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Coordenação de
Ensino Instituto IPB
FUNDOS DE INVESTIMENTO
IMOBILIÁRIO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
Resumo dos termos e condições e Fundo de investimento imobiliário ..................... 10
Cota de Fundos de investimento imobiliário .............................................................. 11
Classificação dos fundos ........................................................................................... 12
Por classe de ativos .................................................................................................. 13
Por classe de imóveis ............................................................................................... 15
Por Finalidade ........................................................................................................... 18
Análise do Mercado ................................................................................................... 19
Mercado Primário ...................................................................................................... 21
Mercado secundário .................................................................................................. 24
Indicadores de Rentabilidade .................................................................................... 29
Algumas Estatísticas sobre Imóveis de FII ................................................................ 32
Definição de tipos de riscos....................................................................................... 37
Aspectos tributários ................................................................................................... 38
Aspectos contábeis ................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45
INTRODUÇÃO
1993
25 | Junho – Lei nº 8.668
Instituição dos fundos de investimento imobiliário (FII). Determina que a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorize, discipline e fiscalize a constituição,
o funcionamento e a administração destes fundos.
1994
14 | Janeiro – Instrução CVM nº 205
Dispõe sobre a constituição, o funcionamento e a administração de FII.
14 janeiro – Instrução CVM nº 206
Dispõe sobre normas contábeis aplicáveis às demonstrações financeiras dos
FII.
1997
20 | Novembro – Lei nº 9.514
Cria o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a alienação fiduciária de
coisa imóvel, as companhias securitizadoras de crédito imobiliário e os certificados
de recebíveis imobiliários (CRI).
1999
19 | Janeiro – Lei nº 9.779
Institui condições para critérios relativos à distribuição de rendimentos e
ganhos de capital de FII e estabelece que os rendimentos e ganhos líquidos
auferidos por estes fundos, em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda
variável, sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte.
2001
06 | Abril – Resolução CMN nº 2.829
2004
21 | Dezembro – Lei nº 11.033
Isenta do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual das
pessoas físicas, a remuneração produzida por CRI, letras hipotecárias (LH) e letras
de crédito imobiliário (LCI).
2005
21 | Novembro - Lei nº 11.196
Isenta do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual das
pessoas físicas, os rendimentos distribuídos pelos FII: (i) cujas cotas sejam
admitidas à negociação exclusivamente em bolsas de valores ou no mercado de
balcão organizado; e (ii) que apresentem, no mínimo, 50 cotistas. Este benefício não
será concedido a cotistas pessoa física que representem 10,0% ou mais da
totalidade das cotas emitidas pelo FII ou cujas cotas lhe derem direito ao
recebimento de rendimento superior a 10,0% do total de rendimentos auferidos pelo
fundo.
2008
31 | Outubro – Instrução CVM nº 472
Cria nova regulamentação para FII. Destaque para permissão expressa de
investimentos em valores mobiliários e outros ativos ligados ao setor imobiliário.
2009
27 | Agosto – Lei nº 12.024
Isenta do imposto de renda na fonte os rendimentos auferidos em aplicações
efetuadas pelos FII em CRI, LH, LCI e cotas de FII.
24 | Setembro – Resolução CMN nº 3.792
Aprova novas diretrizes para as Entidades Fechadas de Previdência
Complementar (EFPC), aumentando os limites permitidos de investimento e criando
novos segmentos com seus limites próprios. Destaque para os FII que na nova
classificação não fazem mais parte do segmento de imóveis, tendo sido deslocados
para o segmento de investimentos estruturados.
Custódia →Custódia dos ativos financeiros dos FII é necessária sempre que
estes ativos representem mais que 5,0% do patrimônio líquido do fundo.
Tipo de Investidor→ Não existe limitação quanto ao tipo de investidor.
Porém, é permitida a constituição de fundos destinados exclusivamente a
investidores qualificados, que podem contar com condições e características
específicas.
