Você está na página 1de 19

RBGN – REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO DE NEGÓCIOS ISSN 1806-4892

© FECAP

ÁREA TEMÁTICA: MARKETING

Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado:


base de segmentação e métodos de classificação
Market Segmentation Methodology: segmentation basis and classification methods
Aspectos Metodológicos de la Segmentación del Mercado: base de segmentación
y métodos de clasificación
Ana Oliveira-Brochado 1

Francisco Vitorino Martins 2

Recebido em 08 de fevereiro de 2008 / Aprovado em 15 de maio de 2008
Editor Responsável: Roberto Coda, Dr.
Processo de Avaliação: Double Blind Review
 

Trabalho apresentado em versão preliminar (working paper) na Universidade do Porto – Portugal.

RESUMO ABSTRACT
O presente trabalho apresenta uma revisão da This work provides a comprehensive review of
literatura  sobre  segmentação  de  mercado, the literature on market segmentation, focusing
através de uma discussão em torno das bases de on  the  discussion  of  proposed  bases  and
segmentação e métodos de classificação. As bases classification methods. Multiple segmentation
de segmentação são organizadas em dois eixos – bases are detached, organized according to two
observáveis/não observáveis e gerais/específicas do axes – observable/ unobservable, general/specific
produto – e avaliadas em função das proprieda- of the product – and evaluated according to some
des  desejáveis  para  uma  segmentação  efetiva: criteria  that  must  be  satisfied  for  an  effective
identificabilidade, substancialidade, acessibilida- segmentation:  identifiability,  substantiality,
de, estabilidade, acionabilidade e grau de respos- accessibility,  stability,  actionability  and
ta. Os métodos de classificação são também orga- responsiveness. Classification methods are also
nizados em três classes, em função do formato da grouped  in  three  classes  –  nonoverlapping,
matriz de partição que produzem, a referir: não- overlapping and fuzzy, according to the format
sobreposta, sobreposta ou difusa. of the partition matrix they provide.
Palavras-chave: Key-words:
Segmentação de mercado. Segmentação efetiva. Market segmentation. Effective segmentation.
Base de segmentação. Análise classificatória. Segmentation bases. Classification analysis.
1. Doutora em Ciências Empresariais pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Instituto Superior Técnico, Departamen-
to de Engenharia Civil e Arquitectura [abrochado@civil.ist.utl.pt]
Endereço da autora: Instituto Superior Técnico – Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal.
2. Doutor em Ciências Empresariais pela Université Paris-Dauphine. Faculdade de Economia, Universidade do Porto [vmartins@fep.up.pt]
Endereço do autor: Faculdade de Economia, Universidade do Porto – Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 Porto, Portugal.

132
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

RESUMEN 2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO
El presente trabajo presenta una revisión de la
literatura sobre la segmentación del mercado, por O conceito de segmentação de mercado,
medio  de  una  discusión  en  torno  a  las  bases introduzido na literatura do Marketing por Smith
de segmentación y métodos de clasificación. Las (1956), inspira-se na teoria econômica da con-
bases de segmentación se estructuran sobre dos corrência imperfeita (ROBINSON, 1938) e é
ejes,  observables/no  observables  y  generales/ desenvolvido com base no pressuposto de que os
específicas del producto, y se evalúan en función bens e serviços não podem ser vendidos sem a
de las propiedades deseadas para una segmentación consideração das necessidades dos consumidores
efectiva:  identificabilidad,  sustancialidad, e  o  reconhecimento  da  sua  heterogeneidade.
accesibilidad, estabilidad, accionabilidad y grado Segundo o autor: “a segmentação de Mercado con-
de respuesta. siste em olhar para o mercado heterogêneo como
Los métodos de clasificación también se organizan um conjunto de mercados homogêneos em respos-
en tres clases, en función del formato de la matriz ta a diferentes preferências nos vários segmentos
de  partición  que  producen:  no  sobrepuestas, de mercado. É atribuído aos desejos dos consumi-
sobrepuesta o difusa. dores e utilizadores por uma satisfação mais pre-
cisa das suas necessidades diferenciadas” (SMITH,
Palabras clave: 1956, p. 4). Dez anos mais tarde, Brandt (1966,
Segmentación de mercado. Segmentación efectiva. p. 22) referia que tornara “praticamente impossí-
Base de segmentación. Métodos de clasificación. vel entrar num mercado numa base indiferenciada
com expectativa de sucesso”.
Passadas três décadas após a introdução
1 INTRODUÇÃO deste conceito (SMITH, 1956), Dickson e Ginter
(1987) reconheciam a existência de ‘falta de pre-
Apesar do problema base endereçado à cisão’ na utilização do termo ‘segmentação de
segmentação de mercado parecer simples – o agru- mercado’.  Alguns  autores  (BASS; TIGERT;
pamento de consumidores em grupos homogêneos LONSDALE, 1968; FRANK; MASSY; WIND,
– a segmentação de mercado é uma área muito rica 1972; SMITH, 1956; WILKIE; COHEN, 1977)
do Marketing, pautando-se por grandes desen- encaravam a segmentação de mercado como o
volvimentos metodológicos nas últimas décadas. reconhecimento da heterogeneidade no mercado
O presente trabalho propõe-se sintetizar conceitos e o desenvolvimento de uma estratégia para os
e classificações no âmbito da segmentação de mer- sub-mercados mais homogêneos. Haley (1968),
cado. No ponto 2 discute-se o conceito de segmen- Johnson (1971) e Mahajan e Jain (1978), entre
tação de mercado, apresentam-se os quatro níveis outros, utilizavam o termo segmentação para se
de segmentação de mercado e listam-se os requi- referir às atividades de identificação de grupos de
sitos necessários para uma segmentação efectiva. consumidores homogêneos. Dickson e Ginter
A identificação de segmentos de mercado depen- (1987) definiam a segmentação como um estado
de das bases (variáveis ou critérios) e dos métodos do mercado em que existe heterogeneidade da
usados para os definir – dimensões que tradicional- procura, permitindo a identificação de segmen-
mente estruturam a investigação em segmentação tos de mercado constituídos por diferentes fun-
de mercado. Deste modo, as bases de segmentação ções procura.
são organizadas e cada variável avaliada de acordo Recentemente, Wedel e Kamakura (2000,
com as propriedades desejáveis para os segmentos p. 5) apresentam uma definição abrangente para
de mercado (ponto 3). Os métodos de segmentação o conceito de segmentação de mercado, como
são apresentados e organizados em função do tipo sendo “um conceito teórico do marketing de par-
de partição que produzem: não sobreposta, sobre- tição do Mercado com procura heterogênea em
posta, difusa ou probabilística (ponto 4). sub-mercados com procura homogênea, com o
133
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

propósito de um ajustamento das marcas, produ- A empresa pode ainda praticar marketing por
tos, ou serviços às necessidades do consumidor, nichos, concebendo o seu programa de marketing
para determinar uma afetação mais lucrativa dos para sub segmentos que partilham necessidades
esforços de marketing” . comuns e em que existe menor concorrência.
Apesar de várias definições para o concei- No final do século XX e início do século XXI as
to de segmentação de mercado terem sido pro- empresas pautam-se igualmente por uma estraté-
postas e aperfeiçoadas, considera-se (WEDEL, gia de micromarketing, que inclui o marketing
1990; WEDEL; KAMAKURA, 2000) que a abor- local e o marketing individual, em que os progra-
dagem original de Smith (1956) mantém hoje o mas de marketing são concebidos para se ajustar
seu valor, tendo impulsionado desenvolvimentos às necessidades e desejos específicos de localiza-
ao nível da teoria e prática do marketing e, em ções  ou  indivíduos  específicos.  No  conceito
particular, de técnicas para a partição do mercado extremo do marketing individual cada consumi-
e validação dos grupos homogêneos identificados. dor é servido individualmente de acordo com as
A segmentação de mercado pode ser reali- suas necessidades (KOTLER et al., 2005). No
zada em vários níveis (KOTLER et al., 2005), des- entanto, segundo Dibb (2001), nem a estratégia de
de a ausência de segmentação (marketing de mas- micromarketing é adequada para todas as empre-
sas) até à segmentação completa (micromarketing), sas, nem todos os consumidores irão optar pelas
ou com recurso a abordagens intermédias (marketing oportunidades do marketing individualizado.
por segmentos ou marketing por nichos). Para um Conclui-se, portanto, que o desenvolvi-
grau de segmentação nulo, as empresas ignoram mento de uma estratégia de marketing depende
as diferenças entre os segmentos e oferecem o de forma crítica das condições actuais de mercado
mesmo produto, comunicação e distribuição a e da capacidade com que estas são percepcionadas
todo o mercado (marketing de massas). Esta abor- pela gestão da empresa. Os segmentos de merca-
dagem,  apesar  de  popular  durante  a  primeira do são definidos para melhor servir os consumi-
metade do século XX, revela-se atualmente pou- dores. A Figura 1 apresenta as quatro abordagens
co interessante. O marketing por segmentos, i.e., descritas, distribuindo-se no eixo horizontal em
quando a empresa adapta a sua oferta às necessi- função do grau de segmentação.
dades específicas de um ou vários segmentos, apre- A identificação de grupos consumidores
senta vantagens em relação à primeira abordagem. de acordo com diferentes graus de segmentação,

