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Caso Prático 27

Diga se os seguintes atos jurídicos são regulamentos administrativos. Em caso afirmativo, classifique-os:
f) Circular Informativa N.o 01/2021 da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde sobre o Assunto “Amianto- Atualização Sistema de Informação
dos Imóveis do Estado”.
R.: embora seja considerada norma, para efeitos do CPA, é uma norma interna (136º/4), é uma norma jurídica e pode gerar consequências
internas, mas para efeitos do código, o regime procedimental não se aplica porque não é considerado uma norma externa. Limita-se a
esclarecer a situação e restringe determinado assunto e situação. Não carecem de lei de habilitação. (não é)
g) Postura Municipal de Ordenamento do Tráfego do Município de Arouca.
R.: as autarquias têm poder regulamentar próprio (241 CRP) – postura: forma mais comum de regulamentos (de policia) – regulamento local de
policia – efeitos externos aos cidadãos (é)
h) Decreto Regulamentar Regional n.o 12-A/2020/A, de 5 de junho de 2020, da Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores, que
procede à quinta alteração ao Decreto Regulamentar Regional n.o 20/2014/A, de 23 de setembro, que regulamenta o Subsistema de Incentivos
para o Desenvolvimento Local.
R.: administração autónoma também é titular de poderes regulamentares – é abstrato. Novo decreto tem 5ª alteração sore o subsistema de
incentivos – saber se há um diploma – é um regulamento se tiver conteúdo normativo (é)

Caso Prático 28
Considere o seguinte excerto do Decreto Regulamentar n.o 2-A/2005 de 24 de março, do Ministério da Administração Interna:
Artigo 1.o- Âmbito de aplicação
O presente regulamento aplica-se à utilização das vias públicas para a realização de atividades de carácter desportivo, festivo ou outras que
possam afetar o trânsito normal.
(...)
Artigo 8.o Competência para autorizar
1- A autorização para a realização na via pública das atividades previstas nos artigos anteriores é da competência da câmara municipal do
concelho onde a atividade se realiza ou tem o seu termo.
(...)
3- Para efeitos de concessão de autorização, deve ser ponderado o interesse da atividade em causa relativamente ao interesse de garantir a
liberdade de circulação e a normalidade do trânsito.
4- Para os efeitos previstos no número anterior, deve designadamente ser ponderado:
a) O número de participantes;
b) A importância das vias envolvidas no que respeita a capacidade de escoamento de tráfego; c) A segurança e a fluidez da circulação.
Diga se a entidade local goza de poder discricionário quando autoriza a atividade em via pública e que consequências decorrem dessa
consideração do ponto de vista do respetivo controlo jurisdicional.
R.: estamos perante um caso de discricionariedade administrativa, logo, temos de:
- contrapor ato discricionário a ato vinculado: aplicar as formas de atribuição:
 Indeterminação estrutural das normas – está ligada ao elemento “pode” ou à indicação de alternativas
 Indeterminação conceptual – conceitos indeterminados subjetivos- tipo
 Prerrogativas de avaliação – quando não existe nem indeterminação estrutural nem conceptual, mas ainda assim há uma
conformação
- no caso concreto, “deve”, não se aplica o pode, “art.4” são fatores a ponderar e não alternativas, “possam afetar a normalidade do transito”
conceito indeterminado-tipo- temos indeterminação conceptual
- à luz da analise, a entidade goza de poder discricionário. Há uma repartição ou distribuição de tarefas, designadamente entre a administração
e o juiz publico, plea pratica dos atos, mas aos tribunais cabe fiscalizar da conformidade dos atos com as normas. O juiz não pode refazer ad
ecisão administrativa, pode aprecisar mas não pode modificar. O juiz afere a conformidade do ato, e se detetar desconformidades, pode anular.

Caso Prático 29
Diga se atribui poder discricionário à entidade administrativa a disposição legal que dispõe que o pedido de licenciamento de obras de
construção, de ampliação ou de alteração em área não abrangida por operação de loteamento ou plano de pormenor pode ser indeferido
quando «a obra seja suscetível de manifestamente afetar a estética das povoações, a sua adequada inserção no ambiente urbano ou a beleza
das paisagens» (artigo 24o, no 3 do RJUE). E mencione que consequências decorrem dessa possibilidade, do ponto de vista do controlo judicial
do exercício dessa competência.
R.: discricionariedade é diferente de arbitrariedade – o ato discricionário é aquele que pode fixar o grau das modificações pretendidas que a
administração possa criar direito para o caso concreto. Formas de atribuição de poder:
 Indeterminação estrutural das normas – está ligada ao elemento “pode” ou à indicação de alternativas
 Indeterminação conceptual – conceitos indeterminados subjetivos- tipo
 Prerrogativas de avaliação – quando não existe nem indeterminação estrutural nem conceptual, mas ainda assim há uma
conformação – remissão para a lei para que a administração efetue juízos sobre aptidões pessoais ou técnicas
- no caso concreto, “a beleza das paisagens” conceito subjetivo, “elemento pode”.
- consequências da discricionariedade: a decisão final é sempre da administração e o juiz pode controlar mas noa pode refazer.

