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Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 9
- O Processo de Estudos de Mercado

- Design do estudo e fontes de informação

- Tipos de pesquisa

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2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo dos Estudos de Mercado


Design do Estudo

Tipos de Pesquisa
A pesquisa de Marketing pode ser classificada:

1º) Pesquisa exploratória

2º) Pesquisa conclusiva

3º) Pesquisa de controlo de performance (feedback)

A etapa no processo de tomada de decisão para a qual a


informação é necessária determina o tipo de pesquisa
requerido:
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O Processo dos Estudos de Mercado

Reconhecimento e definição do
problema de decisão
Pesquisa Exploratória
Identificação de vias de acção

Avaliação de vias de acção


Pesquisa Conclusiva
Selecção de uma via de acção

Pesquisa de Controlo de Implementação


Performance feedback

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O Processo dos Estudos de Mercado


Design do Estudo

1) Pesquisa Exploratória
Pesquisa usada para obter uma investigação preliminar da situação com o
mínimo dispêndio de custo e tempo
O design da pesquisa é flexível por forma a se poder ser sensível ao
inesperado e descobrir perspectivas não reconhecidas previamente,
baseando-se em:
- Observação
- Fontes de dados secundários
- Entrevistas com especialistas
- Entrevistas de grupo com pessoas conhecedoras
- Casos anteriores
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Design do Estudo
A pesquisa exploratória é apropriada quando os objectivos de
pesquisa incluem:
1) Identificação de problemas ou oportunidades

2) Desenvolvimento de uma formulação mais precisa de um problema ou


oportunidade vagamente identificado

3) Estabelecimento de prioridades comparando o significado potencial de vários


problemas ou oportunidades

4) Obter perspectivas de gestão e de pesquisa tendentes a caracterizar a


situação do problema

5) Identificação e formulação de cursos de acção alternativos

6) Obtenção de informação sobre os problemas associados com a realização de


pesquisa conclusiva
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Design do Estudo
O propósito da pesquisa exploratória é a formulação de hipóteses relativas a
problemas potenciais e/ou oportunidades presentes na situação de decisão
Por “hipótese“ entende-se o estabelecimento de uma relação conjectural entre
duas ou mais variáveis
Exemplos de hipóteses desenvolvidas a partir da pesquisa exploratória:
1) Um tema publicitário enfatizando o “valor nutricional” do produto alimentar X irá
aumentar a notoriedade da marca mais do que um tema enfatizando o “bom
sabor”

2) A troca nos ingredientes do produto X de chocolate artificial por chocolate


verdadeiro irá aumentar a preferência deste produto face aos seus concorrentes

3) Uma redução de 10% no preço de venda de um produto irá resultar num


aumento de 1% de quota de mercado num espaço de seis meses

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Design do Estudo

2) Pesquisa Conclusiva
Fornece informação que ajuda o gestor a avaliar e a seleccionar uma via de
acção
O design da pesquisa é caracterizado por procedimentos formais de pesquisa:
- Questionários detalhados + planos formais de amostragem
- Experimentação
- Simulação

A pesquisa conclusiva subdivide-se em:


a) Pesquisa Descritiva
b) Pesquisa Causal

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Design do Estudo

a) Pesquisa Descritiva
A maioria dos estudos de mercado envolvem a pesquisa descritiva. Esta é
apropriada quando os objectivos de pesquisa incluem:

1) Representação das características dos fenómenos de marketing e determinação


da frequência de ocorrência

2) Determinação do grau em que as variáveis de marketing estão associadas

3) Realização de prognósticos no que respeita à ocorrência dos fenómenos de


marketing

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Design do Estudo

Exemplos de estudos de pesquisa descritiva:


- Estudos de perfil do consumidor (determinação da percepção do comprador às
características do produto, perfis de audiência)

- Estudos de mercado potencial (descrição do tamanho do mercado, poder de


compra dos consumidores, avaliação dos distribuidores, perfil de compradores para
um produto)

- Estudos de produtos (descrição do consumidor-padrão, grau de correlação entre as


vendas de um produto e o rendimento e idade dos compradores)

- Estudos de quotas de mercado

- Estudos de análises de vendas (por região, linha de produto, tipo, etc.)

- Estudos de preços

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Design do Estudo

b) Pesquisa Causal
O processo de tomada de decisão apela para assunções acerca das relações
de causa-efeito presentes no sistema de marketing e a pesquisa causal é
adequada para melhor evidenciar essas relações

Esta pesquisa é apropriada quando os objectivos de pesquisa incluem:

1) Compreender que variáveis são a causa do que está a ser previsto (o efeito)
pondo a ênfase na compreensão das razões dos acontecimentos

2) Compreender a natureza das relações funcionais entre os factores causais e os


efeitos a serem previstos

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Design do Estudo

Distinção entre pesquisa descritiva e causal


Embora a pesquisa descritiva e a pesquisa causal sirvam diferentes tipos de
objectivos de pesquisa, elas diferem no carácter das evidências
proporcionadas para tomada de decisão

Por exemplo, com a Pesquisa Causal, especialmente no caso da


experimentação, o design da pesquisa pode directamente avaliar os diferentes
cursos alternativos de acção sob consideração. Aqui, as variáveis
independentes (cursos de acção) podem ser manipuladas para determinar o
efeito no comportamento do consumidor, atitudes, etc

No caso da Pesquisa Descritiva, a evidência é mais indirecta e a


experiência e julgamento do decisor acerca da natureza das relações causais
são requeridas para o efectivo uso desta evidência no processo de tomada de
decisão

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Design do Estudo

3) Pesquisa de Controlo de Performance


Responder à questão: “O que está a acontecer?”
A monitorização da performance é o elemento necessário essencial para
controlar a concordância dos programas de marketing com os planos. O
propósito desta pesquisa é assinalar a presença de potenciais problemas ou
oportunidades
O controlo efectivo da performance envolve controlar:

- Variáveis MKT MIX

- Variáveis situacionais

- Medidas de performance (vendas, quota de mercado, lucro, retorno de


investimento, etc)

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Design do Estudo

A pesquisa de controlo de performance pode envolver um estudo especial


(pesquisa ad-hoc) ou um programa de pesquisa contínuo

A pesquisa de controlo de performance ad-hoc consiste em programas de


pesquisa elaborados para controlar programas de marketing novos ou especiais
da empresa ou da concorrência
Exemplo: teste de mercado para um novo produto

Os programas de pesquisa contínua são sistemas formais concebidos para


controlar as variáveis dependentes e independentes no Sistema de Marketing
Exemplo: painéis de consumidores

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Design do Estudo

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Design do Estudo

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Design do Estudo

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Design do Estudo

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Design do Estudo

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Design do Estudo
Design longitudinal ou Painéis
Existem dois tipos de painéis:
- Painéis tradicionais - amostra fixa onde as mesmas variáveis são
repetidamente medidas
- Painéis omnibus - amostra fixa de respondentes que é repetidamente
mensurada, mas onde as variáveis medidas são diferentes a cada momento
Os painéis são úteis para medir:
- Efeitos de curto e longo prazo de campanhas promocionais
- Tipo de consumidores de determinado produto
- Tempo que medeia entre a introdução de um produto no mercado e a sua
evolução de vendas

A partir dos resultados elaboram-se perfis demográficos, tendências, padrões de


consumo, promoções, etc
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Design do Estudo

Vantagens dos painéis:


- Capacidade de reflectir a mudança de opinião presente numa população
- Disponibilização de elevado montante de informação
- Os painéis são mais fidedignos
- Menor custo

Desvantagens dos painéis:


- Não representatividade da amostra
- Enviesamento das respostas
- Mortalidade

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Design do Estudo

O design de uma pesquisa é o plano que guia as fases de recolha de dados e


análise e que especifica:

- O tipo de informação a ser recolhido

- As fontes de informação

- Os procedimentos de recolha de dados

Um bom design assegurará que a informação obtida é consistente com os


objectivos do estudo e que foi recolhida através de procedimentos acurados e
económicos

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Fontes de Informação

1) Respondentes (inquiridos)
Há dois métodos de obtenção de informação dos respondentes:

- A) Comunicação: questionários (ver aula sobre questionários), focus groups,


entrevistas em profundidade

- B) Observação: cliente mistério, auditorias de merchandising, …

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Fontes de Informação

A) Comunicação - Focus Groups


Pequenos grupos (6 a 12) de indivíduos homogéneos participam numa
discussão conduzida por um moderador

Objectivos:

- Geração de ideias

- Compreensão do vocabulário dos consumidores

- Revelação de necessidades, motivos e atitudes dos consumidores

- Compreensão das conclusões de estudos qualitativos

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Fontes de Informação

A) Comunicação - Focus Groups (cont.)

Aspectos gerais a ter em conta:

- Tamanho: 6 a 12 participantes
- Quem deverá participar: um grupo homogéneo, que partilhe de características
similares
- Recrutamento e selecção
- Disposição na sala
- Regras
- Confidencialidade
- Duração: 1 a 3 horas
- Registo: gravação de som e imagem

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Fontes de Informação

A) Comunicação - Focus Groups (cont.)

O papel do moderador:

- Desenvolver o guião do focus group em consonância com as orientações do


cliente
- Estabelecer rapport / feedback
- Comunicar e fazer cumprir as regras para a interacção do grupo
- Definir os objectivos
- Comunicar com os respondentes e explorar as respostas
- Sumariar as respostas
- Características pessoais necessárias: gentileza com firmeza, envolvimento,
flexibilidade, sensibilidade

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Fontes de Informação

A) Comunicação - Focus Groups (cont.)

Vantagens dos Focus Groups:


- Geração de novas ideias
- Os clientes poderão observar a condução do grupo de foco
- Versatilidade, energia, velocidade
- Permite o estudo de respondentes especiais
- Sinergismo (synergism) – a contribuição do grupo ultrapassa o somatório de
contribuições individuais recolhidas através de entrevistas pessoais
- Snowballing (bola de neve)
- Serendipity – poderá chegar-se a algo inesperado

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Fontes de Informação

A) Comunicação - Focus Groups (cont.)

Desvantagens dos Focus Groups:

- Poderão não representar a população

- A interpretação é subjectiva

- Elevado custo por participante (ex: 500€)

- Os resultados não são conclusivos

- Confusão

- Moderação (se o moderador não tiver experiência)

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Fontes de Informação
B) Observação
A outra forma de obter informação, por oposição ao método dos questionários, é o
método da observação. Envolve o registo de padrões de comportamento de pessoas,
objectos e eventos de uma forma sistemática, para obter informação acerca do fenómeno
de interesse

As formas de observação são mais fáceis de conceber que os questionários, uma vez que
o processo de colocação de questões é eliminado e os problemas de concepção
relacionados com o controlo dos erros de não amostragem são reduzidos

Algumas formas de observação:


- Pessoas a observarem pessoas
- Clientes Mistério / Auditores
- One way mirror
- Máquinas a “observarem” pessoas (ex: TV Peoplemeters,
contadores de tráfico, medidores de ondas cerebrais, …)

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Fontes de Informação
B) Observação (cont.)

Aspectos importantes na concepção de formas de observação:


A concepção de formas de observação deve decorrer, de uma forma lógica, da
lista de informações necessárias, que deve claramente especificar os aspectos
do comportamento que são para ser observados

É útil caracterizar as necessidades de informação:

- “Quem?”

- “O Quê?”

- “Quando?”

- “Onde?”

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação
B) Observação (cont.)

Exemplo: Considere-se as necessidades de informação para um estudo


concebido para observar compradores a adquir cereais de pequeno almoço

Os seguintes itens devem ser especificados:

1) Quem é que deve ser observado?


Compradores, indivíduos que estão a olhar, homens, mulheres,
casais, casais com crianças, crianças sozinhas, …

2) O que é que deve ser observado?


Marcas adquiridas, tamanho, marcas consideradas, influência de
crianças e adultos, preço do pacote do produto examinado

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Fontes de Informação
B) Observação (cont.)

Os seguintes itens devem ser especificados (cont.):

3) Quando é que a observação deve ser feita?


Dias da semana, horas, data e tempo de compra

4) Onde é que as observações devem ser feitas?


Tipo de loja, localização, critérios de selecção

As formas de observação devem permitir ao observador registar o


comportamento em detalhe. Necessitam do mesmo grau de pré-teste e
revisão que os questionários

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação
B) Observação (cont.)