Marketing de Marketing por Marketing por


Micromarketing
massas segmentos nichos

*UDXGH
6HJPHQWDomR Agregado Desagregado

Figura 1 – Níveis de segmentação de mercado.
134
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

possui uma natureza empírica; no entanto, mesmo decisão relacionada com a especificação dos ins-
quando um mercado pode ser dividido em segmen- trumentos de marketing.
tos homogêneos, estes segmentos apenas serão Segundo Dibb (1999, 2005) apesar das van-
úteis se preencherem os requisitos para uma segmen- tagens conhecidas da segmentação de mercado,
tação efectiva. Seis critérios – identificabilidade, existem barreiras na implementação que podem
substancialidade, acessibilidade, estabilidade, capa- comprometer o seu sucesso. Com base no estudo
cidade de resposta e acionabilidade, ao influencia- de casos, Dibb (2005) concluiu que essas barreiras
rem a eficiência e os resultados de uma estratégia podem estar relacionadas com recursos (humanos,
de marketing, avaliam o sucesso da segmentação financeiros) ou com aspectos estruturais (estilos de
de mercado (FRANK; MASSY; WIND, 1972; liderança, envolvimento da gestão de topo, entre
TYNAN; DRAYTON, 1987; WEDEL, 1990; outros e realçou a importância da fase de planeja-
WEDEL; KAMAKURA, 2000). Estes requisitos mento de um estudo de segmentação de merca-
estão relacionados com atributos como a repre- do. Não obstante essas potenciais dificuldades de
sentatividade dos segmentos, homogeneidade, implementação, os resultados de um estudo de
utilidade e uso estratégico (ANTONIDES; VAN segmentação de mercado e a presença das proprie-
RAAIJ, 1998; VAN RAAIJ; VERHALLEN, 1994). dades desejáveis referidas dependem de uma sele-
De seguida apresenta-se uma pequena descrição ção adequada das variáveis de agrupamento e de
de conteúdo dos critérios mencionados:  C  – O 1
uma metodologia de análise de dados e de inter-
critério da identificabilidade é satisfeito se a utili- pretação de resultados. Deste modo, a investiga-
zação de bases de segmentação (facilmente reco- ção no contexto da segmentação de mercado é
lhidas) permitir uma identificação clara dos seg- tradicionalmente estruturada em duas dimensões:
mentos, em termos de dimensão e composição; bases de segmentação e métodos de classificação.
C – O critério do potencial de resposta é satisfei-

to se os segmentos responderem de forma homo-
génea intra-segmento e diferenciada inter-segmen- 3 BASES DE SEGMENTAÇÃO
to aos esforços de marketing a eles direccionados;
C  – A pertença aos segmentos, a acessibilidade,

Na identificação de grupos homogêneos,
a dimensão e o grau de resposta devem ser está- a primeira etapa técnica recai na seleção das bases
veis durante um período suficiente para a identi- de segmentação. Uma base de segmentação é defi-
ficação de segmentos, a implementação de uma ísticas, usadas para associar consumidores poten-
estratégia de marketing, e a produção de resulta- ciais a grupos homogêneos. Numa aplicação par-
dos; C  – A acessibilidade mede o grau com que

ticular, a sua escolha é função de dois elementos:
os gestores de marketing alcançam um segmento o propósito do estudo (por exemplo, desenvolvi-
alvo através de esforços promocionais e de distri- mento de um novo produto, seleção dos  media,
buição; C – A substancialidade de um segmento
5   
fixação do preço) e o mercado em análise (por
de mercado pode ser medida através do número exemplo, industrial, do consumidor, internacio-
de consumidores e do respectivo poder de com- nal). A utilização de diferentes variáveis ou crité-
pra, elementos necessários para capacitar acções rios conduzirá à obtenção de resultados distintos.
específicas de marketing, assegurando a rentabi- Frank, Massy e Wind (1972), no primei-
lidade de uma aposta nesse segmento. À medida ro livro sobre segmentação de mercado, propõem
que os conceitos de micromarketing e marketing uma classificação das bases de segmentação em
individual se tornam mais freqüentes, segmentos função de duas características:
rentáveis assumem cada vez menores dimensões;
no limite, o critério da substancialidade pode ser l natureza da variável (geral ou específica do
aplicado a cada consumidor individual; C  – Os 6 
produto);
segmentos são considerados acionáveis se forne- l natureza do processo de medida (objetivo
cerem os elementos necessários para a tomada de ou inferido).
135
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

As características socioeconômicas, demo- que estende a organização de Weinstein (1994)
gráficas, geográficas, culturais, bem como valo- apresenta as variáveis e respectivos elementos ou
res, padrões de personalidade e estilo de vida do categorias associados a cada um dos três tipos de
consumidor, sendo variáveis independentes de base de segmentação, demográfica, socioeconô-
qualquer produto ou serviço e das circunstâncias mica e geográfica. No contexto das bases demo-
particulares associadas ao processo de decisão de gráficas, destacam-se as variáveis:  dimensão da
compra ou de consumo, são consideradas bases família, idade, fase no ciclo de vida da família,
gerais. A freqüência de uso, a fidelidade à marca, gênero, orientação sexual e indicadores culturais.
elasticidades, atributos e intenções são alguns Os fatores monetários, as características da habi-
exemplos de variáveis específicas do produto. tação, a classe social e o agrupamento geodemo-
Os vários descritores dos consumidores gráfico integram as bases socioeconômicas. Quan-
(bases de segmentação) dentro de cada uma das to  às  bases  geográficas,  refiram-se  às  variáveis
categorias descritas diferem não só em relação à alcance do mercado e medidas geográficas do
natureza da variável, como também em relação à mercado.
natureza do processo de medida. Enquanto algu- Note-se que variáveis como o ciclo de vida
mas bases como características socioeconômicas da família, classe social e sistemas geodemográficos
ou freqüência de uso podem ser medidos de for- são variáveis compostas, definidas pela interação
ma objetiva, outras, como a personalidade e as de outras variáveis gerais observáveis (MICHMAN,
preferências, são inferidas. 1991).
O sistema de classificação proposto por
Frank, Massy e Wind (1972) e revisto por Wedel
(1990) e Wedel e Kamakura (2000), resulta em 3.2 Bases gerais não observáveis
quatro classes (Quadro 1).
As bases gerais não observáveis são desenvol-
vidas na década de 60 (WEDEL; KAMAKURA,
3.1 Bases gerais observáveis 2000) em resposta à necessidade de uma imagem
mais natural do consumidor e uma melhor com-
As bases de segmentação demográficas, preensão das suas motivações. Estas podem ser
geográficas e socioeconômicas são os principais agrupadas em três classes  (FRANK; MASSY; 1

descritores enquadrados na categoria das bases WIND,  1972; VAN  RAAIJ;  VERHALLEN,


gerais observáveis, populares na abordagem tradi- 1994; WEDEL; KAMAKURA, 2000): persona-
cional de segmentação de mercado. O Quadro 2, lidade, valores e estilo de vida.

