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DESCRIÇÃO

O que é uma licitação; princípios constitucionais da administração pública aplicados à licitação;


tipos de licitações classificadas em função das faixas de valores; modalidades de dispensa de
licitação em função do objeto e da pessoa, e especificidades das licitações tratadas pela Lei
13303/16.

PROPÓSITO
Compreender as diferenças entre os bens públicos e os bens particulares, principalmente no
que tange às características particulares das Leis 8666/93 e 13303/16.

PREPARAÇÃO
Para acompanhar o tema, é necessário estar com uma cópia da Constituição Federal de 1988,
Lei 8666/93, LC 101/02, das Leis 10520/02 e 13303/16 para consulta.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever as compras no setor públicos e suas especificidades


MÓDULO 2

Identificar os principais aspectos das compras públicas na Lei 8666/93

MÓDULO 3

Descrever as modalidades de inexigibilidade e dispensa de licitações

MÓDULO 4

Descrever as especificidades da Lei 13303/16 e as fases pós-licitação e o contrato público

INTRODUÇÃO
No estudo da gestão das compras públicas, temos diversos aspectos que as diferenciam das
compras de uma empresa privada ou de um cidadão. Como, no serviço público, toda compra
deve, a princípio, ser precedida de licitação — ou seja, a não existência de um processo de
negociação tradicional, mas uma concorrência em que vence o melhor preço, como em um
leilão —, as cadeias de suprimentos desses órgãos ficam sempre condicionadas a esse
regramento.

Diversos aspectos desse regramento serão abordados nos módulos a seguir. Dessa forma, é
muito importante entender que isso provoca uma restrição muito grande a processos
amplamente difundidos na indústria, como o Just-in-Time ou outros processos mais flexíveis de
produção ou desenvolvimento de produtos. Apesar da busca pela eficiência como meta
constitucional, conforme apresentado no artigo 37 da CF88, ela deve estar subordinada ao
estrito processo legal e burocrático prescrito pela lei, buscando evitar desvios e fraudes nos
processos e tornando-os rastreáveis em caso de suspeitas de desvios ou malversação dos
recursos públicos.
MÓDULO 1

 Descrever as compras no setor públicos e suas especificidades

LEGISLAÇÃO
As compras efetuadas por entes públicos, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
de capital misto devem seguir regras específicas, como dita o inciso XXI do artigo 37 da
Constituição Federal de 1988.

Nesse inciso, é informado que, exceto em casos especiais, todas as compras, obras, serviços
e alienações serão feitos por processo de licitação.

Esse processo é ditado pela Lei 8666/93 para todos os entes públicos, excetuando as
empresas não dependentes, tanto as públicas como as de capital misto e suas subsidiárias,
conforme dita a Lei 13303/16, utilizando a definição da LC 101 — Lei de Responsabilidade
Fiscal, quando define qual empresa é dependente.

CF – Art. 37 – XXI.

LC 101/00 – Art. 2º – III

 ATENÇÃO

(OBS.: Sempre que aparecer a referência de algum artigo das Leis 8666/93 e 13303/16, ele
deve ser lido antes de prosseguir na leitura da matéria)

É com base nessa definição de empresa dependente que a Lei 13303/16 irá construir a sua
flexibilização de alguns parâmetros da licitação e da contratação de compras, alienações,
obras e serviços das empresas públicas e mistas.

A LC 101/00 define quais são as empresas dependentes e dita que são aquelas que utilizam
recursos do tesouro para o seu funcionamento, ou seja, que não têm receitas próprias
suficientes para se manterem independentes de recursos públicos.
Nessa configuração, todos os entes federados, autarquias e fundações públicas são, a priori,
excluídos. No entanto, as empresas públicas e de capital misto podem ou não estar excluídas,
dependendo de serem ou não dependentes. As ONG’s e OCIP’s, por utilizarem e gerirem
recursos públicos, também precisam seguir algumas regras descritas na legislação de
licitações da Lei 8666/93.

LEI 13303/16 – ART. 1º


Nesse ponto, é importante destacar que a Lei 13303/16 abrange todas as empresas públicas e
de capital misto que explorem comercialmente atividade empresarial, não importa o ente
federado ao qual estejam associadas, valendo, inclusive, para empresas federais ou mistas
instituídas por autarquias.

 EXEMPLO

Um exemplo desse tipo de empresa é a Dataprev — empresa pública de tecnologia instituída


pela sociedade da União com a sua autarquia INSS. Como essa empresa tem receitas
próprias, pela sua prestação de serviços, que inclui órgãos tanto da União quanto de estados,
municípios e do poder judiciário, ela é considerada uma empresa não dependente, podendo
utilizar a Lei 13303/16 em suas contratações.

Vamos entender alguns parágrafos da Lei 1303/16 – Art. 1º:

LEI 1303/16 – ART. 1º – § 1º


As empresas com faturamento inferior a 90 milhões podem deixar de seguir algumas regras
constantes nessa lei, mesmo sendo consideradas independentes. Uma das exigências trazidas
para as empresas não dependentes, no artigo 6º, e que elas estão dispensadas de seguir, é a
obrigatoriedade de serem constituídas regras específicas de governança. Outras questões
também são dispensadas, mas nenhuma delas se refere às compras públicas, ficando tais
empresas obrigadas a seguirem as regras.
LEI 1303/16 – ART. 1º – § 2º
Ao contrário do disposto no parágrafo anterior, aqui são ditadas as regras gerais para as
empresas, incluindo as dependentes, conforme definição da LC 101/00. Essas regras estão
nos Capítulos I e II do Título II, e tratam das licitações e de suas dispensas, assunto que
trataremos, especificamente, no módulo 3.

LEI 1303/16 – ART. 1º – § 3º E § 4º


Com essa permissão expressa dada à União, ela passa a poder ditar regras específicas para
as empresas públicas e de economia mista, principalmente em relação às questões que não
são tratadas nessa lei, bem como aos limites de valores de dispensa de licitação e de
enquadramento dos tipos de licitação possíveis. O poder público tem um prazo para a
instituição dessas condições especiais, conforme dita o § 4º.

LEI 1303/16 – ART. 1º – § 5º, § 6º, § 7º – I, II, III, IV, V, VI,


VII, VIII, IX, X
Os demais incisos e parágrafos desse artigo tratam das demais situações em que empresas
relacionadas com as empresas públicas e as sociedades de economia mista são obrigadas a
submeterem suas ações e documentações às exigências constantes na Lei 13303/16. Eles
indicam que empresas coligadas — ou seja, que o poder público tem participação acionária,
mas não detêm o controle da empresa — devem seguir regras ditadas por essa lei.
O QUE É UMA LICITAÇÃO E OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA APLICADOS À LICITAÇÃO

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
LICITAÇÃO
Licitação é um processo de compras em que regras rígidas são ditadas e devem ser seguidas
estritamente, sob pena de punição para o agente que não as segue. De acordo com alguns
estudiosos da área pública, só é permitido ao agente público fazer aquilo que a lei autoriza,
enquanto que, ao particular, tudo é permitido, exceto o que a lei proíbe. Essa é a base para a
obrigatoriedade de seguir o processo de licitação, uma vez que, como já demonstrado, o art. 37
da CF obriga a adoção desse procedimento.

A licitação é como um leilão, pois o objetivo é contratar aquele que oferece o menor preço,
podendo ser requeridos outros dois parâmetros — qualificação técnica e econômica. Esse
processo foi estabelecido como uma forma de isonomia entre os concorrentes e está
embasado no caput do art. 37, que coloca como diretrizes da administração pública a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE). Essas diretrizes ou
princípios norteiam toda a administração pública e têm amplo impacto nas licitações.
Todo o processo de licitação está ancorado nos princípios da administração, pois deve seguir
todo um processo legal, determinado por lei específica e que procura abarcar todas as
possibilidades existentes.

São princípios da administração:

IMPESSOALIDADE
MORALIDADE
PUBLICIDADE

IMPESSOALIDADE

A impessoalidade é tratada de forma objetiva, buscando promover um certame público,


buscando identificar possíveis pontos de interferência dos agentes públicos e neutralizando-os,
de forma a tornar todo o processo apenas burocrático, na melhor concepção da palavra.

MORALIDADE

A moralidade é buscada de forma diuturna em todo o processo de licitação, apesar de vermos


tantos casos de fraudes e desvios, como os casos das empreiteiras em licitações feitas pela
Petrobrás durante os governos federais do PT. Esse princípio está diretamente ligado com a
ética na gestão pública e recai de forma acintosa nos processos de licitações, impactando
diretamente os demais princípios da administração pública.

PUBLICIDADE

A publicidade indica que qualquer licitação seja tornada pública, não importando o tipo de
licitação proposta. Existem casos em que esse princípio deixa de ser cumprido, principalmente
quando envolve segurança nacional com informações confidenciais. Esse tipo de processo
deve ser muito bem fundamentado, e sua necessidade deve ser comprovada, pois a
divulgação é um instrumento muito importante de controle da administração pública. É por meio
dele que se pode verificar o trabalho dos agentes públicos, principalmente com o advento da
Lei de Acesso a Informação Lei 12.527/11, que garantiu o acesso livre a todo cidadão das
informações disponíveis e não disponibilizadas automaticamente nos sites e demais meios pela
administração pública.

