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Suporte Básico de Vida e

Socorros de Emergência

Brasília-DF, 2011.
Elaboração:

Marta Peres Sobral Rocha

Colaboração:

Carlos Alcantara

Produção:

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

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Sumário

Apresentação........................................................................................................................................ 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa................................................................................. 5

Organização da Disciplina.................................................................................................................... 6

Introdução............................................................................................................................................. 7

Unidade I – Suporte Básico de Vida..................................................................................................... 9

Capítulo 1 – Atendimento Pré-Hospitalar e Avaliação Inicial da Vítima..................................... 9

Capítulo 2 – Parada Cardiorrespiratória.................................................................................. 16

Capítulo 3 – Protocolo de Reanimação Cardiopulmonar (Diretrizes Ilcor 2010)......................... 20

Unidade II – Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar.............................................. 31

Capítulo 4 – Urgências e Emergências Cardiovasculares.......................................................... 31

Capítulo 5 – Urgências e Emergências Neurológicas................................................................ 38

Capítulo 6 – Urgências e Emergências Obstétricas.................................................................. 41

Unidade III – Situações Especiais e Atendimento de Emergência..................................................... 49

Capítulo 7 – Intoxicações Exógenas e Acidentes com Animais Peçonhentos............................ 49

Capítulo 8 – Queimaduras e Choque Elétrico........................................................................... 63

Capítulo 9 – Afogamento........................................................................................................ 69

Capítulo 10 – Considerações sobre o Trauma............................................................................ 72

Para (não) Finalizar............................................................................................................................... 78

Referências............................................................................................................................................ 79

Pós-Graduação a Distância

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Apresentação

Caro aluno,

Bem-vindo ao estudo da disciplina Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência.

Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e o
desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos.

Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, a
organização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

A carga horária desta disciplina é de 40 (quarenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua
disponibilidade. Mas, lembre-se, há uma data-limite para a conclusão do curso, incluindo a apresentação ao seu tutor
das atividades avaliativas indicadas.

Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades
avaliativas do curso; serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas
complementares.

Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de
distantes, podemos estar muito próximos.

A Coordenação
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

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Apresentação
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Apresentação: Mensagem da Coordenação.

Organização da Disciplina: Apresentação dos objetivos e da carga horária das unidades.

Introdução: Contextualização do estudo a ser desenvolvido por você na disciplina, indicando a importância desta para
sua formação acadêmica.

Ícones utilizados no material didático

Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática e
seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina para estimulá-lo a pensar a respeito
do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é
verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita
sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de
dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto
básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaço para você fazer uma síntese dos textos
e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas: Aprofundamento das discussões.

Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o
processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a
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reflexão.

Referências: Bibliografia consultada na elaboração da disciplina.

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Organização da Disciplina

Ementa:
Atendimento pré-hospitalar em casos de urgência e de emergência: parada cardiorrespiratória. Protocolo de Reanimação
Cardiopulmonar. Urgências e Emergências Cardiovasculares, Neurológicas e Obstétricas. Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos. Queimaduras e Choque Elétrico; Afogamento e Trauma.

Objetivos:
• Aplicar corretamente procedimentos voltados para o atendimento de urgência e emergência prestado aos
pacientes no ambiente extra-hospitalar.

• Reconhecer falência dos sistemas respiratórios e/ou cardiovasculares.

• Reconher urgências e emergências cardiovasculares, neurológicas e obstétricas.

• Aplicar procedimentos em situações especiais como intoxicações, queimaduras, choque elétrico, afogamento
e trauma.

Unidade I – Suporte Básico de Vida


Carga horária: 10 horas
Conteúdo Capítulo
Atendimento Pré-Hospitalar e Avaliação Inicial da Vítima 1
Parada Cardiorrespiratória 2
Protocolo de Reanimação Cardiopulmonar (Diretrizes Ilcor 2005) 3

Unidade II – Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar


Carga horária: 15 horas
Conteúdo Capítulo
Urgências e Emergências Cardiovasculares 4
Urgências e Emergências Neurológicas 5
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Urgências e Emergências Obstétricas 6

Unidade III – Situações Especiais e Atendimento de Emergência


Carga horária: 10 horas
Conteúdo Capítulo
Intoxicações Exógenas e Acidentes com Animais Peçonhentos 7
Queimaduras e Choque Elétrico 8
Afogamento 9
Considerações sobre o Trauma 10

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Introdução

O Suporte Básico de Vida compreende o atendimento prestado a uma vítima de mal súbito ou trauma, visando à
manutenção de seus sinais vitais e à preservação da vida, além de evitar o agravamento das lesões existentes, até que
uma equipe especializada possa transportá-la ao hospital e oferecer um tratamento definitivo.

Apesar de qualquer cidadão poder ajudar em uma situação de emergência, é importante lembrar que isso não o torna um
“socorrista” profissional. Para se profissionalizar é necessário adquirir muito mais informações e habilidades, treinamento
adequado e, inclusive, para muitas das funções, diploma e registro profissional. Portanto, devemos preferir, sempre
que possível, o atendimento pelos socorristas e PROFISSIONAIS DE SAÚDE, que contam com formação qualificada e
equipamentos especiais para realizá-lo.

Nesta disciplina serão abordadas situações de urgências e emergências mais comumente encontradas pelo profissional
de saúde no ambiente pré-hospitalar e as principais condutas a serem tomadas até a chegada de equipe especializada
para atendimento e transporte do paciente ao hospital.

Um bom aproveitamento para todos!

Pós-Graduação a Distância

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Para (não) Finalizar Unidade I

Suporte Básico de Vida

Capítulo 1 – Atendimento Pré-Hospitalar


e Avaliação Inicial da Vítima

A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de


atendimento. A segunda é o socorro inadequado. As pessoas
morrem porque ninguém faz nada e continuam morrendo porque
alguém não capacitado resolveu fazer algo.
Fernando Barreiro

O Suporte Básico de Vida (SBV), oferecido aos pacientes no ambiente extra-hospitalar, consiste no reconhecimento e na
correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, a pessoa que presta o atendimento
deve ser capaz de avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem hemorragias graves, até a
chegada de uma equipe especializada.

Em outras palavras, o profissional de saúde que presta o socorro, que aqui o identificaremos como socorrista, para
fins didáticos, ao iniciar o suporte básico estará garantindo por meio de medidas simples, não invasivas e eficazes de
atendimento as funções vitais do paciente e evitando o agravamento de suas condições.

São inúmeras as situações de urgências e emergências que necessitam do atendimento de um profissional de saúde
ou de um socorrista especializado: traumatismos, queimaduras, doenças cardiovasculares, parada cardiorrespiratória,
crise convulsiva, afogamento, intoxicações etc. Para cada caso específico, o profissional deverá estar apto a prestar
um socorro adequado e de qualidade.

É preciso definir e diferenciar o que vem a ser então uma situação de urgência ou emergência. Segundo o Conselho
Federal de Medicina (Resolução CFM nº 1451/95), “define-se por urgência a ocorrência imprevista de agravo à saúde com
ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.” Já o conceito de emergência
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é entendido como “a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou
sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato.”

De forma mais objetiva, a urgência é uma situação onde não existe risco imediato à vida (ou risco de morte). O
atendimento requer rapidez, mas o paciente pode aguardar tratamento definitivo e solução em curto prazo (algumas
literaturas se referem a um prazo de até 24 horas). A emergência geralmente implica estarmos diante de uma situação
de aparecimento súbito e imprevisto, grave, crítica e que exige ação imediata, pois a ameaça à vida é grande.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Como o próprio nome diz, o serviço de Atendimento Pré-hospitalar (APH) envolve todas as ações efetuadas com o
paciente, antes da chegada dele ao ambiente hospitalar. Compreende, portanto, três etapas:
1. assistência ao paciente na cena (no local da ocorrência);
2. transporte do paciente até o hospital;
3. chegada do paciente ao hospital.
O APH divide-se, ainda, basicamente em duas modalidades de atendimento:
• Suporte Básico à Vida (SBV): caracteriza-se por não realizar manobras invasivas.
• Suporte Avançado à Vida (SAV): caracteriza-se pela realização de procedimentos invasivos de suporte ventilatório
e circulatório, como, por exemplo, a intubação orotraqueal, acesso venoso e administração de medicamentos.
Geralmente, o suporte avançado é prestado por equipe composta por médico e enfermeiro.

Para saber mais sobre o serviço de Atendimento Pré-hospitalar, os


profissionais de saúde que o realizam e as medidas de Primeiros
Socorros para leigos, acesse os sites a seguir:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Atendimento_pr%C3%A9-
hospitalar>
<http://www.anvisa.gov.br/reblas/manual_primeiros_socorros.pdf>
<http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/08a15.pdf>
<www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n4/uma_breve_revisao_
atendimento_medico_pre_hospitalar.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n3/a04v19n3.pdf>
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiros_socorros>

O APH tem como objetivos específicos preservar as condições vitais e transportar a vítima sem causar traumas
iatrogênicos durante sua abordagem, como, por exemplo, danos ocorridos durante manipulação e remoção inadequada
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

(do interior de ferragens, escombros etc.). O socorrista deve ter como princípio básico evitar o agravamento das lesões
e procurar estabilizar as funções ventilatórias e hemodinâmicas do paciente.

As condições essenciais para que esses objetivos sejam alcançados são: pessoal qualificado e devidamente treinado;
veículos de transporte apropriados e equipados, sendo inclusive dotados de meio de comunicação direta com o centro
que receberá a vítima e hospitais de referência estrategicamente localizados, com infraestrutura material e recursos
humanos adequados.
Uma atenção pré-hospitalar qualificada é de suma importância para que a vítima chegue viva ao hospital. Nos locais
onde esse sistema é inadequado, a mortalidade hospitalar por trauma, por exemplo, é baixa, porque os pacientes graves
morrem no local do acidente, ou durante o transporte.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Para conhecer mais sobre a caracterização dos serviços de urgência e emergência, SAMU, normatização
e legislação do Atendimento Pré-hospitalar (APH) no Brasil, leia sobre a Política Nacional de Atenção às
Urgências, documento disponível no site do Ministério da Saúde:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Politica%20Nacional.pdf>.

O socorrista, ao decidir intervir em determinada ocorrência no ambiente pré-hospitalar, deverá seguir algumas
regras básicas de atendimento:

1. AVALIAR CUIDADOSAMENTE O CENÁRIO


–– Q
ual a situação? Observar, reconhecer e avaliar cuidadosamente os riscos que o ambiente
oferece (para você, sua equipe e terceiros – paciente, familiares, testemunhas, curiosos), qual
o número de vítimas envolvidas, gravidade etc.
–– Como a situação pode evoluir? Tenha sempre em mente que o ambiente pré-hospitalar nunca está
100% seguro e uma situação aparentemente controlada pode tornar-se instável e perigosa a qualquer
momento. Portanto, a segurança deverá ser reavaliada constantemente! Identifique as ameaças
ao seu redor, tais como riscos de atropelamento, colisão, explosão, desabamentos, eletrocussão,
agressões etc. Na existência de qualquer perigo em potencial, aguarde o socorro especializado.
Lembre-se: não se torne mais uma vítima! Quanto menor o número de vítimas, melhor.
–– Q
ue recursos devem ser acionados? Verifique se há necessidade de solicitar recursos adicionais,
tais como corpo de bombeiros, defesa civil, polícia militar, companhia elétrica e outros.

2. ACIONAR A EQUIPE DE RESGATE especializado e autoridades competentes, caso seja necessário,


conforme avaliação anterior. Não devemos esquecer que solicitar o serviço de socorro pré-hospitalar
profissional é tão importante quanto cuidar da própria vítima. Na maioria das cidades brasileiras, os
principais números para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), serviço de
salvamento e resgate (Corpo de Bombeiros) e Polícia Militar, são respectivamente: 192, 193 e 190.

3. SINALIZAR O LOCAL: isso é especialmente importante em casos de acidentes automobilísticos,


portanto não se esqueça de sinalizar a cena e torná-la o mais segura possível. Utilize o triângulo
de sinalização, pisca-alerta, faróis, cones, galhos de árvores etc.

4. Utilizar BARREIRAS DE PROTEÇÃO contra doenças contagiosas. Ao examinar e manipular


a vítima, o socorrista deverá tomar todas as precauções para evitar a sua contaminação
por agentes infecciosos, sangue, secreções ou produtos químicos. O uso de equipamento
de proteção individual (EPI), tais como luvas descartáveis, óculos de proteção, máscaras e
aventais, é essencial para a segurança do profissional de saúde em atendimento. Portanto,
proteger-se de qualquer contaminação e minimizar os riscos de exposição fazendo uso das
Pós-Graduação a Distância

precauções universais é uma obrigação da pessoa que presta o socorro. Lembre-se do bom
senso: a sua segurança em primeiro lugar, correto? Lembramos ainda que a lavagem de mãos
com água e sabão deverá ser feita rigorosamente antes e após cada atendimento. Esse é um
hábito imprescindível a ser adotado tanto no ambiente pré-hospitalar quanto hospitalar, por
todos os profissionais de saúde. Quando se trata de uma emergência o que deve-se fazer é
se proteger (com luvas) para salvar a vida e não procurar uma pia para se lavar. Para mais
informações, consulte o site:

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Suporte Básico de Vida Unidade I

5. RELACIONAR TESTEMUNHAS para sua própria proteção pessoal, profissional e legal enquanto
prestador de socorro.

6. ABORDAGEM E AVALIAÇÃO DA VÍTIMA

Após avaliar o ambiente e tomar todas as precauções de segurança e proteção individuais, o


socorrista deverá se identificar e se apresentar à vítima dizendo: “Sou um profissional de saúde.
Posso ajudar?”

Em seguida, devidamente autorizado a prestar auxílio e observando todos os aspectos pessoais


e legais da cena do acidente (ou doença aguda), o profissional poderá intervir diretamente no
atendimento.

É fundamental que o socorrista profissional classifique a vítima em adulto, criança ou bebê, pois os
procedimentos de SBV, caso sejam necessários, serão adotados respeitando-se essa classificação,
de acordo com as últimas recomendações (2010) da American Heart Association.
• Bebê (“lactente”): do nascimento ao primeiro ano de vida.

• Criança: do primeiro ano de vida até o início da puberdade (por ex: desenvolvimento das mamas em
meninas e pelos axilares nos meninos).

• Adulto: a partir da puberdade.

A prioridade de atendimento é determinada basicamente pela gravidade da vítima, ou seja,


serão socorridas e atendidas primeiramente aquelas que se encontram sujeitas a maior risco
de morte, pois o objetivo principal do primeiro socorro é a preservação da vida. O socorrista
deverá seguir uma sequência padronizada e executar as medidas de socorro conforme for
identificando as lesões da vítima. O exame é dividido em dois tempos principais: avaliação
primária e avaliação secundária.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA consiste numa análise de todas as condições que impliquem risco
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

iminente de morte, tais como permeabilidade das vias aéreas, respiração eficaz (anormal ou
gasping), estabilidade circulatória, controle de grandes sangramentos e estabilização da coluna
cervical. Essa etapa inicial da avaliação deverá ser completada em 60 segundos, no máximo
e imediatamente chamar ou solicitar alguém que chame o serviço de atendimento móvel, se
disponível no local trazer o DEA – Desfibrilador Automático Externo. Durante a avaliação
primária, o socorrista identifica e corrige prontamente todos os problemas que ameaçam a vida
do doente. As medidas de suporte básico de vida são iniciadas nesse primeiro instante.

A sequência ABC foi alterada para CAB, o socorrista iniciará com as compressões caso a vítima
não apresente pulso. A maior parte dos pacientes que sofrem PCR inicialmente apresentou
Fibrilação Venticular – FV ou Taquicardia Ventricular – TV sem pulso. Diante disto as medidas
imediatas são compressões e desfibrilação precoce. Sendo assim a sequência utilizada
anteriormente retardaria o início da massagem cardíaca. Com alteração da sequência as
manobas de compressões serão iniciadas sem atraso e a ventilação verá em seguida.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

• Circulação – O pulso está presente? Não se deve demorar mais do que 10 segundos para
identificar o pulso. Existe alguma hemorragia grave? Na ausência de pulso iniciar de imediato
com 30 compressões torácicas, em uma frequência de no mínimo 100 vezes por minutos, com a
profundidade de 5 cm. Prevenir ou tratar o estado de choque.

• Vias aéreas e estabilização da coluna cervical (em vítimas de trauma, profissionais de sáude que
suspeitarem de trauma realizar anteriorização da mandíbula) – Ver, Ouvir e Sentir não se usa mais.
Verificar se as vias aéreas estão pérvias ou se existem sinais de obstrução.

• Respiração – O paciente respira? Na ausência da respiração realizar 2 ventilações. Essa respiração


está sendo eficaz? Ofertar suporte ventilatório com oxigênio suplementar de 12 a 15 L/min para
vítimas de trauma.

• Avaliação neurológica – Chamar pela pessoa. “Você está bem? Posso ajudar? Qual o seu nome?”
Um método muito simples para determinar rapidamente o estado de consciência é a utilização do
sistema AVDI.
A – Acordado, Alerta: o indivíduo emite respostas coerentes (nome, endereço, detalhes do
acidente...). Geralmente a vítima mantém contato visual com o socorrista e atende normalmente
aos estímulos visuais, auditivos e táteis.
V – Verbal: nesse estágio a vítima ainda atende ao estímulo verbal dado pelo socorrista
(comando de voz), no entanto, pode apresentar-se confusa e emitir palavras desconexas.
Devemos considerar que essa vítima poderá perder a consciência a qualquer momento, portanto
ela deve ser estimulada a manter-se acordada.
D – Doloroso: nesse estágio a vítima não atende mais aos estímulos verbais do socorrista,
apesar de poder emitir sons ou gemidos, mas sem capacidade de contato visual direto. Realiza-
se um estímulo doloroso (sobre o esterno, trapézio ou leito ungueal) para obter qualquer resposta
da vítima (localizar a dor, reagir com caretas, movimentos, gemidos...). É bom lembrar que em
muitos casos, a vítima estará em um estado de semiconsciência e poderá até mesmo ouvir e
sentir o que acontece ao seu redor. Dessa forma, o socorrista também deverá estimular o retorno
da vítima ao estado de resposta verbal, incentivando a melhora do seu nível de consciência.
I – Irresponsivo ou Inconsciente: nesse estágio o indivíduo não responde nem mesmo ao
estímulo doloroso. Isso, por si só, já caracteriza uma situação crítica.

• Exposição da vítima com controle da hipotermia – Retirar ou cortar as vestes para visualizar melhor
e tratar as lesões de extremidades. Em seguida, cobrir a vítima, prevenindo assim a hipotermia e
minimizando o choque.
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Observação. O protocolo detalhado do suporte básico de vida e reanimação cardiopulmonar


(RCP) será visto no capítulo seguinte.

