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Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 26
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 1
Se eu estou triste por deixar tudo para trás? Bem, não sei
dizer. Mas sei que uma parte de mim está suspirando aliviada. Sabe
o que é passar 10 anos da sua vida vendo sua mãe ser espancada
e humilhada por um homem que ela acreditava amar? Bem, eu sei,
porque foi isso que aconteceu com a minha. Ter que aguentar
aquele homem controlando nossas vidas e sempre ter que vê-la
entrando em sua frente para que ele não encostasse aquelas mãos
imundas em mim foi a pior parte da minha história. Por que, então,
não estou completamente feliz que minha mãe finalmente se livrou
dele e estamos recomeçando? Porque, apesar daquela vida
desastrosa, estou deixando o que costumava ser normal para algo
inesperado, e isso me assusta.
— Mãe — cutuco-a —, estamos chegando, olha que lindo! —
digo, apontando para a enorme São Paulo a minha frente. Nossa
viagem foi longa, por isso, minha mãe apenas sorri cansada. Queria
que ela estivesse mais feliz do que aparenta estar, mas entendo o
que ela está passando. Apesar de tudo, ela o amava, a única parte
que não entendo é o motivo disso.
— Está pronta para uma nova vida? — Ela me pergunta. Paro
para pensar, acho que nunca estive pronta para nada.
— Uma parte de mim está, outra parte sente medo. É normal?
— pergunto enquanto continuo admirando a cidade.
— Todos nós temos medo, não é mesmo? — ela diz sorrindo.
— Agora temos menos um — falo, dando um beijo em sua
testa, ela sorri e volta a descansar. Fico observando-a, apesar de
tanto sofrimento, continua linda, seus cabelos morenos cacheados,
seus olhos castanhos, sua pele que nem o tempo foi capaz de
danificar... Somos tão parecidas que sempre nos perguntam se
somos irmãs. Quando o ônibus para, suspiro de alívio, foi uma longa
viagem.
— Parece que chegamos — Ela diz. Sorrio e nós descemos.
— Ela vem nos buscar, mamãe? — pergunto enquanto pego
minha mala.
— Sim, filha. — Ela diz, fazendo o mesmo.
Minha mãe conseguiu um emprego porque uma amiga pediu
demissão e recomendou-a. Sua nova patroa ficou de nos buscar,
mas, duas horas depois, continuamos no mesmo lugar, olhando
para o tempo com várias malas, parecendo duas desabrigadas.
— Me atrasei muito? — Uma mulher muito elegante, por sinal,
de cabelos longos e preto, olhos verdes e pele branca diz,
aproximando-se de nós.
— Bom, faz duas horas que estamos aqui — falo e minha mãe
me cutuca brava.
— Desculpa, ela só está cansada — minha mãe diz apertando
sua mão. — É um prazer conhecê-la.
— O prazer é todo meu — Ela diz e vira-se para mim — e
você, mocinha, está merecendo descansar — agradeço
mentalmente.
Entramos no carro depois de guardar nossas bagagens.
— Qual seu nome mesmo? — Pergunto.
— Melissa, e o seu? Acabei me esquecendo.
— Zara — respondo.
— Zara, lindo nome! — ela sorri para mim. — Qual sua idade,
Zara?
— 18 anos.
— Então, já terminou os estudos?
— Não, parei um ano porque... — olho para minha mãe
constrangida e penso em uma resposta rápida — tive uns
problemas de saúde.
— Então temos que ver uma ótima escola para você, Zara —
sorrio para ela.
Parei um ano de estudar porque meu padrasto me proibiu de ir
à escola, quando minha mãe o convenceu do contrário, era tarde
demais, eu já tinha perdido o ano letivo. Chegamos na casa mais
linda que já vi, era enorme.
— Gostou? — Melissa pergunta.
— Tá brincando?
Melissa nos mostrou toda casa e por fim, nosso quarto.
— Vocês ficarão aqui, tem banheiro e uma geladeira, caso
precisem não se incomodem em usar a da cozinha, vocês podem
fazer suas refeições lá mesmo logo após do meu jantar com minha
família — minha mãe concorda com tudo.
