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Feito pelo dr. “Rafael Júlio da Silva” Um saber Filosófico

(Licenciado em ensino de Filosofia com Habilitações em ensino de História pela UP-NPL

*Moacir Gadotti e o papel da educação na construção da cultura de sustentabilidade*

Resumo__________________________________________________________________
Em um planeta que a cada dia se torna mais descartável, surge à escola para mudar esse
cenário, através do cuidado, do diálogo e da integridade. É nesse ambiente escolar que
precisa ser debatido as mudanças de valores e de atitudes para a construção de sociedades
sustentáveis pois, a responsabilidade é individual mas, a preservação do planeta precisa ser
colectiva; com os desequilíbrios ambientais se tornando cada vez mais comuns, aumentou
a preocupação com a protecção do meio ambiente; Considerando esse contexto,
sustentabilidade é um tema que está ganhando cada vez mais importância. Assim, a
educação ambiental tornou-se fundamental já que ela conquistou um espaço para
desenvolver sustentabilidade na educação e possui, também, capacidade de desenvolver
uma consciência ecológica ao trazer os problemas ambientais para sala de aula. Porém,
essa protecção não é exclusiva das pessoas (sociedade civil), é de todos e isso inclui o
Estado. Porém, nota-se aqui uma crise de inteligibilidade diante da qual muitas mentes
oferecem soluções mágicas num mundo onde o globalismo tem sido essencialmente
insustentável. É neste contesto que surge o tema dessa monografia, intitulada: Moacir
Gadotti e o papel da educação na construção da cultura de sustentabilidade. Este, centra
as abordagens no campo da filosofia da educação e no âmbito do pensamento de Moacir
Gadotti. Nele levantamos como objectivo geral: perceber a teoria de Moacir Gadotti no que
concerne educação para uma cultura de sustentabilidade. E, como específicos: apresentar o
pensamento de Gadotti no que concerne ao papel que a educação desempenha na
construção de uma cultura de sustentabilidade; trazer uma discussão entre o pensamento
Gadottiano diante aos outros pensadores reflectindo novos horizontes. Como diz Gadotti,
num tempo que a insustentabilidade habita no mundo real, a sustentabilidade abre uma
oportunidade para que a educação forme homens com boa decisão, homens que renovam
os seus velhos sistemas, fundados em princípios competitivos, e introduzam uma cultura de
sustentabilidade a fim de serem mais cooperativos, só assim atingiremos a cidadania
planetária

Palavras - chave: educação, cultura de sustentabilidade, formação, cidadania planetária


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Abstract_________________________________________________________________
On a planet that becomes more and more disposable, it comes to school to change this
scenario through care, dialogue and integrity. It is in this school environment that the
changes of values and attitudes for the construction of sustainable societies must be
debated because the responsibility is individual but the preservation of the planet must be
collective; with environmental imbalances becoming increasingly common, concern for the
protection of the environment has increased; Considering this context, sustainability is a
topic that is gaining increasing importance. Thus, environmental education has become
fundamental as it has acquired a space to develop sustainability in education and also has
the capacity to develop an ecological awareness by bringing environmental problems to the
classroom. However, this protection is not exclusive to the people (civil society), it belongs
to everyone and this includes the State. But here is a crisis of intelligibility to which many
minds offer magical solutions in a world where globalism has been essentially
unsustainable. It is in this contesto that the theme of this monograph appears, entitled:
Moacir Gadotti and the role of education in the construction of a culture of sustainability.
This, focuses the approaches in the field of the philosophy of the education and in the
scope of the thought of Moacir Gadotti. In it we have set ourselves the general objective: to
understand Moacir Gadotti's theory in what concerns education for a culture of
sustainability. And, as specific: to present the thinking of Gadotti regarding the role that
education plays in building a culture of sustainability; to bring a discussion between
Gadottian thought before other thinkers reflecting new horizons. As Gadotti says, at a time
when unsustainability dwells in the real world, sustainability opens up an opportunity for
education to form men with good decision, men who renew their old systems based on
competitive principles, and introduce a culture of sustainability in order to of being more
cooperative, only this way we will reach the planetary citizenship
Key words: education, sustainability culture, formation, planetary citizenship
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Introdução
A presente Monografia tem como tema: Moacir Gadotti e o papel da educação na
construção da cultura de sustentabilidade., que se enquadra na área de filosofia da
educação.
O tema, Moacir Gadotti e o papel da educação na construção da cultura de
sustentabilidade, pretende apresentar um desafio à reflexão sobre os grandes problemas
que se colocam aos seres humanos nas sociedades de hoje.

Traz uma reflexão de carácter antropológico e ético no campo da filosofia da educação.


Antropológico na medida em que traz algumas visões do homem que se pergunte sobre o
sentido da vida que não se distancia com o sentido da vida e do mundo em que vivemos.
Traz visões éticas na medida em que os novos princípios reguladores da actividade humana
terão que se basear num novo paradigma que tenha o mundo como fundamento e centro.

A escolha do tema pariu da análise disseminado que ilustra o homem de hoje, homem este
que vive num planeta degradado devido a sua vontade de domínio e exploração excessiva
que acaba criando alguns problemas no planeta edificando uma incompetência moral,
atingindo um nível de percepção impossível de ignorar essa incompetência moral. Este
sintoma, impede ao Homem de perceber o verdadeiro papel da educação que é de fornecer
ao homem moderno as capacidades intelectuais e morais que lhes permitirão sobreviverem.
Todavia, com o tema em destaque pode ser possível de recuperar a saúde e forças das
nossas sociedades por meio da educação.

A cultura de sustentabilidade possui uma capacidade de dinâmica de desenvolvimento


integrado num projecto colectivo para uma determinada circunstância, bem como, motiva-
nos a falar do papel da educação numa época que se necessita de aquisição de uma cultura
de sustentabilidade, visto que a educação tem um papel importante de ajudar os homens a
responderem as questões fundamentais das suas épocas. A cultura de sustentabilidade,
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busca resolver esse problema de degradação do mundo actual, um problema que se define
como urgente a sua intervenção.

Estamos também conscientes de que vivemos numa era da globalização onde as fronteiras
entre as nações são quase invisíveis, onde reina a robótica e dos sistemas de produção
automatizados. Este cenário dado pela globalização provocada por avanço da revolução da
tecnologia possui consequências graves no caso da fragmentação que dividiu
globalizadores e globalizados, centro e periferia, confrontos étnicos, etc. Portando, há
existência de um desequilíbrio humano consigo mesmo e com o planeta.

Não obstante, o tema Moacir Gadotti e o papel da educação na construção da cultura de


sustentabilidade monstra uma grande pertinência na medida em que busca resolver os
problemas da degradação do mundo actual, um problema que se define como urgente.

Nesta vertente surge a necessidade de aquisição de uma cultura de sustentabilidade que


refere-se ao próprio sentido que somos, de onde viemos e para onde vamos. O pensador
brasileiro Moacir Gadotti, sempre se preocupou trazendo suas reflexões epistemológicas
da educação como um catalisador que possui papel de grande importância no processo da
edificação de uma cultura de sustentabilidade, trazendo conhecimentos para impulsionar
uma capacidade aos homens em se relacionar com o universo.

Ademais, levantamos a seguinte questão: qual é o papel que a educação executa na


construção de uma cultura de sustentabilidade?

A questão surge nos seguintes indicadores: estamos conscientes de que os homens vivem
numa próspera era da informação em tempo real, da globalização, da quebra de fronteiras
entre nações, dos escritórios virtuais, da robótica e dos sistemas de produção
automatizados. Em fim, estamos presenciando um desequilíbrio do ser humano consigo
mesmo e com o planeta urgindo a necessidade de aquisição de uma cultura de
sustentabilidade.
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No entanto, a educação sustentável preocupa-se com o sentido mais profundo do que
fazemos com a nossa existência, a partir da vida quotidiana; a cultura de sustentabilidade
consiste nos hábitos e costumes de encontrar meios de produção, distribuição e consumo
de recursos existentes de forma mais coesiva, economicamente eficaz e ecologicamente
viável.
Por isso, ao longo do trabalho advogamos: A Formação do Homem para uma vida
sustentável como o papel da Educação na edificação da Cultura.

Apresentamos como argumentos os seguintes: sem uma educação para uma vida
sustentável, o mundo continuará apenas sendo considerado como espaço de nosso sustento
e de domínio tecnológico, certamente um objecto de nossas pesquisas, ensaios; o processo
educacional contribui para humanizar o nosso modo de vida.

O trabalho apresenta o seguinte objectivo geral: perceber a teoria de Moacir Gadotti no que
fustiga a educação para a cultura de sustentabilidade. E tem como objectivos específicos os
seguintes: Descrever a vida, obras e influências ao pensamento filosófico de Moacir
Gadotti; Apresentar o pensamento de Moacir Gadotti no que concerne ao papel que a
educação desempenha na construção de uma cultura de sustentabilidade; Trazer uma
discussão entre o pensamento Gadottiano diante dos outros pensadores reflectindo novos
horizontes.

Na edificação do trabalho, usaremos como método: dedutivo, histórico e comparativo e o


método hermenêutico. O método dedutivo poderá permitir-nos a nortear as nossas
abordagens graças a um ponto de partida, a partir das asserções avançadas por Gadotti; o
método histórico e comparativo nos ajudará a percebermos o contesto histórico que o autor
aborda a sua teoria da educação para a cultura de sustentabilidade, e subsequentemente
fazermos uma pequena comparação com o nosso contexto; e, finalmente, O método
hermenêutico nos ajudará na interpretação dos textos do autor (Moacir Gadotti) e outros
escritos relativos ao tema da educação para a sustentabilidade.

No que tange a estrutura do trabalho, ele possui 5 capítulos nomeadamente:


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1º Capítulo: biografia de Moacir Gadotti. Neste capítulo apresentamos a biografia do
autor, Moacir Gadotti, relativamente a sua vida, e finalmente as obras por ele escrito que
hoje se tornam um património intelectual;

2º Capitulo: A educação na era da globalização como emergência do discurso de


sustentabilidade. Aqui, fazer-se-á apresentacao do conceito de educação, cultura,
sustentabilidade e globalização, e a contextualização do cenário da emergência do discurso
de sustentabilidade, outrossim, apresenta um alicerce do pensamento de Gadotti relativo a
sua cultura de sustentabilidade.

3º Capitulo: visão educativa de Gadotti face a construção da cultura de sustentabilidade:


este capítulo apresenta o âmago do pensamento de Gadotti relativo a sua teoria da cultura
de sustentabilidade. Do mesmo modo, este abre caminhos a uma ampla reflexão sobre a
educação em geral, analisando a prática educativa e suas perspectivas, dando ideias para a
construção de novos caminhos proporcionados, esperança a uma sociedade globalizada,
massacrada pela desigualdade.

