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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica
DQOI - UFC Prof. Nunes

Disciplina: Química Orgânica II


O conteúdo será distribuído em 06 unidades

1. Reações de Adição a Compostos Insaturados


2. Reações de Compostos Aromáticos
3. Reações de Substituição/Eliminação
4. Reações de Álcoois, Fenóis e Éteres
5. Reações de Aldeídos e Cetonas
6. Reações de Ácidos Carboxílicos e Derivados

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Livros Texto
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2
Química orgânica e os fármacos -Taxol
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pode ser esterificado ou removida


sem perda de atividade

anel A OH em posição a
essencial ativo
grupo lipofílico
essencial se removido, aminado
ou epimerizado,
mantém
a atividade

OH, CH3CO anel oxietano


OH livre ou grupo
inativo essencial
hidrolisável é
essencial
grupo benzoíla
essencial

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Departamento de Química Orgânica e Inorgânica


Química Orgânica II

Reações de Adição
a Alcenos e Alcinos

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Departamento de Química Orgânica e Inorgânica


Química Orgânica II

Reações de Adição
a Alcenos

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Estrutura de Alcenos
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Alcenos são hidrocarbonetos que contêm uma dupla ligação C=C.

Esta ligação dupla confere aos alcenos uma estrutura planar com
uma densidade rica de elétrons acima e abaixo do plano.

Sendo assim, os alcenos são altamente reativos frente a espécies


deficiência de elétrons, os eletrófilos.

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Reações de Adição
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A reação característica de compostos com ligações duplas C=C é


uma reação de adição eletrofílica, onde uma ligação p é quebrada
com a formação de duas ligações sigma.

Adição de

• A ligação π é rica em elétrons, podendo compartilhar um par de elétrons


para um eletrófilo (ácido de Lewis);
• Alcenos e alcinos comportam-se como nucleófilos (bases de Lewis)

Tratam-se, portanto, de reações exotérmicas (DH<0)


➢ As quais favorecem a
espontaneidade da reação.
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Reações de Adição
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ligação p ligação s ligação s ligação s

Ligações quebradas Ligações formadas

DH<0 exotérmica

Ligações quebradas - Ligações formadas


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Reações de Adição
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ligação p ligação s ligação s ligação s

Ligações quebradas Ligações formadas

Com relação à entropia da reação, temos que DS<O, uma vez que
2 moléculas formarão apenas uma, diminuindo a desordem do sistema.

(-) + (-)

(-) espontânea
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Reações de Adição
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Como veremos nesta unidade, diversos grupos podem ser adicionados à


dupla ligação, levando à obtenção de muitos grupos funcionais.

Este fato torna os alcenos importantes ferramentas sintéticas.

Adição de

Adição de

Adição de

Adição de

Adição de

Adição de

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Reações de Adição Eletrofílica
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• Alcenos e alcinos comportam-se como bases ou como nucleófilos:

bases

nucleófilos
Adição Eletrofílica de HX a Alcenos
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Em um grande número de reações de adição, o reagente que ataca o


alceno é polar ou facilmente polarizável.

Os haletos de alquila são polarizados e estão entre as substâncias mais


simples que se adicionam aos alcenos.

A adição ocorre rapidamente podendo ser utilizado uma variedade de


solventes.

alceno Haleto de hidrogênio Haleto de alquila

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Adição Eletrofílica de HX a Alcenos
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Neste exemplo, o alceno é simétrico. No entanto, nos casos em que o


alceno é assimétrico, o posicionamento final de H e X deve ser
considerado.

No exemplo a seguir, há duas possíveis posições vinílicas, onde X pode


ser adicionado:

posições vinílicas onde X vai?


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Regiosseletividade x Reações de Adição
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A regioquímica de uma reação foi investigada há mais de um século atrás.

nenhum grupo alquila

2 grupos alquila

Teoricamente, o H do ácido poderia se adicionar aos carbonos 1 ou 2.

Todavia, na prática, apenas um produto é usualmente obtido – aquele


formado a partir da adição do hidrogênio ao carbono menos substituído.

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Regiosseletividade x Reações de Adição
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A análise de muitos exemplos semelhantes ao


anterior, levou o químico russo Vladimir Markovnikov,
em 1870, a formular a “Regra de Markovnikov”.

mais substituído

menos substituído

Nas adições de HX a um alceno,


➢ H se ligará ao carbono da dupla menos substituído.
➢ X se ligará ao carbono da dupla mais substituído.
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Regra de Markovnikov
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Nas adições de HX a um alceno,


➢ H se ligará ao carbono da dupla menos substituído.
➢ X se ligará ao carbono da dupla mais substituído.

2-bromo-2-metilpropano

1. O alceno é protonado, formando um 2. O Íon brometo funciona como um nucleófilo


carbocátion intermediário e um íon brometo e ataca o carbocátion intermediário
16 1-cloro-1-metilciclopentano
Reações de Adição – Mecanismo
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O mecanismo da reação apresenta duas etapas.