Vantagens e desvantagens da utilização de Métodos de Observação

Vantagens - Desvantagens

– Medem o comportamento actual, – As razões ou motivações para o


em vez de comportamentos comportamento são desconhecidas
passados ou preferidos
– Eventuais problemas com a
– Não existe reporting bias e percepção selectiva do entrevistador
interviewer bias poderão causar bias nos resultados

– Alguns dados apenas estão – Consome tempo, é geralmente difícil


disponíveis através da observação de conduzir, é caro

– Poderá não ser ético

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação

2) Situações análogas
Envolve:
- O estudo de casos
- Simulações - baseado em computadores

3) Experimentação
É conduzida quando uma ou mais variáveis independentes
são manipuladas ou controladas e o seu efeito nas variáveis
dependentes é medido (causa-efeito)

- Exemplo 1: Variar preços para aferir a variação na procura


- Exemplo 2: Efeito da música ambiente na duração de uma
refeição num restaurante

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação

Fontes de Informação: Dados primários e secundários

Os dados primários e os dados secundários constituem dois tipos de informação


de Marketing

- Dados primários: são dados recolhidos especificamente para as


necessidades do estudo em curso
Ex: recolha de dados sobre a imagem da loja

- Dados secundários: informação já publicada, recolhida para


objectivos distintos das necessidades do estudo específico em mão

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação
Após a especificação dos objectivos do estudo e das necessidades de
informação (informação necessária), o researcher procede à formulação do
design da pesquisa e à determinação das fontes apropriadas de informação de
Marketing

A pesquisa tendo por base o estudo dos respondentes deve ser apenas
utilizada se a informação não puder ser obtida junto de fontes de informação
mais eficientes

A primeira etapa da fase de recolha


de informação é determinar se a
informação já foi recolhida

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação

Os dados secundários podem vir de fontes:

- Internas

- Externas:
- Publicações governamentais

- Livros

- Boletins

- Relatórios

- Associações comerciais / industriais

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Fontes de Informação

Classificação dos dados secundários


Relatórios de vendas

Internos Registos

Etc
Dados
Secundários
Livros

Externos (fontes Periódicos


externas à empresa)

Etc

Dados publicados já recolhidos para outros


objectivos que não as necessidades do
estudo específico em mãos
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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação

As fontes de secundários internas devem ser procuradas antes das fontes


externas (poupa tempo, trabalho e dinheiro)

Vantagens dos Dados Secundários

- Poupam tempo e dinheiro (quando comparadas com fontes primárias de


dados)
Ex: estudar o mercado potencial para um produto

- Podem estar para além dos meios de uma organização típica


Ex: Censos

- Disponibilidade

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O Processo dos Estudos de Mercado


Fontes de Informação

Desvantagens dos Dados Secundários

- Uma vez que os dados secundários são recolhidos com objectivos distintos
dos do projecto em mãos, raramente preenchem completamente as
necessidades de informação do projecto

- Muitas fontes de dados secundários têm um período de tempo muito grande


entre a recolha e a publicação
Ex: Quadros sectoriais que respeitam a dois anos antes

- Dificuldade em avaliar a veracidade dos dados

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Aula 10
- Tipologia Geral dos Estudos de Mercado

- Segundo o tipo de informação utilizada

- Segundo a natureza da informação utilizada

- Segundo as áreas e objectivos da investigação

- Segundo a técnica de recolha de informação

- Segundo a função que cumprem

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Tipologia dos Estudos de Mercado


Tipologia Geral dos Estudos

1) Segundo o tipo de informação utilizada

2) Segundo a natureza da informação utilizada

3) Segundo as áreas e objectivos da investigação

4) Segundo a técnica de recolha de informação

5) Segundo a função que cumprem

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Tipologia dos Estudos de Mercado

1) Segundo o tipo de informação utilizada


- Estudos de Gabinete

- Estudos de Campo

- Estudos Mistos

2) Segundo a natureza da informação utilizada


- Estudos Qualitativos

- Estudos Quantitativos

- Estudos Mistos

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Tipologia dos Estudos de Mercado

3) Segundo as áreas e objectivos da investigação

3.1) Estudos sobre comportamento do consumidor

3.2) Estudos sobre a procura e as vendas

3.3) Estudos sobre os produtos e serviços

3.4) Estudos sobre a publicidade

3.5) Estudos sobre a promoção de vendas

3.6) Estudos sobre a distribuição

3.7) Estudos sobre o meio económico, jurídico e tecnológico

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Tipologia dos Estudos de Mercado

3.1) Investigação sobre o comportamento do consumidor

- Motivações de compra

- Pessoas que influenciam e decidem a compra

- Atitudes e intenções dos consumidores

- Hábitos de compra

- Estilos de vida

- Segmentação e tipologia dos consumidores

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Tipologia dos Estudos de Mercado

3.2) Investigação sobre a procura e as vendas

- Determinação da procura total do mercado de um produto

- Determinação da procura total do mercado de um grupo de produtos afins ou


de outro sector

- Participação das marcas no mercado

- Determinação da procura por zonas geográficas e tipos de consumidores

- Determinação de índices de poder de compra

- Previsões de vendas

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Tipologia dos Estudos de Mercado

3.3) Investigação sobre os produtos e/ou serviços

- Criação de novos produtos e/ou serviços


- Modificação dos produtos/serviços
- Eliminação de produtos/serviços
- Teste de conceito para novos produtos/serviços
- Teste de produtos
Marca 3
- Teste de mercado
Marca 1 Marca 2

- Teste de nome
Marca 4

- Imagem e posicionamento de Marcas Marca 5

Marca 3

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

3.4) Investigação sobre a Publicidade

- Influência da publicidade no comportamento do consumidor

- Determinação da audiência de meios

- Determinação entre a equivalência entre os meios

- Realização de Pré-teste e Pós-teste

- Medição da eficácia publicitária

- Relação entre investimento publicitário e vendas

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Tipologia dos Estudos de Mercado

3.5) Investigação sobre a Promoção de Vendas

- Análise dos diferentes destinatários colectivos das promoções

- Atitudes do consumidor final em relação às promoções

- Avaliação e determinação dos instrumentos promocionais

- Comparação entre os resultados da publicidade e da promoção

- Controlo de resultados da promoção

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

3.6) Investigação sobre a Distribuição

- Participação na distribuição segundo os tipos de agentes

- Determinação da amplitude dos produtos e marcas trabalhadas

- Fidelidade em relação às marcas trabalhadas

- Análise da influência dos intermediários na eleição de marcas pelos


consumidores

- Atitudes e motivações dos intermediários a diversas actuações dos


fabricantes

- Comportamento entre marcas presentes num mesmo estabelecimento

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

3.7) Investigação sobre o ambiente económico, jurídico e


tecnológico

- Previsões de Longo Prazo

- Evolução das estruturas de mercado

- Aparecimento de novos concorrentes

- Repercussão de medidas legais

- Repercussão de acordos internacionais

- Influências da tecnologia no mercado

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

4) Segundo a técnica de recolha de informação

- Entrevistas Ad-Hoc
- Painéis
- Observação
- Experimentação
- Pseudo-compra (Cliente Mistério)
- Entrevistas em profundidade
- Técnicas de grupo
- Técnicas projectivas

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

5) Segundo a função que cumprem

- Estudos descritivos

- Estudos exploratórios

- Estudos explicativos

- Estudos de previsão

- Estudos de controlo

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Análise e Pesquisa de Mercados

Tipologia dos Estudos de Mercado

Vídeo 1 – Experimentação
Vídeo 2 – Experimentação
Vídeo 3 – Grupo de Foco (Focus Group)
Vídeo 4 – Cliente Mistério (Mystery Shopping)
Vídeo 5 – Novos segmentos alvo

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Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 11
- A Mensuração em Marketing

- O processo de mensuração

- Tipos de escalas de medida

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Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

A Mensuração em Marketing
O que é uma “Atitude”?

- É uma tendência adquirida para responder de uma forma favorável ou


desfavorável perante algo (um estímulo)

- Três componentes-chave:
– Cognitiva: as crenças ou percepções de uma pessoa acerca de algo

– Afectiva: os sentimentos negativos ou positivos de uma pessoa perante algo

– Comportamental: a inclinação comportamental de uma pessoa em relação a


algo

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Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

A Mensuração em Marketing
O processo de medida é um aspecto fundamental da pesquisa de Marketing
Os decisores podem estar interessados em medir muitos aspectos do sistema de
marketing
Por exemplo, podem querer medir:

 Mercado potencial para um novo produto

 Agrupar compradores por características demográficas

 Medir atitudes dos compradores, percepções, preferências em relação a uma nova


marca

 Determinar a eficiência de uma nova campanha publicitária

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Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

A Mensuração em Marketing

Consequentemente:
A medida dos fenómenos de Marketing é essencial ao processo de fornecer
informação relevante para a tomada de decisão

Desenvolver medidas eficientes de fenómenos de Marketing é difícil.


Para muitos projectos de pesquisa os erros de medida podem ser
substancialmente maiores que os erros de amostragem
Uma clara compreensão do problema de medição e de como controlar este erro,
é um aspecto importante da concepção de um programa eficiente de Pesquisa de
Marketing

204
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

A Mensuração em Marketing

Por forma a controlar eficientemente os erros de medição, o gestor de Marketing


deve preocupar-se com 3 aspectos:

1) A especificação das necessidades de informação deve reconhecer o grau de


dificuldade na obtenção de medidas fidedignas

2) Os procedimentos alternativos de mensuração para obtenção de informação devem


ser reconhecidos

3) O custo da mensuração versus correcção da mensuração devem ser avaliados

205
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

29
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
O Processo de Mensuração
Envolve usar números para representar o fenómeno de marketing sob
investigação
Formalmente:
 Sistema empírico - inclui fenómenos de marketing
Ex: reacção dos compradores a produtos ou anúncios

 Sistema abstracto - inclui os números usados para representar os fenómenos de


marketing

206
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Processo de Mensuração

Medição Sistema
Sistema Empírico Abstracto

Ciências Ciências Sistema


Físicas Sociais Numérico

A figura descreve o processo de medida como um processo que estabelece


uma correspondência entre o sistema empírico e o sistema abstracto
O sistema empírico é composto de:
 Ciências físicas: estudo dos fenómenos físicos
 Ciências sociais: estudo das pessoas

207
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

30
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

O marketing é um membro das ciências sociais na medida em que envolve


criatividade humana direccionada para a satisfação das necessidades e desejos
através de um processo troca

Definição de Mensuração
Mensuração pode ser definida como a atribuição de números a características
de objectos ou acontecimentos de acordo com as regras. É possível uma
medição eficiente quando as relações existentes entre os objectos ou eventos
do sistema empírico correspondem directamente às regras do sistema numérico

Se esta correspondência é mal representada,


ocorreu um erro de medição

208
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Tipos de Escalas
Existem 4 tipos de escalas primárias de medida:

 Nominal
 Ordinal
 Intervalo
 Rácio

As tabelas seguintes apresentam as principais características das escalas de


medida
Escala Sistema Numérico

Nominal Definição única dos números (0,1, 2, ..., 9)

Ordinal Ordem de números

Intervalo Igualdade de diferenças (2-1 = 7-6)

Rácio Igualdade de rácios (2/4 = 4/8)

209
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

31
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Exemplos (fenómenos) Estatísticas Admissíveis


Escala Características Básicas Exemplos Comuns
de Marketing
Descritiva Inferencial
Números Seg. Social, Números de marcas, tipos
Números identificam e classificam Percentagens, Qui-quadrado, teste
Nominal numeração de de lojas, masculino
objectos moda binomial
jogadores futebol –feminino, territórios venda
Números indicam a posição relativa Rankings preferências,
Rankings de
Ordinal dos objectos, mas não a magnitude atitudes, ocupações, classes Percentil, mediana Correlação rank-order,
qualidade
das diferenças entre eles sociais
Diferenças entre objectos podem Correlações produto -
Temperatura (graus Atitudes, opiniões, números Intervalo, média,
Intervalo ser comparadas; ponto zero é momento, teste t, ANOVA,
Fahrenheit, Celsius) índices desvio - padrão
arbitrário regressão, análise factorial
Ponto zero é fixo; podem ser
Idade, rendimento, custos, Média geométrica,
Rácio calculados rácios de valores da Comprimento, peso Coeficiente de variação
vendas, quotas mercado média harmónica
escala

210
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Nota: Todas as estatísticas apropriadas para medições


nominais são apropriadas para medições de escalas
superiores. O mesmo é verdade para as escalas de medida
ordinal e intervalo

211
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

32
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Vantagens de utilizar escalas


- Eficiência e facilidade de interpretação (em grande parte dos casos)
- Custo reduzido, aplicação rápida
- Facilidade de administração e pontuação

Desvantagens de utilizar escalas


- Podem não ser exacta ou completamente apropriadas ao problema de
Marketing específico
- Podem não ser medidas directas do problema
- Efeito de aceitação (“Sim, sim”)
- Assunção de que sabemos quais os atributos que são importantes

212
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Mais Detalhadamente ...

 Escala Nominal
Os números servem apenas como etiquetas para identificar ou categorizar
objectos ou acontecimentos
As escalas nominais são usadas pela forma mais simples de mensuração
Exemplos:
- Número das camisolas dos atletas
- Número de aluno
-…

Regra: não atribuir o mesmo


número a objectos diferentes ou
acontecimentos

213
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

33
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
 Escala Ordinal
Mede se um objecto ou acontecimento tem mais ou menos de uma
característica do que outro objecto ou acontecimento
Indica a posição relativa, mas não fornece informação sobre o quanto mais ou
menos (magnitude)

Exemplos:
- Classificação das equipas no Euro 2008
- Ranking da preferência dos consumidores (1º a marca A, 2º a marca B, …)

Objectos equivalentes recebem a mesma classificação ou ranking

Exemplo de uma escala ordinal:


“Ordene as seguintes marcas de acordo com a sua preferência
(escreva 1º, 2º e 3º)
Marca A __ Marca B __ Marca C __”

214
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
 Escala Intervalo
Envolve o uso de números para ordenar objectos ou acontecimentos de forma
a que as distâncias entre os números correspondam às distâncias entre os
objectos ou acontecimentos relativamente à característica que está a ser
medida
Exemplos:
- Escalas Fahrenheit e Celsius usadas para medir a temperatura
- Medição de atitudes, opiniões, …
- Medição da performance com base numa escala fixa (ex: 1 a 10)

Exemplo de uma escala de intervalo:


“Classifique, de 1 a 5 (em que 1 é muito mau e 5 é muito bom) o
desempenho dos seguintes clubes no campeonato de 2004-2005”
- Benfica
- Sporting
- Porto 215
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

34
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
 Escala Intervalo (cont.)