Por Finalidade
Análise do Mercado
Nos últimos dois anos o setor de Fundos de Investimento Imobiliário (FII) vem
expandindo em número, conteúdo e forma. Cresceram de forma substancial as
emissões de cotas destes fundos no mercado primário e as negociações destas no
mercado secundário realizadas através de bolsa de valores e balcão organizado. Ao
mesmo tempo, novos tipos de ativos e carteiras foram adquiridos e formados por
Mercado Primário
oferta por conta do esforço de originação. Este fenômeno ocorreu de forma geral em
relação ao tipo de ativo a ser originado, mas com maior proeminência no caso de
tentativas de se originar carteiras compostas por CRI, os quais se tornaram muito
demandados a partir da ICVM 472.
Mercado secundário
O crescimento da liquidez das cotas de FII pode ser registrado via outras
formas de acompanhamento.
Passando para uma análise de desempenho médio da liquidez de FII, mesmo
com o crescimento do número de fundos negociados no secundário nos últimos dois
anos, houve um ligeiro aumento do float mensal médio por fundo no mesmo período.
O float mensal é definido como a porcentagem do valor de capitalização de mercado
de um fundo, em um determinado mês, em termos de montante total negociado de
sua cota no mercado secundário ao longo daquele mês.
Anteriormente, quando existiam muito poucos fundos listados, e depois, entre
o final de 2005 e o primeiro semestre de 2006, quando o setor começou a crescer
em função da isenção fiscal para o investidor pessoa física que tinha sido recém-
regulamentada naquela época, o float mensal médio por fundo chegou a superar
1,0%, ou até 2,0%, em alguns meses. Porém, com o aumento inicial do número de
fundos, seguido por um período de atividade reduzida no mercado secundário que
antecedeu a ICVM 472 e o boom imobiliário, o float mensal médio passou a
apresentar tendência de retração se aproximando de 0,5%.
A figura traz a evolução da média mensal por trimestre do float médio mensal
do mercado secundário de FII, segregado por tipo de ativo, na BM&FBOVESPA. Os
FII de Renda Fixa, aqueles que investem predominantemente em CRI, são os únicos
que, em conjunto, tem apresentado float médio mensal acima de 1,0% em quase
todos dos últimos seis trimestres.
Indicadores de Rentabilidade
Variação de Preço
Dividend Yield
onde:
di é cada distribuição que ocorreu nos doze meses precedentes ao mês de
referência A, incluindo o próprio, e PA é o preço médio no mês A, ponderado por
montante negociado, conforme descrito anteriormente.
A interpretação direta do significado do dividend yield é a da
proporcionalidade entre o valor das distribuições e o valor da cota de FII. Tudo o
mais constante, estes dois valores devem manter o coeficiente de proporcionalidade
inalterado. Alternativamente, um dividend yield crescente indica uma propensão do
mercado de demandar uma antecipação de rendimentos e/ou um aumento do
retorno; e um dividend yield decrescente indica uma propensão do mercado de
aceitar uma postergação de rendimentos e/ou uma redução do retorno.
Ao se analisar a rentabilidade indicada pelo dividend yield, é importante que
se tenha a informação se está ocorrendo alguma amortização das cotas por parte do
fundo. Se o FII entrar em alguma fase de desinvestimento, por exemplo, realizando
lucros com a venda de imóveis que se valorizaram de acordo com metas
preestabelecidas, e distribuir este lucro, adicionando-o aos seus rendimentos, o
dividend yield do fundo aumentará de forma insustentável no longo prazo e deve ser
analisado neste contexto. Ademais, se o dividend yield calculado se refere às
distribuições que ocorreram durante o período de amortização e ao preço de
mercado da cota no final deste período, como no caso do dividend yield estimado,
haverá também um efeito adicional de aumento artificial neste indicador por conta da
diminuição do denominador, já que o preço de mercado da cota tenderá a se reduzir
em função da amortização.
RB Capital
Votorantim Wealth Management & Services
Para o quadro abaixo, foram utilizadas as seguintes definições:
Número de Fundos: quantidade de fundos negociados na BM&FBOVESPA
que têm nas suas carteiras imóveis com dados disponíveis.