1) transferência do próton para o alceno, formando um carbocátion


intermediário.

2) Ataque nucleofílico sobre carbocátion intermediário para a formação


do haleto de alquila.

transferência do próton ataque nucleofílico

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Reações de Adição – Mecanismo
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Qual a diferença entre intermediário


e estado de transição?
transferência do próton

[ET1]‡ Ataque nucleofílico

Energia [ET2]‡
livre

ataque nucleofílico

18 Coordenada da reação
Regra de Markovinikov x Mecanismo
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Na teoria, poderia ocorrer a protonação a qualquer uma das duas


possibilidades regioquímicas:

Formação do carbocátion secundário menos substituído,

ou formação do carbocátion terciário mais substituído.

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Regra de Markovnikov x Mecanismo
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Energia
livre
carbocátion 2o

carbocátion 3o

Quanto menor a barreira de energia para a formação do carbocátion,


➢mais rápida será sua formação e, consequentemente,
➢maior quantidade de produto oriundo deste carbocátion será
20 observada na reação.
Estrutura e estabilidade de carbocátions:
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• Carbocátions são planos (hibridização sp2)

• Dados termodinâmicos mostram que a estabilidade


dos carbocátions se eleva com o aumento da
substituição:
Estrutura e estabilidade de carbocátions:
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A estabilidade dos carbocátions é justificada por dois efeitos:


• Efeitos indutivos:
Elétrons de grupos alquilas relativamente grandes e mais polarizáveis,
podem se deslocar em direção a uma carga positiva vizinha.
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Efeito de hiperconjugação: Prof. Nunes

A interação entre o OM ligante σ (da ligação C-H) e o orbital p vazio age


estabilizando a carga positiva.

Quanto mais grupos alquilas, mais possibilidades existem para a


hiperconjugação.
POSTULADO DE HAMMOND
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Postulado de Hammond ou, alternativamente, o postulado


Hammond-Leffler - é uma hipótese que descreve a estrutura
geométrica do estado de transição em uma reação química
orgânica. Por George Hammond em 1955, o postulado afirma
que:
Se dois estados, como, por exemplo, um estado
de transição e de um intermediário instável,
ocorrem consecutivamente, durante um
processo de reação e têm quase o mesmo
conteúdo de energia, a sua interconversão vai
envolver apenas uma pequena reorganização
das estruturas moleculares.
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Pelo postulado de Hammond: a) Reação exotérmica com ET


“precoce” com estrutura que se assemelha aos reagentes e c)
Reação endotérmica com ET “tardio” que se assemelha aos
produtos.
Reação de Adição - Estereoquímica
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Em muitos casos, a hidroalogenação envolve a formação de um centro


estereogênico; por exemplo:

centro estereogênico

Nesta reação, um centro estereogênico é formado.

Portanto, dois possíveis produtos (R e S) são esperados, representando


um par de enantiômeros.

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Reação de Adição - Estereoquímica
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Os dois enantiômeros são produzidos em quantidades iguais (um


racemato).

Este resultado estereoquímico pode ser entendido pelo mecanismo


proposto, o qual tem como intermediário um carbocátion, o qual está
sujeito ao ataque por um nucleófilo de ambos os lados.

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Reação de Adição - Mecanismo
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Reação de Adição - Mecanismo
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Reação de Adição - Rearranjo de Carbocátions
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Na reação do 3-metil-1-buteno com HCl, segundo a Regra de


Markovnikov, deveríamos esperar a formação do 2-cloro-3-metilbutano
como o produto principal.

No entanto, o inesperado 2-cloro-2-metilbutano é formado


majoritariamente.

Podemos entender este resultado através de um mecanismo que


chamamos de Rearranjo do Carbocátion.

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Rearranjos de carbocátions
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Em alguma reações de adição verifica-se a ocorrência de rearranjos


estruturais:
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Rearranjos de carbocátions
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Em alguma reações de adição verifica-se a ocorrência de rearranjos


estruturais:
Rearranjos de Carbocátions
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Adição de HBr (via radicalar) a Alcenos
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Por um longo tempo, as reações de HBr com alcenos eram imprevisíveis.

Algumas vezes ocorriam segundo a regra de Markovnikov,

➢ mas em outras vezes, levava ao produto da adição anti-Markovnikov.

Adição Markovnikov

Adição anti-Markovnikov

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Adição de HBr (via radicalar) a Alcenos
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Em 1929, Morris S. Kharasch (Univ. de Chicago) realizou uma


investigação sistemática.

Ele descobriu que a adição anti-Markovnikov era promovida


quando peróxidos (ROOR) estavam presentes na mistura da
reação.

Purificando o 1-buteno, sempre o produto era formado de


acordo com a regra de Markovnikov.

