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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CAMPUS ALTO PARAOPEBA

DETERMINAÇÃO DE (-)-TERPINEN-4-OL EM ÓLEO DE MELALEUCA


POR CROMATOGRAFIA GASOSA

Relatório apresentado como parte das


exigências da disciplina Análise Instrumental
Aplicada a Bioprocessos Experimental sob
responsabilidade da professora Ana Maria de
Oliveira

Mariana Maciel Bertolino Diniz – 154200050

OURO BRANCO – MG
JULHO/2021
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RESUMO

Esta prática foi realizada com o objetivo determinar a concentração (-)-terpinen-4-ol em óleos
de melaleuca por cromatografia gasosa, a fim de determinar uma possível adulteração do
produto. Foi medido 2g do óleo da amostra 1 e dissolvido em 100mL de clorofórmio,2%(m/v),
e o mesmo feito com a amostra 2 para a sua análise. Preparou-se a curva analítica com cinco
concentrações definidas e injetou-se 1µL de cada concentração da amostra no cromatrógrafo
para medir o seu pico de resposta e a área gerada para a construção do gráfico e obtenção da
curva. O gráfico construído teve a relação Concentração x Área, onde o eixo x representa a
concentração e o eixo y a área e assim obteve-se a curva analítica, como foi realizado em
triplicata, obteve-se três gráficos para comparação e análise e assim realizou-se a triplicata na
medição das amostras e os valores de área encontrados foram colocados na equações das curvas
a fim de encontrar as concentrações do (-)-terpinen-4-ol. Dessa forma obteve-se as seguintes
equações das retas: y = 206214x – 52143, y = 205333x – 44808 e y = 207310x – 54283. Com
esses valores pode-se calcular as massas presentes nas amostras 1 e 2 e assim descobrir se houve
adulteração. De tal forma que se chegou à conclusão que o objetivo da prática de determinar a
concentração (-)-terpinen-4-ol em óleos de melaleuca por cromatografia gasosa, a fim de
determinar uma possível adulteração do produto foi realizado e que as concentrações da amostra
1 de Terpinen-4-ol 6,97±(0,03)mg/mL representando 34,85% (m/m) na amostra, dentro do
esperado e dos valores descritos na legislação, sendo um produto original e a amostra 2 com
concentração de Terpinen-4-ol de 4,20±(0,02) mg/mL representando 21%(m/m) na amostra
mostra que o produto é falsificado, o que também já se esperava e que o método de análise de
cromatografia gasosa é simples e muito bem aplicado para quantificar amostras complexas.
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1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Melaleuca é uma planta muito utilizada para extrair o óleo essencial a partir de suas
folhas, possuindo inúmeros benefícios. Este óleo pode ser usado como antisséptico ou na
desinfecção de feridas, já que tem propriedades bactericidas, outro benefício é que ajuda a
cicatrizar lesões na pele, reduzindo inflamações, outro benefício é a redução de acne,
melhorando a aparência da pele, que segundo o site Tua Saúde (2021), isso ocorre devido as
suas propriedades anti-inflamatórias e atenua a formação de novas espinhas, por ser bactericida,
o que inibe o crescimento da bactéria que causa a acne, a Propionibacterium acnes. Este óleo
ainda pode ser usado para tratar fungos nas unhas, candidíase, micose nos pés e no corpo e
ainda eliminar a caspa, porque tem propriedades fungicidas e calmantes, que além de ajudarem
a eliminar os fungos, aliviam também a coceira causada pela micose. O óleo de Melaleuca pode
ainda ser usado para prevenir o mau hálito, e em conjunto com outros óleos essenciais, como
lavanda ou citronela, pode ser usada para repelir insetos e eliminar piolhos.

Todos esses benefícios têm a ver com a presença de um composto chamado Terpinen-4-ol.
Segundo Bordini (2016), o Terpinen-4-ol é um biocida membrana-ativo, com ampla ação contra
bactérias gram-positivas, gram-negativas e bactérias multi-resistentes, a melaleuca é uma planta
nativa da Austrália, e seu óleo essencial é obtido através da destilação a vapor das folhas e
ramos terminais da árvore, ao qual obtém-se um óleo amarelo que é separado do destilado
aquoso. Este é composto por aproximadamente 100 componentes obtidos por cromatografia
gasosa e, por se tratar de uma planta a composição do óleo pode variar de acordo com a forma
de extração e a localização geográfica de sua obtenção, por estes motivos a ISO 4730 determina
que o padrão de concentração do Terpinen-4-ol deve possuir níveis acima de 30% da
composição da amostra para que seja considerado de qualidade.

