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Ficha de Trabalho – Descartes

“Porque enfim, quer estejamos acordados, quer durmamos, nunca nos devemos deixar
persuadir senão pela evidência (da razão). Note-se que digo razão, e não imaginação ou
sentidos. Porque, embora vejamos o Sol muito claramente, não devemos julgar por isso
que ele tem apenas a grandeza que lhe vemos; e podemos à vontade imaginar
distintamente uma cabeça de leão unida ao corpo de uma cabra, sem que tenhamos de
concluir, por isso, que no mundo existem quimeras. Por que a razão (…) garante-nos
bem que todas as nossas ideias ou noções devem ter algum fundamento verdadeiro;
porque não seria possível que Deus, que é inteiramente perfeito e verídico, as tivesse
posto em nós sem isso.” Descartes, Discurso do Método

Esclareça o problema levantado no texto acima transcrito e mostre o percurso que


conduz da dúvida inicial à prova da existência de um ser sumamente perfeito.

René Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês do


século XVII muito revolucionário no mundo da filosofia. Isto dava-se à
razão de defender ideais controversos para a sua época.
Um dos argumentos que este grande pensador defendia era o
Génio Maligno. Descartes dizia que não somos capazes de distinguir o
nosso sono pela nossa suposta realidade, por isso não podemos confiar no
que observamos e ouvimos. Porém, o facto de nós conseguirmos
perceber que estamos a ouvir ou a ver algo pode indicar que, apesar da
realidade exterior ser falaciosa e enganadora, pelo menos deve existir, já
que estamos a sonhar com ela no nosso sono.
“Eu penso logo existo”, uma afirmação deste pensador que acompanha
este argumento, sendo o “eu” da afirmação um sujeito pensante que
depende de um corpo, e que consiste apenas da sua razão, ou seja, da sua
alma e pensamento.
Descartes coloca então uma questão que pode ter gerado alguma
controvérsia na altura, “Será que essa substância pensante poderá ser
perfeita?”. Visto que o sujeito duvida das suas afirmações, e como
Descartes disse anteriormente “existe maior perfeição em conhecer do
que em duvidar”, podemos concluir que o sujeito pensante nunca poderia
ser perfeito. Sendo assim, quem ou o que será o elemento perfeito, e o
que pode ter gerado a ideia da perfeição?
A primeira hipótese apresentada pondera que a perfeição terá surgido do
nada, mas fora de imediato recusada e considerada inválida pois nada
surge do nada. A segunda hipótese afirma que a perfeição surgiu através
do sujeito pensante, que também é altamente refutada porque é
impossível a perfeição estar ligado a um ser imperfeito e ser dependente
dele, sendo a dependência um sinal forte de imperfeição. Existe então
uma terceira hipótese, que coloca em dúvida a existência de Deus, já que
o sujeito tem a possibilidade de existir e de saber disso, mas não de saber
a causa e razão da sua existência. Então, Descartes afirma que tem que
haver um sujeito perfeito, que seja a causa da perfeição e da existência da
substância pensante, sendo assim confirmado que a ideia da perfeição
tenha sido colocada na substância pensante por Deus.

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