IMPESSOALIDADE

A impessoalidade garante que o agente público não favorecerá seus amigos ou conhecidos,
sendo a influência ilegal e punida de diversas formas, conforme consta na Lei 8666/93,
13303/16 e no Código Penal. Esse tipo de comportamento por parte do agente público
responsável pelo certame ou de funcionário público não envolvido diretamente — terceiro —,
enseja a dispensa do servidor por justa causa, após Processo Administrativo Disciplinar (PAD),
seguido à investigação prévia ou à denúncia que indique irregularidade cometida pelo servidor..

Por fim, em relação aos princípios listados na CF, temos a eficiência como um dos princípios
da administração pública.

 COMENTÁRIO

Esse princípio foi incorporado à CF posteriormente, durante o governo do presidente Fernando


Henrique Cardoso, no bojo da reforma gerencialista trazida por Bresser-Pereira, na década de
1990, com a Emenda Constitucional nº 19/98.
Esse princípio veio para acomodar a ideia de que o serviço público deveria buscar a eficiência
e garantir que o estado gerasse economia em suas contas, como um dos pilares da
macroeconomia. Ele foi introduzido junto com a figura do Contrato de Gestão, que garantiu
maior liberdade aos gestores públicos, desde que algumas metas fossem cumpridas.

CF art. 37 – § 8º e Incisos I, II, III

EFICIÊNCIA

Virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor


rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios. A eficiência é um conceito que se baseia
no melhor resultado entre custo e benefício, buscando o menor custo com o melhor benefício..

CONTRATO DE GESTÃO

Contrato firmado entre o ente público e órgão, autarquia ou Fundação Pública no intuito de
garantir maior autonomia aos gestores em troca do atingimento de metas preestabelecidas e
postas em contrato, tendo prazo de duração como uma das cláusulas obrigatórias..

RESTRIÇÕES PARA O DESCUMPRIMENTO


DAS NORMAS DA LICITAÇÃO E DOS
CONTRATOS NA LEI 8666/93
Quando existe algum tipo de irregularidade na licitação ou no contrato administrativo, o
concorrente ou contratado pode ser punido, conforme lista a Lei 8666/93.

Essas punições independem de ação judicial e estão ancoradas no Poder de Polícia


pertencente ao Estado.

Esse poder garante que o Estado tem o direito de exercer a fiscalização e de aplicar punições
ao cidadão ou à organização que deixar de cumprir a regra estabelecida. Toda punição
aplicada pelo Estado pode ser discutida no poder judiciário.

Dentro dos atos administrativos, existem etapas que não podem ser objeto de discussão na
justiça, no entanto, qualquer punição imposta pelo Estado possui a prerrogativa de ser
modificada pelo poder judiciário. Essa possibilidade garante ao cidadão e à organização o
direito de ampla defesa, expresso na CF88. Mesmo durante a fiscalização e a aplicação da
punição, já na esfera administrativa, o contratado tem o direito à ampla defesa e ao
contraditório. Todo processo de punição imposto pelo Estado deve conter período de defesa e
direito a recorrer da punição ainda na esfera administrativa.

As punições impostas pela Lei 8666/93 seguem esse princípio e estão expostas nos artigos

81 A 88
81 A 99
100 A 108
109

81 A 88

Nesses artigos, são classificados os tipos de infrações que podem ser cometidas e as punições
para cada uma delas.
81 A 99

Tratam dos crimes e das penas impostas tanto aos funcionários públicos envolvidos nos crimes
como aos participantes de licitações ou contratos.

100 A 108

Tratam do processo e do procedimento judicial envolvido nesses crimes, momento no qual o


processo disciplinar administrativo é enviado ao poder judiciário, que irá proceder com o
processo legal para penalização dos envolvidos em crimes contra o patrimônio público.

109

O artigo 109 e seus incisos e parágrafos tratam dos recursos administrativos que garantem o
amplo direito de defesa dos acusados.

Neste momento, trataremos apenas do primeiro grupo de artigos, pois tratam de assunto
específico desse tipo de licitação e contrato. Nos artigos 89 a 89, ao falar sobre as punições
para alguns tipos de infrações cometidas durante a licitação e a vigência dos contratos, são
listadas apenas as sanções administrativas que os contratados podem sofrer. Ele inicia com a
recusa a adjudicação do objeto por parte do licitante vencedor da concorrência. Lei 8666/93 –
Art. 81 e parágrafo único.

ADJUDICATÁRIO

Adjudicatário – Termo utilizado para o processo de declaração do vencedor da concorrência


dada pela licitação. O adjudicatário é a pessoa física ou jurídica que assume a obrigação de
assinar o contrato e cumprir esse contrato, fornecendo os produtos, executando a obra ou
fornecendo os produtos.
Quando um concorrente da licitação é declarado vencedor do certame, ele tem por direito ser
declarado habilitado para a adjudicação do objeto da licitação. Nesses casos, ele ainda pode
recusar a adjudicação, desde que fundamente sua alegação.

Após esse processo de adjudicação, ou seja, o aceite do objeto da licitação pelo fornecedor,
ele não pode mais recuar desse compromisso. Se recuar, receberá punição, pois estará
impondo prejuízo ao erário público, incorrendo em infração passível de punição conforme o
artigo 81 da Lei 8666/93.

A exceção ditada pelo parágrafo primeiro diz respeito ao segundo colocado na concorrência:
ele não está obrigado a aceitar a adjudicação do objeto da licitação nas mesmas condições
dadas pelo primeiro colocado. Essa exceção se deve ao fato de ele não ter apresentado uma
proposta com o mesmo valor do vencedor. No entanto, se ele quiser aceitar o objeto da
concorrência nas mesmas condições que o vencedor desistente, terá a adjudicação transferida
para seu nome.

Os artigos 82 a 84 tratam das sanções a agentes públicos que podem se somar a punições
civil e penais, ou seja, não se confundem com elas e podem ser aplicadas independentemente
e cumulativamente a outras punições dadas em esferas distintas do Direito. É importante
entender que essas sanções aplicadas administrativamente não substituem as outras sanções,
penas e demais restrições impostas por outras esferas públicas.

Lei 8666/93 – Art. 82, 83, 84 – § 1º, 2º.

Vale a pena chamar a atenção para a definição de servidor público tratado nessa lei, que é
dado pelo artigo 84, pois não é a definição dada em outras leis, mas abarca todo agente físico
ou jurídico que exerce cargo, emprego ou função. Nessa definição, estão abarcados todos os
que, de alguma forma, respondem por erário público, pois lista, inclusive, as paraestatais, como
ONG’s, OSCIP’s e demais paraestatais, como cooperativas que recebem dinheiro do poder
público, normalmente via contrato de gestão, para desenvolverem serviço tipicamente do
estado.

Quando tratam das sanções administrativas especificamente em relação às organizações que


participam da licitação e do contrato administrativo, estas são listadas em três categorias.

Essas categorias são: advertência, multa, suspensão temporária da participação em


licitações ou contratações com a administração pública, por prazo não superior a dois anos, e
declaração de inidoneidade para participar de licitações ou contratações com a administração
pública, pelo tempo que durar os motivos que deram causa ou até a reabilitação pela
administração pública.

Lei 8666/93 – Art. 86. – §1º, 2º, 3º – art. 87, I, II, III, IV.

 ATENÇÃO

Todas essas punições podem ser aplicadas em conjunto, ou seja, a aplicação da advertência
não exclui a possibilidade de aplicação de multa, e a aplicação de multa não exclui a
possibilidade de suspensão temporária ou mesmo permanente.

O interessado que sofrer essas punições tem o prazo de cinco dias para apresentar sua defesa
prévia, podendo ser exercida ou não, a critério do interessado. Outro ponto importante é que,
se a multa aplicada for maior do que a caução dada em garantia no momento da assinatura do
contrato, uma das cláusulas exorbitantes previstas na Lei 8666/93, o poder público pode cobrar
essa diferença tanto administrativamente, por meio da emissão de título executivo, como
judicialmente, por meio de processo de execução judicial. A aplicação das sanções
administrativas é de exclusividade do Ministro de Estado, Secretário Estadual ou Municipal,
com prazo de defesa do interessado de 10 dias da abertura de vista. Em caso de procedimento
da defesa, a reabilitação pode ser requerida em 2 dias de sua aplicação.

As sanções previstas nesses artigos podem ser aplicadas a empresas e profissionais que
tenham sido condenados, por dolo, em fraude de recolhimento dos tributos,
independentemente de quais sejam. Se derem causa a atos ilícitos para frustrar os objetivos da
licitação, também podem ser punidos com as sanções listadas anteriormente, além de também
se enquadrarem nessas sanções os concorrentes que não tiverem condições de participarem
da licitação ou que a vencerem sem condições de cumprir com o objeto contratado.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Compreender os principais aspectos das compras públicas na Lei 8666/93

INTRODUÇÃO À LEI 8666/93


A Lei 8666/93 — Lei das Licitações, como ficou conhecida — versa sobre os processos de
licitação em todos os entes federados, incluindo as autarquias, fundações públicas e, até a
aprovação da Lei 13303/16, das empresas públicas e das sociedades de economia mista,
como lista seu artigo 1º e parágrafo único. Essa lei, além de versar sobre a licitação, trata das
fases precedentes e da adjudicação do objeto licitado, do contrato administrativo, suas
características e particularidades, das infrações e punições dos envolvidos em todo esse
processo.

Lei 8666/93 Art. 1o e Parágrafo único.


É nessa lei que se especifica a obrigatoriedade da licitação, em cumprimento ao disposto no
inciso XXI do artigo 37 da CF88, colocados todos os procedimentos, valores limites, as formas
de constituição das comissões de julgamento das licitações, entre outros aspectos relevantes.
Esses aspectos são todos tratados de forma minuciosa, procurando resguardar o erário público
e garantir o interesse público em todos os certames desenvolvidos pelos entes públicos.

