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EXERCÍCIOS

APOST I L A
COM RESOLUÇÃO
COMPLETA:

ME
OBJETIVOS E
DISCURSIVOS

DI
M AT E M ÁT I CA
CI
NA
Conteúdo de Matemática
completo e consistente
para o ENEM e vestibulares

Apostila desenvolvida
especialmente para a
aprovação em medicina

Exercícios comentados 1º EDIÇÃO


dos vestibulares mais
concorridos do Brasil
APO STIL A MED

Organização André Corleta | Margit Anton Bersch


| Arthur Casa Nova Nonnig

Autor Laura Gonçalves Domiciano

Revisão Joyce Patente | Marina Sousa

Coordenação de Design Margit Anton Bersch

Renata Goulart | Luana Cardoso

Layout e Diagramação

Ilustradores Michelle Iashmine Mauhs

D669m

Domiciano, Laura Gonçalves.


Matemática MED / Laura Gonçalves Domiciano;
organizadores Margit Anton Bersch, Arthur Casa Nova
Nonnig. – Porto Alegre, RS: Me Salva!, 2022.

138 p. : 21 x 29,7 cm – (Apostilas MED, v. 1)

ISBN 978-65-87558-09-7

1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Vestibular. I. Título.


II.Série.

CDD 510

Catalogação da publicação: Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

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Ao longo do texto, você encontrará exercícios resolvidos para a melhor


compreensão do conteúdo, além de questões recomendadas e seus
respectivos gabaritos para treinar. No início de cada capítulo, há um QR
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MA
TE

TI
CA
MATEMÁTICA

01. Números complexos..................... 7 02. Polinômios....................................... 47

O conjunto dos números Definição de polinômios................ 47


complexos....................................... 7
Exercícios......................................... 80
O número complexo como par

03.
ordenado.......................................... 9
Funções avançadas....................... 85
Operações com números
complexos....................................... 11 Funções definidas por partes...... 85

Operações na forma Funções transladadas................... 101


trigonométrica................................ 17
Exercícios......................................... 127
Potenciação e radiciação

04.
de números complexos................. 18
Introdução ao cálculo.................... 131
Exercícios......................................... 42
O cálculo de áreas.......................... 131
NÚMEROS
COMPLEXOS
Neste capítulo vamos aprofundar nosso conhecimento em relação ao
conjunto numérico mais completo que temos na matemática, o Conjunto dos
Números Complexos. Ao final do capítulo, esperamos que você seja capaz
de compreender as características desse conjunto e trabalhar com todas as
operações utilizando números complexos, independente da forma que esteja
representado.

VAMOS EXERCITAR?
Acesse a plataforma do Me Salva! para uma lista de
exercícios, com resolução, referentes a este capítulo!

O CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS

Quando aprendemos a utilizar a Fórmula de Bhaskara para encontrar as


raízes de equações do 2º grau, acontece uma situação particularmente
interessante ao nos depararmos com um valor de ∆ negativo (∆ < 0). Veja,
por exemplo, quando tentamos encontrar a solução da equação

x²  10x  40  0
Podemos começar a aplicar a Fórmula de Bhaskara, encontrando o valor de ∆:
  b²  4  a  c 

   10  ²  4  1 40

  100  160
  60

Ao chegarmos nesse ponto, normalmente, dizemos que a equação não


possui solução no conjunto dos Números Reais. Vamos analisar
porque isso é verdade. Continuando com a aplicação da Fórmula de
Bhaskara, temos:

Perceba que para determinarmos o valor de x seria preciso calcular a


raiz quadrada de –60, o que não é possível no conjunto dos Número
Reais, já que não existe um número real m tal que m2 = –60. Isso explica
porque a equação x2 – 10x + 40 = 0 não tem solução no conjunto dos
Números Reais, trazendo, então, a necessidade de um novo conjunto
para encontrarmos a solução para esse tipo de problema.

E foi Girolamo Cardano (1501-1576) que fez um primeiro registro


importante sobre o assunto, ao tentar resolver um problema envolvendo
justamente a equação que trabalhamos aqui. Anos depois, em 1835, o
8 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

matemático William R. Hamilton (1805-1866) chegou a teoria


mais completa sobre esse novo conjunto: O Conjunto dos
Números Complexos.

A FORMA ALGÉBRICA

Definição 1: O conjunto dos Números Complexos, representado por ℂ, é


composto por todos os números ℤ da forma z = a + bi onde a, b ∈ ℝ e
i  1 . Em linguagem matemática:

z ∈ ℂ ⇔ z = a + bi, onde a, b ∈ ℝ e i = −1

Dizemos que z = a + bi é a forma algébrica do Número Complexo, onde


a é chamada de parte real de z e b é chamada de parte imaginária de z.
Usamos as seguintes notações:

Definição 2: Considerando o número complexo z = a + bi, com a, b ∈ ℝ,


chamamos de z o conjugado de z, que será o número complexo na forma
z = a – bi.

Voltando na equação do início deste capítulo, notamos que ela possui


duas soluções:
x '  5  15
e
x ''  5  15
Podemos reescrever essas soluções da seguinte forma:

x '  5  15  1
e
x ''  5  15  1
Pela nossa definição, i = −1, então, podemos fazer a substituição:

x' = 5 + 15 · i
e
x" = 5 – 15 · i

Comparando as soluções encontradas acima, com a forma algébrica


do número z ∈ ℂ da nossa Definição 1 e com o seu conjugado z da
Definição 2, temos:

15 15
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 9

Com isso, percebemos que esses dois número pertencem ao


conjunto ℂ. Dizemos, então, que a equação x2 – 10x + 40 = 0 possui
duas raízes complexas.

Algumas particularidades dos complexos:

1) Repare que se o complexo z = a + bi tem a = 0, teremos:

z = 0 + b · i ⇒ z = bi

Nesse caso, os números complexos têm somente a parte imaginária. Eles


são chamados de imaginários puros.

2) De forma parecida, se o complexo z = a + bi tem b = 0, teremos:

z=a+0·i⇒z=a

Como a é um número Real, podemos concluir que todo número que está
no conjunto dos Números Reais é também um Número complexo.