Natureza da variável

Gerais Específicas do produto


Ocasiões de uso, estatuto de uso,
Variáveis geográficas, demográficas fidelidade (à loja, à marca), processo
Observáveis
e socioeconômicas de difusão e processamento de
informação
Benefícios, percepções, elasticidades,
preferências, intenções, psicográficas
Não Variáveis psicográficas, valores, (específicas do produto)
observáveis personalidade e estilo de vida

Quadro 1 – Classificação das bases de segmentação.
Fonte: Adaptado de Wedel e Kamakura (2000, p. 7).

136
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

7LSRGH%DVH 9DULiYHO (OHPHQWRVRXFDWHJRULDV


Dimensão da família Nº de elementos do agregado familiar
Classificações do ciclo de vida da família de
Idade e fase no ciclo de vida da família
Wells e Gubar (1966) e Murphy e Staples (1979)
Demográfica
Gênero Feminino, Masculino
Orientação sexual Homossexual, Heterossexual
Variáveis culturais Raça, nacionalidade e religião
Factores monetários Nível educacional, ocupação e rendimento
Casa própria YHUVXV arrendada, tipo de habitação,
Características habitacionais medidas de mobilidade (ANDREASEN, 1966) e
estabilidade da família
Socioeconômica
Classe social Sistemas de classificação social (MONK, 1978)
PRIZM µ3RWHQWLDO5DWLQJ,QGH[IRU=LS0DUNHWV¶
Agrupamento geodemográfico ACORD µ$&ODVVLILFDWLRQRI5HVLGHQWLDO
1HLJKERXUKRRGV ( E.U.A)
Alcance do mercado Global/regional/nacional/Local
Geográfica Dimensão populacional, densidade populacional,
Medidas geográficas do mercado
clima, mobilidade geográfica

Quadro 2 – Bases de segmentação gerais observáveis.

O escalonamento das preferências pessoais métricas (caixas, triângulos, retângulos, círculos e
de Edward´s ‘Edward´s Personal Preference Schedule’ curvas), às quais são associadas características de
EPPS (EDWARDS, 1970), é a ferramenta usada personalidade e profissões típicas (DELLINGER,
com maior freqüência para medir os aspectos 1989).
gerais da personalidade em marketing (WEDEL; Os valores e sistemas de valores são reconhe-
KAMAKURA, 2000). O teste proposto avalia cidos como uma base de segmentação de mercado
características dos indivíduos, como: realização, por Frank, Massy e Wind (1972). As duas ferramen-
deferência, método, exibicionismo, autonomia, tas mais utilizadas são a escala de valores de Rokeach
relacionamento, solidariedade, domínio, educa- (RVS), ‘Rokeach Value Survey’ (ROKEACH, 1973)
ção, humildade, estabilidade, resistência e agressi- e a lista de valores de Kahle (LOV), ‘List of Values’
vidade. Outras características da personalidade (KAHLE, 1983). O RVS é constituído por 18
usadas para a segmentação incluem o dogmatismo, valores terminais, (ou “...crenças ou concepções
consumismo, bem como o estilo religioso e cogni- sobre estados terminais de existência desejados...”)
tivo (GUNTER; FURNHAM, 1992). Riesman, e 18 valores instrumentais (ou “...crenças ou con-
Glazee e Denney (1961) propõem uma abordagem cepções sobre modos de comportamento desejá-
com três categorias, desenhadas para medir a orien- veis que são instrumentais para alcançar os dos
tação social de um indivíduo: orientação interna estados terminais desejados...”). Estes são ordena-
(‘inner-directed’)  –  utilização de valores próprios dos pelos indivíduos por forma a que a hierarquia
como guia para as ações; orientação externa (‘other definida  represente  a  importância  dos  valores
directed’) – dependência das pessoas em redor; orien- como princípios de orientação das suas decisões.
tação tradicional (‘tradition-directed’) – orientação Kahle (1983) propõe uma escala mais simples,
numa base tradicional. Um instrumento curioso constituída por nove valores terminais diretamente
classifica o consumidor através de 5 formas geo- relacionados com os papéis e as situações diárias.
137
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

Schwartz (1992) e Schwartz e Bilsky (1987, 3.3 Bases específicas do produto observáveis


1990) desenvolvem uma escala alternativa para
aferir o sistema de valores. Esta proposta inclui As variáveis relacionadas com o produto/
56 valores, representativos de 11 domínios motiva- serviço ou com a forma como as pessoas o utili-
cionais. Kamakura e Novak (1992) enquadram zam constituem outro grande grupo de bases de
os 9 valores da escala LOV em 5 domínios motiva- segmentação. O Quadro 3 sintetiza as variáveis
cionais de Schwartz (1992) e Schwartz e Bilsky observáveis relativas ao comportamento de com-
(1987, 1990). A estrutura de valores humanos pra, organizando-as em quatro grupos, a referir:
desenvolvida por Schwartz e Bilsky (1987, 1990) utilização do produto, fidelidade à marca, fideli-
é validada por Kamakura e Novak (1992) com dade à loja e participação no processo de adoção e
base em segmentos de mercado derivados a partir de difusão. No entanto, para além do consumidor e
da ferramenta LOV. do produto, o comportamento de compra é influen-
O conceito de estilo de vida, introduzido ciado por variáveis relativas à situação. Segundo
no marketing por Lazer  (1963)  é  usualmente Belk (1975, p. 158), uma situação inclui “...todos
aferido através do modelo Atividades, Interesses os fatores específicos de um momento de um lugar
e  Opiniões  (AIO),  ‘Activities,  Interests  and ou observação que não resulta do conhecimento
Opinions’ (PLUMMER, 1974) e do sistema de pessoal (intra-indivíduo) e dos estímulos de atribu-
valores e de tipologia do estilo de vida (VALS), tos (alternativas de escolha), mas que possui um
‘Values and Lifestyle Typology’ (MITCHEL,1983), efeito demonstrado e sistemático no comporta-
que  possui  uma  segunda  versão,  VALS2 mento atual”.Consciente de que uma operacio-
(WEINSTEIN, 1994). nalização do conceito apelava à definição de um

5HIHUrQFLDV
%DVH 9DULiYHLV (OHPHQWRVRXFDWHJRULDV
LQLFLDLV
Frank, Massy e
Consumidores YHUVXV não consumidores (de uma
Estatuto de uso Wind (1972) e
classe de produtos, produto ou marca)
Tolley (1975)
Utilização do
Freqüência de
produto Muito, moderadamente e pouco freqüentes Twedt (1967)
utilização
Variedade de
Específica de cada produto Myers (1996)
utilizações
Resultado de uma tendência de personalidade para
Características possuir um comportamento habitual, preferência Frank, Massy e
Fidelidade à gerais por uma marca, condições de mercado específicas; Wind (1972)
marca fidelidade a uma ou várias marcas
Consumidores muito leais, consumidores pouco Boyd e Massy
Tipologia
leais, consumidores não leais (1972)
Frank, Massy e
Fidelidade à loja Tipologia Leais, Não leais
Wind (1972)
Processamento Se um indivíduo transmite, procura ou evita a
Participação no de informação informação (comportamento)
processo de Padrão de Frank, Massy e
Líder de opinião YHUVXV não líder
adopção e de influência Wind (1972)
difusão
Grau de Inovador, primeiro a adotar, segue a maioria,
inovação último a adotar

Quadro 3 – Bases específicas do produto observáveis.
138
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

quadro conceptual para  ‘todos os factores’, Belk universal para a segmentação de mercado, contu-