Caso Prático 30
Tendo em conta a Deliberação do Conselho de Gestão da Universidade X, deliberação n.o 05/2019, de 23 de março de 2019, Barialay, Estudante
afegão do Curso de Mestrado, requereu a anulação do pagamento de propinas vincendas ao Administrador da Universidade X, invocando um
justo impedimento, dada a insuficiência económica-financeira decorrente do período interno de instabilidade política ocorrida no Afeganistão e
a impossibilidade da sua deslocação a Portugal, que coincidiu com a inscrição do estudante durante o ano letivo 2020-2021.
Nesta sequência, tendo considerado que aquele não preenchia os pressupostos fixados no regime a aplicar, o Administrador da Universidade X,
ao abrigo de uma competência delegada, indeferiu o requerimento do Estudante.
Barialay, considerando-se injustamente lesado pela decisão, que considera ademais ilegal, entende ter direito ao ato devido, que é a isenção do
pagamento da propina que assim se traduz numa “maldita dívida”, correspondente ao ano letivo em que estava inscrito e não frequentou o
curso na totalidade, uma vez que no quadro normativo em causa a aplicar pelo Administrador da Universidade X não há qualquer margem de
discricionariedade ― pelo que outra deveria ter sido a decisão, dada a ostensiva situação de justo impedimento.
Para o efeito, considere o art. 1.o:
“1. O Conselho de Gestão autoriza a anulação das prestações vincendas da propina devida pela inscrição no ano letivo em que se constata uma
situação de justo impedimento.
2. Considera-se existir justo impedimento quando se verifica um facto superveniente ao termo final do prazo de anulação da inscrição no ano
letivo corrente e facto absolutamente impeditivo da frequência e conclusão do ano letivo a que a dívida se reporta, desde que seja comunicado
por escrito à Universidade X e devidamente instruído com prova documental bastante. Considera-se o período mínimo de 3 meses
consecutivos, como prazo impeditivo de concretizar as unidades curriculares a que está inscrito.
3. Aqui se subsumirão os casos de:
a) Doença do aluno, considerando o período mínimo referido de 3 meses consecutivos, desde que o aluno comunique à Universidade a
impossibilidade de frequentar e concluir o ano letivo a que a dívida se reporta, em virtude do seu estado de saúde. A comunicação deve ser
efetuada por escrito, no prazo de 30 dias a contar da constituição da possível situação de justo impedimento e devidamente instruída com
prova documental bastante;
b) Doença de familiar do aluno, considerando o período mínimo de 3 meses consecutivos, desde que o aluno comunique à Universidade X a
impossibilidade de frequentar e concluir o ano letivo a que a dívida se reporta, em virtude do estado de saúde de familiar que tem de
acompanhar decorrente da doença. A comunicação deve ser efetuada por escrito, no prazo de 30 dias a contar da constituição da possível
situação de justo impedimento e devidamente instruída com prova documental bastante;
c) Alunos estrangeiros que se inscrevem na Universidade X e que, por motivos alheios a estes e devidamente comprovados, não conseguem
obter o visto de entrada em Portugal em tempo útil”.
R.: o estudante pede a anulação das propinas, o administrador tinha de aplicar as normas, temos de saber se as normas têm
discricionariedade.
- ato vinculado: tem conteúdo fixado na lei / discricionariedade: a administração pode criar direito para o caso concreto (conferido na lei)
- sendo a decisão discricionária uma decisão jurídica, não vale uma decisão qualquer, tem de ser correta, justa.
- temos tensão entre o estado de direito (tende a ser visto como mal) r a separação de poderes (todos os poderes tem a mesma legitimidade)
Formas de atribuição:
 Indeterminação estrutural das normas – está ligada ao elemento “pode” ou à indicação de alternativas
 Indeterminação conceptual – conceitos indeterminados subjetivos- tipo
 Prerrogativas de avaliação – quando não existe nem indeterminação estrutural nem conceptual, mas ainda assim há uma
conformação – remissão para a lei para que a administração efetue juízos sobre aptidões pessoais ou técnicas
- no caso concreto, não há elemento pode, não há alternativas, “doença de familiar” pode ser qualquer familiar – alarga o campo –
prerrogativas de avaliação – não é um conceito determinado – ponderação de interesses.