É muito importante obter todas as informações possíveis do local do acidente. O socorrista


deverá observar cuidadosamente a cena por si só, conseguir informações com a própria vítima
(se consciente e orientada), familiares e testemunhas e avaliar os sinais e sintomas indicativos
de uma emergência.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA (complementar): consiste na segunda etapa do exame, onde serão


observadas todas as lesões que não impliquem risco imediato à vida. O socorrista deve buscar
realizar anamnese direcionada, checar a história do acidente ou mal súbito, identificar os
ferimentos, aferir os sinais vitais e realizar um exame físico padronizado, da cabeça aos pés.
Algumas perguntas e informações são fundamentais e devem ser levantadas, como por exemplo:
• Nome, idade, telefone (menor de idade – contatar responsáveis).

• O que aconteceu?

• Isso já aconteceu antes?

• Algum problema de saúde?

• Está tomando algum remédio?

• Está fazendo algum tratamento de saúde?

• É alérgico a algum medicamento?

• Fez uso de algum tipo de droga?

• Qual o horário da última alimentação?

• O que você está sentindo? Sente dor em algum lugar?

Dica para realizar a anamnese: utilizar a sigla AMPLA.

A – Alergias

M – Medicamentos
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

P – Passado médico

L – Líquidos e alimentos

A – Ambiente (eventos relacionados ao trauma ou emergência


clínica)

Durante a avaliação secundária, proceder, ainda, à avaliação dos sinais vitais, observar a cor
da pele e verificar o nível de consciência. Destacamos abaixo algumas observações e “dicas”
quanto aos dados obtidos pelo socorrista durante a realização dessa etapa.

1. Condições que estimulam o sistema nervoso parassimpático, como algumas intoxicações,


síncope e pressão intracraniana elevada podem provocar bradicardia.

2. Condições que elevam a demanda de oxigênio, como febre alta, choque, hipóxia e anemia
grave, provocam taquicardia.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

3. Um ritmo de pulso irregular e uma deficiência do pulso (frequência do pulso radial menor que a
frequência do pulso apical) ocorrem com as arritmias.

4. Um pulso filiforme geralmente é encontrado no choque hipovolêmico, assim como respirações


rápidas e superficiais.

5. Respiração profunda e difícil (com esforço – dispneia) pode indicar obstrução nas vias aéreas,
doença cardíaca ou pulmonar.

6. A diferença entre a PA sistólica e a diastólica (pressão de pulso) é aproximadamente de 30 a


40mmHg.

7. Quando a pressão de pulso é baixa, diz-se que a PA é convergente e quando é alta diz-se que a PA
é divergente. A PA convergente indica vasoconstrição e ocorre, por exemplo, precocemente no
choque hemorrágico antes da queda da pressão sistólica. A PA divergente indica vasodilatação
e ocorre nas reações anafiláticas e no choque neurogênico.

8. Uma pele fria e úmida é indicativa de uma resposta do sistema nervoso simpático a um
traumatismo ou perda sanguínea (estado de choque). A exposição ao frio produz uma pele fria,
no entanto seca. Uma pele quente e seca pode ser causada por febre, em uma doença, ou ser
o resultado de uma exposição excessiva ao calor, como na insolação.

9. Todo politraumatizado taquicárdico e pálido está em choque, até que se prove o contrário.
Pacientes com coloração rosada raramente têm hipovolemia crítica.

10. A cianose não aparece na intoxicação por monóxido de carbono, e a coloração vermelho-cereja
da pele e mucosas, descrita como sinal clássico nesse tipo de intoxicação, é rara.

11. Dilatação pupilar bilateral e não reativa sugere dano cerebral grave.

12. Presença de pupilas anisocóricas sugere lesão cerebral por traumatismo craniano ou AVE –
acidente vascular encefálico.

Este assunto está disponível em:


<http://www.bombeirosemergencia.com.br/analiseprimaria.html>
<http://www.marski.org/download/altamontanha/Manual-de-APH02.pdf>
<http://www.uniandrade.edu.br/links/menu3/publicacoes/revista_enfermagem/oitavo_a_manha/artigo15.pdf>.
Pós-Graduação a Distância

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Capítulo 2 – Parada Cardiorrespiratória

A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência relativamente frequente em qualquer serviço de atendimento de
emergência, e significa a cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios.

Já foi o tempo em que ausência de respiração e batimento cardíaco significava morte. Com a evolução das técnicas de
reanimação cardiopulmonar, desenvolvimento de drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento de leigos e
profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo.

As células do organismo começam a morrer alguns minutos depois de cessadas as funções vitais. As células nervosas
são as mais frágeis do corpo humano. Elas não conseguem sobreviver por mais de cinco minutos sem oxigênio, sofrendo
lesões irreversíveis.

É claro que toda pessoa com alguma possibilidade de ser salva deve ser reanimada. No entanto, como saber que
essa chance existe e quando devemos considerar a pessoa morta? Sabemos que uma vítima estará morta quando
houver parada total e irreversível de suas funções encefálicas. Quando essas estruturas cessam suas funções de forma
irreversível, podemos afirmar que ela se encontra morta e não há mais nada a ser feito.

“A parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos pela
comunidade científica mundial.” (Trecho da Resolução do Conselho Federal de Medicina no 1.480/97, de 8/8/97).

Observação – Intoxicação por drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC), distúrbios metabólicos e
hipotermia podem simular os parâmetros de lesão encefálica irreversível.

O socorrista, ao se aproximar da vítima e constatar que não existe respiração e pulso, não pode ter certeza se já existe
a morte encefálica, portanto a vítima deverá receber as manobras de reanimação, a não ser que se encontrem sinais
claros de morte óbvia. Existem inúmeros casos conhecidos em que a vítima foi reanimada com sucesso após longo tempo
de parada cardíaca. (Fato relacionado com as causas da parada cardíaca e fatores ambientais que podem preservar o
encéfalo por um tempo maior que os tradicionais 4 a 6 minutos para que a morte cerebral se inicie).

As causas de parada cardiopulmonar podem ser divididas em 2 grupos: primárias e secundárias.

Primárias: devido a um problema do próprio coração, causando uma arritmia cardíaca, geralmente a fibrilação ventricular.
A causa principal é a isquemia cardíaca (chegada de quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao coração).
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Secundárias: são as principais causas de PCR em crianças e vítimas de traumatismos. A disfunção do coração é
causada por problema respiratório ou por uma causa externa:

1. oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças pulmonares;

2. transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estado de choque e intoxicação pelo monóxido de
carbono;

3. ação de fatores externos sobre o coração: drogas, trauma direto no coração e descargas elétricas.

Parada respiratória
A vítima interrompe os movimentos respiratórios, mas o coração pode continuar bombeando sangue durante alguns
minutos e a circulação continua enviando oxigênio dos pulmões para os tecidos. Se houver uma intervenção precoce, é

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Suporte Básico de Vida Unidade I

possível reverter o quadro e prevenir a parada cardíaca. Do contrário, ocorrerá interrupção do funcionamento do coração
enquanto bomba cardíaca, a circulação será suspensa e o quadro se agravará com parada cardiorrespiratória.

Causas da parada respiratória:

• estado de inconsciência – obstrução de vias aéreas por queda da língua na faringe posterior;

• obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE);

• afogamento;

• acidente vascular encefálico;

• inalação de fumaça;

• overdose de drogas;

• trauma cranioencefálico etc.

Como reconhecer os sinais de uma parada cardiorrespiratória (PCR)


Tríade: vítima inconsciente, ausência de respiração e ausência de pulso em grande artéria (o principal sinal da parada
cardiopulmonar, sendo o mais específico – ausência de pulso carotídeo no adulto e braquial no bebê).

Atenção! a midríase bilateral é um sinal tardio, ocorre em até 45 segundos após a parada cardíaca e pode aparecer em
outras situações. Assim sendo, não utilizar a dilatação das pupilas para o diagnóstico da parada ou para definir que a
vítima está com lesão cerebral irreversível. A persistência da midríase com a RCP é um sinal de prognóstico ruim.

A ausência de circulação do sangue interrompe a oxigenação dos tecidos. Após alguns minutos as células mais sensíveis
começam a morrer. Os órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral irreversível
ocorre geralmente após cinco a seis minutos (morte cerebral).

Dica: As vítimas submetidas a baixas temperaturas (hipotermia) podem suportar períodos mais longos sem oxigênio,
pois o metabolismo diminui, reduzindo o consumo de oxigênio.

Portanto, a reanimação cardiopulmonar (RCP) é a técnica utilizada para retardar a lesão cerebral até a instituição
de medidas de suporte avançado de vida. Consiste nas manobras de abertura das vias aéreas, respiração artificial e
compressões torácicas, na tentativa de restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea.

Objetivos das manobras de reanimação cardiopulmonar (MRCP)


Oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo; retardar ao máximo a lesão cerebral; prolongar
a duração da fibrilação ventricular (modalidade de PCR mais encontrada no ambiente extra-hospitalar), impedindo que
Pós-Graduação a Distância

ela se transforme em assistolia e permitir que a desfibrilação tenha sucesso; reverter a parada cardíaca em alguns casos
de PCR por causas respiratórias.

A RCP não é capaz de evitar lesão cerebral por períodos prolongados. Com o tempo (minutos) a circulação cerebral
obtida com as compressões torácicas vai diminuindo progressivamente até se tornar ineficaz. Durante a RCP a
pressão sistólica atinge de 60 a 80mmHg, mas a pressão diastólica é muito baixa, diminuindo a perfusão de vários
órgãos, entre os quais o coração. As paradas por fibrilação ventricular só podem ser revertidas pela desfibrilação
(tratamento definitivo).

17
Suporte Básico de Vida Unidade I

Para cada minuto sem as manobras de reanimação cardiopulmonar e desfibrilação, as chances de sobrevivência da
vítima caem de 7 a 10%.

Para a vítima em parada cardiopulmonar, o tempo é um fator crítico. (“Tempo é cérebro!”). Durante alguns minutos
após a parada ainda existe oxigênio nos pulmões e na corrente sanguínea para manter a vida, mas as manobras de
reanimação devem ser iniciadas tão logo se detecte a parada cardíaca. No entanto, o SBV sem desfibrilação não
é suficiente para manter a vida por períodos prolongados e a reversão da PCR na maioria dos casos também não é
obtida. Portanto, é fundamental a solicitação de unidade com desfibrilação e recursos de suporte avançado de vida.
Estudos comprovam que vítima desfibrilada em até 8 minutos após a parada cardiopulmonar tem mais chances de
sobrevivência.

O desfibrilador é um aparelho que emite descarga elétrica (choque) no intuito de reverter a arritmia cardíaca letal.
Está indicado nas situações que o coração apresenta ritmo de fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular
sem pulso (TV).

O DEA (desfibrilador externo automático) é um aparelho simples, bastante confiável e de fácil manuseio. Qualquer
pessoa tem condição de operá-lo corretamente após treinamento adequado. (Veja modelos de desfibriladores ao final
da unidade).
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Fonte: <http://www.erc.edu>.

18
Suporte Básico de Vida Unidade I

Capítulo 3 – Protocolo de Reanimação Cardiopulmonar


(Diretrizes Ilcor 2010)

Qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode iniciar ressuscitação


cardíaca... tudo o que é necessário são duas mãos.
Kouvenhoven, 1960.

As manobras de reanimação cardiopulmonar vêm sendo aperfeiçoadas ao longo de várias décadas. A International Liaison
Committee on Resuscitation (Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação) foi criada em 1992, com intuito de
promover um fórum entre as principais organizações de ressuscitação de todo o mundo, disseminando informações para
o treinamento e educação em ressuscitação, entre outros objetivos.

As novas recomendações internacionais para suporte básico e avançado de vida podem ser encontradas
nos sites da Associação Americana do Coração (American Heart Association) e do Conselho Europeu
de Ressuscitação:
<http://mmintensivecare.webnode.pt/news/diretrizes-guidelines-da-american-heart-association-aha-
2010-para-rcp/>
<http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/2075-ECv9n2_99-101.pdf>
<http://www.erc.edu/index.php/guidelines_download/en>.

A sobrevivência à parada cardiorrespiratória depende de uma série de intervenções fundamentais, que correspondem à
“corrente de sobrevivência”. O reconhecimento imediato dos sinais, o acionamento precoce do serviço de emergência
(acesso rápido), a RCP imediata, a chegada da equipe de atendimento (com a desfibrilação precoce) e entrada rápida
no hospital (Suporte Avançado de Vida – SAV) são elos vitais da corrente para garantir a eficácia do processo. A
recuperação da circulação deve ocorrer num período inferior a 4 minutos, caso contrário poderão sobrevir alterações
irreversíveis no sistema nervoso, um dos tecidos mais sensíveis à falta de oxigênio.
Cadeia de Sobrevivência de ACE Adulto da AHA
Pós-Graduação a Distância

Fonte: Guidelines da American Heart Association, 2010.

Um quinto elo é implementado na cadeia de sobrevida, os cuidados pós-PCR. Este novo elo otimiza a estabilização da
função cardiopulmonar, perfusão dos órgãos e remoção para o estabelecimento de saúde adequado (AHA, 2010).

19
Suporte Básico de Vida Unidade I

Sequência resumida dos passos para execução do Suporte Básico de Vida e manobras de RCP
1. Avaliar a responsividade: avaliar o nível de consciência, tocando a vítima pelo ombro e chamando-a em voz alta.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

2. Chamar por ajuda: na ausência de resposta da vítima, acionar imediatamente o serviço médico de emergência
e solicitar desfibrilador.

3. Detectar presença de pulso (C – Circulation): palpação da artéria carótida ou femoral (5 a 10 seg.). Na ausência
de pulso, iniciar compressões torácicas: comprimir com força e rápido, na frequência de no mínimo 100 vezes
por minuto. A profundidade das compressões deve ser de 5 cm em adultos e crianças e bebês 4 cm. A relação
compressões/ventilações com um socorrista deve ser mantida na proporção de 30:2, em qualquer faixa etária
(exceto recém-nascidos). Minimizar a interrupção das manobras de compressão e quando 2 ou mais profissionais
de sáude estão presentes durante a RCP, os socorristas devem revezar-se nas compressões torácicas a cada
5 ciclos (2 minutos de RCP), visando manter a eficácia do procedimento.

4. Abrir as vias aéreas (A – Airway): assegurar permeabilidade e desobstrução das vias aéreas. Identificar
respiração anormal ou gasping. Abolido a “manobra de ver, ouvir e sentir”, ao abrir as vias aéreas assegura-se
que a percepção de respiração já é detectada. Não se recomenda o uso rotineiro da pressão cricóide.

5. Avaliar respiração (B – Breathing): Realizar ventilação de resgate: 2 insuflações, com duração de 1 segundo
cada.

6. Desfibrilação (D – Defibrillation): o tratamento definitivo da fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular


sem pulso (TV) consiste na desfibrilação (choque). O DEA deverá ser usado assim que estiver disponível. (No
aparelho monofásico: choque de 360 joules. No aparelho bifásico: até 200j).
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Observações:

• Colocar o DEA assim que disponível, minimizando compreesões torácicas antes e após o choque;

• Reduzir o tempo entre a compressão e aplicação do choque e o reinicio imediato das compressões;

• Quando houver suporte ventilatório avançado instalado não interromper compressões nem alternar. A
frequência de ventilação deve ser aplicada a cada 6 a 8 segundos, sendo de 8 a 10 por minuto.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

<http://xa.yimg.com/kg/groups/25064140/538256715/name/ARTIGO+DOSSIE+RCPC+ALUNAS
+POS.pdf>

<http://www.heart.org/idc/groups/heartpublic/@wcm/@ecc/documents/downloadable/
ucm_317343.pdf>

A – VIAS AÉREAS
A vítima encontrada inconsciente e irresponsiva deverá ser posicionada em decúbito dorsal sobre uma superfície dura,
firme e plana, com os membros superiores estendidos ao longo do corpo. A cabeça da vítima não deve ficar mais alta que
os pés, para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. Nas vítimas de trauma com suspeita de lesão na coluna cervical,
o movimento deve ser cuidadoso para evitar danos à medula espinhal.

A ventilação pulmonar (respiração artificial) só poderá ser executada com sucesso caso as vias aéreas da vítima estejam
abertas, desobstruídas. Nas vítimas inconscientes, a principal causa de obstrução é a queda da língua sobre a parede
posterior da faringe. Como a língua está presa à mandíbula, as manobras que tracionam a mandíbula para frente
também elevam a língua. A manobra de abertura das vias aéreas pode ser suficiente para restabelecer a respiração e
prevenir a parada cardíaca.

As principais manobras utilizadas para desobstruir as vias aéreas são: inclinação da cabeça com elevação do queixo e
manobra de elevação da mandíbula. Pode ser utilizada também uma cânula orofaríngea (do tipo Guedel) para manter a
permeabilidade das vias aéreas.

Inclinação da cabeça e elevação do queixo: manobra mais utilizada, fácil e efetiva. Com uma das mãos, pressionar a
testa da vítima, inclinando a cabeça levemente para trás (hiperextensão do pescoço). Posicione os dedos da outra mão
sobre o queixo, deslocando a mandíbula para cima. Não utilizar o polegar e não aplicar pressão excessiva nas partes
moles sob o queixo, que poderão obstruir as vias aéreas. Manter a boca da vítima aberta.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Elevação do ângulo da mandíbula: é a manobra de escolha nas vítimas com suspeita de traumatismos na coluna
Pós-Graduação a Distância

cervical, pois pode ser realizada sem estender o pescoço. Segurar com as duas mãos os ângulos das mandíbulas, uma
de cada lado, e deslocar anteriormente, mantendo a cabeça fixa. Com os polegares, afaste os lábios inferiores. Essa
técnica deverá ser adotada apenas por profissionais de saúde treinados.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Observação – socorristas leigos não devem realizar essa manobra, e sim a elevação do queixo.
Atenção! De acordo com as diretrizes 2010, caso essa manobra não promova abertura das vias aéreas, o profissional
de saúde é orientado a utilizar a manobra convencional (inclinação da cabeça e elevação do queixo), pois a abertura das
vias aéreas é uma prioridade nos pacientes inconscientes, inclusive nas vítimas de trauma.
OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE)
Se um corpo estranho for visualizado e estiver acessível após a manobra de abertura das vias aéreas, remova-o com o
dedo indicador “em gancho”. No caso de líquidos, tente removê-los com os dedos indicador e médio envolvidos por gaze.
Somente tente remover o material que está causando a obstrução se ele estiver bem visível e de fácil acesso.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução das vias aéreas (pela queda da língua), a
obstrução por corpos estranhos pode provocar a perda de consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de
corpos estranhos obstruindo as vias aéreas ocorre mais frequentemente durante as refeições, mas outras causas de
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

obstrução incluem próteses dentárias deslocadas, fragmentos dentários, sangue, secreções (saliva, vômito), balas etc.
Em lactentes ou crianças, as causas mais frequentes são aspiração de pequenos objetos ou leite regurgitado.

A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago também poderá ocorrer durante a parada
cardiopulmonar ou nas manobras de ressuscitação. Pessoas com nível de consciência alterado correm maior risco de
obstrução de vias aéreas pela aspiração de material vomitado ou sangue. (Perda ou diminuição do reflexo faríngeo).

A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (semiengasgo) ou total (engasgo). Com a parcial, a vítima ainda pode ser
capaz de manter boa troca gasosa, caso em que poderá tossir, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto existir uma
troca gasosa satisfatória, a vítima deverá ser estimulada e encorajada a persistir na tosse espontânea e nos esforços
respiratórios, sem interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho.