3) Agora se temos o complexo z = a + bi com a = 0 e b = 0 teremos:

z=0+0·i⇒z=0

Ou seja, temos a representação do número zero, que já é tão conhecido


por nós. Então, concluímos novamente que todos os números reais
também são complexos. Por isso, dizemos que o conjunto dos números
complexos é o conjunto numérico mais completo da matemática. E é
possível fazer a representação em um diagrama Venn, mostrando como
estão organizados os conjuntos numéricos:

O NÚMERO COMPLEXO COMO PAR ORDENADO

Vamos relembrar a forma de representação que fazemos dos Número


Reais na reta numérica. Se nos for pedido, por exemplo, para ordenar
9
números 3; 2 ;6 , 52; e0 na reta Real conseguimos fazer facilmente:
2

Vamos pensar em como fazer essa representação com os


Números Complexos.
10 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Já sabemos que o número complexo z é composto por duas partes, a real


e a imaginária. Portanto, sua representação também precisará de duas
coordenadas. Vamos fixar, então, um sistema de coordenadas no plano,
sendo o eixo horizontal chamado de eixo real, identificado como Re(z), e
o eixo vertical de eixo imaginário, representado por Im(z).

Podemos, agora, associar os elementos do conjunto ℂ com os pontos


desse plano da seguinte forma: Na forma algébrica z = a + bi, a é a parte
real e b é a parte imaginária, assim o par ordenado correspondente a esse
número será P(a,b). Veja:

Esse plano que acabamos de criar é chamado de Plano de Argand-Gauss


ou simplesmente Plano de Gauss e P(a,b) é a imagem z = a + bi no Plano
de Gauss. Então, temos, a partir de agora, duas formas de representação
para o número complexo z:

OUOU

Para compreendermos melhor, voltemos a nossa equação inicial

x2 – 10x + 40 = 0

e as suas soluções na forma algébrica de z

15 15

Como já identificamos suas partes, real e imaginária, é possível associar


cada uma dessas soluções a um ponto do plano de Gauss:

15 15
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 11

E podemos agora fazer a representação desses pares ordenados


no plano:

15 15

15 15

Repare que o ponto P’ e o ponto P’’ tem a mesma distância até os eixos
Re(z) e Im(z) do plano de Gauss. Quando isso acontece, dizemos que P’’ é
um ponto simétrico a P’, e vice-versa. Podemos generalizar esse fato que
observamos escrevendo:

z = a – bi também representado por P’’(a,–b) é a forma simétrica


de z = a + bi também indicado por P’(a,b).

Veja no plano:

OPERAÇÕES COM NÚMEROS COMPLEXOS

Já conhecemos como são feitas as operações no conjunto dos Números


Reais, agora vamos determiná-las no conjunto dos Números Complexos.

Adição

A adição de dois números complexos será definida fazendo a soma de


suas partes reais e imaginárias separadamente, ou seja, parte real com
parte real e imaginária com imaginária.

Então, se temos z1 = a + bi e z2 = c + di com z1, z2 ∈ ℂ, a soma z1 + z2 será:

(a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i


12 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Assim,

z1 + z2 = (a + c) + (b + d)i

Veja um exemplo:

= (2 - 3 ) = (-1 + 2 )
+ = ( 2 + ( -1 ) ) + ( - 3 + 2 )
+ = 1 -1
Subtração

A subtração de dois números complexos é definida de forma semelhante


com o que fizemos na adição. Aqui também faremos a subtração de suas
partes reais e imaginárias separadamente.

Então, se temos z1 = a + bi e z2 = c + di com z1, z2 ∈ ℂ, a diferença


z1 – z2 será:

(a + bi) – (c + di) = (a + c) – (b + d)i

Ou seja,

z1 – z2 = (a + c) – (b + d)i

Veja um exemplo:

Multiplicação

Considerando z1 = a + bi e z2 = c + di com z1, z2 ∈ ℂ, para encontramos


z1 · z2 vamos utilizar a famosa forma distributiva, veja:

Assim,

z1 · z2 = (ac – bd) + (ad + bc)i


NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 13

Vamos ver um exemplo numérico e note que podemos repetir todo


processo da distributiva ou apenas usar o resultado generalizado obtido
no final:

Divisão
Na divisão entre números complexos será preciso ter em mente o que
já vimos sobre o complexo z e seu conjugado z. Isso porque, tendo
z1
z1  a  bi e z2  c  di com z1 , z2 ∈  e z2 ≠ 0 , para determinar a divisão ,
z2
devemos multiplicar o numerador e o denominador pelo conjugado do
denominador, ou seja, por z2 :

Concluímos, então, que

z1 ac  bd bc  ad
  ·i
z2 c2  d2 c2  d2

Da mesma forma que na multiplicação, podemos repetir todo processo


ou apenas usar o resultado generalizado obtido no final. Vamos ver
um exemplo:

Potências envolvendo i

Observe as potências in a seguir:

i0 = 1 i1 = i i2 = –1 i3 = i2+1 = i2 · i1 = –i

i4 = i2 · i2 = 1 i5 = i4+1 = i4 · i1 = i i6 = i4+2 = i4 · i2 = –1 i7 = i4+3 = i4 · i3 = –i

i8 = i4 · i4 = 1 i9 = i8+1 = i8 · i1 = i i10 = i8+2 = i8 · i2 = –1 i11 = i8+3 = i8 · i3 = –i


... ... ... ...
14 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Percebemos que existe um padrão de repetição nessas potências e


podemos escrevê-las de uma forma generalizada. Para todo k ∈ ℕ temos:

i4k = i4k · i0 = 1 i4k+1 = i4k · i1 = i i4k+2 = i4k · i2 = –1 i4k+3 = i4k · i3 = –i

Repare que os expoentes de i são sempre compostos por um múltiplo de


4 e somados a um dos possíveis restos r da divisão por 4, ou seja, r = 0,
r = 1, r = 2 ou r = 3. Assim, podemos generalizar um pouco mais:

Com isso, encontramos uma regra para calcular as potências naturais de i:

Para calcular in, dividimos n por 4 e tomamos como novo


expoente de i o resto dessa divisão.