4º Capítulo: O problema de insustentabilidade na contemporaneidade: desafios e soluções;


buscamos trazer alguns problemas de insustentabilidade enfrentados nas sociedades
contemporâneas, trazendo desafios e soluções.
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CAPITULO I: VIDA, OBRAS E INFLUÊNCIAS DE MOACIR GADOTTI

Como primeiro capítulo, apresentar-se-á a biografia de Moacir Gadotti relativamente a sua


vida, desde a sua infância até a sua fase adulta não deixando de trás as influências que
ditaram o seu modo de pensar, a sua filosofia pedagógica e finalmente as obras por ele
escrita que nos dias hodiernos nos tornam um património epistemológico.

1.1. Vida

Moacir Gadotti, nasceu em Rodeio, Santa Catarina, no dia 01 de Outubro de 1941


provavelmente tendo sido criado longe da cultura sustentável e num tempo apocalíptico;
Gadotti reuniu os esforços e buscou aprender para que um dia pudesse rectificar o cenário
em que se vivia (GADOTTI, 2003b: 317).

Em 1967, Gadotti licenciou em pedagogia e em 1971 em filosofia. Em 1973 fez mestrado


em filosofia da educação na pontifícia universidade católica de São Paulo, ademais em
1977 doutorou em ciências da educação na universidade de Genebra, isso na Suíça. Em
1986 teve a livre docência na Universidade Estadual de Campinas, porém, Gadotti foi
professor de História e Filosofia em cursos de graduação e pós-graduação assim como em
educação e filosofia em diversas instituições (ibidem: 318).

Gadotti foi assessor técnico da secretaria estadual de educação de São Paulo e chefe do
gabinete da secretaria municipal da educação da prefeitura de São Paulo, na gestão de
Paulo Freire.

Desde 1988, Gadotti é professor de educação na universidade da prefeitura de São Paulo,


actualmente está aposentado por esta universidade, após 46 anos de magistério, mas
continua dando orientações na pós-graduação. Também, actualmente é director do instituto
Paulo Freire que ele ajudou a fundar em 1992.
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Moacir Gadotti, professor e pesquisador da história da filosofia da educação, discípulo de
Paulo Freire, tem mostrado ou trazido contribuições de forma significativa na reflexão
sobre assuntos da educação e tem um engajamento na pedagogia, trabalhando directamente
com a prática, garante a humildade científica de quem reconhece que uma teoria só se
torna teoria real quando legitimada e permeia uma prática concreta. Para este pensador, a
discussão não basta, é preciso viver a relação entre a teoria e praxis.

Gadotti, comprometeu-se com a educação brasileira, fazendo nascer no seio desta a nova
esperança. A esperança de que é possível acabar com a opressão, com o mistério, com a
intolerância e transformar o mundo num lugar mais justo para se viver. Essa esperança faz
parte de Gadotti como o ar que ele respira.

1.2. Obras

Gadotti é um autor de muitas obras educativas, possui um número elevado de publicações


que trazem propostas educacional cujos eixos são a formação crítica do educador a
construção da escola cidadã.

Durante o seu percurso, Gadotti publicou e ainda continua a publicar obras de carácter
pedagogia e cultural. Sendo assim, Gadotti publicou obras de grande interesse pedagógico
em que algumas delas são: Educação e poder; Marx: transformar o mundo; Paulo Freire:
uma biografia; Historias das ideias pedagógicas; Os mestres de Rousseau; Educar para um
outro mundo possível; Escola cidadã; Pensamento pedagógico brasileiro; Pedagogia:
dialogo e conflito; Comunicação docente; Dialéctica do amor paterno; Economia solitária
como praxis pedagógica; A educação contra educação; Concepção dialéctica da educação;
Diversidade cultural e educação para todos; Educação e compromisso; Educar para a
sustentabilidade; A boniteza de um bom sonho; Ensinar e aprender com sentido.

Com estas obras, percebemos que o autor teve muitas publicações. Sendo assim, as
principais obras que serviram de base na elaboração desta Monografia foram as seguintes:
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Educar para a sustentabilidade (2008): esta obra, esta dividida em quatro capítulos e
apresenta a conceptualização do termo sustentabilidade demonstrando nela o compromisso
que este conceito tem com o futuro. Gadotti, apresenta nesta obra o segredo do bem viver e
da harmonização do ser humano com a natureza, levando em consideração os princípios
éticos, da igualdade e solidariedade na promoção de uma educação transformadora. Assim,
Gadotti nos traz nesse livro grandes ensinamentos da valorização da sustentabilidade em
oposição à cultura da globalização capitalista. A obra possui grande pertinência na medida
em que esta centraliza a abordagem no contesto moderno, apresentando assim o duelo
capitalismo versus sustentabilidade. Todavia, para além de trazer abordagens do conceito
sustentabilidade e a sua polissemia, traz a problemática da relevância da questão
económica para o desenvolvimento sustentável.

Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido (2003). A obra, Gadotti divide em
sete capítulos onde ele discute temas relacionados com a educação, aos professores e
pedagogos em exercício e aos futuros pedagogos e professores. Ele convida todos
participantes do processo de ensino a despertarem e lutarem para a transformação do
mundo, onde as diferenças sejam dissipadas através da educação. Ainda nesta obra,
Gadotti passa a considerar que a sala de aulas é o local de capacitar crianças, jovens e
adultos. Portanto, para que isso aconteça é necessário que o professor e o educador
encontre a sua própria identidade e, potencializem assim os indivíduos, formando cidadãos
autónomos, participativos, organizados, promovendo o desenvolvimento e garantindo, de
forma sustentável o futuro da humanidade (FERNANDES, 2010:115).

1.3. Influências

Gadotti teve influências que definiram o seu modo de pensar. Porém, o autor da obra
Educar para a sustentabilidade teve de Paulo Freire bases definidoras do seu pensar.
Senão vejamos, como pensador de edução ele concede a educação como “um processo
contínuo e fundamental para a socialização do homem” e a humanização pois supõe a
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possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se renova e o homem apartir dela faz
história. Com tudo, esse todo processo faz parte da construção do indivíduo.

Deste modo, a literatura de Educar para a sustentabilidade é fortemente influenciada pelo


pensamento de Paulo Freire, este que Gadotti o chama de “Mestre Maior” ensinando que o
processo de mudar é difícil, mas ele é difícil. Decerto, utilizando a expressão de Paulo
Freire, Gadotti acredita que existe uma educação como pratica da domesticação e a outra
como a transformação, esta é com certeza a educação como a pratica da libertação. Pese
embora, considere-se como dois modelos de educação abstractos por não existirem.

Entretanto, Moacir Gadotti também leu Anísio Teixeira, Edgar Mori, e deles aprendeu o
comum, o da busca da identidade construída graças aos traços culturais, obviamente que
isso se tem lugar na escola, e a escola aqui é concebida como “um espaço onde todos os
participantes do processo de ensino e aprendizagem edificam os saberes significativos”.
Ademais, com a intenção de dialogar criticamente a teoria da educação, Gadotti analisa as
várias tendências pedagógicas, em volta inspirar-se nas ideias de Paulo Freire, para a
compreensão de suas concepções de escola.

Como se pode ver, a escola pode fazer algo, principalmente resgatando a solidariedade e
conquistando a sua autonomia. Esse desafio de acreditar na escola, nos professores, torna-
se privilegiante aos olhos do educador, pois aprender e ensinar é apaixonante para um
educador consciente e comprometido com a esperança. Afinal de contas, para Gadotti o
professor caminha ao lado da transformação de uma sociedade, ele é concreto, presente,
sempre actuante, que organiza, concretiza a ideologia da classe que representa.

Note-se que Gadotti não é Paulo Freire. O que fez Gadotti é aceitar a influência e não a
identidade. Se não vejamos, Gadotti leu e apaixonou-se com as obras de Freire, em seguida
criou seus próprios traços de pensamento. Sobre isso, Gadotti diz o seguinte:

Ser fiel a Paulo Freire significa antes de mais nada, reinventá-lo e


reinventar-se com ele. Nisto, consiste a superação na dialéctica: não é
nem cópia, nem a negação do passado. É a sua transformação, a
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conservação do que há de fundamental e de original nele, a elaboração de
uma nova síntese qualitativa (GADOTTI, 2004:44).

Enfim, Gadotti buscou conhecer o seu país e dele inspirou-se bastante. Na sua obra
Pensamento Pedagógico Brasileiro, o autor mostra o quanto sabe falar das dificuldades
que necessitam de um inovar e um ultrapassar dos espíritos conservadores. E a persistência
da política para as classes dominantes, marginalizando o sistema, apenas o encoraja e
multiplica os guardiões do mesmo.

CAPITULO II: A EDUCAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO COMO


EMERGÊNCIA DO DISCURSO DE SUSTENTABILIDADE

Neste capítulo, fazer-se-á a contextualização do cenário da emergência do discurso de


sustentabilidade. Fazer-se-a uma abordagem de alguns conceitos chaves do pensamento de
Moacir Gadotti no caso do conceito de educação, cultura, sustentabilidade e globalização.
Subsequentemente, Faremos uma abordagem das condições da globalidade e das
implicações que esta trouxe para a educação, um ambiente onde se verifica um confronto
entre o velho e o novo, a notabilidade da existência do secularismo, individualismo,
afirmação do capitalismo.

2.1. Educação

A palavra educação deriva do latim educare, e com esta raiz, quer dizer, ato de amamentar.
Também há quem diga que educação tem origem raiz latina educere, que pode ser tradu-
zida como acto de conduzir, de levar adiante o educando.

Assim como suas raízes conceituais, etimológicas e históricas a palavra educação não tem
sentido unívoco, isto é, já traz de sua formação histórica o carácter da polissemia.

AURÉLIO, (2004:10), diz que “é o Processo de desenvolvimento da capacidade física,


intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração
individual e social. Pode ser também vista ou percebida como um processo de actuação de
uma comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa actuar em
uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objectivos colectivos”.
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A palavra educação refere-se aos processos de formação escolar, dentro e fora dos
estabelecimentos de ensino, e não tem conceito restrito à educação escolar que é dada
unicamente nos estabelecimentos de ensino. Daí, a falar-se, em diversos tipos de educação
e diversos processos de formação que se dão não apenas nos estabelecimentos de ensino
como também em outras ambiências culturais como a família.

2.2. Cultura

A cultura pode ser compreendida como a construção colectiva de práticas,


comportamentos, acções e instituições que fundam a organização social. Mesmo quando
referimo-nos das formas simbólicas características da cultura, não desconsideram que estas
são produzidas em condições históricas determinada e, por se configurarem também como
praticas sociais, criam campos culturais diferenciados dentro da sociedade.

Segundo SPENGLER apud ABBAGNANO (1998:229):

Cultura é o conjunto dos modos de vida de um grupo humano


determinado, sem referência ao sistema de valores para os quais estão
orientados esses modos de vida. Em outras palavras, é um termo com que
se pode designar tanto a civilização mais progressista quanto as formas de
vida social mais rústicas e primitivas. Nesse significado neutro, esse
termo é empregado por filósofos, sociólogos e antropólogos
contemporâneos. Tem ainda a vantagem de não privilegiar somente um
modo de vida em relação a outro na descrição de um todo cultural.

Assim, percebemos que a cultura é um conjunto de manifestações artísticas e expressões


colectivas, hábitos e costumes de um povo. Tudo aquilo que identifica “uma gente” com
podo de uma terra, o que é característico a um determinado grupo.