A troca insuficiente de ar é indicada pela presença de tosse ineficaz e fraca, ruídos respiratórios estridentes ou gementes,
dificuldade respiratória acentuada e, possivelmente, cianose. Nesse ponto, iniciar o manejo da obstrução parcial como
se houvesse obstrução total.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

A obstrução total das vias aéreas (engasgo real) é geralmente reconhecida quando a vítima está se alimentando e,
repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço (sinal clássico,
universal), apresentando esforço respiratório exagerado e cianose. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser
detectável. A vítima não consegue falar ou tossir com eficácia. O pronto atendimento é urgente, preferencialmente
enquanto a vítima ainda está consciente. Caso não seja instituído tratamento, a vítima evolui rapidamente para
inconsciência, PCR e óbito.
Como proceder? APLICAR A MANOBRA DE HEIMLICH.
Essa técnica tem como objetivo expulsar o corpo estranho por intermédio da eliminação do ar residual dos pulmões,
criando uma espécie de “tosse artificial”.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

• Verifique se é um engasgo real. Pergunte à vítima: “Você está engasgado (a)?”


• Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome. Estando a vítima em pé, ampliar sua base de
sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar que ela caia,
caso venha perder a consciência).
• Localizar o umbigo.
• Colocar a mão fechada 1 dedo acima do umbigo. A mão do socorrista em contato com o abdome da vítima
está com o punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão é colocada sobre a primeira.
• Aplicar 5 compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima.
• Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto.
• Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de 5 compressões, até que o objeto desobstrua as vias aéreas,
ou a vítima perca a consciência. Pós-Graduação a Distância

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar
(30 compressões torácicas e 2 ventilações. Reavaliar a cada 2 minutos (5 ciclos) ou se a vítima mostrar sinais de
desobstrução, respiração espontânea e circulação).

Atenção! A manobra de Heimlich é perigosa e poderá provocar lesões internas graves. As principais complicações são
lesões de vísceras abdominais como o fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração.
Sempre encaminhe a vítima ao médico após a aplicação da Manobra de Heimlich.

Observação – Segundo a American Heart Association, a manobra de Heimlich com compressões abdominais é
recomendada apenas para crianças maiores de 1 ano e adultos.

Dica – para a desobstrução de vias aéreas em bebês, mulheres grávidas e pessoas obesas, realizar compressões
torácicas, e não compressões abdominais.

Nos bebês (lactentes), intercalar 5 tapotagens com as 5 compressões torácicas, até que o objeto seja expulso ou o
bebê perca a consciência. Caso isso ocorra, considerar a criança em parada cardiorrespiratória e iniciar imediatamente
manobras de RCP.

Imagens adaptadas de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.


Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

B – BOA VENTILAÇÃO

Após a desobstrução da via aérea por corpo estranho deve-se observar se a vítima tem respiração normal ou gasping.

Fonte: <http://www.erc.edu>.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

O procedimento de verificação da respiração não deve levar mais do que 3 a 5 segundos.

Respiração difícil, ruidosa e com esforço respiratório pode indicar obstrução de vias aéreas, ou respiração agônica que
antecede a parada cardíaca. O socorrista deve estar atento.

Ao constatar que a vítima não está respirando, iniciar imediatamente a ventilação artificial (“sopro da vida” ou 2 ventilações
de resgate).

Conforme visto anteriormente, o socorrista não deve se esqueçer de utilizar barreiras de proteção ao realizar a técnica
de ventilação boca a boca. Deve se lembrar que a segurança do profissional vem em primeiro lugar! O socorrista poderá
utilizar dispositivos de barreira como a face-shield ou pocket mask (existem diversos modelos disponíveis no mercado).
O ideal é utilizar o balão-valva-máscara (reanimador manual), conhecido popularmente como “Ambu®”.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça ou elevação da mandíbula; pinçar as narinas da vítima com
a mesma mão que inclina a cabeça; aplicar sua boca sobre a da vítima, vedando-a completamente. Efetuar duas
ventilações, com duração de 1 a 2 segundos (cada sopro), observando o movimento do peito e sentindo o ar expirado da
vítima (ventilações mais rápidas causam distensão do estômago); manter um sopro a cada 5 ou 6 segundos (no adulto,
frequência de aproximadamente 12 respirações/min).

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Observação – Se a vítima estiver inconsciente, mas apresentar respiração espontânea, deverá ser mantida em Posição
Pós-Graduação a Distância

de Recuperação (decúbito lateral esquerdo). Essa posição é particularmente importante, pois permite que seja reduzido
o risco de aspiração para os pulmões, em caso de vômito ou excesso de sangue nas vias aéreas. A posição lateral de
segurança (posição de recuperação) é utilizada nos momentos em que a vítima deverá ser lateralizada para desobstrução
das vias respiratórias ou quando seu estado exigir descanso.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

C – CIRCULAÇÃO

Após as duas ventilações iniciais, o prestador de socorro deve verificar o pulso da vítima. O procedimento de verificação
do pulso não deve demorar mais que 5 a 10 segundos.

A parada cardiorrespiratória é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias de vítimas inconscientes. Nos
adultos e nas crianças maiores de 1 ano a artéria utilizada é a carótida. Essa artéria pode ser palpada facilmente no
pescoço (nos dois lados). Em lactentes, a artéria de escolha para verificar a presença de pulso é a braquial.

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

Atenção! Verificar o pulso nas carótidas, por 5 a 10 segundos de cada lado. No entanto, não verificar o pulso nos
dois lados ao mesmo tempo, pois poderá induzir a vítima a uma bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos), por
compressão dos barorreceptores localizados próximos do ponto correto de verificação.

Caso o pulso presente, mas a vítima estiver em parada respiratória, a ventilação artificial deverá ser mantida.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Lembrete – Vítima que respira não está em parada cardíaca! A realização de compressões torácicas em pacientes
adultos com pulso presente pode causar complicações sérias. Se confirmada a ausência de pulso nas grandes artérias
(carótida ou femoral), iniciar imediatamente as compressões torácicas.

A manobra de compressão torácica externa consiste em aplicação rítmica de compressão na metade inferior do esterno.
Isso causa pressão direta no coração e também aumento da pressão no interior do tórax, suficientes para manter a
circulação do sangue e a oxigenação, sempre associada à ventilação artificial. Entretanto, mesmo com a técnica correta,
o débito cardíaco é três vezes menor do que o normal. Assim, o atendimento avançado deve ser iniciado rapidamente.
O ideal é que se inicie até 8min após a RCP básica. Pesquisas demonstram que, atualmente, mesmo se a RCP é iniciada
em menos de 4min após a parada cardiopulmonar e o Suporte Avançado à Vida (SAV) chega ao local em menos de 8min
após a parada, as chances da vítima se recuperar são muito pequenas.

• A vítima deve estar em decúbito dorsal (de costas) em uma superfície dura, tomando-se o cuidado para que a cabeça
não esteja elevada acima do nível do coração. O socorrista se mantém ajoelhado, ao lado do tórax da vítima.

• A identificação correta da metade inferior do esterno é muito importante.


26
Suporte Básico de Vida Unidade I

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

• Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima.

• Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifóide.

• Colocar dois dedos acima do apêndice xifóide sobre o esterno. Atualmente é preconizado encontrar um ponto
entre os mamilos sobre o esterno.

• Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno.

• Colocar a outra mão sobre a primeira, de forma que ambas fiquem paralelas. Pode entrelaçar os dedos ou
mantê-los estendidos, mas não apoiá-los sobre a caixa torácica. O objetivo é impedir que a força de compressão
seja efetuada sobre as costelas, podendo fraturá-las.

• Alinhar os ombros sobre o esterno da vítima, mantendo os cotovelos estendidos. A força de compressão deve
ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força de seus braços.

Pós-Graduação a Distância

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

• Exercer pressão vertical, comprimindo a parte inferior do esterno com profundidade de 5cm (adultos e crianças).
As compressões devem ser regulares e ininterruptas, seguidas de relaxamento com o mesmo tempo de duração de
cada compressão. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável.
• A compressão deve ser aliviada completamente (fase de relaxamento), sem que o prestador de socorro retire
suas mãos do tórax da vítima, para que não seja perdida a posição correta das mãos.

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Suporte Básico de Vida Unidade I

• Após 5 ciclos (2 min) de compressão e ventilação (30:2), a vítima deve ser reavaliada.
– Pulso ausente: reiniciar RCP pelas compressões torácicas.
– Pulso presente: verificar respiração; se a vítima estiver respirando – monitorizar os sinais vitais e colocá-la
em posição de recuperação.
– Respiração ausente: manter ventilação artificial (1 sopro a cada 5 ou 6 segundos) e monitorizar o pulso.
As modificações recomendadas em 2010 visam otimizar as compressões torácicas e incentivar os socorristas a iniciar
os procedimentos de RCP através das compressões.

De forma resumida, estas são as principais considerações e recomendações sobre as últimas diretrizes 2010 de
reanimação cardiopulmonar e uso do desfibrilador externo automático (DEA).

1. Iniciar a RCP com as compressões torácicas e minimizar as interrupções, otimizando a função cardiopulmonar
e perfusão dos órgãos.

2. Comprimir o tórax a uma frequência de 100 compressões por minuto, para todas as vítimas.

3. A proporção de compressão/ventilação para qualquer faixa etária (exceto recém-nascido) é de 30:2 (30
compressões para 2 ventilações), com 1 socorrista.

4. Em lactentes e crianças, na presença de 2 socorristas, efetuar 15 compressões para 2 ventilações.

5. Na RCP realizada por 2 socorristas, assim que uma via aérea avançada estiver em posição (intubação
orotraqueal), os socorristas não devem mais aplicar ciclos de compressão com pausas para ventilação. Um
socorrista realiza compressões ininterruptamente e o outro socorrista aplica as ventilações, em uma frequência
de 8 a 10 ventilações por minuto (1 ventilação a cada 6 a 8 segundos).

6. Comprimir com força, rápido e sem parar.

7. Permitir que o tórax retorne totalmente após cada compressão (retorne à posição normal) e utilizar
aproximadamente o mesmo tempo para compressão e relaxamento.

8. Cada ventilação de resgate deve ter a duração de 1 segundo e produzir elevação visível do tórax.

9. Evitar aplicar um número excessivo de ventilações, ou ventilações muito longas e forçadas.


Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

10. Desfibrilar com choque único, seguido de RCP imediata.

11. Reiniciar imediatamente, após a desfibrilação, as manobras de compressão, sem checar o pulso. O pulso
somente será reavaliado após 2 minutos (ou realização de 5 ciclos de RCP).

12. Alternar os reanimadores a cada 2 minutos, para evitar a fadiga e manter a qualidade das manobras de RCP.

13. Abrir as vias aéreas é uma prioridade, mesmo na vítima de trauma com possível lesão cervical. Caso a elevação
da mandíbula sem a extensão do pescoço não abra a via aérea, os profissionais de saúde devem utilizar a
manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.

14. Aplicar se a vítima não estiver respirando, mas tiver pulso, 10 a 12 ventilações de resgate por minuto, para
uma vítima adulta (1 ventilação a cada 5 ou 6 segundos). Para lactentes ou crianças, apliar de 12 a 20
ventilações por mnuto (aproximadamente 1 ventilação a cada 3 a 5 seg.).

15. Iniciar as compressões torácicas, se a frequência cardíaca do lactente ou da criança for inferior a 60bat/
min, com sinais de perfusão sistêmica inadequada.
28
Suporte Básico de Vida Unidade I

16. Usar 1 ou 2 mãos para aplicar as compressões torácicas em crianças. Comprimir sobre o esterno na linha
dos mamilos. Para lactentes, pressionar sobre o esterno, imediatamente abaixo da linha dos mamilos.

17. Na RCP de lactentes realizada por 2 socorristas, utilizar a técnica dos dois polegares para realizar as
compressões torácicas.

18. Usar o DEA para crianças acima de 1 ano de idade (abaixo de um ano utilizar o desfibrilador manual).

19. O soco precordial foi abolido em atendimentos pré-hospitalares.

Modelos de desfibriladores:

Fonte: <http://www.lifesaversofamerica.com>. Fonte: <http://www.heartstart.co.uk>.

Fonte: <http://www.zoll.com>.
Fonte: <http://www.lifesaversofamerica.com>.
Pós-Graduação a Distância

29
Para (não) Finalizar Unidade II
Urgências e Emergências
no Ambiente Extra-Hospitalar

Capítulo 4 – Urgências e Emergências Cardiovasculares

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)


A humanidade enfrenta uma epidemia de cardiopatias, nas quais as síndromes coronarianas agudas (SCA) representam
importante causa de morbimortalidade em todo o mundo. Fatores como a hipertensão arterial, tabagismo, redução da
prática de atividade física, maus hábitos alimentares, ganho ponderal, traços genéticos (hereditariedade), automedicação,
estresse, privação de sono e outros agravos representam uma equação em que o resultado é bombástico, patológico,
coletivo e, de certa forma, evitável.

Atualmente, sabe-se que em grandes capitais o cidadão enfrenta cerca de 1 hora de trânsito por dia, tem menos de
30 minutos para cada refeição, segue com vários deveres sociopolíticos, cultiva a ganância pelo aumento da renda e
valoriza cada vez menos a saúde, chegando ao ponto de trocá-la por status e bens materiais.

O sistema cardiovascular sofre, inquestionavelmente, com o padrão de vida adotado pela sociedade nos dias de hoje.
O coração enfrenta uma sobrecarga episódica ou rotineira que prejudica seu funcionamento de tal maneira que o órgão
perde gradativamente seu potencial de ação, entrando em hipoatividade e inviabilizando a manutenção do metabolismo
pelo princípio básico da homeostasia.

Assim, quando o indivíduo alcança o limiar do estresse, da fadiga e da irresponsabilidade com seu autocuidado, expressa
uma síndrome que acomete um ou mais sistemas do organismo comprometendo sua integridade física. Sinais e sintomas
como dor no peito, sudorese, pele fria, palidez, taquicardia e dispneia estão cada vez mais presentes nos serviços
de atendimento médico especializado, desde aqueles que atuam diretamente na comunidade como nos hospitais de
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

referência.

Dentro desse quadro de doenças cardiovasculares, as síndromes coronarianas agudas (SCA) correspondem à angina
instável, infarto agudo do miocárdio (IAM) e morte súbita.

Imagem adaptada de: <http://pro.corbis.com>.

30
Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

A principal etiologia da SCA é a instalação de placas de ateroma nas coronárias, causando obstrução total ou parcial
das artérias ou seus ramos, com consequente interrupção do fluxo sanguíneo e chegada de oxigênio e nutrientes para
as células do músculo cardíaco.

Alterações na circulação coronariana com redução do débito promovem um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de
oxigênio das células cardíacas. Assim, a redução do fluxo sanguíneo e isquemia, quando prolongada, acarretam hipóxia
e culminam com a morte (necrose) do músculo cardíaco. Nesse processo de injúria, o coração demonstra seu sofrimento
a partir de sinais e sintomas clássicos, tais como: precordialgia, epigastralgia, sudorese fria e pegajosa, palidez cutâneo-
mucosa, taquicardia, dispneia, inquietação, mal-estar geral, confusão mental, náuseas, vômitos, fadiga e síncope.

Imagem adaptada de: <http://pro.corbis.com>.

A injúria sintomática decorrente da hipóxia recebe a denominação fisiopatológica de angina. Ao estabelecer necrose
na estrutura cardíaca é diagnosticado o infarto agudo do miocárdio (IAM). A dor de um infarto do miocárdio é
semelhante à da angina, mas, em geral, ela é mais intensa, prolongada e dificilmente aliviada pelo repouso ou
administração de medicamentos. O diagnóstico diferencial entre a angina e o infarto é feito pelo eletrocardiograma
e exames complementares.

Alguns indivíduos apresentam parada cardiorrespiratória súbita e não respondem à reanimação cardiopulmonar,
caracterizando um quadro de morte súbita (geralmente ocasionada por arritmias ventriculares como a fibrilação
ventricular e a taquicardia ventricular sem pulso FV/TV).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o infarto agudo do miocárdio é considerado a principal causa isolada
de morte no Brasil (doença cardiovascular). Esses dados coincidem com aqueles encontrados em países desenvolvidos.

Infarto agudo do miocárdio e morte súbita estão documentados em:


Pós-Graduação a Distância

<http://www.scielo.br/pdf/abc/v84n1/23007.pdf>.

Como proceder?

Diante de uma vítima com possível quadro de IAM, deve-se acionar imediatamente o serviço de socorro especializado
(Suporte Avançado), monitorar os sinais vitais, colocar a vítima em posição confortável (cabeça elevada 30 a 45º),
afrouxar as roupas, gravata ou cinto; ventilar o ambiente, não oferecer bebida ou comida, realizar manobras de RCP (se
necessário) e conduzir a vítima ao hospital o mais rápido possível.

31
Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Lembre-se que “tempo é músculo cardíaco!”, portanto o paciente com dor torácica e suspeita de infarto agudo do
miocárdio deverá ser encaminhado à emergência o quanto antes, para avaliação diagnóstica e tratamento adequado. O
atendimento ao paciente com SCA deverá ser feito de forma rápida e organizada.

Observação – O atendimento médico ao paciente (com administração de oxigênio, vasodilatadores, analgésicos e


outras drogas), bem como os exames diagnósticos, monitorização hemodinâmica e tratamento não serão abordados,
pois representam suporte avançado de vida e conduta específica.

A respeito deste assunto, consulte:


<http://www.arquivosonline.com.br/em/011.pdf>.
<http://www.arquivosonline.com.br/2007/8904/pdf/8904016.pdf>.

A prevenção, aliada à correção dos fatores de risco e identificação precoce da doença arterial coronariana, contribui
significativamente para a redução da mortalidade e sequelas associadas.

Acidente Vascular Encefálico (AVE)


Nas últimas quatro décadas houve um aumento progressivo de sobrepeso e obesidade em função das mudanças do
padrão alimentar e do sedentarismo da vida moderna e, por consequência, do crescimento da morbimortalidade por
doenças crônicas não transmissíveis, incluindo o Acidente Vascular Encefálico (AVE).

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a principal causa de incapacidade funcional no mundo e de morte por causas
cardiovasculares no Brasil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 5 milhões de pessoas morrem
a cada ano por causa de acidentes cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, o
AVE é responsável por 30% dos óbitos registrados no País.

Segundo dados do Ministério da Saúde, mesmo os pacientes que sobrevivem a um AVE correm riscos: cerca de 50%
morrem após um ano, 30% necessitam de auxílio para caminhar e 20% ficam com sequelas graves.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Leia sobre a construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas


não transmissíveis, no contexto do Sistema Único de Saúde em:
<http://www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/5artigo_
construcao_cronicas.pdf>.

