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Universidade Federal do Paraná

Curso de Engenharia Química


CQ320 - Físico-química Experimental – EQA
Profª Regina Maria Queiroz de Mello
11/07/2022
Bancada nº 1
Alunos: Ariane do Nascimento Forte, Caio Augusto Cessel, Gustavo Marcondes de
Barros, Matheus Polati Farinhas e Nicole Mantoani

PRÁTICA 05 – COLOIDES

1. INTRODUÇÃO
Os coloides, ou sistemas coloidais, são misturas heterogêneas de pelo menos
duas fases diferentes, com a matéria de uma das fases na forma dispersa, misturada
com a fase contínua, denominada meio de dispersão. Essas partículas dispersas têm
um diâmetro compreendido entre 1 nanômetro e 1 micrometro, partículas estas que
podem ser átomos, íons ou moléculas. (SCHIFINO, 2013).
As partículas coloidais são menores que as partículas passíveis de serem
observadas num microscópio óptico, mas possuem dimensões superiores às das
moléculas comuns. No nosso dia a dia, os coloides podem ser encontrados em alguns
alimentos à base de leite, em produtos de higiene pessoal, como cremes e outros,
além do sangue humano (coloide biológico). (SCHIFINO, 2013).
As propriedades dos coloides se assemelham as misturas homogêneas,
porém, os coloides apresentam uma propriedade única chamado Efeito Tyndall,
causado pela dispersão da luz por parte das partículas coloidais. Tal fenômeno é
ilustrado na FIGURA 01. (SCHIFINO, 2013).

FIGURA 01 - Radiação luminosa transmitida e dispersada por uma solução coloidal

FONTE: (SCHIFINO, 2013)


No experimento, será utilizado a albumina (uma proteína) dissolvida em água
como exemplo de sistema coloidal, no qual temos a presença de um grupo (-NH2)
básico, um grupo (-COOH) ácido e uma cadeia lateral (grupo R). (MELLO, 2022).
No sistema estudado temos dois fatores que promovem a estabilidade desses
grupos, sendo esses a carga elétrica e a solvatação da mistura contendo a albumina.
(MELLO, 2022).
• A carga elétrica é decorrente da carga da presente na proteína, tal carga é
resultado dos íons dissolvidos (NH3+ e COO-) com pH’s bastante diferentes. O
equilíbrio entre os processos reacionais desses dois íons é chamado de ponto
isoelétrico (pl).
• A solvatação, por sua vez, é a atração da região polar da molécula de albumina
com o solvente (água), criando uma barreira para a molécula e dificultando a
coagulação do sistema.
2. OBJETIVO
O objetivo deste experimento é avaliar o comportamento de coagulação das
amostras de solução de albumina (que funciona como sistema coloidal) em 3
diferentes índices de acidez juntamente com soluções de Cu(NO 3)2, K4[Fe(CN)6]
concentradas e diluídas e etanol.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
Reagentes: solução de albumina (3,0 mg/ml), soluções de 𝐶𝑢(𝑁𝑂3 )2 (1%, 0,1%
e 0,01%), soluções de 𝐾4 [𝐹𝑒(𝐶𝑁)6 ] (1%, 0,1% e 0,01%), etanol e ácido acético
glacial.
Vidrarias: béqueres, tubos de ensaio, pipeta graduada de 5 ml.
Equipamentos: PHmetro.

3.2 MÉTODOS
3.2.1 PARTE 1
Na primeira parte do experimento, analisou-se o comportamento da solução de
albumina em pH menor do que o ponto isoelétrico. Para isso, foram transferidos 30
ml de solução de albumina para um béquer e o pH foi medido com o PHmetro.

Foram colocados 5 ml da solução em dois tubos de ensaio. Ao primeiro, foram


adicionadas 5 gotas da solução de nitrato de cobre, começando pela de concentração
de 1% e, se houve coagulação, o teste foi repetido com outra amostra de 5 ml e com
5 gotas de uma solução 10 vezes mais diluída. Esse procedimento foi repetido até
não haver mais coagulação, adicionando as soluções de concentração cada vez
menor de nitrato de cobre.

Analogamente, foram colocados 5 ml de solução em dois outros tubos de


ensaio. Ao primeiro, adicionou-se 50 gotas de etanol (2,5 ml) e, ao segundo, 5 gotas
da solução de ferrocianeto. Analisou-se, então, se houve coagulação ou não nos
tubos.

Dada uma solução, se houve coagulação (solução turva), o resultado foi


marcado como “+” em uma tabela e, se não houve, marcou-se “-”.

3.2.2 PARTE 2
Na segunda parte do experimento, analisou-se o comportamento da solução
de albumina em pH próximo ao ponto isoelétrico. Para isso, foram transferidos 50 ml
de solução de albumina a um béquer e adicionadas 1-2 gotas da solução de ácido
acético. O pH foi medido com um PHmetro até se tornar 4,6.
Foram transferidos 5 ml da solução para três tubos de ensaio. Ao primeiro,
foram adicionadas 5 gotas da solução de nitrato de cobre a 1%; ao segundo, 50 gotas
de etanol (2,5 ml); ao terceiro, 5 gotas de solução de ferrocianeto a 1%.