(1975) apresenta uma taxonomia das caracterís- do é possível avaliar a performance global dos
ticas da situação. Dickson (1982) reconhece e quatro grupos de bases identificadas através dos
enquadra teoricamente as situações como base de seis critérios que definem as propriedades desejá-
segmentação de mercado. veis dos segmentos de mercado, com o propósito
de aferir da sua robustez esperada em estudos par-
ticulares (Tabela 1). Em termos gerais, as bases
3.4 Bases específicas do produto não observáveis específicas do produto não observáveis e, em par-
ticular,  os  benefícios,  apresentam  o  melhor
No contexto das variáveis específicas do desempenho (WEDEL; KAMAKURA, 2000).
produto não observáveis propostas, distinguem- Não obstante, a escolha adequada das bases de
se cinco classes (WEDEL; KAMAKURA, 2000): segmentação é dependente do tipo de estudo e
psicográficas específicas do produto, benefícios do mercado em análise, sendo freqüentemente
(CALANTONE; SAWER, 1978; HALEY, 1995; necessária a conjugação de várias bases  para  a
HALEY,  1968),  elasticidades  (por  exemplo, obtenção de segmentos de mercado que reúnam
BOLTON; MYERS, 2003), preferências, intenções todas as propriedades desejáveis. Por exemplo, a
comportamentais e percepções da importância dos acionabilidade é obtida com variáveis não obser-
atributos dos produtos/marcas. váveis, enquanto que a acessibilidade é alcançada
Em conclusão, os mercados podem ser com variáveis observáveis.
segmentados de várias formas (para revisão mais No entanto, convém referir que os resulta-
exaustiva  das  bases  de  segmentação  consultar dos finais de um estudo de segmentação de mercado
BROCHADO, 2002 e BROCHADO; MARTINS, dependem não só da base eleita e das suas proprie-
2001). Uma base de segmentação é uma dimen- dades, mas também do método de segmentação.
são para a segmentação de um mercado e, em
vários casos, é necessário considerar simultanea-
mente várias bases para possuir um perfil com- 4 MÉTODOS DE SEGMENTAÇÃO
pleto do consumidor. Segundo Myers (1996) “o
número dessas variáveis está apenas limitado à Os resultados de um estudo de segmentação
imaginação do investigador”. Não existe uma base de mercado (número e segmentos identificados)

Tabela 1 – Avaliação das bases de segmentação.
Identificabilidade

Sustentabilidade

Acionabilidade
Acessibilidade

Estabilidade

Resposta

Gerais, Observáveis ++ ++ ++ ++ - -

Específicas, Observáveis + ++ +/- + - +

Gerais, Não-Observáveis +/- + - +/- + -

Específicas, Não-Observáveis + + - +/- + +/-

++ muito bom, + bom, +- moderado, - pobre, -- muito pobre

139
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

¬SULRUL 3RVWKRF

Métodos de classificação: métodos não


Tabelas cruzadas, modelos log- sobrepostos, métodos sobrepostos e
'HVFULWLYRV
lineares, Homals métodos difusos; modelo mistura; redes
neuronais
AID, CART, FOXVWHUZLVHUHJUHVVLRQ, redes
Regressão, modelos logit/probit e neuronais; modelos mistura de regressão;
3UHGLWLYRV
análise discriminante análise conjunta; modelos hierárquicos
bayesianos

Quadro 4 – Classificação dos métodos de segmentação.

são influenciados não só pela seleção de uma base determinados pelo analista, sem inspiração na amos-
de segmentação como também pela opção sobre tra recolhida. No entanto, se a complexidade do
o método de classificação dos consumidores em mercado não pode ser capturada pelo pequeno
grupos homogêneos. Os métodos estatísticos uti- número de bases de segmentação usadas na abor-
lizados na segmentação de mercado podem ser dagem à priori, a abordagem post hoc revela-se mais
organizados em duas dimensões (Quadro 4): (i) apropriada, sendo o tipo e o número de segmentos
Métodos à priori versus post hoc; (ii)  Métodos determinados pelo investigador, com base nos resul-
descritivos versus métodos preditivos. tados emergentes da análise dos dados. Segundo
Green (1977) e Wind (1978) distinguem Tynan e Drayton (1987), enquanto que na segmen-
os métodos de segmentação à priori e post-hoc. Uma tação à priori são formados segmentos de merca-
abordagem de segmentação é considerada à priori do com base nas categorias de variáveis como a
quando o tipo e o número de segmentos são deter- utilização do produto ou a frequência de consu-
minados pelo analista, sem inspiração na amostra mo, na segmentação a post hoc existe uma maior
recolhida. No entanto, se a complexidade do mer- flexibilidade para a escolha da base de segmenta-
cado não pode ser capturada pelo pequeno núme- ção, que pode incluir variáveis psicográficas e bene-
ro de bases de segmentação usadas na abordagem fícios, entre outras. Em ambos os casos os seg-
à priori, a abordagem post hoc revela-se mais apro- mentos são posteriormente descritos através de
priada, sendo o tipo e o número de segmentos variáveis demográficas e socioeconômicas.
determinados pelo investigador, com base nos resul- Uma abordagem freqüente de classificação
tados emergentes da análise dos dados. Segundo das abordagens de segmentação agrupa-as em méto-
Tynan e Drayton (1987), enquanto que na segmen- dos descritivos e métodos preditivos. Enquanto
tação à priori são formados segmentos de mercado os métodos descritivos analisam associações entre
normalmente com base nas categorias de variáveis um conjunto de bases de segmentação, os méto-
como a utilização do produto ou a freqüência de dos preditivos analisam as associações entre dois
consumo, na segmentação a  post hoc existe uma conjuntos de variáveis, em que uma variável depen-
maior flexibilidade para a escolha da base de seg- dente é explicada/ prevista por um conjunto de
mentação, que pode incluir variáveis psicográficas variáveis explicativas. Apesar das aplicações tradi-
e benefícios, entre outras. Em ambos os casos os cionais de segmentação de mercado possuírem
segmentos são posteriormente descritos através de objetivo essencialmente descritivo (sendo efetuados
variáveis demográficas e socioeconômicas. agrupamentos com base num conjunto de carac-
Green (1977) e Wind (1978) distinguem terísticas observadas), a formação de grupos de
os métodos de segmentação  à  priori e  post-hoc. consu-midores com um comportamento de res-
Uma abordagem de segmentação é considerada à posta homogêneo às variáveis do  marketing mix
priori quando o tipo e o número de segmentos são têm recebido grande atenção nas últimas décadas.
140
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