O artigo 3º trata dos princípios que norteiam as compras públicas. São eles: a isonomia entre
os concorrentes, a seleção da melhor proposta para a administração pública, a legalidade, a
impessoalidade, a moralidade, a igualdade, a publicidade, a probidade administrativa, a
vinculação ao instrumento convocatório, o julgamento objetivo e os princípios correlatos.

Lei 8666/93 – Art. 3º

Além desses princípios, o artigo trata das vedações aos agentes públicos, listando-os nos
incisos subsequentes:

Lei 8666/93 – Art. 3º Inciso I e II.

Todas essas restrições têm como objetivo promover a impessoalidade do agente público na
escolha do vencedor da licitação, identificando proibições específicas além das já
estabelecidas em outras leis.

Esse mesmo artigo trata das exceções que alguns licitantes têm em relação a outros no
momento do desempate de escolha. Quando há igualdade de condições e as propostas são
semelhantes, são considerados critérios de desempate:

Produtos produzidos em território nacional;

Produtos produzidos ou serviços prestados por empresas brasileiras;


Produtos produzidos ou serviços prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia no país;

Produtos produzidos ou serviços prestados por empresas que comprovem cumprimento


de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
Previdência Social, e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

Além desses casos listados como critérios de desempate mais gerais, as licitações, em seu
processo, podem acrescentar outros critérios de preferência, restritos a: produtos
manufaturados e serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras; bens e
serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social, e
que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

Essa margem de preferência, citada anteriormente como podendo constar do processo de


licitação, deve seguir ao estudo revisto periodicamente e com prazo não superior a cinco anos.

Ele deve considerar, como base mínima, os seguintes critérios:

Geração de emprego e renda;

Efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais;

Desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país;

Custo adicional dos produtos e serviços, e análise retrospectiva de resultados em suas


revisões

Todo esse processo de preferências nas compras públicas deve ser divulgado anualmente pela
Internet, listando todas as empresas favorecidas. Essas preferências são somadas a outras,
garantidas em outras leis, e se sobrepõe a essas, além de garantir privilégios a microempresas
e empresas de pequeno porte listadas na LC 123/06 — Lei das Micro e Pequenas Empresas.

Lei 8666/93 – Art. 5o-A.


TIPOS DE LICITAÇÕES CLASSIFICADAS EM
FUNÇÃO DAS FAIXAS DE VALORES
As licitações, como desenhadas pela Lei 8666/93, são divididas em três categorias em relação
ao valor, além dos casos de dispensa e inexigibilidade de licitações tratadas de forma
independente e taxativa, ou seja, valendo apenas para os casos listados nessa lei, não
aceitando analogias ou aproximações, e os casos especiais devido ao objeto tratado pela
licitação. Os casos de licitação em função do valor são concorrência, tomada de preços e
convite. Para os casos em razão do objeto do contrato, temos concurso, leilão e pregão.

CONCORRÊNCIA

A concorrência é o processo de licitação mais complexo e, por isso, é utilizado nas licitações de
maior vulto ou com maior risco de problemas específicos.

Ela é obrigatória para valores de compras e serviços superiores a R$650.000,00, e de obras de


engenharia superiores a R$1.500.000,00, não sendo proibida para a contratação de valores
menores do que esses, casos em que deve ser julgada a eficiência do seu uso.

Ela também é obrigatória para alienações de bens imóveis (salvo a venda de imóvel por leilão
em casos específicos), na concessão de direito real de uso, nas licitações internacionais
(ressalvada a possibilidade de tomada de preços, quando o órgão tem cadastro de
fornecedores internacionais, e do convite, quando não existirem fornecedores internos,
seguindo os limites de cada modalidade), nas contratações de Parcerias Público Privadas
(PPP’s) e na concessão de serviços públicos (Lei 11.079/04 art. 10).

 COMENTÁRIO

Essa modalidade de licitação tem como uma de suas características principais a possibilidade
de participação de qualquer pessoa física ou jurídica interessada, que deve ser habilitada na
fase preliminar da licitação, comprovando preencher os requisitos básicos para a adjudicação
do objeto da concorrência.

Para a realização e o julgamento das propostas dos concorrentes nessa modalidade de


licitação, é obrigatória a formação de comissão julgadora. Essa comissão pode ser permanente
ou formada especificamente para a concorrência, devendo conter, no mínimo, três integrantes.
Dos três integrantes, dois precisam ser servidores públicos pertencentes aos quadros
permanentes do órgão responsável pela licitação.

Quando a comissão de licitações é permanente, seus membros devem ter mandato de um ano,
não podendo ser reconduzidos de forma integral a um novo mandato (art. 51, §4º). Eles podem
ser indicados para outra comissão ou permanecer na mesma, desde que algum dos membros
seja anualmente trocado. É interessante que haja um rodízio dos membros dessas comissões
para que a lisura do certame seja mantida, procurando tratar a coisa pública da forma mais
prudente possível.
A divulgação do instrumento convocatório das demais fases da concorrência é obrigatória,
sendo que, para a União, é obrigatória a publicação no Diário Oficial da União (DOU),
estendendo-se essa obrigação em caso de outros entes que estejam recebendo verbas,
financiamento ou garantias da União, mesmo que parcial. Os estados e o DF devem publicar,
no Diário Oficial de seu Próprio estado (DOE), incluindo os municípios que publicam no DOE
do estado. Além dessas formas de publicação, é obrigatória a publicação em jornal diário de
grande circulação, em diário oficial do município ou em jornal de circulação do local onde a
obra, o serviço ou a alienação acontecerá. Pode ainda ser divulgado na Internet ou em
qualquer outro meio de comunicação que aumente a concorrência, provocando o interesse de
concorrentes.

Outra característica da concorrência é a necessidade de uma fase pré-licitação de habilitação


dos concorrentes.

HABILITAÇÃO DOS CONCORRENTES

Essa habilitação, quando se fizer necessária, pode ser técnica, fiscal, econômico-financeira,
regularidade fiscal e declaração de não utilização de trabalho infantil. A comissão deve fazer a
conferência dos documentos de forma pública e pode, ao final, declarar qualquer uma das
empresas que queiram concorrer na licitação como inabilitada a participar do certame. Essa
fase de habilitação prévia é exclusiva das concessões, sendo sua principal característica.

TOMADA DE PREÇOS

A tomada de preços, outra modalidade de licitações, pode ser utilizada para valores entre
R$80.000,00 e R$650.000,00 para compras e serviços, e R$150.000,00 e R$1.500.000,00 para
obras de engenharia, não excluindo a possibilidade do uso da concorrência para compras,
serviços e obras de engenharia dentro dessa faixa de valores.

Esse processo de compra é mais simples, baseando-se no princípio da eficiência, na busca por
economizar nos custos de todo o processo. Essa modalidade é admitida nas licitações
internacionais, desde que o poder público tenha cadastro prévio dos fornecedores
internacionais e os valores estejam na faixa admitida para essa modalidade.
Podem participar dessa modalidade de licitação todos os fornecedores que forem previamente
cadastrados junto ao órgão licitante ou os fornecedores interessados que se cadastrarem até
três dias antes da data final do recebimento das propostas e que atenderem às exigências
contidas no edital de Tomada de Preços (art. 22 § 2º). Essa modalidade exige o mesmo padrão
de divulgação da concorrência, devendo seguir as mesmas regras já listadas.

Lei 8666/93 – Art. 22 – § 2º.

A comissão de julgamento para essa modalidade pode ser permanente ou especialmente


constituída para o certame, compostas, no mínimo, de três membros. Dos três, dois devem ser
servidores permanentes do órgão responsável pela licitação — mesmo padrão exigido na
concorrência, inclusive em relação à substituição e ao mandato de cada membro dessa
comissão. Com isso, podemos afirmar que a principal característica da tomada de preços é a
exigência de que os participantes estejam habilitados previamente, em prazo anterior a três
dias da entrega das propostas ao poder público responsável pelo julgamento do certame.

CONVITE

A última modalidade de licitação classificada em função da faixa de valor permitida é o convite.

Essa modalidade é a mais simples das três, sendo utilizada para valores entre R$8.000,00 e
R$80.000,00 para compras e serviços, e R$15.000,00 a R$150.000,00 para obras de
engenharia, ou seja, a faixa de preços mais baixa entre as licitações, sendo suas
características praticamente exclusivas dessa modalidade.

A comissão que deve julgar o certame segue os padrões já ditados para as outras modalidades
de licitação, sendo formada por três servidores, com dois sendo, obrigatoriamente, servidores
permanentes do órgão licitante. Seu mandato e sua substituição seguem o padrão já ditado
para a concorrência. No entanto, essa modalidade aceita a exceção de comissão formada por
um servidor permanente do quadro do órgão licitante, em casos de unidades muito pequenas
que não possuam servidores suficientes para formação de comissão seguindo os padrões
exigidos (Art. 51 §1º)

Lei 8666/93 – Art. 51 – § 1º

Na modalidade de convite, o poder público pode convidar a participar do certame, no mínimo,


três empresas para a concorrência de lista do ramo pertinente ao objeto da licitação, abrindo
para demais empresas que se interessarem em concorrer. A divulgação do certame será pela
fixação, em local apropriado, de cópia do instrumento convocatório, licitação, estendendo aos
demais cadastrados a oportunidade de participação, desde que se manifestem em prazo de até
24 horas antecedentes à apresentação das propostas.