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Adição de HBr (via radicalar) a Alcenos
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A regioquímica da reação pode ser controlada simplesmente pela


presença ou não de peróxidos no meio reacional

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Adição de HBr (via radicalar) a Alcenos
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1) Iniciação:
Etapa 1: Dissociação do
peróxido:

Etapa 2: Abstração do
átomo de hidrogênio do
HBr pelo radical alcoxi:
2) Propagação

Etapa 3: Adição do bromo


Radicalar ao alceno

Etapa 4: Abstração do
átomo de hidrogênio
do HBr pelo radical
bromo-alquila
3) Terminação
Adição Anti-Markovnikov - Mecanismo
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Reações de Adição Eletrofílica
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Formação de álcoois

1. Hidratação catalisada por ácido

2. Oximercuração (Hg(OAc)2)

3. Hidroboração (BH3)
Reações de Adição de H2O - Hidratação
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Um método pelo qual alcenos podem ser convertidos em álcoois é


através da adição de água (hidratação) à dupla ligação, sob condições
de catálise ácida.

As reações de hidratação seguem a Regra de Markovnikov, fornecendo a


formação de álcoois 2o e 3o, via carbocátions mais estáveis.

Vel. relativas

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Hidratação – Mecanismo e Regiosseletividade
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As reações de hidratação seguem a Regra de Markovnikov e, portanto,


não possibilitam a formação de álcoois primários.

Protonação do alceno Ataque nucleofílico da H2O

carbocátion íon oxônio

H2O atuando como uma base

íon oxônio

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Hidratação – Mecanismo e Regiosseletividade
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+
Hidratação – Estereoquímica
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Na reação de hidratação catalisada por ácido, o intermediário carbocátion


pode ser atacado por ambos os lados com igual probabilidade.

Portanto, quando um novo centro estereogênico é gerado, um racemato é


esperado.

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Mecanismo da Hidratação
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Mecanismo da Hidratação
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Reações de Oximercuração redução
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1. Dissociação do acetato de mercúrio em cátion (eletrofílico):

2. Cátion mercurínico sofre ataque nucleofílico dos elétrons π. O carbocátion tradicional não
é formado, já que o mercúrio possui elétrons livres capazes de interagir com a carga positiva
vizinha, formando uma ponte (íon mercurínio):
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Reações de Adição Eletrofílica
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O carbono mais substituído possui uma carga parcial positiva (δ+) em vez de
uma completa carga positiva:

Desta forma, o intermediário não sofrerá rearranjo de imediato, mas estará


sujeito a um ataque nucleofílico anti (tipo Markovnikov):
Reações de Adição Eletrofílica
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Reação de Oximercuração
• O carbono mais substituído possui uma carga parcial positiva (δ+) em vez de uma
completa carga positiva:

• Desta forma, o intermediário não sofrerá rearranjo, mas estará sujeito a um ataque
nucleofílico anti (tipo Markovnikov):

E. T. mais estável E. T. menos estável


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Redução oximercuração
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Reações de Adição Eletrofílica
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Atenção!!!
• Hidratação de alcenos tipo Markovnikov - ocorrência de rearranjos.

• Utiliza-se acetato de mercúrio (II), Hg(AcO)2, seguido de


redução com boro-hidreto de sódio (NaBH4)
Hidroboração-Oxidação de Alcenos
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Vimos que a hidratação de alcenos, catalisada por ácidos, ocorre com


regiosseletividade segundo a Regra de Markovnikov.

Todavia, às vezes, necessitamos de um álcool tendo a estrutura que


corresponde à hidratação de um alceno com regiosseletividade oposta
àquela determinada pela Regra de Markovnikov, como o exemplo abaixo.

Como proceder para obter álcoois menos substituídos que não seguem
a Regra de Markovnikov?

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Hidroboração-Oxidação de Alcenos
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Através de uma reação denominada hidroboração-


oxidação é possível obter álcoois com regioquímica
oposta daquela obtida a partir da hidratação de alcenos
(Regra de Markovnikov).

Tal procedimento foi descoberto pelo Prof. Herbert C. (1912-2004)

Brown, Perdue University. Com esta descoberta, o Prof.


Brown ganhou o prêmio Nobel em 1979.

utilização de boranos

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Reagentes para a Hidroboração-Oxidação
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A estrutura do borano (BH3) é semelhante a de um carbocátion, porém


sem a carga:

orbital p vazio

carbocátion borano (BH3)

O átomo de boro necessita de um par de elétron para completar o octeto


e, portanto, é muito reativo.

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Mecanismo da Hidroboração-Oxidação
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Hidroboração:

1a etapa é repetida
para cada ligação B-H

trialquilborano

O átomo de boro liga ao carbono menos substituído definindo a regioquímica da


reação. Isto se dá por 2 razões:

1. Considerações eletrônicas: No primeiro passo do mecanismo proposto, o


ataque da ligação π desencadeia uma mudança simultânea de hidreto. No
entanto, este processo não tem de ser perfeitamente simultânea. Este
desenvolvimento da carga parcial δ+ é favorecida em carbonos mais
substituídos – pseudocarbocátions mais estáveis.