Caso Prático 31

- definir procedimento administrativo: artigo 1 do CPA


- temos 3 grandes fases:
 Fase preparatória
- subfase iniciativa: os procedimentos administrativos podem ser de
iniciativa particular (apresentação de requerimento) ou iniciativa
publica (se forem despoletados pela própria administração)
- subfase instrução: é nesta fase que vão arguir todos os
procedimentos probatórios e consultivos necessários para a tomada
de decisão – vigora o principio inquisitório (58 e 115)
- 2 tipos de diligencias: 1) consultivas: apreciações de caracter jurídico
(pareceres); 2) probatórias: apreciações de caracter técnico e especializado
(provas, vistorias, exames)
- subfase audiência prévia: um corolário no principio da colaboração
dos particulares no procedimento, permite que os interessados
participem no procedimento antes da tomada de decisão, visa
produzir um dialogo entre a adm. e os interessados – a regra é: é
obrigatória quando a decisão seja em sentido desfavorável (121),
mesmo assim, pode ser dispensada nos casos do 124 – permite que
o afetado possa contra-argumentar sobre a decisão (32/10)
 Fase Constitutiva: quando há uma to de deferimento ou de
indeferimento da prevenção por parte da CM – em regra, a decisão
deve ser tomada em 60 dias uteis
 Fase Integrativa da eficácia (facultativa)
- no caso concreto, o regulamento vem disciplinar de que forma as entidades
ou pessoas singulares pretendem realizar atividades daquele tipo. Podem ser
titulares: os sujeitos do artigo 65º com legitimidade (no caso concreto, o tipo
de legitimidade pode ser singular ou se for uma associação, interesse da
própria coletividade). A iniciativa faz-se por requerimento – que esta sujeito a
certos requisitos, previsto no artigo 102º
- o regulamento em causa também prevê requisitos específicos (7/2/a)
- a regra é também que o procedimento deve ser notificado as pessoas cujos interesses e direitos possam vir a ser lesados (110). Depois da
apresentação do requerimento inicial, que pode ser de varias espécies (pode implicar, desde logo, uma rejeição liminar da pretensão – quando
não estão identificados, ou quando o seu pedido é ilegível) – art. 108
- este despacho vai recair sobre o requerimento – esta subfase termina com o chamado saneamento (109) – significa que a administração vai
verificar se há circunstancias que impeçam que o procedimento possa prosseguir – se houver circunstâncias que impeça, há um indeferimento
liminar.
- ainda na fase preparatória, temos a segunda subfase 7/b) – diligencia probatória; o prazo para a emissão e de 15 dias, senão, o procedimento
deve prosseguir (92/3)
- 2ª fase constitutiva: quando há um ato de deferimento ou de indeferimento da prevenção por parte da CM (se a camara não disser nada nos
60 dias, pode ter 2 significados: 1) a regra – equivale a incumprimento (129º e 13), mas se a lei disser que o silêncio equivale a deferimento
tácito, o silencio passa a ter significado tácito)
- artigo 8/2 se o parecer for desfavorável, significa que se torna vinculativo – é obrigatório, deviam ser solicitados e emitidos – a decisão final
não poderia ser positiva.
- conteúdo desfavorável – parecer desfavorável
- 155º - aplicar- produz efeitos jurídicos desde que e praticado – o ato tinha de ser notificado 114º/1/a)

