
conhecimentos, considerando os valores, os direitos e a complexidade da vida,
como também que os

4. Os conteúdos curriculares sejam diversificados e equilibrados, contemplando


as diferentes áreas de conhecimento e atuação, os níveis de organização dos
sistemas e políticas, os recursos educacionais, terapêuticos ocupacionais,
tecnológicos, entre outros, para assegurar a formação generalista.

Art.º 15
O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional e o
processo ensino-aprendizagem deverão ser acompanhados, avaliados e
revisados permanentemente, considerando: a consonância com a IES à qual
pertence, o contexto contemporâneo de atuação do profissional e as políticas
públicas vigentes relacionadas às áreas de inserção do terapeuta ocupacional,
além de convenções e acordos internacionais.

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§ 1º As avaliações dos estudantes deverão basear-se no perfil do egresso
pretendido, nos conteúdos curriculares desenvolvidos, tendo como referência as
Diretrizes Curriculares Nacionais.

§ 2º O Curso de Graduação em Terapia Ocupacional deverá utilizar


metodologias participativas e dialógicas, assim como critérios para avaliação e
acompanhamento do processo ensino-aprendizagem e do próprio curso, em
consonância com o sistema de avaliação e dinâmica curricular definidos pela
Instituição de Ensino Superior à qual pertence.

Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-
se a Resolução CNE/CES. Data atualizada.

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