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Mecanismo da Hidroboração-Oxidação
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2. Considerações estéricas: No primeiro passo do mecanismo proposto, ambos H e BH2


se adicionam através à ligação dupla simultaneamente.

Uma vez que o BH2 é maior do que H, o estado de transição será menos energético
se o grupo BH2 estiver posicionado no carbono menos substituído.

estado de transição estado de transição


de menor energia de maior energia
estado de transição
de menor energia

estado de transição
de maior energia

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Oxidação: Mecanismo
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Etapa 1: Peróxido de hidrogênio é convertido no correspondente ânion em solução básica.

peróxido de hidrogênio íon hidróxido íon peróxido água

Etapa 2: O Ânion do peróxido de hidrogênio atua como um nucleófilo, atacando o boro

Intermediário organoborano

Estado de transição Alcoxiborano


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Revisando o mecanismo
de hidroboração
Oxidação: Mecanismo
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Oxidação: Mecanismo
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Hidroboração-Oxidação: Estereoespecificidade
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Estereoespecificidade da hidroboração

Na hidroboração, quando a reação leva à formação de centro


estereogênico, ambos os enantiômeros são formados em decorrência da
adição sin a uma face do alceno.

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Hidroboração-Oxidação: Estereoespecificidade
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Agora considere o caso onde ocorre a formação de 2 centros


estereogênicos:

Neste caso, a ocorrência da adição sin a uma face do alceno determina o


par de enantiômeros que será formado.

Os dois outros isômeros não são formados.

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Adição de álcool
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Adição de ácido sulfúrico – H2SO4
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Reações de Adição de X2 - Halogenação
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Enquanto os alcanos são inertes frente ao bromo, os alcenos reagem


prontamente. O bromo (colorido) adiciona-se rapidamente às duplas
ligações, “descolorindo-se”.

Br Br t.a.
+
no escuro, CCl
Br Br
4

Tal comportamento faz com esta reação seja utilizada como teste
servindo de caracterização de duplas ligações em compostos orgânicos.

hexano hexeno
coloração
permanece descolore
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Teste de Insaturações com Br2
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Reações de Adição de X2 - Halogenação
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A halogenação envolve a adição de X2 (Br2 ou Cl2) a um alceno.

A reação com flúor é muito violenta, e a reação com iodo produz


frequentemente rendimentos muito baixos.

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Estereoespecificidade da Halogenação
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A estereoespecificidade das reações de halogenação pode ser explorada


nos casos onde 2 novos centros estereogênicos são formados.

Por exemplo, considere os produtos que se formam quando


ciclopenteno é tratado com bromo molecular (Br2):

Observe que a adição ocorre de tal forma que os dois átomos de


halogênio se encontram em lados opostos.

Este modo de adição é chamado de adição anti.

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Mecanismo da Halogenação
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O bromo molecular (Br2) é um composto apolar porque a ligação Br-Br é


covalente.

Todavia, a molécula pode ser polarizada temporariamente com a


aproximação de um nucleófilo, induzindo um momento de dipolo.

Este efeito coloca uma carga parcial positiva em um dos átomos de


bromo, tornando a molécula eletrofílica, susceptível ao ataque de um
nucleófilo.

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Mecanismo da Halogenação
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É razoável esperar que um alceno possa atacar o bromo polarizado.

Todavia, embora seja plausível, há uma falha fatal na presente proposta.

Especificamente, a produção de um carbocátion livre é inconsistente


com estereoespecificidade anti da halogenação que é observada.

70
Mecanismo da Halogenação
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Se um carbocátion livre fosse produzido no processo, então, ambas as


adições (sin e anti) seriam esperadas porque o carbocátion poderia ser
atacado por ambos os lados.

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Mecanismo da Halogenação
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O mecanismo abaixo é consistente com a adição anti.

íon bromônio

Neste mecanismo, ocorre a formação de um intermediário em ponte, em


vez de um carbocátion livre.

Este intermediário em ponte é denominado de íon bromônio.


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Adição de X2 - Mecanismo
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Adição de X2 - Mecanismo
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Adição de X2 - Estereoespecificidade
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O resultado estereoquímico para reações de halogenação é dependente


da configuração do alceno de partida.

Por exemplo, cis-but-2-eno irá produzir diferentes produtos daqueles


produzidos a partir do trans-but-2-eno:

cis-2-buteno

trans-2-buteno

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Formação de Haloidrinas
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Quando a bromação ocorre num solvente não-nucleofílico, tal como


CHCI3, o resultado é a adição de Br2 na ligação p.

No entanto, quando a reação é realizada na presença de água, o íon


bromônio, que é inicialmente formado, pode reagir com uma molécula
de água, em vez de brometo:

O íon oxônio é, então, desprotonado para gerar a haloidrina, neste


exemplo, uma bromoidrina.