Amostra: número de fundos com dados disponíveis sobre área ou valor de
mercado de imóveis.
Área Útil Média: média de área útil total por tipo de imóvel por fundo.
Valor de Mercado Médio: média de valor de mercado total por tipo de imóvel
por fundo. Para cada tipo de imóvel são considerados os fundos que possuem pelo
menos um imóvel pertencente àquela categoria.
Tendo em vista que a grande maioria dos FII são constituídos com prazo
indeterminado, ou seja, não está programado o retorno do capital investido pelos
cotistas via dissolução do fundo no curto ou médio prazo, as expectativas quanto ao
preço de venda das cotas em um determinado intervalo de tempo passa a ter papel
preponderante em qualquer análise de risco-retorno para esses fundos.
São inúmeras as variáveis que podem impactar positiva ou negativamente o
valor deste parâmetro. Excluindo-se os fatores exógenos ou particulares do mercado
de capitais brasileiro, como já mencionado acima, estas variáveis estarão
diretamente ligadas: (i) aos objetivos e à política de investimento estabelecidos para
Exemplo didático
imóvel passe a contar novamente com locatários. Esta situação passa a ser
significativa quando este imóvel é o único investimento do fundo.
Por outro lado, como em qualquer análise de riscos de fundos de
investimentos, a avaliação inicial da expertise dos prestadores de serviço na
operação é parte fundamental do processo. No caso dos FII, devido à grande
diversidade de ativos nos quais estes fundos podem investir, a análise deve ser feita
baseada no conhecimento específico relacionado ao tipo de ativo investido.
Assim, espera-se de um administrador ou gestor de FII de Renda Fixa, que no
exemplo acima é o fundo C, a expertise em investimentos em títulos de renda fixa,
no geral, e em títulos de securitização, em particular. Do mesmo modo, os mesmos
profissionais nos fundos A e B devem ter experiência
Do ponto de vista de monitoramento, um indicador importante do grau de
observância que ocorre em relação aos objetivos e à política de investimento
estabelecidos para um fundo e do desempenho sendo atingido por parte de seus
principais prestadores de serviços é o seu fluxo de rendimentos. O fluxo histórico de
rendimentos realizados e o fluxo futuro de rendimentos esperados tendem a traduzir,
em grande medida, a realidade operacional do fundo.
Abaixo definimos cinco grandes categorias de riscos associados a
investimentos em cotas de FII. A classificação tem finalidade didática e visa
estabelecer uma estrutura básica para se pensar riscos. Outras categorias podem
ser facilmente incluídas, assim como determinados riscos podem ser reclassificados
em outras categorias. Em seguida é apresentado um pequeno exemplo dessa
classificação para FII para as duas classes de ativos mais importantes atualmente
no mercado brasileiro: Imóveis e Renda Fixa.
Aspectos tributários
Imposto Alíquota
Sobre Rendimentos e ganhos de capital
Aplicações de Renda Fixa
CRI, LCI, LH 0,0%
Outros 15,0% - 22,5%
Aplicações de Renda Variável
Cotas de FII 0,0%
Outros 0,005% - 15,0%
Imóveis 0,0%
Sobre rendimentos distribuídos pelo FII
Cotistas em geral 20%
Cotistas pessoas físicas (atendidas as condições 0,0%
citadas anteriormente)
Aspectos contábeis
Com a flexibilidade trazida por esse novo marco regulatório, diversos FII
foram criados e passaram a apresentar carteiras com perfis de investimentos
bastante distintos, detendo desde participações diretas em empreendimentos
imobiliários, participações em títulos de capital ou dívida emitidos por sociedades de
propósito específico de atividade imobiliária, bem como em títulos com lastro em
ativos ou direitos de natureza imobiliária tais como, LH, LCI, CRI e Cédulas de
Crédito Imobiliário (CCI). Entretanto, as práticas contábeis aplicáveis aos FII não
evoluíram na mesma velocidade, permanecendo ainda em vigor a Instrução CVM
206/94, editada ao mesmo tempo da Instrução CVM 205.
