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Artigo: Ações de controle de constitucionalidade - Parte 2: ADO e ADPF.

Previsão e conceito: Prevista no art.103, § 2º da Constituição Federal, a ação direta de


inconstitucionalidade por omissão (ADO) é uma espécie de controle concentrado no STF,
que visa declarar a inconstitucionalidade de uma omissão dos poderes públicos em não
tornar efetiva norma constitucional (em não viabilizar direito previsto na Constituição).
Portanto, a inconstitucionalidade por omissão reside no conflito entre uma conduta positiva
necessária do Poder Público, e uma conduta negativa práticada (inércia do Poder Público).
Ou seja, é a falta ou a insuficiência da lei que gera a inconstitucionalidade, já que, por vez a
lei pode ser insuficiente para concretizar a norma constitucional.

Objeto: Segundo o Supremo Tribunal Federal, somente cabe ADO em relação à norma
constitucional de eficácia limitada, ou seja, aquelas normas constitucionais que necessitam
de complementação/regulamentação para a produção de todos os seus efeitos.

Assim, a ADO tem como objeto a necessidade de ato normativo do Poder Legislativo e do
Poder Executivo para viabilizar direito previsto em norma constitucional de eficácia limitada.

Legitimidade da ADO: São legitimados para a propositura da ADO os mesmos sujeitos e


entidades previstos no art.103, inciso I a IX, legitimados para propositura de ADI e ADC.

Para ajuizamento da ADO também é necessário observar a pertinência temática/interesse


de agir por parte dos legitimados especiais dos incisos IIV, V e IX do art. 103 da CF.

Espécies de ADO: Existem duas espécies de ADO. A ADO total e a ADO Parcial.

A ADO total é aquela ajuizada quando falta lei para viabilizar direito previsto na constituição.
Aqui, a inércia do Poder Público é total, por faltar lei ou ato normativo.

Já a ADO parcial é proposta quando, apesar de existir lei ou ato normativo do Poder
Executivo, esta é insuficiente/insatisfatória para viabilizar o Direito previsto na Constituição.

Ainda, a doutrina subdivide a ADO parcial em: Propriamente dita e a relativa.

A ADO parcial propriamente dita é aquela em que existe a lei, porém a lei ou ato normativo
é insuficiente qualitativamente, ou seja, a qualidade da lei é ruim.

Já a ADO parcial relativa é aquela em que existe a lei, e, a qualidade da lei é


boa/adequada, porém, ela não atinge todos que deveria atingir. Ou seja, há uma
insuficiência quantitativa no que tange ao número de atingidos.
A ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), está prevista no art.102, § 1º
da Constituição Federal. É uma espécie de controle concentrado no STF que visa reparar
ou evitar lesão a preceito fundamental da constituição em virtude de ato do poder público ou
de controvérsia constitucional em relação a lei ou ato normativo federal, estadual, ou
municipal (inclusive anterior a Constituição).

O parâmetro da ADPF são os preceitos fundamentais da constituição. Preceitos


fundamentais são princípios e normas consideradas essenciais ao ordenamento jurídico,
sejam elas implícitas ou explícitas na Constituição Federal. São normas materialmente
constitucionais que fazem parte da Constituição Formal, ou seja, são matérias tipicamente
constitutivas do Estado e da sociedade na Constituição Formal. Dizem respeito ao núcleo
ideológico constitutivo do Estado e da Sociedade na Constituição Formal.

Os preceitos fundamentais estão em um rol aberto que é desenvolvido pelo STF, que está
em constante construção do que seja preceito fundamental. A título de exemplo, o STF já
decidiu ao longo dos anos que os artigos 1,2,3,4,5,6, 14, 18, 34, VII, 60, § 4º, 59 ao 69,100,
170, 196, 205, 220 a 222, 225, 226 e 227 da CF são preceitos fundamentais.

Existem duas espécies de arguição de descumprimento de preceito fundamental: a arguição


autônoma e a arguição incidental.

A arguição autônoma é aquela que resulta de ato do Poder Público que lesiona ou ameaça
de lesão preceito fundamental da Constituição. O ato do Poder Público pode ser lei federal,
estadual ou municipal, ato administrativo, ou, contra ato judicial.

Já a arguição incidental é aquela que resulta de incidentes no controle difuso concreto de


constitucionalidade em relação a lei federal, estadual, ou municipal.

Legitimidade: São legitimados para a propositura de ADPF os mesmos sujeitos e entidade


legitimados para propositura de ADI, ADO e ADO constante no art. 103, incisos I a IX da
CF, devendo ser observado pertinência temática/interesse de agir para os legitimados dos
incisos IV, V e IX.

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