Você está na página 1de 4

Diagnóstico de

EPILEPSIA

O diagnóstico de uma crise O principal exame é o Exames de imagem Ressonância


epiléptica pode ser feito eletroencefalograma (EEG), cujo Magnética (RM) do encéfalo e
clinicamente por meio da papel é auxiliar o médico a tomografia computadorizada
obtenção de uma história estabelecer um diagnóstico (TC) de crânio] devem ser
detalhada e de um exame acurado. O EEG é capaz de, quando solicitados na suspeita de causas
físico geral, com ênfase alterado, identificar o tipo e a estruturais, que podem estar
nas áreas neurológica e localização da atividade presentes nos pacientes com
psiquiátrica; epileptiforme e orientar na epilepsia focal e sempre devem
classificação da síndrome epiléptica ser realizados na investigação de
e na escolha do fármaco uma primeira crise de causa
antiepiléptico (FAE) desconhecida

TIPO DE CRISE PRIMEIRA ESCOLHA SEGUNDA ESCOLHA INEFICAZ


Crises de início focal
Perceptivas ou disperceptivas, motoras ou CBZ, PHT, VPA PB, CLB, Topiramato (TPM,) GBP, CNZ,
não motoras, com ou sem evolução para OXC, LTG Etossuximida
crise tônico-clônica bilateral (ESM)
Crises generalizadas
Ausência VPA LTG, CNZ CBZ, PHT
Mioclônica VPA LTG, CNZ, CLB CBZ, PHT
Tônica VPA LTG, CLB, CNZ CBZ, PHT
Clônica VPA LTG, PB CBZ, PHT
Tônico-clônica CBZ, PHT e VPA LTG ESM

FÁRMACO DOSE DIÁRIA CONCENTRAÇÃO MEIA-VIDA (horas) POSOLOGIA


ADULTO (mg) PLASMÁTICA (doses/dia)
CRIANÇAS (mg/kg) TERAPÊUTICA (mg/ml)
CBZ: Carbamazepina; PHT: Fenitoína; VPA: Ácido Valpróico; PB: Fenobarbital; CLB: Clobazam; TPM: Topiramato; GBP: Gabapentina; OXC: Oxcarbazepina;
CARBAMAZEPINA
LTG: 400ESM
Lamotrigina; CNZ: Clonazepam; - 1200
– Etossuximida; 4-12 12 2-3
- CBZ 7 – 15
FENITOÍNA – PHT 100 - 400 10-20 7-42 2-3
4–8
ÁCIDO VALPRÓICO – 600 - 2500 50-100 12 2-3
VPA 20 – 60
FENOBARBITAL – PB 50 - 200 15-40 96 1-2
3–8
CLONAZEPAM – CNZ 1 - 10 5-70 12 2-3
0,1 - 0,2
CLOBAZAM – CLB 10 - 40 - 18 2-3
0,5 – 2
OXCARBAZEPINA – 900 - 2100 13 10 2-3
OXC 10 – 20
LAMOTRIGINA - LTG 100 - 500 0,5-3 24 1-2
5 - 15
FÁRMACO Efeitos colaterais Efeitos colaterais Recomendações
TÓXICOS – IDIOSSINCRÁSICOS/OUTROS†
NEUROTOXICIDADE*
CARBAMAZEPINA- Sedação, ataxia, nistagmo, Desconforto gastrintestinal, reações Hemograma, sódio e provas
CBZ diplopia, vertigem, prejuízo cutâneas, leucopenia, anemia funcionais hepáticas a cada 6
cognitivo (leve), tremor aplástica (raro), hepatite, meses
hipotireoidismo, hiponatremia
FENITOÍNA – PHT Nistagmo, ataxia, sonolência, Arritmias cardíacas, reações cutâneas, Hemograma, provas
náuseas, vômitos, prejuízo leucopenia, trombocitopenia, funcionais hepáticas a cada 6
cognitivo agranulocitose, anemia aplástica, meses, dosagem de cálcio e
febre, hiperplasia linfoide, lúpus vitamina B12 e folato
eritematoso sistêmico, hepatite anualmente, sobretudo em
idosos e na presença de
Hiperplasia gengival, hirsutismo, acne, anemia
hipocalcemia, deficiência de vitamina
B12 e folato Higiene oral cuidadosa

Atrofia cerebelar Administrar com as refeições


ÁCIDO VALPRÓICO Náuseas, vômitos, sedação, Hepatotoxicidade (pode ser grave, Provas funcionais hepáticas
– VPA tremor, declínio cognitivo (leve) especialmente em crianças nos primeiros 6 meses e,
pequenas), alopecia, aumento de depois, a cada 6 meses
Não utilizar em mulheres em peso, pancreatite, trombocitopenia,
idade fértil leucopenia Hemograma a cada 6 meses
FENOBARBITAL – Sedação, ataxia, nistagmo, Reações cutâneas, anemia Hemograma a cada 6 meses;
PB irritabilidade e hiperatividade megaloblástica, osteomalacia dosar vitamina B12 em caso
em crianças e agitação de anemia
paradoxal em idosos
Disfunção cognitiva
CLOBAZAM (CLB) Sedação, ataxia, tonturas, Púrpura trombocitopênica -
salivação, hipersecreção
CLONAZEPAM brônquica, hiperatividade
(CNZ) paradoxal em crianças e idosos,
alterações de comportamento
OXCARBAZEPINA – Equivalentes, porém menor Reações cutâneas menos frequentes, Idem às da carbamazepina
OXC neurotoxicidade em relação à hiponatremia
carbamazepina
LAMOTRIGINA – Cefaleia, diplopia, tonturas, Discrasias sanguíneas Aumento gradual da dose,
LTG ataxia, tremor, distúrbios iniciando com doses
gastrintestinais, alterações →Reações cutâneas (3-12% dos casos; pequenas (25 mg/dia)
comportamentais mais frequentes em caso de uso
concomitante de ácido valproico),
síndrome de Stevens-Johnson (raro)
GABAPENTINA - Ataxia Aumento de peso
GBP

*Os efeitos colaterais associados à neurotoxicidade são geralmente dose-dependentes: melhoram com a redução ou com o fracionamento da dose diária.
†Ocorrência de efeitos idiossincrásicos, como reações cutâneas, hepatite medicamentosa e efeitos hematológicos graves, indicam imediata suspensão do
tratamento. Algumas vezes, podem ocorrer leucopenia e/ou trombocitopenia leves e alterações leves e transitórias das transaminases, que não indicam retirada
do medicamento.