A definição de Acidente Vascular Encefálico no dicionário médico é a de uma manifestação, geralmente súbita, de
insuficiência vascular do cérebro de origem arterial decorrente de espasmo, isquemia, hemorragia ou trombose. O
Acidente Vascular Encefálico decorre da alteração do fluxo de sangue ao cérebro. Responsável pela morte de células
nervosas da região cerebral atingida, o AVE pode se originar de uma obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente
vascular isquêmico, ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.
O Acidente Vascular Isquêmico é responsável por 80% dos casos de AVE. Essa obstrução dos vasos cerebrais pode
ocorrer devido a um ateroma (formação de placas numa artéria principal do cérebro) ou tromboembolia (quando um trombo
ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e, pela rede sanguínea, chega aos vasos cerebrais).

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Imagem adaptada de: <http://acidentevascularcerebral.com>.

Ataques isquêmicos transitórios, como o próprio nome indica, correspondem a obstruções temporárias do sangue a uma
determinada área do cérebro. Geralmente, essas obstruções são originadas do acúmulo de plaquetas agregadas em
placas nas paredes dos vasos ou formação de coágulos no coração. Os sinais e sintomas desse ataque são os mesmos
do AVE, contudo, têm duração de menos de 24 horas.

Em um Acidente Vascular Hemorrágico (AVEH) o rompimento dos vasos sanguíneos se dá na maioria das vezes no
interior do cérebro, com a denominada hemorragia intracerebral. Em outros casos, ocorre a hemorragia subaracnóide,
o sangramento entre o cérebro e a aracnóide. Como consequência imediata, há o aumento da pressão intracraniana,
que pode resultar em maior dificuldade para a chegada de sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. Esse
subtipo de AVE é mais grave e tem altos índices de mortalidade.

Pós-Graduação a Distância

Imagem adaptada de: <http://acidentevascularcerebral.com>.

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Fatores de risco

Os fatores de risco aumentam a probabilidade de ocorrência de um acidente vascular encefálico, no entanto muitos deles
podem ser minimizados com tratamento médico ou mudança nos estilos de vida. Entre os fatores de risco que podem ser
modificados, destacam-se os seguintes:
• hipertensão;
• diabetes;
• tabagismo;
• consumo frequente de álcool e drogas;
• estresse;
• dislipidemia;
• doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias;
• sedentarismo;
• uso de contraceptivos hormonais;
• doenças hematológicas.

Existem, contudo, fatores que podem facilitar o desencadeamento de um acidente vascular encefálico e que são
inerentes à vida humana, tais como:
• idade;
• etnia;
• predisposição genética.

Manifestações clínicas

A sintomatologia depende da localização do processo isquêmico, do tamanho da área isquêmica, da natureza e funções
da área atingida e da disponibilidade de um fluxo colateral. Muitos sinais e sintomas são comuns aos dois tipos de
acidente vascular encefálico.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

• Cefaleia
• Alterações do nível de consciência
• Convulsões
• Perda do equilíbrio
• Tontura e fraqueza
• Alterações motoras (hemiplegia, hemiparesia)
• Alterações sensitivas (parestesia, alterações do campo visual)
• Alterações da fala e de comunicação
• Náuseas e vômitos
• Alterações da memória

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Organização Mundial de Saúde


<www.who.int>.

Academia Brasileira de Neurologia


<www.abneuro.org.br>.

Manual Merck. Distúrbios do cérebro e dos nervos


<http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/
mm_sec6_74.html#section_3>.

Atendimento inicial

O Acidente Vascular Encefálico é uma emergência médica. O socorro especializado deve ser chamado imediatamente
para que a vítima seja encaminhada ao hospital o mais breve possível.

O tratamento adequado a uma vítima desse acidente deve ser realizado dentro do hospital, por uma equipe multiprofissional
treinada e bem coordenada. Infelizmente, muitos pacientes não chegam ao hospital a tempo de receber atendimento médico
apropriado; portanto, quanto mais cedo o paciente for atendido, melhor o prognóstico e maiores as chances de sobrevivência.

No entanto, até a chegada do socorro especializado, responsável pelo transporte da vítima, é fundamental a avaliação
do nível de consciência e monitorização dos sinais. A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é uma escala neurológica que
se constitui num método confiável e com o objetivo de registrar o nível de consciência de uma pessoa, para avaliação
inicial e contínua após uma disfunção neurológica.
Escala de Coma de Glasgow
Abertura ocular Espontânea 4
Estimulação 3
Dor 2
Sem abertura 1
Resposta verbal Orientado 5
Confuso 4
Inapropriada 3
Incompreensível 2
Sem resposta 1
Resposta motora Obedece comando 6
Localiza dor 5
Movim. inespecíficos (reflexo de retirada) 4
(Flexão à dor) 3
(Extensão à dor) 2
Sem resposta 1
Pós-Graduação a Distância

Mínimo 3 Máximo 15
Fonte: <www.bibliomed.com.br>.

A vítima de Acidente Vascular Encefálico pode apresentar obstrução de vias aéreas, principalmente devido ao relaxamento
da musculatura que dá suporte à língua. Sendo assim, o atendimento imediato também deve incluir a manutenção
da permeabilidade das vias aéreas, por meio de manobras já estudadas anteriormente. Se necessário, deve-se iniciar
manobras de suporte básico de vida e reanimação cardiopulmonar. Não se dá nada para a vítima beber ou comer e se
continua monitorando seus sinais vitais.

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Capítulo 5 – Urgências e Emergências Neurológicas

Vertigem
A vertigem é uma falsa sensação de movimento ou de rotação ou a impressão de que os objetos se movem ou rodam.
Geralmente, ela é acompanhada por náusea e perda do equilíbrio. Somente a tontura verdadeira – a que os médicos
denominam vertigem – causa uma sensação de movimento ou de rotação. A vertigem pode durar apenas alguns instantes
ou pode persistir por horas ou mesmo dias.

A vertigem deverá ser vista como um aviso de que o organismo da vítima está debilitado. Os sintomas podem ser:
alterações da visão, dificuldade de andar, debilidade passageira nas pernas, desorientação no espaço, alterações do
equilíbrio até a inconsciência completa. Essas alterações poderão estar associadas a hipoglicemia, hipotensão, entre
outros problemas de saúde.

Como proceder?

Sentar a vítima, colocar sua cabeça entre as pernas, com os braços caídos na lateral do corpo. Pedir a ele que empurre
a cabeça para cima, enquanto o socorrista a força para baixo. Essa manobra aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro,
melhorando o quadro do paciente. Levar a vítima a procurar atendimento médico ou orientá-la para isso.

Síncope (Desmaio)
A síncope, popularmente conhecida como desmaio, é uma perda súbita e transitória da consciência. É um sinal de aporte
inadequado do oxigênio e de outros nutrientes ao cérebro, que geralmente é provocado por uma diminuição temporária
do fluxo sanguíneo.

Os indivíduos com esse tipo de problema podem sentir-se bem em repouso, mas podem desmaiar durante o exercício,
pois a demanda de oxigênio pelo organismo aumenta subitamente. Esse tipo de desmaio é denominado síncope de
exercício ou de esforço. Com frequência, a pessoa desmaia após haver praticado exercício. Isso ocorre porque o coração
é incapaz de manter uma pressão arterial adequada durante o exercício.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

O fluxo também pode diminuir quando a pessoa está desidratada em decorrência de problemas como a diarreia, a
sudorese ou a micção excessivas, o que, frequentemente, ocorre em casos não tratados de diabetes.

Em geral, o desmaio causado pela tosse (síncope da tosse) ou pela micção excessiva (síncope da micção) ocorre quando
a quantidade de sangue que retorna ao coração diminui durante a realização do esforço. O desmaio causado pela micção
excessiva é particularmente comum nos idosos.

A síncope da deglutição pode acompanhar doenças do esôfago. Outras causas de desmaio também incluem a anemia, jejum
prolongado e hipoglicemia, arritmias cardíacas, hipotensão arterial, ansiedade que leva à hiperventilação, estresse, alterações
emocionais, permanência em lugares abafados e quentes, levantamento brusco da cama (síncope ortostática) etc.

Atenção! a síncope que ocorre subitamente com perda da consciência e se repete com frequência é sugestiva de
arritmias cardíacas ou alterações neurológicas (tipo pequeno mal epilético).

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Sinais e sintomas

A síncope pode ser precedida de alguns sinais e sintomas, antes do desmaio propriamente dito (perda da consciência),
como por exemplo: fraqueza, tontura, relaxamento muscular, escurecimento da vista, palidez e sudorese, pele fria,
náuseas, pulso rápido e fraco.

Como proceder?

Impedir que o vítima caia, para que não se machuque; deitá-la em decúbito dorsal, elevando os membros inferiores
cerca de 30 cm do chão, monitorar os sinais vitais, afastar os curiosos, ventilar o ambiente e afrouxar as suas roupas,
se necessário; não dar tapas no rosto da vítima nem fazê-la cheirar amônia ou álcool. Se ela não acordar em alguns
minutos, chamar socorro. A síncope não é uma doença, mas um sinal de que algo não está bem no organismo da pessoa.
Portanto, mesmo que ela recobre a consciência espontaneamente, oriente-a a procurar um serviço médico.

Crise Convulsiva

Convulsão tônico-clônica. Fonte: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. O termo crise convulsiva descreve várias
experiências e comportamentos e não é o mesmo que uma crise epilética, embora os termos sejam às vezes utilizados
como sinônimos. Qualquer coisa que irrite o cérebro pode produzir uma crise convulsiva. Dois terços dos indivíduos que
apresentam uma crise convulsiva jamais a apresentam novamente. Um terço dos indivíduos continuarão a apresentar
crises convulsivas recorrentes (transtorno neurológico denominado epilepsia).

Consulte os sites:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Convuls%C3%A3o>.
<http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/dicas/57convulcoes.html>.

O que ocorre exatamente durante uma convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela descarga elétrica
Pós-Graduação a Distância

anormal. A descarga elétrica pode envolver uma área mínima do cérebro, fazendo apenas com que o indivíduo perceba
um odor ou sabor estranho e tenha crises de ausência (crise convulsiva de “pequeno mal”), ou pode envolver grandes
áreas, acarretando uma convulsão (abalos e espasmos musculares generalizados e descoordenados – convulsão de
“grande mal”).

Além disso, o indivíduo pode apresentar episódios breves de alteração da consciência, confusão mental, perda do
controle muscular ou vesical. As convulsões frequentemente são precedidas por auras – sensações incomuns de odores,
sabores ou visões, ou uma sensação intensa de que uma crise convulsiva está prestes a ser desencadeada.

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Os sinais e sintomas comuns das crises convulsivas são: aura convulsiva, grito ou urro epiléptico, perda de consciência,
crise de ausência, convulsões tônico-clônicas, salivação excessiva (sialorreia), descontrole urinário e/ou intestinal.

Como proceder?

Proteger a vítima para que não se machuque, evitando sua queda ou protegendo principalmente sua cabeça; afastar os
curiosos e objetos que possam causar lesões, não segurá-la e permitir que a crise ocorra. Em caso de vômito, lateralizar a
sua cabeça; desobstruir suas vias aéreas com gaze ou pano limpo, não colocar nada na boca da vítima durante o ataque,
não “puxar a língua” nem jogar água no seu rosto. Cessada a crise, ela poderá encontrar-se sonolenta e desorientada.
Mantenha-a em repouso, em um ambiente calmo, silencioso e em observação constante até a recuperação completa,
monitorando os sinais vitais. Encaminhe-a ao hospital ou aguarde o serviço de emergência.

A equipe de saúde da família foi chamada para socorrer um senhor


de 67 anos que caiu no bar vizinho ao centro de saúde. Testemunhas
informam que ele tem o hábito de ingerir bebida alcóolica
diariamente e que o homem “caiu de repente”. Ao examiná-lo, a
equipe percebeu importante alteração no nível de consciência (com
desorientação e confusão mental), a fala estava arrastada e as
pupilas anisocóricas. Tendo por base as hipóteses do homem ter
sofrido um AVE, síncope seguida de queda, traumatismo craniano,
ou ainda encontrar-se em intoxicação alcóolica, elabore um plano
de ação de cuidados. Quais as medidas básicas de socorro você
tomaria com esse paciente?
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Capítulo 6 – Urgências e Emergências Obstétricas

No parto normal, deve existir uma razão válida para interferir no


processo natural.
OMS

Médicos e enfermeiros devem estar preparados para prestar assistência a uma paciente em processo de gestação, parto
e puerpério, reconhecendo os sinais da gestação de alto risco, encaminhando para atendimento especializado quando
necessário e prestando orientações quanto à saúde reprodutiva, planejamento familiar e assistência pré-natal, além de
um atendimento humanizado e de qualidade ao parto.

Pré-natal e puerpério. Atenção qualificada e humanizada. Ministério da Saúde (2006).


<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_puerperio_2006.pdf>.

Humanização da Assistência ao Parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento


<http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n3/a19v10n3.pdf>.

Assistência ao parto normal

Primeiramente, é preciso realizar uma anamnese e exame físico obstétrico, buscando informações sobre a gestação
atual, realização do pré-natal, paridade (número de partos), intercorrências em gestações anteriores, problemas de
saúde etc.

O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores maternos, fetais e placentários, que se interagem. O socorrista
poderá identificar o trabalho de parto pela presença de sinais como: discreto sangramento vaginal, perda de tampão
mucoso, eliminação de líquido amniótico (em condições normais, apresenta-se claro, translúcido e com pequenos grumos
semelhantes a pedaços de leite coalhado); contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena intensidade, com
duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar a duas ou mais em dez minutos; desconforto lombar; alterações
da cérvice (colo uterino) com amolecimento e dilatação progressiva (o exame cervical deve ser realizado por médico ou
enfermeiro obstetra).

Ao se realizar a palpação abdominal com as Manobras de Leopold (palpação do fundo uterino, flancos, pesquisa da
Pós-Graduação a Distância

mobilidade do polo e exploração das escavas), busca-se perceber a situação e apresentação do feto, além de localizar o
seu dorso, para ausculta fetal.

SITUAÇÃO: relação entre o grande eixo longitudinal fetal e uterino. A situação pode ser longitudinal, transversa e
oblíqua (inclinada).

APRESENTAÇÃO: é a região fetal que se encontra na área do estreito superior da bacia, ocupando-a em seu todo, ou
seja, a região do feto que se encaixa na bacia para nascer. Pode ser cefálica, pélvica (completa e incompleta) e acromial
(ou córmica – “de ombro”). Exemplos:

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Fonte: Obstetrícia Fundamental, 8a ed.

A – Situação longitudinal, apresentação cefálica.

B – Situação transversa, apresentação acromial.

C – Situação longitudinal, apresentação cefálica.

D – Situação longitudinal, apresentação pélvica.

A ausculta dos batimentos cardíacos fetais constitui técnica indispensável à avaliação da vitalidade fetal durante o
trabalho de parto. A ausculta pode ser realizada com o estetoscópio monoauricular chamado Pinard, como se faz desde
o século XX, ou por sonar Doppler portátil simples, sendo a vantagem principal a ausculta independente da posição
materna. A frequência cardíaca fetal normal varia de 120 a 160 batimentos por minuto (bpm). Uma redução progressiva
da frequência cardíaca fetal (bradicardia), ou uma frequência cardíaca fetal mantida acima de 160 bpm (taquicardia)
devem ser observadas com cautela e uma melhor monitorização fetal.

O controle dos batimentos fetais deve ser realizado a cada hora do trabalho de parto, durante e após a contração
uterina. Dessa forma, na avaliação da dinâmica uterina, sempre deve ser feita a ausculta do coração do feto. Na
presença de complicações (acelerações, desacelerações ou mecônio), a ausculta necessita ser verificada a cada 5, 10
ou 15 minutos, dependendo da situação.

A avaliação da dinâmica uterina também é importante, momento em que o examinador analisa toda a dinâmica de
contração e relaxamento da musculatura uterina.

A duração de uma contração uterina corresponde ao intervalo de tempo entre a sensação de endurecimento do músculo
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

uterino e seu completo relaxamento. Pode-se percebê-la com a mão espalmada, repousada no fundo uterino. Verifica-se,
também, a frequência das contrações, demonstradas pelo intervalo de tempo entre o seu início, seu final e o início da
contração seguinte. A sua duração é estimada pelo tempo em segundos de sua percepção tátil, e a atividade uterina
aumenta progressivamente, desde o início do trabalho de parto até a expulsão do feto. Em condições normais, ocorrem
3 a 5 contrações no intervalo de 10 minutos, com duração aproximada de 30 a 60 segundos, cada uma.

Avaliação da dilatação do colo uterino

A progressão da dilatação cérvico-uterina é avaliada pelo médico ou enfermeira obstétrica no transcorrer do trabalho de
parto pelo toque vaginal. O exame deve ser realizado após orientação à parturiente sobre a importância e a necessidade
do procedimento, de forma que se obtenha sua cooperação. Para um menor desconforto, orienta-se a parturiente que
esvazie a bexiga antes do procedimento. A dilatação do colo é expressa por centímetros.

Com relação ao número ideal de toques vaginais durante o trabalho de parto, a maioria dos autores aceita que esse
exame deve ser realizado o menor número de vezes possível. Após sua realização, o examinador obterá todas as
informações adequadas quanto às características do colo uterino, à apresentação fetal, à bacia obstétrica, ao estado
das membranas amnióticas (bolsa) e à proporcionalidade. Esses dados necessitam ser anotados no prontuário da
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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

parturiente. Existem relatos em que o excessivo manuseio do canal do parto (número grande de toques vaginais) está
relacionado à contaminação da cavidade uterina, com infecções no pós-parto.
Exame de toque vaginal. Identificação da fontanela posterior.

Fonte: Obstetrícia Fundamental, 1994.

Avaliação da coloração do líquido amniótico

Outro parâmetro empregado no acompanhamento da vitalidade fetal durante o trabalho de parto é a coloração do
líquido amniótico, sendo possível encontrar o líquido claro com presença de grumos nas gestações próximas a termo. A
presença de líquido meconial, para alguns autores, é indicativa de sofrimento fetal; o mecônio espesso eliminado durante
o trabalho de parto está intimamente associado ao aumento de morbimortalidade neonatal.

A eliminação do mecônio tinge de verde o líquido amniótico. O líquido meconial é uma preocupação constante para
o profissional que assiste ao parto. No momento expulsivo do parto, nos casos de presença de líquido com mecônio,
recomenda-se a aspiração das vias aéreas superiores do recém-nascido, antes do desprendimento dos ombros, para se
evitar a aspiração de mecônio pelo recém-nascido.

A aspiração de mecônio espesso pelo recém-nascido poderá levar à chamada síndrome da aspiração do mecônio,
resultante de obstrução mecânica e inflamação química, associadas à angústia respiratória, hipóxia e acidose com
elevada taxa de mortalidade ao redor de 25%.

O parto é dividido em quatro períodos clínicos, a saber.

1. Dilatação: O período definido clinicamente de primeiro estágio, período de dilatação, tem início com a instalação das
contrações regulares que induzem duas importantes mudanças na cérvice (colo uterino):

• apagamento completo do canal cervical, que consiste na incorporação dele ao segmento inferior do corpo
uterino, ocorrendo gradualmente durante o período de dilatação;

• dilatação total da cérvice.

É considerado o período mais demorado, e consiste nas modificações que o colo uterino sofre. A dilatação indica a
Pós-Graduação a Distância

abertura do colo do útero. É expressa em centímetros e, ao atingir a dilatação máxima (10cm), forma-se um único canal
entre o útero e a vagina.

