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INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE BEBEDOURO

“VICTÓRIO CARDASSI”
DIREITO

GUSTAVO MESSIAS OLIVEIRA MACHADO

QUESTÕES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

BEBEDOURO/SP
2023
QUESTÕES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

• A atividade deverá ser entregue no dia 04/04/2023


• Consistirá na resposta e fundamentação de 2 questões, cada uma valendo 5,0 cada
• O trabalho será individual

01) Pesquisar na jurisprudência um acórdão que trate da responsabilidade civil do profissional


advogado, respondendo e indicando o seguinte: a) autor da ação; b) réu da ação; c) fundamentos
da ação proposta; d) fundamentos da defesa proposta; e) fundamentos da sentença; f)
fundamentos do acórdão.

02) Xisto de Oliveira, proprietário da fazenda Matinha, da cidade de Alegria, deixou de


consertar a cerca de arame na sua propriedade, que foi arrebentada pela Usina Esperança, para
acesso de caminhões que transportam cana. Xisto tem parte da sua propriedade arrendada para
cana de açúcar e em outra parte ele cria gado de corte. No começo do mês de Janeiro de 2023,
precisamente no dia 10 de Janeiro, alguns bois de propriedade de Xisto, invadiram a rodovia
Vicinal que passa em frente a propriedade de Xisto, ocasionando grave acidente com a família
de Porfírio, gerando a morte de Porfírio e de um de seus filhos, permanecendo vivos, embora
muito machucados, a esposa e o filho menor de 5 anos de idade. O veículo teve perda total,
Porfírio era o arrimo da família, trabalhando como administrador de uma propriedade rural
vizinha do acidente.
Como advogado(a) contratado(a) pelas partes (esposa de Porfírio), quais as providências
jurídicas que você tomaria no presente caso para defender os interesses da viúva e do filho
sobrevivente.
01) Pesquisar na jurisprudência um acórdão que trate da responsabilidade civil do profissional
advogado, respondendo e indicando o seguinte: a) autor da ação; b) réu da ação; c) fundamentos
da ação proposta; d) fundamentos da defesa proposta; e) fundamentos da sentença; f)
fundamentos do acórdão.
A) AUTOR DA AÇÃO
Ronaldo Ribeiro Zazenon
B) RÉU DA AÇÃO
Município de Santa Fé do Sul
C) FUNDAMENTOS DA AÇÃO PROPOSTA
RONALDO RIBEIRO ZAZENON, qualificado nos autos, ingressou com ação de
indenização contra o MUNICÍPIO DE SANTA FÉ DOSUL, igualmente qualificado, alegando,
em síntese, que no dia 02 de fevereiro de2021, foi vítima de um acidente envolvendo um ônibus
de propriedade da municipalidade. De acordo com o laudo pericial, o condutor do ônibus
trafegava em local impróprio à sua altura, vindo a chocar o seu ventilador de teto contra os
cabos que cruzavam a pista. Com o impacto, os cabos se romperam, fazendo com que perdesse
o controle e caísse da moto. A queda lhe acarretou inúmeros ferimentos e um grande corte no
pescoço. Discorreu sobre a responsabilidade do réu e requereu sua condenação no pagamento
de indenização por danos estéticos, no valor de R$ 40.000,00, bem como danos morais, no valor
de R$50.000,00
D) FUNDAMENTOS DA DEFESA PROPOSTA
O requerido apresentou contestação. Arguiu, em preliminares, ilegitimidade passiva e
inépcia da petição inicial. No mérito, sustentou que os requisitos que ensejam a
responsabilidade civil não estão presentes ao caso dos autos, uma vez que não há conduta ilícita
que tenha contribuído com os supostos danos descritos pelo autor. Sustentou a inocorrência de
danos morais e estéticos indenizáveis. Requereu a improcedência do pedido inicial, configurado
pela culpa exclusiva do autor.
E) FUNDAMENTOS DA SENTENÇA
Processo nº: 1002688-12.2021.8.26.0541
Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Acidente de Trânsito
Requerente: Ronaldo Ribeiro Zazenon
Requerido: PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA FÉ DO SUL
Juiz de Direito: Dr. José Gilberto Alves Braga Júnior