Atenção:
O ponto 0 (zero) não é fixo. A atribuição arbitrária do ponto zero
numa escala de intervalo coloca restrições nas afirmações que
podem ser feitas relativamente a comparações de intervalos

Exemplo: Não é correcto afirmar-se que 100 graus Celsius é o dobro da temperatura de
50 graus Celsius.
Demonstração: C = (F - 32) * 5/9
Usando a fórmula, as temperaturas de 100 graus e 50 graus Celsius correspondem a 212º
e 122º na escala de Fahrenheit
A afirmação anterior de que 100 graus é o dobro do calor de 50 graus Celsius não colhe
validade com os números da escala de Fahrenheit (não se pode dizer que 212º é o dobro
do calor de 122º, porque o ponto zero em cada escala é arbitrário)*
Consequentemente, comparações de magnitudes absolutas ou rácios não são
possíveis

* O zero absoluto na escala Celsius é de -273,15º 216


2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
 Escala Intervalo (cont.)

217
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

35
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
 Escala Intervalo (cont.)

O ponto zero e as unidades de medida são arbitrárias

Exercício: transformação linear

Qualquer transformação linear da forma Y = a + bX preserva as propriedades da escala

Onde: X = valor original da escala


Y = valor da escala transformada
a = constante

Deste modo, duas escalas de intervalo que ordenam os produtos A, B, C e D como 1, 2, 3


e 4 ou como 22, 24, 26 e 28 são equivalentes (a = 20 e b = 2)

Não se podem calcular rácios entre escalas de intervalo. Demonstração: Na primeira


escala, D / B = 4 / 2 = 2; Na segunda escala, D / B = 28 / 24 = 7/6

218
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

 Escala Rácio
Tem todas as propriedades de uma escala de intervalo mais um ponto zero
absoluto. Com a mensuração rácio, apenas um número pode ser atribuído
arbitrariamente, nomeadamente, a unidade de medida ou distância. Uma vez
que isto esteja determinado as restantes atribuições numéricas estão
completamente determinadas

O ponto zero absoluto ou natural refere-se à atribuição do número zero à


ausência da característica que está a ser medida

219
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

36
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

 Escala Rácio (cont.)

No caso das escalas de temperaturas “Celsius” ou “Fahrenheit”, foi referido que


os pontos zero estão arbitrariamente atribuídos em ambas as escalas.
Consequentemente, os pontos zero nestas escalas não correspondem à
ausência de calor e como tal não são pontos zero absolutos (nota: a ausência
total de calor atinge-se a –273.15ºC, sendo este o zero absoluto).
Uma escala de rácio implica que rácios iguais entre os valores da escala
correspondam a rácios iguais ao nível do fenómeno de marketing que está a
ser medido.

Exemplos:
- As vendas do produto A são duas vezes as vendas do produto B
- A Joana (20) tem o dobro da idade da Ana (10)
- A quota de mercado do produto X (24%) é o triplo da quota de
mercado do produto Y (8%)

220
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

 Escala Rácio (cont.)


Muitos fenómenos de Marketing possuem propriedades de uma escala de rácio:
 Vendas  Quota de Mercado  Custos
 Idades  Número de clientes

Em cada caso existe um zero natural ou absoluto

O conjunto completo das técnicas estatísticas


pode ser aplicado à análise de dados de
escalas de rácio

221
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

37
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Comparação de Técnicas de Escala

As técnicas de escalas habitualmente utilizadas na pesquisa de marketing


podem ser classificadas em Escalas Comparativas e Não Comparativas

Escalas Comparativas envolvem a comparação directa de objectos de


estímulo. Os respondentes comparam directamente um estímulo contra
um standard predefinido, de acordo com um critério predeterminado,
ou ponto de referência conhecido

Ex: Pode ser questionado aos respondentes se preferem


Coca-Cola ou Pepsi-Cola

Os dados de escalas comparativas devem ser interpretados em


termos relativos e possuem apenas propriedades ordinais

222
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Vantagens das Escalas Comparativas


- O maior benefício de escalas comparativas é que pequenas diferenças entre
objectos de estímulo podem ser detectadas
- As escalas comparativas são facilmente compreensíveis e podem ser
facilmente aplicadas
- Este tipo de escalas envolve poucos pressupostos teóricos

Desvantagens das Escalas Comparativas


- A maior desvantagem das escalas comparativas prendem-se com a natureza
ordinal dos dados e a incapacidade de se efectuar generalizações para além do
objecto de estímulo escalado
Ex: Para comparar a Cola-Continente com a Coca-Cola e com a Pepsi, seria necessário
efectuar um novo estudo

223
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

38
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

As desvantagens das escalas comparativas são significativamente minimizadas


com as técnicas de Escalas Não Comparativas

Nas Escalas Não Comparativas cada objecto é escalado independentemente


dos outros no conjunto dos estímulos. Os dados resultantes assumem-se
geralmente numa escala de intervalo ou de rácio (os respondentes não julgam
um estímulo contra um standard predefinido; criam os seus pontos de
referência)

Ex: Os respondentes podem ser solicitados a avaliar a Coca-Cola numa escala


de preferência de 1 a 6 (1= nada preferido; 6 muito preferido). Avaliações
semelhantes podem ser obtidas para Pepsi-Cola e para a Cola-Continente
As escalas não comparativas são as técnicas de escalas mais utilizadas na
pesquisa de marketing

224
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 12
- A Mensuração em Marketing

- Técnicas de escalas: comparativas e não comparativas

- Escalas comparativas
- Comparação ao par
- Rank order
- Soma constante
- Q-sort

- Escalas não comparativas


- Escalas de pontuação itemizada (Likert, diferencial semântico, Stapel)
- Escalas de pontuação contínua

225
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

39
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Técnicas de Escalas

Escalas Comparativas Escalas Não Comparativas

Comparação ao Rank Soma Q-Sort Escalas de Pontuação Escalas Pontuação


Par Order Constante Itemizada Contínua

Likert Diferencial Stapel


Semântico

226
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Técnicas de Escalas Comparativas

1) Escalas de Comparação ao Par


Neste tipo de escala são apresentados ao respondente dois objectos sendo-lhe
pedido que seleccione um de acordo com o mesmo critério. Os dados obtidos
são ordinais

As escalas de comparação ao par são utilizadas frequentemente quando os


objectos de estímulo são produtos físicos

São muito fáceis de administrar, mas podem ser susceptíveis de causar fadiga
aos respondentes

227
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

40
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Exemplo (Comparação ao Par):

Instruções
É-lhe apresentado, dez pares de marcas de champôs. Para cada par, indique, por favor, qual das duas
marcas de champô do par prefere para uso pessoal.
Ficha Registo
Jhirmack Finesse Vidal Sasson Head & Shoulders Pert
Jhirmack 0 0 1 0
Finesse 1(a) 0 1 0
Vidal Sasson 1 0 1 1
Head & Shoulders 0 1 0 0
Pert 1 1 0 1 .

Nº vezes preferido (b) 3 2 0 4 1

(a) “1” significa que a marca na coluna foi preferida face à marca correspondente na linha. “0” significa
que a marca na linha foi preferida face à marca da coluna
(b) O número de vezes que uma marca foi preferida obtêm-se da soma dos “1s” em cada coluna

228
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2) Escalas Rank-Order
Neste tipo de escala são apresentados simultaneamente aos respondentes
diversos objectos sendo-lhe pedido que os ordenem de acordo com um dado
critério
Ex: Pode ser pedido aos respondentes que ordenem por ordem diversas marcas de pasta
de dentes de acordo com o nível global de preferência.

Tipicamente estes rankings são obtidos pedindo aos respondentes que atribuam
um ranking de 1 à marca mais preferida, 2 à segunda mais preferida e assim
sucessivamente, até que seja atribuído um ranking de n à marca menos
preferida
As escalas de Rank-Order também resultam em dados ordinais. Este tipo de
escalas é utilizado frequentemente para medir preferências de marcas bem
como de atributos

São fáceis de aplicar, mas podem tornar-se difíceis de usar se existirem muitos
items (ex: produtos) para ordenar
229
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

41
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Exemplo (Rank Order):
Instruções
Ordene as diversas marcas de pasta de dentes por ordem de preferência. Comece por seleccionar a
marca que mais prefere e atribua-lhe o número 1.
Depois escolha a segunda marca mais preferida e atribua-lhe o número 2.
Continue este procedimento até que tenha ordenado todas as marcas de pastas de dentes por ordem de
preferência. A marca de pasta de dentes menos preferida deve ser-lhe atribuído uma ordem de 10.
Não deve ser atribuído a duas marcas distintas o mesmo número de ordem.
O critério de preferência depende inteiramente de si. Não existe resposta certa ou errada. Tente ser
consistente.
Marca Ordem de Preferência
1) Crest _____
2) Colgate _____
3) Aim _____
4) Gleem _____
5) Macleans _____
6) Ultra Brite _____
7) Close Up _____
8) Pepsodent _____
9) Plus White _____ 230
10) Stripe 2º Semestre_____
2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

3) Escalas de Soma Constante (Constant Sum)

Em escalas de soma constante, os respondentes atribuem uma soma constante


de unidades, como por exemplo pontos, escudos, etc, entre o conjunto de
objectos de estímulo com base em determinando critério

Exemplo: Pode ser solicitado aos respondentes que afectem 100 pontos a atributos de
um sabonete de banho de forma que reflicta a importância que dão a cada atributo. Se
um atributo não é importante, o respondente atribui-lhe zero pontos. Se um atributo é
duas vezes mais importante que outro atributo, recebe duas vezes mais pontos. A soma
de todos os pontos é 100

Não necessitam de um grande número de comparações individuais

231
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

42
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Exemplo (Soma Constante):

Instruções
Abaixo estão 8 atributos de sabonetes de banho. Por favor, distribua 100 pontos entre os aspectos de
forma que a sua afectação reflicta a importância relativa que atribui a cada aspecto. Quanto mais
pontos um aspecto receber mais importante é esse aspecto. Se um aspecto é duas vezes mais
importante que um outro aspecto, deve receber duas vezes mais pontos.

Respostas médias de três segmentos


Atributo Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
1) Suavidade 8 2 4
2) Espuma 2 4 17
3) Encolhimento 3 9 7
4) Preço 53 17 9
5) Fragrância 9 0 19
6) Embalagem 7 5 9
7) Hidratação 5 3 20
8) Poder limpeza 13 60 15
Soma 100 100 100

232
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

4) Escalas Q-Sort
As escalas Q-Sort foram desenvolvidas para discriminar rapidamente entre um
número relativamente elevado de objectos. Esta técnica utiliza um
procedimento de ordenação de acordo com o qual os objectos são classificados
em pilhas (“montinhos”) tendo por base a similitude relativamente a um dado
critério
Por exemplo, são dadas aos respondentes 100 frases que expressam atitudes
em cartões individuais, sendo-lhes solicitado que os coloquem em 11 pilhas,
indo do “concorda mais fortemente” até “concorda menos fortemente”. O
número de objectos a serem classificados não deve ser inferior a 60, nem
superior a 140; 60 a 90 objectos é um número razoável

É relativamente fácil de aplicar, mas a sua fiabilidade pode não ser elevada

233
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

43
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Técnicas de Escalas Não Comparativas

Os respondentes ao utilizarem uma escala não comparativa empregam


qualquer rating standard que lhes pareça apropriado
Não comparam o objecto que está a ser avaliado nem com outro objecto nem
com algum standard especificado, como por exemplo “a sua marca ideal”.
Avaliam apenas um objecto de cada vez

1) Escalas de Classificação Contínua


Numa escala de pontuação contínua, também referida como escala de
pontuação gráfica, os respondentes ordenam objectos através da aposição de
uma marca na posição apropriada numa linha que vai de um extremo da
variável de critério até ao outro extremo.

234
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
1) Escalas de Classificação Contínua (cont.)
Desta forma, os respondentes não estão restringidos a seleccionarem marcas previamente
estabelecidas pelo researcher. A forma da escala de pontuação contínua pode variar
consideravelmente. Por exemplo, a linha pode ser vertical ou horizontal; podem ser
facultados pontos de escala na forma de números ou breves descrições; e se facultados
os pontos de escala podem ser poucos ou muitos. Três exemplos:

Como é que classificaria o Continente enquanto hipermercado?


Versão 1
Provavelmente o pior -----------I---------------------------------- Provavelmente o melhor

Versão 2
Provavelmente o pior -----------I---------------------------------- Provavelmente o melhor
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Versão 3 Muito mau Nem bom Muito bom


nem mau
Provavelmente o pior ------------I---------------------------------- Provavelmente o melhor
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

235
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

44
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Escalas de Classificação Contínua (cont.)