4.1 Abordagens de segmentação à priori descri- com uma variável dependente, como o compor-


tivas tamento de compra. Na abordagem ‘backward’
os segmentos são definidos com base em variá-
Na segmentação com base em métodos à veis relacionadas com a compra (por exemplo
priori descritivos, utilizada nos primeiros estudos volume de compra, lealdade à marca) e de segui-
de segmentação de mercado, o tipo e o número da analisa-se se existem diferenças nas caracte-
de segmentos são determinados antes da recolha rísticas dos consumidores entre os segmentos.
de dados. As tabelas de contingência e os mode- Um grande número de métodos estatísticos tem
los log-lineares são as duas ferramentas mais usa- sido utilizado na segmentação preditiva, a referir:
das. As tabelas de contingência permitem uma tabelas cruzadas, regressão, modelos logit/ probit
representação simples de associações entre dife- multinomiais e análise discriminante.
rentes bases de segmentação e o teste de associa-
ções; no entanto, à medida que as tabelas de con-
tingência aumentam de dimensão pela adição de 4.3 Métodos post hoc descritivos
variáveis tornam-se mais difíceis de manipular,
quer  em  termos  estatísticos,  quer  em  termos Nos métodos post hoc descritivos, o núme-
conceptuais. Os modelos log-lineares, também ro  de  segmentos  e  as  suas  características  são
concebidos para estudar as inter-relações entre determinadas por um método de análise classifi-
variáveis categóricas, assumem que as freqüências catória. A literatura da metodologia de agrupa-
das células seguem uma distribuição de Poisson mento é enorme, referindo-se os textos clássicos
ou uma distribuição multinomial e modelam os de  Everitt  (2001),  Gordon  (1999),  Hartigan
seus valores esperados como uma função log- (1975),  Jain  e  Dubes  (1988)  e  Kaufman  e
linear dos efeitos principais e iterações entre as Rouseeunw (2005). Uma revisão detalhada des-
variáveis. Green, Carmone e Wachspress (1976) tes métodos pode ser encontrada em Brochado
propõem o uso de modelos log-lineares para tes- (2002). O livro de Wedel e Kamakura (2000) e
tar se segmentos derivados a partir de determina- os artigos de Punj e Stewart (1983) e de Arabie
das bases exibem associações. Estas técnicas são e  Hubert  (1994)  sintetizam  aplicações  destes
atualmente usadas essencialmente em esquemas métodos na segmentação de mercado.
híbridos de segmentação que combinam métodos Uma proposta interessante de organização
à priori com métodos post hoc. da literatura da análise classificatória baseia-se nos
padrões  de  sobreposição  dos  grupos  obtidos
(HRUSCHKA, 1986). Nesse contexto, distin-
4.2 Abordagens de segmentação à priori preditivas guem-se três grandes formas de agrupamento,
função da matriz de pertença  3  aos segmentos
As abordagens de segmentação preditivas que produzem: não sobreposta, sobreposta e difusa
são implementadas em dois passos: numa primeira (Figura 2.).
etapa, são definidos segmentos à priori através das A matriz P possui N linhas, corresponden-
bases de segmentação (normalmente bases gerais); do aos consumidores, e S colunas, correspondendo
de seguida os segmentos identificados são descri- aos segmentos. As entradas na matriz de partição
tos através de um conjunto de variáveis adicio- 3 = (( SQV ))  indicam a afectação de cada consumi-
nais.  Neste  contexto,  destacam-se  dois  tipos dor  Q ,  Q = 1,..., 1  a cada segmento  V ,  V = 1,..., 6 .
de  abordagens  (WEDEL,  1990;  WEDEL; O agrupamento não sobreposto assume que um
KAMAKURA, 2000; WILKIE; COHEN, 1977), objecto (consumidor) pertence a um e a um só
designadas por ‘forward’ e ‘backward’. Na abor- segmento; deste modo, a matriz P possui em cada
dagem ‘forward’ são formados segmentos à priori linha um elemento igual a um, sendo os restantes
com  base  em  variáveis  gerais  (demográficas, elementos iguais a zero. Nesse contexto, desta-
psicográficas, etc.) e posteriormente relacionados cam-se os tradicionais métodos de agrupamento
141
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

* k (inteiro) define o grau de sobreposição (nº de grupos a que uma entidade pode pertencer simultaneamente).
Figura 2 – Classificação dos métodos de agrupamento.

hierárquico e de agrupamento não hierárquico classe  (DILLON;  KUMAR,  1994; WEDEL;


(EVERITT, 2001). KAMAKURA, 2000, para uma revisão da aplica-
Os  métodos  pertencentes  às  classes  de ção destes métodos na segmentação de mercado).
agrupamento sobreposto e difuso ‘fuzzy’ relaxam Ambas as abordagens fornecem valores de
o pressuposto de isolamento externo dos grupos. pertença que se encontram entre 0 e 1. Estas per-
No caso dos grupos sobrepostos, um consumidor tenças permitem a identificação de  pontes, i.e.,
pode pertencer a mais do que um segmento, i.e., elementos que se localizam em duas das classes.
uma linha na matriz P pode possuir várias entra- No entanto, a interpretação desses números é
das iguais a um. Refiram-se, como exemplos de bastante diferente nos dois métodos. Os procedi-
métodos de agrupamento sobreposto o modelo mentos baseados nos conjuntos difusos fornecem
ADCLUS  –  Additive  Clustering  (Shepard  e os valores de pertença parcial dos consumidores,
Arabie, 1979) e as suas generalizações, INDCLUS assumindo que estes pertencem actualmente a
(CARROLL;  ARABIE,  1983),  GENNCLUS mais do que um segmento. No caso de agrupa-
(DESARBO, 1982) e CONCLUS (DESARBO; mentos baseados em modelos mistura ‘mixture
MAHAJAN, 1984). No caso dos grupos difusos, models’ , assume-se que o consumidor pertence
2

os consumidores possuem uma pertença parcial apenas a um segmento: no entanto, a informação
a mais do que um segmento; e a matriz P contém representada  nos  dados  para  esse  indivíduo  é
valores não negativos reais que somam um em cada insuficiente para determinar o seu actual segmen-
linha. Neste contexto, destacam-se duas aborda- to, sendo estimadas probabilidades de pertença
gens: a primeira, inspirada na teoria dos conjuntos aos segmentos.
difusos ‘fuzzy  sets’ (ZADEH, 1965), resulta na Os modelos mistura, discutidos pela pri-
associação de um grau de pertença dos objectos a meira vez nos trabalhos de Newcomb (1886) e
cada classe; refiram-se, como exemplos, os métodos Pearson (1884), têm sido freqüentemente utili-
‘fuzzy k-means’, FKM (BEZDEK, 1973; DUNN, zados na análise classificatória. Trata-se de uma
1974), ‘fuzzy k-lines’, FKL (BEZDEK et al., 1981a, classe de procedimentos que permite modelizar
1981b) e ‘fuzzy grade of membership model’, GoM de forma simples a heterogeneidade populacional
(MANTON; WOODBURY; TOLLEY, 1994); em que a estimação dos parâmetros, que carac-
o segundo tipo de modelos permite uma afectação terizam cada segmento e a identificação da sua
difusa dos objectos aos segmentos, no pressupos- estrutura, se inspiram numa metodologia que
to de que os dados provêm de uma distribuição interliga os métodos de agrupamento com as téc-
mistura ‘mixture distribution’, sendo estimadas as nicas estatísticas tradicionais. Segundo Leeflang
probabilidades de pertença dos objectos a cada et al. (2000, p. 451), ‘The theory of mixture models
142
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

connects elegantly to market segmentation theory and 1990) é tradicionalmente realizada através de um
it presents a statistical approach to a wide variety of procedimento bi-etápico, em que a identificação
segmentation problems’. dos segmentos e a estimação dos modelos de aná-
lise conjunta são realizadas de forma separada
(CURRIM, 1981; HAUSER; URBAN, 1977;
4.4 Métodos post hoc preditivos MORIARTY; VENKATESAN,  1978).  Abor-
dagens alternativas são propostas por Hargety
Estudos recentes formam segmentos com (1985),  Kamakura  (1988),  Ogawa  (1987).
base nas relações inferidas entre uma variável depen- DeSarbo, Oliver e Ramaswamy (1989), Wedel e
dente, representativa do comportamento de com- Kistemaker (1989) e Wedel e Steenkamp (1989,
pra (volume de compra, escolhas de marcas, inci- 1991) propõem a utilização de modelos baseados
dência e momento de compra), de intenções ou na clusterwise regression para realizar segmentação
preferências, e um conjunto de variáveis causais através de análise conjunta métrica e DeSarbo et
(por exemplo, características do produto, preço, al. (1992) desenvolvem um modelo de classes
promoções, variáveis demográficas ou psicográficas) latentes. Vriens, Wedel e Wilms (1996) comparam
para cada classe. Nesse contexto, as abordagens o desempenho de vários métodos para a segmen-
post  hoc preditivas da segmentação de mercado tação com recurso à análise conjunta através de
têm recebido um interesse crescente, referindo-se design experimental . 3