O réu arguiu preliminar de ilegitimidade passiva, sob a alegação de que a responsabilidade


pelos cabos que atingiram o ônibus e autor, é da empresa de internet, e a fiscalização deve ficar
a cargo da empresa responsável pela distribuição de energia elétrica. Os argumentos trazidos
aos autos pelo réu não podem ser acolhidos para o fim de justificar sua ilegitimidade. Nos
termos do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, o Estado responde objetivamente
pelos danos causados a terceiros. O fundamento está no risco decorrente das atividades
desenvolvidas pelo Estado na sociedade, particularmente no risco administrativo, o qual,
todavia, admite as excludentes de responsabilidade como o caso fortuito, a força maior e culpa
exclusiva de vítima e de terceiro.
A análise das excludentes de responsabilidade é questão de mérito e depende da análise de
provas, motivo pelo qual rejeito a preliminar de ilegitimidade de parte.
Analisando-se a inicial, constata-se que a narrativa dos fatos se mostra claras e precisas,
estando bem demonstrada a causa de pedir do autor. Tanto é assim, que possibilitou ao réu a
apresentação de contestação com impugnação específica de cada fato alegado
Afasto, pois a preliminar de inépcia e passo a analisar o mérito.
Pretende o autor que o réu seja condenado ao pagamento de indenização por danos estéticos
no valor de R$ 40.000,00, bem como danos morais no valor de R$ 50.000,00, sob a alegação
de que foi vítima deum acidente envolvendo um ônibus de propriedade da municipalidade
(...)
A alegação do réu é que os danos sofridos pelo autor foram causados por culpa de terceiro,
já que o coletivo atingiu um fio de energia elétrica que estava fora do padrão no que se refere à
altura que deveria estar, em se tratando de via pública.
A análise do conjunto fático-probatório leva à conclusão que realmente os danos foram
causados por culpa de terceiro.
(...)
Logo, trata-se de fato totalmente imprevisível e inevitável. Não há norma que atenda ao que
pretende demonstrar o autor, ou seja, que o coletivo trafegava em via pública com fios e cabos
baixos. Ao contrário, como visto acima, a altura mínima legal é de 5 metros.
Patente, portanto, a culpa de terceiro na hipótese dos autos, o que afasta a presunção de culpa
decorrente da responsabilidade objetiva ou teoria do risco administrativo.
Compreende-se a busca do autor pela reparação dos danos que lhe foram causados, mas ficou
demonstrado à exaustão que o ventilador de teto do ônibus caiu ao romper o fio ou cabo que
estava instalado a uma altura inferior ao que determina a norma vigente. E o cabo ou fio que
atingiu autor, não foi instalado pelo Município de Santa Fé do Sul.
Impõe-se, portanto, a improcedência do pedido inicial.
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido inicial.
Condeno o autor ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios,
que fixo em 10% sobre o valor da causa, ficando, todavia, isento dos ônus de sucumbência, por
se tratar de beneficiário da assistência judiciária.
F) FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO.
Voto nº 5.055
Apelação Cível nº 1002688-12.2021.8.26.0541
Comarca: Santa Fé do Sul 1ª Vara
Apelante: Ronaldo Ribeiro Zazenon
Apelado: Município de Santa Fé

O recurso não comporta provimento.