Lei 8666/93 – Art. 22 – § 3º

O instrumento convocatório para participação na modalidade de licitação Convite é a carta-


convite, enviada a, no mínimo, três empresas, que poderão participar do certame. A exceção é
o caso de não existirem empresas que forneçam o produto ou serviço necessário, situação em
que se deve justificar a não convocação de substituto. Se alguma das empresas não responder
a carta-convite, outra empresa deve ser convocada a partir da lista de empresas existentes no
órgão público que está executando o certame (Art. 22 § 7º). No caso de novo certame para o
mesmo produto ou serviço, ou produto ou serviço assemelhado, o poder público responsável
deve incluir, obrigatoriamente, no mínimo, uma nova empresa à lista, eliminado ou não um dos
concorrentes convidados em lista anterior (art. 22 § 6º).

Lei 8666/93 – Art. 22 – § 6o e 7º

É importante salientar que a utilização da concorrência ou da tomada de preços para os casos


de licitações com valores contidos na faixa de valores referente a convite não estão excluídas
ou proibidas. Cabe ao gestor público responsável o julgamento de qual modalidade se encaixa
melhor em suas necessidades e ao interesse público — alvo final de todos esses processos
listados. O gestor deve julgar diversos aspectos da licitação, sempre baseado nos princípios
que regem as licitações e garantir que estão sendo seguidos da melhor forma possível.

OS TIPOS DE LICITAÇÃO NAS LEIS 8666/93


E 13303/16

TIPOS DE LICITAÇÕES CLASSIFICADAS EM


FUNÇÃO DO OBJETO QUE LICITAM
Quando olhamos em função, especificamente, do objeto que se está licitando, podemos
verificar que existem alguns tipos específicos de licitações específicas. Essas licitações são
concurso, leilão, pregão e pregão eletrônico. Para cada uma dessas modalidades, a legislação
prescreve diversos procedimentos e premissas, que devem ser seguidas para um bom
cumprimento do dever constitucional da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade e da eficiência.

CONCURSO

O concurso é a modalidade em que se pretende contratar serviço técnico, científico ou artístico.


Nesse caso, podem participar todos os interessados que atenderem às exigências para a
realização do serviço contidas em edital, sendo que os valores pagos como prêmio ou
remuneração serão condicionados à seção dos direitos autorais do trabalho ao poder público,
no momento em que ela se encerrará.

O vencedor desse tipo de concurso não poderá concorrer à execução da obra que propuser em
seu projeto vencedor, sendo apenas permitida a sua contratação para a fiscalização e o
acompanhamento da execução dessa obra.

Para a comissão de julgamento, não é obrigatório que os membros sejam servidores públicos
do quadro permanente de funcionários do órgão licitante, como nas modalidades de
concorrência, tomada de preços e convite. No entanto, os membros devem ter conhecimento
técnico do assunto julgado e reputação ilibada, sendo a única possibilidade listada pela lei em
que uma comissão pode ser totalmente formada por pessoas não pertencentes aos quadros
permanentes de funcionários do órgão público licitante.
O instrumento convocatório do certame deve seguir os mesmos padrões já ditados para as
outras modalidades de licitação até aqui tratadas, sendo obrigatória sua divulgação. Essa
divulgação deve acontecer em prazo anterior a 45 dias do momento final de recebimento das
propostas, como forma de garantir que todos os interessados tenham tempo de preparar as
suas propostas.

Lei 8666/93 – Art. 22 – § 4º.

LEILÃO

O leilão é outra modalidade de licitação baseada no objeto que se está alienando. Ela é
utilizada para a alienação de bens móveis e semoventes, classificados como inservíveis, ou
apreendidos pelos órgãos públicos de fiscalização ou polícias em geral, e dados como perdidos
pela justiça ou como punição por crimes cometidos pelos proprietários originais. Além destes,
os bens imóveis provenientes da modalidade de Dação em Pagamento ou de Procedimento
Judicial também podem ser vendidos por leilão. Chama a atenção, aqui, que todos os bens
imóveis podem ser vendidos por concorrência, mas apenas os bens adquiridos por dação em
pagamento e por processo judicial podem ser alienados por leilão (Art. 19).

SEMOVENTES
São os animais e demais seres vivos da natureza que tenham valor comercial e não estejam
protegidos por leis de proteção ambiental, sendo essa definição própria de bens que podem se
mover independentemente da ação humana..

DAÇÃO EM PAGAMENTO

Modalidade de pagamento de dívidas com o poder público, em que o devedor entrega um bem
móvel ou imóvel como forma de adimplemento de dívida previamente constituída, ou seja, não
estava em contrato que o pagamento seria por meio da entrega do bem.

PROCEDIMENTO JUDICIAL

Bens que a justiça atribuiu ao estado em face de processo judicial, como no caso de plantação
de entorpecentes em propriedade particular, e que é dada ao Estado como punição ao
proprietário. Os bens frutos de atividade criminosa, como o tráfico de drogas, também entram
nessa categoria.

Lei 8666/93 – Art. 22 – § 5º e Art. 19 – I, II, III.

A divulgação obrigatória deve seguir o já ditado para as outras modalidades de licitação,


podendo concorrer qualquer interessado que se dispuser a adquirir os bens leiloados. O leilão
é uma modalidade bastante procurada por investidores, que podem adquirir os imóveis e, em
seguida, vendê-los, com ou sem melhorias, no intuito de auferirem lucro com a negociação (por
terem mais liberdade do que o ente público no momento da negociação). O leilão pode ser
conduzido tanto por servidor público como por leiloeiro oficial especialmente contratado para
esse fim.

PREGÃO

O pregão é a modalidade de licitação utilizada para a compra de bens comuns, ou seja, que
podem ter suas características, especificações e desempenho listados de forma objetiva, além
de tais características serem usuais de mercado. Sua realização pode ser presencial ou por
meio eletrônico, sendo o último o mais utilizado na atualidade, devido à facilidade de execução
e à maior possibilidade de participação de diversos concorrentes, aumentando as chances de
uma melhor contratação por parte da administração pública.

A publicação dessa modalidade segue um padrão especial, sendo que valores de até
R$650.0000,00 devem ser publicados no DOU e na Internet, em site oficial do órgão licitante,
podendo ser divulgado em outros sites. Já os valores, contidos na faixa entre R$650.000,00 e
R$1.300.000,00, devem ser divulgados na DOU, na Internet e em jornal de grande circulação
local. Para os valores acima de R$1.300.000,00, a divulgação deve ser feita na DOU, na
Internet e em jornal de grande circulação regional e nacional.

A realização do certame deve ser assistida por comissão formada, em sua maioria, por
servidores permanentes dos órgãos públicos licitantes ou empregados públicos não
obrigatoriamente pertencentes ao órgão responsável pela licitação. A realização do pregão
deve ser feita por pregoeiro designado pela autoridade competente entre os servidores do
órgão ou entidade que esteja promovendo o pregão. O pregoeiro designado recebe as
propostas, em hora e local previamente marcados, e abre a seção. Esta deverá ser iniciada
com a entrega da declaração formal dos concorrentes e interessados que atendem às
exigências e à habilitação para participar do pregão, possibilitando sua execução sem uma
habilitação prévia dos concorrentes e interessados.
 COMENTÁRIO

Durante a seção do pregão, o autor da proposta de menor valor e os autores de propostas de


valores até 10% superiores à menor poderão apresentar novas propostas de forma verbal, até
que um seja declarado vencedor do certame. Se não houver pelo menos três propostas dentro
da faixa de 10% do valor da menor proposta, podem ser chamados os demais concorrentes,
até um total de três, para oferecerem novos lances durante o pregão, independentemente do
valor da proposta inicial.

Após a declaração do vencedor do certame e o encerramento do pregão, a comissão de


licitação irá proceder ao ordenamento das propostas e à abertura do envelope com os
documentos de habilitação da melhor proposta, ou seja, do vencedor, para a verificação de sua
real condição frente às exigências contidas no edital. Ficará impedido de licitar, por prazo de
cinco anos, com os entes públicos, suas autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de capital misto, sem prejuízo de demais punições em esferas judiciais, o vendedor
que:

Não cumprir o contrato de fornecimento ou deixar de iniciar a obra ou serviço no prazo de


60 dias, ou outro determinado pela licitação, frustrando o certame;

Apresentar documentação falsa de habilitação; retardar o início da execução;

Não assinar o contrato; falhar ou fraudar durante a execução do contrato.

O pregão eletrônico aqui tratado segue as determinações da Lei 10.520/02, regulamentada


pelo decreto 5.450/05. Ele segue todas as regras do pregão presencial, exceto por não haver
um pregoeiro presencialmente, pois o processo acontece pela Internet. Os concorrentes devem
se cadastrar previamente em site oficial do governo destinado para os leilões e, no dia previsto,
apresentar os seus lances, caso estejam enquadrados nas regras previstas para o pregão. No
final do processo, inicia-se a verificação da habilitação pela empresa com menor valor de
proposta. Se esta não atender às exigências, passa-se à segunda colocada, e assim por
diante, até que alguma preencha as exigências de habilitação constantes no edital.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3

 Entender as modalidades de Dispensa e Inexigibilidade das licitações.