Segundo FREIRE (1979:20), “a cultura é a aquisição sistemática de experiencia humana,


mas uma aquisição crítica e social criadora, e não uma justaposição de informações
armazenadas na inteligência ou na memória e não incorporadas no ser total e na vida plena
do homem”.
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Portanto, devido a esse carácter a cultura joga um papel pertinente e chave na
transformação social e politica, assim como na transformação de valores, saberes e práticas
de uma geração para outra.

2.3. Sustentabilidade

Antes de tudo é pertinente clarificar que o conceito de sustentabilidade ainda está em


evolução e apresenta diversos modelos conceituais.

Prova disso é a afirmação de LOVELOCK (2010:212): “A filosofia verde desenvolveu-se


de uma maneira complexa. É ainda bem variada e não fala com uma única e clara voz. À
medida que o conceito evolui, mais pilares são acrescentados”.

O uso do termo sustentabilidade, é muito frequente para se referir as acções e actividades


humanas que visam inteirar as necessidades actuais dos seres humanos, neste caso, sem
comprometer o futuro das próximas gerações. As definições de sustentabilidade procuram
integrar viabilidade económica com prudência ecológica e justa social.

Sustentabilidade vai além da preservação dos recursos naturais e da


viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente. Ele
implica um equilíbrio do ser humano consigo mesmo e com o planeta, e,
mais ainda com o próprio universo. A sustentabilidade que defendemos
refere-se ao próprio sentido do que somos de onde viemos e para onde
vamos, como seres humanos (GADOTTI, 2018:46).

Segundo ele, a sustentabilidade tem a ver com a relação que mantemos como nós mesmos,
com os outros e com a natureza.
Ainda sobre a questão da sustentabilidade, FREITAS (2012:15-16), olha como:

Dever ético e jurídico-político de viabilizar o bem-estar no presente, sem


prejuízo do bem-estar futuro, próprio e de terceiros. Não apelo trivial,
epidérmico, retórico e de fachada, porém uma directriz vinculante, que
reforma estruturalmente o jeito de compreender e aplicar o sistema
normativo (...) A sustentabilidade, numa fórmula sintética, consiste em
assegurar, de forma inédita, as condições propícias ao bem-estar físico e
psíquico no presente, sem empobrecer e inviabilizar o bem-estar no
amanhã, razão pelo qual implica o abandono, um a um, dos conceitos
insatisfatórios de praxe. Cessa ou tende a cessar o barbarismo irracional
dos que apostam no crescimento económico pelo crescimento, nas perdas
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irreparáveis de biodiversidade e na devastação da biosfera como método.
Resgata-se o equilíbrio ecológico dinâmico, mediante alocação inteligente
de recursos naturais. Combatem-se os vícios da política insustentável e se
descortina, com clarividência, o desenvolvimento que interessa, sem
endosso de qualquer decrescimento regressivo.

Analisando o pensamento de Freitas, sustentabilidade seria modo de ser e de viver que


exige alinhar as práticas humanas às potencialidades limitadas de cada bioma e ás
necessidades das presentes e futuras gerações. É um estar em permanente harmonia com o
Todo, isto é, trata-se de explorar a natureza assegurando de forma favorável o bem - estar
dos homens de hoje sem por em causa o bem-estar dos homens do amanha.

Segundo SCHWEIGERT apud BACHA et all., (2010:6):

A interpretação da sustentabilidade se vincula a efeitos sociais desejados,


as funções praticas que o discurso pretende tornar realidade objectiva.
Sustentabilidade é vista como algo bom, consensual. Sustentabilidade
também pode ser considerada nova ordem de eficiência económica que
beneficia todos os cidadãos, em vez de beneficiar poucos em detrimento
de muitos.

Assim, a sustentabilidade requer democracia política, equidade social, eficiência


económica, diversidade cultural, protecção e conservação do meio ambiente, estes
princípios tenderam a exercer uma influência poderosa nos actos sustentáveis e na prática
social nos anos futuros.

Por sua vez, para BOFF (2013):

Pode se referir ao conjunto dos processos e acções que se destinam a


manter a vitalidade e a integridade da mãe Terra, a preservação de seus
ecossistemas com todos os elementos físicos, químicos e ecológicos que
possibilitam a existência e a reprodução da vida, o atendimento das
necessidades da presente e das futuras gerações, e a continuidade, a
expansão e a realização das potencialidades da civilização humana em
suas várias expressões (p:14).

Sustentabilidade é toda acção destinada a manter as condições


energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres,
especialmente a Terra viva, a comunidade de vida, a sociedade e a vida
humana, visando sua continuidade e ainda atender as necessidades da
geração presente e das futuras, de tal forma que os bens e serviços
naturais sejam mantidos e enriquecidos em sua capacidade de
regeneração, reprodução e com evolução (p. 107).
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*Moacir Gadotti e o papel da educação na construção da cultura de sustentabilidade*


Conforme vimos, ainda não há um conceito de sustentabilidade definitivo. À medida que o
tempo passa, o conceito evolui, acrescentando mais pilares e se tornando cada vez mais
integrador. Porém, em relação à administração pública, o conceito predominante ainda é o
desenvolvimento sustentável, o que demonstra que ainda há muito que avançar nessa
questão.

2.4. Globalização

A noção da globalização nem sempre é clara visto que ela presta a usos e sentidos muito
diversos, isto é, não existe uma definição consensual e universal aceite para a globalização
pelo facto de cada autor definir segundo seu poder epistemológico.

Definir globalização, varia de autor para autor, algumas definições acentuam o carácter
multidimensional do processo; outros focalizam-se mais na dimensão económica da
globalização e, em certos casos, associam o processo da globalização ao sistema
económico capitalista e à ideologia neoliberal; noutros casos, as dimensões políticas ou
culturais são particularmente sublinhadas; outras definições sublinham que se trata de um
processo conduzido pelos homens, enquanto algumas se referem à globalização enquanto
motor de um processo civilizacional, deixando implícita a sua naturalidade e
inevitabilidade.

De acordo com CAMPOS & CANAVEZES, (2007:16):

Falar de globalização remete para um conjunto de transformações


económicas, politicas, sociais e culturais que se fazem sentir a nível
mundial. Nas suas formas mais visíveis, estas transformações estão
frequentes associadas a inovações tecnológicas. As novidades
tecnológicas, e a velocidade a que estas ocorrem no mundo
contemporâneo, contribuem para crer que a globalização constitui um
fenómeno completamente novo.

Uma dimensão essencial da globalização é a crescente interligação e a interdependência


entre estados, organizações e indivíduos do mundo inteiro, não só na esfera das relações
económicas, mas também ao nível da interacção social e política, ou seja, acontecimentos,
decisões.
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Todavia, característica da globalização são as reacções entre os homens e entre as
instituições, sejam elas de natureza económica, política ou cultural, tendem a desvincular-
se das contingências dos espaços.

2.5. A Globalização e o seu Contexto Actual

Conforme vimos no capítulo passado, o conceito da globalização nos remete a um conjunto


de transformações socioeconómicas que atravessa as sociedades contemporâneas em todos
os cantos do mundo. Essas transformações constituem um conjunto de novas realidades e
problemas que parecem implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os
trabalhadores.

Porém, quanto se fala da globalização parece que diz respeito a centralização dos
princípios nas pessoas, mas o ponto alto de uma globalização mais justa é a satisfação das
demandas de todas as pessoas no que diz respeito a seus direitos, sua identidade cultural e
autonomia; trabalho docente e plena capacitação das comunidades locais em que vivem,
não deixando de lado a igualdade de género.

Assim, GADOTTI (2008:30-31), afirma que

A globalização não se constitui em si mesma num problema. Ela


representa um processo de avanço sem precedentes na história da
humanidade. Assim, como não existe apenas uma forma possível de
mercado, não existe uma única globalização possível. O que vemos, é a
globalização hegemónica, na perspectiva do capital. Mas há outras formas
possíveis. O que é problemático é a globalização competitiva em que os
interesses do mercado se sobrepõem aos interesses humanos, em que os
interesses dos povos se subordinam aos interesses corporativos das
grandes empresas transnacionais.

Por isso, as preocupações actuais a respeito da globalização reportam uma reflexão


necessária sobre o contexto educacional, isto porque a globalização expandiu os traços,
formando assim um cenário diferente. Portanto, pensar o modelo da sociedade que estamos
inseridos é papel de todo e qualquer individuo que se encontra situado em seu tempo.
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2.6. A Inadequação do modelo educativo e a busca de novo paradigma

Fazendo uma análise aos impactos da tecnologia da informação nas metodologias de


ensino e suas influências sociais e económicas, é possível notar os motivos de mudanças de
modelos no sistema educacional. É sem dúvida que com a grande revolução da tecnologia
da informação, testemunhamos no sistema educacional várias transformações que criaram
novos modelos educacionais.

Ora, os fracassos dos paradigmas clássicos fundados numas visões industrialistas


predatórica antropocêntricas e desenvolvimentistas estão se esgotando, não dando conta de
explicar o momento presente e de responder as necessidades futuras. Sendo assim,
necessita-se de um outro modelo fundado numa visão sustentável do planeta Terra. No
nosso dia-a-dia nota-se que o globalismo tem sido essencialmente insustentável. Ele,
atende primeiro as necessidades do capital e depois as necessidades humanas.

Então, nem a educação não poderia resistir a mudança, isto porque o mundo de hoje é
marcado pelo grande avanço da tecnologia, principalmente no que diz respeito a
informática.

Em todo mundo a informática passou a ser um instrumento de trabalho e


uma fonte metodológica para ensino. A sociedade vive visualmente
dirigida, onde se torna notório que as novas tecnologias tem influenciado
as crianças e jovens que se encontram na idade escolar (SOUZA,
2008:s/d).

A internet, tornou-se num meio comum de trocas de informações, de acesso de


especialistas, de crianças e jovens, de formação de equipa de trabalho, de construção de
relações de amizades, independente da distância geográfica. Diferente das tecnologias
surgidas nos últimos anos, a internet rompe não só as barreiras geográficas, mas também
de tempo e espaço, permitindo que as informações sejam em tempo real, e este novo
cenário social tecnológico e cultural está cada vez mais familiar para todos. A título de
exemplo são os vídeos conferências.

A sociedade contemporânea vive conectada à mídia, o que careta uma


mudança considerável na velocidade da propagação da informação, da
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mesma forma que colabora para a criação de ambientes virtuais e de um
novo espaço de comunicação, onde podemos citar, por exemplo, o que
acontece em uma internet café, onde jovens e adultos se comunicam
através de redes sociais e jogos electrónicos (LEVY, 1999:11).

Com isso, a nossa educação precisa de paradigmas que olhe a sobrevivência, ou seja, a
permanência do homem no seu habitat, fazer o uso racional de tudo evitando assim um mal
severo nas gerações vindouras. Esses paradigmas devem ditar a realidade dessas pessoas,
da sociedade que compõe essa massa necessitaria do novo paradigma.