Caso Prático 32
Suponha que, a 20 de janeiro de 2023, Alberto solicitou à Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) um
pedido de autorização para a captura da raia curva na zona 9 do CIEM. O pedido foi dirigido ao Diretor-Geral.
A 5 de fevereiro, foi notificado por Maria da Encarnação, Diretora dos Serviços de Inspeção, Monitorização e Controlo das Atividades Marítimas
da DGRM, convidando-o a suprir o requerimento apresentado, por o mesmo ser omisso quanto a informações relevantes para a decisão,
devendo igualmente juntar todos os elementos probatórios essenciais.
A 15 de fevereiro, o Diretor-Geral indeferiu o pedido de Alberto, justificando com a falta de um parecer do Instituto Português do Mar e da
Atmosfera, I.P. A decisão de indeferimento foi proferida, sem que tenha havido lugar a audiência prévia, tendo esta sido dispensada com
fundamento no facto de Alberto ter indicado ter urgência na obtenção da autorização.
Alberto veio a saber que o seu pedido havia sido indeferido por um seu conhecido que trabalha na DGRM.
Identifique os sujeitos procedimentais e destaque as formalidades do procedimento administrativo.
R.: noção geral de procedimento administrativo (1 cpa) e dizer as fazes do procedimento:
- fase preparatória:
- iniciativa: particular (55), requerimento, só pode ser sujeito o particular com legitimidade – no caso concreto, legitimidade na medida de
interesses legalmente protegidos (68º/1). São sujeitos quer o órgão quer o sujeito (alberto) particular legitimidado. O requerimento pode aos
requisitos do 102º- sobre o requerimento inicial, recai um despacho – no caso, de aperfeiçoamento (108º/1)
- requerer ao direito geral, mas foi notificado por Maria da Encarnação – o órgão decisório é o diretor, mas nos termos do artigo 55/1/2 –
delegação ao inferior hierárquico
- instrução: solicitação de prova aos interessados (117) – no caso, a solicitação por parte do direito, mas também há diligencias consultivas,
porque quando há o indeferimento, ele é justificado com a falta de um parecer, ou seja, no caso concreto tínhamos de ir ao regime dos
pareceres – a regra é de que o parecer é obrigatório mas noa vinculativo – hoje já não faz sentido justificar o indeferimento com a falta de
parecer (novas regras) 15 dias
- audiência previa: não houve – regra 121º - decisão desfavorável, tinha de haver – a audiência pode ser dispensada (124) quem tem de ter a
urgência é a administração e não Alberto. Não houve audiência – preterição de formalidade procedimental que inquina o ato de um vicio (ato
final)
- obrigatoriedade de notificação – 114º e 160º
- fase constitutiva – havia, 60 dias – quando há um ato de deferimento ou de indeferimento.

Caso Prático 34
Bernardo requereu, a 10 de janeiro, à Câmara Municipal de Braga o licenciamento de uma moradia unifamiliar, num terreno de que é
proprietário.
Nos termos legais, a Câmara Municipal solicitou à CCDR Norte um parecer, que veio a ser emitido no início de fevereiro, com conteúdo
desfavorável. Nessa sequência, o pedido foi indeferido a 10 de fevereiro, tendo Bernardo sido notificado da decisão no dia 15 de fevereiro.
Inconformado com a decisão, Bernardo solicitou que o seu projeto fosse reapreciado, mas o mesmo não logrou êxito, tendo sido confirmado o
indeferimento.
Tendo tido conhecimento de que, apesar do indeferimento, Bernardo começou a construir a moradia, aos serviços de fiscalização da Câmara
Municipal aplicaram-lhe uma coima de 15 mil euros, na sequência do respetivo procedimento contraordenacional, e o presidente da Câmara
ordenou, em simultâneo, a demolição da obra.
Destaque e caracterize os vários atos praticados pela Administração Pública.
R.: - emissão do parecer da CCDR – ainda que influência a decisão final, o parecer tem efeitos internos. Não produz efeitos autónomos. Os
pareceres são atos instrumentais.
- indeferimento da pretensão – é uma decisão, efeitos externos, situação individual e concreta. Ato administrativo desfavorável.
- notificação- é apenas uma condição de oponibilidade dos efeitos jurídicos ao seu destinatário
- confirmação do indeferimento- para ser decisão tem de constituir ou modificar algo. Aquilo que há é confirmar o sentido da decisão. Mero
ato confirmatório. Não tem conteúdo decisório.
- aplicação de coima- é uma decisão, produz efeitos externos, situação individual e concreta. Ato administrativo sancionatório.
- ordem da demolição da obra- é um ato administrativo da restauração da legalidade (ato exequendo). A ordem é dirigida ao particular, se ele
não cumprir é que a câmara vai lá demolir.
Nota: a execução de demolição dos serviços municipais já não é um ato administrativo- atos de execução