MODALIDADES DE DISPENSA DE
LICITAÇÃO EM FUNÇÃO DO OBJETO E DA
PESSOA
A obrigação de licitação, regra geral das compras públicas, tem uma série de possibilidades de
dispensa, além de uma série de casos em que a execução de uma licitação é impossível.
Esses casos são tratados, de forma categórica, pela Lei 8666/93 e são aproveitados pela Lei
13303/16 em sua constituição. Abordaremos aqui as exceções à obrigatoriedade de licitação
de forma individualizada, por se tratarem de casos específicos e taxativos.

A alienação de bens imóveis, móveis e semoventes pode ser dispensada, dependendo de


algumas características específicas listadas nas letras dos incisos I e II do artigo 17 da Lei
8666/93.

Lei 8666/93 – art. 17 – I – a, b, c, d, e, f, g, h, i – II – a, b, c, d, e, f – § 1º


Toda essa lista de possibilidades exaure as condições em que o poder público está dispensado
de fazer licitação. Vale destacar que as doações de bens para a execução de obras públicas,
como o caso da construção de um hospital, devem ser precedidas de licitação, pois pode haver
mais de um interessado em executar a obra — o que abre a exigência de uma licitação (§ 4º
esse mesmo artigo).

Outra possibilidade de dispensa de licitação é em razão do ente ou órgão que está licitando,
em razão das circunstâncias ou do valor.

Nesses casos, o artigo 24 da Lei 8666/93 distinguirá os diversos casos de dispensa possíveis
para a licitação, como podemos ver em seus seguintes incisos:
LEI 8666/93 – ART. 24 – III
Para esse inciso, a guerra é caracterizada pela declaração solene do Chefe de Estado, sendo
que o Estado só está dispensado após esse ato. Só se enquadram nesse artigo compras
relacionadas com o ato de guerra em si, de modo que todas as outras continuam sendo
regidas pelas regras da licitação.

A grave perturbação da ordem se encaixa nas comoções interna geral ou parcial de uma
região, reconhecidas pela autoridade competente por meio de declaração oficial de estado de
defesa ou sítio (CF art. 136 e 137). Nesses casos, a autoridade está dispensada de licitação
para os casos que possam diminuir o impacto do advento que deu ensejo à declaração de
estado de defesa ou sítio.

LEI 8666/93 – ART. 24 – IV


Nesse inciso, são tratados os casos de dispensa de licitação que, por alguma emergência ou
calamidade, legalmente decretada por autoridade competente, possam causar algum tipo de
dano, caso esperem os procedimentos normais de uma licitação. Nesse caso, o que se está
buscando é a eficiência e o atendimento do interesse e do bem público, que necessita de
celeridade em seu implemento para ser atingido. Essa prerrogativa também vale para parcelas
de obras que possam ser concluídas em prazo não superior a 180 dias ininterruptos e
consecutivos.

LEI 8666/93 ART. 24 – V


Esse caso é o que chamamos de licitação deserta, ou seja, não houve interessados em
participar da licitação, que seguiu todos os ditames legais em seu processamento. Por essa
razão, o poder público pode utilizar da dispensa e chamar uma empresa para prestar
fornecimento ou serviço, desde que mantenha as condições da licitação declarada deserta e
que ela seja justificada formalmente.

LEI 8666/93 – ART. 24 – VI


Esse artigo garante à União o poder de interferir no domínio econômico do ente particular para
promover o equilíbrio econômico, promovendo a distribuição de produtos para provocar o
equilíbrio dos preços e demais condições do mercado. Essa prerrogativa está na base do
Estado moderno, que tem como função a correção de desequilíbrios para promover o bem-
estar geral da população. Nesse ponto, o particular pode ser penalizado para que o bem geral
seja promovido.
LEI 8666/93 ART. 24 – VII
Esse caso trata de manifesto sobrepreço nos valores apresentados como propostas para a
licitação. Como o preço de mercado é menor do que os apresentados, compensa para a
administração pública a contratação direta com o fornecedor que aceite vender pelo preço de
mercado, manifestadamente menor do que as propostas das na licitação. Esse procedimento
também vale quando o preço oficial ou em tomada de preços é inferior às propostas dadas na
licitação. Nesses casos, a administração pública pode adjudicar o objeto da licitação
diretamente a um fornecedor, por preço não superior ao valor de mercado para o produto ou
serviço.

LEI 8666/93 ART. 24 – VIII


Esse artigo dispensa a licitação para as compras entre entes federados e suas empresas e
autarquias no intuito de facilitar essa contratação, desde que seja provado que o preço é
compatível com o do mercado, procurando dar maior celeridade ao processo e garantindo que
a empresa pública servirá ao propósito para o qual foi criada. Esse é o caso das empresas de
processamentos de dados instituídas pela União, como o Serpro e a Dataprev. Elas lidam com
dados sensíveis da população e, por isso, devem ser contratadas pelos órgãos públicos
quando estes lidam com tais dados

LEI 8666/93 – ART. 24 – IX


Esse caso está diretamente ligado à segurança nacional, de modo que não se pode dividir
informações sensíveis com terceiros. A contratação deve ser, muitas vezes, mantida em sigilo
para a segurança da nação ou de seus cidadãos. Essa dispensa deve ser muito bem
fundamentada e deve seguir processo próprio, além de ser utilizada em casos muito
específicos.

LEI 8666/93 – ART. 24 – X


Essa modalidade de dispensa está diretamente ligada à não existência de uma alternativa para
a implantação de serviço ou obra em local específico — por exemplo, um hospital em local
próprio e que melhor atenderia à população daquela área. Para que seja feita a dispensa, é
necessário provar, por avaliação prévia, que o imóvel está em valor compatível com o mercado,
garantindo um atendimento das necessidades sem que haja a escolha por conveniência de
terceiros que não o interesse público geral.
LEI 8666/93 – ART. 24 – XI
Para os casos em que a administração pública tenha rescindido unilateralmente o contrato, ou
que haja desistência do contratado, a administração pode contratar o restante da obra por
dispensa de nova licitação. Essa contratação deve ser feita oferecendo aos próximos
concorrentes da lista, seguindo a ordem de classificação, a oportunidade de concluírem a obra,
desde que aceitem as condições de contratação do antigo vencedor da licitação.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XII


Esse artigo dá tratamento especial a alimentos frescos que podem estragar se forem
comprados de forma não escalonada e nas quantidades ideais para consumo em curto prazo.
Essa prerrogativa ajuda o Estado a se adequar rapidamente às oscilações no consumo e de
preço, garantindo a possibilidade de substituição de um alimento por outro, em prol do
interesse público e da eficiência.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XIV


Quando o Estado brasileiro firma acordo internacional com outro país ou órgão internacional,
se estiver obrigado a comprar qualquer bem ou imóvel, pode fazê-lo por dispensa de licitação,
desde que o acordo já esteja aprovado pelo Congresso Nacional, condição precípua de
validade do acordo, e que as condições de compra se apresentem como vantagem manifesta
para o poder público.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XV


A questão aqui se refere a bens infungíveis, ou seja, bens que não podem ser substituídos sem
que sejam, de alguma forma, diferentes do original. Nesse caso, não seria possível a licitação
sem que houvesse uma substituição da peça a ser comprada. No entanto, essa possibilidade
só existe se o órgão licitante for diretamente ligado à obra de arte ou à restauração que se está
buscando contratar.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XVI


Quando um órgão ou empresa – como a imprensa oficial, na área de impressão de jornais, ou
o Serpro, na área de processamento de dados — é criada, ela passa a ter privilégio no
momento da contratação. Essa vantagem deve ser exercida com parcimônia, pois é necessário
que seu preço esteja compatível com o preço de mercado do mesmo serviço e que ela atenda
a certos pré-requisitos de qualidade e prazos de entrega. Essa premissa é baseada na
finalidade para a qual a empresa pública ou autarquia foi criada, pois não faria sentido uma
licitação se o poder público já dispusesse de uma empresa que presta esse serviço.
LEI 8666/93 – ART. 24 – XVII
Quando em garantia, os equipamentos comprados pela administração pública normalmente
são reparados pelas empresas que os forneceram. Normalmente, essa é uma das condições
para a manutenção da garantia por todo o período de sua vigência. Quando essa condição é a
prática de mercado, ou está em contrato, a administração pública pode dispensar a licitação da
compra dessas peças e dos serviços necessários à manutenção da garantia. Um exemplo bem
comum desse tipo de situação é na compra de carros. A montadora só mantém a garantia se
as revisões forem feitas de forma regular e com a autorizada de sua marca.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XVIII


Essa possibilidade de dispensa é exclusiva para as forças armadas, que precisa, em algum
tipo de treinamento ou missão, comprar algum produto ou serviço indispensável ao bom
aproveitamento da missão. Esse caso está limitado ao valor de R$80.000,00, conforme
apregoa o art. 23 inciso II. Nesses casos, a dispensa é para evitar problemas pela falta do
objeto ou serviço, que não pode esperar os prazos legais, o que atrapalharia a missão ou
treinamento.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XIX


Esse caso também está direcionado às forças armadas, mas vale em território nacional. Um
exemplo desse tipo de compra são as de uniformes, que precisam manter padrões rígidos de
composição, conforme especificações muito precisas. Outro exemplo são as peças de
reposição em certos tipos de equipamentos e armamentos, por motivo de patente ou mesmo
de uniformização, evitando-se problemas graves de falhas por incompatibilidade.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XX


Associações de deficientes têm prerrogativa na contratação da prestação de serviços por parte
do poder público. São condições para essa contratação a idoneidade da associação e a
ausência de fins lucrativos. Com isso, o poder público busca a inclusão social dessas pessoas
com deficiências (PcD), proporcionado um trabalho e uma renda a elas, e desenvolvendo um
serviço social essencial a esse grupo de cidadãos.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXI


