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Capitulo 16 O direito a vida

51. A vida como direito físico

O direito a vida deve ser respeitado primeiramente, porque evidencia a existência do


individuo, manifestado com o nascimento ele dura ate a morte (ultimo suspiro). O direito a
vida é garantido a qualquer ente de espécie humana independente de estado físico ou de
estado psíquico, não importando fecundação artificial, por qualquer processo; eventuais
anomalias físicas ou psíquicas de qualquer grau (coma, letargia e vida vegetativa). Sendo nula a
vontade de alguém pedir que lhe tirem a vida com seu consentimento, pois o homem não vive
apenas para si, mas para cumprir missão própria da sociedade.

52. A proteção jurídica civil e penal

As constituições modernas têm assegurado a dignidade da pessoa humana. Com isso no


âmbito penal o crime de homicídio tem diferentes graduações em função de vários fatores,
desde ao homicídio simples, qualificado, infanticídio, aborto e o suicídio. Não se é permitida a
interrupção da vida salvo no instituto da legitima defesa, como excludente de ilicitude, dentro
da idéia da conservação da vida. No âmbito civil, admitida, de modo tranqüilo, a inserção do
direito à vida como de personalidade, apenas a partir das codificações de nosso século é que
vem a matéria ingressando no direito legislado. Embora de índole personalíssima, esse direito
comporta a ação de terceiros em sua preservação (tutor, curador). Por outro lado a cessação
não constitui óbice à incidência de outros direitos da personalidade que produzem efeitos
apos morte “post mortem”. Também é tratado como conservação da vida, no que nos trás ao
direito a alimentos, onde os parentes têm a obrigação de fornecer.

53. Sancionamento a violações

A sanção mais usada no código civil está na responsabilidade civil, com o ressarcimento de
danos no cunho moral, patrimonial. Com o pagamento de indenizações por danos morais e
patrimoniais, pelo simples fato da morte, em face das conseqüências de ordem sentimental e
pecuniária que decorrem para a família do falecido “de cujus”.

54. Regramento das novas técnicas

Podemos também falar com respeito da temática vida no que se refere aos avanços da
medicina e da eletrônica, que tem obtido grandes resultados no prolongamento da existência.
Com isso o direito caberá impor regras, na defesa de vários interesses envolvidos, respeitando
sempre o acervo ético-jurídico de normas disciplinadoras da atividade médica.

Capitulo 17 O Direito à Integridade Física

55. Contornos do direito

O direito à integridade física consiste em manter a higidez física e a lucidez mental do ser,
opondo-se a qualquer atentado que venha a atingi-las, como direito oponível a todos.
Acompanha o ente humano desde a concepção à morte. Nesse direito conciliam-se os
interesses do individuo aos da família e aos da sociedade. Fundado na regra básica
convivência, expressa pela máxima ”neminem laedere”, permite, de um lado, no interesse da
sociedade, que a pessoa desenvolva, em sua atividade, para o progresso geral; e, de outro, a
preservação da higidez física e intelectual da pessoa possibilita-lhe vida mais cômoda para o
alcance de suas metas particulares. O bem jurídico visado é a incolumidade física e intelectual,
condenam-se atentados ao físico, à saúde e à mente, rejeitando-se, social e individualmente,
lesões causadas à normalidade funcional do corpo humano, sob os prismas anatômico,
fisiológico e mental.

56. Proteção jurídica civil e penal

A proteção jurídica objetiva evitar à pessoa o sofrimento físico, o prejuízo à saúde ou a


perturbação às faculdades mentais, espraiando-se o sancionamento pelo campo penal e civil,
em nível universal, com maior ou menor amplitude na tipificação. Em nossa constituição de
1988, dentro dos direitos fundamentais, sob formas tendentes a abolir excessos no sistema
repressivo, com o repúdio à tortura, às penas cruéis e ao tratamento desumano ou
degradante. No estatuto penal são definidas figuras delituosas em que existe dano ou perigo à
higidez corpórea ou intelectual da pessoa, distribuídas por vários crimes. Nos quais se
destacam as lesões corporais, com ações de ofensa à integridade corporal ou à saúde de
outrem. São exacerbadas as sanções frente à gravidade do resultado, como debilidade,
deformidade, incapacidade para o trabalho e outras situações, disciplinando-se, ainda, a lesão
seguida de morte e a lesão meramente culposa. Na saúde, destaca-se a exposição a contágio
de moléstia venérea; o perigo de contagio de moléstia grave; o perigo para a vida ou a saúde
de outrem; o abandono de incapaz; exposição ou abandono de recém-nascido; a omissão de
socorro; os maus-tratos. Pune-se também a participação em rixa, com sanções mais graves em
caso de lesão ou morte. No plano civil, são protegidos todos os aspectos possíveis dos bens
referidos, permitindo-se, no entanto, a disposição pelo interessado, dentro de certos limites.