2.7. O progresso tecnológico e novos paradigmas

A globalização pode entender-se como o produto do desenvolvimento do capitalismo à


escala mundial e pode, pois, entender-se continuidade de uma lógica civilizacional que tem
sido designada por modernidade, e que já não é propriamente recente.

No mesmo banquete epistemológico, os autores CAMPOS & CANAVEZES (2007:17),


dizem que “Globalização é também portadora de novidade, origem remonta à revolução
industrial inglesa no século XVIII conjugadas com transformações sócio políticas
emergentes da revolução francesa (1789) ”.

Em contrapartida, o mundo vem sofrendo constantes transformações com a evolução da


técnica e da ciência, e constata-se que muitas escolas e universidades não conseguem
acompanhar os avanços. Nas últimas décadas, as transformações tecnológicas são
extremamente notáveis, tantos que passaram a ser ferramentas indispensáveis ao homem
moderno. O ser humano comunica-se com qualquer parte do mundo, com uma rapidez
como nunca ocorreu na história da humanidade.

Então, entende-se que as mudanças e os avanços rápidos levantam novos problemas. E


consequentemente precizar-se-á de novas respostas exigindo assim que se adaptem às
necessidades da sociedade e do universo intelectual. Essa resposta, obviamente virá da
educação e da pessoa dos educados que tem como desafio alfabetizar-se nas tecnologias
inovadoras e descobrir-se um facilitador do processo educacional, reinventando um
conjunto de acções didática-pedagógicas.
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Em fim, a incorporação de novas tecnologias ao ensino não pode descurar de investigações
acerca da realidade em que estes sujeitos, os docentes, estão inseridos, especialmente na
prática pedagógica, formação e experiencia. A escola, enquanto um espaço físico, precisa
reunir as condições materiais para a implantação de equipamentos e programas. Verdade é
que as novas tecnologias, aliadas à praxis do ensino, aprimoram e dinamizam o processo
educacional. Os principais axiomas, portanto, a esse respeito são: as inovações
tecnológicas que potencializam o ensino e aprendizagem; as instituições de ensino não
podem prescindir delas; a docente precisa ser estimulada ao uso dos novos recursos.

Diante dos problemas actuais, equiparados com a perca de valores, desrespeito com o
outro, e como a humanidade, hoje do que nunca, necessitam de um outro paradigma
fundada numa visão sustentável do planeta Terra.

Segundo GADOTTI (2003a:50):

Precisamos de uma “pedagogia da terra”, uma pedagogia apropriada para


esse momento de reconstrução paradigmática, apropriada a cultura da
sustentabilidade e da paz… ela se fundamenta num paradigma filosófico
emergente na educação que propõe um conjunto de saberes / valores
interdependentes

Os valores que o autor apresenta no paradigma em linhas gerais são:

 Educar para cogitar globalmente;


 Educar os sentimentos;
 Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial;
 Formar para a consciência planetária;
 Formar para a compreensão;
 Educar para a simplicidade e para a quietude.

Portanto, tudo isso pressupõe justiça, e a justiça supõe que todas e todos tenham acesso a
qualidade de vida. Por exemplo: seria cínico falar de redução de demandas de consumo,
atacar o consumismo, falar de consumismo aos que ainda não tiveram acesso ao consumo
básico. Com isso quer dizer que não existe paz sem justiça.
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2.8. A Emergência da Visão da Sustentabilidade

Nos encontramos num momento crítico, momento este que o homem deve procurar novos
paradigmas que proporcione um futuro melhor e universalizante. O mundo esta cada vez
mais interdependente e notabilizam-se pela sua fragilidade, diante disso o futuro fica
ameaçado sob grandes perigos e algumas promessas.

Então, para que algo mude deve-se estar consciente da diversidade cultural e as formas de
vida, porque somos humanos que vivemos no meio terrestre com um destino comum, isto
é, inclusivo para o bem-estar. Foi nessas condições que o planeta testemunhou a
emergência de um decurso sustentável, porque viu-se que isso só será possível se gerar-se
forças para a criação de uma sociedade sustentável total que tende o respeito pelo seu
habitat, ou seja, pela sua natureza, nos direitos humanos universais, numa cultura de paz e
na justiça económica.

Por outra, entende-se por sustentabilidade a acção responsável de indivíduos e sociedades


rumo a um futuro melhor para todos, local e globalmente, um futuro em que justiça social e
gestão ambiental cuidadosa orientem o desenvolvimento sócio económico. As mudanças
aos mundos interconectados e interdependente de hoje promovem níveis inéditos de
complexidade tensões e paradoxos, bem como novos horizontes de conhecimentos que
precisamos levar em consideração. Tais padrões de mudança exigem esforços para
explorar outras abordagens do progresso e do bem-estar humano (UNESCO, 2016).

Diante dos problemas da insustentabilidade em vários âmbitos, verificou-se a necessidade


de uma cultura que esteja baseada ou virada na sustentabilidade e, educação sendo a base
da conduta do homem na terra, ajudou a responder essas questões fundamentais, assim
como auxiliar no trabalho de produção de um conhecimento útil, possibilitando aos
educandos adquirir habilidades, capacidades, valores e conhecimentos necessários para
assegurar o desenvolvimento sustentável do nosso planeta.
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E obviamente, novos valores foram criados e, assim diz GADOTTI (2010:7) no seu
prefácio da carta da Terra na educação, “o paradigma da sustentabilidade implica na
construção de novos valores, conhecimentos e aprendizagens”.

Repensar naquilo que é o futuro, há-de verificar alguns traços assustadores tanto no campo
económico, ético, política e da própria educação que é a base do grito contra a opressão da
sociedade. Diante desses problemas afirma o autor que a sustentabilidade tornou-se um
tema gerador preponderante neste início de milénio para pensar não só o planeta mas
também a educação; um tema portador de um projecto social global e capaz de reeducar
novo olhar e todos os novos sentidos, capaz de reacender a esperança num futuro possível
com dignidade e para todos. Em suma, o nosso futuro comum.

Portanto, necessita-se de princípios optimistas, produtivos, transformadores,


conscientizadoras, capaz de estarmos mergulhados numa acção conjunta global é
necessária, porque necessitamos de um movimento como grande obra civilizadora de todos
e é indispensável para realizarmos essa outra globalização, essa planetarização,
fundamentados em outros princípios éticos que não são baseados na exploração
económicas, na dominação política e na segregação social. Com isso, vamos produzir uma
nova forma de estar no planeta sem ameaças ou perigar a vida do planeta nem a nossa.

CAPITULO III: VISÃO EDUCATIVA DE GADOTTI FACE A CONSTRUÇÃO DA


CULTURA DE SUSTENTABILIDADE

Olhando a visão de Gadotti, a sustentabilidade abre uma oportunidade para que a educação
renove os seus velhos sistemas, fundados em princípios competitivos, e introduza uma
cultura de sustentabilidade a fim de serem mais cooperativas, com intuito de dar um olhar
sobre as politicas locais e não a inclinação das políticas importadas. Portanto, este capítulo
apresenta o âmago do pensamento de Gadotti relativo a sua teoria da cultura de
sustentabilidade. Do mesmo modo, este abre caminhos a uma ampla reflexão sobre a
educação em geral, analisando a prática educativa e suas perspectivas, dando ideias para a
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construção de novos caminhos proporcionados, esperança a uma sociedade globalizada,
massacrada pela desigualdade.

3.1. A cultura de sustentabilidade e a educação para a sustentabilidade

A cultura de sustentabilidade são valores, hábitos e costumes humanamente aceites e que


comprometam as gerações vindouras. Outrossim, precisamos da pedagogia para a
transmissão no seio da humanidade. Por isso GADOTTI (2008:92), enfatiza que “todas as
disciplinas e todos os professores podem dar o seu contributo para a educação de
sustentabilidade”.

3.1.1. A Cultura de sustentabilidade

Frequentemente, fala-se de sustentabilidade quanto estamos diante do possível extermínio


do planeta. No entanto, a sustentabilidade não tem a ver apenas com a ecologia, geografia,
biologia, economia. Ela também, tem a ver com a relação que mantemos com nós mesmos,
com os outros, como com a natureza. Desde modo, “a sustentabilidade de bem viver;
sustentabilidade é equilíbrio dinâmico com o outro e com o meio ambiente, é harmonia
entre os diferentes”, (BARBOSA, 2008:14).

Ao passo que a cultura de sustentabilidade, como explica GUTIERREZ (1997:76), “deve


nos levar a saber seleccionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contacto
com a vida dos outros”. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida.
Criar vida é portanto criar a cultura de sustentabilidade”. Diante desta abordagem, à que
perceber que hoje do que nunca, precisamos de uma cultura que esteja virada a
sustentabilidade porque esta irá proporcionar ao homem uma vida sustentável como nos
diz GADOTTI (2008:52), “quanto falamos em vida sustentável a entendemos como um
modo de vida de bem-estar e bem viver para todos, […] um modo de vida justo e
produtivo”.

Como se pode ver, a cultura de sustentabilidade é reportório de princípios inspiradores para


uma saudável sociedade e, para a sua aquisição urge a necessidade de existência de uma
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educação para a tal sustentabilidade. Por conseguinte, o sistema formal de educação em
geral, é baseada em uma racionalidade instrumental reproduzindo valores insustentáveis. E
para que se introduza uma cultura de sustentabilidade nos sistemas educacionais
precisamos reeducar o sistema. A final de contas, ele faz parte do problema e não somente
parte da solução.

Em fim, Gadotti está convencido de que a sustentabilidade é um conceito poderoso, uma


oportunidade para que a educação renove seus velhos sistemas, fundados em princípios e
valores competitivos e introduza uma cultura de sustentabilidade e da paz nas comunidades
escolares a fim de deixarmos de ser mais competitivas e passarmos a ser mais
cooperativos.

3.1.2. Educação para a sustentabilidade

Depois de ter-se a noção da cultura de sustentabilidade, urge a necessidade dela auxiliar-se


com a pedagogia para que esta inicie-se a ser incutida nos sujeitos a partir de uma
formação, só assim, é que teremos homens cooperativos, que é o ideal do homem
sustentável. Porém, advogamos a educação para esta molde o individuo de conhecimentos
e valores que pareciam estar em extinção.

Dito de outra maneira, anteriormente, apelidou-se de vida sustentável todo estilo de vida
que harmoniza a ecologia humana e ambiental mediante as tecnologias adequadas,
economias de cooperação e o empenho individual, caracterizada pela responsabilidade
pessoal. Mas para que haja a tal vida, a educação possui um papel fundamental.

Há respeito da necessidade de uma educação para o desenvolvimento sustentável, escreve


GADOTTI (2008:68), o seguinte:

A educação para o desenvolvimento sustentável é mais do que uma base


de conhecimentos relacionados com o meio ambiente, a economia e a
sociedade. A educação para o desenvolvimento sustentável deve ocupar-
se da aprendizagem de atitudes, perspectivas e valores que orientam e
impulsionam as pessoas a viverem mais sustentadamente suas vidas.
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Certamente, uma educação para a sustentabilidade visa formar a consciência das pessoas
com princípio e valores éticos relativos a vida das pessoas e a própria sobrevivência do
planeta. Uma vez que, as crises criadas e vividas no planeta em particular Moçambique, é o
reflexo das nossas actividades irresponsáveis sendo assim, educar para o desenvolvimento
sustentável é educar para a tomada de consciência da irresponsabilidade e supera-la.

