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Agravo em execução

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara de Execução Criminal da Comarca de ____ -
Estado de ____

X, já qualificado nos autos da execução penal n. ____, por meio de seu advogado, infra-assinado,
vem, respeitosamente, perante V. Exa., interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO com fundamento no art.
197 da Lei n. 7.210/84 - Lei de Execução Penal -, pois inconformado com a respeitável decisão de fls.
___, a qual determinou seu recolhimento durante o período noturno e nos dias de folga à Penitenciária
do Estado, pelas razões expostas em anexo.

Recebido o recurso, caso Vossa Excelência mantenha a respeitável decisão, requer sejam os autos
remetidos ao Egrégio Tribunal.

Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB
_____________________________________________________________________________
Razões de Agravo em Execução
Processo Executório    n. ________
Agravante: X
Agravada: Justiça Pública

Colendo Supremo Tribunal Justiça,


Egrégia Turma,
Nobres e cultos Ministros,
Ilustres Desembargador Relator,
Douto Procurador de Justiça:

X, já qualificado nos autos, foi condenado à pena de 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a
ser cumprida em regime aberto, pela prática do crime previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal
Brasileiro.

Contudo, o MM. Juiz da Vara de Execuções Criminais, alegando inexistência de casas de albergado
para que o agravante pudesse cumprir a pena tal como foi sentenciado, determinou seu recolhimento,
durante o período noturno e nos dias de folga, à Penitenciária do Estado (Execução Criminal n. ____,
fls.___).

Contra essa decisão o agravante se rebela. É defeso ao Juízo das Execuções impor ao apenado
regime prisional mais gravoso do que o estabelecido no decreto condenatório. Se há falta de casas de
albergado, tal circunstância não pode ser imputada ao agravante, mas tão-somente ao Estado.
Portanto, a fim de que não seja indevidamente prejudicado, a única solução possível, e que, de resto,
se coaduna com o espírito da Lei da Execução Penal, é a determinação da prisão-albergue domiciliar.
Essa hipótese, ainda que não se encontre prevista no rol do art. 117 da LEP, é a que melhor se ajusta
ao presente caso, já tendo sido alvitrada pelo Supremo Tribunal Federal (RT 655/373, 657/377), pelo
Superior Tribunal de Justiça (RT 655/341, 667/345), pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (RT
708/306) e pelo Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo (RJDTACrSP 19/48).

A Lei n. 7.210/84 (LEP), em seu art. 117, prevê o recolhimento do condenado em sua própria
residência nos casos que são expressamente indicados, de modo que a chamada prisão-albergue
domiciliar é espécie do regime aberto. Todavia, o regime prisional não pode ser exasperado, com
nítidos prejuízos para o condenado, somente porque o Estado deixou de implementar a exigência
legal de instalar as casas de albergado (art. 203, § 2º, LEP). O cumprimento da pena, em regime mais
severo, somente seria possível através da regressão, tal como disciplinada no art. 118 da LEP.
Ademais, a respeitável decisão guerreada apresenta o inconveniente de permitir que condenado de
baixa periculosidade conviva com prisioneiros de alta periculosidade. A respeito do tema, é
interessante trazer à colação voto do eminente Desembargador George Lopes Leite, do Egrégio
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios:

"Consta do anedotário forense local que determinado personagem, portador de diploma de curso
superior, ao ser preso por envolvimento com drogas, reclamou ao delegado o direito à prisão
especial; recebeu como resposta que seria confeccionado um cartaz com o nome 'prisão
especial' a ser colocado na porta de sua cela.
Recorro a esta metáfrase porque o simulacro de prisão albergue tem, basicamente, a mesma
conotação. Dando-se o nome 'juris' de prisão albergue, criou-se 50 (cinqüenta) vagas no Núcleo
de Prisão Semi-Aberta, no Setor de Indústria e Abastecimento - estabelecimento penal a que tive
a honra de inaugurar - e ali, danosamente, misturam-se condenados de pequena periculosidade -
e, por isso mesmo, beneficiados com regime aberto no cumprimento da pena - com prisioneiros
comuns do sistema que, depois de cumprirem longos anos, conseguiram progressão para o
regime semi-aberto.
Um dos maiores males do nosso sistema penitenciário, sempre tenho afirmado, é a
promiscuidade e a falta de um critério racional de triagem de criminosos de acordo com a sua
periculosidade e condições pessoais. O Ministério Público, inclusive, vem insistindo junto à Vara
de Execuções Criminais para que esses cidadãos de baixa periculosidade, à falta de
estabelecimento penal adequado, e beneficiados com regime aberto, cumpram suas penas
naquela espelunca nomeada Prisão Albergue ou Casa do Albergado, em condições promíscuas
de convivência com criminosos às vezes perigosos, de forma danosa à plena ressocialização do
condenado visada pela Lei de Execuções Penais" (Recurso de Agravo em Execução n.
1999.01.1.079803-7).

À vista do exposto, a fim de que se cumpra o determinado na sentença condenatória, bem como ante
o teor da interpretação conjunta das normas constantes nos arts. 93, 94, 95, 117 e 118 da Lei de
Execução Penal, espera o agravante seja dado provimento ao presente recurso, a fim de que,
cassando-se a injusta decisão do MM. Juiz da Vara de Execuções Criminais, seja determinado seu
recolhimento em sua própria residência, no endereço que declarar, sujeito ao programa e às
condições constantes do termo de compromisso que deverá ser firmado, nos termos do art. 115 da Lei
de Execução Penal.

Local e data.
Advogado
OAB

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