— Você não se incomoda caso eu precise ajudar minha mãe?
— pergunto.
— Claro que não, entendo você querer ajudá-la, a casa é
grande e não gosto de muitos empregados — concordo e ela
continua. — Minhas regras são simples para isso, Zara, não quero
você andando pela casa enquanto meu marido e meu filho
estiverem em casa, não se preocupe, isso é raro. Todas as vezes
que eles estiverem em casa, se mantenha em seu quarto. Não
pense que eu sou chata, mas gosto que as coisas funcionem assim,
estamos entendidas?
— Sim, senhora — digo. Fico sem entender o porquê disso,
mas não a questiono.
— Senhora está no céu, me chame de Melissa. — Ela sorri e
sai do quarto.
— Promete que vai se comportar? — Mamãe pergunta.
— Prometo.
— Mesmo que o filho dela seja lindo?
— Mãe, eu prometo — falo e ela começa a rir. Minha mãe
adora me constranger quando o assunto é meninos.
Capítulo 2
Contei para ele minha vida não tão interessante, mas ele
parecia surpreso com muitas coisas. Quando ele começou a me
contar sobre como viajou para tantos lugares e podia fazer isso
sempre que se via sufocado pelos problemas, eu o invejei. Quantas
vezes a única maneira de fugir dos meus problemas foi se trancar
num quarto e chorar pela minha mãe?
— Sempre que quiser fugir dos problemas, você pode me
procurar, te levarei aos melhores lugares do mundo.
— Espera um segundo, vou fazer minhas malas — digo e ele
entende o que quis dizer.
— Sabe que não pode fugir disso, não é?
— Sei, mas não vou aceitar isso tão fácil.
— Acho melhor chamar minha mãe, ela deve estar cansada. —
Ele vai saindo do quarto, mas eu o chamo. Pego em sua mão, é o
máximo de proximidade que consigo forçar. — Obrigada pelo jantar
— digo e dou um sorriso tímido. Ele beija minha bochecha.
— Obrigado você. — Ele sorri.
— O que foi?
— Eu nunca passei tanto tempo perto de uma garota bonita
sem beijar ela.
— Você é convencido, sabia? — Cruzo os braços. —
Desculpa, mas vai continuar sem beijar, mas não se preocupa, isso
não vai durar muito tempo, sua família tá me obrigando a casar com
você.
— Mas eu jamais vou me sentir confortável em beijar você
contra a tua vontade. — Ele pega na minha mão. — Se quiser fugir,
eu ajudo você, eu tenho grana guardada...
— Pra me encontrarem e matarem minha mãe? Não, obrigada.
— Eu juro que vou fazer de tudo pra você não sofrer. — Ele me
mostra seu dedo mindinho. — Juro de dedinho. — Junto o meu
mindinho ao seu.
— Minha mãe deve estar nos esperando, boa noite, Justin —
digo. — Em outras circunstâncias, eu adoraria ter conhecido você.
— Ele sorri.
Não era mentira.
— Será que o número cinco faz mesmo milagres? — Ele diz e
eu reviro os olhos.
— Qual milagre você tá esperando?
— Um beijo seu. — Eu fecho a porta na cara dele e sorrio,
lembro que a Melissa disse que ele não podia ver uma garota
bonita. Em outras circunstâncias, ele teria ganhado um beijo, mas
quando eu o vejo, é difícil não lembrar de tudo que está
acontecendo. Sinto que é melhor não ficar próxima dele por mais
que ele realmente possa estar sendo sincero quanto a me ajudar a
tornar isso tudo mais fácil.
Capítulo 6
Faltam dois dias para meu noivado. Minha mãe passou todo
esse tempo tentando me fazer desistir, o bom é que falei para ela
que eu e Maia estamos começando a ser amigas e ela parou um
pouco de pegar no meu pé. A maioria das aulas do Andrew são em
duplas, o que eu não me incomodo, já que faço com Maia.
— Maia — sussurro em meio a explicação de Andrew. — Meu
noivado é daqui dois dias, se você puder ir, vou adorar.
— Claro que eu vou. Não acredito que você vai se casar
mesmo — ela diz, rindo.