Esse artigo trata do fomento à pesquisa e ao desenvolvimento, que pode contratar, com
dispensa de licitação, valores de até R$300.000,00, trazendo agilidade e velocidade às
compras públicas — questão essencial à pesquisa científica. Essa agilidade precisa ser bem
utilizada, já que, em casos como os da COVID-19, o tempo é primordial para a descoberta de
uma vacina. As compras por licitação podem ter tempo de processamento muito demorado,
inviabilizando certas pesquisas científicas.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXII


Como as concessionárias utilizam um contrato padrão que funciona por aderência, não seria
viável a concorrência nesse caso. Outro ponto a se destacar é que esses preços são
controlados pelo Estado, por isso, não faria sentido um processo de concorrência.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXIII


Quando o contrato é intragrupo econômico, desde que o preço seja compatível com o
mercado, a compra pode ser feita com dispensa de licitação. Isso acontece porque, na
consolidação dos balanças dessas empresas, o lucro obtido pela empresa vendedora será
anulado. O mesmo ocorre com as receitas intraorçamentárias, traçando uma analogia com o
setor público puro, quando seu efeito é anulado na consolidação dos balanços públicos.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXIV


Esse caso de dispensa é voltado para o atendimento da função social do Estado. Ele pode
contratar essas organizações sociais sem a licitação, dando preferência a elas por se tratarem
de paraestatais, ou seja, estão desempenhando um papel que deveria ser do Estado. O
contrato de gestão é o meio de imposição de metas para que a contratação aconteça e as
organizações sociais possam ter maior liberdade na gestão dos recursos públicos.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXV


Esse inciso trata da transferência tecnológica e científica, e da criação protegida, ambas
singulares em seu fornecimento. Quando uma obra ou patente é necessária para a boa
execução do interesse público pela administração pública, ela pode ser adquirida sem a
licitação. Nesse caso, a escolha é pela que melhor resolve o problema encontrado, trazendo o
maior ganho possível ao interesse público. Para que isso aconteça, é necessário que haja a
transferência de tecnologia para o serviço público, que passa a desfrutar dessa tecnologia e
pode empregá-la em outras situações que melhor lhe prouver. Um exemplo desse tipo de
compra foi a dos aviões de guerra da empresa belga pelo governo brasileiro. O governo só
aceitou negociar com empresas que se dispusessem a compartilhar sua tecnologia aeronáutica
com o Brasil.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXVI


Os consórcios entre entes federados podem firmar contratos de prestação de serviços com
autarquias e demais empresas públicas e de capital misto sem que haja licitação para a
escolha desses contratados. Esse artigo equipara os consórcios a outros entes da federação,
que também podem contratar suas empresas e autarquias sem a licitação, pelo fato de estas
serem criadas com a finalidade de prestar serviço aos entes públicos.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXVII


Para o atendimento da função social do Estado, ficou dispensada a licitação na contratação de
associações de catadores de recicláveis, desde que formada por pessoas físicas de baixa
renda. Essa é uma forma de gerar renda estável para essas pessoas e ainda ajudar ao meio
ambiente. No Brasil, por exemplo, a reciclagem de latas de alumínio chega a 98% do material
produzido. Essa reciclagem garante uma enorme economia de energia na produção do
alumínio e ainda impede que esse produto contamine a natureza por anos em lixões
espalhados pelo país. Outros produtos, como o plástico, também são reciclados e podem
beneficiar uma gama de ecossistemas, que não sofrerão o impacto desse lixo.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXVIII


Quando se trata de tecnologias complexas, a dispensa de licitação busca proporcionar ao
Estado uma forma de se defender frente à concorrência. Essa modalidade está ancorada no
aspecto da defesa nacional. No entanto, para que seja dispensada, é necessário que uma
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão que está licitando ateste
essa necessidade de forma clara e precisa.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXIX


Esse caso de dispensa trata apenas das forças de paz das quais o Brasil participa. Um
exemplo foi a força de paz da ONU que o Brasil liderou no Haiti. Nesses casos, as compras
necessárias serão feitas diretamente, desde que o preço e as condições sejam compatíveis e
com a aprovação final do dirigente da força de paz ou missão.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXX


Quando da contratação para o desenvolvimento de atividades no âmbito do Programa Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, essas
empresas podem ser contratadas sem a licitação, pois prestarão um serviço voltado para o
social, precisando de celeridade em todo esse processo, buscando o bem-estar dessas
famílias por meio do desenvolvimento de atividade que possa gerar renda e dignidade aos
participantes do programa.
LEI 8666/93 – ART. 24 – XXXI
A Lei 10.973/04, criada para dar incentivos à inovação científica e tecnológica no ambiente
produtivo, em seus artigos aqui listados, trata da contratação de projetos cooperativos, ICTs e
entidades privadas sem fins lucrativos que estejam envolvidas no desenvolvimento de novas
tecnologias que tornem o país independente tecnologicamente e que aumentem a capacidade
de produção ou a melhorem. Dessa forma, o Estado estará incentivando essas ações e
promovendo o crescimento do país. Normalmente, a operacionalização desse artigo é
desenvolvida pela FINEP — órgão público competente para realizar a análise e o
financiamento dessas ações. A forma mais comum de tratativas é por meio de contratos e
convênios, quando a contrapartida é a entrega de tecnologia ou produto para a administração
pública.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXXII


Quando existe a transferência de tecnologia ao SUS, as compras desses equipamentos e
serviços podem ser feitas sem a licitação, pois o fornecedor está abrindo mão do domínio de
uma tecnologia em prol da sociedade que se beneficiará dela. Quando pensamos no SUS,
estamos lidando com o bem mais precioso do ser humano, que é a vida. Nesse contexto, o
processo de uma licitação pode impedir que essa tecnologia seja transferida ou atrasar todo o
processo, tornando a vida de muitas pessoas mais difícil.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXXIII


Essa dispensa de licitação tem cunho social e se destina à construção de cisternas ou poços
artesianos para as famílias de baixa renda, procurando trazer dignidade e prosperidade a
essas famílias que sobrevivem, normalmente, de agricultura familiar. A dispensa se destina a
acelerar o processo e garantir que as necessidades dessas famílias sejam atendidas o mais
rápido possível, possibilitando um processo muito mais acelerado de contratação desses
serviços ao poder público.

LEI 8666/93 – ART. 24 – XXXIV


Ao tratar as fundações, que se destinam ao fornecimento de conhecimento e tecnologia para a
administração pública, de forma diferenciada, equiparando aos órgãos de governo, o legislador
está partindo da premissa de que essas fundações não têm fins lucrativos e que procuram
desenvolver seu trabalho com uma função social, ajudando o governo em sua função social.
Com esse olhar, o legislador a dispensou da licitação, por entender que isso era desnecessário
para que o objeto entregue tivesse preço justo para a administração pública.
LEI 8666/93 – ART. 24 – XXXV
Por fim, temos essa dispensa de licitação para a ampliação do sistema penal — problema
social grave no Brasil. Nesses casos, o poder público, quando prova que existe risco à
segurança pública — por exemplo, com superlotação das cadeias ou penitenciárias —, pode
fazer a contratação de obras e serviços sem a licitação.

DISPENSAS DE LICITAÇÕES EM FUNÇÃO


DO VALOR CONTRATADO
As licitações, quando de valores inferiores a 10% do valor máximo da modalidade de licitação
convite, poderão ser feitas sem seguir os tramites impostos às licitações normais. Essa forma é
tratada como dispensa de licitação, pois não necessitará de toda a formalidade imposta à
licitação tradicional.

Essa modalidade de dispensa está listada no início do art. 24 da Lei 8666/93 e dita que:

Lei 8666/93 – Art. 24 – I.

Os limites traçados para as obras e os serviços de engenharia é de R$15.000,00, conforme


descrito no inciso I. Esse valor, como já dito, representa 10% do valor máximo da modalidade
convite. Esse limite é dado e deve ser obedecido de forma geral, sendo necessário que os
valores totais da obra sejam inferiores a esse valor.

 COMENTÁRIO

Isso indica que não podem ser feitas contratações parciais ou parcelamento da obra para que o
valor se encaixe nesse limite, sendo uma infração grave às regras da licitação.

Essa dispensa de licitação deve ser utilizada como uma forma de redução do custo e aumento
da eficiência na administração pública. Para proceder a essa contratação por dispensa de
licitação, o gestor deve colher três orçamentos de diferentes empresas e proceder a escolha da
que melhor atenda ao interesse público, ou seja, a de menor valor normalmente. Para que a
escolha tenha outra base, ela deve ser amplamente justificada e ter uma razão incontestável.
Para essa dispensa, a escolha do legislador ocorreu voltada diretamente para a economia no
processo de compra, que tem custo elevado em casos de licitação, além de todo o trâmite legal
e do tempo gasto para proceder a todas as etapas.

Lei 8666/93 – Art. 24 – II.

Para as compras e outros serviços que não são de engenharia, o valor máximo previsto pela lei
é de R$8.000,00, conforme inciso II do art. 24. Nesses casos, o valor que vale como base é o
da licitação na modalidade convênio, para o mesmo objeto tratado nesse inciso e artigo.

Lei 8666/93 – art. 24 – § 1º.

Para alguns entes e empresas públicas, o percentual foi dobrado para as compras por
dispensa de licitação. Nesses casos, para as obras e serviços de engenharia, o valor ficou em
R$30.000,00, e para as compras e demais serviços, em R$16.000,00.

