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Darcisio A Müller

Advogado – OAB/SC 17.504


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO
TRABALHO DE VIDEIRA – ESTADO DE SANTA CATARINA
Unidade Judiciária Avançada de Fraiburgo

JOVANE DE OLIVEIRA, já devidamente


qualificado, nos autos da Ação Trabalhista – 01035-2004-020-12-
00-7, movido contra FISCHER FRAIBURGO AGRICOLA LTDA, através de
seu advogado infra-assinado, vem respeitosa e tempestivamente à
presença de Vossa Excelência, apresentar

IMPUGNAÇÃO AO LAUDO TÉCNICO


PERICIAL

1. Preliminarmente
Da Impugnação do Perito Nomeado

A perícia apresentada nos autos supra não


merece credibilidade, eis que eivada de erro substancial quanto
as observações a que deveria ter se atido o Sr. perito quando da
feitura da perícia in loco e principalmente aos documentos
juntados aos autos com relação dos EPI’s fornecidos pelo
demandado além da falta de qualificação técnica do perito.

O autor impugna a nomeação do perito


nomeado pelo Juízo eis que o mesmo não possui qualificação
técnica para tal mister, pois se trata de Engenheiro

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Eletricista, quando na realidade deveria ser médico, que o
profissional em questão não tem formação para atividade, pois se
trata de discussão sobre adicional de insalubridade.

A averiguação das condições de


insalubridade somente pode ser efetivada por "expert" com
qualificação profissional técnica e científica, já que apenas ao
médico do trabalho cabe avaliar os efeitos e as conseqüências
para a saúde do obreiro.

Nesse sentido convergem os seguintes


arestos do e. TRT12, in verbis:

INSALUBRIDADE. NULIDADE DE PERÍCIA.


Perícia de insalubridade elaborada por
engenheiro do trabalho contém vícios
insanáveis, por ausência de medição de
agentes insalutíferos e de exame de
agentes químicos (TRT-SC: RECURSO
ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO nº 1432/92,
ARARANGUÁ, REL. C. A. GODOY ILHA, in DJ
de 09.6.92, pág. 33).

PERÍCIA DE INSALUBRIDADE. PERITO NÃO


QUALIFICADO. Interpretação dos artigos
195 da CLT e 145 do CPC. As regras
cogentes insculpidas nos artigos 195 da
CLT e 145 do CPC direcionam a nomeação
dos experts à qualificação profissional,
técnica e científica correspondente ao
fato periciado, donde resulta lógico que
nas perícias para a averiguação de
condições insalubres, vinculadas à
medicina do trabalho, somente se aceita
como louvado o médico do trabalho,
faltando formação profissional específica
aos engenheiros, como falta aos médicos
para a realização de exames dirigidos às
condições de periculosidade (inteligência
dos textos citados) (TRT-SC: RECURSO
ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO nº 1811/92, XANXERÊ,
REL. ANTÔNIO CARLOS FACIOLI CHEDID, in DJ
de 06.7.92, pág. 25).

INSALUBRIDADE. PERÍCIA. NULIDADE. Nula é


a perícia feita por engenheiro para
verificar e classificar insalubridade no
local de trabalho (TRT-SC: RECURSO
ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO nº 2870/92, XANXERÊ,
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REL. J. L. MOREIRA CACCIARI, in DJ de
08.9.92, pág. 48).

Ementa: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.


QUALIFICAÇÃO DO PERITO. A averiguação das
condições de insalubridade somente pode
ser efetivada por "expert" com
qualificação profissional técnica e
científica, já que apenas ao médico do
trabalho cabe avaliar os efeitos e as
conseqüências para a saúde do obreiro.
Nulidade de perícia feita por engenheiro
do trabalho que se reconhece. Acórdão
10719/2000- Juiz C. A. Godoy Ilha -
Publicado no DJ/SC em 10-11-2000, página:
233.

Resta, portanto, ser anulada a perícia


realizada, pois não foi realizada por “expert” com qualificação
para tal conforme preceitua os arts. 195 da CLT e 145 do CPC.

2 – No Mérito
Dos Depoimentos
Inicialmente necessário dizer que não há
controvérsia em relação a função do autor, conforme informou o
Juízo às fls. 138, quando determinou a perícia in loco.

