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AO EXELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR RELATOR DA 7ª CÂMARA

CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS

Jair Henrique Lemes, por intermédio do causídico que a esta


subscreve, vem, com todo respeito e acatamento, apresentar suas
CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto pelo Estado
de Goiás, já qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.

1 – DOS REQUISITOS PARA ADMISSÃO DO RECURSO

As condições objetivas e subjetivas para o conhecimento do recurso


estão presentes, razão pela qual merece ser recebido para a devida decisão de
mérito.

2. DO MÉRITO

2.1 - Dos argumentos expostos pelo agravante

Depreende-se da peça inaugural do presente agravo de instrumento que


a fundamentação fática e jurídica da agravante pode ser abarcada em três
tópicos centrais, como se explanará.

Em um primeiro momento, o agravante aduz que a tese encampada pelo


autor, caso seja acolhida pelo juízo de origem, afrontaria o princípio da
isonomia e da vinculação às normas do edital, vez que todos os candidatos, à
exceção dos deficientes, realizaram o teste de aptidão física. Aduz, ainda, que
o autor não impugnou o edital administrativamente, no prazo previsto, no
documento, e estaria preclusão a alegação de ilegalidade e
desproporcionalidade do teste de aptidão física.

Além disso, o agravante agita a tese que a exigência do TAF para o


ingresso nos quadros da Policia Civil do Estado de Goiás, no cargo de escrivão
de polícia, está prevista expressamente na Lei 14.275/2002. Assim, o pedido
do autor afrontaria a referida norma. Para subsidiar sua tese, o agravante
colaciona Acórdão do TJMA e trecho de sentença de primeiro grau proferido
nos autos de n° 344706.

Em arremate, defende que a decisão antecipatória concedida pelo juízo


de origem não merece prosperar, eis que esgota o objeto da ação, contrariando
as Leis 8.437/92 e 9.494/97.

Com tais teses, puna pelo efeito suspensivo do agravo de instrumento e,


no mérito, provimento do recurso com a consequente cassação da decisão
antecipatória em debate.

2.2 – Das contrarrazões

Em que pese o ingente esforço argumentativo do ente agravante, o


pleito não merece prosperar pelos seguintes fundamentos.

2.2.1 – Do primeiro argumento

Prima facie, a tese de quebra de isonomia e preclusão da alegação de


ilegalidade e desproporcionalidade do Teste de Aptidão Física para o cargo de
Escrivão de Polícia, merece ser refutada de plano.

É cediço que o princípio da isonomia, fundamento essencial da ordem


jurídico-constitucional da república brasileira, pode ser sintetizado na famosa
frase de Aristóteles, “tratar os iguais de maneira igual, e os desiguais de forma
desigual, na medida de sua desigualdade”.

Ora, o pleito inicial está lastrado em tal brocardo, eis que o que se
demanda é a declaração incidental de inconstitucionalidade da Lei 14.275/2002
do Estado de Goiás, por entender desarrazoado a exigência de TAF para o
cargo de escrivão de polícia.

Como é manifesto, as atribuições do cargo de escrivão são divergentes


às do cargo de agente de polícia, e merece tratamento diverso.

Assim, mostra-se indevido o tratamento igual, pela exigencia de teste


físico idêntico, aos dois cargos, que possuem atribuições diferentes.
No mais, mostra-se descabido afirmar que o agravado teria sua
pretensão preclusa, já que não impugnou o edital administrativamente.

A discussão judicial de qualquer ato administrativo, com lastro no


princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional, não tem como
pressuposto a reclamação na via administrativa, com exceção das demandas
esportivas e previdenciárias.

Tal assertiva é pacífica na literatura jurídica e jurisprudência dos


tribunais pátrios, mostrando-se afrontoso ao princípio constitucional de acesso
à justiça, qualquer pré-requisito de impugnação na via administrativa.

Desse modo, a argumentação lançada merece pronto refugo, dadas as


razões aventadas.

2.2.2 – Do segundo argumento

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