As escalas contínuas possuem uma vantagem que consiste no facto de serem
fáceis de construir
Uma desvantagem é que facultam pouca informação nova

236
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2) Escalas de Classificação Itemizadas


Numa escala de classificação itemizada, é facultado aos respondentes uma
escala que tem um número ou uma breve descrição associada a cada categoria.
As categorias são ordenadas em termos da posição da escala, e é pedido aos
respondentes que seleccionem a categoria especificada que melhor descreve o
objecto que está a ser classificado.

2.1) Escala de Likert


A escala de Likert é uma escala de pontuação muito utilizada que requer que os
respondentes indiquem um grau de concordância ou discordância com cada
uma de um conjunto de frases acerca do objecto de estímulo. Tipicamente cada
item da escala tem cinco categorias de resposta, indo do “discorda fortemente”
até “concorda fortemente”.
Exemplo: slide seguinte

237
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

45
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.1) Escala de Likert (cont.)
Instruções

Abaixo encontram-se listadas diferentes opiniões acerca do Continente. Por favor indique quanto fortemente concorda ou
discorda com cada uma, utilizando a seguinte escala:

1 = Discorda fortemente 2 = Discorda 3 = Nem concorda nem discorda 4 = Concorda 5 = Concorda fortemente

Discorda Discorda Nem Concorda Concorda Concorda


Fortemente nem discorda Fortemente
1) O Continente vende produtos alta qualidade 1 2 3 4 5
2) O Continente tem um serviço pobre dentro loja 1 2 3 4 5
3) Gosto de comprar no Continente 1 2 3 4 5
4) O Continente não oferece uma boa variedade de diferentes
marcas dentro de uma categoria de produto 1 2 3 4 5
5) As políticas de crédito no Continente são terríveis 1 2 3 4 5
6) O Continente é onde Portugal compra 1 2 3 4 5
7) Não gosto da publicidade feita pelo Continente 1 2 3 4 5
8) O Continente vende uma grande variedade de produtos 1 2 3 4 5
9) O Continente cobra preços justos 1 2 3 4 5

238
Nota: exemplo criado com fins meramente
académicos, de explanação da matéria 2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.1) Escala de Likert (cont.)
Para levar a cabo a análise, é atribuído a cada frase uma pontuação numérica,
indo de –2 a +2 ou de 1 a 5

Vantagens da Escala de Likert


 É fácil de construir e administrar
 Os respondentes compreendem rapidamente como usar a escala o que a
torna apropriada para correio, telefone ou entrevistas pessoais

Desvantagens da Escala de Likert


 Leva mais tempo a completar que outras escalas de pontuação itemizadas
dado que os respondentes têm que ler cada frase

239
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

46
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.2) Escala de Diferencial Semântico
O diferencial semântico é uma escala de 7 pontos com pontos extremos associados a
legendas bi-polares. Numa situação típica os respondentes pontuam objectos num
conjunto de itens, numa escala de sete pontos balizada em cada extremo por um ou dois
adjectivos bi-polares, como por exemplo “frio” e “quente”. Exemplo:

Instruções
Esta parte do estudo mede o que é que determinados hipermercados significam para si, através do seu
julgamento num conjunto de escalas descritivas balizadas em cada extremo por um ou dois adjectivos
bi-polares. Por favor, marque (X) no espaço em branco que melhor indica o quanto acuradamente um
ou o outro adjectivo descrevem o que a pontuação significa para si.
Por favor certifique-se de marcar todas as escalas, não omita nenhuma escala.

O Continente é:
Poderoso :__:__:__:__: X_:__:__ Fraco
Não Seguro:__:__:__:__:__: X_:__ Seguro
Moderno :__:__:__:__:__:__ : X_ Antiquado
Frio :__:__:__:__:__: X_:__ Quente
Cuidadoso :__: X_:__:__:__:__:__ Descuidado
240
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.2) Escala de Diferencial Semântico (cont.)
O adjectivo ou frase negativa aparece umas vezes no lado esquerdo da escala e outras
vezes no lado direito da escala. Isto controla a tendência de alguns respondentes,
particularmente aqueles com atitudes muito positivas ou muito negativas, de marcarem
o lado direito ou o lado esquerdo sem lerem as legendas
Os itens individuais numa escala de diferencial semântico podem ser pontuados de –3 a
+3 ou de 1 a 7

A sua versatilidade faz do diferencial semântico uma escala de


pontuação bastante popular na pesquisa de marketing. Tem sido
muito utilizada na comparação de marcas, produtos e imagem de
empresas. Tem sido também utilizada para desenvolver estratégias de
promoção e publicidade e em estudos de desenvolvimento de novos
produtos

241
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

47
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.3) Escala de Stapel
A escala de Stapel é uma escala de pontuação uni-polar com 10 categorias numeradas
de –5 a +5, sem um ponto neutro. Esta escala é habitualmente apresentada
verticalmente. É pedido aos respondentes para indicarem o quão correctamente ou
incorrectamente cada expressão descreve o objecto através da selecção de uma
categoria numérica de resposta apropriada. Quanto maior o número, mais acuradamente
a expressão descreve o objecto. Esta escala produz resultados similares à escala do
diferencial semântico

Vantagens da Escala de Stapel


 Não requer um pré-teste dos adjectivos ou frases para assegurar verdadeira bipolaridade
 Pode ser administrada por telefone

Desvantagens da Escala de Stapel


 Há investigadores que consideram que a escala de Stapel é confusa e difícil de aplicar

242
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.3) Escala de Stapel (cont.)
Das três escalas de pontuação itemizadas esta é a menos usada

Escala de Stapel - Exemplo


Instruções
Por favor avalie o quanto correctamente cada palavra ou frase descreve cada um dos hipermercados.
Seleccione um número positivo para as frases que considera que descrevem adequadamente a loja.
Quanto mais correctamente considerar que a frase descreve a loja, maior o número positivo que deve
escolher. Deve seleccionar um número negativo para as frases que considera que não descrevem
adequadamente a loja. Quanto menos correctamente considerar que a frase descreve a loja, maior o
número negativo que deve escolher. Pode seleccionar qualquer número, de +5 para frases que considera
que são muito acuradas, até –5 para frases que considera que são muito incorrectas.

Hipermercado Continente
+5 +5
+4 +4
+3 +3
+2 +2
+1 +1
Alta qualidade Serviço Pobre
-1 -1
-2 -2
-3 -3
-4 -4
-5 -5 243
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

48
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Escalas Básicas Não Comparativas (síntese)

Escala Características básicas Exemplos Vantagens Desvantagens


A pontuação pode ser
Escala Pontuação Coloca uma marca numa linha Reacção a anúncios
Fácil de construir pesada a menos que seja
Contínua contínua de TV
computorizada
Grau de concordância numa
Fácil de construir,
escala de 1 (discorda
Escala de Likert Medição de atitudes administrar e Leva muito tempo
Escalas de Pontuação

fortemente) a 5 (concorda
compreender
fortemente)
Itemizada

Controvérsia
Diferencial Escala de 7 pontos com legendas Marca, produtos e relativamente ao facto
Versátil
Semântico bi-polares imagem empresas dos dados estarem em
intervalo ou não
Escala uni-polar de 10 pontos, -5 Fácil de construir;
Medição de atitudes e
Escala Stapel a +5, com um ponto neutro administrável por Confusa e difícil de aplicar
imagens
(zero) telefone

244
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 13
- A Mensuração em Marketing

- Decisões relativamente às escalas não comparativas itemizadas


- Número de categorias de escala
- Escalas equilibradas versus não equilibradas
- Número par ou ímpar de categorias
- Escolha forçada versus não forçada
- Natureza e grau da descrição verbal
- Forma física da escala

- Avaliação das escalas

245
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

49
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Decisões Relativamente às Escalas Não Comparativas


Itemizadas

As escalas não comparativas itemizadas não necessitam ser utilizadas como


originariamente, mas podem, de facto, assumir muitas formas diferentes. O
researcher deve tomar seis decisões principais quando está a construir
qualquer uma destas escalas.

1) O número de categorias de escala a usar


2) Escalas equilibradas versus não equilibradas
3) Número par ou ímpar de categorias
4) Escolha forçada versus não forçada
5) Natureza e grau da descrição verbal
6) Forma física da escala

246
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Número de Categorias de Escala

Na decisão do número de categorias de escala estão envolvidas duas


considerações conflituantes:

 Quanto maior o número de categorias de escalas, maior o grau de


discriminação entre os objectos de estímulo

 Por outro lado, a maior parte dos respondentes não consegue lidar com mais
do que algumas categorias. As linhas de orientação tradicionais sugerem que o
número apropriado de categorias deve ser 7 mais ou menos 2: entre 5 e 9

247
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

50
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Número de Categorias de Escala (cont.)


De qualquer modo não existe um único número óptimo de categorias. Devem-
se tomar em consideração um conjunto de factores aquando da decisão do
número de categorias:
 Interesse dos respondentes na tarefa das escalas, e nível de conhecimento face
aos objectos (se estão muito interessados e possuem um bom conhecimento dos
objectos pode-se empregar um maior número de categorias)
 Natureza dos objectos (alguns objectos não são susceptíveis de grande
discriminação; como tal, um pequeno número de categorias é suficiente)
 Modo de recolha dos dados (se estão em causa entrevistas telefónicas, muitas
categorias podem confundir os respondentes)
 A disponibilidade de espaço pode também restringir o número de categorias em
questionários por correio

248
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Número de Categorias de Escala (cont.)

 A forma como os dados vão ser analisados e utilizados também influencia o


número de categorias
 O tamanho do coeficiente de correlação, uma medida habitual do
relacionamento entre as variáveis, é influenciado pelo número de categorias de
escala. O coeficiente de correlação decresce com uma redução do número de
categorias. Isto tem um impacto em todas as análises estatísticas que têm por base
o coeficiente de correlação

249
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

51
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2) Escalas Equilibradas versus Não Equilibradas

 Numa escala equilibrada, o número de categorias favoráveis e desfavoráveis


é igual

 Numa escala não equilibrada são diferentes

 Em geral uma escala deve ser equilibrada por forma a se obter dados
objectivos. Contudo, se a distribuição das respostas é susceptível de
enviesamento, quer positivamente quer negativamente, uma escala não
equilibrada com mais categorias no sentido do enviesamento pode ser
apropriada. Se se utilizar uma escala não equilibrada, a natureza e grau de não
equilíbrio na escala deve ser tido em consideração na análise dos dados

250
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2) Escalas Equilibradas versus Não Equilibradas (cont.)

Exemplo:

Escala Equilibrada Escala Não equilibrada


Rexona para Homem é Rexona para Homem é

Extremamente bom __ Extremamente bom __


Muito bom __ Muito bom __
Bom __ Bom __
Mau __ Mais ou menos bom __
Muito mau __ Mau __
Extremamente mau __ Muito mau __

251
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

52
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

3) Número Par ou Ímpar de Categorias


Com um número ímpar de categorias, a posição do meio é normalmente
designada neutra ou imparcial
A presença de uma categoria neutra pode ter uma influência significativa na
resposta. A escala de Likert é uma escala de pontuação equilibrada com um
número ímpar de categorias e com um ponto neutro
A decisão para se usar um número par ou ímpar de categorias depende do
facto de alguns respondentes serem neutros ou não na resposta que está a ser
medida

Se é possível uma resposta neutra ou indiferente por


parte de pelo menos alguns respondentes, então
deve-se utilizar um número ímpar de categorias

252
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

3) Número Par ou Ímpar de Categorias (cont.)

Se pelo contrário, o researcher quer forçar uma resposta


ou acredita que não existe uma resposta neutra ou
indiferente, então deve-se adoptar uma escala de
pontuação com um número par de categorias

Um aspecto relacionado é se a escala deve ser


forçada ou não forçada

Forced
vs
Non-forced

253
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

53
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

4) Escalas Forçadas versus Escalas Não Forçadas

 Em escalas de pontuação forçada os respondentes são forçados a


expressarem uma opinião dado que não é facultada uma opção “sem
opinião”

 Em casos deste tipo, os respondentes sem uma opinião podem marcar a


posição a meio da escala. Se uma proporção relativamente grande dos
respondentes não tem uma opinião sobre o assunto, a marcação da posição
central vai distorcer medidas de tendência central e variância

 Em situações em que é expectável que os respondentes não tenham


opinião, por oposição a simplesmente serem relutantes em expressarem-na,
a correcção dos dados pode ser aumentada através de uma escala não
forçada, que inclui uma categoria “sem opinião”

254
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
5) Natureza e Grau da Descrição Verbal
 A natureza e grau das descrições verbais associadas com as categorias das
escalas variam consideravelmente e podem afectar as respostas

 As categorias de escalas podem ter descrições verbais, numéricas ou


mesmo pictogramas

 O researcher deve decidir se legenda todas as categorias de escala,


algumas categorias de escala, ou apenas as categorias do extremo de escala

 A evidência tem demonstrado que fornecer uma descrição verbal para cada
categoria pode não aumentar a correcção e segurança dos dados. De
qualquer modo pode-se argumentar para legendar todas ou muitas categorias
de escala que se reduz a ambiguidade da escala

255
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

54
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
5) Natureza e Grau da Descrição Verbal (cont.)