Na presente demanda, discutem as partes a responsabilidade do réu por acidente causado
após ônibus do Município se chocar com cabo de transmissão de internet. O choque do veículo
contra a fiação rompeu o cabo e fez com que o autor, que vinha atrás do ônibus, perdesse o
controle da motocicleta, caísse e se machucasse.
Por essa descrição, em que o ato do ente público era apenas execução de atividade, trata-se
de pedido fundado em responsabilidade objetiva.
A Constituição Federal, em seu art. 37, § 6º, ao condicionar a responsabilidade do Estado ao
dano decorrente de sua atividade, adotou a teoria do risco administrativo. Assim dispõe o
referido dispositivo constitucional:
Desse modo, ocorrendo ato ilícito ou ato que cause dano anormal e específico e, com a prova
do nexo causal entre o dano e o serviço prestado, afirma-se o dever de indenizar, sem
questionamentos acerca da culpa ou do dolo do agente.
Isso não significa que deva a Administração responder por todo e qualquer dano sofrido pela
parte
Para que a Administração seja responsabilizada, deve haver a demonstração do nexo causal
entre o dano e a conduta, e que não haja qualquer excludente de responsabilidade (força maior,
caso fortuito, fato exclusivo da vítima ou de terceiros).
Sendo assim, a prova do nexo de causal entre a conduta e o resultado é condição
indispensável para que se reconheça que há, para o Município, o dever de indenizar.
No caso dos autos, não se discutem os danos experimentados pelo autor.
O autor sofreu lesões corporais de natureza leve depois que caiu de sua motocicleta (fls. 29
a 30 e fls.42 a 53). Cinge-se a controvérsia, então, em saber se há nexo causal entre o fato lesivo
e a lesão
De acordo com o autor, o acidente foi provocado pelo motorista do ônibus, que conduziu o
ônibus em local impróprio à altura do veículo.
O laudo pericial de fls. 23 a 44 destaca que a altura do equipamento do ônibus (ventilador
de teto), que se chocou com o cabo, em relação ao chão era de 3,40m (fls.28):
“Cabe destacar que a peça arrancada ficava a uma altura aproximada de 3,40M do chão.”
O perito ainda informa que o ônibus do Município estava em perfeitas condições de uso (fls.
28):
“Os sistemas de segurança para o tráfego do ônibus (freios, direção e elétrico) estavam
operando normalmente. Os seus pneus apresentavam sulcos em boas condições de uso”
Tendo em vista a altura do ventilador do ônibus em relação ao chão ser de 3,40m, o perito
assim concluiu:
“Ressalta-se que pelas medidas efetuadas da altura do ventilador do teto do ônibus em
relação ao chão, é possível inferir que o referido cabeamento deveria estar à aproximadamente
3,4M do chão para ocorrer o choque deste contra o ônibus.”
Assim, diante do comprovado fato de que a altura do cabo em relação ao chão era de 3,40m,
incontroverso que a empresa de internet, responsável pela instalação do cabo, não observou as
normas técnicas a respeito do devido afastamento do cabo em relação ao solo.
A ABNT NBR 15214 assim estabelece acerca da distância mínima de segurança entre os
cabos das redes de telecomunicações e o solo:
8 Afastamentos mínimos 8.1 As distâncias mínimas de segurança entre condutores das redes
de telecomunicações e o solo, em situações de flecha mais crítica dos cabos (flecha máxima a
50°C), devem ser as seguintes:
[...]
sobre ruas e avenidas: 5,00 m;
[...]
No mesmo sentido, o artigo 4º, III, da Resolução Conjunta nº 4 de 2014 da ANEEL e
ANATEL, que determina que no compartilhamento de postes, as prestadoras de serviços de
telecomunicações devem observar as distâncias mínimas de segurança dos cabos em relação ao
chão:
Art. 4º No compartilhamento de postes, as prestadoras de serviços de telecomunicações
devem seguir o plano de ocupação de infraestrutura da distribuidora de energia elétrica e as
normas técnicas aplicáveis, em especial:
[...]
III - as distâncias mínimas de segurança dos cabos e equipamentos da rede de
telecomunicações em relação ao solo e aos condutores da rede de energia elétrica; e
[...]
O parágrafo 2º do artigo 4º da Resolução dispõe que cabe às distribuidoras de energia elétrica
a fiscalização do compartilhamento de postes:
[...]
§ 2º As distribuidoras de energia elétrica devem zelar para que o compartilhamento de postes
mantenha-se regular às normas técnicas.
[...]
Já o parágrafo 3º do mesmo artigo determina que as distribuidoras de energia elétrica devem
notificar as empresas de serviços de telecomunicações acerca de qualquer irregularidade:
[...]
§ 3º As distribuidoras de energia elétrica devem notificar as prestadoras de serviços de
telecomunicações acerca da necessidade de regularização, sempre que verificado o
descumprimento ao disposto no caput deste artigo.
[...]
Dessa forma, forçoso concluir que o necessário nexo causal para que se crie para o ente
público a obrigação de indenizar não foi provado. O que se verifica, de fato, é a ocorrência de
culpa de terceiro.
O cabo rompido pelo ônibus não foi instalado pelo Município, uma vez que se trata,
conforme os documentos dos autos, de cabo de transmissão de internet.
A instalação dos cabos foi feita por empresa do ramo que, apesar das normas técnicas
relativas à altura dos cabos de telecomunicação, deixou de observar a determinação legal. E tal
irregularidade, conforme destacado acima, deve ser fiscalizada pela distribuidora de energia
elétrica.
Não há, nos autos, nada que indique falha na atuação do Município. Como destacado na r.
sentença, o motorista não tinha como prever que o cabo não estava distante do solo em altura
suficiente para a passagem do ônibus.
Observe-se aqui que a atuação do Município não é causa determinante para a ocorrência do
acidente. Qualquer veículo com altura de 3,40 metros poderia ter rompido os cabos. O que
determina o rompimento não é a altura do ônibus (que está dentro das especificações legais),
mas a altura em que os cabos foram colocados. Os cabos, estes sim, foram instalados em altura
inferior ao determinado em lei e, portanto, criando riscos aos motoristas.
A comprovada excludente de responsabilidade rompe o alegado nexo de causalidade entre a
conduta e o dano, afastando, dessa forma o dever de indenizar.
Portanto, de rigor a manutenção da r. sentença.
Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.
02) Xisto de Oliveira, proprietário da fazenda Matinha, da cidade de Alegria, deixou de
consertar a cerca de arame na sua propriedade, que foi arrebentada pela Usina Esperança, para
acesso de caminhões que transportam cana. Xisto tem parte da sua propriedade arrendada para
cana de açúcar e em outra parte ele cria gado de corte. No começo do mês de janeiro de 2023,
precisamente no dia 10 de janeiro, alguns bois de propriedade de Xisto, invadiram a rodovia
Vicinal que passa em frente a propriedade de Xisto, ocasionando grave acidente com a família
de Porfírio, gerando a morte de Porfírio e de um de seus filhos, permanecendo vivos, embora
muito machucados, a esposa e o filho menor de 5 anos de idade. O veículo teve perda total,
Porfírio era o arrimo da família, trabalhando como administrador de uma propriedade rural
vizinha do acidente.