Caso Prático 35
Por despacho do Secretário de Estado do Ordenamento do Território, foi declarada a utilidade pública, com carácter de urgência, da
expropriação de oito parcelas de terreno, sitas na freguesia da Charneca, com vista à necessária execução do Programa Especial de
Realojamento (PER) da zona do «Alto Lumiar». De entre as oito parcelas mencionadas consta uma que é parte de uma propriedade de
Barbiturismo-Lisboa. Trata-se de uma parcela de terreno com uma área superior a 10.000 m2 a destacar do prédio Quinta dos Milagres – uma
quinta do seculo XVIII, que possui um enorme palacete e um jardim com arvores e plantas raras.
Tendo em conta que o ato expropriativo de uma parte da Quinta dos Milagres causará provavelmente um prejuízo de difícil reparação, uma vez
que haverá́ destruição desse património arquitetónico e arbóreo e o desalojamento dos agregados familiares lá residentes, a Barbiturismo-
Lisboa pretende recorrer imediatamente de tal ato, considerando que:
1. Não foram cumpridas as formalidades previstas na lei.
2. A competência para praticar tal ato pertence ao Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território. E, ainda que aquele tenha praticado
o ato ao abrigo de uma competência delegada, tal entidade não fez qualquer menção desse facto.
3. A decisão não incorpora uma fundamentação suficiente. Alias, não houve uma devida ponderação quanto à imprescindibilidade da
construção dos referidos fogos (125 fogos para 125 famílias a realojar), naquele exato local – Quinta dos Milagres. E, há, por isso, violação do
princípio da proporcionalidade.
4. Nos temos da lei, não é possível expropriar imoveis que constem do inventário municipal do património, o que se verifica neste caso. E, de
qualquer modo, deveria ter sido solicitado um parecer ao Instituto Público com atribuições no domínio do património arquitetónico e
arqueológico, o que não aconteceu.
Localize na estrutura do ato os vícios que lhe são imputados e faça-lhes corresponder as respetivas consequências jurídicas.
R.:
3. o ato tinha de ser fundamentado. Há um vicio formal de pretensão da formalidade. No curso não defendemos que a fundamentação é um
direito fundamental, e por isso, a consequência é a anulabilidade (163). Temos também um vicio material (violação do principio da
proporcionalidade). A jurisprudência entende que não há um direito fundamental à proporcionalidade, e por isso não se aplica o artigo
161(2/d, por isso, a sanção é a anulabilidade.
4. os pareceres são atos instrumentais, não são atos decisórios. À luz da nova redação do CPA, o facto de não o parecer é uma mera
irregularidade e o procedimento segue na mesma. Expropriar imoveis que constem no inventario municipal do património- vicio material por
violação de lei. Não e possível praticar um ato com este conteúdo (conteúdo impossível). É nulo (artigo 161(2/c.
- temos varias situações e apenas numa delas o vicio é a nulidade. O vicio mais forte absorve os outros vícios nulos. A conclusão é que ao to é
nulo. Significa que nos termos do artigo 162º, que o ato não produz quaisquer efeitos jurídicos. Para alem disso, não são vinculativos nem
executórios. Como não produz efeitos jurídicos, é irrelevante o decurso do tempo. A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer
interessado (162). Os atos nulos não podem ser anulados nem revogados.

Caso Prático 36
Um Centro de Investigação de uma Universidade Pública desencadeou um procedimento concursal com vista ao recrutamento de um bolseiro
tendo em vista a execução de tarefas no âmbito de um projeto financiado pelo Programa 2020, que se prolongará por 24 meses.
Ao concurso apresentaram-se 3 candidatas, A, B e C., tendo esta sido imediatamente excluída em virtude de não ter instruído devidamente a
candidatura e de não reunir os requisitos solicitados no edital de abertura do procedimento.
Após avaliação pelo júri, A e B foram notificadas da lista final, acompanhada de um quadro com a classificação numérica atribuída, tendo A sido
seriada em primeiro lugar.
Neste contexto, diga o que lhe aprouver em relação a cada um dos seguintes cenários:
1. C, considerando “dispor do prazo de dez dias úteis para, querendo, se pronunciar em sede de audiência”, considera a decisão de exclusão
nula, uma vez que nunca foi ouvida naquele procedimento concursal.
2. B, não compreendendo a razão da ordem estabelecida na lista final de seriação, requereu o acesso às atas das reuniões do júri, verificando
que:
i) um membro do júri havia sido orientador de tese de doutoramento de A;
ii) e que na segunda ata sobre os métodos de avaliação, e a propósito da avaliação curricular, consta a menção de que a candidata tem um
percurso curricular que “revela muita aptidão e motivação para a atividade de investigação a desenvolver no projeto”.
Neste sentido, descontente com a seriação efetuada, B pretende recorrer, sendo que o regulamento de atribuição de bolsas de investigação da
Universidade prevê que “cabe recurso da lista final de seriação, no prazo de 7 dias úteis, para o Reitor da Universidade”.
Diga como deve B reagir, do ponto de vista das suas garantias, e que fundamentos poderá invocar a seu favor para esse efeito.
R.:
1. C pretende uma audiência por ter sido excluído. Estamos perante uma decisão, emana poderes publico-administrativos, produção de efeitos
externos e numa situação individual e concreta. Não são apenas atos administrativos os atos finais de um procedimento. Embora não ponha
termo ao procedimento administrativo, não deixa de ser um ato administrativo. C pretende impugnar o ato administrativo porque não foi
ouvida em sede de audiência prévia.
A audiência prévia é obrigatória nos casos que a decisão seja desfavorável (artigo 121 CPA). Há situações em que é possível dispensar a
audiência dos interessados (artigo 124). No caso concreto, nenhuma das exceções do artigo 124. Aplicava-se o artigo 121 porque é
desfavorável. Artigo 122/1. Este ato administrativo padece de uma vicio formal, por preterição de formalidade procedimental (audiência dos
interessados). Nos procedimentos não se considera a audiência prévia um DF, por isso não se aplica o artigo 161/2/d. C não tem razão porque o
ato é anulável (artigo 163). Concluindo pela anulabilidade. Os atos anuláveis produzem efeitos jurídicos, são vinculativos e executório e
consolidam-se na ordem jurídica pelo decurso do tempo. A competência para anular um ato é mais restrita. Pode não produzir o efeito do ato
anulatório (artigo 163/5). No caso concreto, podíamos utilizar o artigo 163/5/b. Há efeito anulatório, mas não se produz. Há aproveitamento do
ato administrativo.

