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Primeiro Trimestre
Atividade de Sala 1: Leitura e Resumo
“O código de conduta intelectual: Princípios Éticos”
*Damer, Edward. Attacking Faulty Reasoning: A Practical Guide to Fallacy-Free Arguments, Sixth
Edition. Belmont: Wadsworth Cengage Learning, 2009. Traduzido por Giovane Rodrigues para as
aulas de Filosofia no Colégio Miguel de Cervantes.
O foco principal deste livro é a construção de bons argumentos, ou seja,
argumentos não-falaciosos. Mas é importante compreendê-los dentro de um contexto
de regras básicas para o comportamento intelectual esperado de uma pessoa madura
quando esta entra em uma discussão racional a respeito de questões controversas. Os
princípios que constituem esse “código de conduta” incorporam tanto os critérios de
um bom argumento quanto outros elementos que orientam uma discussão e
argumentação eficiente, os quais serão trabalhados em mais detalhe ao longo do livro.
Visto como um todo, o código representa dois padrões de comportamento muito
importantes: um padrão acerca do modo de proceder e um padrão ético.
1. O princípio de falibilidade
Cada participante de uma discussão a respeito de um problema controverso deve estar
disposto a aceitar o fato de que ele é falível1; isso quer dizer que cada um deve admitir
que a sua visão inicial pode acabar não sendo a posição mais defensável no que diz
respeito a essa questão.
1
G.R.: Ou seja: todo mundo pode falhar. Segundo o princípio da falibilidade, você só se deve entrar
em uma discussão caso você admita a possibilidade de estar errado em relação às suas opiniões, aos
seus argumentos e às suas conclusões. Moral da história: se você se achar infalível, bom demais para
estar errado, então nem entre na conversa.
2 G.R.: Sempre que o autor fala em “posições alternativas”, ele se refere a posições diferentes
daquelas que você defende. No caso em questão, o princípio exige que você examine as ideias e
opiniões da pessoa com que você está discutindo. Depois de examiná-las, você deve usá-las para
tentar melhorar a sua própria posição (caso você não queira simplesmente abandonar a sua posição
inicial). O mais importante a ser dito a respeito do princípio de busca pela verdade, no entanto, é o
seguinte: não entre numa discussão para vencer, mas sim para conhecer mais e aprender algo. O
objetivo é a verdade.
apresentem argumentos contra ou levantem objeções a qualquer posição assumida em
relação ao tema em disputa.
3. O princípio de clareza
A formulação de todas as posições, defesas e ataques deve estar livre de qualquer tipo
de confusão linguística, e deve estar claramente separada de outras posições e
questões3.
5. O princípio de caridade
Se o argumento de um participante é reformulado por um oponente, ele deve ser
expresso cuidadosamente na sua versão mais forte possível, de modo a ser consistente
com o que se acredita ser a intenção original da pessoa que apresentou o argumento
pela primeira vez5. Se há qualquer dúvida acerca da intenção ou sobre qualquer parte
implícita do argumento, deve ser dado à pessoa que o apresentou primeiro o benefício
da dúvida na reformulação e/ou, se possível, deve ser dado a ele a oportunidade de
melhorar o argumento.
3
G.R.: Esse é provavelmente o princípio mais fácil de entender e mais difícil de executar. A ideia é:
você tem que se esforçar ao máximo para que a pessoa com quem você discute te entenda. Para isso
você tem que ser claro: falar direitinho, com as palavras certas, com as ideias organizadas, etc.
4 G.R.: a palavra “ônus” significa o mesmo que “responsabilidade” ou “dever”. Quer dizer: se no meio
de um debate você apresentou uma ideia, você tem a responsabilidade por ela. Ou seja: é a pessoa
que apresenta o argumento que deve se dar ao trabalho de defendê-lo. Muitas vezes dizemos nossa
opinião e achamos que ela é óbvia. Mas nem sempre é assim. Algumas coisas que dizemos precisam
ser provadas, precisam de defesa por meio de argumentos. O que o princípio do ônus da prova diz é
que, caso a pessoa que debate com você diga: “prove essa sua afirmação!”, então você tem a
obrigação de oferecer essa prova. Portanto, em uma discussão não afirme algo que você não
consegue defender, para o qual você não argumentos.
5 G.R.: O princípio de caridade exige que você seja legal com o seu adversário. Isso quer dizer o
seguinte. Caso ele não tenha sido muito claro (ou seja, caso ele não tenha cumprido o princípio 3) e
você precise dizer o argumento dele com as suas próprias palavras, você deve formular o argumento
dele como se o argumento fosse seu. “Ser legal”, nesse caso, é tentar transformar o argumento
obscuro do seu adversário em um argumento forte. Não se espante: você não está fazendo papel de
bobo; seu principal objetivo não é ganhar a discussão, mas sim alcançar a verdade a respeito da
conversa (segundo o princípio 2).