Os resultados de turvação ou não da solução foram anotados na Tabela 01,


comentada no tópico anterior.

3.2.3 PARTE 3
Na parte final do experimento, analisou-se o comportamento da solução de
albumina em pH menor que o ponto isoelétrico. Foram adicionadas mais gotas de
ácido acético à solução restante no béquer da PARTE 2, para que o pH baixasse a
3,2. As medidas de PH foram feitas com o PHmetro a cada adição de ácido.

Foram colocados 5 ml da solução em dois tubos de ensaio. Ao primeiro, foram


adicionadas 5 gotas da solução de ferrocianeto, começando pela de concentração de
1% e, se houve coagulação, o teste foi repetido com outra amostra de 5 ml e com 5
gotas de uma solução 10 vezes mais diluída. Esse procedimento foi repetido até não
haver mais coagulação, adicionando as soluções de concentração cada vez menor.

Analogamente, foram colocados 5 ml de solução em dois outros tubos de


ensaio. Ao primeiro, adicionou-se 50 gotas de etanol (2,5 ml) e, ao segundo, 5 gotas
da solução de nitrato de cobre. Analisou-se, então, se houve coagulação ou não nos
tubos.

Os resultados foram anotados na Tabela 01, comentada no tópico anterior.


4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao realizar o experimento foram obtidos os seguintes resultados:

TABELA 1 – Tabela de observações


pH 9,80 4,50 3,28
Cu2+ (1%) + - -
2+
Cu (0,1%) - - -
Cu2+ (0,01%) - - -
EtOH - + -
4-
Fe(CH)6 (1%) - - +
4-
Fe(CH)6 (0,1%) - - -
4-
Fe(CH)6 (0,01%) - - -

(+) coagulou
(-) não coagulou
FONTE: Os autores (2022).

O ponto isoelétrico (pI) da albumina é 4,65. Dessa forma, na primeira parte do


experimento foi utilizado um pH superior ao pI. Assim a carga resultante é devido ao
grupo COO-. Nesse caso era esperado que fosse necessária uma solução iônica
positiva, de forma a equilibrar as cargas negativas, para que a proteína adquira carga
nula e se desestabilize, coagulando facilmente. Foi justamente isso o observado, já
que o sistema coagulou na adição da solução de nitrato de cobre a 1%.

Na segunda parte, o pH estava próximo ao pI. Assim a carga da albumina já


estava nula e o sistema se desestabilizou facilmente com a adição de etanol, visto
que esse não interferiu nas cargas da proteína. Além disso, o etanol é miscível em
água, desarranjando o sistema de solvatação, mantendo o sistema instável e
suscetível à coagulação

Por fim, o pH obtido foi abaixo do pI. Nesse caso a albumina tem carga
resultante positiva, advinda do grupo NH+3 . Logo o esperado é que fosse necessária
uma carga negativa para neutralizar o sistema. Isso foi o observado, pois ao adicionar
a solução de ferrocianeto de potássio a 1% houve coagulação.
5. CONCLUSÃO
O presente relatório teve como objetivo avaliar a coagulação de amostras de
albumina em diferentes indicies de acidez (na forma mais básica, até uma forma mais
ácida) com a adição das soluções de Cu(NO3)2, K4[Fe(CN)6] e etanol.

Ao adicionar as soluções acima mencionadas, o sistema reagiu da forma


esperada, isso porque foram usados diferentes índices de acidez para que estes
correspondessem valores iguais, maiores e menores que o ponto isoelétrico da
solução de albumina.

Dessa forma, as soluções mais diluídas de Cu(NO3)2 e K4[Fe(CN)6] não


apresentaram qualquer tipo de coagulação na sua totalidade. Contudo, ao adicionar
a solução mais concentrada de Cu(NO3)2 na albumina acima do ponto isoelétrico (pH
básico) e solução mais concentrada de K4[Fe(CN)6] na albumina abaixo do ponto
isoelétrico (pH muito ácido) fizeram com que ambas as misturas coagulassem de
forma a neutralizar as cargas da solução, sendo a primeira uma solução iônica
positiva e a segunda uma solução iônica negativa para obter o equilíbrio. Já no caso
da albumina no ponto isoelétrico, fez com que a mínima adição de etanol já
coagulasse a mistura.

Por fim, conclui-se que os resultados obtidos no experimento realizado no


laboratório foram condizentes com a forma que é posta na literatura.
6. REFERÊNCIAS

MELLO, R. M. Q. Roteiro De Aulas Da Disciplina CQ 320 Físico-Química


Experimental. Curso: Engenharia Química. 2022

SCHIFINO, J. Tópicos de Físico-química. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2013.

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