Você deve estar pensando: “Para que serve essa regra??? É só calcular a
potência e pronto!” Mas não é bem assim… Vamos calcular i6 sem utilizar
o que acabamos de aprender. Basta multiplicarmos i por ele mesmo
6 vezes:

i6 = i · i · i · i · i · i = i2 · i2 · i2 = ( 1)2  ( 1)2  ( 1)2 = (–1) · (–1) · (–1) = –1

Muito simples! Agora Imagine que queremos encontrar o valor de i2021.


Basta multiplicar i por ele mesmo 2021 vezes… Percebemos que não é
mais tão simples assim! Precisamos da regra que aprendemos, veja:

Módulo de z

Vamos definir que, ao considerarmos z = a + bi, com z ∈ ℂ, chamaremos


de módulo de z o número real não negativo dado por:

z  a2  b2

O módulo de z é representado pela letra grega ρ (lemos “rô”).

Vamos calcular o módulo do complexo a seguir:


NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 15

Voltemos agora para a representação de z = P(a,b), com z ∈ ℂ no plano de


Gauss. Observe na imagem o triângulo retângulo OP1P' que é formado ao
fazermos a projeção de P’ no eixo Re(z) e ligarmos o ponto P’ a origem O:

Como OP1P' é retângulo podemos utilizar o Teorema de Pitágoras para


determinar o tamanho da hipotenusa OP’:

OP '2  OP12  OP2 2  OP '2  a2  b2  OP '  a2  b2

Observe que, como estamos tratando de uma medida, OP’ deve assumir
somente valores não negativos. Para garantir isso, devemos usar o valor
de seu módulo.

Podemos concluir que, ao analisarmos geometricamente, o módulo de


um número complexo z = a + bi é a distância de sua imagem P(a,b) até a
origem do plano de Gauss.

A FORMA TRIGONOMÉTRICA

Até o momento conhecemos duas formas de representação dos números


do conjunto ℂ:

OU

Agora vamos conhecer mais uma forma de representá-los: a forma


trigonométrica.

Você deve estar pensando que será tudo muito diferente do que vimos
até agora, mas se acalme! Tudo está relacionado.

Veja bem: retomando a construção do triângulo retângulo OP1P' que


fizemos ao estudar o módulo de z, percebemos que a sua hipotenusa
forma um ângulo θ com o eixo real.
16 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Chamaremos esse ângulo de argumento de um complexo e, para


determiná-lo, precisaremos do tamanho da hipotenusa. Mas, nós já

aprendemos sobre isso: o tamanho da hipotenusa é   z  a2  b2 !


Assim, θ será dado por:

Através dessas duas fórmulas para encontrar o argumento de z,


conseguimos uma nova maneira de escrever a e b, basta isolá-los em
cada equação, veja:

cos   a  a    cos 


b
sen   b    sen

Agora podemos substituir esses valores na forma algébrica de z:

Com isso, chegamos na forma trigonométrica de z chamada também de


forma polar ou forma trigonométrica de z:

z = ρ · (cosθ + isenθ)

Vamos ver na prática como escrever o número complexo z = 3 + 3i, que


está na forma algébrica, na forma trigonométrica:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 17

OPERAÇÕES NA FORMA TRIGONOMÉTRICA

Agora que temos uma nova forma de representação para os Números


Complexos, teremos também um novo olhar para algumas operações.
Estudaremos, primeiramente, a Multiplicação e a Divisão.

MULTIPLICAÇÃO NA FORMA TRIGONOMÉTRICA

Vamos considerar os seguintes Complexos

z1 = ρ1(cosθ1 + isenθ1) e z2 = ρ2(cosθ2 + isenθ2)

Queremos agora calcular z1 · z2:

Com isso, obtemos uma fórmula para nos auxiliar na multiplicação com
números que estiverem na forma trigonométrica, sem ser preciso utilizar
essas operações tão extensas todas as vezes.

z1 · z2 = ρ1 · ρ2 [cos(θ1 + θ2)+ isen(θ1 + θ2)

Vamos usá-la no exemplo numérico a seguir:

Divisão na forma trigonométrica

Vamos considerar novamente os complexos:

z1 = ρ1 (cosθ1 + isenθ1) e z2 = ρ2 (cosθ2 + isenθ2)

z1
Relembrando que para determinar a divisão devemos multiplicar o
z2
numerador e o denominador pelo conjugado do denominador, que nesse
caso será:

z2 = ρ2 (cosθ2 – isenθ2)
18 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Então, fazemos:

Podemos reorganizar os termos:

Chegamos novamente em uma fórmula para nos ajudar na hora de


fazermos nossas contas:

z1 1
 [cos(θ1 – θ2) + isen(θ1 – θ2)]
z2 2

Vamos a um exemplo:

Perceba através desses dois resultados que quando temos números


complexos na forma trigonométrica:

` Para multiplicá-los, basta multiplicar os módulos e somar os


argumentos.

` Para dividi-los, basta dividir os módulos e subtrair os


argumentos.

POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS

Ainda não havíamos falado sobre a potenciação e radiciação dos


números complexos, isso porque, em alguns casos, esse cálculo pode
se tornar muito longo e trabalhoso. Portanto, vamos utilizar a forma
trigonométrica para facilitar os cálculos.

Potenciação

Sabemos que quando calculamos a potência de um número fazemos a


multiplicação consecutiva da base de acordo como seu expoente, por
exemplo:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 19

Ou com um expoente qualquer:

Aqui não será diferente, para calcularmos zn devemos multiplicar z


consecutivamente n vezes:

Temos agora mais uma fórmula que nos ajudará nos cálculos:

zn = ρn · [cos(nθ) + isen(nθ)]

Essa fórmula é chamada de fórmula De Moivre, e ela nos diz que para
calcularmos a n-ésima potência de um número complexo, elevamos à
n-ésima potência o módulo e multiplicamos o argumento por n.