 As descrições das categorias devem estar localizadas tão próximo quanto


possível das categorias de resposta

 A força dos adjectivos utilizados para ancorarem a escala pode influenciar a


distribuição das respostas. Com âncoras fortes (1=discorda completamente,
7=concorda completamente), os respondentes estão menos propensos a
utilizarem as categorias extremas da escala. Isto resulta numa menor variação
e maior concentração de respostas. Âncoras fracas (1=discorda
genericamente, 7=concorda genericamente), em contraste produz
distribuições uniformes ou alisadas. Têm sido desenvolvidos procedimentos
para se atribuir valores às descrições das categorias por forma a se obter
escalas equilibradas

256
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

6) Forma Física e Configuração

Existe um conjunto de opções disponíveis relativamente à forma e


configuração da escala:

 As escalas podem ser apresentadas verticalmente ou horizontalmente

 As categorias podem ser expressas por caixas, linhas discretas, ou unidades


numa linha contínua e podem ter ou não números atribuídos

 Se são utilizados valores numéricos, estes podem ser positivos, negativos ou


ambos

Exemplo: ver slide seguinte

257
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

55
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Variedade de escalas que pode ser empregue para medir a suavidade do detergente Super Pop Limão
O detergente Super Pop Limão é:

1) Muito duro __ __ __ __ __ __ __ Muito suave


2) Muito duro 1 2 3 4 5 6 7 Muito suave
3)  Muito duro


 Nem duro nem suave


 Muito suave
4) ______ ______ ______ ______ ______ ______ _______
Muito Duro Duro Mais ou Nem duro Mais ou Suave Muito Suave
menos duro nem suave menos suave

5) -3 -2 -1 0 +1 +2 +3
Muito Nem duro Muito
duro nem suave suave
258
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Síntese

1) Número de categorias
Embora não exista um único número óptimo, as linhas de orientação tradicionais
sugerem que as categorias devem ser entre 5 e 9

2) Equilíbrio versus não equilíbrio


Em geral, a escala deve ser equilibrada para se obter dados objectivos

3) Número par ou ímpar de categorias


Se é possível uma escala de resposta neutra ou indiferente por parte de pelo menos
alguns respondentes deve-se utilizar um número ímpar de categorias

259
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

56
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Síntese (cont.)

4) Escalas forçadas versus não forçadas


Em situações em que é expectável respondentes não terem opinião, a correcção dos
dados pode ser aumentada através de uma escala não forçada

5) Descrição verbal
Podem-se tecer argumentos para legendar todas ou muitas categorias

6) Forma física
Devem-se considerar e testar várias opções, devendo-se seleccionar a mais eficiente

260
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Dificuldade de Mensuração

Porque é que a mensuração é tão difícil em marketing?


 Estudar comportamentos de pessoas é algo
muito difícil

Ciências físicas
Ciências sociais

Comprimento, peso Preferências, atitudes Alegria, criatividade

Fácil Muito difícil


Escala rácio Escala intervalo Escala ordinal Escala nominal

261
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

57
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Conceitos de validade e segurança


Tipicamente as medições possuem um grau de erro não representando a
escala numérica exactamente o fenómeno de marketing sob investigação
Há muitas maneiras de descrever e classificar potenciais fontes de erro

Fontes de Erro Comuns


1) Características de curto prazo do inquirido
Factores pessoais como disposição, fadiga, saúde, podem influenciar as medições

2) Factores situacionais
Variações no meio ambiente no qual as medições foram obtidas (ex: barulho,
distracções)

262
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Fontes de Erro Comuns (cont.)

3) Factores de recolha de dados


Variações na forma como as questões são colocadas e a influência do método entrevista
(ex: telefone, pessoal, correio)

4) Factores instrumentais de mensuração


O grau de dificuldade e ambiguidade das questões e a capacidade do entrevistado para
lhes responder

5) Factores de análise de dados


Erros feitos no processo de codificação e tabulação

6) Falta de clareza da escala, nas instruções ou nos próprios itens

263
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

58
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Erro Total de Mensuração = Erro sistemático


+ Erro aleatório

Erro sistemático: Erro que causa um constante enviesamento nas medições


Exemplo: Supor que se está a medir os tempos numa pista de Formula 1 usando
um cronómetro que sistematicamente anda mais depressa
Assumindo a ausência de erro sistemático, o registo dos tempos cai dentro de
um intervalo em torno do valor real

Medição observada = tempo real + erro sistemático + erro aleatório

264
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Avaliação de Escalas
Atendendo aos erros que podem surgir num processo de medição, as escalas
multi-item devem ser avaliadas ao nível da sua acuracia e aplicabilidade

Isto envolve uma avaliação da:


 A) Segurança
 B) Validade
 C) Generabilidade da escala

É, no entanto, pouco frequente encontrar um Decision


Maker que perca tempo e gaste dinheiro a determinar a
validade e segurança dos resultados da pesquisa

265
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

59
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Avaliação das Escalas

Segurança Validade Generalizabilidade

Teste / Formas Consistên Conteúdo Critérios Construct


Reteste Alternativ cia
as interna

Convergente Discriminante Nomológica

266
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
A) Segurança
A segurança de uma medida refere-se à extensão em que o processo de
mensuração está isento de erros aleatórios

A segurança está relacionada com:


 Consistência, fidedignidade e previsibilidade dos resultados da pesquisa

A segurança refere-se, portanto, à extensão em que uma escala produz


resultados consistentes se forem efectuadas medições repetidamente

As abordagens para aferir a segurança incluem:


1) Teste-reteste
2) Formas-alternativas
3) Métodos de consistência interna 267
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

60
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Teste-reteste

Abordagem para aferir da segurança na qual são administrados aos


respondentes conjuntos iguais de itens da escala em dois momentos
distintos sob condições tão equivalentes quanto possível
O intervalo de tempo entre os testes é, normalmente, 2 a 4 semanas. O grau
de similitude entre as duas medições é determinado calculando um coeficiente
de correlação

Quanto maior o coeficiente de correlação,


maior a segurança

Esta abordagem assume, portanto, que quanto maior as discrepâncias entre


medições, maior é o erro aleatório presente no processo de medição e menor a
segurança

268
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2) Formas-alternativas
Abordagem para aferir a segurança que requer a construção de duas formas
equivalentes da escala sendo depois os mesmos respondentes medidos em dois
momentos diferentes (normalmente 2 a 4 semanas de intervalo)

Os resultados das administrações das formas de escala alternativas são


correlacionados para aferir-se a segurança

3) Métodos de consistência interna


Abordagem para aferir a consistência interna do conjunto de itens, quando
diversos itens são somados por forma a constituírem uma pontuação total para
a escala. Numa escala deste tipo, cada item mede algum aspecto do conjunto
medido por toda a escala, e os itens devem ser consistentes no que indicam
acerca das características

269
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

61
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

3) Métodos de consistência interna (cont.)


A medida mais simples de consistência interna é o método split-half.

Método split-half
Forma interna de consistência, na qual os itens que constituem a escala são
divididos em duas metades e as duas metades de resultados obtidos são
correlacionadas. Uma elevada correlação entre as metades indica uma elevada
consistência interna. Esta abordagem na realidade é uma versão da técnica das
formas alternativas.

Ex: Admitindo que se tem por hipótese 20 itens que constituem o instrumento
de mensuração da imagem das lojas de retalho pertencentes a uma cadeia de
supermercados, pode-se utilizar o método split-half para medir a consistência
interna destes 20 itens

270
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

Método split-half (cont.)


Assume-se que cada item mede esta característica (imagem da loja)
independentemente. A abordagem seria dividir aleatoriamente os 20 itens em
dois grupos e determinar o grau de correspondência. Um coeficiente de
correlação elevado significa que os itens estão a medir a mesma
característica

271
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

62
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

B) Validade

A Validade de uma medida refere-se à extensão cujo processo de mensuração


está livre de erros sistemáticos e aleatórios.
A validade está preocupada com a questão:
 “Está-se a medir aquilo que se pensa que se está a medir?”

A validade é, portanto, um aspecto mais vasto e mais


complexo que a segurança

As abordagens para aferir a validade incluem:


1) Content validity
2) Criterion validity
3) Construct validity
4) Convergent validity
272
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

1) Content Validity

Tipo de validade, por vezes também chamada de face validity, consistindo


numa avaliação subjectiva mas sistemática da representatividade do conteúdo
de uma escala para a tarefa de medição em mãos

O researcher, ou outra pessoa, examinam se os itens da escala cobrem


adequadamente todo o domínio do tema/aspecto sob mensuração

Ex: Uma escala concebida para medir a imagem de uma loja seria considerada
inadequada se omitisse algum dos principais vectores (qualidade, variedade e
disponibilidade das mercadorias)

273
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

63
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2) Criterion Validity

Tipo de validade que examina se a escala de mensuração tem um desempenho


como esperado em relação a outras variáveis seleccionadas como critérios com
significado

As variáveis de critério (criterion variables) podem incluir características


demográficas e psicográficas, medidas comportamentais e de atitude, ou
resultados obtidos de outras escalas

Tendo por base o período de tempo envolvido, a criterion validity pode


assumir duas formas: 2.1) Validade concorrente (concurrent validity) ou
2.2) Validade prognóstica (predictive validity)

274
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

2.1) Validade Concorrente


A validade concorrente é aferida quando os dados da escala sob avaliação e
das variáveis de critério são recolhidos ao mesmo tempo
A validade concorrente envolve correlacionar duas mensurações diferentes do
mesmo fenómeno de marketing que foram administradas ao mesmo tempo. É
utilizada essencialmente para determinar a validade de uma(s) nova(s)
técnica(s) de medida através da correlação com técnicas já estabelecidas

Ex: Admita-se que se possui uma técnica de medida da imagem de uma loja,
constituída por 20 itens, que é válida. Admita-se que é proposta uma técnica
alternativa mais curta.

275
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

64
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
2.1) Validade Concorrente (cont.)
A validade concorrente envolveria administrar ambas as técnicas sob condições
idênticas e correlacionar as duas mensurações da imagem da loja. Uma
elevada correlação estabeleceria a validade concorrente da nova técnica
O ponto chave aqui é que a validade da medida é aferida pela existência de
outro critério de medida levado a cabo ao mesmo tempo

2.2) Validade Prognóstica


A validade prognóstica tem a ver com a capacidade de um fenómeno de
marketing medido num determinado momento prever outro fenómeno de
marketing num momento futuro. Se a correlação entre as duas medidas é alta,
a medida inicial é referida como tendo validade prognóstica
Ex: Para ilustrar a validade prospectiva considere-se p.e. o caso dos testes
psico-técnicos utilizados para prever o futuro desempenho do colaborador

276
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
3) Construct Validity
Tipo de validade que se focaliza na questão de que característica a escala está
a medir
A construct validity envolve a percepção do raciocínio teórico que está
subjacente às medidas obtidas

Quando se está aferir a construct validity, o researcher tenta responder a


questões teóricas acerca do porquê que a escala funciona e que deduções
podem ser feitas relativamente à teoria subjacente

277
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

65
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
3) Construct Validity (cont.)
A abordagem passa por relacionar o aspecto de interesse com outros aspectos
de forma que seja desenvolvido um esquema de trabalho para o fenómeno de
marking que está a ser medido

A construct validity aumenta à medida que a correlação entre o aspecto de


interesse e os aspectos relacionados aumentam de acordo com a forma
prevista

Ex. Admita-se que um gestor de vendas acredita que existe uma relação entre
a satisfação no trabalho, grau de extroversão da personalidade e desempenho
no trabalho da força de vendas. A Construct Validity pode ser aferida através
do desenvolvimento de medidas destes 3 aspectos e averiguando as relações
entre as medidas para um grupo de pessoal de vendas

278
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
3) Construct Validity (cont.)
Aqueles que possuem uma elevada satisfação no trabalho e personalidades
extrovertidas devem exibir uma elevada pontuação na performance do
trabalho. Caso não, pode-se questionar a construct validity das medidas e/ou
a validade da relação pressuposta/teorizada.
Se essa relação é suficientemente confirmada através de pesquisas prévias, a
conclusão que se pode retirar é que as medidas não medem o que nós
pensamos que medem.

A constuct validity pode ser avaliada através de outras


abordagens. Se existe uma construct (relação), esta deve ser
medida com sucesso por métodos que são diferentes ou
independentes.

279
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

66
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

4) Convergent validity
Envolve a mensuração de uma construct com técnicas independentes de
mensuração e a demonstração de uma elevada correlação entre as medidas

Discriminant validity
Alternativamente, se existe uma construct, esta deve ser distinta de
constructs que diferem de si. A Discriminant validity envolve a demonstração
de falta de correlação entre diferentes constructs

Nomological validity
É a extensão em que a escala se correlaciona de formas
teoricamente previstas com medidas de constructs
diferentes mas relacionadas

280
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

A construct validity é o tipo de validade mais


sofisticada e difícil de estabelecer.