 COMENTÁRIO

Esses casos receberam tratamento especial do legislador por se tratarem de órgãos e


empresas que precisam de maior liberdade para operar ou, como nas Agências Executivas, por
terem contratos de gestão assinados com o poder público, o que lhes garante maior liberdade
de ação e maior autonomia nas tomadas de decisão.
Para as empresas, esse novo limite lhes garante liberdade para atuar em seus ramos com
maior agilidade, principalmente em pequenas compras do dia a dia, como papelaria, envio de
correspondências, pequenas remessas de amostras, troca de lâmpadas de iluminação, entre
outros pequenos serviços e compras.

MODALIDADES DE INEXIGIBILIDADE DE
LICITAÇÃO
O artigo 25 da Lei 8666/93 identifica, de forma não taxativa, as possibilidades de inexigibilidade
de licitação, incluindo que, sempre que não se puder realizar uma licitação, essa modalidade
será empregada para a sua justificativa. A inexigibilidade garante que casos especiais, nos
quais não podem ser executados os procedimentos de licitação, poderão ser abarcados por
essa lei e, com isso, garantido o cumprimento das exigências legais cabíveis a essa
modalidade de licitação.

Lei 8666/93 – Art. 25

A principal questão tratada nesse artigo é a impossibilidade de execução de licitação por


qualquer motivo.

Lei 8666/93 – Art. 25 – I

 EXEMPLO

Um exemplo listado como impossibilidade de existir a concorrência é quando apenas um


fornecedor é autorizado a fornecer um produto ou serviço em território nacional.

Existem empresas que detêm a patente de alguns produtos ou serviços com exclusividade e
que, para a sua contratação, é preciso acessar apenas o seu representante. Essa qualificação
de produtos não possui concorrência, como em monopólios determinados pelo governo,
impossibilitando a concorrência, razão base da licitação.

Lei 8666/93 – Art. 25 – II.

Esse artigo trata de empresas e profissionais que têm elevada habilidade técnica que justifique
a sua contratação de forma exclusiva. Esse inciso aborda os trabalhos técnicos em que o
profissional prestador pode fornecer esse serviço de tal forma superior aos concorrentes que,
na realidade, torna-se único em sua área. Um exemplo desse tipo de trabalho é o
desenvolvimento de serviços por professores e pesquisadores de universidades, nos quais sua
pesquisa, normalmente de ponta, não pode ser replicada por outra empresa ou profissional.
Essa condição inviabiliza a concorrência, pois não existem concorrentes à altura, tornando
impossível a licitação.

Lei 8666/93 – Art. 25 – III.

Para esse artigo, a inexigibilidade é dada pela singularidade da obra do artista, que não pode
ser reproduzida por outrem que não ele mesmo. Nesses casos, a concorrência entre artistas
levaria a contratação de algo não desejado, tendo em vista a impossibilidade de se reproduzir a
obra de arte, elemento infungível. Por essa razão, a concorrência não é viável, tornando a
licitação um instrumento inútil à contratação desse artista. Essa contratação pode ser realizada
diretamente com o artista ou com seu empresário representante, e o artista deve ser
consagrado pela crítica e pela opinião pública.

Lei 8666/93 – Art. 25 – § 1º.

A INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO NA LEI


8666/93

VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4

 Entender as especificidades da Lei 13303/16 e as fases pós-licitação e o contrato


público

ESPECIFICIDADES DAS LICITAÇÕES


TRATADAS PELA LEI 13303/16
ESPECIFICIDADES DAS LICITAÇÕES
TRATADAS PELA LEI 13303/16
A Lei 13303/16 foi aprovada com o intuito de melhorar a governança das empresas públicas e
das sociedades de economia mista. Essas empresas passaram por grandes transformações
nos últimos anos, principalmente em relação à sua governança após os escândalos
envolvendo a Petrobras. Aqui, abordaremos mais especificamente as modificações
implantadas por essa lei em relação às licitações para as empresas.

No módulo 1, já tratamos um pouco sobre a questão das empresas dependentes e não


dependentes que receberam tratamento diferenciado nessa lei, sendo que as últimas
receberam maior autonomia em sua administração. Essas particularidades serão tratadas
neste momento, sempre em relação às licitações e às diferenças para a Lei 8666/93, que rege
as licitações para toda a administração pública.

Lei 13303/16 – Art. 28.

Quando se observa o artigo 28 da Lei 13303/16, identifica-se que ele praticamente repete o
artigo 24 da Lei 8666/93, não alterando o seu conteúdo, mas exibindo uma redação diferente.
Esse ponto indica que as empresas públicas e as sociedades de economia mista seguem as
mesmas regras que os demais entes da federação, suas autarquias e fundações. Para as
dispensas de licitação e inexigibilidade, serão listadas, nos artigos 29 e 30 da mesma lei, e
repetirão hipóteses já listadas na Lei 8666/93 e algumas específicas para esses dois tipos de
empresas.

Lei 13303/16 – Art. 28 – § 1º.

Esse parágrafo trata das vantagens dadas às microempresas e às empresas de pequeno porte
no seu estatuto, Lei Complementar 123. Nela, as empresas de pequeno porte terão vantagem
e, em alguns casos, exclusividade em alguns tipos de licitação, principalmente em função do
valor e do objeto a ser fornecido.
Lei 13303/16 – Art. 28 – § 3º e inciso I.

Esse inciso trata do objeto principal da empresa que se enquadra na legislação. Esse objeto
pode ser comercializado sem a obrigatoriedade de licitação, proporcionando à empresa a
flexibilidade necessária para a sua operacionalização do dia a dia, para que ela alcance o seu
objetivo final, que é entregar um produto ou serviço a seu cliente final.

Lei 13303/16 – Art. 28 – § 3º e inciso II.

Esse artigo garante que a empresa possa firmar parcerias com fornecedores, quando isso
representar oportunidades de negócio. Tal questão abre a possibilidade de a empresa pública
ou Sociedade de Economia Mista organizar cadeias de suprimentos modernas, como sistemas
Just in Time, indispensável para que o custo seja reduzido e essa empresa possa concorrer
com os fornecedores particulares em mercados competitivos.

Como essas empresas estão agindo como empresas particulares, tendo apenas o Estado
como dono ou sócio, é importante que ela tenha flexibilidade em seu trato com os parceiros de
negócios.

No entanto, como ela ainda está lidando com o patrimônio público, mesmo que tenha renda
própria, é necessário que ela siga algumas regras, ou seja, em modo geral, que esteja
subordinada à confecção de licitação para suas compras.

Lei 13303/16 – Art. 28 – § 4º.


Nesse parágrafo, são definidos os casos em que essas empresas podem aproveitar as
oportunidades de negócios. É definido, com precisão, o que são oportunidades de negócios
para essa lei, garantido que essa abertura não será utilizada para burlar a obrigatoriedade de
licitação.

 COMENTÁRIO

O principal ponto de dispensa de licitação constante no artigo 29 é em relação ao valor que se


pode deixar de executar os procedimentos de uma licitação. Aqui, são definidos como valor
máximo para as obras e serviços de engenharia R$100.000,00, bem superior aos da Lei
8666/93 que são de R$15.000,00. Já para as compras e os serviços em geral, o valor máximo
permitido para a dispensa é de R$50.000,00.

Em ambos os casos, eles não podem ser parcelas de um serviço ou obra maior, tendo que
esse limite se refere ao valor global do serviço, da compra ou obra.

Na sequência do artigo 29 da Lei 13303/16, são listadas todas as hipóteses de dispensa de


licitação, repetindo, na maioria dos casos, as dispensas constantes na Lei 8666/93. No entanto,
a lista aqui dada é bem menor do que a dada na Lei 8666/93, como apresentamos a seguir:

Lei 13303/16 Art. 29 – III, IV, V, Vi, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII.

Nota-se que a quantidade de dispensa é bem inferior às listadas na Lei 8666/93, tratando
diretamente de hipóteses ligadas ao objeto das empresas enquadradas nessa lei.

Dessa forma, vale destacar incisos como o XVIII, que trata da compra e venda de ações,
elemento necessário, muitas vezes, às empresas que têm seu capital aberto em bolsa,
procurando equilibrar o preço das ações ou mesmo fazer um desinvestimento no intuito de
valorizar as ações da empresa de alguma forma.
Outro inciso interessante é o XVII, que trata das doações de móveis para o uso em interesse
social, sendo que, aqui, o objetivo da não licitação é que a empresa possa cumprir a sua
função social de forma mais livre e direta, escolhendo a qual instituição irá ajudar com a
doação de seus bens. Outros incisos trazem diferentes situações em que essas empresas
podem dispensar a licitação, não sendo essa uma obrigação, mas uma opção.

Já no artigo 30 da Lei 13303/16, são tratados os principais casos de inexigibilidade de


execução de licitação.

Esses casos listados não são exaustivos, indicando que podem ter casos não listados aqui.
Para os casos listados nos incisos desse artigo, a inexigibilidade já está posta e pode ser
seguida de forma legal. Isso é uma verdade porque são casos em que a licitação não é viável
para o atingimento da concorrência e da escolha da melhor opção para a administração dessas
empresas.

