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7.

NOVA FORMA DA PSIQUIATRIA

A reforma psiquiátrica brasileira teve origens na Itália, com o psiquiatra Franco


Basaglia, que na década de 1960 começou a tratar de pessoas que eram diagnosticadas
com transtornos mentais de uma forma diferente de outros países, visando de uma forma
mais branda a realização do tratamento nos indivíduos com uma abordagem libertária,
assim evitando cada vez mais os estigmas que esses cidadãos sofriam por serem
chamados de “loucos”, e serem rejeitados a fazer parte da sociedade.

Com os bons resultados que Franco Basaglia obteve na Itália, a Organização


Mundial de Saúde começa a recomendar que os demais países sigam essa forma
libertária de tratar os pacientes psiquiátricos. Em 1978 ao chegar ao Brasil, a ideia logo
foi discutida entre os membros da Divisão Nacional de Saúde Mental, órgão vinculado
ao Ministério da Saúde, a fim de denunciar o descaso e baixas condições humanitárias
em que os hospitais psiquiátricos brasileiros se encontravam. Então no ano de 1979, foi
criado o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), e em 1987 o
movimento antimanicomial.

O projeto da reforma da psiquiatria foi apresentado em 1989 e somente


sancionado após 12 anos, dia 6 de Abril de 2001, por Fernando Henrique Cardoso. A
Lei então conhecida como 10.216, teve como marca o gradual fechamento de
manicômios e hospícios no Brasil. Assim, por causa dessa extinção, no ano de 2002,
houve a determinação pelo Ministério da Saúde da criação do CAPS- Centro de
Atenção Psicossocial, em substituição aos manicômios e hospícios que existiam.

Além disso, no Brasil temos como exemplo do mau funcionamento dos


hospícios o caso do “Holocausto Brasileiro”, no Hospital Psiquiátrico Colônia de
Barbacena, onde cerca de 60 mil pessoas morreram enquanto seu funcionamento ainda
era permitido. A grande maioria dos pacientes que viviam nesse ambiente hostil, e sem
algum tipo de condição sanitária/alimentar, era verdadeiramente diagnosticado com
transtorno mental, e sim eram mulheres que foram estupradas, crianças que possuíam
deficiências e foram abandonadas por suas famílias, entre outros relatos aterrorizantes
que foram relatados até mesmo pelo psiquiatra Franco Basaglia quando visitou o local.

Portanto, graças à intensa luta que os profissionais da saúde passaram ao longo


de tantos anos de reclamações ao Governo, muitos cidadãos têm a possibilidade de usar
um centro como o CAPS para realizar o tratamento de transtornos mentais, de uma
forma mais digna e humanitária que no século anterior.

BIBLIOGRAFIA:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/06/apos-20-anos-reforma-
psiquiatrica-ainda-divide-opinioes#:~:text=Foi%20a%20reforma%20psiqui
%C3%A1trica%20(Lei,do%20hospital%20se%20mostrar%20ineficaz.

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

https://saude.abril.com.br/coluna/saude-e-pop/holocausto-brasileiro-retrato-de-horrores-
de-um-hospicio-vira-serie-de-tv/

https://observatorio3setor.org.br/noticias/holocausto-brasileiro-tortura-fome-e-60-mil-
mortes-em-hospicio/

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