Em decorrência de tamanha evolução regulatória dos FII, as práticas
contábeis definidas na ICVM 206/94 tornaram-se ultrapassadas, visto que não
contemplam a diversidade de instrumentos de investimento imobiliário criados nos
últimos anos, bem como por estarem desalinhadas às novas normas contábeis
editadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), implementadas no
Brasil, dentro do processo de convergência às normas internacionais de
contabilidade (IFRS).
Considerando este panorama, a CVM, como parte de seu esforço no sentido
de consolidar as normas e procedimentos contábeis, assim como padronizar as
demonstrações financeiras aplicáveis aos FII, reuniu administradores e gestores
destes fundos, auditores e outros participantes do mercado para debater o tema,
iniciativa que resultou na elaboração da minuta da Instrução, entretanto ainda não
emitida em sua versão final pela CVM . A referida minuta de Instrução engloba as
práticas contábeis descritas nos CPC e IFRS. A seguir apresenta-se um sumário
das principais alterações previstas nas práticas contábeis e na apresentação das
demonstrações financeiras dos FII, a partir da vigência da nova norma:
a) Reconhecimento e mensuração dos investimentos detidos pelo fundo:
a) 1. Os investimentos em propriedades para renda, que atualmente são
mensurados ao custo de aquisição reduzido pela depreciação acumulada, passam a
ser reconhecidos pelo custo de aquisição e continuamente mensurados pelo seu
valor justo.
a) 2. Os investimentos em propriedades para venda, atualmente mensurados
ao custo de construção incorrido, passam a ser mensurados pelo menor entre o
valor de custo ou valor realizável desses ativos, líquido das despesas estimadas
necessárias para realização da venda.
A mudança na mensuração dos ativos acima e a extinção do registro da
depreciação possibilitará demonstrar de forma mais apropriada o valor desses ativos
e a posição patrimonial dos FII, eliminando uma das principais distorções atualmente
existentes, tendo em vista que demonstra uma contínua redução, na maioria das
vezes irreal, do valor dos ativos.
b) Os ativos financeiros, atualmente mensurados pelo custo de aquisição
acrescido dos rendimentos auferidos, ajustado a mercado se inferior ao valor
contábil, passam a ter as classificações previstas pelos CPC e IFRS (i) ativos
financeiros pelo valor justo por meio do resultado (aqueles designados dessa forma
no reconhecimento inicial e os classificados como mantidos para negociação); (ii)
investimentos mantidos até o vencimento; e (iii) empréstimos e recebíveis. Em
virtude da classificação como ativos financeiros para negociação, os títulos e valores
mobiliários passam a ser mensurados ao valor justo e aqueles classificados como
investimentos mantidos até o vencimento, assim como os recebíveis, permanecem
mensurados pelo custo amortizado.
c) Para os ativos financeiros avaliados ao custo amortizado há
necessidade de avaliação do seu valor recuperável e sempre que houver evidência
de redução no valor recuperável dos ativos (mensuradas pela diferença entre o valor
contábil dos ativos e o valor presente dos novos fluxos de caixa esperados
calculados após a mudança de estimativa). No caso de ativos financeiros de crédito
relacionados a um mesmo devedor, a estimativa de perda deve ser mensurada
sobre todo o fluxo de caixa esperado desse devedor, levando em consideração a
natureza da transação e as características das garantias, tais como suficiência e
liquidez.
d) A rubrica “Resultados de Exercícios Futuros” atualmente utilizada para
registrar as cessões de recebíveis imobiliários será extinta. Tais operações deverão
ser registradas consoante as disposições dos CPC e IFRS, o que requer a análise
de diversos fatores, tais como: a transferência ou não dos direitos contratuais de
receber os fluxos de caixa dos recebíveis cedidos, a retenção de riscos e benefícios
da propriedade dos recebíveis e o controle sobre os mesmos. Em havendo retenção
de riscos e benefícios, a referida cessão deve ser registrada contabilmente com uma
Rankings
REFERÊNCIAS
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