57. Questões discutidas: transplantes, experiências, funções perigosas e autolesões

Diferentes questões têm sido debatidas na doutrina a propósito desse direito, pois com
referencia às intervenções cirúrgicas podemos observar a imperatividade da anuência do
interessado, ou de quem o represente dispensável apenas quando em estado de necessidade.
Pode, pois, a pessoa opor-se a tratamento doloroso ou perigoso, inclusive a seccionamento de
quaisquer partes do corpo, mesmo das que são disponíveis. Pode rejeitar intervenção ou
aplicação de técnicas médicas ou dentarias, salvo quando componentes de programas de
interesse público. Pode recusar-se a internação em hospital, ou casa de saúde ou de
tratamento; enfim, a pessoa cabe definir a ação aplicável à sua condição física, não podendo o
profissional, sob pena de responsabilidade civil e penal. A respeito de experiências médicas,
genéticas, científicas, religiosas e afins, prosperam os mesmos princípios, devendo salientar-se
a absoluta vedação de submissão de pessoa, contra a sua vontade, a práticas que exponham a
sua integridade física ou intelectual. Sobre a pratica de esportes perigosos, a aceitação pela
sociedade e participantes acabou por legitimar a sua existência, recebendo, inclusive, cada
qual regulamentação própria. As mesmas ponderações cabem ao exercício de funções ou
trabalhos perigosos, nestes casos, compete ao responsável tomar todas as providências
tendentes a evitar ou minimizar os riscos, com adoção de dispositivos de segurança. Por fim a
autolesão (mutilação voluntária), com intuito de fraudar de fraudar terceiros ou instituições,
com que se vincule ao interessado: isenção de serviço obrigatório, recebimento de seguro ou
de prêmio, o sujeita as sanções aplicáveis à espécie. Inexiste delito no ato em si, eis que, em
nosso regime, o crime de lesões caracteriza-se pelo dano a outra pessoa.

58. Violações e sanções

Anote-se, ainda, que o atentado à integridade física pode atingir a imagem ou a honra da
pessoa, na medida em que componente lhe seja essencial, em particular para o exercício de
sua atividade, podendo no âmbito penal ser sancionado em caráter indenizatório.

Capítulo 18 O Direito ao Corpo

59. Limites

Sendo a pessoa a união entre o elemento espiritual (alma) e o elemento material (corpo),
exerce esta função natural de permitir-lhe a vida terrena. Daí porque deve ser conservado e
protegido na orbita jurídica.

60. Extensão: o uso de corpo próprio e alheio

A forma material é elemento essencial à pessoa para o cumprimento de sua missão natural.
Esse direito à forma compreende, para o titular, tanto o corpo animado quanto o inanimado
(cadáver), deitando, pois, efeitos post mortem, a exemplo de outros do mesmo naipe. Alcança
tanto a forma plástica total, quanto suas partes destacáveis, renováveis ou não (cabeça,
tronco, membros, órgãos, cabelos, sangue, sêmen). Juridicamente deve-se obedecer à
vontade do titular e observar-se a preservação da unidade. Mas, no exercício da faculdade de
autorização, pode a pessoa privar-se de partes de seu corpo, seja em prol de sua higidez física
ou mental. Assim tem a pessoa o direito de dispor de seu próprio corpo, para as diferentes
finalidades da vida social formal, inclusive para a satisfação da sensualidade (libido) alheia,
desde que não choquem a moral pública. O corpo é para o matrimonio, perpetuação da
espécie, assim tendo direitos e deveres recíprocos quanto aos respectivos corpos. Na
preservação da vida e da saúde, na investigação e na cura de doenças, operações corretivas e
estéticas – parciais ou localizadas e no planejamento familiar, impõe-se a previa disposição do
titular. Na correção de anomalias congênitas sexuais, em função de retirada de órgãos sexuais
(caso de transexualismo ou intersexualismo), havendo a tendência de negar-se autorização
para operações dessa ordem, frente ao sancionamento penal a violações à integridade física
da pessoa. Salvo em países que em lei especial regulou a matéria. A não-aceitação de filhos
indesejáveis tem sido i móvel de submissão da mulher ao aborto, que, se detectado, fica
sujeito às sanções apresentadas, respondendo os exeqüentes por eventuais conseqüências
danosas às vítimas. O aleitamento é uma modalidade lícita de uso do corpo e tem contribuído
com bancos de leite. É possível também, a gestação de embrião formado artificialmente em
casos de problemas genitais do homem ou da mulher. Outro problema é a locação do útero de
outrem por um casal (barriga de aluguel), que se verifica, por submissão contratual, o uso do
corpo alheio (possível, em nosso entender, desde que a cessão seja gratuita, como ato de fim
altruístico, não gerando qualquer direito à cedente, senão quanto a ressarcimento de
despesas). Já em situação de emergência, e motivo de força maior podem apoiar o uso de
corpo alheio em situações de desastre, ou de calamidade e para salvamento de outras vidas. O
uso para transplantes, já regularizados na atual constituição, que os permite para fins
altruísticos, vedada qualquer comercialização, é possível, em beneficio próprio ou de terceiro,
ou no interesse geral da ciência, mediante anuência do interessado, impondo-se a vedação
quando se referir a partes vitais, frente aos direitos à vida e à integridade física, e observados
sempre os limites já expostos, sendo nulo qualquer pacto em contrário.