Vamos calcular z10 sendo:

Radiciação

Vamos considerar dois complexos na sua forma trigonométricas:

z = ρ · (cosθ + isenθ) e w = r · (cosα + isenα)

Queremos encontrar um complexo z = n w . Vamos escrever isso na forma


trigonométrica, primeiramente, substituindo w:

z  n r  (cos   isen )

Podemos escrever:

zn = r · (cosα + isenα)

Escrevendo z na sua forma trigonométrica:

[ρ(cosθ + isenθ)]n = r · (cosα + isenα)

Podemos utilizar a fórmula de Moivre que aprendemos,

ρn [cos(nθ) + isen(nθ)] = r · (cosα = isenα)

Dizemos que dois números complexos são iguais quando têm a mesma
parte real e a mesma parte imaginária e quando eles também têm
módulos iguais e argumentos congruentes.
20 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Daí, como temos essa igualdade de complexos, podemos continuar


nosso raciocínio escrevendo:
n  r    n r

cos n  cos 

sen n   sen

As funções seno e cosseno são periódicas de período igual a 2π, ou seja,


seu comportamento se repete em um intervalo de 2π. Por isso, podemos
dizer que:
  2k
n    2k    
n
Voltando na forma de z temos:

k k
z n
r cos sen
n n
Agora temos duas igualdade de z

k k
ez
n
z n r co sen r cos
n n
Assim podemos dizer que

k k
n r cos n
r cos
n n
Chegamos, então, em uma fórmula para calcular a raiz quadrada de
números complexos:

Se z = ρ · (cosθ + isenθ) então n


z será:

2k 2k
z n
cos comk 0, 1, , , n
n n

Assim, podemos perceber que por mais que a fórmula de Moivre seja
utilizada para o cálculo de potências de complexos, através dela
encontramos uma maneira de calcular também as raízes de
qualquer índice.

Vamos finalizar calculando 4 z para z = 4(cosπ + isenπ)

Primeiro, vamos aplicar a fórmula que encontramos para radiciação:

Encontramos, então, a solução geral para 4 z . Vamos encontrar as


raízes quartas exatas substituindo os valores de k = 0, 1, 2 e 3 em nossa
solução geral:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 21

Assim encontramos as raízes quartas de z.

EXERCÍCIOS

1. (FUVEST - 2008) Determine os números complexos z que


satisfazem, simultaneamente,

1
z = 2 e Im . Lembrete: i2 = –1, se w = a + bi, com a e b
1 2

reais, então w  a2  b2

Primeiramente, vamos olhar para o complexo , já que precisamos


1
encontrar sua parte imaginária. Como temos uma divisão, podemos
resolvê-la fazendo a multiplicação do denominador e numerador pelo
conjugado do denominador, ou seja, por (1 – i). E também podemos fazer
a substituição de z = a + bi, veja:

Agora que conhecemos a parte imaginária podemos reescrever:

Além disso, podemos reescrever também:

Como queremos encontrar os números complexos que satisfazem


simultaneamente duas condições, podemos fazer um sistema
de equações:
22 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Isolando b na equação (2) do sistema:

Substituindo o valor de b na equação (1):

Agora vamos analisar quando a equação do segundo grau a2 + 2a = 0


será satisfeita. Para isso, podemos colocar a em evidência:

Agora, com os valores de a que encontramos podemos determinar o valor


de b:

` Se a = 0 então:

b  2a b  20  b  2

` Se a = –2 então:

b  2a b  22  b  0

Assim, determinamos os complexos que satisfazem as duas condições:

` Com a = 0 e b = 2:

z = a + bi ⇒ z = 0 + 2i ⇒ z = 2i

` Com a = –2 e b = 0:

z = a + bi ⇒ z = –2 + 0i ⇒ z = –2

2. (ITA - SP -2011) A soma de todas as soluções da equação em ℂ: z2


+ |z|2 + iz – 1 = 0 é igual a

a) 2.

b) .
2
c) 0.
1
d) − .
2
e) –2i.
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 23

Nosso primeiro passo será considerar a forma algébrica z = a + bi em


cada um dos fatores da equação apresentada:

Agora, vamos levar essas valores para equação dada no enunciado:

Desenvolvendo alguns cálculos para simplificar essa equação temos:

Nós sabemos que para um número complexo ser igual a zero é preciso
que sua parte real e sua parte imaginária sejam, simultaneamente, iguais
a zero. Portanto, podemos construir um sistema de equações, já que
queremos que duas condições sejam satisfeitas:

Na equação (2) do sistema conseguimos colocar o a e b em evidência:

Temos assim dois valores para substituir na equação (1) do


nosso sistema:
24 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Portanto, temos os 3 complexos como solução da equação:

1 1 1 1
z1 = –i z2   i z3    i
2 2 2 2

Voltando no enunciado, vemos que o que se pede é a soma dessas


soluções. Portanto, teremos uma soma de números complexos, que é
feita somando suas partes reais e imaginárias separadamente:

Assim, a soma de todas as soluções da equação dada em ℂ é igual a –2i.

3. (ITA - 2012) Sejam z  n2  cos45ºisen


 45º  e
w  n(cos15º isen
 15
 º ), em que n é o menor inteiro positivo tal que
z
(1 + i)n é real. Então, é igual a:
w
a) 3 +i

b) 2  3 i 
c) 2  2 i 
d) 2  2 i 
e) 2  3 i 
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 25

A questão está nos pedindo para encontrar o resultado de uma divisão


entre dois complexos que estão na forma trigonométrica. Sabemos
que para fazer essa divisão basta dividir os módulos dos complexos e
subtrair seus argumentos. Faremos isso então:

z n
Chegamos no complexo
w 2
  
3  i e podemos eliminar as alternativas

que não tem o fator multiplicativo 3 + i , ou seja:

a) 3 + i b) 2( 3 + i) c)
X 2( 2 + i) d)
X 2( 2 – i) e)
X 2( 3 – i)

Precisamos, então, encontrar o valor de n para determinar qual das


alternativas restantes é a correta. Pelo enunciado sabemos que n é o
menor inteiro positivo que faz (1 + i)n ser um número real. Como n é o
menor inteiro positivo, temos uma quantidade relativamente pequena de
números, então vamos tentar encontrá-lo fazendo algumas tentativas.
Vamos atribuindo valores inteiros para n e parando quando encontrarmos
o primeiro resultado real para (1 + i)n:

Conseguimos descobrir que o menor inteiro positivo que faz com que
(1 + i)n seja um número real é n = 4. Agora podemos substituir esse valor
de n na nossa divisão e continuar nossos cálculos:

z n
3
w 2
26 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

z 4
3
w 2

z
2 3
w

O resultado da nossa divisão portanto é 2 3 .