Como citado acima o método para medir a composição do óleo é a cromatografia gasosa,
Skoog (2002) diz que, a cromatografia é um método diversificado e importante utilizado para
separar misturas complexas com componentes muito semelhantes, sendo impossível a
realização da separação de muitas dessas misturas por outros métodos. A cromatografia pode
ser classificada em dois modos, a planar, onde a fase estacionária é suportada por uma superfície
plana nos interstícios de um papel e em coluna, onde a fase estacionária é mantida dentro de
um tubo estreito, por onde a fase móvel passa por pressão que é o princípio da cromatografia
gasosa, onde a amostra é vaporizada e injetada dentro de uma coluna cromatográfica e a eluição
é feita por fluxo de um gás inerte que atua como a fase móvel.
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Tendo em vista os conceitos e que a prática tem como objetivo determinar a concentração
(-)-terpinen-4-ol em óleos de melaleuca por cromatografia gasosa, a fim de determinar uma
possível adulteração do produto. Prepararam-se duas amostras diferentes para serem analisadas,
onde pesaram-se 2g do óleo e diluíram-se em 100mL de solvente. Para preparar as curvas
analíticas em clorofórmio determinou-se concentrações e a partir dessas pipetou-se os volumes
calculados e descritos na tabela 1 a fim de preparar uma solução de 50mL, todos os
procedimentos foram feitos em triplicata.

Exemplo de cálculo para a primeira concentração:

𝐶𝑓 𝑉𝑓 1,65mg.50mL
𝐶𝑖 𝑉𝑖 = 𝐶𝑓 𝑉𝑓 𝑉𝑖 = 𝑉𝑖 =
𝐶𝑖 82,5𝑚𝑔/𝑚𝐿

Tabela 1 – Volumes pipetados para a preparação de cada padrão para a construção da


curva analítica do Terpinen-4-ol em clorofórmio
Padrão Volume pipetado - Vi Concentração Estoque - Ci Cf Vf
(mL) (mg/mL) (mg/mL) (mL)
P1 1,00 82,50 1,65 50
P2 2,00 82,50 3,30 50
P3 3,00 82,50 4,95 50
P4 4,00 82,50 6,60 50
P5 5,00 82,50 8,25 50

Com esses volumes calculados, preparou-se as amostras para a leitura e confeccionou-


se a curva analítica do Terpinen-4-ol em clorofórmio, os gráficos gerados são visualizados na
figura 1.

Tabela 2 – Gráficos das curvas analíticas em clorofórmio, onde A: primeira replicata, B:


segunda replicata e C: terceira replicata
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As curvas obtidas a partir dos gráficos para cada replicata com os respectivos
coeficientes de correlação foram as seguintes:

1ª replicata: y = 206214x – 52143 R² = 0,997

2ª replicata: y = 205333x – 44808 R² = 0,9984

3ª replicata: y = 207310x – 54283 R² = 0,9998

Como as análises feitas foram por cromatografia gasosa, há a eliminação do efeito de


matriz, sendo assim observa-se que as curvas são próximas entre si e os coeficientes de
correlação das mesmas bem alto, indicando que estas são boas para utilização. A partir das
mesmas e com os resultados das áreas obtidos para as amostras calculou-se as concentrações
das mesmas e depois realizou-se o cálculo de suas médias todas descritas na tabela 2.

Exemplo do cálculo da concentração primeira replicata da amostra 1 para a primeira


replicata da curva analítica:

y + 52143
y = 206214x – 52143 206214x = y + 52143 𝑥 = 𝑥
206214
1.357.564 + 52143
=
206214

𝑥 = 6,84𝑚𝑔/𝑚𝐿

Tabela 2 - Cálculo das concentrações para cada replicata e curva da Amostra 1


Concentração (mg/mL)
Área Curva 1 Curva 2 Curva 3
Replicata 1 1.357.564 6,84 6,83 6,81
Replicata 2 1.417.225 7,13 7,12 7,10
Replicata 3 1.386.556 6,98 6,97 6,95
Média 6,98 6,97 6,95

De posse dos cálculos efetuados montou-se a tabela 3 com as médias, desvio padrão,
incerteza, erros e dispersão da amostra 1.

Tabela 3 – Valores médios, desvio padrão, incerteza, erros e dispersão da Amostra 1

Média (mg/mL) DP IC Er de cada média (%) Er médio (%) Dispersão (%)


6,97 0,01 0,03 0,15 0,15 0,20
0,07
0,23
Concentração 6,97±(0,03) mg/mL
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A concentração de Terpinen-4-ol na amostra 1 é de 6,97±(0,03) mg/mL.

Os cálculos realizados para a amostra 1 foram os mesmos feitos para a amostra 2 e assim
encontram-se seus cálculos e as médias, desvio padrão, incerteza, erros e dispersão da amostra
2 nas tabelas 4 e 5.