2. B quer reagir contra o ato final do procedimento. Qualificar a situação jurídica em causa.
Pelo artigo 69 não conseguimos dizer que está em causa um impedimento. Se houvesse um impedimento o ato seria anulável.
Pode estar em causa o artigo 73: ainda que a lei não determine que naquela situação o agente está impedido, os agentes devem pedir dispensa
de intervir no procedimento..... Nº2 - a situação recai neste número. O membro do júri deveria ter pedido a dispensa de intervir no
procedimento. Poderíamos invocar a violação do principio da imparcialidade-anulabilidade.
ii) artigo 152/2 -
há fundamentação mas é insuficiente (artigo 153/2). Este tipo de avaliação não diz nada da avaliação curricular. Exigia-se uma fundamentação
especifica. É como se não houvesse fundamentação.
Estamos perante um vicio de formal por preterição de formalidade. A falta de fundamentação tem como regra a anulabilidade. Depois dizer
caraterísticas da anulabilidade.
Falar das garantias. Podem ser reclamações ou recursos (hierárquicos e administrativos especiais).
Podia impugnar o ato tendo por fundamento a ilegalidade.
É um recurso administrativo especial (centro de investigação para o reitor). É um poder especial no artigo 199/1/a. órgão da mesma pessoa
coletiva. Está previsto no regulamento.
Artigo 185- o recurso é facultativo. Se fosse necessária tinha de estar nas alíneas do DL 4/2015 artigo 3º.
Temos de falar da legitimidade de B- artigo 186 para o artigo 68. B é titular de um interesse individual.
Prazo: artigo 199/5 para o artigo 193. A lei dispõem de prazo especial, por isso aplicamos a primeira parte do nº2 do artigo 193.