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Regioquímica da Formação de Haloidrinas
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Na maioria dos casos, a formação de haloidrina é observada como sendo um


processo regiosseletivo. Especificamente, a hidroxila (-OH)
é geralmente posicionada na posição mais substituída:

O estado de transição para esta etapa irá suportar o


caráter carbocátion parcial. Isto explica porque a
molécula de água é observada para atacar o carbono
mais substituído.

77 íon bromônio
Formação de Haloidrinas
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Diidroxilação Anti de Alcenos
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A diidroxilação anti de alcenos é um método para a obtenção de dióis


vicinais, os quais podem apresentar configurações relativas cis ou trans,
dependendo dos reagentes escolhidos. A epoxidação seguida de
hidrólise leva à obtenção do diol trans.

epóxido diol trans

A primeira etapa do processo envolve a conversão do alceno em um


epóxido por um perácido (RCO3H).

epóxido
79
Diidroxilação Anti de Alcenos
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Na primeira parte do processo, um perácido (RCO3H) reage com o alceno


para formar um epóxido.

Perácidos assemelham-se estruturalmente aos ácidos carboxílicos,


possuindo apenas um átomo de oxigênio adicional.

ácido peroxiacético ácido meta-cloro-


perbenzóico (AMCPB)

80
Epoxidação de Alcenos – Mecanismo
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81
Epoxidação de Alcenos – Mecanismo
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82
Diidroxilação Anti de Alcenos
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A formação do diol trans é obtida a partir da protonação do epóxido,


seguida da abertura do epóxido através do ataque nucleofílico de uma
molécula de água.

epóxido
protonado diol trans

83
Diidroxilação Sin de Alcenos
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Dióis cis podem ser obtidos a partir de alcenos. Por exemplo, quando um
alceno é tratado com tetróxido de ósmio (OsO4), um éster de osmato cíclico é
produzido:

Éster de osmato cíclico

O tetróxido de ósmio adiciona-se ao alceno em um processo concertado. Em


outras palavras, ambos os átomos de oxigênio se ligam ao alceno
simultaneamente. Desta forma, ocorre a adição sin.

O éster de osmato cíclico pode ser isolado e, em seguida, tratado com sulfito
de sódio aquoso (Na2SO3) ou bissulfito de sódio (NaHSO3) para produzir um
diol cis.

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Diidroxilação Sin de Alcenos
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85
Diidroxilação Sin de Alcenos
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Um método diferente, embora mecanisticamente semelhante, para


alcançar diidroxilação sin envolve o tratamento de alcenos com
permanganato de potássio frio sob condições básicas:

não isolado

Embora o permanganato de potássio seja de mais baixo custo e menos


tóxico que o OsO4, ele é pouco utilizado por ser um reagente oxidante
muito forte, podendo levar à oxidação do diol produzido.

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Oxidação de Alcenos – Ozonólise
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Há muitos reagentes capazes de se adicionar a um alceno e clivar


completamente a ligação C=C.

Nesta seção, vamos explorar uma reação denominada de ozonólise.


Considere o seguinte exemplo:

Observe que a ligação dupla é clivada no meio, gerando duas carbonilas


(C=O).

87
Oxidação de Alcenos – Ozonólise
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O ozônio (O3) é composto com as seguintes estruturas de ressonância:

O ozônio (O3) reagirá com o alceno para produzir, um ozonídeo primário


inicial (ou molozonídeo), que sofre rearranjo para produzir um ozonídeo
mais estável:

ozonídeo inicial ozonídeo

88
Oxidação de Alcenos – Ozonólise
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Quando tratado com um agente redutor suave, o ozonídeo é convertido


em produtos pela ação de reagentes redutores moderados, tais como o
dimetil sulfeto, bissulfito de sódio ou Zn/H2O.

agente redutor moderado

ozonídeo

89
Oxidação de Alcenos – Clivagem Oxidativa
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Soluções de KMnO4 a quente levam à clivagem de alcenos e à obtenção


de ácidos carboxílicos.

O O
KMnO4 H+
-O HO
quente
OH- O O
-O HO

Outro exemplo:

O O
KMnO4 -O H+ HO
quente
OH- O O

90
Reação de Diels-Alder
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A cicloadição Diels-Alder é um exemplo de uma classe chamada reações


pericíclicas.

1,3-butadieno dienófilo Aduto Diels-Alder

Uma reação pericíclica é uma reação de uma etapa que procede através
de um estado de transição cíclico. A formação da ligação ocorre em
ambas as extremidades do sistema de dieno, e o estado de transição
envolve um arranjo cíclico de seis carbonos e seis elétrons p.

Estado de transição para


a cicloadição de Diels-
Alder

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Reação de Diels-Alder
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A mais simples de todas as reações de Diels-Alder, cicloadição do eteno


como o 1,3-butadieno, não procede prontamente. Ela tem uma alta
energia de ativação e, portanto, ocorre a uma baixa velocidade.