Tabela 4 - Cálculo das concentrações para cada replicata e curva da Amostra 2

Concentração (mg/mL)
Área Curva 1 Curva 2 Curva 3
Replicata 1 814.423 4,20 4,18 4,19
Replicata 2 815.983 4,21 4,19 4,20
Replicata 3 816.865 4,21 4,20 4,20
Média 4,21 4,19 4,20

Tabela 5 – Valores médios, desvio padrão, incerteza, erros e dispersão da Amostra 2

Média (mg/mL) DP IC Er de cada média (%) Er médio (%) Dispersão (%)


4,20 0,01 0,02 0,23 0,16 0,21
0,19
0,05
Concentração 4,20±(0,02) mg/mL

A concentração de Terpinen-4-ol na amostra 2 é de 4,20±(0,02) mg/mL.

Com esses valores achamos a porcentagem de Terpinen-4-ol nas amostras 1 e 2, para


isso realizam-se cálculos simples, como uma regra de três, utilizada como exemplo a seguir,
para o cálculo da porcentagem na amostra 1.

Exemplo do cálculo da porcentagem de Terpinen-4-ol na amostra 1:

Concentração: 2%(m/v) = 2g de óleo em 100mL de clorofórmio

6,97mg/mL : 1mL − − − − − −6,97mg de Terpinen − 4 − ol


100𝑚𝐿 − − − − − −𝑥
100𝑚𝐿𝑥6,97mg de Terpinen − 4 − ol
𝑥=
1mL
𝑥 = 697𝑚𝑔 = 0,697𝑔

Sendo assim, se 2g é a massa de óleo analisada, representa 100%, então a massa de


Terpinen-4-ol na amostra, no valor de 0,697g representa: 34,85%, ou seja, 34,85%(m/m) e da
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mesma forma são feitos os cálculos para a amostra 2, encontrando assim uma massa de 0,42g
de Terpinen-4-ol na amostra e uma porcentagem de 21% (m/m).

De posse desses resultados e pelo que foi dito no começo do relatório comprova-se que
a amostra 1 é um produto original, com a composição acima do mínimo estipulado pela ISO
4730 e que a amostra 2 é falsificada, pois a concentração do Terpinen-4-ol encontra-se 30%
abaixo do mínimo permitido por esta mesma legislação.

Dessa forma pode-se ver que o método foi realizado de forma objetiva, segundo Harris
(2012) antes de desenvolvermos o método cromatográfico necessita-se definir o objetivo da
análise e, a chave para o sucesso é dispor de uma amostra sem contaminação e isso implica na
escolha da preparação da amostra, a fim de isolar os componentes voláteis da matriz. Pode-se
dizer que esse preparo se deu de forma correta ao observar as curvas analíticas, com os valores
das curvas, onde as triplicatas encontram-se bem próximos, assim como suas inclinações e
equações.

Pode se ver os motivos do emprego da cromatografia gasosa para a quantificação dos


elementos, como Skoog (2002) diz, o crescimento rápido do uso desse método deve-se a sua
simplicidade e custo relativamente baixo e a sua ampla aplicação como ferramenta de
separação. Assim os valores encontrados, estavam dentro do previsto no ínico da realização da
prática, realizando o objetivo de determinar a concentração (-)-terpinen-4-ol em óleos de
melaleuca por cromatografia gasosa, a fim de determinar uma possível adulteração do produto.

2. CONCLUSÃO

Conclui-se assim que o objetivo da prática de determinar a concentração (-)-terpinen-4-ol em


óleos de melaleuca por cromatografia gasosa, a fim de determinar uma possível adulteração do
produto foi realizado e que as concentrações da amostra 1 de Terpinen-4-ol 6,97±(0,03)mg/mL
representando 34,85% (m/m) na amostra, dentro do esperado e dos valores descritos na
legislação, sendo um produto original e a amostra 2 com concentração de Terpinen-4-ol de
4,20±(0,02) mg/mL representando 21%(m/m) na amostra mostra que o produto é falsificado, o
que também já se esperava e que o método de análise de cromatografia gasosa é simples e muito
bem aplicado para quantificar amostras complexas.
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REFERÊNCIAS

Bordini, E. A. F. Avaliação dos fatores de virulência, atividade antimicrobiana e


viabilidade celular de bactéria cariogênica na presença do Terpinen-4- ol: estudo in vitro
/ Ester Alves Ferreira Bordini.-- Araraquara: [s.n.], 2016. 54 f. ; 30 cm.

HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. Trad. Oswaldo Esteves Barcia, Júlio Carlos
Afonso – 8ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

SKOOG, D. A; HOLLER, F.J; NIEMAN, T.A. Princípios de Análise Instrumental. Trad.


Ignez Caracelli. – 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

TUASAUDE. O que é e para que serve a Melaleuca. Disponível em:


https://www.tuasaude.com/melaleuca/. Acesso em: 04 Jul. 2021.

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