Sobre o mesmo ponto de vista, GADOTTI (2010:09) diz o seguinte:

A responsabilidade de educar para a sustentabilidade é de todos. Ela não


se estabelece de forma impessoal e descontextualizada, mas tem a ver
com a escola que se vive, com a escola concreta de todos os dias, com
seus problemas e suas virtudes, com o contesto em que está inserida. Ela
tem a ver com o projecto da escola e com o projecto de vida das pessoas.
O desafio é justamente construir uma gestão e um currículo que
potencializem e ampliem iniciativas de sustentabilidade já existentes ou
sonhadas, dentro e fora dos espaços educativos formais.

Enfim, a educação para o desenvolvimento sustentável trata essencialmente de valores


tendo como pano de fundo o respeito pelo próximo, abarcando as gerações presentes e
futuras, a diversidade e a diferença ao meio ambiente e aos recursos existentes no mundo
onde vivemos. Portanto, graças a educação que nos tornamos capaz de formarmo-nos
como sujeitos sustentáveis, segundo a UNESCO (2005:42-43), os valores fundamentais
que a educação para o desenvolvimento sustentável deve promover, destacam-se os
seguintes:

 Respeito pela dignidade e pelos direitos humano de todos os povos em todo o


mundo e compromisso com justiça social e económica para todos;
 Respeito pelos direitos humanos das gerações futuras e o compromisso em relação
a responsabilidade inter-geracional;
 Respeito e cuidados pela grande comunidade da vida em toda a sua diversidade que
inclui protecção e restauração dos ecossistemas da Terra;
 Respeito pela diversidade cultural e o compromisso de criar local e globalmente
uma cultura de tolerância, de não-violência e de paz.
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É perceptível em muitos pesquisadores a não identificação da educação para o
desenvolvimento sustentável da educação ambiental. Estas duas educações carregam
consigo princípios diferentes, enquanto uma enfatiza a relação do sujeito com o meio
ambiente, a outra vai mais longe, buscando trazer assim, questões que o sujeito vive no seu
dia-a-dia. A citação a baixo fundamenta esta posição.

A educação para o desenvolvimento sustentável não deve ser equiparada a


educação ambiental. Educação ambiental é uma disciplina que bem
estabelecida que enfatiza as relações dos homens com o ambiente natural,
as formas de conserva-lo, preserva-lo e de administrar seus recursos
adequadamente. Portanto, desenvolvimento sustentável engloba educação
ambiental colocando-a no contexto mais amplo dos factores sócio
culturais e questões sócio políticas de igualdade, pobreza, democracia e
qualidade de vida. A perspectiva de desenvolvimento envolvendo
mudança social e evolução das condições, é também central para qualquer
análise do desenvolvimento sustentável (ibidem: 46).

Diante das abordagens a cima referenciadas fazem perceber que a educação para a
sustentabilidade é uma visão positiva do futuro da humanidade. Desta feita, a educação
sustentável implica o respeito à vida, o cuidado com toda a comunidade da vida para
formação de um mundo possível e este mundo é possível com a conscientização do
homem. Com isso, quer dizer que deve-se compartilhar valores fundamentais princípios
éticos e conhecimentos, construção de sociedades democráticas que sejam justas,
participativas, sustentáveis e pacificas.

Doravante, uma educação para a sustentabilidade se fundamenta num paradigma filosófico


que emerge na edução e propõe um conjunto de saberes ou valores interdependentes, assim
afirma GADOTTI (2003a:60), entre eles podemos destacar:

 Educar para pensar globalmente. Na era da informação, diante da velocidade com


que o conhecimento é produzido não adianta acumular informações. É preciso
saber pensar e pensar a realidade;
 Educar os sentimentos. O ser humano é único ser vivente que se pergunta sobre o
sentido de sua vida.
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 Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial. Educar para
conquistar um vínculo amoroso com a terra, não para explora-la, mas para ama-la
 Formar para a consciência planetária. Em nenhum lugar na terra deveríamos nos
considerar estrangeiros. Separar primeiro de terceiro mundo, significa dividir o
mundo para governa-lo a partir dos mais poderosos; essa é a divisão globalista
entre globalizadores e globalizados, o contrário do processo de planetarização;
 Formar para compreensão. Formar para a ética do género humano não para a ética
instrumental e utilitária do mercado. Educar para comunicar-se. Não comunicar
para explorar, para tira proveito do outro mas para compreende-lo melhor;
 Educar para a simplicidade e para a quietude. Nossas vidas precisam ser guiadas
por novos valores: simplicidade, austeridade, quietude, paz, saber escutar, saber
viver juntos, descobri e fazer juntos. Precisamos escolher entre um mundo mais
responsável frente a cultura dominante que é uma cultura de guerra, do ruído, de
competitividade sem solidariedade e passar de uma responsabilidade diluída a uma
acção concreta praticando a sustentabilidade na vida diária, na família, no trabalho,
na escola, na rua. A simplicidade não se confunde com a simploriedade e a
quietude não se confunde com a cultura do silêncio.

3.2. Desenvolvimento sustentável e a educação

Na Declaração da Iniciativa de Sustentabilidade do Ensino Superior (2012), a educação


não poderia deixar de participar das questões envolvendo o desenvolvimento sustentável,
formarem profissionais que valorize as pessoas, o planeta e o trabalho de uma forma que
respeite os limites da Terra.

Importa clarificar que as referencias mais explícitas à noção de desenvolvimento


sustentável estão sistematizadas nos trabalhos de Sachs. Este, desenvolveu a ideia de eco-
desenvolvimento, e nas propostas da comissão brundtland que projectaram mundialmente
o termo Desenvolvimento Sustentável e o conteúdo da nova estratégia oficial de
desenvolvimento.
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Porem, SACHS (1986a:110), define eco-desenvolvimento como, “o desenvolvimento
social desejável, economicamente variável e ecologicamente prudente”.

Ora, Sachs ao desenvolver a ideia de eco-desenvolvimento, propunha uma estratégia


multidimensional e alternativa de desenvolvimento que articula promoção económica,
preservação ambiental e participação social. Perseguia, com especial atenção, meios de
superar a marginalização e a dependência politica, cultural e tecnológica das populações
envolvidas nos processos de mudança sociais, marcantes em seus trabalhos o compromisso
com os direitos e desigualdades sociais e com autonomia dos povos e países menos
favorecidos na ordem internacional (cfr. SACHS, 1986b).

Outrossim, segundo BRUSEKE (1998:29), foi Sachs quem formulou os princípios básicos
desta visão de desenvolvimento. Esta visão, integrou basicamente seis aspectos que
deveriam guiar os caminhos do desenvolvimento: a) a satisfação das necessidades básicas;
b) a solidariedade com as gerações futuras; c) a participação da população envolvida; d) a
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) a elaboração de um
sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; f)
programas de educação.

Na visão de Sachs, só com estes princípios é que poder-se-á atingir e cultivar uma cultura
sustentável versada no bem-estar de todos.

Para melhor clareza, o desenvolvimento da cultura sustentável é uma resposta aos anseios
da sociedade. Visto que, ela consiste em encontrar meios de produção, distribuição e
consumo dos recursos existentes de forma mais coesiva, economicamente eficaz e
ecologicamente viável.

A respeito disso, o pensador Sachs na sua obra Estratégias de Transição para o Século XX
(1998), divide em cinco classificações o conceito de sustentabilidade: sustentabilidade
ambiental; sustentabilidade económica; sustentabilidade ecológica; sustentabilidade social
e a sustentabilidade política.
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 Sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação
dos ecossistemas;
 Sustentabilidade económica: refere-se à uma gestão eficiente dos recursos em geral
e caracteriza-se pela regularidade de fluxos de investimento pública e privado;
 Sustentabilidade ecológica: refere-se à base física do processo de crescimento e tem
como objective a manutenção de estoques dos recursos naturais.
 Sustentabilidade social: refere-se ao desenvolvimento e tem por objectivo a
melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas
de desigualdades e de inclusão social, implica a adopção de políticas distributivas e
a universalização de atendimento há questões como saúde, educação, habitação e
secularidade social.

Para um desenvolvimento includente, o homem precisa, no entanto, dar garantia do seu


sustento que se traduz pelo trabalho e pelos direitos humanos básicos tais como: saúde,
educação, moradia. A fragilidade do ambiente rural destruindo esses direitos tem definido
um panorama de desolação ambiental e humana caracterizando uma relação predatória dos
recursos e por vezes uma acomodação frente à políticas assistencialistas.

Assim, LIMA (2003:124), revela que “a proposta de desenvolvimento sustentável exige


uma dinástica discursiva, educativa, na tentativa de se conciliar eficiência económica,
justiça social e prudência ecológica”.

Nisto, podemos perceber que o comportamento de cultivo de uma cultura sustentável, deve
ser preparado pela educação, isto é, a educação tem um papel importante na criação de um
desenvolvimento sustentável na medida em que vai incutir ao homem a capacidade do
diálogo ou discurso visto que é uma chave pertinente para a criação de ideias, para a
criação e edificação da cultura com tendências sustentáveis da vida.

Segundo GADOTTI (2008), “a Carta da Terra tem um grande potencial educativo ainda
não Suficientemente explorado. Vivemos uma crise de civilizações. A educação poderá
ajudar a superá-la. A escola é o ambiente ideal para fomentar atitudes responsáveis e de
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sustentabilidade ambiental. Propicia aos cidadãos acções educativos e desenvolve condutas
colectivas e individuais”.

A escola deve incentivar a participação da comunidade escolar e a população do entorno,


nas estratégias de desenvolvimento sustentável onde cada indivíduo terá sua contribuição,
quando reavalia seus hábitos de consumo.

Por que sem a preservação do planeta, não há luta por melhores condições
de vida, não haverá justiça na distribuição de rendas, pois perdem sentido.
De nada adiantarão estas conquistas se não tiverem um planeta saudável
para viver (GADOTTI, 2008).

Segundo BOFF (1999), “para cuidar do planeta precisamos passar por uma alfabetização
ecológica e rever nossos hábitos de consumo. O que importa é desenvolver uma ética do
cuidado.” Para isso cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local e da
comunidade biótica, seja no aspecto natureza, seja em sua dimensão de cultura.

3.3. A postura do educador

Segundo GADOTTI (2003a:17), “os educadores numa visão emancipadora, não só


transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também
formam pessoas”. Então, emerge aqui a necessidade de definir a postura do educador. A
final de contas, será o educador quem formará os homens para a cidadania planetária.

O educador deve ser competente, só assim que ele passará necessariamente formar pessoas
que pautem pela cultura sustentável. Assim, a competência do educador deve carregar
consigo uma dimensão ética, visto que a ética não é simples conteúdo ou simples
disciplina, mas sim, ela deve ser um instrumento diário.