O apagamento na primigesta ocorre antes da dilatação, e nas multíparas, simultaneamente, por isso o trabalho de parto
é mais rápido.

No período da dilatação, após o colo atingir 5cm, as contrações uterinas progridem e aos poucos aumentam a
intensidade, o intervalo e a duração, diminuindo o intervalo entre uma e outra. Como resultado, a cabeça do feto vai
gradualmente descendo no canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida, auxiliada pela pressão

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

da bolsa amniótica, determina uma pressão maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para possibilitar
a passagem do crânio do feto – que mede por volta de 9,5cm – faz-se necessária uma dilatação total de 10cm. Esse é o
período em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas
como exaustão, impaciência, irritação ou apatia, entre outras.

Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse
processo: sua cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo entrar no canal do parto e passar pela
pelve óssea materna com mais mobilidade. Durante o trabalho de parto os ossos do crânio se aproximam uns dos outros
e podem acavalgar, reduzindo o tamanho do crânio e, assim, facilitar a passagem pela pelve materna. Nos trabalhos
de parto prolongados, também não é incomum a presença de bossa serossanguinolenta, uma coleção de líquido que é
absorvida na primeira semana de vida do recém-nascido. A mãe e o pai devem ser informados de que ele não é um defeito
(má-formação) na cabeça do feto, e que irá desaparecer espontaneamente em alguns dias.

Fase Ativa
yy A dilatação do colo uterino progride, de 4 para 10 centímetros (dilatação total).
yy A parte com que o concepto se apresenta, geralmente a cabeça, desce até a pelve da mãe.
yy A mãe começa a sentir vontade de empurrar à medida que o concepto desce.
yy Em média, essa fase dura horas numa primeira gestação e 2 horas nas gestações seguintes.
Fonte: Manual Merck <http://www.msd-brazil.com>.

2. Expulsão fetal: O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do colo uterino e termina com o nascimento
completo do bebê. (Em outras palavras: a total dilatação da cérvice caracteriza o início do segundo período do parto
– expulsão – que termina com o nascimento da criança).

Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangramento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino.
Náuseas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A parturiente refere pressão no reto, vontade de evacuar
e urgência urinária. Ocorre distensão dos músculos perineais e abaulamento do períneo.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Segundo Estágio
Da dilatação total do colo do útero até o parto. Em média, esse estágio dura 60 minutos numa primeira gestação e 15 a 30 minutos nas
gestações seguintes.

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Esses sinais, observados pela pessoa que assiste o parto, indicam que o nascimento é iminente e o socorrista
deve preparar-se para auxiliar a parturiente. Ela deve ser colocada em posição ginecológica e orientada a respirar
tranquilamente, repousando nos intervalos das contrações para economizar energia.

Ao constatar o coroamento do polo cefálico, o socorrista realizará a “proteção do períneo”, manobra que consiste
em aplicar de forma constante um apoio firme, protegendo o períneo com uma das mãos aberta e coberta por uma
compressa, ao mesmo tempo em que a outra faz um leve apoio sobre a cabeça, com a intenção de controlar a velocidade
de desprendimento.

Dessa forma, haveria uma eventual diminuição ou ausência de lacerações em períneos. No momento do coroamento
fetal, a parturiente deve ser encorajada a realizar força para baixo, durante as contrações.

Após e exteriorização da cabeça, é importante assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendimento
não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para baixo, visando favorecer a passagem do ombro.

Fonte: Manual Merck <http://www.msd-brazil.com>.

Com a saída da cabeça e ombros, o corpo desliza facilmente, às vezes acompanhado de um jato de líquido amniótico.
Sugere-se acomodar o recém-nascido, com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o faça, se a
posição do parto favorecer essa prática.

O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o recém-nascido estiver respirando. (O cordão umbilical é
pinçado em dois lugares e seccionado entre as pinças, para evitar o sangramento em qualquer uma das extremidades).
A laqueadura é feita com material adequado e estéril. É importante manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com
um lençol/campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve ser incentivada a iniciar a amamentação
nos primeiros minutos após o parto, pois isso facilita a saída da placenta e estimula a involução do útero, diminuindo o
sangramento pós-parto, além de promover vínculo precoce com o bebê.

O cordão umbilical que se estende do umbigo à superfície fetal da placenta, tem em média 55cm e um diâmetro que
oscila entre 1 e 2,5cm. É uma estrutura que liga o feto à placenta, sendo vital ao feto.

O cordão umbilical curto pode resultar em atraso da descida fetal, sofrimento fetal, descolamento da placenta, inversão
uterina e ruptura, levando a hemorragias. O cordão longo pode produzir nós circulares ou mesmo prolapso de cordão
Pós-Graduação a Distância

(quando o cordão umbilical sai antes do bebê).

A ocorrência de circular de cordão, habitualmente cervical, pode também ser observada ao redor do tronco ou membros,
podendo ser única, dupla, tripla e, excepcionalmente, quádrupla. A importância de detectar sua presença é devida à
possibilidade de desencadear complicações, particularmente durante o período expulsivo, como o óbito fetal.

3. Dequitação: Também chamado de secundamento ou delivramento, esse período tem início após a expulsão do feto e
termina com a saída da placenta e seus anexos (membranas – córion e âmnio).

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Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

Terceiro Estágio
Da expulsão do concepto até a liberação da placenta. Esse estágio geralmente dura apenas alguns minutos.

Tradicionalmente, o trabalho de parto é dividido em três estágios. No entanto, as 4 horas que sucedem a liberação da placenta, quando o risco
de sangramento é maior, são frequentemente denominadas de quarto estágio do trabalho de parto.
Fonte: Manual Merck <http://www.msd-brazil.com>.

Nesse momento, a parturiente experimenta um período de bem-estar e alegria, devido ao repouso fisiológico do útero
pelo término das contrações uterinas.

Como já foi visto, a aproximação precoce entre a mãe e o recém-nascido fortalece o vínculo afetivo e a maternidade.
Tem início com a interação desse novo ser; portanto, a sucção do bebê estabelece um vínculo precoce, favorecendo a
contração uterina e a saída da placenta (dequitação). As contrações uterinas são de baixa frequência e alta intensidade,
indolores, caracterizando-se pelo descolamento, descida e expulsão da placenta.

O desprendimento da placenta é considerado como um processo fisiológico, e deve ocorrer espontaneamente, evitando-
se manipulações e massagens uterinas (compressões no abdome). A assistência ao terceiro período do parto exige amplo
conhecimento da enfermeira obstetra ou do médico que o realiza, pois esse momento é bastante susceptível a acidentes
e complicações.

Após os sinais positivos de descolamento placentário (sangramento aumentado), o profissional que assiste ao parto
deve realizar a manobra de rotação no sentido horário para a retirada da placenta, denominada manobra de Jacobs,
levando, as membranas a se descolarem e a se desprenderem.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Manobra de Jacob-Dublin para a recepção da placenta


Fonte: Obstetrícia Fundamental, 1994.

Após a dequitação, examina-se o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, para a identificação de rupturas e
lacerações; caso tenha sido realizada episiotomia (corte no períneo), proceder à sutura.

A placenta deverá ser cuidadosamente examinada com relação à sua integridade (deve estar completa), tipo de
vascularização e local de inserção do cordão, bem como verificação do número de vasos dele (2 artérias e 1 veia),
presença de nós e tumorações.

44
Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

O profissional deve ficar atento para as perdas sanguíneas, que não podem ser superiores a 500 ml, e as condições
gerais da paciente. Deve, também, registrar o horário de saída da placenta. Posteriormente, a placenta deverá ser
pesada e ter o registro do seu peso devidamente anotado.

A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume
uterino, mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que irrigavam a placenta.
4. Período de Greenberg: Definido como a primeira hora após a saída da placenta, quando podem acontecer as grandes
hemorragias e complicações que solicitem habilidade e conhecimento da equipe de saúde. A assistência ativa nesse
período e a vigilância ao lado da paciente surpreendem e corrigem oportunamente quaisquer desvios do mecanismo
fisiológico.
Nessa fase, o profissional de saúde deve observar rigorosamente os lóquios (sangramento pós-parto) e avaliar a
involução e contração uterina, estando preparado para intervir em qualquer anormalidade. Os sinais vitais devem ser
verificados com atenção, especialmente a pressão arterial e frequência cardíaca, que se manifestam alteradas em
quadros hemorrágicos.

Mortalidade Materna
Segundo o Ministério da Saúde, a morte de mulheres em idade fértil por causas ligadas à gravidez, ao aborto, ao parto
e ao puerpério é, em sua grande maioria, evitável.

Evolução da mortalidade no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/capitulo3_sb.pdf>.

Manual dos Comitês de Mortalidade Materna. Ministério da Saúde (2007)

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/comites_mortalidade_materna_M.pdf>.

É importante o profissional de saúde saber reconhecer uma gestação de alto risco e as complicações que porventura
possam surgir durante o trabalho de parto, parto ou puerpério.

São sinais indicativos de possíveis complicações materno-fetais:

• sangramento anormal durante a gestação ou trabalho de parto podem indicar uma placenta prévia (placenta
baixa) ou descolamento prematuro da placenta (DPP). Nessa última patologia, a hemorragia é acompanhada de
dor súbita e enrijecimento da parede abdominal. A gestante deverá ser encaminhada com urgência ao hospital
Pós-Graduação a Distância

para avaliação e conduta;

• pré-eclâmpsia – paciente com elevação da pressão arterial, presença de edema e proteinúria. Monitorar
atentamente a pressão arterial e batimentos cardíacos fetais. A gestante deverá ser mantida em decúbito
lateral esquerdo e encaminhada para acompanhamento em serviço de gestação de alto risco. Na eclâmpsia
ocorrem crises convulsivas, além dos sinais descritos na pré-eclâmpsia;

• vômitos excessivos (hiperemese gravídica);

45
Urgências e Emergências no Ambiente Extra-Hospitalar Unidade II

• excesso de líquido amniótico (polidrâmnio).

• redução do líquido amniótico (oligodrâmnio).

• presença de líquido amniótico com mecônio.

• prolapso de cordão umbilical – a parturiente deverá ser colocada em posição genupeitoral e o cordão envolvido
com uma compressa estéril umidificada com soro fisiológico. O cordão umbilical não deverá ser colocado para
dentro do canal vaginal, e a cesárea é indicada imediatamente;

• diminuição significativa dos movimentos fetais ou mesmo interrupção dos movimentos – encaminhar ao serviço
de saúde para avaliação da vitalidade e bem-estar fetal.
• alterações do BCF (taquicardia ou bradicardia) – a gestante deverá ser atendida para realização de monitorização
fetal.

Urgências e emergências maternas. Ministério da Saúde (2000)

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/urgencias%20e%20emergencias.pdf>.

Uma assistência pré-natal de qualidade pode prevenir grande parte das complicações surgidas no ciclo gravídico-
puerperal, reduzindo significativamente a morbimortalidade materna e/ou fetal.
A equipe de saúde deve trabalhar conjuntamente e de forma humanizada para promover a saúde do binômio mãe – filho
e estar apta a lidar com as intercorrências e dificuldades do processo gestacional.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Ser levados, embalados,


acariciados e
massageados constitui
para os bebês alimento
tão indispensável, senão
mais, do que vitaminas,
sais minerais e proteínas
Frederick Leboyer

46
Para (não) Finalizar Unidade III

Situações Especiais e
Atendimento de Emergência
Capítulo 7 – Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos

Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja
veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.
Paracelsus, 1493-1541

O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) divulgou que, no ano 2005, foram registrados
477 óbitos do total de 84.456 casos de intoxicação humana, revelando um aumento de 18% em relação aos óbitos do
ano anterior. Das 477 mortes registradas, 159 foram provocadas por uso inadequado de agrotóxicos, 84 por intoxicações
medicamentosas e os demais óbitos foram atribuídos a agentes como raticidas, acidentes com animais peçonhentos e
outras substâncias tóxicas.

Das mais de 84 mil intoxicações, 28% tiveram como principal responsável os animais peçonhentos, seguidos pelos
medicamentos (26%) e em terceiro lugar as intoxicações causadas por produtos de limpeza (8%). Os agrotóxicos de uso
agrícola foram responsáveis por 7% das intoxicações (no entanto, lideraram o número de óbitos).
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Intoxicações: prevenção começa em casa


<http://www.anvisa.gov.br/divulga/reportagens/051007.htm>.

Venenos ou tóxicos são substâncias químicas que podem causar danos ao organismo. As intoxicações podem ser
classificadas em três categorias: acidentais, ocupacionais e intencionais. A maioria dos envenenamentos é acidental,
mas também pode resultar de tentativas de suicídio e, mais raramente, até de homicídio.
Não existem muitos antídotos (antagonistas específicos dos venenos) eficazes, sendo muito importante tentar identificar
a substância responsável pelo envenenamento o mais breve possível. Caso isso não seja conseguido de imediato,
posteriormente devem ser feitas tentativas de obter informações (e/ou amostras) da substância e das circunstâncias
em que ocorreu o envenenamento.
Uma substância tóxica pode penetrar no organismo por diversos meios ou vias de administração.
• Ingerida: medicamentos, derivados de petróleo, agrotóxicos, raticidas, plantas, alimentos contaminados etc.
48
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

• Inalada: gases tóxicos. Ex: monóxido de carbono, amônia, agrotóxicos, cola à base de tolueno (cola de sapateiro),
acetona, benzina, éter, gás de cozinha, fluido de isqueiro e outras substâncias voláteis, gases liberados durante
a queima de diversos materiais (plásticos, tintas) etc.

• Absorvida: inseticidas, agrotóxicos e outras substâncias químicas que penetrem no organismo pela pele ou
mucosas.

• Injetada: toxinas de diversas fontes, como cobras, aranhas, escorpiões ou drogas injetadas com seringa
e agulha.

Sinais e sintomas mais comuns de intoxicação são variados, dependendo da substância)

• Sudorese

• Sialorreia e lacrimejamento

• Alterações pupilares: midríase ou miose

• Queimação nos olhos e mucosas

• Cefaleia

• Alterações da consciência

• Convulsões

• Queimaduras ou manchas ao redor da boca

• Dificuldade para deglutir

• Náuseas e vômitos

• Distensão e dor abdominal

• Alterações na pele: palidez, hiperemia ou cianose

• Odores característicos: na respiração, roupa, ambiente

• Alterações na frequência cardíaca (taquicardia, bradicardia e arritmias)

• Respiração anormal (taquipneia, bradipneia ou dispneia)

• Choque e óbito

Abordagem e primeiro atendimento à vítima de envenenamento


Pós-Graduação a Distância

Verifique se o local está seguro, procure identificar a via de administração e o veneno em questão. Aborde a vítima como
de costume, identifique-se e faça o exame primário; esteja preparado para intervir com manobras para liberação das
vias aéreas e de RCP, caso seja necessário. Proceda ao exame secundário e remova a vítima do local. Há situações em
que a vítima deve ser removida imediatamente para diminuir a exposição ao veneno e preservar a segurança da equipe.

De acordo com as últimas diretrizes para o tratamento de intoxicações e envenenamento, propostas pela American
Heart Association e a Cruz Vermelha Americana, a vítima intoxicada não deve beber nada (nem mesmo água ou leite).
Os socorristas não devem oferecer carvão ativado ou xarope de ipeca para a vítima, a não ser que seja recomendado
pelo Centro de Controle de Intoxicação.

49
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Não induzir o vômito se a vítima ingeriu derivados de petróleo (como querosene e gasolina) ou substâncias corrosivas e
cáusticas (ácido ou base). Também não provocar o vômito se a vítima estiver com alterações de consciência.

Guarde as embalagens de produtos, restos de substâncias ou conteúdos vomitados, para facilitar a identificação do
veneno e tratamento adequado.

Em caso de contato com a pele e/ou olhos, lave a região atingida com bastante água corrente e limpa.

Cartilha de orientação para os consumidores de saneantes


<http://www.anvisa.gov.br/saneantes/cartilha_saneantes.pdf>.

O melhor a ser feito é remover a vítima para o hospital o mais rápido possível. O envenenamento é um dos casos em
que o socorrista poderá remover a vítima rapidamente para o hospital sem aguardar o Suporte Avançado de Vida (SAV).
Ligue para o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) e obtenha maiores informações sobre a substância em questão.

Centros de Informação e Assistência Toxicológica


<http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/centros.htm>.

Agrotóxicos e Toxicologia. Informações médicas de urgência em


caso de intoxicação.
<http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/informed/informed.htm>.

Sociedade Brasileira de Toxicologia


<http://www.sbtox.org.br>.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Acidentes com Animais Peçonhentos


Animal peçonhento é aquele que possui glândula produtora de veneno que se comunica com dentes ocos, ferrões
ou aguilhões por onde a peçonha passa ativamente. Ex: cascavel, aranha marrom, escorpiões, abelhas etc. Animais
venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador para injetá-lo. Provocam o
envenenamento por contato (ex: lagartas), compressão (ex: sapo) ou ingestão (ex: peixe baiacu).

Sempre que estivermos diante de um possível caso de envenenamento causado por animal peçonhento, devemos tentar
capturá-lo para identificação, sem correr maiores riscos ou perder tempo com esse procedimento. A identificação correta
permitirá a administração do soro antiveneno específico.

É importante ressaltar que os sinais e sintomas do envenenamento variam de acordo com a espécie que causou o
acidente, a quantidade de veneno inoculado, peso e idade da vítima, as condições de nutrição e o atendimento recebido.

50
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Animais peçonhentos, suas características, distribuição


geográfica, manifestações clínicas de envenenamento e produção
de soros (antiveneno).

Instituto Butantan <http://www.butantan.gov.br>.

Instituto Vital Brazil <http://www.ivb.rj.gov.br>.

CEVAP – Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos –


Centro Virtual de Toxinologia (Unesp) <http://www.cevap.org.br>.

Acidente ofídico

Mordidas de cobras não peçonhentas não são consideradas sérias e geralmente são tratadas como ferimentos leves;
apenas as mordidas de cobras peçonhentas são consideradas urgências médicas. Os sinais e sintomas aparecem de
forma imediata em somente um terço dos casos de mordidas de cobras peçonhentas e a maioria das pessoas não
apresenta sintomas, normalmente porque o veneno não foi injetado. É muito importante saber identificar se o acidente
foi causado por uma serpente peçonhenta ou não. Para isso, observam-se características do local da mordida, assim
como as características da serpente que causou o acidente.

No Brasil existem duas famílias de serpentes consideradas peçonhentas e de interesse médico:

• Família Viperidae (Viperídeos): destaca-se a subfamília Crotalinae, a que pertencem os gêneros Crotalus
(cascavel), Bothrops (jararaca) e Lachesis (surucucu).

• Família Elapidae (Elapídeos): engloba o gênero Micrurus (corais verdadeiras).