as ferramentas: AID, CART, Redes Neuronais Posteriormente, Andrews, Ansari e Currim
Artificiais,  Análise  Conjunta,  Clusterwise (2002) concluem, através de um estudo de simula-
Regression e Modelos Mistura de Regressão. ção, que os métodos de análise conjunta bayesianos
O método clássico no agrupamento  post hierárquicos ‘Hierarchical Bayes Conjoint Analysis
hoc preditivos é o AID – ‘Automatic Interaction Methods’ (ALLENBY; GINTER, 1995; LENK et
Detection’ (ASSAEL, 1970; ASSAEL; ROSCOE, al., 1996) apresentam desempenhos comparáveis
1976). Generalizações desse método permitem múl- aos métodos de análise conjunta baseados em mode-
tiplas variáveis dependentes – MAID – ‘Multivariate los mistura. Os métodos hierárquicos bayesianos
AID’ (MCLACHLAN; JOHANSSON, 1981), permitem recuperar a heterogeneidade existente
variáveis categóricas dependentes – CHAID (KASS, nos dados e a obtenção simultânea de estimativas
1980), variáveis dependentes binárias, THAID ao nível do indivíduo.
(WIND,  1978)  testes  de  hipótese,  CHIAID As vantagens da aplicação da ‘Clusterwise
(MAGDISON, 1994); Breiman  et  al., (1984) Regression’, método introduzido por Späth (1979,
desenvolveram  outro  método,  designado  por 1981, 1982, 1985), no contexto da segmentação
classifcation and regression trees, CART. Magidson de mercado são analisadas por DeSarbo, Oliver e
(1994) discute a aplicação dessas metodologias na Ramaswamy (1989) e Wedel e Kistemarker (1989).
segmentação de mercado. Esses autores estenderam o método para mais de
As redes neuronais artificiais constituem uma observação por indivíduo. A generalização
outra abordagem  post  hoc preditiva. Apesar de proposta  por  DeSarbo,  Oliver  e  Ramaswamy
alguns estudos demonstrarem superioridade dessa (1989), conhecida por ‘Overlaping  Clusterwise
abordagem em relação métodos estatística como o Regression’, para além de permitir mais do que uma
PLS ‘partial least squares’ ou o método de agrupa- observação por indivíduo, inclui múltiplas variá-
mento hierárquico k-means (BALAKRISHNAN veis dependentes e gera valores de pertença não
et al., 1995) as estimativas para os parâmetros por sobrepostos. Wedel e Steenkamp (1989) desen-
vezes são de difícil interpretação e em muitos casos volvem a ‘Fuzzy Clusterwise Regression’, em que a
não possuem propriedades estatísticas (WEDEL; matriz de partição é difusa e posteriormente Wedel
KAMAKURA, 2000). e Steenkamp (1991) estendem o procedimento
A segmentação de mercado com recurso à para permitir simultaneamente o agrupamento de
análise conjunta (GREEN; SRINIVASAN, 1978, consumidores e de marcas em classes, i.e., a iden-
143
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

Tabela 2 – Avaliação dos métodos de segmentação.

¬SULRUL, Descritivos +/- -- + ++ ++

¬SULRUL, Preditivos - ++ ++ + ++

3RVWKRF, Descritivos ++ -- - +/- +/-

3RVWKRF, Preditivos + + + + +

++ muito bom, + bom, +- moderado, - fraco, -- muito fraco

tificação de segmentos de mercado e o posiciona- pos de métodos de segmentação nos critérios:
mento de marcas de forma simultânea. Uma das segmentação, previsão, propriedades estatísticas,
limitações dessas abordagens é a não disponibili- aplicações conhecidas e disponibilidade em pro-
dade das propriedades estatísticas dos segmentos, gramas. Em termos gerais, os métodos  post hoc
limitação esta que é aliviada pelos modelos mis- predictivos são abordagens interessantes do ponto
tura de regressão. de vista de todos os critérios.
Os Modelos Mistura de Regressão ‘Mixture
Regression Models’  (WEDEL; DESARBO, 1995)
permitem simultaneamente a classificação (proba- 5 SÍNTESE CONCLUSIVA
bilística) dos consumidores em segmentos e a esti-
mação de modelos de regressão explicando uma A segmentação pressupõe a identificação
variável dependente (através de um conjunto de de subgrupos homogêneos no mercado, nos quais
variáveis exógenas) intragrupo. Permitindo a iden- as necessidades dos consumidores poderão ser sa-
tificação de segmentos que são homogéneos na tisfeitas de forma mais eficiente. Neste contexto,
forma como respondem às variáveis do marketing sintetizam-se seis propriedades desejáveis para os
mix, esta abordagem revela-se de grande interesse segmentos de mercado, a referir: a identificabili-
na resolução de problemas de segmentação de dade, a substancialidade, a acessibilidade, a esta-
mercado. Adicionalmente, os modelos mistura bilidade, o grau de resposta e a accionabilidade.
de  regressão  constituem  uma  abordagem  de No entanto, a identificação de grupos de
segmentação baseada num modelo estatístico em consumidores homogéneos possui uma natureza
que a estimação dos parâmetros é efectuada no empírica, sendo o seu número, natureza e dimen-
quadro da teoria estatística tradicional. De acordo são de grande utilidade no apoio a decisões estraté-
com Wedel e Kamakura (2000, p. 26), os mode- gicas. Contudo, estes elementos são extremamente
los mistura de regressão “fornecem os algoritmos dependentes da base (variáveis ou critérios) e dos
superiores para a segmentação de mercado”. A métodos usados para os definir, não sendo as duas
Tabela 2 avalia, comparativamente, os quatro gru- escolhas independentes, já que a selecção de um
144
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

método adequado depende não só dos objectivos ANTONIDES, G.; VAN RAAIJ, W. F. Consumer
específicos do estudo como também das proprie- behaviour: a european perspective. Chichester:
dades das bases de segmentação utilizadas. John Wiley & Sons, 1998.
Constata-se a existência de um grande ARABIE, P.; HUBERT, L. Cluster analysis in
número de bases, que foram organizadas em qua- marketing research. In: BAGOZZI, R. P. (ed.).
tro grupos: bases gerais observáveis, bases especí- Advanced  methods  of  marketing  research.
ficas do produto observáveis, bases gerais não Oxford: Blackwell, 1994. p. 160-189.
observáveis e bases específicas do produto não
observáveis. Num estudo de segmentação de mer- ASSAEL,  H.  Segmenting  markets  by  group
cado normalmente é conjugada a utilização de purchasing behavior: an application of the AID
bases diversas, com o propósito de obtenção dos technique. Journal of Marketing Research, Chi-
requisitos de uma segmentação efectiva. cago, v. 7, n. 2, p. 153-158, 1970.
Quanto aos métodos usados no agrupa- _______; ROSCOE, A. M. Approaches to market
mento de consumidores em grupos homogêneos, segmentation  analysis.  Journal of Marketing,
estes foram igualmente organizados em quatro Chicago, v. 40, n. 4, p. 67-76, 1976.
classes: abordagens de segmentação à priori descri-
tivas, abordagens de segmentação à priori prediti- BALAKRISHNAN, P. V. et al. A study of the
vas, abordagens de segmentação post hoc descritivas classification capabilities of neural networks using
e abordagens de segmentação post hoc preditivas. unsupervised  learning:  a  comparison  with  k-
No contexto das abordagens  post hoc preditivas, means clustering. Psychometrika, Greensboro, v.
destaca-se o uso em problemas de segmentação 59, n. 4, p. 509-524, 1995.
de mercado dos modelos mistura de regressão. BASS, F. M.; TIGERT, D. J.; LONSDALE, R.
Esses modelos de natureza estatística são de gran- T. Market segmentation: group versus individual
de utilidade, na medida em que a classificação behaviour. Journal of Marketing Research, Chi-
probabilística dos consumidores e a estimação de cago, v. 5, n. 3. p. 264-270, 1968.
regressões intra-segmento é efectuada de forma BELK, R. W. Situational variables and consumer
simultânea, permitindo a identificação de segmen- behaviour.  Journal  of  Consumer  Research ,
tos homogéneos na forma como respondem às Gainesville, v. 2, n. 3, p. 157-164, 1975.
variáveis do marketing mix.
BEZDEK, J. C.  Fuzzy mathematics in pattern
classification. 1973. Dissertation (Doctoral) –
REFERÊNCIAS Apllied Math. Center, Cornell University, Ithaca,
1973.
ALLENBY, G. M.; GINTER, L. Using extremes _______ et al. Detection and characterization of
to design products and segment markets. Journal cluster substructure i. linear structure: fuzzy c-
of Marketing Research, Chicago, v. 13, n. 4, p. lines.  SIAM Journal of Applied Mathematics,
292-403, 1995. Phildelphia, v. 40, n. 2, p. 339-357, 1981a.
ANDREASEN, A. R. Geographic mobility and _______ et al. Detection and characterization of
market  segmentation.  Journal of Marketing cluster substructure II. fuzzy c-varieties e convex
Research, Chicago, v. 3, n. 4, p. 341-348, 1966. combinations thereof. SIAM Journal of Applied
ANDREWS, R. L.; ANSARI, A.; CURRIM, Mathematics, Philadelphia, v. 40, n. 2, p. 358-
I.  S.  Hierarchical  Bayes  vs.  finite  mixture 372, 1981b.
conjoint analysis models: a comparison of fit, BOLTON, R. N.; MYERS, M. Price-based glo-
prediction and partworth recovery. Journal of bal market segmentation for services. Journal of
Marketing Research, Chicago, v., 39 n. 1, p. Marketing, Chicago, v. 67, n. 3, p. 108-128, July
87-98, 2002. 2003.
145
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