O autor informou que era formigueiro


desde que passou a experiência, e ainda informou que muitas
vezes não utilizava tais equipamentos porque ou não estavam
funcionando corretamente ou porque o responsável não tinha
pedido.

“Que quando não havia EPI é porque o


pessoal responsável não havia
solicitado.”

Igualmente a testemunha Alcemar


Rodrigues, em seu depoimento afirma:

“Que as vezes faziam uso de EPIs já


aparentando problemas de uso, como furos.
Que as vezes também não usavam. Que as
vezes não havia EPI porque o chefe da
fazenda não tinha feito ou porque, feito
o pedido, o material não tinha chegado.”

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A testemunha do demandado não merece
maior crédito além dos limites de seu depoimento, pois afirmou
que foi chefe do autor apenas por 10 meses:

“Foi chefe do autor por 10 meses.”

Do Fornecimento dos EPI’s


O “expert” informou em seu laudo pericial
que o autor só teve a função de formigueiro anotada em sua CTPS
em 01/09/2003, porém não se ateve ao fato de que o autor sempre
foi formigueiro logo após o período de experiência, ou seja,
desde outubro de 2001.

Veja ainda Vossa Excelência que a


primeira máscara fornecida para o autor era máscara para pó, e
só foi fornecida em 06/11/2002, ou seja, mais de um ano após o
autor ter iniciado suas atividades como formigueiro.

E ainda, a máscara completa só foi


fornecida em 11/03/2004, ou seja, quase no final do contrato de
trabalho, as luvas nitrílicas somente foram fornecidas em
29/08/2003.

Portanto, nota-se que o “expert”


preocupou-se em saber se o autor usava EPI’s, porém não se ateve
ao fato primeiro de saber se foi durante toda a contratualidade,
e segundo se tais equipamentos foram fornecidos na época certa
ou em datas bem além daquela em que o autor já deveria estar
fazendo uso das mesmas.

Resta dizer que por um longo período o


autor não recebeu nenhum EPI, e mesmo assim neste período o Sr.
Perito constatou que não seria o caso de insalubridade.

Se houvesse mais atenção aos fatos e


documentos juntados aos autos, constataria o “expert” que o
autor trabalhou em condições insalubres por muito tempo, visto
que a máscara completa, que elidiria a insalubridade a que o
autor estava exposto só foi entregue ao mesmo em 11/03/2004.

Portanto é de se concluir que por longo


período o autor trabalhou sem o uso dos equipamentos necessários
para amenizar ou elidir as condições insalubres em que o autor
trabalhou.

Baseia-se a conclusão pericial não nos


autos e fatos a ele pertinentes, pois o autor em vários momentos
utilizou os EPI’s, mesmo porque tais equipamentos de proteção

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individual não foram fornecidos conforme se observa na ficha de
EPI’s juntada aos autos pelo demandado.

Ademais não cabe ao Sr. Perito engenheiro


eletricista, a produção de provas além daquela a que está
incumbido, pois se fosse relevante o depoimento de outras
pessoas estranhas ao autos como é o caso do Sr. Francisco José
de Souza, com certeza a reclamada teria arrolado como
testemunha, demais cabe ao juízo a inquirição de testemunhas e
não ao perito técnico que apenas auxilia o juízo apresentando
seu laudo, do contrário não se precisaria da justiça para elidir
controvérsias.

Além do que é sabido de todos que o


simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não
o exime do pagamento do adicional de insalubridade, cabendo-lhe
tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da
nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do
equipamento pelo empregado.

Portanto Excelência, não merece acolhida


o Laudo Técnico Pericial, vez que realizada por perito sem
qualificação técnica além do que, não observou os fatos
atinentes aos autos, prova inequívoca de que o autor não
utilizou os EPI’s tão necessários ao desenvolvimento do seu
trabalho, devendo ser desconsiderado in totum.

3. Do Requerimento Final
Do exposto, requer se digne Vossa
Excelência, seja desconsiderado o Laudo Técnico Pericial, na sua
totalidade, pois eivado de erro e realizada por especialista em
área diversa da que seria necessário em caso de insalubridade,
qual seja, um médico do trabalho, além de condenar o demandado
ao pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo.

Espera o julgamento pela procedência do


pedido, por ser de direito e de Justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Fraiburgo (SC), 18 de janeiro de 2005.

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