As serpentes peçonhentas em nosso país geralmente apresentam as seguintes características:

1. cabeça triangular e destacada do corpo, escamas pequenas e ásperas, pupila em fenda vertical (elíptica), cauda
bem destacada do corpo, presença de guizo ou chocalho no final da cauda (cascavel);

2. presença de fosseta loreal (com exceção da coral verdadeira): órgão termossensorial situado entre o olho e a
narina, que permite à serpente detectar variações mínimas de temperatura no ambiente, ou seja, perceber a
presença de animais de sangue quente (homeotérmicos);

3. presença de presas inoculadoras de veneno;

4. hábito noturno, movimentos lentos e vagarosos.


Pós-Graduação a Distância

Figura 1. Bothrops (jararaca).


Fonte: <http://get-id.com.br>.

51
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Observação – existem exceções e nem todas as serpentes peçonhentas se enquadram nas características descritas
acima. Ex.: a coral verdadeira não possui cabeça triangular nem fosseta loreal mas é peçonhenta. Já a jibóia possui
cabeça triangular e cauda afinando bruscamente, mas não é peçonhenta.

Gênero Bothrops (conhecidas como jararaca, jararacuçu, urutu, urutu-cruzeiro, caiçaca, cotiara)

Figura 2. Bothrops (jararaca). Figura 3. Bothrops (jararacussu).


Fonte: Instituto Vital Brasil Fonte: Instituto Vital Brasil

As serpentes desse gênero são responsáveis pela maioria dos acidentes ofídicos registrados no país (cerca de 90%),
pois são espécies agressivas. Apreciam locais úmidos e existem exemplares de Bothrops em todo território brasileiro.
O veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica, com manifestações locais (de instalação precoce e caráter
evolutivo) e sistêmicas. A mordida provoca muita dor imediata, vermelhidão, sangramento no local, edema, bolhas e
necrose. As manifestações sistêmicas incluem náuseas, vômitos, sudorese, hipotermia, hipotensão arterial, choque,
hemorragias à distância (epistaxe, gengivorragia, sangramento digestivo, hematúria etc.) e insuficiência renal aguda.

Tratamento: soro antibotrópico, via endovenosa, de acordo com a sintomatologia apresentada e classificação do
acidente em leve, moderado ou grave.

Gênero Crotalus (Grupo das cascavéis)


Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Figuras 4 e 5. Crotalus durissus (cascavel).


Fonte: Instituto Vital Brasil.

Menos agressivas que as jararacas, são responsáveis por cerca de 8 a 11% dos acidentes ofídicos; no entanto o
ofidismo (envenenamento causado por mordida de cobra) costuma ser de maior gravidade devido à frequência com que
evolui para insuficiência renal aguda (IRA).

A característica mais importante para identificar a serpente desse gênero é a presença de guizo ou chocalho na ponta
da cauda. As cascavéis atingem na idade adulta 1,6 m de comprimento, vivem em lugares secos, regiões pedregosas e
pastos, raramente sendo encontradas nas regiões litorâneas.

52
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

O veneno possui ação neurotóxica, miotóxica (lesa a musculatura esquelética – rabdomiólise) e coagulante, causando
manifestações locais geralmente pouco intensas: edema, pouca dor e sensação de formigamento e adormecimento da
área (parestesias discretas).

As manifestações sistêmicas e neurológicas são as mais importantes e perigosas: náusea, prostração, sonolência,
cefaleia, diplopia e visão turva, midríase, ptose palpebral (“fácies miastênica” – fácies neurotóxica de Rosenfeld),
dificuldade para deglutir, mialgia generalizada e de aparecimento precoce, fraqueza muscular, urina escura (avermelhada
e posteriormente marrom, devido à mioglobinúria) e insuficiência renal.

Dica – O indivíduo intoxicado parece estar embriagado, tem a fala arrastada e dificuldade para abrir os olhos, franzindo
a testa numa tentativa de manter os olhos abertos.

Tratamento – Soro anticrotálico, via endovenosa, de acordo com a sintomatologia apresentada e classificação do
acidente em leve, moderado ou grave.

Gênero Micrurus (Grupo das corais verdadeiras)

Figura 6. Micrurus corallinus (coral verdadeira). Figura 7. Micrurus brasiliensis (coral verdadeira).
Fonte: Instituto Butantan . Fonte: <http://www.unb.br/ib/zoo/grcolli/jalapao/
Micrurusbrasiliensis.jpg>.

A coral é a serpente do Brasil que tem o veneno mais potente, porém, como já vimos, não é a maior responsável
pelos acidentes ofídicos. Essas serpentes peçonhentas não possuem fosseta loreal (isto é uma exceção), cabeça
triangular, nem um aparelho inoculador de veneno tão eficiente quanto o das jararacas e cascavéis. O veneno
é inoculado por meio de presas pequenas e fixas. O que chama atenção é o seu padrão colorido, com anéis
vermelhos, brancos e pretos. Na prática, é difícil diferenciar uma coral verdadeira de uma coral falsa, então, como
regra e medidas de segurança, considera-se toda serpente que possua os referidos anéis coloridos como sendo
coral verdadeira. Portanto, é melhor manter distância, pois estamos diante da serpente peçonhenta que possui o
veneno mais tóxico existente aqui no Brasil. Pós-Graduação a Distância

Figura 8. Oxyrhopus guibei (falsa coral). Figura 9. Erythrolamprus aesculapii (falsa coral).
Fonte: Instituto Butantan Fonte: <www.dreyfus.ib.usp.br>.

As corais habitam preferencialmente buracos, tornando os acidentes raros (menos de 1%), mas muito graves, pela
característica de seu veneno poder provocar parada respiratória. O veneno desse gênero possui elevada toxicidade
53
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

neurotóxica e miotóxica. Os acidentes elapídicos geralmente não causam manifestações locais significativas, porém
as sistêmicas são graves: vômitos, sialorreia, ptose palpebral, dilatação das pupilas (midríase), sonolência, perda de
equilíbrio, fraqueza muscular, paralisia flácida que pode evoluir comprometendo a musculatura respiratória, causando
insuficiência respiratória aguda e parada respiratória. Todos os casos devem ser considerados potencialmente graves.

Segundo as últimas diretrizes de Primeiros Socorros da American Heart Association e Cruz Vermelha Americana,
em 2005 passou-se a recomendar a aplicação de uma bandagem elástica enrolada com firmeza ao redor de toda a
extremidade (braço ou perna) mordida por serpente do gênero Micrurus. Esse procedimento já demonstrou que pode
reduzir a incorporação de veneno proveniente de um acidente ofídico relacionado à família Elapidae (coral). O tratamento
específico consiste na administração do soro antielapídico, via endovenosa.

Gênero Lachesis (Surucuru)

As serpentes desse gênero vivem em regiões de matas fechadas, como floresta Amazônica e mata Atlântica, tornando
os acidentes raros. São consideradas as maiores serpentes peçonhentas das Américas, podendo atingir 3,5m.

Figura 10. Lachesis muta rhombeata.


Fonte: <www.fiocruz.br>.

Os sinais e sintomas do envenenamento são semelhantes ao acidente botrópico, porém acrescidos de tontura, escurecimento
visual, hipotensão arterial, bradicardia, cólicas abdominais e diarreia (síndrome vagal). Os acidentes por mordida de surucuru
são considerados moderados e graves devido ao grande porte do animal e quantidade de peçonha injetada.

Se a serpente puder ser identificada, o tratamento é a administração do soro específico (antilaquético), via endovenosa.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Caso contrário, poderá ser administrado soro antibotrópico-laquético.

J. P. S., 25 anos, trabalhador rural na região do triângulo mineiro,


foi encaminhado ao centro de saúde referindo ter sido picado na
perna por uma cobra enquanto cortava cana. O acidente ocorreu
há 12 horas. Ele relata intensa dor local, cefaleia e dois episódios
de vômito. O membro encontra-se significativamente edemaciado,
com presença de equimoses, hematomas e bolhas.

Baseando-se na descrição do caso e os links disponibilizados para


pesquisa, identifique o gênero da serpente que causou o acidente
e elabore um plano de atendimento à vítima, com orientações do
que deve e não deve ser feito.

54
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Quadro 1 – Resumo geral do quadro clínico de acidentes causados por serpentes dos gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis e
Micrurus. (Adaptado de www.cevap.org.br)
GÊNERO DA SINAIS E SINTOMAS (ATÉ 6 HORAS SINAIS E SINTOMAS (12 HORAS APÓS
AÇÕES DO VENENO
SERPENTE APÓS O ACIDENTE) O ACIDENTE)
Proteolítica Dor, edema, calor e rubor imediatos no local
Bothrops Bolhas, equimoses, necrose, oligúria e
Coagulante da picada. Aumento do tempo de coagulação
(Jararaca) anúria (insuficiência renal aguda)
Hemorrágica Alterações (TC). Hemorragias e choque nos casos graves
Proteolítica locais
Lachesis Coagulante evidentes Poucos casos estudados; manifestações clínicas semelhantes aos acidentes por Bothrops,
(Surucuru) Hemorrágica acrescidas de sinais de excitação vagal (bradicardia, hipotensão arterial e diarreia)
“Neurotóxica”
Micrurus Ptose palpebral (oftalmoplegia), fácies miastênica (“neurotóxica”) diplopia, sialorreia,
Neurotóxica
(Coral) dificuldade de deglutição e insuficiência respiratória aguda de instalação precoce
Alterações
Coagulante locais Aumento do tempo de coagulação (TC)
discretas ou Evolui com mioglobinúria (urina cor de “água
Crotalus Mialgia generalizada
Miotóxica ausentes de carne”), anúria e insuficiência renal
(Cascavel)
Alterações visuais: diplopia, anisocoria, ptose aguda
Neurotóxica palpebral (fácies neurotóxico de Rosenfeld)

Acidente aracnídico

Normalmente, a picada será tratada como qualquer ferimento. O auxílio médico só é necessário se o prurido ou dor
durarem mais de 2 dias, houver sinais de infecção no local, desenvolvimento de reação alérgica ou se o aracnídeo
pertencer a um dos três gêneros de aranhas peçonhentas e de importância médica que existem no Brasil: Phoneutria spp
(aranha armadeira, várias espécies), Loxosceles (aranha marrom, várias espécies) e Latrodectus (viúva-negra, 3 espécies
ocorrendo no Brasil, sendo a Latrodectus curacaviensis a mais comum).

Gênero Phoneutria (Aranha armadeira)

Figura 11. Phoneutria nigriventer.


Fonte: Instituto Butantan

A armadeira é responsável pelo maior número de acidentes no Brasil, por ser uma aranha muito comum e extremamente
agressiva. Não faz teia, é encontrada em bananeiras, folhagens, entre madeiras, pedras empilhadas e no interior das
residências. Tem coloração marrom-escura ou acizentada, com manchas claras formando pares no dorso do abdome e
Pós-Graduação a Distância

atinge até 12 cm de diâmetro.

Nos acidentes com armadeiras (“foneutrismo”) predominam as manifestações locais. A dor é imediata e geralmente
intensa, podendo irradiar para a raiz do membro acometido. Ocorre edema, vermelhidão, sensação de anestesia e sudorese
(transpiração) no local da picada, onde podem ser encontradas duas marcas em forma de pontos. Nos casos graves,
geralmente restritos às crianças, registram-se sudorese, náuseas, vômitos, diarreia, priapismo (ereção involuntária e
dolorosa do pênis), hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema agudo de pulmão.

O tratamento é sintomático e nos casos mais graves está indicada a soroterapia específica.
55
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Gênero Loxosceles (Aranha marrom)

Figura 12. Loxosceles gaucho.


Fonte: Instituto Butantan

A aranha marrom é pequena (4cm), possui hábitos noturnos e tem comportamento pouco agressivo. É encontrada em
pilhas de tijolos, telhas e no interior das residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente em roupas. A picada
geralmente ocorre quando a aranha é comprimida contra o corpo da vítima, quando ela se veste ou se deita. Não produz
dor imediata e o local da picada é quase sempre imperceptível. No entanto, posteriormente, evolui com uma ferida de
difícil cicatrização, necessitando, muitas vezes, de correção cirúrgica (enxerto). O acidente loxoscélico representa a
forma mais grave de araneísmo no Brasil, ocorrendo particularmente no Paraná e Santa Catarina.

A evolução mais frequente é a forma “cutânea” (87 a 98% dos casos): a manifestação local se acentua nas primeiras
24 – 72 horas, podendo ocorrer edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação, inchaço duro e aparecimento de
bolha com conteúdo seroso; aparece um ponto de necrose central (escuro); surgem outros sinais e sintomas como febre,
mal-estar geral e ulceração local.

Na forma “cutâneo-visceral” (mais grave), além do quadro descrito acima, entre 12 e 24 horas após a picada podem
surgir manifestações clínicas de hemólise intravascular (anemia, icterícia e hemoglobinúria), cefaléia, náuseas, vômitos,
urina escura (cor de coca-cola), volume urinário diminuído significativamente e insuficiência renal aguda (principal causa
de óbito no loxoscelismo).

O acidente loxoscélico é classificado em leve, moderado e grave. O tratamento consiste em antissepsia, curativo local,
uso de compressas frias, corticóides e antibióticos, além de administração de soroterapia específica (soro antiloxoscélico)
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

conforme a necessidade do caso.

Gênero Latrodectus (Viúva-negra)

Figura 13. Latrodectus geometricus. Figura 14. Latrodectus curacaviensis.


Fonte: Instituto Butantan Fonte: Instituto Vital Brasil
Possui um corpo negro (ou marrom) e brilhante, pernas finas e uma marca vermelha ou alaranjada em seu abdome,
normalmente na forma de uma ampulheta ou de dois triângulos. É encontrada em áreas secas, isoladas e com pouca luz;
56
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

elas constroem teias irregulares e extremamente fortes. No Brasil, duas espécies são responsáveis por acidentes, que
ocorrem do Sul até o litoral do Rio de Janeiro.

O veneno da viúva-negra é de elevada toxicidade, o mecanismo da sua peçonha é neurotóxico. Além dos sinais e sintomas
gerais das picadas, podemos encontrar outros sinais e sintomas importantes: pequenas marcas vermelhas de presas,
espasmos musculares graves (especialmente nos ombros, nas costas, no peito e no abdome, que se iniciam dentro de 1
a 4 horas após a picada), febre e calafrios, dor de cabeça e tontura, náuseas e vômitos, irritabilidade, insônia, aumento
da pressão arterial, parada cardiorrespiratória etc.

O tratamento consiste na administração da soroterapia específica, uso de analgésicos sistêmicos, sedativo, monitorização
dos sinais vitais e suporte cardiorrespiratório, se necessário. Os demais procedimentos são utilizados de acordo com a
sintomatologia.

Observação – As aranhas tarântula e caranguejeira não representam risco de saúde pública, e por isso, não serão
abordadas neste Caderno. Tais aranhas causam mais danos “psicológicos” por seu aspecto assustador e por serem de
grande porte.

O veneno não tem importância médica nos acidentes com seres humanos, embora algumas pessoas possam desenvolver
reação dermatológica e alérgica devido ao contato com os pelos.

Figura 15. Caranguejeira.


Fonte: Instituto Butantan

Acidente escorpiônico

Os acidentes com escorpiões são menos frequentes do que com aranhas, pois eles são pouco agressivos (picam para se
Pós-Graduação a Distância

defender) e têm hábitos noturnos. A visão é pouco desenvolvida, orientam-se pela vibração do ar e do solo e localizam
suas presas pelo tato. São facilmente encontrados em pilhas de madeira, sob cascas de árvores, pedras, troncos, tijolos,
cupinzeiros, entulhos, dentro das residências, no interior de sapatos e botas.

No Brasil existem acima de 50 espécies de escorpiões, mas somente o gênero Tityus tem interesse médico. Das
espécies que merecem maior atenção destacam-se o Tityus serrulatus (escorpião amarelo) e Tityus bahiensis
(escorpião marrom).

57
Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Figuras 16 e 17. Tityis serrulatus, Titus bahiensis.


Fonte: Instituto Butantan

O escorpião amarelo é responsável pela maioria dos casos graves em nosso meio, especialmente nos acidentes envolvendo
crianças. O veneno está localizado em uma pequena bolsa situada antes do ferrão, ao final da cauda. O ferrão (aguilhão)
perfura e inocula o veneno na vítima.

O veneno é potente e neurotóxico. O quadro clínico do escorpianismo manifesta-se por dor local de intensidade variável
(pode chegar a ser insuportável), em queimação ou agulhada, irradiando para o membro afetado. Parestesia (sensação de
formigamento ou dormência) também é referida no local da picada. Nos acidentes moderados e graves, principalmente
em crianças, podem surgir manifestações sistêmicas, tais como: sudorese profusa, tontura, visão turva ,tremores,
espasmos musculares, confusão mental, hiper ou hipotermia, sialorreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia,
priapismo (ereção dolorosa e involuntária do pênis) e convulsões. Podem ocorrer ainda arritmias cardíacas, hipertensão
ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva, taquipneia, dispneia, edema agudo de pulmão, choque, coma,
parada respiratória e cardíaca.

Os acidentes podem ser classificados como leves, moderados e graves. O tratamento inclui medidas gerais de suporte e
administração da soroterapia específica (soro antiescorpiônico) ou soro antiaracnídico.

Observação – As condutas gerais de primeiros socorros para picadas de aranhas e escorpiões são as mesmas seguidas no
acidente ofídico. Quando a vítima for criança, pessoa idosa ou com a saúde debilitada, sempre encaminhar para o hospital.

Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2. ed. Brasília: Fundação
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Nacional de Saúde, 2001. <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_peconhentos.pdf>.

Prevenção de acidentes com animais peçonhentos. <http://www.butantan.gov.br/pop/prevencao_


acidentes.pdf>.

Animais peçonhentos no Brasil. <http://www.unb.br/fs/far/tox/seminarios/toxinologia.pdf>.

Emergência especial: o choque anafilático

Essa é uma emergência médica prioritária, ocorrência grave, causada por uma reação alérgica intensa, de hipersensibilidade
(geralmente a picadas de insetos – abelhas, vespas – alimentos ou medicamentos). A reação anafilática ocorre em
questão de segundos ou minutos após o contato com a substância a que a vítima é alérgica.

Entre aqueles que morrem de choque anafilático, 60 a 80% morre por não conseguir respirar (em virtude do edema de
vias aéreas) e 25% morre da própria condição circulatória do choque.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Alguns sinais e sintomas característicos incluem: pele avermelhada, com prurido generalizado ou queimação, placas
semelhantes à urticária em relevo; edema na face, língua e glote; respiração ruidosa e difícil (devido ao edema das
cordas vocais); sensação dolorosa de aperto no peito; tosse e espirro; náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia;
hipotensão arterial, pulso filiforme, tontura, palidez e cianose; inquietação, desmaio, convulsões e coma; parada
cardiorrespiratória e morte.

O socorrista deve providenciar o transporte rápido da vítima ao hospital, desobstruir as vias aéreas, afrouxar as roupas
da vítima, iniciar a respiração de salvamento (se for o caso) ou aplicar as manobras de RCP.