Entretanto, substituintes, tais como C=O ou C≡N, quando diretamente


ligados à dupla ligação do dienófilo, aumentam sua reatividade, e
compostos deste tipo dão adutos de Diels-Alder em altos rendimentos, a
temperaturas moderadas.

1,3-butadieno acroleina Cicloexeno-4-carboxaldeído


(100%)

92
Reação de Diels-Alder
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O produto de uma cicloadição de Diels-Alder sempre contém um anel a


mais que estava presente nos reagentes.

O dienófilo anidrido maleico contém um anel, assim o produto da sua


adição a um dieno contém dois.

2-metil-1,3-butadieno anidrido maleico 5-metil-3a,4,7,7a-


tetraidroisobenzofuran-1,3-
diona ou anidrido cis-1,2,3,6-
tetraidro-4-metilftálico
(100%)

93
Reação de Diels-Alder
DQOI - UFC Prof. Nunes

A reação de Diels-Alder é estereoespecífica.

Substituintes que são cis no dienófilo permanecem cis no produto.

1,3-butadieno cis-ácido cinâmico único produto

Ácido cis-6-fenilciclo-hex-3-
eno carboxílico

Substituintes que são trans no dienófilo permanecem trans no produto.

1,3-butadieno trans-ácido cinâmico único produto

94
Reação de Diels-Alder
DQOI - UFC Prof. Nunes

Dienos cíclicos levam à formação de adutos bicíclicos de Diels-Alder


com cabeça de ponte.

1,3-ciclopentadieno Fumarato de dimetila trans-dimetilbiciclo[2.2.1]ept-2-eno-


5,6-dicarboxilato

95
Reação de Diels-Alder
DQOI - UFC Prof. Nunes

96
Reação de Diels-Alder
DQOI - UFC Prof. Nunes

97
Hidrogenação Catalítica de Alcenos
DQOI - UFC Prof. Nunes

A hidrogenação catalítica envolve a adição de hidrogênio molecular (H2) a


uma dupla ligação na presença de um catalisador metálico finamente
dividido (Ni, Pd, Pt), por exemplo:

Neste processo, alcenos são reduzidos a alcanos.

98
Hidrogenação Catalítica de Alcenos
DQOI - UFC Prof. Nunes

A respeito das hidrogenações, sabe-se que:

➢ Altos rendimentos são normalmente obtidos.

➢ Solventes são normalmente escolhidos com base em suas


capacidades de dissolver o alceno, tipicamente são: etanol, hexano e
ácido acético.

99
Hidrogenação Catalítica de Alcenos
DQOI - UFC Prof. Nunes

O papel do catalisador

A hidrogenação catalítica é realizada por tratamento de um alceno com


gás H2 e um catalisador metálico finamente dividido (Pd, Pt, Ni), muitas
vezes sob condições de alta pressão.

O caminho sem o catalisador de


metal (azul) tem uma grande
energia de ativação (Ea), tornando
a reação muito lenta para ser de
uso prático.
Energia
livre
A presença de um catalisador
fornece uma caminho (vermelho)
com uma menor energia de
ativação, permitindo assim que a
reação ocorra mais rapidamente. sem catalisador
com catalisador

100 coordenada da reação


Hidrogenação Catalítica de Alcenos
DQOI - UFC Prof. Nunes

No exemplo abaixo, dois novos centros estereogênicos são formados:

Com dois centros estereogênicos, existem quatro possíveis produtos


estereoisoméricos (dois pares de enantiômeros). Todavia, somente
aqueles oriundos de uma adição sin são observados.

par observado par não observado


101
Hidrogenação Catalítica - Mecanismo
DQOI - UFC Prof. Nunes

Uma descrição mecanística que mostra o papel do catalisador


metálico é visto no esquema abaixo.

Adição do H2 ao metal

Superfície do transf. do primeiro H


catalisador

liberação do alcano

Regeneração do catalisador transf. do segundo H

102
Hidrogenação Catalítica - Mecanismo
DQOI - UFC Prof. Nunes

Adição do H2 ao metal Alceno reage com o metal

Transferência do primeiro H Transferência do segundo H

Liberação do alcano
Regeneração do catalisador
103
Hidrogenação Catalítica - Estereosseletividade
DQOI - UFC Prof. Nunes

Um segundo aspecto estereoquímico da hidrogenação de alcenos diz


respeito à sua estereosseletividade.

A reação que parte de um substrato que pode originar dois ou mais


produtos estereoisoméricos, mas um deles é obtido exclusivamente ou
em maior quantidade, é dita estereosseletiva.

a-pineno cis-pineno trans-pineno


(único produto) (não formado)

104
Hidrogenação Catalítica - Estereosseletividade
DQOI - UFC Prof. Nunes

A estereoquímica desta reação é governada pela maneira com que o


alceno se aproxima da superfície do catalisador.

a-pineno cis-pineno trans-pineno


(único produto) (não formado)

As duas metilas na cabeça de ponte impedem que a face superior do


alceno se aproxime do metal, impedindo a formação do último
composto.