C) Generalizabilidade
O terceiro vector de avaliação das escalas é a generalizabilidade que se refere à
extensão em que se pode generalizar a partir das observações em mãos para
um universo de generalizações. O conjunto de todas as condições de
mensuração relativamente às quais o investigador pretende generalizar é o
universo de generalização.

281
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

67
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração

C) Generalizabilidade (cont.)

Estas condições podem incluir: entrevistadores, situações de observação,


etc. Um researcher pode ter interesse em generalizar uma escala
desenvolvida para utilização em entrevistas pessoais para outras
alternativas de recolha de dados, p.e. entrevistas telefónicas ou por correio.
De igual forma pode-se querer generalizar de uma amostra de itens para o
universo, de uma amostra de momentos de mensuração para o universo
dos tempos de mensuração, etc.

282
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Escolha de uma Técnica de Escalas

Em adição a considerações teóricas e à avaliação da segurança e da


validade, deve-se atender ainda a alguns aspectos práticos na selecção
das técnicas de escalas para um problema de pesquisa de marketing
particular. Estes incluem:

- Nível de informação (nominal, ordinal, intervalo ou rácio) desejado


- Capacidades dos respondentes
- Método de administração
- Contexto
- Custo

283
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

68
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Escolha de uma Técnica de Escalas

Como regra genérica, a utilização de uma técnica de escalas


que resulte no maior nível de informação possível para uma
dada situação, irá permitir a utilização da maior variedade de
análises estatísticas

Também, independentemente do tipo de escala utilizada,


sempre que possível, deve-se utilizar diversos itens de escala
para medir a característica de interesse. Isto permite uma
mensuração mais fidedigna do que uma escala de item único

284
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Pesquisa Marketing Internacional
Na concepção de uma escala ou formato de resposta, deve-se ter em atenção
os níveis educacionais dos respondentes
Nos quatro tipos primários de escalas, o nível de mensuração aumenta da
escala nominal para a ordinal, para a intervalo e para a rácio. Este aumento no
nível de mensuração é obtido à custa da complexidade. Do ponto de vista dos
respondentes, as escalas nominais são as mais fáceis de utilizar, sendo as
escalas de rácio as mais complexas

Os respondentes em muitos países


desenvolvidos, devido a níveis de educação e
sofisticação do consumo mais elevados, estão
bastante familiarizados em facultarem respostas
em escalas de intervalo ou rácio

285
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

69
Análise e Pesquisa de Mercados

O Processo de Mensuração
Pesquisa Marketing Internacional

Nos países menos desenvolvidos, a prática tem


demonstrado que os respondentes têm dificuldade em
expressarem a gradação requerida por escalas de
intervalo ou rácio. As preferências, podem, portanto,
ser melhor medidas através da utilização de escalas
nominais

Em particular, tem sido sugerida a utilização de escalas binárias (p.e.


prefere/não prefere) que são o tipo de escala ordinal mais simples

286
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 14
- Métodos de recolha de informação

- Entrevistas pessoais
- Entrevistas telefónicas
- Entrevistas porta-a-porta
- Entrevistas no escritório
- Entrevistas nos centros comerciais
- Mail surveys
- Internet
- Critérios para selecção do método de recolha de informação

287
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

70
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas Pessoais (Personal interviews)

Vantagens
– Flexibilidade
– Permite a recolha de grandes quantidades de dados
– Os entrevistadores podem ir além dos questionários originais
– Permite um elevado controlo
– As taxas de resposta são elevadas

Desvantagens
– Método caro
– O processo de recolha de dados é geralmente lento
– Áreas geográficas reduzidas
– Falta de anonimato
– Possível bias do entrevistador

288
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas porta-a-porta (door-to-door)

Maior vantagem:

– São realizadas num lugar confortável para os


respondentes

Maior desvantagem:

- Os entrevistados podem não se encontrar em casa


- Dificuldade do entrevistador em conseguir o acordo do
respondente para ministrar o questionário

289
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

71
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas no escritório (office interviews)

- Têm lugar no local de trabalho do respondente


- Geralmente aplicadas para obter informação sobre
produtos e serviços industriais

Maior vantagem:

- Permite a recolha de informação útil que de outra


forma seria muito difícil de obter

Maior desvantagem:

- É difícil de reunir vários especialistas (respondentes),


dado o seu elevado custo de oportunidade

290
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas em Centros Comerciais (Mall-intercept interviews)

- Os clientes do C.C. são interceptados para responderem ao questionário

Problemas:
– Baixas taxas de resposta
– O valor dos dados é questionável (a “despachar”)
– Possibilidade de bias na selecção dos respondentes
– Entrevistas conduzidas num ambiente lotado,
confuso e barulhento

291
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

72
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Inquéritos Omnibus (Omnibus surveys)

- Entrevistas face a face conduzidas numa base regular

- As questões vêm de várias empresas diferentes (clientes) mas há a partilha


de todos os custos

- Os clientes obtêm as atitudes dos respondentes em relação às suas áreas de


interesse específicas

- O tema do questionário é alterado ao longo do estudo

- O valor cobrado a cada empresa é baseado no número de questões


respondidas e tabuladas

292
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas CAPI – Computer-Assisted personal interviews

Podem ser feitas de duas maneiras:

- O entrevistador regista as respostas num computador durante a entrevista

- O respondente regista as respostas num computador (CASI - computer-


assisted self interviewing)

293
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

73
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas CAPI – Computer-Assisted personal interviews (cont.)

Vantagens:

- O respondente não necessita de ser letrado em informática


- É possível medir o tempo que cada respondente demora a completar o
questionário
- Permite a visualização de gráficos
- Elimina a necessidade de codificar manualmente os dados (questionários
em papel)
- Reduz a hipótese de erros de digitação (ex: não permite saltar respostas,
questionários incompletos, …)
- A recolha de dados e a codificação são mais simples

294
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas CAPI – Computer-Assisted personal interviews (cont.)

Desvantagens:

- Não permite aos respondentes a escolha do seu próprio horário para a


compleição do questionário (se for efectuado numa empresa)

Esta desvantagem ou limitação é no entanto limitada ou mesmo eliminada com


a colocação do questionário on-line (Internet)

295
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

74
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas telefónicas (Telephone surveys)

- Os inquéritos podem ser efectuados através do voz, fax, voice mail (IVR –
Interactive Voice Response)
- São técnicas em franco crescimento (à excepção do fax)

Vantagens:

- É possível a cobertura de uma extensa área geográfica


- Método rápido
- Método flexível e com possibilidade de elevado controlo
- Custo relativamente baixo
- Anonimato dos respondentes

296
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Entrevistas telefónicas (Telephone surveys) (cont.)

Desvantagens:

– Pode haver bias por parte do entrevistador

– A vontade de responder depende da altura do dia

– Se o conteúdo do questionário não for interessante o respondente


poderá recusar-se a colaborador

– Requer elevada experiência e capacidade do entrevistador

297
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

75
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Mail Surveys
- 90 milhões de lares americanos com telefone participaram em
Mail Surveys

Vantagens:
– Eficiência do ponto de vista dos custos
– Não há bias do entrevistador
– Anonimato do respondente
– Cobertura geográfica vasta

Desvantagens:
– Taxas de resposta muito baixas
– Tempo de resposta
– Inflexível
– Reduzido follow-up de controlo 298
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Mail Surveys (cont.)

Tipos de Mail Surveys:

- Mail surveys pontuais (one-time mail surveys)

- Mail panels (omnibus survey)

299
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

76
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Internet
Os researchers utilizam a Internet com frequência para proceder à recolha de dados
Vantagens da recolha de dados on-line:
- Custo mais baixo, maior rapidez e flexibilidade

- O grupo potencial de respondentes é grande, diverso e global

- Permite sessões de chat on-line (adaptação dos focus groups tradicionais)

- À medida que a tecnologia áudio e vídeo melhoram, os questionários on-line poderão


igualar as vantagens das entrevistas pessoais com uma fracção dos custos

- Os respondentes poderão responder de forma mais directa, porque existe um


computador entre o researcher e o respondente

- Os dados electrónicos são mais fáceis de validar e tabular automaticamente

- É um método relativamente novo de recolha de informação, o que desperta a


curiosidade e o interesse dos respondentes
300
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Internet

Os researchers utilizam a Internet com frequência para proceder à recolha de dados

Desvantagens da recolha de dados on-line:

- Os respondentes poderão não responder de forma verdadeira ou poderão


fazer-se passar por pessoas diferentes

- As pessoas geralmente dão mais erros a escrever num computador do que a


escrever à mão

- As pessoas poderão interpretar os e-mails com questionários como lixo (junk


mail)

- Os researchers têm um controlo reduzido sobre quem ou quantas pessoas


preencherão o questionário

301
Fonte: Raymond D. Frost and Judy Strauss,
The Internet: A New Marketing Tool 2º Semestre 2009/2010 António José Valente

77
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Critérios de selecção do método de recolha de informação

- Orçamento alocado ao estudo

- Tempo disponível para efectuar o estudo

- Composição demográfica do mercado-alvo

- Disponibilidade do veículo de comunicação

- Necessidade para demonstração do produto ou serviço

- Conteúdo do questionário

- Extensão do questionário

- Estrutura do questionário (perguntas abertas vs fechadas)

- Taxa de resposta desejada

- Precisão desejada da amostra


302
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Critérios de selecção do método de recolha de informação (cont.)

Outras considerações a ter em conta, na escolha do método de recolha de


informação:

– Sociedade (grau de desenvolvimento, posse de telefone fixo, …)

– Cultura (mais aberta, mais fechada, …)

– Considerações legais (direito à privacidade, …)

– Desenvolvimentos no mercado (novas tecnologias)

Muitos estudos são efectuados com a combinação de vários métodos de recolha


de informação

303
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

78
Análise e Pesquisa de Mercados

Métodos de recolha de informação


Decisão: Tempo!

Para reflectir:

Surgem constantemente novas técnicas para melhorar a fiabilidade e acelerar a


recolha de dados. Qual a importância que se atribui a entrevistadores humanos
em termos de recolha de dados?

304
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 15
- Os Questionários
- Definição, objectivos
- Componentes de um questionário
- Etapas do desenho de um questionário

305
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

79
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
A) Método dos Questionários

Definição de Questionário

Conjunto formalizado de questões para obter informação dos inquiridos


“A method used for collecting data; a set of written questions which calls for responses on the
part of the client; may be self-administered or group-administered” (Grinnell, 1990)

Função do Questionário
A função do questionário é a mensuração:

a) Comportamento passado

b) Atitudes

c) Características dos inquiridos

306
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários

Objectivos de um Questionário

1) Converter a informação necessária num conjunto específico de questões,


que os inquiridos sejam capazes de responder e, efectivamente respondam

2) Motivar e encorajar os inquiridos a envolverem-se na entrevista,


cooperarem e completarem-na

O investigador deve procurar minimizar a fadiga, aborrecimento e esforço do


inquirido, para minimizar a não resposta e a não finalização

307
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

80
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Objectivos de um Questionário

3) Minimizar o erro de resposta

Erro que resulta do facto dos inquiridos darem respostas incorrectas, ou quando
as suas respostas são mal transcritas ou mal analisadas

O erro de mensuração é um problema sério na


construção do questionário

O researcher deve perguntar: "As questões medem o que é suposto medirem?"


Se a resposta é não, então o erro de mensuração está presente

308
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Objectivos de um Questionário

É importante controlar os erros de mensuração na construção de um


questionário

Os erros ou o enviesamento atribuíveis à amostragem e aos métodos de


administração dos questionários são relativamente pequenos, quando
comparados com outros tipos de variação - especialmente variação atribuível a
diferentes formas de redacção das questões

309
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

81
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários

Não existem princípios científicos que garantam


um questionário óptimo ou ideal

A estruturação de um questionário é uma habilidade adquirida através da


experiência

"É mais uma arte do que uma ciência"

O refinamento de um questionário depende da criatividade e da habilidade do


researcher

310
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário

Um questionário tipicamente tem 5 secções:

1) Identificação dos dados

2) Pedido de cooperação

3) Instruções

4) Informação pretendida

5) Dados de classificação

311
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

82
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário

1) Identificação dos dados

Esta primeira secção do questionário requer:

- Nome, morada e nº telefone do inquirido

Parte desta informação é tipicamente obtida antes da entrevista através de


fontes como listas de inquiridos
Nota: se for expectável que o respondente tenha receio de facultar os seus dados no início da entrevista, o entrevistador
deverá colocar estas questões no final do questionário

Informação adicional incluiria itens como a data e hora da entrevista e o nome ou


código do entrevistador

312
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário

2) Pedido de cooperação
É uma frase aberta concebida para procurar colaboração do indivíduo
relativamente à entrevista.