Como advogado(a) contratado(a) pelas partes (esposa de Porfírio), quais as providências


jurídicas que você tomaria no presente caso para defender os interesses da viúva e do filho
sobrevivente.

Como advogado da esposa de Porfírio entraria com ação judicial contra Xisto de Oliveira e
Usina Esperança, visto que as duas pessoas desse polo passivo possuem responsabilidade civil
de reparar para com a esposa de Porfirio.
Ao tratar da responsabilidade civil, o Artigo 927 do código civil nos diz que aquele que
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo,
Tendo o nexo de causalidade comprovado, pois o acidente somente se ocasionou pelas ações
das partes passivas presentes, que caso não tivesse o gado presente na pista o acidente não teria
ocorrido
Se caracterizando uma responsabilidade civil subjetiva, pois se trata de uma inobservância
de Xisto, proprietário, quanto a correção da integridade da cerca arrebentada, mesmo que Xisto
esteja em omissão quanto ao reparo, não era sua intenção deixa-la aberta para o gado passar
para pista, estando em culpa, e por tanto, se tratando de responsabilidade civil subjetiva
Quanto a Usina Esperança, no qual teve a ação de arrebentar a cerca para a passagem dos
caminhões de cana, tambem responde pela culpa, já que tambem não era a sua intenção abrir
passagem para o gado, mas sim para os caminhões
Portanto ficando comprovado o nexo de causalidade e a responsabilidade civil de reparar os
danos causados, o advogado da esposa de Porfirio deve pedir danos materiais (quanto ao carro
perdido), danos morais (quanto a perda de entes familiares) e pensão pela morte do arrimo da
família, para que se possa assegurar a subsistência dos dependentes, já que Porfirio sera o
responsável pelo sustento financeiro da família

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