O educador deve possuir a visão futurista que ajudará a intervir nos projectos educativos da
sua sociedade, visto que são nesses projectos que é convidado a sociedade a pautar pelos
valores e princípios sustentáveis que dizem respeito a ética, liberdade, igualdade,
solidariedade, tolerância, respeito à natureza, responsabilidade compartilhada.
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Assim, diante da brilhante postura, o educador deve conceber educar como a realização da
mais bela e complexa arte da inteligência. Educar é acreditar na vida e ter esperança no
futuro, mesmo que os jovens nos decepcionem no pressente. Educar é semear com
sabedoria e colher com paciência. Em suma, é ter uma visão teleológica.

3.4. A eco-pedagogia

O termo eco-pedagogia tem o objectivo de vir a ser uma ênfase que dê conta das angústias
e do imaginário de educação Ambiental. Diante do paradigma insustentável que a
humanidade está enfrentando e a necessidade de educar as pessoas sobre a importância de
cuidar da natureza surgiu a educação ambiental.

Para FREITAS (2012), “A educação ambiental se preocupa principalmente com o meio


ambiente/natureza. Porém, à medida que o conceito de sustentabilidade foi evoluindo, viu-
se a necessidade de ampliá-la. Se manifesta a respeito de uma nova educação ambiental”.

O filosofo e pensador Moçambicano Severino Elias Ngoenha, na sua obra O Retorno do


Bom Selvagem também sentiu a necessidade de trazer as suas contribuições
epistemológicas no que concerne a questão da educação ambiental propondo a exploração
da natureza de forma racional sem por em causa os homens de hoje nem os de amanha:

É necessariamente falaciosa, uma ética que se preocupa com a vida das


gerações futuras, com homens do amanhã, mas que ignora os homens de
hoje. Para não dizer, que exige o sacrifício da vida dos homens de hoje,
em nome da vida dos homens do amanha, não se trata de conservar a
natureza esquecendo os homens de hoje, trata-se de gerir a natureza de
maneira a assegurar os homens da nossa geração e a todas as gerações
futuras a possibilidade de se desenvolverem, e talvez mesmo
simplesmente de viverem (NGOENHA, 2001: 89).

A preocupação de Ngoenha com a forma como a terra ou melhor, a natureza está sendo
explorada pelo homem presente leva-lhe a trazer essa ideia de sustentabilidade que consiste
em assegurar, de forma inédita, as condições propícias ao bem-estar físico e psíquico no
presente, sem empobrecer e inviabilizar o bem-estar no amanhã que leva Gadotti a trazer a
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eco-pedagogia como “uma pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido das
coisas a partir da vida quotidiana”.

Assim, surgiu a eco-pedagogia como um novo modo de pensar a educação. De acordo com
GADOTTI (2013:79), “Ela é uma pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido
das coisas a partir da vida quotidiana”

No mesmo banquete da eco-pedagogia, Gadotti acrescenta:

A eco-pedagogia pretende desenvolver um novo olhar sobre a educação,


um olhar global, uma nova maneira de ser e de estar no mundo, um jeito
de pensar a partir da vida quotidiana, que busca sentido a cada momento,
em cada acto, que “pensa a prática” (Paulo Freire), em cada instante de
nossas vidas, evitando a burocratização do olhar e do comportamento
(ibidem: 82).

[...] a eco-pedagogia não é uma pedagogia a mais, ao lado de outras


pedagogias. Ela só tem sentido como projecto alternativo global, em que a
preocupação não está apenas na preservação da natureza (ecologia
natural) ou no impacto das sociedades humanas sobre os ambientes
naturais (ecologia social), mas num novo modelo de civilização
sustentável do ponto de vista ecológico (ecologia integral) que implica
uma mudança nas estruturas económicas, sociais e culturais. Ela está
ligada, portanto, a um projecto utópico: mudar as relações humanas,
sociais e ambientais que temos hoje (ibidem: 94).

A eco-pedagogia implica uma reorientação dos currículos, para que estes incorporem
certos princípios, estes versados no bem-estar de todos. Já dizia Piaget que os currículos
devem contemplar o que é significado ou expressivo para o aluno. Ora, os conteúdos
curriculares, têm de ser significativos para o aluno, e só serão significativos para ele se
esses conteúdos forem significativos também para a saúde do planeta. Doravante, a
ecologia esta ligada a um projecto utópico, que versa em mudar as relações humanas,
sociais e ambientais que temos hoje, e que constitui uma preocupação profunda diante da
insustentabilidade severa nas três dimensões: ambiental, social e económica.

É necessário que cada um cuide de sua casa, do seu quintal, de sua rua, do seu bairro e do
seu ambiente. E para isso deve sentir-se integrante da sociedade, cidadão responsável pela
preservação do lugar onde vive.
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Eco-pedagogia implica em uma reorientação dos currículos para que estes incorporem
certos princípios impostos por elas. Tais princípios buscam orientar a concepção dos
conteúdos e a elaboração dos livros didácticos (Cfr. GADOTTI, 2011).

3.5. A Carta da Terra como um Potencial da Educação Sustentável

A carta da terra na educação, emerge para a construção de uma sociedade global mais
justa, sustentável e pacífica. Ela inspira todos os povos a um novo sentido de
interdependência global e responsabilidade compartilhada; ela nos desafia a examinar
nossos valores e princípios éticos.
Ora, aponta GADOTTI (2010:7), “ä necessidade do seu uso na promoção da aprendizagem
sustentável”

Aumenta a conscientização e a compreensão de problemas globais críticos (A carta da


Terra pode ser usada para desenvolver e para aumentar a conscientização e a compreensão
de professores e alunos sobre os problemas sociais, económicos e ambientais que o mundo
enfrenta);

Promove diálogo sobre os valores. A carta da Terra é um recurso valioso para promover
diálogos sobre os objectivos comuns e os valores compartilhados necessários para
construir comunidades justas e pacíficas, tanto local, quanto globalmente;

Promove o desenvolvimento ético dos indivíduos. A carta da Terra é um instrumento para


expandir a conscientização dos compromissos éticos de uma pessoa, auxiliando os
indivíduos a terem escolhas éticas íntegras;

Inspira um espírito de colaboração, cooperação e acção. A carta da terra conclui com um


pedido de acções através de novas parcerias entre a sociedade civil, e o governo em todos
níveis;

Encoraja uma visão biossensível. A carta da Terra pode ser usada para ajudar professores e
alunos a se tornarem mais conscientes e entenderem melhor a importância da
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biodiversidade, os processos naturais e os serviços de ecossistema proporcionados a todos
os seres vivos;

Aplica valores e princípios. A carta da Terra pode ser vista como guia para que a pessoa e
organizações possam comparar de maneira critica suas realidades com seus ideais;

Facilita um entendimento dos relacionamentos entre a carta da terra, politicas públicas e


leis internacionais. A carta da Terra pode ser usada para examinar o status das políticas
públicas e as leis relacionadas aos problemas do meio ambiente e do desenvolvimento;

Auxilia instituições e sistemas educacionais na reorientação do seu ensino e operações para


maneiras sustentáveis de viver.

Adicionalmente, no que tange a promoção de uma aprendizagem sustentável, escreve


GADOTTI (2010:7):

Ela tem uma missão de ajudar aos alunos, a compreenderem os desafios e preferências
críticas que a humanidade enfrenta e perceberem as interligações entre esses desafios e
escolhas;

Perceberem o significado de uma maneira de viver de forma sustentável e de


desenvolvimento sustentável e criarem objectivos e valores pessoais que levem a uma
forma de vida sustentável universalizante; e,

Avaliarem criticamente uma dada situação e identificarem objectivos de acção que


conduzam a mudanças positivas ou precisas.
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CAPITULO IV: O PROBLEMA DE INSUSTENTABILIDADE NA
CONTEMPORANEIDADE: DESAFIOS E SOLUÇÕES

O capítulo aborda alguns problemas de insustentabilidade enfrentados nas sociedades


contemporâneas, trazendo desafios a ter em conta face aos problemas de
insustentabilidade, assim igualmente propondo soluções. Falar de educação é falar de algo
que exige tempo, porque educar é apontar para o futuro.

4.1. A insustentabilidade nas sociedades contemporâneas

O planeta Terra está no seu limite. A actividade humana está afectando o equilíbrio
ambiental, o que gera diversos problemas ambientais e coloca em risco a vida na Terra.
Antigamente, os seres humanos viviam em harmonia com a natureza, retiravam dela
apenas o necessário para a subsistência e se adaptavam as condições ambientais. Isso
fornecia ao meio ambiente condições de se recuperar e, assim, manter seu equilíbrio. Havia
o suficiente para a necessidade de todas as pessoas. Além disso, tudo que era consumido
gerava resíduos que a natureza conseguia reaproveitar.

À medida que a sociedade evolui, o equilíbrio do meio ambiente começou a ser afectado.
Além do aumento populacional, as pessoas passaram a consumir mais que o necessário. A
cultura predominante prega um consumo exagerado de bens materiais, é necessário ter
cada vez mais. Consequentemente, cada vez mais recursos são retirados do meio ambiente.
Repor o que foi consumido está se tornando cada vez mais difícil para a natureza. Além
disso, há a ilusão de que os recursos naturais são infinitos, o que gera o desperdício.

Importa destacar que o avanço tecnológico trouxe muitas mudanças, algumas positivas e
outras negativas. A primeira mudança se refere à capacidade do homem de alterar a
natureza de acordo com sua vontade e necessidade. A segunda mudança se refere aos
hábitos de consumo. Hoje, a sociedade produz e consome materiais que o meio ambiente
tem dificuldade de reciclar, gerando poluição e interferindo no equilíbrio ecológico, logo,
ajudando a agravar o impacto ambiental.
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Isso gerou o que BOFF (2013:67) chamou de “Antropocentrismo ilusório”, que “coloca o
ser humano no centro de tudo, como rei e rainha da natureza, o único que tem valor”. Essa
ilusão incentiva a exploração irracional e a perda de noção de colectivo, de fazer parte de
um todo. Além de problemas ambientais, isso criou problemas sociais (injustiças,
desigualdades, preconceitos, pobreza, escravidão etc.).

A acção do homem na relação com o meio ambiente tem interferido significativamente nos
ecossistemas causando degradação ambiental. Além da humanidade estar extraindo
recursos de modo irracional, a poluição é outro grande problema. A humanidade está
poluindo solo, ar e água. A poluição está alterando as relações químicas, físicas e
biológicas dos ecossistemas e gerando problemas que alcançam a escala global. Destruição
da camada de ozóno, aquecimento global, desertificação e chuva ácida são alguns dos
principais desequilíbrios ambientais estudados e monitorados por cientistas do mundo
todo.

Ora, os problemas ambientais atuais de contaminação dos recursos hídricos, contaminação


do solo, poluição atmosférica, devastação de florestas, caça indiscriminada e outros, têm
aumentado significativamente, com repercussão no meio ambiente mundial.

Antes, era comum haver pessoas que duvidavam da existência dos problemas ambientais.
Hoje, diante da diminuição da biodiversidade, das mudanças climáticas e outros
problemas, não há mais dúvidas e surge a urgência de mudar a relação destrutiva do
homem com a natureza.