BOYD,  H.  W.;  MASSY,  W.  F.  Marketing _______  et al. Latent class metric conjoint analysis.


management. Orlando: Harcourt, 1972. Marketing Letters, Boston, v. 3, n. 3, p. 273-288,
1992.
BRANDT, S. C.. Dissecting the segmentation
syndrome. Journal of Marketing, Chicago, v. 30, DIBB,  S.  Criteria  guiding  segmentation
n. 4, p. 22-27, 1966. implementation: reviewing the evidence. Journal
of Strategic Marketing, London, v. 7, n. 2, p. 107-
BREIMAN, L. et al. Classification and regression 129, 1999.
trees. Belmont, CA: Wadsworth, 1984.
_______. Market segmentation implementation
BROCHADO, A.  A segmentação de mercado: barriers and how to overcome them. The Marketing
bases de segmentação e métodos de classificação. Review, Argyll, v. 5, n. 1, p. 13-30, 2005.
2002. Tese (Mestrado) – Escola de Gestão do Por-
to, Universidade do Porto, Porto, 2002. _______. New millennium, new segments: moving
towards the segment of one? Journal of Strategic
_______; MARTINS, V. Bases de segmentação de Marketing, London, v. 9, n. 3, p. 193-213, 2001
mercado: classificação e avaliação. In:  Actas das DICKSON, P. R. Person-situation: segmentation’s
XI Jornadas Luso-Espanholas de Gestão Cientí- missing link.  Journal of Marketing, Chicago, v.
fica, v. III – Marketing, p. 97-106, 2001. 46. n. 4, p. 56-64, 1982.
CALANTONE,  R.  J.;  SAWER,  A.  G. The _______; GINTER, J. L.. Market segmentation,
stability of market segments. Journal of Marketing product differentiation, and marketing strategy.
Research, Chicago, v. 15, n. 3, 395-404, 1978. Journal of Marketing, Chicago, v. 51, n. 2, p. 1-
CARROLL, J. D.; ARABIE, P. INDCLUS: an 10, 1987.
individual  differences  generalization  of  the DILLON, W. R.; KUMAR, A. Latent structure
ADCLUS model and the MAPCLUS algorithm. and  other  mixture  models  in  marketing:  an
Psychometrika, Greensboro, v. 48, n. 2, p. 157- integrative survey and overview. In: BAGOZZI,
169, 1983. R.  P.  (ed.).  Advanced methods of marketing
CURRIM, I. S. Using segmentation approaches for research. Oxford: Blackwell, 1994. p. 295-351.
better prediction and understanding from consumer DUNN, J. C. A fuzzy relative of the ISODATA
mode  choice  models.  Journal of Marketing process and its use in detecting compact well-
Research, Chicago, v. 18, n. 3, p. 301-309, 1981. separated clusters.  Journal of Cybernetics, v. 3,
DELLINGER, S. Psycho-geometrics. Englewood n. 3, p. 32-57, 1974.
Cliffs: Prentice-Hall, 1989. EDWARDS, A. L. The measurement of personality
DESARBO, W. S. GENNCLUS: new models for
traits by scales and inventories. New York: Holt,
Rinehart e Winston, 1970.
general  nonhierarchical  clustering  analysis.
Psychometrika, Greensboro, v. 47, n. 4, p. 449- EVERITT,  B.  S.  Cluster analysis.  London:
475, 1982. Hodder Arnold Publication, 2001.
_______;  MAHAJAN,  V.  Constrained FRANK, R. E.; MASSY, W. F.; WIND, Y. Market
classification: the use of a priori information in segmentation. Englewood Cliffs: PrenticeHall,
cluster analysis.  Psychometrika, Greensboro, v. 1972.
49, n. 2, p. 187-215, 1984. GORDON, A. D.  Classification. Boca Raton:
_______; OLIVER, R. L.; RAMASWAMY, A. A Chapman and Hall, 1999.
simulated annealing methodology for clusterwise GREEN,  P.  E.  A  new  approach  to  market
linear regression. Psychometrika, Greensboro, v. segmentation. Business Horizons, Bloomington,
54, n. 4, p. 707-736, 1989. v. 20, n. 2, p. 61-73, 1977.
146
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

_______; CARMONE, F. J.; WACHSPRESS, D. KAHLE, L. R.  Social values and social change:


P. Consumer behavior via latent class-analysis. adaptation to life in America. New York: Praeger,
Journal of Consumer Research, Gainesville, v. 3, 1983.
n. 3, p. 170-174, 1976.
KAMAKURA, W. A. A least squares procedure
_______; SRINIVASAN, V. Conjoint analysis in for  benefit  segmentation  with  conjoint
consumer research: issues and outlook.  Journal experiments.  Journal of Marketing Research,
of Consumer Research, Gainesville, v. 5, n. 2, p. Chicago, v. 25, n. 2, p. 157-67, 1988.
103-123, 1978.
_______;  NOVAK,  T.  P.  Value-system
_______; _______. Conjoint analysis in marketing: segmentation: exploring the meaning of LOV.
new developments with implications for research Journal of Consumer Research, Gainesville, v. 19,
and practice.  Journal of Marketing, Chicago, v. n. 1, p. 119-132, 1992.
54, n. 4, p. 3-19, 1990.
KASS,  G.  An  exploratory  technique  for
GUNTER,  B.;  FURNHAM,  A.  Consumer investigating large quantities of categorical data.
profiles:  an  introduction  to  psychographics. Journal of the Royal Statistical Society: Series C
London: Routledge, 1992. (applied statistics), Oxford, v. 29, n. 2, p. 119-
HALEY, R. I. Benefit segmentation: a decision- 127, 1980.
oriented research tool.  Journal of Marketing, KAUFMAN, L.; ROUSEEUNW, P. J.  Finding
Chicago, v. 32, n. 3, p. 30-35, 1968. groups in data: an introduction to cluster analysis.
HALEY, R. I. Benefit segmentation: a decision- New York: John Wiley e Sons, 2005.
oriented research tool. Marketing Management, KOTLER,  P.  et  al. Principles of marketing.
Chicago, v. 4, n. 1, 59-62, 1995. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 2005.
HARGETY,  M.  R.  Improving  the  predictive LAZER, W. Lifestyle concepts in Marketing. In:
power  of  conjoint  analysis:  the  use  of  factor GREYSER  S.  A.  (ed.).   Toward  scientific
analysis and cluster analysis. Journal of Marketing Marketing .   Chicago:  American  Marketing
Research, Chicago, v. 22, n. 2, p. 168-184, 1985. Association, 1963. p. 130-139.
HARTIGAN, J. A. Clustering algorithms. New LEEFLANG,  P.  et  al.  Building  models  for
York: John Wiley e Sons, 1975. marketing decisions. Boston: Kluwer Academic
HAUSER, J. R.; URBAN, G. L. A normative Publishers, 2000.
methodology for modelling consumer response LENK, P. J. et al. Hierarchical Bayes conjoint
to innovation. Operations Research, Linthicum, analysis: recovery of parameter heterogeneity from
v. 25, n. 4, p. 579-619, 1977. reduced experimental designs. Marketing Science,
HRUSCHKA,  H.  Market  definition  and Linthicum, v. 15, n. 2, p. 173-191, 1996.
segmentation using fuzzy clustering methods. MACLACHLAN, F. L.; JOHANSSON, J. K.
International Journal of Research in Marketing, Market segmentation with multivariate AID”.
Amsterdam, v. 3, n. 2, p. 117-134, 1986. Journal of Marketing, Chicago, v. 45, n. 1, p.
JAIN,  A.  K.;  DUBES,  R.  C.  Algorithms for 74-84, 1981.
clustering data. Englewood Cliffs: Prentice Hall, MAGDISON,  J.  The  CAID  approach  to
1988.
segmentation modelling: chi-squares automatic
JOHNSON,  R.  M.  Market  segmentation:  a interaction detection. In: BAGOZZI, R. P. (ed.)
strategic management tool. Journal of Marketing Advanced  methods  of  marketing  research.
Research, Chicago, v. 8, n. 1, p. 13-8, 1971. Cambridge, MA: Blackwell, 1994. p. 118-159.
147
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Ana Oliveira-Brochado / Francisco Vitorino Martins