61. O destino com a morte

A pessoa tem direito de dispor quanto ao destino do próprio cadáver, devendo ser respeitada
a sua vontade pela coletividade, salvo se contraria à ordem pública. Enquanto o corpo não se
dissolver e vier à consumação definitiva opera-se o direito de personalidade (direito ao
cadáver e às partes do cadáver).

Capitulo 19 O direito as partes separadas do corpo

62. Compreensão

As partes separadas são consideradas coisas, suscetíveis, pois, de submissão à propriedade do


titilar. São assim, objetos de direito, uma vez apartadas do corpo, pertencentes à pessoa de
que se destacaram, assim como elementos artificiais que ao mesmo se integram (órgãos e
membros artificiais, perucas, próteses dentárias).

63. A separação

A separação pode ser acidental ou voluntária, entretanto na circulação jurídica em


consonância com os desígnios do interessado, dentro de usos compatíveis com os costumes
(uso de cabelos em perucas; uso de unhas; uso de dentes). Cabe ao interessado autorizar, ou
não, a separação ou a extração de órgãos ou partes anatômicas em vida. A separação somente
é possível quando se perfizer o salvamento da vida ou para preservação da saúde do
interessado (partes enfermas) ou de terceiro (transplante), e nesse caso quanto a órgãos
duplos (como rim) e sempre como doação. Admite-se, a extração de partes regeneráveis
(como nas cirurgias plásticas).

64. Uso das partes

Com a separação, certas partes do corpo podem ingressar no comércio (cabelos, unhas), com
fins econômicos. Mais em razão de ordem pública, dentro das noções expostas, não se permite
certos usos que firam a dignidade humana. Mas, em casos de guerras ou catástrofes algumas
legislações obrigam a doação de partes renováveis (sangue, leite, pele). Com relação ao
sêmen, este tem permitido a formão de bancos e ajudado a ciência e a casais que não podem
ter filhos naturalmente. Quanto ao sangue, a transfusão. O leite, a amamentação. A pele,
transplantes tem possibilitado recomposição de partes afetadas do corpo.

65. A recomposição eletrônica e as combinações genéticas

A medicina eletrônica tem alcançado extraordinário alcance em devolver a visão, ou a audição,


ou substituir órgãos ou membros do corpo humano. Mas quanto a gestantes e com pessoas
incapazes de exercer seus interesses, a vedação. Quanto a realização de combinações
genéticas com seres humanos, não nos é aconselhável, devido a afetação da e com
conseqüências imprevisíveis, mas a jurisprudência norte-america aceitou o direito do homem
criar e depois pelo sistema de patentes utilizar economicamente.

Capitulo 20 O direito ao cadáver

66. Âmbito

Similar ao direito do corpo existe o direito ao cadáver, e devem ser respeitadas a vontades do
titular e as prescrições de ordem pública, em especial, sanitárias. Com várias divergências
doutrinárias à possibilidade de disposição pelo interessado, em declaração que produzirá
efeito post mortem, neste caso ele goza do direito das prerrogativas comuns aos direitos da
personalidade.

67. Tutela penal e civil

No âmbito penal, prescreve o impedimento ou perturbação de cerimônia funerária, enterro,


violação de sepultura, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e vilipêndio a cadáver
inclusive as cinzas. No plano civil, aos parentes cabe o direito dever de proceder aos funerais,
prestando ultimas homenagens. Admite-se o uso de cadáver para experimentos científicos e
transplantes de órgãos sem mutilação desnecessária que tente contra o respeito devido ao
morto, mediante declaração.

68. A determinação da morte e os transplantes

Esta questão sempre tem se debatido a medicina legal, recomendando-se a máxima cautela no
diagnóstico, a fim de não se sacrificar pessoa com vida. A realização do transplante deve
obedecer às normas legais estabelecidas no citado diploma especial, e instituição.