Caso Prático 37
O Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), I.P., concedeu à ALGAR- Valorização e Tratamento de resíduos Sólidos, SA, uma
licença para a instalação do Aterro Sanitário do Sotavento, sita em Vale do Zebro (freguesia de Salir e concelho de Loulé), para o exercício da
atividade de deposição de resíduos em aterro. Inconformados com a decisão, o grupo de cidadãos defensor das causas ambientais “Todos em
Defesa do Zebro!” interpôs um recurso hierárquico para o Ministro do Ambiente, que proferiu o seguinte despacho: “Tendo em conta que a
decisão do Vice-Presidente da APA é ilegal, uma vez que a competência para a autorização é do Presidente da APA, não tendo igualmente sido
solicitados os pareceres legalmente exigidos, revogo-a inteiramente”.
1. Diga se poderia o grupo de cidadãos ter recorrido para o Ministro do Ambiente e pronuncie-se sobre a validade e condicionalismos aplicáveis
ao seu despacho.
2. Em face do despacho do Ministro do Ambiente, poderia a ALGAR apresentar uma reclamação administrativa junto do Primeiro-Ministro,
solicitando-lhe que revogasse aquele despacho?
3. Em hipótese autónoma, suponha que a ALGAR solicitou a emissão da licença a 10.01.2023, sem que, ao dia de hoje, tenha recebido qualquer
resposta por parte da APA. QUID IURIS?
R.:
1. Possibilidade dos interessados lançarem mão das garantias administrativas. Estamos perante a AP. as garantias administrativas podem ser de
dois tipos: reclamações e recursos (hierárquicos ou especiais). Artigo 184 não é uma omissão mas uma ação. A conceção da licença é um ato
administrativo, falar do ato (artigo 148). Todos os elementos estão consagrados na licença. O que pretendemos saber é se este grupo de
cidadãos poderiam recorrer junto do Ministro. A regra é que os interessados podem impugnar um ato administrativo. Temos de articular com o
artigo 186 são os interessados por excelência. Contudo, temos de remeter para o artigo 68/1 (interesses individuais e coletivos). Neste caso
concreto, estamos perante interesses difusos (ambiente etc). Tem legitimidade nos direitos difusos os do artigo 68/2. De facto, este grupo de
cidadãos querem: defender determinados interesses (artigo 68/1), quer ainda se considere associação representativa do interesse difuso, ou
grupo de cidadãos. Aplicamos sobretudo o artigo 68/2 seja a alínea a ou b, porque está em causa interesses difusos. Fazendo a articulação do
artigo 186 com o artigo 68, os cidadãos (quer seja mesmo um grupo ou associação) têm legitimidade para usar mão das garantias
administrativas.
 - O ato é emanado por um órgão de um IP e o recurso é para o Ministro. Este recurso nunca poderá ser entendido como um recurso
hierárquico. Não há relação hierárquica. Só pode ser qualificado como recurso administrativo especial. O Ministro poderia praticar esse ato.
Pode lançar mão deste recurso se ele estiver previsto na lei. Artigo 199/1/c - podia recorrer ao Ministro. Admitindo que a lei prevê este recurso
seria qualificado como recurso especial para outro órgão de outra pessoa coletiva pública que exerce poderes de tutela e superintendência. Se
a lei não previsse possibilidade de recurso, o Ministro não seria competente (incompetência absoluta-nulidade).
Admitindo que o grupo de cidadãos tem legitimidade e está previsto na lei, temos de ver se o Ministro poderia praticar o ato.
 - "Tendo em conta que a decisão do Vice- Presidente da APA é ilegal, uma vez que a competência para a autorização é do Presidente da APA,
não tendo igualmente sido solicitados os pareceres legalmente exigidos, revogo-a inteiramente”- o ato pretende destruir os efeitos de um ato
anterior. Houve uma invalidade e o Ministro revogou em vez de anular. O Ministro qualificou mal a sua decisão. Isto é importante porque o
regime da anulação e da revogação é distinto (artigo 165). Da revogação é o artigo 167. Da anulação é o artigo 168º. Em teoria o Ministro pode
praticar o ato (artigo 165/2+168), mas vamos se no caso concreto poderia anular o ato. Temos de ver o artigo 169/5 para saber se de quem é a
iniciativa e a competência. Artigo 170º - principio do paralelismo das formas, no ato de 2º grau tem de ser observada as formas do 1º grau.
- Quanto ao prazo: Se for a própria AP a intervir no caso APLICAMOS O ARTIGO 168. Geralmente aplicamos o artigo 168/1. Contudo a ato de 1º
grau é constitutivo de direitos e por isso aplicamos o artigo 168/2 + 167/3.
Contudo, como o ato foi através de um recurso administrativo (foi o grupo de cidadãos), aplicamos os prazos dos recursos. É um recurso
especial por isso aplicamos o artigo 199º. O artigo 199/5 manda aplicar o regime do recurso hierárquico (quer os prazos, quer as formalidades).
Aplicamos o artigo 193/2: se for necessário o prazo é de 30 dias; se for facultativo 3 meses. No caso concreto não diz se é necessário ou
facultativo, por isso falamos os dois.
 - Decisão Ministro: artigo 197 e 198. O Ministro tinha de 30 a 60 dias para decidir (artigo 198). Aplicar artigo 171. O ato de anulação produz
efeitos retroativos.
 Ato 1º grau- regula pela primeira vez uma determinada situação
Ato 2º grau- incide sobre ato anterior (revogação e anulação artigo 165º. A diferença é o fundamento)
2- a reclamação é dirigida ao autor do ato, desde logo está aqui um erro. Se recorrer junto do PM não seria uma reclamação, porque não foi o
autor do ato.
Artigo 191/2- não é possível reclamar de um recurso (ato de 2º grau). Não é possível aqui aplicar o artigo 199, porque entre o Ministro e o PM
não há relação de hierarquia, superintendência, supervisão, tutela nem colegialidade. Artigo 196/1/a- o recurso seria rejeitado. OU SEJA, não é
possível reclamação, nem recurso.
3 - a regra é que os procedimentos de iniciativa particular são de 60 dias úteis podendo ir até 90 dias (artigo 128/1) , o prazo começa a contar
desde a entrada do requerimento no serviço competente. Este silêncio é um incumprimento de um dever legal de decisão (artigo 129), pode
haver lugar ao lançamento de garantias administrativas. Não servem só para agir face às ações, mas também contra as omissões (artigo
184/1/b).

