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Ensaio publicado originalmente na coletânea de (1969) Four Essays on Liberty. Oxford: Oxford University Press.
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YAMAUTIi (2010) p.345 A questão da reprodução e da transformação da ordem nome perpectiva marxista.
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Subentenda-se neste artigo o uso do termo individual, principalmente em sua conotação compreendida pela
liberdade dada à pessoa Jurídica.
1 - O fundamento
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WEBER (1999) p.196 3-Dominação por meio de “organização”. Fundamentos da validade da dominação.
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ZIZEK (2008) p.34. 1-O sujeito, esse “judeu circuncidado interiormente” e 3-O Peso insuportável de ser merda
divina.
alienadoras e acumuladoras nomeadamente liberais e neoliberais. Com tal embasamento,
futuros estudos, poderão observar seus possíveis desdobramentos nas macro ontologias
monetárias, industriais, tributárias e financeiras legitimadas pelos Estados coniventes com a
coação dada pela lógica capitalista. Defendemos aqui que o exercício das soluções político-
ideológicas manifestas através dos condicionantes históricamente instituídos pelas práticas
alienantes características do modo de produção capitalista e legitimadas pelos Estados
coniventes com coação capitalista, devem, ao serem analisadas, levar em conta este
condicionate radical de natureza ideológica descrito por Berlin. Este condicionante, aqui
compreendido como hipótese orientadora implícita nas soluções político-ideológicas
exercitadas através das práticas características do modo de produção capitalista pode ser
compreendido, na análise de seu processo histórico, através das práticas políticas orientadas
por essa dimensão ideológica abstrata. Esta dimensão abstrata, compreendida pela possivel
conotação negativa atribuída ao termo liberdade, que é o tema tratado neste artigo; tais outras
dimensões subsequentes, previstas ou não, poderão ser objeto de estudos futuros embasados
nesta compreensão.
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BARROS (2008) p.153 Quadro 1 – Funções da Hipótese na pesquisa e no conhecimento científico.
2 - Os conceitos de liberdade positiva e liberdade negativa segundo Isaiah Berlin.
The freedom which consists in being one's own master, and the
freedom which consists in not being prevented from choosing as I do by other men,
may, on the face of it, seem concepts at no great 'negative’ notions of freedom
historically developed in divergent directions, not always by logically reputable
steps, until, in the end, they came into direct conflict with each other. (BERLIN
1969, pg.8).
7 BERLIN (1969) p. 1, 4, 6 e 7.
is so completely private as never to obstruct the lives of others in any way.
(BERLIN 1969, pg.3).
Podemos então observar como nesta tênue “fronteira que deve ser traçada entre
a àrea da vida privada e aquela da autoridade pública” reside o limiar ontológico das duas
possíveis conotações que podem ser atribuídas ao termo liberdade que estão sendo discutidas
aqui. E defendemos que reside aí o núcleo-duro abstrato capaz de orientar a conduta liberal e
seus desdobramentos enquanto base das práticas capitalistas. Resumidamente, a liberdade
positiva pode ser compreendida como: possibilidade, liberdade para exercitar uma
possibilidade e consequentemente manifestar alguma coação ou influência sobre outrem;
enquanto que a liberdade negativa pode ser compreendida como: preservação, liberdade para
se preservar de alguma influência externa oriunda da possibilidade que existe para outrem.
Para além da concepcão maniqueísta destas concepções diametralmente opostas, vemos como
a apropriação implícita daquilo que pode ser compreendido através dos conceitos acima
apresentados, manifesta possíveis contradições causadas pela possível compreensão
reducionista dada pela mudança de perspectiva causada pelas diferentes análises ontológicas.
3 –Contradições e generalizações
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E levem em conta aí também as pessoas jurídicas, Estados e outras organizações que gozam de direitos
semelhantes.