Capitulo 21 O direito à imagem

69. Contornos

Devido ao progresso das comunicações o direito à imagem ocupa lugar de destaque no


relacionamento social. Consiste no direito que a pessoa tem sobre a sua forma e respectivos
componentes distintos (rosto, olhos, perfil, busto) que a individualizam na sociedade. Por ser
um direito da personalidade disponível, permite ao titular extrair proveito econômico do uso
de sua imagem, ou de seus componentes, mediante contratos próprios, firmados com os
interessados, em que autorizam a previa fixação do bem almejado.

70. O uso prático e seu alcance

Ficam sob reserva do titular os aspectos e os direitos não compreendidos, por expresso, no
contrato. Isso se relaciona à disponibilidade que a pessoa tem de escolher as ocasiões e os
modos pelos quais deve aparecer em público. Constituem, assim, atos ilícitos, não só o uso não
consentido, como também o uso que extrapole os limites contratuais.

71. Afinidades e distinções quanto a outros direitos

Existem outros direitos de imagem que se confundem; o direito conexo de um autor (ou seja, o
direito de interpretação), quando caracterizada a pessoa na representação de um
determinado personagem (um ator vivendo um papel). Ambos não se confundem com o
direito de autor propriamente dito, que está na obra intelectual, na hipótese de conflito entre
esses direitos, tem prevalência os de personalidade (permitindo-se ao retratado opor-se à
divulgação da fotografia, com o que se elide o correspondente exercício dos direitos autorais).
Na divulgação da imagem, é vedada qualquer ação que importe em lesão á honra, à reputação,
ao decoro (imagem moral ou conceitual), à intimidade e a outros valores da pessoa,
caracterizando atentado contra os aspectos correspondentes (e não violação ao direito de
imagem). Não podendo ser inseridas em revistas de sexo ou de pornografia; na ilustração de
textos indecorosos (vídeos, filmes).

72. Extensão do direito: pessoas famosas e artistas

O direito de imagem estende-se a todas as pessoas, mesmo famosas e conhecidas – em


especial quanto a estas – que devem ter respeitados seus dotes físicos integralmente. Daí, em
se tratando de atrizes e modelos, o tentado ganha proporções maiores, em vista do alto poder
atrativo de sua imagem, em face da pronta identificação do seu público. Também aos políticos
se incluem nessa relação. Também se faz as pessoas mortas, cabendo aos herdeiros promover
a sua defesa. Com referência a caricatura admite-se sempre que atingir algum aspecto de sua
personalidade.

73. Tutela

Para a tutela o direito à imagem, é tríplice é a esquematização protetiva, abrangendo


providencias de ordem administrativa – quando existentes órgãos próprios - penal - quando
suscetível a ação de ingressarem algum dos delitos tipificados – civil – esta, efetivamente, a
mais importante esfera de relação. Das medidas cabíveis, as tendentes a fazer cessar o ilícito
(busca e apreensão do material violador) e a satisfação dos prejuízos.

Capítulo 22 O direito a voz

74. Alcance

Trata-se de direito que incide da emanação sonora natural da pessoa, podendo ser
aprimoradas por adequadas técnicas, suscetíveis de individualizar a pessoa no meio social. Daí,
a proteção deste bem jurídico, que, no uso nos veículos de comunicação, apresenta decisiva
importância nos dias atuais.

75. O uso e seu regime jurídico

Os dubladores, com suas vozes especiais, vêm usando suas vozes em traduções de filmes e
outros. O contrato de concessão, deve obedecer aos princípios e aos limites expostos, ficando
a circulação da voz adstrita aos parâmetros indicativos, inclusive quanto à legislação especial
sobre informação. Deverá ser efetivada no nosso país dentro de nova codificação.

Capítulo 23 Direito a Liberdade

76. A liberdade como direito psíquico


A liberdade pode-se definir como a faculdade de fazer, ou de deixar de fazer, aquilo que à
ordem jurídica concatena. Vale dizer: é a prerrogativa que tem a pessoa de desenvolver, sem
obstáculos, suas atividades no mundo das relações.

77. Características

Este direito desfruta “in totum” das características básicas dos direitos da personalidade,
apresentando-se, em sua inteireza, como indisponível. Pode, sobre certas cautelas, ser objeto
de disposição, exatamente para possibilitar-se a inserção da pessoa no contexto social, que por
sinal, exige o sacrifício da liberdade. Mas em saco criminal, é comum a restrição ou a redução
da liberdade.

78. Disciplinação jurídica

Daí, o ingresso do direito à liberdade se operou entre os mais expressivos direitos da pessoa
frente ao estado, a partir das constituições do século XIX e das Declarações dos Direitos já
referidas. Em nível ordinário, é no campo penal que se encontrar a mais ampla
regulamentação, no plano civil, encontra-se implícita ou explicitamente inseridos. Os
atentados a esses direitos são sancionados à luz da teoria da tutela dos direitos da
personalidade.

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