MAHAJAN, V.; JAIN, A. K. An approach to SCHWARTZ, S. H. Universals in the content
normative segmentation.  Journal of Marketing and structure values: theoretical advances and
Research, Chicago, v. 15, n. 3, p. 338-345, 1978. empirical tests in 20 countries. In: ZANNA, M.
MANTON,  K.  G.;  WOODBURY,  M.  A.; (ed.).  Advances  in  experimental  social
TOLLEY, H.D.  Statistical applications using psychology, v. 50. New York: Academic Press,
fuzzy sets. New York: John Willey e Sons, 1994. 1992. p. 1-65.
MICHMAN,  R.  D.   Lifestyle  market _______;  BILSKY,  W.  Toward  a  universal
segmentation. New York: Praeger, 1991. psychological structure of human values. Journal
of Personality and Social Psychology, Washing-
MITCHEL, A.  The nine american life-styles. ton, v. 53, n. 3, p. 550-562, 1987.
New York: Warmer, 1983. _______; _______. Toward a theory of the univer-
MORIARTY, M.; VENKATESAN, M. Concept sal content and structure of values: extensions and
evaluating and market segmentation. Journal of cross-cultural replications. Journal of Personality
Marketing, Chicago, v. 42, n. 3, p. 82-86,1978. and Social Psychology, Washington, v. 58, n. 5,
MYERS, J. H. Segmentation and positioning for 878-891, 1990.
strategic marketing decisions. Chicago: American SHEPARD, R. N.; ARABIE, P. Additive clustering:
Marketing Association, 1996. representation of similarities as combinations of
NEWCOMB,  S.  A  generalized  theory  of  the discrete  overlapping properties.  Psychological
combination of observations so as to obtain the Review, Washington, v. 86, n. 2, p. 87-123, 1979.
best result.  American Journal of Mathematics, SMITH,  W.  R.  Product  differentiation  and
Baltimore, v. 8, p. 343-366, 1886. market segmentation as alternative marketing
OGAWA,  K.  An  approach  to  simultaneous strategies. Journal of Marketing, Chicago, v. 21,
estimation  and  segmentation  with  conjoint n. 3, p. 3-8, 1956.
analysis. Marketing Science, Linthicum, v. 6, n. SPÄTH,  H.  Algorithm  39:  clusterwise  linear
1, p. 66-81, 1987. regression. Computing, v. 22, n. 4, p. 367-373, 1979.
PEARSON, K. Philosophical transactions of the _______.  Algorithm  48:  a  fast  algorithm  for
Royal Society of London: series A, London, v. clusterwise linear regression.  Computing, v. 29,
185, p. 71-110, 1884. n. 2, p. 175-181, 1982.
PLUMMER, J. T. The concept and application _______.  Cluster dissection and analysis. New
of life style segmentation. Journal of Marketing, York: Wiley, 1985.
Chicago, v. 38, n. 1, p. 33-37, 1974. _______. Correction to algorithm 39: clusterwise
PUNJ, G.; STEWART, D. W. Cluster analysis linear regression. Computing, v. 26, n. 3, p. 275,
in marketing research: review and suggestions for 1981.
application. Journal of Marketing Research, Chi- TWEDT, W. D. How does brand awareness-
cago, v. 20, n. 2, p. 134-148, 1983. attitude affect marketing strategy?.  Journal of
RIESMAN, D.; GLAZER, N.; DENNEY, R. The Marketing, Chicago, v. 31, n. 4, p. 64-66, 1967.
lonely crowd: a study of the changing american TYNAN, A.; DRAYTON, J. Market segmentation.
character. New Haven: Yale University Press, 1961. Journal of Marketing Management, Helensburg,
ROBINSON, J.  The economics of imperfect v. 2, n. 3, p. 301-335, 1987.
competition. London: McMillan, 1938. TOLLEY,  S.  B.  Identifying  users  through  a
ROKEACH, M.  The nature of human values. segmentation study. Journal of Marketing, Chi-
New York: The Free Press, 1973. cago, v. 39, n.2, p. 69-71, 1975.
148
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008
Aspectos Metodológicos da Segmentação de Mercado: base de segmentação e métodos de classificação

VAN  RAAIJ,  W.  F.;  VERHALLEN, T.  M. Journal of Research in Marketing, Amsterdam,


Domain-specific market segmentation. European v. 6, n. 4, p. 241-258, 1989.
Journal of Marketing, Bradford, v. 28, n. 10, p. WEINSTEIN,  A.  Market  segmentation.
49-66, 1994.
Homewood, IL: Irwin, 1994.
VRIENS, M.; WEDEL, M.; WILMS, T. Metric
conjoint segmentation methods: a Monte Carlo WILKIE, W. L.; COHEN, J. B. An overview of
comparison.  Journal of Marketing Research, market segmentation: behavioural concepts and
Chicago, v. 33, n. 1, p. 73-85, 1996. research  approaches.  Cambridge:  Marketing
Science Institute, 1977.
WEDEL, M. Clusterwise regression and market
segmentation .  1990.  Thesis  (Doctoral)  – WIND, Y. Issues and advances in segmentation
Groningen University, Groningen, 1990. research. Journal of Marketing Research, Chica-
go, v. 15, n. 3, p. 317-337, 1978.
_______; DESARBO, W. S. A mixture likelihood
approach for generalized linear models. Journal of ZADEH, L. Fuzzy sets. Information and control,
Classification, Leiden, v. 12, n. 1, p. 21-55, 1995. v. 8, n. 3, p. 338-353, 1965.
_______;  KAMAKURA,  W.A.  Market
segmentation: conceptual and methodological
foundations. Boston: Kluwer Academic Publishers, NOTAS
2000. 1
Kotler et al. (2005) incluem a variável classe social no âmbi-
_______; KISTEMAKER, C. Consumer benefit to da segmentação psicográfica.
segmentation using clusterwise linear regression. 2
O termo mistura (‘mixture’) é usado porque se supõe que a
International Journal of Research in Marketing, população é constituída por subgrupos homogéneos (com-
Amsterdam, v. 6 n. 1, p. 45-59, 1989. ponentes da mistura). No entanto, em parte da literatura,
os Modelos Mistura (‘Mixture Models’) são conhecidos por
_______;  STEENKAMP,  J.-B.  A  clusterwise Modelos de Classes Latentes (‘Latent Class Models’). Segundo
regression method for simultaneous fuzzy market Wedel e Kamakura (2000) esta duplicidade de designações

structuring and benefit segmentation. Journal of resulta do facto das primeiras aplicações dos modelos mis-


tura em Marketing, serem casos especiais dos modelos mis-
Marketing Research, Chicago, v. 28, n. 4, p. 385- tura, em que todas as variáveis são discretas (como ocorre
396, 1991. na análise de tabelas de contingência), formalmente desig-
nados por modelos de classes latentes.
_______; _______. A fuzzy clusterwise regression 3
Os autores recomendam a utilização do modelo de análise
approach to benefit segmentation. International conjunta com classes latentes de DeSarbo et al. (1992).

149
R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 10, n. 27, p. 132-149, abr./jun. 2008

Você também pode gostar