1
4. (UFPR-2019) Considere o número complexo 3 .
2
a) Calcule o módulo de z e escreva a forma polar de z.

b) Calcule o valor da expressão z27 + z24 + 1 .

(Sugestão: use a fórmula De Moivre)

Perceba que uma alternativa depende da outra para resolução. Na


alternativa b) temos uma potência de número complexos que só pode ser
resolvida utilizando a forma polar de z. E é justamente na alternativa a)
que está sendo pedido para encontrar a fórmula polar, e para encontrar a
forma polar precisamos encontrar o módulo de z. Vamos, então, começar
do começo!

1
a) Vamos escrever o complexo 3 na forma convencional
2
que conhecemos, para isso basta fazer a distributiva:

Agora podemos calcular o módulo de z com mais facilidade:

Para encontramos a forma polar precisamos determinar argumento de z:

3 1
Para que cos  e sen  é necessário que   30
2 2
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 27

1
Assim conseguimos escrever a forma polar de 3 :
2
z = ρ · (cosθ + isenθ)

z = 1 · (cos30° + isen30°)

b) Com a forma polar encontrada no item anterior podemos seguir


a sugestão que foi dada no enunciado e usar a fórmula De Moivre para
calcular, primeiramente, as potências z27 e z24 :

Fórmula De Moivre z = ρn · [cos(nθ) + isen(nθ)]

Precisaremos agora do conhecimento que temos de Trigonometria para


fazermos a redução ao primeiro quadrante dos ângulos 820° e 720° para
nos ajudar a prosseguir com nossos cálculos.

Primeiro, vamos considerar o ângulo 820°: Como se trata de um ângulo


maior que 360° significa que foram dadas mais de 1 volta no ciclo
trigonométrico para chegarmos a posição do 820°. Vamo pensar então
em uma forma de escrever esse ângulo como um múltiplo de 360°, veja:

820° = (2 · 360°) + 90°

Isso nos diz que foram duas voltas no ciclo trigonométrico e deslocado
mais 90° para chegar ao ângulo de 820°. Mais que isso, nos diz que
o ângulo correspondente ao 820° no primeiro quadrante do ciclo
trigonométrico é o ângulo de 90°. Assim, podemos reescrever:

Vamos usar o mesmo raciocínio para o ângulo de 720°. Vamos


escrevê-lo como um múltiplo de 360°:

720° = 2 · 360°

Assim, podemos concluir que foram dadas exatamente 2 voltas no


ciclo trigonométrico para chegarmos no ângulo de 720° e que 360° é
o seu ângulo correspondente. Mesmo que 360° não sendo um ângulo
do primeiro quadrante, o seno e cosseno desse ângulo é interessante
termos em mente:

sen360  0 e cos360  1
28 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Então, vamos reescrever:

Agora que sabemos que z24 = i e z24 = 1, podemos calcular o valor da


expressão:

z27  z24  1  i  1 1  i  2
Portanto, o valor da expressão é, na forma convencional, 2 + i.

5. (UFPR - 2014) Considere o número complexo


13
z0 = 4i +

a) Determine a parte real e a parte imaginária de z0.
b) Determine a e b, de modo que z = 1 – i seja solução da equação
z2  az  b  0 .

Nessa questão, não temos nenhuma dependência entre os itens a) e b),


cada um pede um cálculo diferente que não depende da anterior para
ser resolvido. Então, poderíamos usar a estratégia de começar pelo que
acharmos mais fácil, por exemplo. Mas, aqui, vamos seguir a
ordem mesmo.

a) Para determinar a parte real e parte imaginária de z0, precisamos


resolver, primeiramente, a soma que forma esse número. Como temos
uma soma de frações, precisamos de denominadores iguais para
seguirmos com a operação. Para fazer com que essas frações tenham o
mesmo denominador, podemos multiplicar o numerador e denominador
da primeira fração pelo denominador da segunda fração, veja:

Agora, com os denominadores iguais, podemos continuar com a soma:

Portanto, concluimos que z0 = 2 + i. Como foi pedido para determinar a


parte real e a parte imaginária, podemos escrever:

Re  z0   2 e Im  z0   1
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 29

b) Nós sabemos, pelo enunciado, que z = 1 – i é uma solução da


equação z2 + az + b = 0. Isso quer dizer que quando z assumir o
valor de 1 – i na soma z2 + az + b, o resultado dela será igual a zero.
Então, podemos substituir esse valor de z na equação:

(1 – i)2 + a(1 – i) + b = 0

Com isso, seremos capazes de determinar a e b desenvolvendo as


operações:

Para que um número complexo seja igual a zero, sabemos que é


preciso que suas partes real e imaginária sejam, simultaneamente,
iguais a zero. Então, podemos construir um sistema de equações, já
que precisamos que duas condições sejam satisfeitas:

Na equação (2) do sistema, podemos isolar a:

Agora, levamos o valor de a encontrado na equação (1) do sistema


para determinar b:

Com isso, determinamos que a = –2 e b = 2.

6. (Unicamp - 2013) Chamamos de unidade imaginária e denotamos


por i o número complexo tal que i2 = – 1. Então i0 + i1 + i3 + ... + i2013
vale

a) 0. b) 1. c) i. d) 1 + i.