Caso Prático 38
Considere a seguinte hipótese:
Merlin apresentou um requerimento dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Braga, solicitando que lhe fosse concedida licença para a
prática de campismo ocasional, para o período compreendido entre os dias 29/03/2023 a 09/04/2023 (férias da Páscoa), tendo para o efeito
procedido à junção de todos os elementos necessários para a tomada de decisão.
O pedido foi deferido pelo Presidente da Câmara a 13/03/2023, mediante parecer prévio favorável da autoridade de saúde e da autoridade
policial competente.
A 24/03/2023, Merlin foi notificado de um novo despacho do Presidente da Câmara, com o seguinte teor: “Por razões de interesse público,
designadamente por razões de proteção da saúde pública, altero, em sentido contrário, a minha decisão de 13/03/2023”.
Inconformado com a decisão, Merlin pretende reagir contra esse despacho, invocando o seguinte:
a. Não lhe foi dada a oportunidade de se defender, em momento anterior à decisão;
b. O despacho vem assinado pelo Presidente da Câmara, mas este não faz menção de que está a exercer uma competência delegada, uma vez
que a competência para a prática daquele ato é da Câmara Municipal.
c. Tendo sido concedidas licenças a outras pessoas em condições semelhantes, tem conhecimento de que, ao contrário da sua, tais licenças não
foram revertidas.
d. Para além disso, já pagou as taxas devida.
1. Qualifique o despacho do Presidente da Câmara de 24/03/2023 e diga se se verificam os requisitos legais aplicáveis.
2. Localize na estrutura do ato administrativo os vícios que lhe são imputados e faça-lhes corresponder as respetivas consequências jurídicas. E
diga de que garantias administrativas pode lançar mão e quais os efeitos que delas pode esperar.

R.:
1. É um ato administrativo. Qualificar. Ato administrativo de 2º grau que tem um nome de revogação, artigo 165/1. não houve reclamação nem
recurso, por isso aplicamos o artigo 166 e seguintes. Aplicamos o artigo 165---- 166 (vemos as condições) ---- 167.
· Condicionalismos: artigo 167/3 e depois ver o Nº2. SE ESTIVER EM CAUSA A ALINEA C, usamos o nº 4 e 5 e o prazo é diferente.
· Iniciativa: Artigo 169/4
· Havendo lugar à revogação, artigo 171/1. Os efeitos produzem-se para o futuro, em regra. Se a destruição dos efeitos for benéfica para o
particular, vale para o passado. No caso concreto, tinha interesse porque há reembolso das taxas.
2. o ato 2º grau tem a mesma forma do ato do 1º grau, temos de analisar se foram cumpridas os requisitos necessários (artigo 170/1).
· A- audiência prévia, conjugar o artigo 121 com o 124. A audiência seria obrigatória, logo não tendo havia lugar. Anulável- artigo 163.
· B- mera irregularidade (artigo 48/2)
· C- violação do principio da igualdade. Está previsto na CRP no artigo 13 e no CPA. A igualdade é um direito fundamental, contudo não ataca o
conteúdo essencial. Para atacar o conteúdo essencial, tinha de ser a diferença por razão do género, raça etc. Se não ataca o conteúdo essencial,
é anulável.
· D- o pagamento das taxas nada tem haver. Seria reembolsado. Não é uma questão de invalidade.
 
Depois de concluir pela anulabilidade ou nulidade apresentar as caraterísticas.
 
O senhor queria anulação do ato porque tem invalidades.
Poderia reclamar para o próprio autor do ato, presidente da camara, artigo 191.
Recurso hierárquico- entre o Presidente e a Camara não há recurso hierárquico.
Recurso especial- artigo 199/2, recurso para o delegante.

Comente:
«A delegação de poderes é um instrumento típico de desconcentração administrativa, embora se tenha vindo a apresentar, também, como um
instrumento de descentralização administrativa».

R.: Noção de delegação de poderes (art.o 44/1CPA).


Referência ao princípio da desconcentração: artigo 267.o 2 CRP: princípio que determina que os poderes não estejam concentrados nos órgãos
do topo da hierarquia e que se pode manifestar através da delegação de poderes.
Referência ao princípio da descentralização: 267/2 CRP: além do Estado devem existir outras p.c.p com atribuições próprias, como por exemplo
através da descentralização não territorial (devolução de poderes) com a existência de uma administração estadual indireta ou a
descentralização territorial de que são exemplo as AL.
Referência aos sujeitos da delegação de poderes: a delegação de poderes como ocorrendo entre órgãos da mesma pessoa coletiva que podem,
ou não, inserir-se no âmbito de uma relação de hierarquia e aqui fala-se em desconcentração; a delegação de poderes como podendo ocorrer
entre órgãos de pessoa coletivas distintas e aqui estamos já no domínio da delegação de atribuições que pode acontecer entre o Estado e as
AL, por exemplo, funcionando como uma verdadeira descentralização.

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