105
Hidrogenação Catalítica - Mecanismo
DQOI - UFC Prof. Nunes

106
Universidade Federal do Ceará
DQOI - UFC Centro de Ciências Prof. Nunes

Departamento de Química Orgânica e Inorgânica


Química Orgânica II

Reações de Adição
a Alcinos

Prof. Nunes
107
Estrutura de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Alcinos são hidrocarbonetos caracterizados pela presença de uma


ligação tripla entre dois carbonos, ligações estas formadas pelos
compartilhamento de 3 pares de elétrons entre dois carbonos com
hibridação sp, garantindo à molécula uma estrutura linear.

108
Reatividade de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

As ligações C-H em alcanos e alcenos apresentam uma tendência muito


pequena de se ionizarem.

Todavia, os alcinos são um pouco mais ácidos, devido a maior


eletronegatividade dos carbonos sp que estabilizam melhor a base
conjugada formada.

etano eteno etino

109
Reatividade de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Diante de uma base muito forte, como NH2- ou RO-, alcinos são
desprotonados, levando à formação de ânions (acetiletos).

Estes carbânions são bons nucleófilos e podem atuar em reações de


substituição nucleofílica em carbonos sp3.

110
Reatividade de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Os carbânions também são bases fortes e podem promover reações de


eliminação diante de haletos de alquila.

CH3
H C C
H CH2 C Br

CH3

CH3
Br - + H C C H + H2C C

CH3

111
Redução de Alcinos – Hidrogenação Catalítica
DQOI - UFC Prof. Nunes

Os alcinos sofrem muitas das reações de adição que sofrem os alcenos.

Por exemplo, alcinos sofrem hidrogenação catalítica, assim como


alcenos o fazem:

No processo, o alcino consome dois equivalentes de hidrogênio


molecular:

112
Redução de Alcinos – Hidrogenação Catalítica
DQOI - UFC Prof. Nunes

não isolado

Sob estas condições, o alceno cis é difícil de ser isolado porque ele
sofre reação subsequente de hidrogenação no meio, levando à obtenção
do alcano.

113
Redução de Alcinos – Hidrogenação Catalítica
DQOI - UFC Prof. Nunes

No entanto, quando um catalisador parcialmente desativado é utilizado,


chamado um catalisador envenenado, é possível converter um alcino
num alceno cis (sem redução adicional):

catalisador
envenenado

Há vários catalisadores envenenados disponíveis para tal reação. O


mais utilizado, no entanto, é o catalisador de Lindlar.

catalisador de Lindlar =

quinolina

114
Redução de Alcinos – Hidrogenação Catalítica
DQOI - UFC Prof. Nunes

Catalisador
de Lindlar

esta etapa
é catalisada
esta etapa
NÃO é catalisada

sem catalisador

Energia com catalisador


livre

115 coordenada da reação


Hidrogenação de Alcinos - Estereoseletividade
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Os alcinos também podem ser reduzidos a alcenos trans por meio de


uma reação inteiramente diferente, a qual utiliza metal do grupo 1A em
amônia liquida.

Sob as condições reacionais, a redução se dá pelo seguinte mecanismo:

116
Hidrogenação de Alcinos - Estereoseletividade
DQOI - UFC Prof. Nunes

Na primeira etapa do mecanismo, um único elétron é transferido para o


alcino, gerando um intermediário que é chamado um ânion radical.

ânion radicalar

O intermediário mais estável (E), no qual os grupos R e R’ estão trans


um em relação ao outro, é formado mais rapidamente que o seu
estereoisômero (Z), e leva à formação preferencial do alceno (E).

respulsão

menor maior
energia energia
117
Adição de HX a Alcinos
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Anteriormente, vimos que alcenos reagem com HX via uma adição de


Markovnikov, adicionando um halogênio na posição mais substituída:

Uma adição Markovnikov similar é observada quando alcinos são tratados


com HX:

Quando o alcino de partida é tratada com excesso de HX, duas reações


sucessivas de adição ocorrerão, produzindo um dialogeneto geminal:

excesso

118
Adição de HX a Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Mecanismo

cátion vinílico

O mecanismo inicialmente proposto sugeria a formação de um


carbocátion vinílico, o qual nos ajudaria a entender a regiosseletividade
observada.