— Nem eu — por falar muito alto, chamo a atenção para nós.
— As garotas podem compartilhar a conversa com o resto da
sala? — Andrew diz.
— Desculpa por atrapalhar a aula.
— Não foi isso que eu perguntei. — Reviro os olhos.
— Não é da sua conta.
— Nós estávamos falando do noivado dela, que será em dois
dias — Maia tenta encobrir o que eu falei.
— Zara e Maia, para a diretoria. Zara, por conversar e falta de
educação, e você, Maia, por também conversa e tentar encobrir as
gracinhas de sua colega. — Reviro os olhos e levanto-me. — Se
revirar mais uma vez os olhos para mim, será suspensa de minhas
aulas. — Saio sem falar nada. Ganhamos uma bela bronca, mas
logo fomos liberadas para a próxima aula.
No dia do meu noivado, fui tão paparicada que até minha mãe
tirou sua armadura e está toda emocionada. Não quero nem ver
quando eu casar. São esses momentos que me deixam felizes e me
fazem esquecer o que existe por trás desse casamento. Quando me
casar as coisas, não vão ser tão fáceis e a pressão só vai aumentar.
— Você é, sem dúvidas, a garota mais linda do mundo —
minha mãe diz com os olhos marejando assim que termino de me
vestir. O penteado, no meu cabelo, é tão elegante, o vestido, o
sapato... tudo.
— Você está deslumbrante, Zara — Melissa fala e abraça-me.
— Obrigada por tudo — ela sussurra em meu ouvido.
— Vamos? Já estão todos lá embaixo — minha mãe chama.
— Espera. Antes quero dar uma olhada em vocês. — Elas
estão lindas. Minha mãe foi arrastada por Melissa para comprar um
vestido azul escuro, que ficou perfeito em seu corpo. Enquanto
Melissa está mais elegante do que nunca. Ela veste um vestido roxo
que se encaixa perfeitamente em seu corpo e vai até um pouco
acima do joelho. — Estão perfeitas.
Desço agarrada aos seus braços, uma de cada lado. Várias
pessoas estão na sala, posso contar nos dedos quais eu conheço.
Encontro Justin próximo a escada, ele está lindo de terno, nunca vi
seu cabelo em um penteado tão comportado, preciso rir dele por
isso. Quando eu chego ao final da escada, Justin entrelaça nossos
braços e beija-me.
— Está parecendo os nerds da minha escola, tão fofo. —
sussurro em seu ouvido e ele me olha com raiva.
— Fala isso pra minha mãe que ficou uma hora no meu pé
para me convencer a fazer isso. — Rio dele.
Três homens são os primeiros a se aproximar de nós. Dois são
velhos o suficiente para serem meus vôs, o outro é novo, parece ter
a idade do Justin, ele não me encara, ao contrário dos outros dois.
Minha mão começa a suar de nervosismo. Não consigo encará-los,
por isso, abaixo o olhar para o chão e tento me controlar.
— Então, essa será sua futura esposa — um dos homens diz,
estendendo a mão para mim; aperto-a e mando-lhe um sorriso falso,
ainda sem o encarar.
— Sim — Justin responde. Tento me apresentar, mas ele é
mais rápido: — Seu nome é Zara. — Ele me belisca devagar.
Sou apresentada aos outros dois e eles nos deixam a sós de
novo.
— Deixe que eu falo por você. Não pode vacilar com eles,
Zara.
— Tudo bem — concordo porque sei que acabaria falando
besteira.
Encontro Maia e dou um abraço forte nela.
— Você está linda!
— Você também está linda. — Abraço-a mais uma vez. — Que
bom que você veio.
— Zara — ela me chama assustada —, aquele ali não é o
Andrew? — Viro-me e vejo Andrew conversando com Justin. — Não
sabia que você tinha convidado ele.
— Eu não convidei. Vamos até eles. — Puxo-a.
— Andrew.
— Zara. — Ele estende a mão e eu o comprimento
— Vocês se conhecem? — Justin pergunta.
— Ele é meu professor de Química — respondo, Andrew sorri.