Os artigos 31 a 62 tratarão dos diversos aspectos da licitação em presas públicas e sociedades


de economia mista, tratando de pontos específicos e dando destaque aos aspectos mais
importantes. Ela trata de várias questões que devem ser observadas e a forma como elas
devem proceder em cada uma. Os artigos 63 a 67 tratarão de procedimentos auxiliares na
licitação e versarão das fases internas e de adjudicação do objeto da licitação, construindo todo
um arcabouço legal para esses procedimentos.
FASES DA LICITAÇÃO
A licitação é composta por três fases: a fase interna, a fase de preparação da licitação e a fase
externa. A fase externa ainda pode ser dividida em duas partes: a concorrência e a fase da
adjudicação do objeto da licitação.

Na fase interna, são tomadas as decisões sobre o objeto que será licitado, identificando as
necessidades da administração pública e como essa será suprida. É nessa fase que o
Referencial Técnico (RT) é desenvolvido. Esse referencial deve conter todas as
especificações dos produtos ou serviços que serão licitados.

REFERENCIAL TÉCNICO (RT)

O Referencial Técnico (RT) é o instrumento que servirá para listar todas as especificações que
os produtos ou obras terão. Ele servirá como base para a elaboração da licitação e da minuta
do contrato que se seguirá a licitação. Desse modo, ele deve conter todos os aspectos e as
características do objeto que será tratado pela licitação.

O Referencial Técnico (RT) é como o catálogo de produto para as compras em empresas


privadas. Nas empresas privadas, ele deve ser completo e servirá de referência para o setor de
compras fazer a cotação e a aquisição dos produtos.

Nas empresas, o catálogo é produzido pela engenharia, que disponibiliza para o setor de
compras que o usará como guia e referencial para as compras. Já no momento da recepção
dos produtos e serviços, o RT terá a mesma função do catálogo para a recepção do
almoxarifado, indicando quais padrões de testes e resultados são esperados para que o
produto ou serviço seja aprovado como dentro das especificações da compra.
Na área pública, o RT será também o documento utilizado pelo fiscal das obras, designado
pelo poder público para essa função, além de outros, como o pré-projeto e o projeto executivo,
para a vistoria e aprovação ou desaprovação, dentro das cláusulas exorbitantes, do desenrolar
das obras.

 ATENÇÃO

O RT é um instrumento obrigatório na maioria das licitações e pertence à fase interna da


licitação, garantindo que, como documento oficial, terá poder de vinculação das demais etapas
do processo de licitação.

Outros pontos da fase interna são construção da licitação em si e a construção da minuta do


contrato que será assinado com o vencedor da licitação. No edital de licitação – primeiro ato
externo da licitação –, já deve constar o prazo de adjudicação, que normalmente é de sessenta
dias da proclamação do vencedor da licitação.

A Lei 8666/93, no artigo 7 e incisos, determina que nenhuma licitação para execução de obras
terá seu edital publicado sem que tenha pronta a seguinte sequência de projetos: projeto
básico, projeto executivo, execução das obras e serviços.

Essa sequência garante que o poder público não deixará de produzir os projetos necessários à
execução das obras, e, que a sequência correta não deixará de ser obedecida, evitando
desperdícios ou mesmo desvios do erário público.
Para que a próxima etapa prescrita nesse artigo seja iniciada, é necessário que a etapa
anterior seja concluída e aprovada por autoridade competente. Para que essas etapas
aconteçam concomitantemente, é necessária a aprovação de autoridade competente. Outro
ponto tratado é a necessidade de orçamento básico detalhado com todos os custos em planilha
para que a licitação seja publicada. Por fim, é imperativo que o produto da licitação esteja no
orçamento anual (LOA) e no Plano Plurianual (PPA).

A legislação veda a execução de licitação que não tenha os quantitativos de produtos e


serviços bem definidos. Essa lei também veda a colocação, em edital, da necessidade de
capitação de recursos para a execução da obra por particular, exceto em relação aos
convênios, em que o particular produz algo em troca de explorá-lo via concessão por um
período de tempo determinado em contrato.

Outro ponto importante relacionado às fases da licitação são os prazos entre a publicação do
edital e o fim do prazo para o recebimento das propostas. Para cada modalidade de licitação,
os prazos mudam e estão listados nos incisos do artigo 21 no parágrafo 2º e seus incisos:

Lei 8666/93 – art. 21 – § 2º e incisos I “a” e “b”, II “a” e “b”, IV § 3º e 4º.

O cumprimento de todos esses prazos é obrigatório, incorrendo em nulidade se são forem


cumpridos. É importante ressaltar que, se o edital da licitação for modificado por qualquer
razão, novo prazo deve ser aberto, seguindo os mesmos estabelecidos para a primeira
publicação.

Por último, precisamos entender que o poder público pode pedir, no edital, que os concorrentes
sejam habilitados, ou seja, provem que estão regulares em alguns quesitos, para que possam
concorrer nas licitações. A Lei 8666/93, do artigo 27 ao artigo 33, trata do tema de forma
pormenorizada, identificando que só podem ser exigidas habilitações em relação à
regularidade jurídica, técnica, à qualificação econômica-fiscal, à fiscal financeira e ao
cumprimento do disposto no inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal. Tal artigo
determina a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de
qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.
Todas essas exigências são listadas de forma exaustiva para que o poder público não utilize
essa prerrogativa para selecionar o possível vencedor da licitação, direcionando de forma
desonesta para um dos concorrentes.
CONTRATO ADMINISTRATIVO
O contrato administrativo é diferente dos demais contratos entre particulares, principalmente se
considerarmos as cláusulas exorbitantes, já tratadas em outros módulos. Entretanto, além de
todas essas cláusulas que já o diferencia dos demais contratos particulares, algumas questões
precisam ser tratadas especificamente no contrato administrativo.

O contrato administrativo deve ter algumas cláusulas necessárias a todos os contratos que
forem firmados, como lista o artigo 55 da Lei 8666/93. O contrato deve conter, de forma bem
clara e precisa, todas as informações necessárias para a execução das obras e o fornecimento
dos objetos contratados. Para que isso seja possível, é necessário que essas cláusulas
definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades entre as partes contratantes,
seguindo todos os termos prescritos pela licitação e pelo Referencial Técnico que as vinculam.

Essa é uma premissa para os contratos advindos da dispensa e inexigibilidade de licitação, que
devem seguir aos termos e atos que os eximiram da licitação, estando a esses vinculados.

Lei 8666/93 – Art. 55 e incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII.

Outra questão importante é que, após a adjudicação do objeto da licitação ao vencedor, este
não pode mais deixar de assinar o contrato com a administração pública, com pena de ficar
impedido de entrar em outra licitação por prazo de cinco anos. Além disso, se a administração
declarar o contrato nulo, esse efeito retroagirá até a data de sua assinatura, não surtindo os
efeitos jurídicos advindos de sua execução e desfazendo os efeitos já ocorridos. No entanto,
nesses casos, a administração continua obrigada a indenizar o contratado que, de boa-fé, teve
seu contrato anulado, ou seja, que não lhe seja imputada a causa que deu a nulidade do
contrato.

Por fim, vale ressaltar que, quando um contrato administrativo é rescindido por qualquer que
seja a causa, a administração pública pode oportunizar aos outros concorrentes, classificados
em posições inferiores, que concluam as obras inacabadas ou que assumam o objeto da
licitação. Para que isso aconteça, é necessário que o novo adjudicatário seja contratado pelas
mesmas condições do concorrente que desistiu ou teve seu contrato encerrado de forma
unilateral.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o estudo deste tema e do entendimento dos diversos aspectos relacionados às compras
públicas, podemos concluir que estas têm caminhos e contratos bem diferentes das compras
da iniciativa privada e dos indivíduos, pessoas físicas. Essas compras públicas devem
obedecer a uma série de leis e restrições na busca da construção de amarras para os
possíveis desvios e prejuízos ao erário público. Nessas regras, prevalece o interesse público
em detrimento do interesse particular, dando ao Estado prerrogativas não existentes em
contratos entre particulares. Tais prerrogativas também vêm seguidas de responsabilidades
específicas, garantido que todo o processo seguirá os princípios constitucionais e os princípios
ditados pela Lei 8666/93, para as licitações e contratos administrativos.

Toda compra pública deve se submeter a essas regras, sendo que umas são vinculadas às
outras, tornando todo o processo muito bem amarrado e garantindo a existência de uma
rastreabilidade das ações e responsabilidades em cada etapa. Cada agente que se envolve em
uma licitação — seja como parte da licitação, como parte das comissões de julgamento ou
como fiscal dentro das cláusulas extraordinárias — assume a responsabilidade de resguardar o
interesse público de forma ética e moral, levando em consideração todos os aspectos
envolvidos e ditames legais de cada etapa.

Dito tudo isso, esperamos ter colaborado com a construção de conhecimento e aprimoramento,
com a colocação de mais um tijolo nessa elaboração, que pode levá-lo ao crescimento na
carreira profissional. Boa sorte!

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 8666/93.

BRASIL. Lei 10.520/02.

BRASIL. Lei 13303/16.

EXPLORE+
Indicamos que você estude os artigos da Lei 13303/16, comparando-os com os artigos
correspondentes da Lei 8666/93, identificado suas diferenças e a forma como o legislador
repensou todos os procedimentos de compras, visando agilizar o processo para as empresas
públicas e sociedades de economia mista. Vale, também, uma reflexão sobre essas mudanças
e seus impactos sobre as fraudes e demais desvios na administração pública, principalmente
após os escândalos relacionados com a Petrobrás e as investigações do “Petrolão”, feitas pela
operação Lava-Jato da Polícia Federal.

CONTEUDISTA
Prof. Ms. Ettore de Carvalho Oriol

 CURRÍCULO LATTES

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