Sobre situação global insustentável encontra-se citado na Carta da Terra (2000):

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando


devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção
de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do
desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença
entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância
e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento.
O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado
o sistema ecológico e social. As bases da segurança global estão
ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
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FREITAS (2012:25-26), em seu texto destaca também o tamanho da crise que a
humanidade vive:
Trata-se, sem dúvida, de crise superlativa e complexa. Crise do
aquecimento global, do ar irrespirável, da desigualdade brutal de renda,
da favelização incontida, da tributação regressiva e indirecta, da escassez
visível da democracia participativa, da carência flagrante de qualidade da
educação (inclusive ambiental), das doenças facilmente evitáveis, da falta
de paternidade e maternidade conscientes, do stress hídrico global, da
regulação inerte, tardia ou impotente, do desaparecimento de espécies, da
queimada criminosa, da produção de resíduos que cresce em ritmo
superior ao da população e da impressionante imobilidade urbana.

Todavia, a preservação ambiental é uma forma de garantia pela qualidade de vida futura do
cidadão, uma maneira de educar para a sustentabilidade evitando o agravamento dos
problemas ambientais.

(...) a degradação ambiental se manifesta como sintoma de uma crise de


civilização, marcada pelo modelo de modernidade regido pelo predomínio
do desenvolvimento da razão tecnológica da natureza. A questão
ambiental problematiza as próprias bases da produção; aponta para a
desconstrução do paradigma econômico da modernidade e para a
construção de futuros possíveis, fundados nos limites das leis da natureza,
nos potenciais ecológicos, na produção de sentidos sociais e na
criatividade humana. (LEFF, 2005: 17).

A crise ambiental estabelecida chama a atenção para uma mudança de postura frente ao
crescimento econômico, visando à preservação do meio ambiente.

(...) A sustentabilidade ecológica aparece assim como um critério


normativo para a reconstrução da ordem econômica, como uma condição
para a sobrevivência humana e um suporte para chegar a um
desenvolvimento duradouro, questionando as próprias bases de produção
(Ibidem:15).

Como diz o autor paulo freirre “o conscientizar não pode estar desvinculado de uma ação
bem concreta e eficaz” (Cfr. Freire, 1980:7).

4.2. As reformas e a conspecção teleológica da educação

Na actualidade, uma das preocupações de toda camada educativa é a de pensar nas


reformas educativas como actividades de princípios que proporcionem as metamorfoses
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necessárias para acomodar o sistema educativo de um país aos objectivos nacionais e aos
compromissos sociais adquiridos dentro da própria sociedade.

Em quase todas ideologias, considera-se a educação como uma actividade de princípios


com a qual se pode promover, entre outras coisas, a justiça, a equidade, a formação de
cidadãos democráticos ou a de trabalhadores mais precisos e competentes no exercício das
suas funções, indivíduos com capacidades de resolução dos problemas.

Com o debate de reforma, pretende-se com o mesmo não caminhar para a anterior, mas
sim a necessidade de uma nova reforma na nossa educação. Neste, leva-nos a pensar que a
reforma é um problema de administração social e que este versa constituir e reconstruir a
alma do indivíduo.

Diz IMBERNÓN (2000:141):

O problema liberal da administração social, é fazer o indivíduo em prol da


liberdade, com um significado do termo liberdade construído através de
conceitos, tais como auto-motivação, auto-realização, capacitação e voz.
Todavia, a liberdade pretendida não é um princípio absoluto sobre a
emancipação individual ou colectiva que existe como tal, fora de uma
forma específica de sociedade e de sociabilidade, mas uma “liberdade”
construída socialmente dentro das fronteiras de acção.

Com este pensar, há-de perceber que a liberdade está acompanhada de uma concepção
determinada da história, da cultura e da sociedade, em que se metamorfoseia o indivíduo
em alguém capaz de agir com um certo juízo de responsabilidade e com aparente
autonomia.

Uma cultura versada na sustentabilidade carrega consigo a necessidade de transformação


do homem, e essa transformação é determinada pela existência da liberdade.

Outrossim, notabiliza-se a aceitação das práticas de reforma escolar como modelos de


administração social. Com o debate de reforma escola como modelo de administração
social, como o conjunto de práticas ou processos organizacionais formais, mas sim o
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conhecimento que ordena e disciplina a acção e a participação, isto é, o conhecimento é
uma prática de administração social.

Na mesma senda de ideias, CASTIANO & NGOENHA (2006:96), na obra intitulada a


“longa marcha de educação em Moçambique”, postulam o seguinte:

As estratégias pedagógicas ou metodológicas centradas no aluno e os


princípios pedagógicos culturalmente sensíveis e seus derivados, são
dadas como estratégias pedagógicas e metodológicas que a reforma
curricular no ensino básico privilegia. Espera-se com elas que o ensino
acomode e potencie a vivência cultural e as potências do mundo, da vida,
trazidas pelos alunos.

Um dos objectivos das reformas é a mudança, neste âmbito aspira-se com este pensar,
linhas mestras de uma educação sustentável que espelhe os princípios de igualdade, a não
exclusão, o multi-culturalismo, a tolerância, o bem comum para que todos tenham uma
vida sustentável.

Uma educação ambiental voltada à reutilização minimizará o impacto dos descartáveis,


introduzindo tais produtos novamente no sistema produtivo de forma a se transformar em
novo produto. “Sendo considerada uma educação completa, aquela que versa sobre o
consumo sustentável, a reutilização de materiais e redução de descarte de embalagens”
(Cfr. CORTEZ & ORTIGOZA, 2007:12-34).
A Educação Ambiental é um caminho estratégico na condução do processo de transição
para uma sociedade sustentável. Este processo exige o compromisso do Estado e de
cidadania, onde cada indivíduo, as comunidades e as nações vivam irmanados em laços de
solidariedade e harmonia com a natureza. Desta forma, a Consciência Ambiental está
vinculada a criação de novos valores e conhecimentos, num projeto histórico de
transformação da realidade social.

Diante da revolução democrática pretendida com a educação actual, Paulo Freire exige-nos
lucidez e força para ler o mundo que se deseja transformar sem preconceitos, buscando
soluções novas para velhos problemas. O desafio é enorme e exige contribuição de todos.
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Diz GADOTTI (2000:11):

Para entender o futuro, é preciso revisitar o passado, assim, o mesmo,


quanto a abordagem de perspectivas actuais da educação é também, falar,
discutir, identificar o espírito presente no campo das ideias, dos valores e
das práticas educacionais que as perpassa, marcando o passado,
caracterizando o presente e abrindo possibilidades para o futuro.

Para tanto, na preservação do nosso planeta, precisamos desenvolver métodos de ensino-


aprendizagem voltados ao conjunto homem/natureza como inseparáveis, atentos para
defender o meio ambiente. Com esse argumento, Capra sugere:

(...) um sistema de educação para a vida sustentável, baseado na


alfabetização ecológica, dirigido às escolas de primeiro e segundo grau.
Esse sistema envolve uma pedagogia cujo centro mesmo é a compreensão
do que é a vida; uma experiência de aprendizado no mundo real (plantar
uma horta, explorar um divisor de águas, restaurar um mangue), que
supera a nossa separação em relação à natureza e cria de novo em nós
uma noção de qual é o lugar ao qual pertencemos; e um currículo no qual
as crianças aprendem os fatos fundamentais da vida que os resíduos de
uma espécie são alimentos de outra; que a matéria que circula
continuamente pela teia da vida; que a energia move os ciclos ecológicos
vem do sol; que a diversidade é a garantia da sobrevivência; que a vida,
desde os seus primórdios há mais de três bilhões de anos, não tomou
conta do planeta pela violência, mas pela organização em redes (CAPRA,
2005:240). .

4.3. A cultura de sustentabilidade e suas implicações

É bem sabido que a cultura sustentável é aquela que versa pelo bem-estar de todos, bem
este que deve ser cultivado por cada indivíduo que pertence essa sociedade. Por causa de
perca de valores que a sociedade vem se deparando, houve a necessidade da pregação da
sustentabilidade.

O romper da insustentabilidade, leva-nos a criação de cultura de sustentabilidade que


segundo GADOTTI (2008:47), “é também, por isso, uma cultura da planetariedade, isto é,
uma cultura que parte do princípio de que a Terra é constituída por uma só comunidade de
humanos, os terráqueos, e que são cidadãos de uma única nação”.
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Hoje de que nunca, vive-se em um mundo caracterizado por mudanças, complexidade e
paradoxos. A par disso, o crescimento económico e a criação de riqueza contribuíram para
a diminuição das taxas globais de pobreza, mas a vulnerabilidade, a desigualdade, a
exclusão, a poluição do meio ambiente e a violência aumentaram tanto dentro de uma
sociedade seja ela Moçambicana, quanto entre sociedades em todo o mundo.

Diante do engajamento na obsessão do lucro, o esquecimento do valor humanista e a não


preocupação na perigação da vida do ser humano, fazem com que padrões insustentáveis
de produção económica e de consumo promovem aquecimento global, degradação
ambiental e um agravamento de desastres.

Segundo HUTCHISON (2000: s/d), “as reorientações culturais são essenciais para
garantirmos a viabilidade futura da comunidade da Terra e da espécie humana”. Assim,
necessitamos de alternativas para os padrões actuais do pensamento económico e de
exploração do mundo natural. Contudo, uma mudança para uma visão mais biocêntrica e
menos antropocêntrica exigirá:

 A existência de panejamento económico e elaboração de politicas que tenham por


base uma consideração cuidadosa para com as necessidades de toda comunidade da
Terra, em vez de focarem-se basicamente sobre interesses humanos;
 Um reconhecimento da interconexão de todos os fenómenos da natureza e do
impacto humano sobre o mundo natural;
 Um reconhecimento de que o ser humano é uma parte implícita do mundo natural,
indissociavelmente conectado ao seu funcionamento e ao seu destino;
 Novas concepções para o tempo, desenvolvimento e progresso, principalmente no
mundo ocidental.

Viver sustentadamente, significa certamente uma grande mudança para os seres humanos.
Segundo o relatório Cuidando do Planeta Terra (1991:5), “ para começar, precisaremos de
aceitar as consequências de aceitarmos de sermos parte de uma grande comunidade de vida
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e nos tornar mais conscientes dos efeitos de nossas decisões sobre outras sociedades,
futuras gerações e outras espécies”.

Assim, SACHS (1986b), salienta que “não pode haver desenvolvimento a longo prazo sem
uma vontade de desenvolvimento organizada em um projecto coerente de civilização”.

No entanto, GARDNER (2001:201), denomina o processo de que necessitamos de


“evolução cultural”. E, argumenta ainda que “ao explorar nosso potencial como agentes
conscientes da evolução cultural, pode-se criar uma civilização sustentável e digna de ser
chamada humana”.