Vamos analisar somente os termos da soma que é pedido no


enunciado, da seguinte forma:

(i0, i1, i3, ... , i2013)


30 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Repare que temos uma sequência crescente finita. Vamos pegar, por
exemplo, o 2º termo dessa sequência e dividir pelo 1º temor:

i1 ÷ i0 = i(1–0) = i1 = i

Agora, vamos pegar o 3º termo da sequência e dividir pelo 2º temor:

i2 ÷ i1 = i(2–1) = i1 = i

Você pode repetir esse procedimento com todos os termos da sequência


e irá encontrar o mesmo resultado, ou seja, temos aqui uma sequência
finita tal que a divisão de um elemento pelo antecessor resulta sempre
em um mesmo valor. E quando isso acontece chamamos essa sequência
de progressão geométrica finita, ou simplesmente PG finita.

Perceba, então, que o enunciado está nos pedindo para calcular a


soma dos termos de uma PG finita, e podemos fazer isso usando a
seguinte fórmula:

a1   qn  1
Sn 
q1

Onde a1 é o primeiro termo da sequência; q é a razão, que é obtida


com a divisão de qualquer termo pelo seu antecessor, como fizemos
inicialmente; e n é o número de termos da sequência.

Sabemos que o primeiro termo da nossa sequência é i0, portanto, temos


que a1 = i0. Anteriormente, nós já dividimos um termo da sequência pelo
seu antecessor e encontramos o valor i, esse valor será nossa razão,
ou seja, q= i. Precisamos determinar, agora, o número de termos dessa
sequência. Podemos fazer isso utilizando a fórmula:

an  a1  qn1

Onde ané o último termo da sequência que, no nosso caso, é an = i2013.


Então, fazemos:

Com isso, descobrimos que nossa sequência tem 2014 termos. Agora,
podemos fazer as substituições na fórmula da soma de uma PG finita
para responder a questão:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 31

Como temos uma potência de i com um expoente muito grande, podemos


usar o recurso que aprendemos neste capítulo e dividir esse expoente
por 4:

Continuando o cálculo da soma da PG finita:

Assim, encontramos que i0 + i1 + i3 + ... + i2013 = 1 + i

7. (Unicamp - 2014) O módulo do número complexo z = i2014 – i1987 é


igual a:

a) 2. b) 0. c) 3. d) 1.

Antes de calcularmos o módulo do complexo, vamos escrevê-lo de uma


forma mais simplificada e, para isso, vamos dividir os expoentes das
potências de i por 4 para encontrarmos seus valores:

Agora, podemos substituir esses resultados no complexo dado no


enunciado:
z = i2014 – i1987
z = –1 – i
32 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

E podemos calcular o módulo:

Determinamos, então, que o módulo do número complexo z = i2014 – i1987 é


igual a a 2 .

8. (FUVEST - 2008) A figura na página de respostas representa

o número w
2
no plano complexo, sendo i =  1 a
unidade imaginária. Nessas condições,

1
a) determine as partes real e imaginária de e de w3.
w
1
b) represente e w3 na figura ao lado.
w
c) determine as raízes complexas da equação z3 – 1 = 0.

Para essa questão, além do que aprendemos neste capítulo, você irá
precisar de alguns conhecimentos de trigonometria.

Vamos, inicialmente, entender o que a imagem apresentada quer dizer.


Para isso, vamos escrever o complexo w em sua forma trigonométrica:

Assim, temos um valor de cosseno negativo e de seno positivo, e isso


acontece no 2°. quadrante do ciclo trigonométrico. E sabemos que

1 3
cos  e sen  acontecem quando    . Então, precisamos
2 2 3

determinar o ângulo θ que é correspondente a   e esteja no 2°.
3
quadrante. Podemos fazer essa identificação com a ajuda do ciclo
trigonométrico:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 33

Fonte: https://www.todamateria.com.br/circulo-trigonometrico/ e adapitado pela autora

Assim, temos que o argumento desse complexo é 120° e podemos


escrever sua forma trigonométrica:

w = ρ · (cosθ + isenθ) ⇒ w = 1 · (cos120° + isen120°)

E isso significa que o ângulo que é formado entre o segmento que liga a
origem do plano de Gauss e o ponto imagem do número complexo w e o
eixo real é igual a 120°.

Fonte: Elaborado pela autora

Agora, vamos às alternativas:

1
a) Vamos determinar o complexo , ou seja, o complexo que é o inverso
w
de w. Vamos utilizar a forma algébrica de w para facilitar nosso cálculos:
34 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

 1  1  1  3
Assim, determinamos que Re    e Im   
w 2 w 2

Agora, vamos determinar w3 e dessa vez teremos que usar a forma


trigonométrica w = 1 · (cos120° + isen120°) para conseguirmos aplicar a
fórmula De Moivre:

Assim, dizemos que Re  w 3   1 e Im  w 3   0

b) Antes de fazermos as representações, vamos analisar cada um

1 3
dos números. Comparando os complexos w   ie
2 2
1 1 3 1
  i, percebemos que é o conjugado de w, portanto
w 2 2 w
eles terão a mesma distância da origem do plano de Gauss. E o
complexo w3 = 1 + 0i é o ponto (1,0) do plano de Gauss. Podemos fazer a
representação:
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 35

c) Não se assuste, esse item parece não ter nenhuma ligação com os
outros dois, mas vamos encontrar essa ligação!

Vamos fazer, primeiramente, algumas manipulações na equação:

z3  1 0  z3  1  z  3 1

Queremos encontrar, então, as raízes cúbicas de 1. Vamos começar


determinando a forma trigonométrica de 1

Assim, a forma trigonométrica de 1 será:

1 = 1 · (cos0° + isen0°)

Agora, vamos usar a fórmula De Moivre para encontrar suas raízes


cúbicas.