Esta frase geralmente:


- Identifica o entrevistador e/ou a organização entrevistadora
- Explica o objectivo do estudo
- Dá a conhecer o tempo requerido para completar a entrevista

Exemplo: Sou aluno(a) da licenciatura em Gestão de Empresas da Universidade Lusófona e estou


a realizar um estudo sobre …………, cujos dados serão apenas utilizados no âmbito académico e
a título confidencial. O presente questionário tem como objectivo ……………. . A sua colaboração
será um contributo importante. Pedimos que nos dispense …. minutos do seu tempo”

313
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

83
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário
3) Instruções
As instruções são comentários aos entrevistadores ou ao inquirido acerca de
como usar o questionário
Ex: Género Masculino Feminino
(não perguntar, apenas registar)

4) Informação pretendida
Constitui a maior parte do questionário

5) Dados de classificação
Esta secção refere-se às características do inquirido (género, idade, região
geográfica, habilitações académicas, rendimento, …).
Estes dados são facultados directamente pelo inquirido no caso de pesquisas
realizadas por correio ou por computador 314
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário

Em pesquisas realizadas através de entrevistas telefónicas ou


pessoais, normalmente os dados de classificação são obtidos do
inquirido pelo entrevistador

Em certos casos o entrevistador pode estimar dados sensíveis (ex:


rendimento) com base na observação

Os dados de classificação tipicamente são recolhidos no


final da entrevista, dado que alguns inquiridos podem
estar relutantes em facultar informação pessoal
(rendimento, idade e ocupação) até que seja
estabelecida uma harmonia com a situação de
entrevista

315
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

84
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Componentes de um Questionário

Todavia, alguns procedimentos de amostragem requerem que os


dados de classificação sejam recolhidos no início da entrevista,
para determinar se uma pessoa se classifica como parte do
plano de amostragem ou não (para cumprimento das quotas
definidas)

Ex: 30% de respondentes da Grande Lisboa = 60 entrevistas


20% de respondentes do Grande Porto = 40 entrevistas

316
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário

Etapas no desenho do questionário

1) Revisão de considerações preliminares

2) Decisão sobre o conteúdo das questões

3) Decisão sobre o formato das respostas

4) Decisão sobre redacção das questões

5) Decisão sobre a ordem das questões

6) Decisão sobre as características físicas

7) Pré-teste, revisão e versão final


317
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

85
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

1) Considerações preliminares

a) Objectivos de pesquisa
b) Informação necessária
c) Tipo de pesquisa
d) Fontes de dados
e) Características do grupo de inquiridos (população alvo)
f) Plano de amostragem

Decisões prévias referentes ao tipo de pesquisa e às fontes de dados influenciam


directamente o carácter e papel do questionário no projecto de pesquisa

318
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

O desenho do questionário é grandemente influenciado pelas características


do grupo inquirido - quanto mais heterogéneo o grupo, mais difícil é conceber
um único questionário que seja apropriado para todos os elementos do grupo

Tipicamente, o questionário deve ser desenhado para ser


compreensível pelo inquirido menos capaz

319
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

86
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas
g) Escalas de mensuração
h) Meios de comunicação
i) Processamento dos dados
j) Análise dos dados

O questionário é a ligação entre a informação necessária e os dados a serem


recolhidos

Projecto de
pesquisa Questionário Grupo de inquiridos

Necessidades de
Informação Perguntas feitas Dados

320
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

As questões no questionário devem decorrer logicamente da lista de informações


necessárias

Questões desnecessárias adicionam custos à pesquisa e


aumentam as exigências colocadas ao inquirido

321
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

87
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

2) Decisão sobre o conteúdo das questões

O conteúdo das questões é influenciado pela capacidade/vontade do


inquirido em responder correctamente

Capacidade de responder correctamente

- Os dados incorrectos resultam de duas fontes:

1) O inquirido não está informado

2) Inquirido é esquecido

322
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

1) O inquirido não está informado

Vulgarmente são-nos colocadas questões para as quais não


temos respostas
Os inquiridos muitas vezes respondem a questões mesmo sem
terem conhecimento sobre o tema em questão - esta situação
representa um fonte significativa de erros de mensuração

Muitas vezes a redacção de uma questão encoraja o indivíduo a respondê-la,


estando implícito o facto da resposta dever ser conhecida

Ex: “Você concorda que devamos reciclar o lixo doméstico para que os nossos
filhos tenham um mundo melhor?”

323
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

88
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas
Exemplo:
"Qual é a taxa de juro actual que recebe pelos seus depósitos a prazo?"

Esta questão implica que o inquirido deva saber a resposta

Uma alternativa deveria ser:


"Sabe qual a taxa de juro que actualmente recebe pelos seus depósitos a prazo?"

Esta questão implica que algumas pessoas não sabem a taxa de juro, o que
torna mais fácil ao inquirido admitir uma falta de conhecimento. Se o inquirido
responder esta questão afirmativamente, então pode-se colocar a primeira
questão
324
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

2) O inquirido é susceptível de esquecimento

Estudos demonstraram que esquecemos a maioria dos acontecimentos bastante


rapidamente
A taxa de esquecimento é muito rápida nos primeiros dias, continuando com a
passagem do tempo

A probabilidade de esquecimento é influenciada pela:

- Importância do acontecimento
- Repetição do acontecimento

325
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

89
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário - Etapas

Quando as informações necessárias num estudo requerem questões pedindo


aos inquiridos para recordarem acontecimentos que são pouco importantes para
o inquirido ou que ocorrem pouco frequentemente, o investigador tem um
problema sério na concepção do questionário

Ao recolher-se dados acerca de acontecimentos "pouco importantes" ou pouco


frequentes, existem diversas opções disponíveis:

1) O investigador pode procurar entrevistar os inquiridos que estão mais


propensos a se recordarem – por exemplo os compradores recentes
2) O questionário pode incluir técnicas que estimulem o inquirido a
recordar-se do acontecimento

326
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

A Abordagem da Recordação-Sugerida tenta ultrapassar o


problema da memória

Uma questão sem recordação sugerida, concebida para medir o


conhecimento do inquirido sobre um anúncio comercial poderia ser:
"Que produtos se recorda terem sido publicitados, a noite passada,
na televisão?"

A Abordagem da recordação sugerida iria listar um conjunto de


produtos ao inquirido e depois perguntar:
"Quais destes produtos foram publicitados na televisão, a noite
passada?"

327
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

90
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
A vantagem da recordação sugerida advém das pistas usadas para estimular a
memória do indivíduo

O grau de estímulo pode variar de sugestões limitadas até à apresentação do


acontecimento actual

Esta abordagem da sugestão sugerida é chamada de Método de


Reconhecimento

Existe a possibilidade de enviesamento devido às pistas fornecidas

Na Abordagem da Recordação-Sugerida é muitas vezes recomendada a


utilização de diversos níveis de estimulação sucessiva
328
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Permite ao researcher analisar a influência da sequência das


questões e seleccionar o nível de estímulo mais apropriado para
o estudo

Vontade de responder com exactidão

A má vontade em responder correctamente pode ser reflectida em:

1) Recusa em responder a uma questão ou a uma série de questões - Erro de


Não Resposta

2) Fornecimento deliberado de resposta incorrecta ou distorcida - Erro de


Mensuração

329
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

91
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
Os inquiridos podem ter má vontade em responder correctamente devido a
uma das seguintes razões:
1) Os inquiridos podem considerar a situação inapropriada para revelarem
os dados
2) A revelação dos dados seria embaraçosa
3) A revelação dos dados poderia ser uma ameaça potencial ao prestígio
dos inquiridos e às normas

A vontade de um inquirido responder a uma questão é também função da sua


percepção acerca dos dados serem necessários para um fim legítimo

Um inquirido pode ficar hesitante em fornecer dados correctamente, quando


abruptamente em presença de questões pessoais (idade, ocupação, rendimento,
etc)
330
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
Apresenta-se de seguida um pedido de informação pessoal que não explica ao
inquirido como é que os dados vão ser usados

Ex. 1: “… gostaria de colocar algumas questões acerca de si próprio. Qual o seu ...?”

Uma breve explicação pode tornar o pedido legítimo para a maioria dos
inquiridos
Melhor: "Para compreender melhor como é que as reacções a este novo produto
diferem entre pessoas de diferentes idades, rendimento e ocupação, precisamos de
saber o seu ..."

Ex. 2: “Já alguma vez conduziu embriagado?”

Melhor: “Existem alturas em que não é possível encontrar alternativas de transporte


depois de ter bebido numa festa com amigos. Já alguma vez esteve nesta situação e
conduziu até casa?

331
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

92
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
Abordagens para lidar com o enviesamento resultante da má vontade dos
inquiridos responderem correctamente:

1) Frase anti-enviesamento
Começar a questão com uma frase que sugira que o comportamento em
questão é bastante comum e depois coloque a questão ao inquirido
Ex: “Habitualmente, os portugueses…”

2) Frase indirecta
Redizer a questão sensível de forma que esta se refira a “outras pessoas”. É
assumido que o comportamento ou atitudes do inquirido vai estar reflectido na
resposta
Ex: “O que acha que os seus amigos pensam sobre …”
332
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
3) Categorias de resposta etiquetadas
Apresentar ao inquirido um cartão que liste as respostas sensíveis alternativas e
que tenha as respostas identificadas por letras ou números. O inquirido utiliza
uma letra ou número para indicar a resposta à questão sensível

Ex: Questões sobre infidelidade

Opções de resposta:

A) Todos os dias
B) Uma vez por semana
C) Uma vez por mês
D) Nunca
E) …

333
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

93
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

3) Decisão sobre o formato da resposta

Depois de resolvidos os problemas relacionados com o conteúdo das questões,


o próximo passo é o tipo de questões a utilizar

Está condicionado pelo:

- Carácter da informação desejada


- Efeito que se pretende induzir no inquirido

334
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Aula 16
- Os Questionários (cont.)

- Continuação da aula anterior


- Tipos de questões: abertas, fechadas (resposta múltipla, dicotómicas)
- Aspectos a ter em conta na utilização de questionários internacionais

335
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

94
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Tipos de questões, tendo em conta a estrutura:

1) Abertas
Ex: “Diga-me o que pensa sobre a energia nuclear”
R: _________________________________________________________________

2) Escolha Múltipla
Ex: “Numa escala de 1 a 5 (em que 1 significa muito insatisfeito e 5 muito satisfeito), diga
qual a sua satisfação em relação ao produto…”
R:

3) Dicotómicas (dummy)
Ex: “A colaboradora que efectuou o atendimento entregou-lhe o recibo da compra?”
Sim Não

336
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

1) Questões Abertas
Os inquiridos dão as suas próprias respostas ao questionário
Ex: “Qual a marca de detergentes que comprou na última vez?”
R: ____________________________________________

Vantagens:

1) Questões abertas podem servir como uma óptima primeira questão acerca de um
tópico

2) Permitem que atitudes gerais sejam expressas, o que pode ajudar na interpretação
de questões mais estruturadas

337
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

95
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Vantagens (cont.):

3) Facilitam a comunicação e a obtenção de cooperação do inquirido na resposta a


questões específicas e mais estruturadas

4) Questões abertas influenciam menos as respostas que as questões de escolha


múltipla ou dicotómicas (os inquiridos não são influenciados por um conjunto pré-
determinado de respostas alternativas e podem livremente expressar pontos de vista
diferentes das expectativas do investigador)

Esta característica torna as questões abertas úteis para


objectivos de pesquisa exploratória

338
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Desvantagens

1) Elevado potencial para enviesamento por parte do entrevistador (o entrevistador


pode sintetizar as respostas do inquirido ou eliminar os aspectos de uma resposta
que ele considera não importantes)

2) Elevado tempo e custo associado à codificação das respostas

3) Implícita ponderação superior dada aos inquiridos mais eloquentes e que tendem
a apresentar mais pontos de vista nas suas respostas

4) As questões abertas quando comparadas com questões que têm formatos de


resposta estruturados, são, entre 3 a 5 vezes, mais dispendiosas devido à
complexidade associada ao processamento dos dados

339
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

96
Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Desvantagens (cont.)