Enquanto assinala-se grandes progressos tecnológicos que conduzem a uma maior


interconectividade e oferecem novos caminhos para intercâmbio, cooperação e
solidariedade, mesmo com esses traços que almejam-se através da conectividade planetária
também aferisse a proliferação da intolerância cultural e religiosa, mobilização política
baseada em identidade e conflitos. Portanto, essas mudanças assinalam a emergência de
um novo contesto para aprendizagem global, com implicações vitais para a educação.

Repensar os propósitos da educação e a organização da aprendizagem, nunca foi mais


urgente do que na actualidade. A criação de uma cultura versada na sustentabilidade
implica o dialogo, uma educação humanística e do desenvolvimento, estas, baseadas no
respeito pela vida e pela dignidade humana, igualdade de direitos, justiça social,
diversidade cultural, solidariedade internacional responsabilidade compartilhada por um
futuro sustentável.

Todavia, os princípios imprescindíveis da sustentabilidade fazem com que consideremos a


educação e conhecimento como bens comuns mundiais, a fim de conciliarmos o propósito
e a organização da educação como um esforço colectivo da sociedade em um mundo
complexo e equiparando por perca de valores.

Para haver um desenvolvimento de sustentabilidade versada na cultura, é


preciso atender às necessidades básicas de todos e dar a todos a
oportunidade de realizar suas aspirações de uma vida melhor. Um mundo
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onde a pobreza é endémica estará sempre sujeito a catástrofes ecológicas
ou de outra natureza (NOSSO FUTURO COMUM, 1991: 10).

É preciso que todos estejamos engajados em gerar forças para uma cultura sustentável
global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça
económica e na cultura da paz, precisamos tornar-se prioridade em nossa empreitada em
direcção a um mundo ambientalmente saudável. Assim, de acordo com Agenda 21
(1995:7):

É preciso conquistar os corações e as mentes das pessoas para a causa


ambiental, causa esta que, na verdade não se restringe a questões
exclusivamente ecológicas, mas engloba também desafios como a
erradicação da pobreza, a afirmação global irrestrita dos direitos humanos
e a consolidação da paz entre os povos.

Portanto, precisa-se de políticas universais versadas no bem-estar das pessoas e a educação


tem um papel crucial. A função catalisadora da educação diz respeito a educação formal
assim como a educação informal.

4.4. Reformulação de currículos para novos problemas

Diante dos avanços e a proliferação da informação que a sociedade actual nos expõe,
verifica-se que há necessidade de repensar o currículo, visto que o actual apresenta-se
insustentável. As novas ou modernas tecnologias da informação e comunicação, que cada
vez mais impactam a sociedade contemporânea, chegam a escola onde tem que conviver
com velhos currículos. Esta convivência proporciona vários problemas em quase todas
dimensões da sociedade.

Assim, a escola está sendo desafiada a repensar seu currículo, de forma a integrar o
computador e a tecnologias, como a internet, nos processos de aprendizagem na
transformação da sociedade e responder aquilo que tem sido os problemas, levando por
essa inadequação do velho ao moderno.

Hoje, nas escolas, as novas tecnologias de informação e comunicação convivem com velho
currículos. As escolas Moçambicanas começam a se revelar como expressivos visto que
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algumas delas já estão equipadas com computadores e tem agora o problema de integra-los
à vida que ocorre quotidianamente em suas salas de aula e ajusta-los no desenvolvimento
do seu currículo.

Hoje, nos é crucial ver a questão do currículo numa dimensão mais contemporânea, ou
seja, hodierna, currículos na escola do século XXI, currículo pós-moderno. Isso não quer
significar que somente esta se falar de um novo tempo. E é pertinente pensar-se o currículo
numa nova escola, para uma nova educação. Entretanto, diz respeito a educação virada a
formação para a vida sustentável.

De acordo com MARINHO (2006:10), “um dos maiores desafios da escola de hoje é
pensar sua função social numa sociedade mergulhada na informação, globalizada. É pensar
sua função numa sociedade que ainda continua injusta, que ainda descrimina, que ainda diz
não aos novos favorecidos”.

Quanto se quer entrevir no processo de ensino e aprendizagem, deseja-se com o mesmo o


alcance as finalidades de uma educação ajustada aos novos tempos e que seja capaz de dar
pronta e eficiente respostas às novas demandas socioculturais concretas, a questão do
currículo, torna-se evidentemente, desafiadora; vira um problema, um problema sério.

Portanto, se pode perceber o currículo como processo e produto das relações sociais. Essas
relações não são permanentes, pois não são permanentes na escola, todos actores nela
convidados. A escola tem tempos diferentes, pessoas diferentes, com histórias diferentes
que notabilizam-se num multiculturalismo.

Escreve GADOTTI (1998:281), na sua obra pedagogia da praxis o seguinte:

A educação multicultural pretende enfrentar o desfio de manter o


equilíbrio entre a cultura local, regional, própria de um grupo social ou
minoria étnica, e uma cultura universal, patrimonial da humanidade. A
escola que se insere nessa perspectiva procura abrir os horizontes de seus
alunos para a compreensão de outras culturas, de outras linguagens e
modos de pensar, num mundo cada vez mais próximo, procurando
construir uma sociedade pluralista e interdependente. Ela é ao mesmo
tempo uma educação internacionalista, que procura promover a paz entre
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os povos e nações e uma educação comunitária, valorizando as raízes
locais da cultura, o quotidiano mais próximo em que a vida de cada um se
passa.

Igualmente, o currículo deve reflectir vontades, desejos e necessidades desses diferentes


actores, obrigatoriamente tem que modificar no tempo. Tem que ser dinâmico, para não
perder o seu sentido ou a sua razão de ser.

Por essa razão, GOODSON (1995:67) acrescenta que “precisamos abandonar o enfoque
único posto no currículo como prescrição”. Isto significa que devemos adoptar plenamente
o conceito de currículo como construção social, primeiramente em nível da própria
prescrição, mas depois em nível de processo e prática.

Já na visão de DOLL (1997:26), “um dos grandes desafios da edução do mundo pós-
moderno é planejar um currículo que tanto acomode quanto estenda, que tenha a tensão
essencial emirja uma reequilibração nova, que seja mais abrangente e mais
transformadora”.

É papel do professor fazer com que ocorra o desequilíbrio e a educação multicultural,


procurar equacionar os problemas criados pela diversidade cultural diante da obrigação do
estado, oferecer uma educação igual para todos e, ao mesmo tempo, procurar apontar
estratégias de separação desses problemas com vista a cumprir a tarefa humanista. Nesse
âmbito, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua.
Porém, a escola deve ser um local, como ponto de partida e como ponto de chegada, ela
deve ser internacional e intercultural.

Espaços educadores sustentáveis são aqueles que tem a internacionalidade


pedagógica de se construir em referências de sustentabilidade sócio
ambiental, isto é, espaços que mantenham uma relação cuidadosa com o
meio ambiente e compensem seus impactos com o desenvolvimento de
tecnologias apropriadas, permitindo qualidade de vida para as gerações
presentes e futuras (GOMES et all, 2017).

Portanto, o que faz com que haja o desenvolvimento de uma educação sustentável é a
questão das mudanças nos modelos educacionais e, sobretudo, a formação do educador.
Sempre se falou que o professor deve respeitar a cultura do aluno, mas poucos
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instrumentos foram apontados para auxiliar o professor dessa tarefa. A educação
multicultural vem em auxílio do professor para melhor desempenhar sua tarefa de falar ao
aluno concreto.

Conclusão

A poluição mental, que origina a má gestão económica, o ser anti-social e o não cultivo de
valores aceitos, tem preocupado muitas pessoas. Nesta linha, vimos na educação um papel
eminente que pode ajudar este homem a pautar por valores sustentáveis em toda a dimensão.

Mas, importa clarificar que Buscar uma educação que seja pautada em princípios e
fundamentos que sejam válidos, actuais e funcionais, na actualidade, é um desafio, visto do
ponto de vista conservacionista.

Para isso, é necessário deixar de lado a educação dos moldes antigos, baseada em simples e
puro produtivismo e exploração dos recursos naturais, e isso é feito, partindo-se do
princípio que a terra não é apenas um corpo astronómico, mas sim um ser vivo, do qual
todos são responsáveis.

A educação tem um papel de formar o homem para que este seja sustentável, para que este
possua respeito pela dignidade e direitos humanos de todos os povos; pela diversidade
cultural e o compromisso de criar uma cultura de tolerância; de não-violência e de paz,
assim como possua compromisso com justiça social e económica; com a responsabilidade;
respeito.

A educação que tem por meta o desenvolvimento sustentável não deve ser abordada
somente do ponto de vista ambiental, afinal de contas, de acordo com Moacir Gadotti, o
caminho para a sustentabilidade está intimamente ligada às mudanças no âmbito social,
político e económico do planeta.

Então, a educação deve ajudar o homem a responder as questões fundamentais da época,


possibilitando aos educandos adquirir habilidades, capacidades, valores e conhecimentos
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necessários para assegurar o desenvolvimento sustentável; a de preservação do meio
ambiente e de formação de uma consciência ecológica; e ela, a educação, deve ser de todos
níveis e em todos os contextos sociais, bem como forme cidadãos responsáveis que
promovam a democracia ao permitir que indivíduos e comunidades desfrutem seus direitos
e que cumpram suas responsabilidades

Uma educação para a sustentabilidade se fundamenta num paradigma que emerge na


educação e propõe um conjunto de saberes, onde deve-se educar, para: pensar globalmente,
sentir e ter sentido, cuidar e cuidar-se, viver com sentido cada instante da nossa vida;
ensinar a identidade terrena e conquistar um vínculo com a terra; a compreensão; a ética
com o género humano; comunicar-se; a simplicidade e para a quietude.

Então ficou claro que a vida sustentável, defendida por Gadotti, é um estilo de vida que se
caracteriza pela responsabilidade pessoal, atendendo as necessidades do presente sem
comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem suas necessidades. E um
dos desafios da cultura de sustentabilidade é, obviamente, a conscientização.

Cidadania planetária e consumo responsável, que até certo tempo atrás não passavam de
conceitos utópicos hoje fazem parte do quotidiano da educação. Esta por sua vez, através
do acompanhamento diário, busca incutir valores referentes à necessidade de um
amadurecimento dos conceitos de cidadania planetária, bem como consumo sustentável.

A consequência, segundo GADOTTI (2000:24) será marcada pelas mudanças globais nos
actuais sistemas políticos e económico aos quais estamos inseridos, gerando consequências
benéficas para a qualidade de vida das gerações futuras.

Segundo MUCELIN (2006:256), mudar-se tal e qual fazia o homem das cavernas, como
forma de enfrentamento da problemática gerada pelo lixo, não é a solução nem para a
população de Medianeira, nem para qualquer habitante do planeta. Faz-se necessário
construir uma nova percepção ambiental na qual o cidadão não seja alheio, mas parte
integrante da natureza.
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A educação funciona como salva vidas neste mar onde os valores afogam-se. E só com
homens formados na base da altura sustentável é que teremos os novos valores.

Contudo, é necessário que cada um cuide de sua casa, do seu quintal, de sua rua, do seu
bairro e do seu ambiente. E para isso deve sentir-se integrante da sociedade, cidadão
responsável pela preservação do lugar onde vive.

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