Se a reação alérgica tiver ocorrido em virtude de picada de abelha, proceda também à retirada do ferrão, cuidadosamente.
Não utilize pinças ou os próprios dedos para “puxar” o ferrão, pois assim a glândula (bolsa coletora) de veneno será
espremida, injetando uma quantidade maior de veneno na vítima. Retire o ferrão utilizando um canivete, papel, cartão de
crédito, ou a própria unha (se estiver comprida), empurrando o ferrão para cima... Utilize qualquer objeto que possa ser
colocado rente à pele, para “levantar o ferrão”. Lave o local com água e sabão e aplique uma bolsa de gelo para aliviar
a dor e reduzir o edema.

Imagens adaptadas de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

Pós-Graduação a Distância

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Capítulo 8 – Queimaduras e Choque Elétrico

As queimaduras representam um tipo de trauma comumente encontrado, envolvendo principalmente as crianças e o


ambiente domiciliar. As lesões são produzidas por ação de agentes físicos térmicos (calor ou frio), tais como fogo,
vapores, eletricidade, gelo; por irradiação (ex.: raios solares); ou agentes químicos, como ácidos ou soluções básicas
fortes (ex.: soda cáustica).

A profundidade da queimadura depende do elemento que a causou e do tempo que a vítima ficou exposta. Qualquer
queimadura, mesmo a mais simples queimadura solar, poderá complicar e até levar a vítima a um estado de choque,
portanto merece tratamento cuidadoso.

Leia mais sobre o assunto acessando:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Queimadura>.

Queimaduras – Orientações e cuidados (Sociedade Brasileira de


Cirurgia Dermatológica)
<http://www.sbcd.org.br/pagina.php?id=75>.

Queimaduras (Manual de Atendimento Pré-hospitalar – SIATE/PR)


<http://www.scribd.com/doc/6584336/Cap-21-Queimaduras>.

Uma das formas de classificar as queimaduras é verificando o grau de destruição celular produzido (profundidade).
São elas:
QUEIMADURA DE 1º GRAU – a lesão ocorre apenas na camada mais externa da pele, ou seja, a epiderme. É o tipo mais
comum de queimadura e pode ser causada por uma simples exposição prolongada ao sol. Os sinais e sintomas incluem
edema e vermelhidão da pele, hipersensibilidade e ardor, que se iniciam quase que imediatamente no caso de agentes
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

físicos serem sua causa, podendo se intensificar até 12 a 48 horas, pela ação de agentes inflamatórios.

Queimadura de primeiro grau.


Imagem adaptada de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Como proceder?

Afaste a vítima de perto da fonte causadora da queimadura, resfrie o local com água fria ou pano úmido e proteja o local
atingido. Ofereça líquidos à vítima.

QUEIMADURA DE 2º GRAU – atinge a epiderme e a derme, sendo mais dolorida e facilmente identificada, porque
provoca a formação de flictenas (bolhas).

Queimadura de segundo grau.


Imagem adaptada de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

Os sinais e sintomas mais importantes são a dor (hipersensibilidade), presença de flictenas, edema e umidade. Na
ocorrência de muitas bolhas ou lesões extensas, poderá haver a perda importante de líquido e plasma nessas áreas,
podendo haver também a formação de cicatrizes. O tratamento dermatológico deverá ser considerado.

Como proceder?

Utilizar água fria em abundância, para resfriar apenas o local afetado.

Não furar as bolhas porque elas protegem o local contra infecção e aceleram o processo de cicatrização.

Não tentar retirar coisa alguma que esteja grudada à pele (por exemplo, roupas).

Não aplicar pomadas, líquidos, cremes, pastas dentais ou qualquer outra substância sobre a queimadura. Proteger o
local atingido e encaminhar a vítima ao atendimento médico o mais breve possível. Pós-Graduação a Distância

Resfriar a queimadura

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Cobrir a queimadura com uma bandagem de preferência estéril

QUEIMADURA DE 3º GRAU – Ocorre a destruição de todas as camadas da pele, atingindo também gordura, músculos,
tendões e até órgãos internos, podendo trazer risco iminente de morte. Esse tipo de queimadura exige extrema atenção
e cuidados por parte do provedor de saúde.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Queimadura de terceiro grau.


Imagem adaptada de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

Os sinais e sintomas incluem a destruição da epiderme, derme e tecido subcutâneo, podendo apresentar coloração branca,
avermelhada, escura ou carbonizada (necrose). É indolor, porque a queimadura destrói os receptores e terminações
nervosas nas estruturas afetadas, sendo dolorosa a área circundante que sofre queimadura de segundo ou primeiro grau.

Como proceder?

Siga as mesmas regras para as queimaduras de 2º grau. Se a vítima estiver com as roupas em chamas, abafe o fogo
com um cobertor ou algo similar; deite a vítima, colocando a cabeça e o tórax mais baixos que o corpo. Cubra o local
atingido com pano limpo, de preferência compressa ou gaze estéril, embebida em vaselina estéril. Monitore os sinais
vitais e transporte a vítima para o hospital o mais rápido possível.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do


dermatologista
<http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/artigo.aspx?id=5>.

QUEIMADURAS ELÉTRICAS – Lesões induzidas pela passagem de corrente elétrica pelo corpo de uma pessoa que,
dependendo da intensidade da corrente, da resistência, da voltagem e do tempo de exposição, podem ser mais, ou menos
graves. Algumas literaturas classificam a queimadura produzida por corrente elétrica como sendo de quarto grau.

Os sinais e sintomas dependem do tipo da lesão e das circunstâncias, podendo surgir ferimentos incisivos isquêmicos,
carbonizados, deprimidos ou amarelo-esbranquiçados. O ferimento de entrada da corrente geralmente é pequeno e
mascara uma lesão tecidual profunda. O ferimento de saída pode ser do tamanho do de entrada ou maior.

Como proceder?

Evite o contato direto com a vítima se ela ainda estiver sofrendo o choque elétrico; procure desligar a fonte de energia
e se não for possível, afaste-a da fonte da corrente, utilizando um mau condutor de energia, como madeira, pedaços de
tecidos fortes, luvas. Mantenha a vítima deitada.

Pós-Graduação a Distância

Fonte: <http://www.anatomyatlases.org>.

Eventualmente a vítima sofre parada cardiorrespiratória, portanto esteja preparado para iniciar as manobras de suporte
básico de vida. Se não for o caso, monitore os sinais vitais e proceda aos cuidados para queimaduras e prevenção do
estado de choque. Encaminhe a vítima para o hospital o mais rápido possível.

QUEIMADURAS QUÍMICAS – São lesões teciduais resultantes de contato químico, geralmente relacionado ao ambiente
de trabalho ou doméstico. Essas queimaduras podem se tornar significativamente graves até que o produto seja inativado

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

ou sua ação interrompida. As queimaduras químicas podem ser ácidas ou alcalinas (básicas) e os sinais e sintomas
variam de acordo com a substância agressora.

Ambas as queimaduras causam dor, mas, de um modo geral, as queimaduras ácidas causam necrose de coagulação,
produzindo escaras e úlceras. As queimaduras alcalinas são mais graves porque penetram profundamente na pele e
permanecem ativas por longo período. Exemplo de produto químico básico: hidróxido de sódio – NaOH (soda cáustica).

Como proceder?

Remova toda a roupa ou objetos contaminados de perto da vítima. Lembre-se da sua segurança pessoal, ao tocar
na vítima. Dependendo da substância química, poderá ser feita a lavagem da região afetada com água abundante e
contínua. Em casos de contato com produtos químicos em pó, limpe a pele antes de molhá-la, para evitar a ativação da
substância. De acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Queimaduras, no caso de queimaduras produzidas
por líquidos é recomendável lavar a área com água corrente e abundante por pelo menos 30 minutos.

Monitore os sinais vitais, procure identificar a substância causadora e encaminhe a vítima imediatamente para um
serviço de pronto atendimento.

Jamais tente neutralizar a substância, porque a neutralização de uma substância é uma reação que produz calor,
podendo causar danos adicionais à vítima.

Outra forma de classificar as queimaduras é em relação à superfície corporal queimada (SCQ). Existem várias
classificações para o cálculo da Área Total de Superfície Corporal Queimada (ATSQ), sendo a “Regra dos Nove”,
proposta por Wallace, a mais empregada.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Regra dos Nove para adultos.


Fonte: <http://www.media.photobucket.com>.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Regra dos Nove para crianças.


Fonte: <http://www.media.photobucket.com>.

Para aprofundamento do assunto, acesse:

<http://www.saj.med.br/uploaded/File/artigos/Queimados.pdf>.

Lembre-se que o melhor “tratamento” para as queimaduras é a PREVENÇÃO!


Pós-Graduação a Distância

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Capítulo 9 – Afogamento

De acordo com o Dr. David Szpilman, médico especialista e uma referência na área de afogamento, após a realização do
Congresso Mundial de Afogamento, em 2002, na Holanda, a definição do termo afogamento foi modificada, devido à
grande confusão da palavra na língua inglesa (drowning: vítimas que faleciam em até 24 horas). Define-se por afogamento
a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. Uma sufocação (asfixia) após imersão em meio líquido.

Aula sobre Afogamento para Profissionais de Saúde – Dr. David Szpilman


<http://www.szpilman.com/aulas/aulas.htm>.

O afogamento é a terceira causa mais comum de morte acidental; 40% ocorrem com crianças abaixo de quatro anos de
idade. Entre elas, os locais mais comuns de afogamento são as piscinas e banheiras.

Diversas causas levam ao acidente de submersão: indivíduo que não sabe nadar e se vê em situação que envolva meio
líquido, que cansa ou tem câimbras, indivíduo cardiopata que tem infarto; o que usa álcool antes de entrar na água; o
epiléptico que tem crise convulsiva na água e o que mergulha em águas rasas, entre outras.

Nos acidentes por submersão, independentemente da causa, o fator principal que leva o indivíduo à morte é a hipóxia.

Inicialmente, a vítima em contato com a água prende voluntariamente a respiração e faz movimentos com todo o
corpo, tentando desesperadamente nadar ou agarrar-se a alguma coisa. Nessa fase, pode haver aspiração de pequena
quantidade de água que, em contato com a laringe, por reflexo parassimpático, promove constrição (fechamento) das
vias aéreas superiores. Em 10 a 15% dos casos, esse laringoespasmo é tão severo que impede a entrada de água e ar no
trato respiratório, até que a vítima seja resgatada ou perca a consciência e morra, “afogamento seco”. As vítimas que
não aspiram líquidos geralmente respondem melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo.

Após essa fase inicial, se não ocorrer o salvamento, a vítima atingirá seu limite e fará movimentos respiratórios
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

involuntários, aspirando grande quantidade de água. (“Afogamento molhado”: associado à aspiração de líquido, tem
pior prognóstico e representa 85% dos afogamentos fatais). Essa entrada de grande quantidade de água nos pulmões
piora a constrição das vias aéreas. Ocorre diminuição da capacidade de expansão pulmonar, além de impedir a troca
gasosa normal. Os movimentos diafragmáticos involuntários aumentam a aspiração de líquidos e os movimentos de
deglutição, causando distensão do estômago e vômitos na sequência. Ocorre inundação total dos pulmões com perda de
consciência, parada respiratória (apneia) e consequente morte.

As pessoas idosas, as que se debatem na água, que sofreram lesões, que ficaram submersas por um longo período e que
estão em águas quentes, sujas ou salgadas estão entre as vítimas que apresentam os piores prognósticos.

Observação – Há uma diferença significativa entre afogamentos em água quente e em água gelada. Quando a pessoa
mergulha em água gelada (abaixo de 20ºC), a respiração é inibida, a frequência cardíaca diminui e os vasos sanguíneos,
na maior parte do corpo, se contraem. Entretanto, o fluxo sanguíneo para o coração e para o cérebro é mantido.

Desse modo, o oxigênio é enviado e usado apenas onde é imediatamente necessário para a manutenção da vida.
Quanto mais gelada a água, mais oxigênio é desviado para o coração e o cérebro. Em águas com temperatura igual
ou inferior a 20ºC, as necessidades metabólicas do corpo são apenas a metade do normal. Alguns pesquisadores
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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

sugerem que a sobrevivência em água gelada se deve à hipotermia, que diminui o metabolismo e reduz a necessidade
corporal de oxigênio.

Existem casos de vítimas que foram ressuscitadas após ficarem submergidas em águas geladas com parada cardíaca
em períodos iguais ou superiores a 30 minutos.

Como regra, qualquer vítima sem respiração, sem pulso e que estava submersa em águas geladas deve ser reanimada.

Alguns especialistas aconselham realizar a ressuscitação em toda vítima de afogamento, independentemente da


temperatura da água – mesmo naquelas que ficaram por um longo período na água.

Classificação do Afogado

Resgate: paciente tem tosse e falta de ar.

• Grau I: paciente lúcido, apresentando tosse seca. Inicialmente o paciente está taquicárdico e taquipneico, mas
melhora rapidamente à medida que se acalma. Não há aspiração pulmonar significativa. O tratamento na cena
do acidente consiste em repouso, aquecimento da vítima e oferecimento de oxigênio.

• Grau II: lucidez ou agitação. Elevação moderada das frequências respiratória e cardíaca. Vítima com taquipneia,
sem grande dificuldade respiratória. Há presença de tosse e vômitos. Existe pequena quantidade de espuma
na boca e no nariz. Óbito em 0,6% dos casos.

• Grau III: vítima agitada e pouco colaborativa devido à falta de oxigênio. Frequência cardíaca e ventilatória
elevadas e grave dificuldade respiratória, muitas vezes com cianose. Ocorre tosse com espuma esbranquiçada
ou rósea em quantidade. A mortalidade acontece em cerca de 5,2% dos casos.

• Grau IV: semelhante ao Grau III, porém o pulso radial está fraco ou ausente (sinais de choque). Óbito em 19,4%
dos casos.

• Grau V: presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos.

• Grau VI: presença de parada cardiorrespiratória. Óbito em 93% dos casos.

Algoritmo de Afogamento Avançado (área de saúde)


<http://www.szpilman.com/biblioteca/afogamento/algoritmo_
afogamento_avancado.htm>.
Observação – o protocolo de RCP encontra-se desatualizado, mas
as informações sobre a classificação dos afogados estão corretas.
Pós-Graduação a Distância

Salvamento

Lembre-se que a segurança de quem faz o salvamento é o principal cuidado inicial.

Sempre se deve suspeitar de lesão na coluna cervical em vítimas inconscientes por afogamento em águas rasas, portanto
deve-se proceder à imobilização adequada para a sua retirada, sempre que possível.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

O salvamento deverá ser realizado, de preferência, sem a entrada do prestador de socorro na água. Ele deve jogar algum
objeto para a vítima (consciente) se apoiar: corda, boia, colete salva-vidas, prancha de surfe, bola de futebol, pneu,
remo, galho, toalha, ou outro objeto resistente, que não irá se romper. Uma vez que a vítima tenha agarrado o objeto,
deve ser puxado para a margem.

Se a vítima estiver inconsciente ou longe demais para ser alcançada com uma corda, o prestador de socorro deverá ir até ela.

Atenção! o prestador de socorro apenas entra na água se souber nadar muito bem, ou tenha recebido treinamento em
técnicas de resgate aquático; se estiver vestindo equipamento pessoal de flutuação; se estiver acompanhado por outros
socorristas. O socorrista deve estar preparado para o salvamento de vítimas em pânico. Lembre-se da segurança em
primeiro lugar. Se o socorrista não estiver apto, deve marcar o lugar do afogado e procurar socorro. Somente em último
caso, deve-se tentar ir até a vítima!

Remover a vítima da água o mais rápido possível. O socorrista deve ficar sempre atento à sua segurança pessoal
durante o resgate e solicitar auxílio.

Sempre suspeitar de lesão medular se a vítima estiver envolvida em um acidente de mergulho. Deve-se também suspeitar
desse tipo de lesão em qualquer nadador inconsciente, especialmente em águas rasas.

No caso de possível lesão medular, o objetivo é sustentar as costas da vítima e estabilizar a cabeça e o pescoço
enquanto outros cuidados são administrados. Sempre deixar a cabeça e o pescoço no mesmo nível das costas.

Se não houver suspeita de lesão medular, colocar a vítima em posição lateral de segurança, de modo que água, vômito
e secreções possam ser drenadas das vias aéreas superiores.

Executar a avaliação primária e dar início ao A, B e C. Na ausência de respiração, desobstruir as vias aéreas imediatamente
e começar a respiração de salvamento.

Observação – 1. Água nas vias aéreas pode causar resistência à respiração. Após a verificação da ausência de corpos
estranhos nas vias aéreas, aplicar a respiração de salvamento com mais força até ver o tórax da vítima subir e descer.

2. Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago! A utilização da manobra de Heimlich para esvaziar o estômago
distendido só aumenta o risco de aspiração pulmonar. A manobra só deve ser utilizada se houver suspeita de obstrução
de vias aéreas superiores por corpos estranhos.

Se não houver pulso, começar imediatamente as compressões torácicas (RCP). Prosseguir com a reanimação até a
chegada da equipe de emergência, ou a recuperação da vítima.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

Caso a vítima esteja inconsciente, mas com respiração espontânea presente, colocá-la em posição lateral de segurança,
a fim de evitar broncoaspiração, especialmente se apresentar vômitos.

Aqueçer a vítima, secando-a e cobrindo-a com cobertores ou toalhas. Todas as vítimas de afogamento, mesmo aquelas
que só necessitaram de mínimo auxílio, devem ser submetidas à avaliação médica, mesmo quando se acredita que o
perigo já passou. Às vezes a lesão pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão, e a vítima poderá morrer em até
3 ou 4 dias após o acidente (aproximadamente 15% das mortes por afogamento ocorrem por complicações secundárias).
Se necessário, realizar manobras básicas de reanimação, desfibrilação e procedimentos de suporte avançado.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Capítulo 10 – Considerações sobre o Trauma

As lesões sempre foram uma ameaça ao bem-estar público, mas,


até a metade do século XX, as doenças infecciosas obscureciam
a terrível contribuição de traumas para a morbidade e mortalidade
humanas. O sucesso da Saúde Pública em outras áreas transformou
o trauma em uma grave preocupação da Saúde Pública, que tem
sido chamada de “a epidemia negligenciada”.
Christoffel e Gallagher, 1999, apud NAEMT, 2007

O trauma é uma “doença” da sociedade moderna que resulta em perdas de vidas humanas, incapacidade física e
consideráveis problemas de ordem social e econômica. A palavra trauma vem do grego, traûma e significa ferida.

Tendo como princípio que a maioria dos “acidentes” poderia ser evitada, faz sentido a expressão “é melhor prevenir
do que remediar”. Dentro desse ponto de vista, o trauma deve ser encarado como doença, ao invés de mero “evento
acidental”. A educação em saúde e prevenção ocupam um papel importantíssimo na redução de sequelas, mortalidade
da população e inestimáveis gastos do sistema de saúde com internação hospitalar e reabilitação consequentes à
epidemia globalizada do trauma (ou causas externas).

Em 1966, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (National Academy of Sciences) publicou um trabalho
que se tornou referência no desenvolvimento dos sistemas modernos de atendimento ao traumatizado, reconhecendo
que “a longo prazo, a solução para o problema do trauma é a prevenção”.

Accidental Death and Disability: The Neglected Disease of Modern


Society.
<http://www.nap.edu/catalog.php?record_id=9978>.