O raciocício contrário, que foca a possibilidade de se reduzir o exercíco da
liberdade enquanto valor positivo através do exercício da liberdade enquanto valor negativo é
válido apenas com grandes ressalvas capazes de descaracterizarem os fundamentos do
exercício da liberdade enquanto valor positivo. Na medida em que o exercício da liberdade
enquanto valor positivo é mediado pela percepção de seus agentes políticos e que este valor se
mostra na medida em que estes agentes exercitam suas pulsões políticas, aí reside implícita a
lógica necessidade de alguma medida de sobrevivência para o grupo que enverga tal projeto
político não suicida9 e que pretende instituir determinadas possibilidades reais acumuladas por
outros grupos ou indivíduos. Em suma, fora o caso do suicídio altruísta, ao mesmo tempo, o
indivíduo/grupo que enverga a liberdade enquanto valor positivo, necessita da preservação
garantida pela não interferência em seu projeto político. Portanto defendemos que reside aí
ama contradição centrada na conotação negativa atribuída ao termo liberdade na medida em
que esta instrumentaliza a preservação do grupo que leva adiante o exercício político das
possibilidades reais que, quando conquistadas, instituem, em certa medida, a interferência
evitada pela conotação negativa atribuída ao termo liberdade. Tal contradição característica
do processo político, pode ser compreendida como manifestação da emergênca da
necessidade de um salto ontológico recorrente no processo histórico do conflito entre os
grupos humanos e, que de maneira implícita, pode ser ilustrada pelos momentos de
“aceleração evolutiva” e “atualização histórica” presentes na epistême da obra “O processo
civilizatório10” de Darcy Ribeiro (2000) que não observa explicitamente11 o processo histórico
nesta dimensão de conflito ideológico, mas contribui para a compreensão ao ilustrar a
dinâmica do exercício das possibilidade técnico-científicas vividas pela civilizaçao humana
em sua sucessao de paradigmas. Esta obra que foca nas manifestações técnico-científicas que
geraram novas possibilidades, sintomáticas das condições reais dadas pelo avanço técnico-
científico dos povos em seu processo histórico, mostra como determinadas novas relações de
poder entre grupos humanos detentores de determinadas soluções técnico-científicas atuaram
nos processos de regressão e progressão civilizatório e mediaram (na medida em que
instituiram e exercitaram) tais possibilidades existentes para os numerosos casos analisados.
Compreendemos que estas são macro manifestaçaões do exercício das liberdades e
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Que nos sugere uma leitura comparada frente a compreensão Durkheimiana do fato social suicídio.
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RIBEIRO (2000) p. 26-34
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Ao construir sua teoria da evolução sociocultural, Darcy Ribeiro observa a emergência de formas
imperialistas de cunho neocolonial conflitando com formas socialistas evolutivas e revolucionárias num conflito
que, em sua dimensão ideológica, implicitamente utiliza das duas conotações dadas ao termo liberdade
discutidas acima.
possibilidades dadas pelas condições históricas reais providênciadas pelo processo histórico
de avanço humano no controle das forças naturais.
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PANITCH, Leo.; GINDIN, Sam (2004) analisam relação entre a indústria financeira Estadunidense e a
política interna/externa e observa uma ressignificação impondo a agenda da indústria financeira enquanto
condicão para os alívios causados pela baixa oferta de crédito na economia.
preservação (positiva e transpessoal) da ontologia coletiva enquanto práxis da manutenção de
uma ontologia diferente, mais complexa e abrangente. O indivíduo é o que é, apenas um
indivíduo; da mesma maneira a coletividade é o que é, uma coletividade; logo a complexidade
ontológica da coletividade não pode ser reduzida aos imperativos menos complexos de ordem
individual sob o risco de se descaracterizar a coletividade ao individualizá-la. Tal concepcão
somente será verdadeira se a realidade social se mostrar naturalmente antropomórfica,
totemista, em última instância.
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À ser refutada em futuros estudos.
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BARROS (2008) p.153 Quadro 1 – Funções da Hipótese na pesquisa e no conhecimento científico.
necessidade de utilizarmos um método interpretativo e comparativo entre obras teóricas de
diferentes bases epistemológicas que, indiretamente compreenderam o exercício das práticas
econômico-políticas orientadas pelas conotações atribuíveos ao termo liberdade analisadas
acima e exige a construção de etapas de estudo coerentes com a dimensão objeto selecionado.
5 – Conclusão
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A visão em Paralaxe, surge novamente como referência para possíveis estudos futuros.
BIBLIOGRAFIA
BERLIN, Isaiah. (1958) Two Concepts of Liberty. In: Isaiah Berlin (1969) Four Essays on
Liberty. - Oxford: Oxford University Press. Disponível, na data de 14/10/2012, em
http://www.wiso.uni-
hamburg.de/fileadmin/wiso_vwl/johannes/Ankuendigungen/Berlin_twoconceptsofliberty.pdf
ZIZEK, Slavoj. (2008) A Visão em Paralaxe / Slavoj Zizek, tradução de Maria Beatriz de
Medina. – São Paulo : Boitempo.