5) Se a pergunta não está bem limitada, o inquirido pode responder de modo a não
ter interesse para o investigador

6) Corre-se o risco das respostas pouco ou nada terem a ver com a pergunta

As questões abertas são mais apropriadas para


pesquisa exploratória e para pesquisas destinadas a
desenvolver questões mais estruturadas

O custo de desenvolver questões estruturadas eficazes é alto, mas isto deve ser
pesado por contraposição às desvantagens das questões fechadas

340
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

Análise e Pesquisa de Mercados

Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

2) Questões de escolha múltipla

Vantagens
1) Reduz o enviesamento devido ao entrevistador
2) Reduz o custo e o tempo associado ao processamento dos dados

Desvantagens
1) O desenho eficaz destas questões requer um tempo e um custo consideráveis
2) As questões de escolha múltipla tendem a enviesar os dados, devido à ordem
pela qual aparecem listadas as respostas alternativas
3) É necessário um estudo exploratório, utilizando questões abertas para formular
as respostas alternativas

341
2º Semestre 2009/2010 António José Valente

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Questionários
Desenho do Questionário – Etapas
Aspectos no desenho de questões de escolha múltipla:

1) Número de alternativas
2) Enviesamento pela posição

1) Número de alternativas
O número de alternativas é influenciado pelas seguintes linhas orientadoras:
- As respostas alternativas devem ser colectivamente exaustivas (devem incluir
todas as respostas alternativas possíveis)
- As respostas alternativas devem ser mutuamente exclusivas (os inquiridos devem
ser capazes de identificar uma alternativa que claramente represente a sua resposta)
- Numa entrevista pessoal, se existe uma longa lista de respostas alternativas, as
alternativas devem ser enunciadas numa lista e entregue ao inquirido para análise

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2) Enviesamento pela posição

- Com uma lista de números (p.e. preços, número de vezes que o inquirido
visita uma loja por semana, etc) existe enviesamento para a posição central

- Quando estão envolvidas ideias, a primeira alternativa da lista tem uma maior
probabilidade de ser escolhida

Deve-se procurar ajustar a ordem pela qual as alternativas estão listadas

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3) Questões Dicotómicas (dummy)

O inquirido pode escolher entre duas alternativas: “Sim ou Não”, “Concorda ou


Discorda”
Tipicamente as duas alternativas são combinadas com uma alternativa neutra,
por exemplo “sem opinião”, “não sabe”

Vantagens
1) Perguntas rápidas e fáceis de administrar

2) Menor probabilidade de enviesamento imputável ao entrevistador

3) Facilidade de codificar, processar e analisar

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Desvantagens

1) Risco de se assumir que os inquiridos, abordam o tema em causa de uma forma


dicotómica, quando, na realidade, podem existir muitas gradações de sentimentos
ou a indecisão pode ser predominante

2) Forçar os inquiridos a responder de uma forma dicotómica, quando eles não estão
assim polarizados pode produzir resultados que contenham um erro de mensuração
significativo

3) Mais susceptíveis de erros de redacção da pergunta

4) A colocação de uma questão pela positiva ou pela negativa pode ter um efeito
muito forte na natureza da resposta

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Aspectos na concepção das questões dicotómicas

- Incluir ou não uma alternativa neutra de resposta

Se um número significativo de inquiridos é realmente neutro, a inclusão de uma


alternativa neutra melhora a veracidade dos resultados
Todavia, pode ocorrer uma fonte de enviesamento quando os inquiridos que não
são neutros escolhem a alternativa neutra por motivos de conveniência,
embaraço, etc

Se a proporção de inquiridos que são realmente neutros é alta, é mais correcto


incluir a alternativa neutra. Se se pensa que a proporção de inquiridos neutros é
baixa, é aconselhável forçar os inquiridos a escolherem entre as duas posições
de interesse
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Desenho do Questionário – Etapas

4) Decisão sobre a redacção das questões

É fundamental que o investigador e o inquirido atribuam o mesmo significado às


questões colocadas
Caso contrário irão estar presentes no resultado do estudo
erros de mensuração significativos

Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão:


1) Utilizar palavras simples
As palavras usadas no questionário devem ser consistentes com o nível de
vocabulário dos inquiridos. Na dúvida, é melhor errar pelo lado da simplicidade

2) Utilizar palavras claras


Palavras que são claras têm apenas um significado, que é conhecido por todos os
inquiridos. Palavras como usualmente, regularmente, frequentemente, etc são
ambíguas 347
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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

O investigador deve consultar um dicionário e colocar as seguintes 6


interrogações acerca de cada palavra na questão:

1) Esta palavra significa aquilo que nós pretendemos?

2) Tem outro significado?

3) Se sim, o contexto torna o significado pretendido claro?

4) A palavra tem mais de uma pronúncia?

5) Existe alguma palavra com uma pronúncia semelhante que possa ser confundida
com esta palavra?

6) Existe uma palavra ou frase mais simples que possa ser utilizada?

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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

3) Evitar questões indicativas

Uma questão indicativa é uma questão em que é dada ao inquirido uma pista
sobre qual deverá ser a resposta à questão. Questões indicativas reflectem
vulgarmente o ponto de vista do investigador. Estas questões causam um erro
de mensuração presente nos resultados da pesquisa

A utilização do nome de uma marca ou empresa numa questão


pode fazer com que o inquirido pense que esta empresa é o
promotor do estudo. Existe uma tendência para o inquirido
expressar sentimentos positivos em relação ao promotor do
estudo, o que pode resultar em erros de mensuração

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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

4) Evitar questões enviesadoras

Uma questão enviesadora inclui palavras ou frases que apresentam um carácter


emocional e sugerem um sentimento de aprovação ou reprovação
Ex. 1: "Não concorda com Belmiro de Azevedo na convicção de que ...?”
Ex. 2: “A opinião geral dos portugueses é de que… concorda com esta afirmação?”

A mera sugestão de que uma atitude / posição está associada com uma pessoa
ou organização prestigiada ou não-prestigiada pode enviesar significativamente
a resposta do inquirido

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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):
5) Evitar alternativas implícitas
É preferível enunciar claramente todas as alternativas relevantes a uma questão.
Estudos demonstraram que a ordem na qual as alternativas explícitas são apresentadas
podem afectar a resposta. Quando o número de alternativas é longo e complexo, as
alternativas apresentadas no fim da lista têm uma maior probabilidade de serem
seleccionadas

6) Evitar pressupostos implícitos


Considere-se a questão:
“É a favor de reduzir o montante de açúcar permitido nos cereais para crianças?”

Implícito a esta questão está a ideia de que esta acção vai resultar em alguns
resultados favoráveis (ex: uma menor taxa de cáries dentárias). Uma melhor
redacção da frase seria:
“É a favor de reduzir o montante de açúcar permitido nos cereais para crianças
se isto resultar em ...?"
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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

7) Evitar estimativas
As questões devem ser concebidas de forma a que o inquirido não tenha de
responder dando uma estimativa ou fazendo generalizações

Considere-se a questão:
"Quantas tabletes de chocolate compra por ano?"

Esta questão implica que o inquirido determine o número de tabletes de


chocolate que compra por mês e multiplique por 12

O estudo será mais correcto se a questão for redigida da seguinte forma:


"Quantas tabletes de chocolate compra por mês?"

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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

8) Evitar questões duplas

Uma questão dupla é uma questão em que a redacção requer duas respostas

Ex. 1: "Qual a sua avaliação dos Ferrari ao nível da aceleração e economia?”

Ex. 2: “O colaborador entregou-lhe o recibo da compra e foi simpático?”

Nestes dois exemplos foram colocadas duas questões sob a capa de uma
única questão

Em regra, quando a questão inclui "e" deve-se revê-la para verificar se são
necessárias duas perguntas

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Linhas de orientação a considerar na redacção de uma questão (cont.):

Mais algumas considerações

9) As perguntas devem ser o mais curtas possível

10) As perguntas devem evitar cálculos a fazer

11) A redacção das perguntas deve convidar a colaborar

12) Excluir palavras carregadas de conotações

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5) Decisão sobre a sequência das questões

Após a redacção das questões ter sido determinada, a próxima etapa é


estabelecer a sua sequência

A sequência das questões pode influenciar a natureza das respostas dos


inquiridos e ser a causa de erros significativos nos resultados da pesquisa

Ex: Zaltman (2003) referred a study conducted in Japan by a European automaker. Two
questionnaire versions were administered. The second version had the question about
repair frequency in the beginning of the questionnaire (in contrast to the first
questionnaire), which significantly lowered the overall satisfaction, compared to the first
questionnaire

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Linhas de Orientação sobre a sequência das questões:

1) Utilizar uma questão introdutória simples e interessante

A questão de abertura tem de captar imediatamente o interesse e curiosidade do


inquirido, ou este pode terminar a entrevista

Uma questão simples que peça ao inquirido para expressar uma atitude é um bom
princípio, uma vez que a maioria das pessoas gosta de expressar os seus
sentimentos e pode fazê-lo facilmente. Esta abordagem dá aos inquiridos confiança
de que podem responder às questões remanescentes da entrevista

Exemplo: Uma empresa que levou a cabo uma pesquisa


sobre livros cozinha começou com: "Gosta de cozinhar?"

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Linhas de Orientação sobre a sequência das questões:

2) Coloque questões genéricas primeiro

Dentro de um tópico, questões gerais devem preceder questões específicas


Exemplo:
a) "Que aspectos são para si importantes na compra de cereais de pequeno almoço?
b) "Quando está a comprar cereais, o açúcar é um aspecto importante para si?

Se estas questões fossem colocadas por ordem inversa, o aspecto açúcar seria referido
muito mais vezes como resposta à questão 1 do que seria se as questões fossem
colocadas na ordem apresentada
Colocar questões genéricas primeiro e específicas depois, reduz a probabilidade de
enviesamento sequencial

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Linhas de Orientação sobre a sequência das questões:

3) Coloque questões desinteressantes e difíceis mais tarde na sequência

Sequenciar questões embaraçosas, sensíveis, complexas ou maçadoras no final do


questionário (depois de ter sido estabelecido entrosamento através da familiarização
com o entrevistador e com o processo de entrevista, o inquirido está menos propenso
a opor-se a questões mais exigentes, bem como a questões pessoais – por exemplo
rendimento, idade, etc)

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Questionários
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Linhas de Orientação sobre a sequência das questões:

4) Organizar as questões de acordo com uma ordem lógica

O fluir das questões deve ser lógico do ponto de vista do inquirido.

A ordem das questões que é mais provável de obter boas respostas:

1) Interesse

2) Informação

3) Classificação

Primeiro obter a atenção do inquirido, depois obter a informação necessária e


finalmente abordar questões demográficas ou de classificação potencialmente
sensíveis
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6) Decisão sobre as características físicas
A aparência física do questionário pode influenciar a obtenção de cooperação do
inquirido. Este é o caso particular das pesquisas por correio
A qualidade do papel e da impressão muitas vezes determinam a primeira
reacção do inquirido ao questionário
É importante que o nome da entidade patrocinadora do questionário (ainda que
o nome seja muitas vezes fictício, para evitar enviesamento) e o nome do
projecto apareçam claramente na primeira página
Nas entrevistas pessoais e por telefone, os questionários devem ser numerados
sequencialmente
O formato de uma questão pode influenciar a resposta. Os investigadores
descobriram que quanto mais linhas ou espaço deixado livre para registar a
resposta a questões abertas, mais extensivas são as respostas
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Questionários
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7) Pré- teste e revisão e versão final


Antes de um questionário estar preparado para operações de campo, necessita
de ser pré-testado e revisto

Independentemente da habilidade do investigador no desenho do questionário,


é necessário um pré-teste para descobrir áreas de melhoria

A maioria dos questionários requerem pelo menos um pré-teste e revisão antes


de estarem prontos para operações de campo

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Devem considerar-se os seguintes aspectos aquando da preparação do pré-


teste:

Em termos da aparência física:


1) O questionário vai apelar aos inquiridos e motivá-los a cooperarem?

2) O questionário inclui instruções precisas e breves?

Em termos de conteúdo:
1) Cada questão pergunta só um bit de informação?

2) A redacção das questões enviesa as respostas?

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Questionários
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Em termos de conteúdo (cont.):

3) Alguma das palavras da questão tem carga emotiva, vagamente definida ou


excessivamente geral?

4) Alguma das palavras da questão tem um duplo significado que possa confundir os
inquiridos?

5) A questão utiliza abreviaturas ou gíria que podem não ser familiares?

6) As respostas das questões são mutuamente exclusivas e suficientes para cobrir


cada resposta possível?

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Desenho do Questionário – Etapas

Pré-Teste do questionário

- Exige entrevistadores com experiência

- Aplicado a 20-30 pessoas

- Se houver grandes alterações ao questionário deve fazer-se novo pré-teste

- Após a última revisão versão final

Em geral, um questionário deve ser pré-testado pelo layout pretendido para o


estudo final, mas é melhor pré-testar um rascunho preliminar do questionário
utilizando entrevistadores pessoais, mesmo quando o estudo é para ser
administrado por correio ou por telefone

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Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

É importante que apenas os melhores entrevistadores sejam utilizados para o


trabalho de pré-teste

Um entrevistador especializado pode responder a pedidos de explicação,


detectar áreas de confusão e perscrutar a natureza desta confusão

O entrevistador deve ser sensível a palavras que não são entendidas por todos
os inquiridos, deve testar a sequência das questões, etc

Por último o questionário revisto deve ser pré-testado da maneira pretendida


para o estudo final

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Questionários
Desenho do Questionário – Etapas

Pode ser utilizado o formato de respostas abertas no pré-teste para


determinar categorias de respostas apropriadas para o que vão ser questões
de resposta múltipla no questionário final. Deve ser conduzido um novo pré-
teste para descobrir quaisquer problemas com as categorias de resposta
estandardizadas criadas

O número de pessoas entrevistadas num pré-teste pode variar ente 15 e 30. A


amostra do pré-teste deve ser similar à amostra que vai ser testada no estudo
principal

Sempre que sejam feitas alterações significativas no questionário, deve ser


levado a cabo outro pré-teste

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Tópicos adicionais sobre Questionários

Concepção de um questionário "internacional"

1) O formato do questionário pode ter de ser alterado para reflectir os


diferentes modos de entrevista pessoal, telefone e correio

2) O questionário tem de ser traduzido de Português para uma ou mais


línguas. A exactidão da tradução necessita de ser extensivamente testada.
Tipicamente, isto é feito traduzindo o questionário para outra língua e depois
retraduzindo-o de novo para Português, após o que se compara as duas
versões em Português

3) Em alguns países do mundo é preciso ter atenção à forma como as


categorias de resposta estão estruturadas
Exemplo: em algumas partes da Ásia e do Médio Oriente, as pessoas são relutantes
em dizer “Não”)

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