No Brasil, estatísticas oficiais e dados do Ministério da Saúde revelam que o perfil de mortalidade por trauma veio
sofrendo modificações nos últimos anos. As mortes por acidentes de trânsito, que anteriormente predominavam, foram
superadas pelos homicídios. O aumento da violência urbana e o uso de armamento pesado de alta energia (disparando
projéteis de maior energia cinética e, portanto, maior poder de lesão tecidual) estão alterando significativamente as
Pós-Graduação a Distância

características dos ferimentos e atendimento às vítimas. Assim, os hospitais dos centros urbanos das grandes capitais
estão, em certo sentido, desenvolvendo e praticando técnicas de medicina utilizadas nas guerras.

A violência interpessoal, os acidentes de trânsito, as quedas e os acidentes de trabalho constituem as causas mais
comuns de mortalidade por causas externas (trauma) entre a ampla faixa etária de 1 a 44 anos de idade, sendo
os homens adultos jovens os mais vulneráveis a sofrerem traumatismos, especialmente em relação às agressões.
O trauma ocupa hoje a terceira causa geral de morte na população brasileira, superado apenas pelas doenças
cardiovasculares e neoplasias.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Perfil da mortalidade do brasileiro. Ministério da Saúde (2008)


<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/coletiva_saude_061008.pdf>.

Projeto Trauma 2005-2025


<http://www.cbc.org.br/upload/pdf/comissoes_trauma_projetotrauma.pdf>.

Um problema social
<http://www.sbait.org.br/revista/2009-02_rev_emerg_entrevista_m_mantovani.pdf>.

Conforme estudamos na primeira unidade, após avaliar a cena e tomar as devidas medidas de segurança, prosseguimos
a avaliação inicial da vítima em ordem de prioridade:
a) via aérea (manutenção da permeabilidade das vias aéreas com controle da coluna cervical);
b) ventilação (verificação da respiração e administração de oxigênio para a vítima traumatizada);
c) circulação (verificação do estado circulatório, pulso, presença e controle de hemorragias);
d) Incapacidade (avaliação do estado neurológico e determinação do nível de consciência);
e) exposição (remoção das roupas e avaliação completa do paciente, com controle do ambiente e prevenção da hipotermia).
A instabilidade hemodinâmica na vítima de trauma é geralmente ocasionada por uma perda sanguínea significativa
e, portanto, o socorrista deverá identificar e tratar prontamente a hemorragia externa. Para o doente que apresenta
hemorragia interna, nada poderá ser feito no atendimento pré-hospitalar, no sentido de estancar o sangramento. A
vítima necessitará ser encaminhada rapidamente ao hospital de referência equipado com recursos humanos e materiais,
pois o controle da hemorragia é potencialmente cirúrgico.

Hemorragia
A hemorragia externa pode ser classificada em três tipos.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

1. Hemorragia capilar: causada por escoriações que lesam minúsculos vasos capilares situados abaixo da
superfície da pele. O sangramento é mínimo e geralmente terá cessado antes mesmo da chegada da equipe
de atendimento pré-hospitalar.

2. Hemorragia venosa: o sangramento é de coloração vermelho-escuro (por ser pobre em oxigênio e rico em gás
carbônico) e normalmente é controlado mediante uma compressão moderada no local do ferimento. Em geral
não ameaça a vida, a não ser que a lesão seja grave ou o sangramento não seja controlado.

3. Hemorragia arterial: o sangramento causado pelo rompimento de uma artéria é o mais importante e também o
mais difícil de ser controlado. Caracteriza-se por um sangue de coloração vermelho-vivo e que ocorre em jatos
compassados com o ritmo cardíaco (o sangue jorra da ferida a cada batimento do coração).

No caso de suspeita de hemorragia interna, os sinais e sintomas são evidenciados pela síndrome do choque hemorrágico.
O paciente encontra-se muitas vezes ansioso (sinal de hipóxia cerebral) e com outras alterações de consciência, apresenta
taquicardia, taquipneia, hipotensão arterial, palidez cutânea (devido à intensa vasoconstrição periférica), enchimento

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

capilar lento ou ausente, hipotermia, sede etc. A vítima deve ser tratada como em estado de choque, ter monitorados os
sinais vitais e ser levado, para o hospital imediatamente, pois se trata de uma emergência grave.

No controle da hemorragia externa, como primeira opção, o socorrista deverá aplicar pressão manual direta sobre o
ferimento (compressão local), de preferência utilizando uma gaze, compressa estéril ou pano limpo.

Atenção! Se a compressa estiver muito encharcada, colocar outra por cima da primeira e continuar mantendo a pressão.
(O objetivo de não remover as primeiras compressas é evitar a remoção dos coágulos formados e, com isso, aumentar
novamente o sangramento).

De acordo com a última edição do PHTLS – Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado (2007), o torniquete
voltou a ser recomendado e, mais ainda, como segunda opção para o controle de uma hemorragia externa
que não pôde ser contida com a pressão local. Isso é justificado pelo fato de que aproximadamente 99% das
hemorragias externas são contidas apenas com a compressão local. No passado era recomendada a elevação
do membro e a compressão sobre um ponto de pressão (pressão indireta – na artéria próxima ao ferimento),
como etapas intermediárias no controle das hemorragias. Essas manobras não tiveram eficácia comprovada por
meio de estudos, pesquisas e dados convincentes, por isso não são mais recomendadas nas situações em que a
compressão direta não conseguiu controlar o sangramento.

Os torniquetes salvam vidas e devem ser aplicados imediatamente na extremidade proximal do ferimento hemorrágico e
apertados o suficiente para bloquear o fluxo arterial. Não devem ser utilizados torniquetes estreitos e em faixa, devido
a maior probabilidade de causar danos aos vasos sanguíneos e nervos. O manguito do esfigmomanômetro também pode
ser adotado como alternativa ao torniquete.

Como improvisar um torniquete? Escolha um pedaço de pano com cerca de 10cm de largura, coloque-o logo acima do
ferimento e dê um primeiro nó, sem apertar. Um bastão de madeira ou metal deve ser colocado sobre este primeiro
nó, sendo feito um segundo nó por cima. Agora basta torcer o bastão até que a hemorragia cesse e fixá-lo no lugar.
Antigamente, a orientação era para que o torniquete fosse afrouxado a cada 10 min, mas em geral, um torniquete
colocado no APH deve permanecer até que o paciente chegue ao hospital. A exceção é em situações de transporte
demorado (mais de 2 horas).

Atualmente existem, nos EUA e em outros países, tecnologia e diversos dispositivos desenvolvidos especialmente
para conter hemorragias externas graves, tais como torniquetes, bandagens especiais e outros produtos utilizados em
medicina tática e de combate, inclusive já disponíveis para uso com a população civil, aplicados pelos profissionais dos
sistemas de emergências médicas.

Pós-Graduação a Distância

Fonte: <http://www.rescue-essentials.com>.

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Conheça mais, visitando os links abaixo, com fotos e vídeos sobre


o assunto:
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O torniquete geralmente é o método de contenção escolhido para tratar o sangramento profuso que ocorre com a
amputação (avulsão) de um membro. Essa é uma lesão grave onde ocorre a separação de um membro ou de uma estrutura
do corpo. Pode ser causada por objeto cortante, esmagamento ou força de tração. As amputações frequentemente
estão relacionadas a acidentes industriais e automobilísticos, tendo maior prevalência em homens jovens.

O tratamento inicial deverá ser rápido e eficiente, pela gravidade da lesão e possibilidade de reimplante do segmento
amputado. O membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a maior prioridade é a preservação
da vida.

A amputação é classificada em três tipos:

• amputação completa (total): o segmento é totalmente separado do corpo.

• amputação parcial: o segmento desprendeu-se cerca de 50% do corpo.

• desenluvamento: quando a pele e o tecido adiposo são arrancados sem lesão do tecido subjacente.

Nas amputações parciais ou nas do tipo desenluvamento, a exposição das artérias laceradas leva a sangramento
importante.

Como proceder nos casos de feridas amputativas?


Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

1. Controlar imediatamente a hemorragia – prioridade.

2. Tratar o estado de choque e prevenir a hipotermia.

3. Cuidar do segmento amputado:

– limpar com solução de Ringer Lactato;

– envolver o membro com gaze estéril umedecida ou compressa limpa;

– proteger o membro amputado com saco plástico;

– colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo (de preferência gelo moído); Obs: Jamais colocar
a extremidade em contato direto com o gelo.

4. Transportar a parte amputada junto com o paciente para o hospital mais apropriado e próximo.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Estado de Choque
O choque é uma condição potencialmente letal que se caracteriza por redução significativa da perfusão tecidual,
resultando em inadequada oferta de oxigênio aos tecidos.

Os tipos mais comuns de choque são:


• HIPOVOLÊMICO
• CARDIOGÊNICO
• SÉPTICO
• NEUROGÊNICO

Existe ainda o choque anafilático que já foi comentado no capítulo de acidentes com animais peçonhentos. Iremos
abordar agora somente o choque hipovolêmico e de causa hemorrágica, uma vez que estamos falando do paciente vítima
de lesão traumática.

A hipovolemia pode ser decorrente de desidratação (perda de plasma, líquidos e eletrólitos) ou de hemorragia (perda
de plasma e hemácias), sendo a perda rápida de sangue (choque hemorrágico) a sua principal causa no paciente
traumatizado.

No primeiro estágio do choque, o organismo ainda consegue manter o equilíbrio por meio dos mecanismos compensatórios,
a perfusão sanguínea dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são mínimos. A queda na pressão arterial marca a
mudança do choque compensado para descompensado. Com a intensa vasoconstrição e a hipotensão arterial, ocorre
também uma diminuição da intensidade dos pulsos periféricos, que se tornam fracos e de difícil palpação.

O paciente, que está chocado por hipovolemia, apresenta os seguintes sinais e sintomas: agitação, ansiedade (sinais
de hipóxia cerebral), posteriormente cansaço, sonolência, confusão mental, taquicardia e pulso filiforme, respiração
curta, rápida e superficial, hipotensão arterial, náusea, sede, sudorese, pele fria, pálida e úmida, câimbras, mucosas
esbranquiçadas, enchimento capilar lento (perfusão periférica maior que 2 segundos) ou ausente, hipotermia, tremores,
perda gradual da consciência, coma e morte.

Como proceder?

Tranquilizar a vítima, controlar hemorragias externas, prevenir a hipotermia com o uso de cobertor térmico, elevar as
pernas da vítima cerca de 30 cm do chão, monitorar os sinais vitais, não oferecer líquidos e providenciar a remoção para
o hospital mais preparado para receber o doente.

Observação – O tratamento inicial, realizado pelo suporte avançado, é o estabelecimento de 2 acessos periféricos
calibrosos (jelco 14 ou 16) e início de infusão de cristalóides aquecidos, sendo o soro Ringer Lactato a solução de
primeira escolha.

Evisceração
Pós-Graduação a Distância

É a protrusão de vísceras para fora da cavidade abdominal, como consequência de incisão abdominal entreaberta ou
pós-trauma. É um trauma relativamente comum, ocasionado por armas brancas e acidentes automobilísticos.

O socorrista realizará um curativo do tipo oclusivo, da seguinte maneira: irrigar uma compressa estéril com soro
fisiológico e colocá-la por cima, cobrindo as vísceras expostas. Em seguida, aplicar uma bandagem ou plástico protetor,
fixando-o no lugar com esparadrapo. É importante essa prevenção de contaminação, com a proteção adequada dos
órgãos eviscerados. Evite a manipulação das vísceras ou reintroduzi-las para dentro da cavidade abdominal, pois esse
procedimento será feito durante o ato cirúrgico.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Objeto Empalado
Se o traumatizado tiver algum objeto transfixado em seu corpo (geralmente madeira ou metal), deve-se realizar curativo
compressivo aplicando pressão em um dos lados do objeto, e não sobre o objeto. O objetivo é controlar o sangramento e
estabilizar o objeto no local. Jamais remova o objeto, com risco de aumentar significativamente a hemorragia, lesionar
estruturas internas (como os nervos) e agravar ainda mais o estado da vítima. O corpo estranho empalado será retirado
posteriormente, em centro cirúrgico.

Fratura
Embora sejam comuns no paciente traumatizado, as lesões de extremidades raramente apresentam risco de morte
imediato. Quando leva à acentuada perda sanguínea, o trauma de extremidades pode pôr em risco a vida do paciente.
Todo politraumatizado deve ser imobilizado em prancha longa e o mais próximo possível da posição anatômica.

Não é responsabilidade do socorrista identificar o tipo de lesão em si (classificar as fraturas), mas saber agir rapidamente,
identificar e tratar as lesões que apresentem risco de morte (por exemplo, existência de fraturas pélvicas e do fêmur) e,
se tiver tempo, estabilizar as lesões das extremidades. Lembre-se que o objetivo do exame primário é o reconhecimento
e tratamento imediato das lesões que impliquem risco à vida.

A quebra do tecido ósseo pode ser suspeitada se houver os seguintes sinais e sintomas: dor (a menos que haja lesão
de nervo), edema, deformidade (alterações na angulação com elevação ou afundamento), crepitação, hematoma,
hemorragia visível e comunicação do osso com o meio externo, interrupção da função motora, alterações de sensibilidade,
temperatura e pulso no membro afetado.

Na fratura fechada, a pele encontra-se íntegra, pois não foi rompida pelo osso fraturado. Já na fratura exposta
(aberta), como o próprio nome diz, a integridade da pele foi rompida pela extremidade óssea que perfurou a pele. O
socorrista deve considerar qualquer ferimento próximo de uma possível fratura como sendo uma fratura exposta e
tratá-la como tal.

Como proceder?

1. Realizar exame primário.

2. Realizar hemostasia (controle das hemorragias).

3. Tratar o choque.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

4. No exame secundário, examinar os pulsos, coloração da pele, função motora e sensibilidade do membro com
suspeita de fratura.

5. Imobilizar adequadamente todo o membro, usando talas ou outros materiais rígidos (a imobilização ajuda a
conter a hemorragia e proporciona alívio da dor).

6. Após a imobilização, aplicar bolsa de gelo ou compressa fria no local pode ajudar a reduzir a dor e o edema.

7. Movimentar o membro lesado o mínimo possível.

8. Na maioria das vezes, a fratura é imobilizada na posição em que é encontrada. Se o membro estiver sem pulso,
ou o paciente não puder ser transportado por causa da posição incomum do membro, o socorrista pode tentar
realinhá-lo delicadamente, trazendo o membro à posição anatômica. Se houver resistência ou dor intensa, a
tentativa deverá ser abandonada. É importante ressaltar que o fato de imobilizar o membro na posição normal
melhora a dor e a circulação.

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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

9. O socorrista não deve tentar “recolocar os ossos no lugar”, especialmente quando se trata de fraturas
expostas.

10. Cobrir com curativo estéril as feridas abertas ou extremidades ósseas expostas.

11. Remover joias e relógios (esses objetos podem prejudicar a circulação, quando o edema aumentar).

12. Verificar pulso, sensibilidade e cor do membro, antes e após realizar a imobilização.

Traumatismo Craniano
O traumatismo crânio-encefálico (TCE) ou lesão cerebral traumática (LCT) contribui significativamente para a morte de
vítimas de trauma. As colisões automobilísticas continuam sendo a principal causa desse tipo de lesão em pessoas com
idade inferior a 65 anos. Já no idoso, as quedas são responsáveis pela principal causa de TCE.

O TCE é a lesão do crânio e/ou encéfalo com intensidade, extensão e gravidade que podem variar e ser consequência de
vários agentes, como colisões automobilísticas, atropelamentos, quedas de grande altura, agressões físicas.

Os indivíduos podem sofrer muitos tipos de traumatismos crânio-encefálicos como, por exemplo, fraturas, concussões,
contusões, lacerações cerebrais e hematomas intracranianos.

As fraturas cranianas podem lesar artérias e veias, provocando sangramento nos espaços em torno do tecido cerebral.
O líquido cefalorraquidiano (líquor), que circula entre o cérebro e as meninges, pode sair pelo nariz (liquorreia) ou pelo
ouvido (otorreia). Ocasionalmente, por meio dessas fraturas, ocorre invasão de bactérias no crânio, causando infecção
e lesão cerebral graves

Imagens adaptadas de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.

Sinais de reconhecimento do TCE: ferimento na cabeça, exposição óssea ou de massa encefálica, alterações do
nível de consciência (agitação, confusão mental, desorientação, sonolência e coma), cefaleia, perda de líquor e/
ou sangue pelo nariz e ouvido (rinorreia e otorreia, rinorragia e otorragia), dor, náusea e vômito em jato (devido à
Pós-Graduação a Distância

hipertensão intracraniana), edema e hematoma periorbital (“sinal de guaxinim”), hematoma retroauricular (“sinal de
Battle”), hipo ou hipertermia, padrões respiratórios irregulares, alterações pupilares (anisocoria), posturas anormais
(decorticação ou descerebração), possível incontinência urinária ou fecal, distúrbios visuais, alterações da fala e da
marcha, hemiparesia, convulsão etc.

Todo paciente com suspeita de traumatismo craniano deverá ser considerado como possível portador de trauma
raquimedular e vice-versa.

Dica: “Todo politraumatizado é um portador de lesão na coluna cervical, até que se prove o contrário!”
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Situações Especiais e Atendimento de Emergência Unidade III

Ou seja, imobilização completa é imprescindível (prancha longa rígida, uso do colar cervical e imobilizador lateral de
cabeça). A vítima deverá ser manipulada por equipe especializada, com as devidas técnicas e protocolos de atendimento
ao traumatizado. O socorrista deverá monitorar os sinais vitais e nível de consciência e, caso exista extravasamento de
fluidos pelo nariz e/ou boca (sangue ou líquor), não deve tentar contê-los.
Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

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Para (não) Finalizar

Como vimos, atendimento pré-hospitalar é toda assistência prestada, direta ou indiretamente, fora do ambiente
hospitalar, visando à manutenção da vida e/ou à minimização das sequelas. Esse suporte básico garante, por meio de
medidas simples adotadas pelo profissional de saúde, as funções vitais dos pacientes, evitando o agravamento de suas
condições.

E mais, medidas de urgência incluem a prestação de socorro adequado e com qualidade nos casos de problemas
cardiovasculares, neurológicos e obstétricos, assim como em situações especiais como intoxicações, queimaduras,
afogamento, entre outros.

Desnecessário afirmar o quanto é importante que o profissional que vai desempenhar essa tarefa esteja apto a fazê-lo
para garantir êxito ao seu trabalho.

Portanto, caro cursista, as informações técnicas apresentadas e as ações recomendadas não se esgotam aqui. Há
muitas fontes disponíveis para complementação de seus estudos. Pesquise e aprofunde seus conhecimentos. Seu papel
é imprescindível para salvar vidas.

Para finalizar, reafirmo as palavras de Fernando Barreiro:

A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento. A segunda é o socorro
inadequado. As pessoas morrem porque ninguém faz nada e continuam morrendo porque alguém não
capacitado resolveu fazer algo.

Desejo-lhe sucesso!

E aproveito para parabenizá-lo pela carreira que escolheu...

Pós-Graduação a Distância

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Referências

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Pós-Graduação a Distância

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