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“ Sobre ter amigos” – Ajahn Mudito ( Professor, Mestre Mudito)

Uma coisa que Buda elogiava bastante era ter bons amigos, evitar ter más companhias,
como suporte para a prática. Ele dizia que era melhor ficar só que ter más companhias.
E mesmo quando tem boas companhias é importante ter tempo para ficar sozinho,
porque senão acaba virando uma muleta, uma distração, se distrair de suas
dificuldades. Estar sozinho não significa estar sozinho se você é um bom amigo para si
mesmo. Desenvolva as qualidades de um bom amigo. Então quando se fala em boas
companhias não se esqueça de si mesmos.
Se você quer uma mente tranquila, precisa pacificá-la. Se você quer concentrar a
mente aí tem que ter um pouquinho de habilidade com ela, ela não se concentra
sozinha automaticamente. A mente só se pacifica quando você para de se atormentar,
ela não é algo exterior, não é objeto de meditação, é você. Se você parar de se
atormentar com preguiça, medo ou aversão, e sentir suas próprias emoções e seu
próprio corpo, se você parar de se atormentar com essas três coisas a mente se
pacifica. Então o segredo é nós nos tornarmos amigos de nós mesmos.
Agora no que diz respeito aos amigos exteriores são bons mas são algo incertos, não
garantido, não confiáveis, porque as pessoas mudam. E também porque mesmo
pessoas boas dão problemas. Na maior parte, as pessoas passam a vida toda sem
encontrar uma pessoa boa. Mas existem tais pessoas. Mesmo assim essas pessoas não
servem de refúgio, não é nada garantido. Mesmo porque, a ideia do que elas têm do
que seja bom seja diferente da sua. Existem muitas bondades no mundo. A bondade é
apenas um fenômeno condicionado. É preciso ir além da bondade., além do bem e do
mal. Daí a urgência em se desenvolver a si próprios, porque as outras pessoas não
resolvem. Supõe-se que elas sejam perfeitas da cabeça aos pés, não têm brigas,
diferentes opiniões, ainda assim não resolve porque a perfeição está nelas, em você
continua a imperfeição. E como não são elas a causa do seu sofrimento não são elas
que vão acabar. O problema da gente está dentro de si mesmo.
Os outros servem de apoio, de professores, de companheiros, servem de ajuda mas
não de solução. Se não há solução, não há um problema. A característica de algo
chamado problema é que tem sempre solução. A solução está dentro do problema. Se
o problema não está nos outros a solução também não está aí. Existem os mestres, os
professores, mas o trabalho é nosso.
Esse fenômeno que se realiza que é a iluminação é o que somos nós mesmos. O que é
chave é si mesmo, a sua própria mente, o seu trabalho interior. Era assim que o Buda
ensinava: ”O Buda não ilumina ninguém. O Buda só aponta o caminho”.
Voltando ao assunto dos amigos exteriores têm alguns truques para evitar más
companhias ou atrair boas companhias ou enxergá-las. O melhor é você se tornar uma
boa pessoa, se você não é uma boa pessoa é difícil reconhecer uma outra boa pessoa,
você não tem noção do que é uma boa pessoa. Mas fazendo esforço, abandonando
maus hábitos, quando você encontra uma boa pessoa você encontra uma afinidade
com aquela pessoa , uma harmonia, uma ressonância.
Através do convívio e do tempo é que se sabe se uma pessoa é boa. No final das
contas, isso não é para ser uma preocupação tão grande, pois o trabalho é nosso. No
sentido de não se querer más companhias, essa é uma preocupação a se ter.
Uma das melhores maneiras de se beneficiar de um grande mestre é viver com ele.
Afinal de contas, o trabalho é nosso, o Buda dizia sobre ‘Kaliantamitas’, encontrar bons
amigos, isso é importante, mas mais importante que ‘kaliantamitas’ é você mesmo,
você tem de ser seu melhor amigo.
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