FONTES: (1) Medicina ambulatorial : condutas de atenção primária baseadas em evidências [recurso
eletrônico] / Organizadores, Bruce B. Duncan... [et al.]. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed,2022.
CBZ
INÍCIO DESCONHECIDO TIPOS INÍCIO
PHT
DE CRISE FOCAL
NÃO CLASSIFICADAS VPA

GENERALIZADAS

AUSÊNCIA MIOCLÔNICA TÔNICA CLÔNICA TÔNICO-CLÔNICA

VPA CBZ PHT VPA

CBZ PHT VPA


Dose Inicial 200 mg/dia 100 mg/dia 250 mg/dia
Escalonamento 200 mg/dia/semana 100 mg/dia/semana 250 mg/dia a cada 3 dias
Dose máxima 1.800 mg/dia 400 mg/dia 2.500 mg/dia
Posologia 3-4x/dia 1-2x/dia 2x/dia

SUBSTITUIÇÃO
DOSE ESCALONAR ATÉ
DOSE MÁXIMA
CONTROLE
NÃO
GRADUAL FÁRMACO ENCAMINHAR AO
BAIXA DAS CRISES? E MANTER
TOLERADA
MONOTERAPIA¹ ² NEUROLOGISTA³
AUMENTO NÃO SIM AUMENTO
GRADUAL SEM
GRADUAL
CONTROLE
SEGMENTO ESCALONAR ATÉ
CONTROLE NA UBS COM CONTROLE
DAS CRISES?
SIM DOSE MÍNIMA
SIM DAS CRISES?
NÃO DOSE MÁXIMA
TOLERADA
EFETIVA

CONTROLE EFETIVO

¹ Critérios para troca de fármaco (manutenção de monoterapia)


Asseguradas a adesão ou nível sérico adequados (quando disponível), recomenda-se a troca de fármacos nas
seguintes situações:
(1)Intolerância à primeira monoterapia ou (2) Falha no controle ou exacerbação de crises
² Considera-se o paciente livre de crises quando estas não ocorrem há pelo menos 2 anos em vigência de tratamento com
doses de anticonvulsivantes inalteradas nesse período
³ Todo paciente com MANIFESTAÇÕES INICIAIS DE EPILEPSIA deve ser submetido a um EEG e a uma TCC ou RNM de
encéfalo antes ser avaliado por neurologista. Além disso, a incorporação de um neurologista no manejo está indicada SE AS
CRISES EPILÉPTICAS PERSISTIREM APÓS A CERTEZA DO USO REGULAR E ADEQUADO DO MEDICAMENTO.

FONTES: (1) Medicina ambulatorial : condutas de atenção primária baseadas em evidências [recurso eletrônico] /
Organizadores, Bruce B. Duncan... [et al.]. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed,2022. (2) International League Against
Epilepsy (ILAE), 2017; , (3) PORTARIA CONJUNTA Nº 17, DE 21 DE JUNHO DE 2018
Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para
serviço de urgência/emergência:
Crise convulsiva secundária a suspeita de infecção do sistema nervoso central, distúrbio
hidroeletrolítico, abstinência de álcool ou suspeita de acidente vascular cerebral (AVC); OU
crise convulsiva que dura mais que 5 minutos ou crises que recorrem sem a completa recuperação da
consciência.

Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para a


Neurologia:

dúvida diagnóstica sobre a natureza das convulsões; OU

diagnóstico prévio de epilepsia com controle inadequado das crises com tratamento otimizado e
descartada má adesão; OU

paciente com epilepsia e efeitos adversos intoleráveis da medicação;OU

paciente com epilepsia controlada há pelo menos 2 anos que deseja avaliação para retirada da
medicação; OU

mulheres com epilepsia que estão gestantes ou que desejam planejar gravidez.

CONTEÚDO DESCRITIVO MÍNIMO QUE O ENCAMINHAMENTO DEVE TER:

1. sinais e sintomas (descrever as características e a frequência das crises convulsivas, idade de início,
tempo de evolução, fatores desencadeantes, exame físico neurológico, outros sinais e sintomas fora
das crises convulsivas);

2. diagnóstico prévio de epilepsia (sim ou não). Se sim, descreva o tipo;

3. tratamentos em uso ou já realizados para epilepsia (medicamentos utilizados com dose e posologia);

4. medicamentos em uso que interferem no limiar convulsivo (sim ou não). Se sim, quais;

5. avaliação clínica da adesão ao tratamento (sim ou não);

6. número da teleconsultoria, se o caso foi discutido com o Telessaúde.


FONTES: Brasil. Ministério da Saúde. Neurologia adulto [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 31 p. : il. – (Protocolos de encaminhamento da atenção
básica para a atenção especializada ; v. 16) Modo de acesso: World Wide Web:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_encaminhamento_atencao_basica_neurologia.pdf
ISBN 978-65-5993-237-5

Você também pode gostar