— E vocês se conhecem de onde?
— Estudamos juntos na mesma escola que você hoje —
Andrew responde. — Sempre fomos amigos, mas depois da
faculdade, foi cada vez mais raro nos encontrarmos.
— Mas agora nos reencontramos de vez, já que Andrew está
morando aqui de novo. — Lembro que Maia está do meu lado.
— Justin, essa é Maia, minha amiga. — Ele aperta sua mão. —
Maia, esse é Justin, meu noivo.
A festa estava uma verdadeira chatice e Andrew não tirava os
olhos de mim.
— Você está linda — ele diz, aproximando-se.
— Obrigada.
— Queria pedir desculpas pela forma que lhe tratei.
— Está desculpado — digo e ele arqueia a sobrancelha.
— Muito modesta você.
— Da mesma forma que você está sendo em não desgrudar os
olhos de mim em meu noivado. — Ele ri.
— Não estou encarando você por isso.
— Então por que é?
— Estou preocupado com você.
— Zara, pode vir até aqui? — Justin me chama e bate com
uma colherzinha na taça, chamando a atenção de todos. Sinto
vontade de rir, lembrando das vezes em que nós treinamos isso e
era impossível não ser antiquado. — Gostaria da atenção de todos.
— Todos se calam e preparo-me para não rir, ele parece querer
fazer o mesmo. — Zara, eu sei que nós treinamos isso várias vezes
e em todas elas, nós nos acabávamos de rir. Você é uma garota
especial, que fala o que pensa e não tem medo disso, sempre
orienta as pessoas da melhor forma e encanta qualquer um que te
conheça. É por isso e outros milhões de motivos que eu peço — ele
se ajoelha e tira uma caixinha com um anel dentro —, quer casar
comigo? — Fico pasma, minha reação não é a ensaiada assim
como o texto dele também não foi. — Pode responder logo? Essa
posição não é muito confortável. — Todos começam a rir.
— Claro que sim! — Ele se levanta e beija-me.
— Eu te amo — ele sussurra em meu ouvido. — Amo de
verdade.
Eu não consegui respondê-lo e acredito que ele, talvez, esteja
enganado sobre isso. Abracei-o forte, muito forte. As pessoas ainda
estavam nos aplaudindo. Minha mãe chorava ao lado de Melissa,
que nos olhava com satisfação. Meus olhos continuaram a passar
pela enorme sala e pararam nos três homens do clã, e, pela
primeira vez, o olhar do mais novo estava em mim, e ele me
assustava.
Capítulo 7
Acordei mais tarde do que o normal hoje. Queria muito não ter
que encontrar ele, queria mesmo, mas hoje é domingo. Ele dormiu
no outro quarto, o que foi ótimo pra mim. Não queria brigar, a morte
de Ane ainda é muito dolorosa e tudo que eu menos quero é mais
dor. Desço para tomar café, esse leãozinho dentro de mim é um
morto de fome. Não encontro ninguém, tomo meu café em paz e
resolvo ligar pra minha mãe. Ela só vive viajando para representar a
empresa agora. Tenho certeza de que Richard faz isso para evitar
tê-la perto de mim. Não reclamo, pois minha mãe adora viajar.
— Oi, mãe — digo assim que ela atende.
— Oi, filha, que saudade de você — ela diz chorosa, minha
mãe é a pessoa mais chorona que conheço.
— Eu também estou morrendo de saudade de você, queria
tanto te abraçar.
— Filha, daqui uma semana, estou voltando e não vou largar
você.
— E seu netinho.
— Netinho? — Ela pergunta quase gritando. — Zara, eu não
acredito que você está grávida.
— É o que parece, mamãe.
— Eu vou ser vovó, meu bebê vai ter um bebê.
Sorrio com seu drama.
Passo horas conversando com ela no telefone. Contei sobre
Ane pra ela e ela foi a única que conseguiu acalmar meu coração.
Ela ficou tão feliz que o medo de estar grávida foi se amenizando.
— Zara — ouço Justin me chamar, mas não respondo. —
Contei para minha família. Minha mãe já está vendo um médico
para você — continuo calada. Não quero falar com ele e nem o
deixei contar para todos. — Queria que isso fosse um momento
feliz.