Vamos encontrar as raízes fazendo as substituições de k = 0,1 e 2

` k = 0

` k = 1

Podemos passar o argumento que está em radianos para graus com uma
regra de três:
36 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Continuamos o cálculo, lembrando que anteriormente já tínhamos

1 3
descoberto que cos120  e sen120  :
2 2

` k = 2

Vamos novamente fazer uma conversão de radianos para graus:

Para continuar os cálculos, vamos lembrar que 240° está no 3°, onde o
seno e o cosseno assumem valores negativos, e que esse ângulo equivale
ao ângulo de 60°:

Acabamos de determinar as raízes complexas da equação z3 – 1 = 0, que


são as raízes cúbicas de 1. E, além disso, encontramos a ligação com
os itens anteriores: as raízes complexas de z3 – 1 = 0 são z = w3, z = w e
1
z= .
w

9. (UERJ - 2010) As seis soluções da equação z6  z3  1  0 são


números complexos que possuem módulos iguais e argumentos
distintos. O argumento θ, em radianos, de uma dessas soluções
 
pertence ao intervalo  , . Determine a medida de θ.
2 
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 37

Antes de iniciar a questão, vamos ficar atentos com a unidade que


o enunciado espera o resultado do argumento θ: radianos. Por isso,
faremos todos os cálculos já com essa unidade de medida.

Nós não sabemos encontrar as raízes de uma equação de expoente 6,


então teremos que usar uma jogada bem esperta: vamos substituir z3 por
y. Veja o que acontece:

Agora temos uma equação do segundo grau que podemos resolver


usando a Fórmula de Bhaskara:

Agora precisamos lembrar que queremos determinar o valor de z e que


z3 = y, então, fazemos:

z3  y  z  3 y ' e z3  y  z  3 y ''
Como y' e y'' são números complexos, teremos que calcular a raiz cúbica
de números complexos, usando:

   2k   2k 
3 y  3    Cos  i Sen  com k = 0,1 e 2
 3 3 

Então, será preciso escrever os complexos na forma trigonométrica:

1 3
` Para y '   i
2 2
38 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Nessa situação, temos um valor de cosseno negativo e um valor de seno


positivo, e isso acontece no 2° quadrante do ciclo trigonométrico.
1 3 
E sabemos que cos  e sen  acontecem quando  = . Então,
2 2 3

temos que determinar um ângulo θ que seja correspondente a  = que
3
esteja no 2°quadrante.

Podemos fazer essa identificação com a ajuda do ciclo trigonométrico:

Fonte: https://www.todamateria.com.br/circulo-trigonometrico/ e adapitado pela autora

Desse modo, podemos determinar que:

Assim, a forma trigonométrica será:

  2   2  
y '  1 cos    isen
  
  3   3 

1 3
` Para y ''   i
2 2
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 39

Vamos fazer a mesma análise que fizemos anteriormente. Agora, os


valores de cosseno e seno são negativos e isso acontece no 3° quadrante
1
do ciclo trigonométrico. Continuamos tendo como referência cos  e
2
3 
sen  que acontece quando  = . Então, temos que determinar um
2 3

ângulo θ que seja correspondente a  = que esteja no 3° quadrante.
3
Vamos usar novamente o ciclo trigonométrico:

Fonte: https://www.todamateria.com.br/circulo-trigonometrico/ e adaptado pela autora

Portanto, vamos determinar:

Assim, a forma trigonométrica será:

  4   4 
y ''  1 cos    isen
  
  3   3 

Agora, podemos calcular as raízes:


40 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

` Para y'

` Para y''

Note que, mesmo sem saber encontrar as raízes de uma equação de


expoente 6, utilizando algumas técnicas matemáticas, acabamos de
determinar todas as 6 raízes da equação, são elas:

1. y  cos  2    isen
 
 2 
 2. y  cos  8   isen  8 
  
 9   9   9   9 

3. y  cos  14    isen  14   4. y  cos  4    isen


 
 4 
     
 9   9   9   9 
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 41

 16   16 
5. y  cos  10   isen
 
 10 
 6. y  cos    isen
  
 9   9   9   9 
Voltando no enunciado, o que devemos fazer é determinar a medida
do argumento θ de uma dessas soluções sabendo que ele pertence ao
 
intervalo  ,  . Como nós já encontramos todas as soluções,
2 
precisamos só verificar qual dos argumento está nesse intervalo. Vamos
analisar um a um:

 2  2 
1.     : Vemos que  portanto, já está fora do intervalo
 9  9 2

 8  8  8 8π
2.     : Vemos que  e também   . Assim, está entre
 9  9 2 9 9
π e π, então, está no intervalo   ,  .
2  
2 
Como o enunciado já nos disse que o argumento θ de uma dessas
 
soluções pertence ao intervalo  ,  , já podemos encerrar nossa
2 
análise por aqui, pois já encontramos essa única solução cujo argumento
 8 
é   .
 9 

5  ix 
10. Dada a expressão A  , em que x ∈ ℝ e i é a unidade
5x  i9
imaginária, quais são os valores de x que tornam A real? Para esses
valores de x, quais são os resultados de A?

Vamos iniciar desenvolvendo a divisão que representa A:

Conseguimos identificar as partes real e imaginária de A.

A primeira parte do enunciado está nos pedindo para determinar os


valores de x que tornam A real. Nós sabemos que para que um número
seja real sua parte imaginária deve ser igual a zero, ou seja,

se z = a + bi é um número real, então, bi = 0.


42 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

Por isso, os valores de x que tornam A um número real são aqueles que
fazem a parte imaginária de A ser igual a zero. Então, vamos igualar a
parte imaginária de A a zero para encontramos o valor de x:

Assim, os valores de x que tornam A real são x = 3 e x = –3.

A segunda parte do enunciado pergunta quais são os valores de A


quando x = 3 e x = –3. Como A é um número real, para encontramos
seu valor basta substituir esses valores de x em sua parte real:

` Para x = 3

` Para x = –3

Então, os resultados de A para x = 3 e x = –3 são, respectivamente,


1 1
A= e A .
3 3

EXERCÍCIOS

11. (UFRGS) Considere as igualdades abaixo.

I) (1 – 2i)(1 + 2i) = 5, sendo i a unidade imaginária.