Especificamente, a reação ocorre através do carbocátion vinílico mais


estável (secundário) em vez do carbocátion primário menos estável.

mais estável que

carbocátion vinílico mais estável carbocátion vinílico menos estável

119
Adição de HX a Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Mecanismo

cátion vinílico

Infelizmente este mecanismo não é consistente com todas as


observações experimentais, tais como:

➢ carbocátion vinílicos não são particularmente estáveis;


➢ carbocátion vinílicos 2ºs são similares em energia aos 1os;

120
Adição de HX a Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Outro Mecanismo

Velocidade = K [alcino] [HX]2

Estado de Transição

121
Adição Radicalar de HX
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Anteriormente, vimos que alcenos reagem com HX na presença de


peróxidos adição de anti-Markovnikov, adicionando um halogênio na
posição menos substituída:

Uma reação similar é observada para alcinos. Quando um alcino terminal é


tratado com HBr (não com HCl ou HF) na presença de peróxidos, uma adição
anti-Markovnikov é observada.

➢ O Br é adicionado na posição terminal, produzindo uma


mistura de isômeros E e Z:

E Z
122
Adição de H2O – Hidratação
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Anteriormente, vimos que alcenos sofrem reação de hidratação através de


reação com H3O+. A reação processa-se através de uma adição de
Markovnikov, onde a hidroxila é adicionada na posição mais substituída:

Os alcinos também sofrem hidratação catalisada por ácido, mas a reação é


mais lenta do que a correspondente reação com alcenos. Todavia, a
velocidade de hidratação dos alcinos é marcadamente aumentada na
presença de sulfato mercúrico (HgSO4), que catalisa a reação:

123
enol cetona
Adição de H2O – Hidratação
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A hidratação do alcino produz um enol.

enol cetona

Uma importante propriedade dos enóis é que eles são convertidos a


aldeídos e cetonas sob as condições de sua formação.

O processo pelo qual enóis são convertidos a aldeídos ou cetonas é


chamado isomerismo ceto-enólico (ou tautomerismo ceto-enólico)

124
Hidroboração de Alcinos
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Alcinos também sofrem reações de hidroboração.

enol aldeído

Novamente, o enol não pode ser isolado, e é rapidamente convertido em


um aldeído através de tautomerização.

125
Hidroboração de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

A hidroboração-oxidação de alcinos procede através de um mecanismo


semelhante ao mecanismo de hidroboração-oxidação de alcenos.

estado de transição estado de transição


de menor energia de maior energia

estado de transição
de menor energia

estado de transição
de maior energia

Especificamente, o borano adiciona-se ao alcino num processo


concertado que resulta em uma adição de anti-Markovnikov.
126
Hidroboração de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Há, no entanto, uma diferença fundamental. Ao contrário de um alceno, que


só possui uma ligação p, um alcino possui duas ligações p.

➢ Como resultado, duas moléculas de BH3 podem se adicionar ao


alcino.

➢ Para evitar que a segunda adição, um borano de dialquila (R2BH) é


utilizado em vez de BH3.

➢ Os dois grupos alquilas proporcionam impedimento


estérico que evita a segunda adição.

Os dois boranos de dialquila mais utilizados são o disiamilborano e o


9-BBN:

127 disiamilborano 9-BBN


Hidroboração de Alcinos
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disiamilborano 9-BBN

Com estes boranos, a hidroboração-oxidação de alcinos é um eficiente


método para converter um alcino terminal em um aldeído.

128
Regioquímica da Hidratação
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A hidratação catalisada por ácido de um alcino terminal produz uma


metilcetona, enquanto a hidroboração-oxidação produz um aldeído.

metilcetona

aldeído

Em outras palavras, o resultado regioquímico de hidratação do alcino pode


ser controlado pela escolha de reagentes.

129
Adição de X2 a Alcinos
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Anteriormente, vimos que alcenos regem com Br2 ou Cl2 para produzir
um dialogeneto.

De modo análgo, alcinos também sofrem halogenação. Todavia, pelo


fato de possuírem duas ligações p ao invés de uma, pode,
sequencialmente, adicionar dois equivalentes do halogênio para formar
um tetra-halogeneto:

130
Adição de X2 a Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Em alguns casos, é possível adicionar apenas um equivalente de


halogênio para produzir um di-halogeneto.

Tal reação ocorre geralmente através de uma adição anti (assim como
vimos com alcenos), produzindo o isômero E como produto principal:

O mecanismo da halogenação de alcinos não é inteiramente entendido.

131
Ozonólise de Alcinos
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Quando tratado com ozônio (O3), seguido por água, alcinos sofrem
clivagem oxidativa para produzir ácidos carboxílicos:

Quando um alcino terminal sofre uma clivagem oxidativa, o lado


terminal é convertido em dióxido de carbono:

132
Ozonólise de Alcinos
DQOI - UFC Prof. Nunes

Décadas atrás, os químicos usavam a clivagem oxidativa para ajudá-los


em determinações estruturais.

Um alcino desconhecido poderia ser tratada com ozônio, seguido por


água, e os ácidos carboxílicos resultantes seriam identificados.

Esta técnica permitiu que os químicos identificassem a localização de


uma ligação tripla em um alcino desconhecido.

HOOCCH2CH2COOH

CH3(CH2)4C≡CCH2CH2C≡C(CH2)4CH3

133 CH3(CH2)4COOH

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