II) 20 + 2–1 + 2-2 + 2-3 + ... = 2

III) 1 – 2 + 3 – 4 + 5 – 6 + ... + 99 – 100 = 50

Quais igualdades são verdadeiras?

a) Apenas I. d) Apenas II e III.

b) Apenas III. e) I, II e III.

c) Apenas I e II.

12. (UFRGS) Dados os números complexos z1 = (2 , –1) e z2 = (3 , x),


sabe-se que z1 ⋅ z2∈ ℝ. Então x é igul a

a) –6 b) –3/2 c) 0 d) 3/2 e) 6
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 43

13. (UFSC) Em circuitos elétricos como, por exemplo, o das instalações


residenciais, as grandezas elétricas são analisadas com o auxílio dos
números complexos. A relação U = Z . j fornece a tensão U em função da
impedância Z e da corrente elétrica j . Nesses termos, essas variáveis são
expressas através de números complexos a + bi . Considere agora
U = 110(cos0º + isen0º) e Z = 5 + 5i. Determine o valor da expressão
2a + b, sendo j = a + bi .

a) 9 b) 10 c) 11 d) 12 e) 13

14. (UFSC) Neste exercício, some os valores das afirmativas corretas e


assinale a alternativa com a soma exata.

01. A forma trigonométrica do número complexo de afixo (−2, −2√3)


é Z = = 4 (cos 4π/3 − isen 4π/3).
02. Sejam i a unidade imaginária e Z = (−m2 − m − 12 ) + (m2 − 16) ⋅ i.
O único valor real de m para que z seja um número real não nulo é
m = 4.

04. Se A  x   ; x2  4  0 , B  x   ;  x2  3x  0 e
C  x  ;2  x  4,
então C  A  B .
08. João ofereceu a um amigo uma televisão por R$ 1.500,00 à
vista. A prazo, ele pediu R$ 1.800,00, sendo R$ 200,00 de entrada e o
restante após um ano. A taxa de juros cobrada por João, no regime
de capitalização simples, é maior que 20% ao ano.
16. Se A, B e C são subconjuntos do universo U, tais queA U B = A U
C, então B = C.
3 2
32. Se então a   2 3 2 

, b = 223 e c  8 3
b/(a.c) = 28.


a) 14 b) 56 c) 33 d) 34 e) 40

15. Considere as seguintes afirmativas a respeito da sequência de


1
números xn n
, co 1 e n = 1, 2, 3...:
2i
t
1.O quinto elemento dessa sequência pode ser escrito na forma x5  .
32
2. xn é um número imaginário puro, qualquer que seja n = 1, 2, 3...

3. |xn| se aproxima de zero conforme n cresce.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.

b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.

c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.

e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.


44 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

16. (UNESP) A equação polinomial x3 – 3x2 + 4x – 2 = 0 admite 1 como


raiz. Suas duas outras raízes são

a) 1 + 3 · i e 1 – 3 · i.

b) 1 + i e 1 - i.

c) 2 + i e 2 – i.

d) –1 + i e –1 – i.

e) – 1 + 3 · i e –1 – 3 · i.

17. (UNESP) Sabe-se que 1 é uma raiz de multiplicidade 3 da equação


x5 – 3 x4 + 4x3 – 4 · x2 + 3 · x – 1 = 0. As outras raízes dessa equação, no
Conjunto Numérico dos Complexos, são

a) (– 1 – i) e (1 + i).

b) (1 – i)2.

c) (– i) e (+ i).

d) (– 1) e (+ 1).

e) (1 – i) e (1 + i).

18. (UNICAMP) Sejam x e y números reais tais que:

x  yi  3  4i ,

onde i é a unidade imaginária. O valor de xy é igual a

a) –2.

b) –1.

c) 1.

d) 2.

e) 10

19. (UNICAMP) Considere o número complexo z=(1 + ai)/(a – i), onde a é


um número real e i é a unidade imaginária, isto é, i2 = –1. O valor de z2016 é
igual a

a) a2016.

b) 1.

c) 1+2016i.

d) i.

e) 10
NÚMEROS COMPLEXOS | MATEMÁTICA MATEMÁTICA 45

20. (UNICAMP) Seja i a unidade imaginária, isto é, i 2 = −1. O lugar


geométrico dos pontos do plano cartesiano com coordenadas reais (x, y)
tais que (2x + yi)(y + 2xi) = i é uma

a) elipse.

b) hipérbole

c) parábola

d) reta

e) esfera
46 MATEMÁTICA MATEMÁTICA | NÚMEROS COMPLEXOS

GABARITO

1. z = 2i e z = –2
2. E
3. B
4. a) |z| = 1 e z = 1 · (cos30° + isen30°)
b) z27 + z24 + 1 = 2 + i
5. a) Re(z0) = 2 e Im(z0) = 1
b) a = –2 e b = 2
6.D
7.A
8.a) Re e Im ; Re(w3) = 1 e Im(w3) = 0
w 2 w 2

b)

1 1 3
c) z = w3 = 1, z w e z
2 w 2

8
9.
9

1 1
10. x = 3 e x = – 3. A  eA
3 3
11. C 13. C 15. D 17. C 19. B
12. D 14. E 16. B 18. D 20. A

REFERÊNCIAS
IEZZI, Gelson. DOLCE, Osvaldo. DEGENSZAJN, David. PÉRIGO, Roberto.
ALMEIDA, Nilze de. Matemática: ciência e aplicações, volume 3: ensino médio.
7ª ed. Editora Saraiva. São Paulo, 2013.

LIMA, Elon Lages. CARVALHO, Paulo Cezar Pinto. WAGNER, Eduardo.


MORGADO, Augusto César. A Matemática do Ensino Médio. Vol 3. 6ª ed.
Sociedade Brasileira de Matemática. Rio de Janeiro, 2016.

RIBEIRO, Amanda Gonçalves. "O que é Progressão Geométrica?"; Brasil Escola.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/matematica/
o-que-e-progressao-geometrica.htm. Acesso em 19 de agosto de 2021.

STEWART, James. Cálculo, volume I. 7ª ed. Editora Trilha. São Paulo, 2013.

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