Levanto-me e saio, voltando para meu quarto. Momento feliz?
E se for menina? Duvido se ele faria alguma coisa para impedir o
clã. Nenhum deles faria.
Faz uma hora que eu estou deitada na cama fingindo estar
dormindo. E faz uma hora que o Justin está sentado de frente para
mim, olhando-me. Ele está fazendo jogo sujo para nós voltarmos a
nos falar. Não vou falar! Passei um mês sem falar e não é agora que
vou. Justin consegue ser a pessoa mais chata do mundo quando ele
quer. Esse mês só não foi um total inferno porque me diverti com
sua idiotice. Melissa me trata feito uma criança e parece que faz
questão de me ver enjoada, porque toda hora me traz comida.
Richard só sabe usar meu filho para importância dele para família,
pois será mais um no clã. Sempre brigo com ele quando fala que
não quer uma menina. Tenho medo de Richard, assim como tinha
medo de Bruce, mas não me calo com ele, assim como não me
calava com Bruce.
Nunca mais fui às reuniões do clã porque a casa de Amélia só
me lembra Ane, também passo a maior parte do tempo enjoada e
dormindo. Amélia odiou saber que eu estou grávida, ela disse que
isso adiaria tudo, também faltei muito na escola por causa disso.
Richard quase me obrigou a desistir, mas não aceitei.
— Uma hora, vai ter que falar comigo. Eu sou o pai do seu
filho. — Ele veio até mim e ajoelhou-se do lado da cama e continuou
a me olhar. Seus olhos foram em direção a minha barriga e ele
sorriu, aproximando-se. — Oi, eu sou seu pai. — Que idiota, abro os
olhos e observo a cena. — Sua mãe não consegue me entender e
por isso não está falando comigo. Mas você pode dizer pra ela que
eu a amo? — me segurei para não sorrir. — Amo ela mais do que
tudo, que eu sou um verdadeiro idiota, porque só um idiota que nem
eu encostaria a mão nela. Pode pedir pra ela pegar mais leve com o
papai também? Existe muita pressão sobre ele ultimamente — Seu
olhar pousa em mim e ele sorri. — E que está arrependido e
promete defender ela mais daqui por diante? — Ele beija minha
barriga e a acaricia. — Eu vou ficar com meus joelhos doendo
esperando-a me perdoar.
— Me prometeu que não agiria daquela forma — digo,
levantando-me. — Eu odeio você. — Ele me abraça. — Vai mesmo
me defender? — Eu roubei o posto de maior chorona do mundo da
minha mãe desde que engravidei. — Não aguento mais. Seu pai e
toda essa pressão. Eu não vou aguentar isso, não quero ter que
desafiar todo mundo sozinha. Eu não vou deixá-los tomarem se for
uma menina. Eu fujo e você nunca mais vai me ver. Eu me sinto
sozinha, eu quero confiar em Melissa, mas tenho dúvidas, quero
confiar nele, mas também carrego dúvidas, eu não sei mais o que
fazer e nem em quem me apoiar.
— Ei. — Ele enxuga minhas lágrimas — Não precisa chorar e
nem se desesperar. Se for menina, eu mesmo fujo com você. Eu
prometo que não vou deixar você enfrentar ele sozinha. Nós vamos
passar por tudo isso juntos, até porque eu não conseguiria viver
sem você. — Eu fico feliz com suas palavras, mas duvido de suas
atitudes. — Eu nunca mais vou agir daquela forma, tem que
entender que agora eu passo 24 horas escutando meu pai falando
sobre regras, o trabalho é estressante. E eu fiquei com medo por
causa do Lúcio, sabe como ele é e eu sei como você é.
— Promete que não vai me magoar? Olha como eu estou
chorona, se um passarinho cantar bonito de manhã, eu choro —
digo e ele ri.
— Eu prometo! Se você deixar de ser chata, ignorante,
respondona... — dou um soco em seu ombro e ele se deita ao meu
lado, abraçando-me.
Acordo com os beijos de Justin.
— Acorda. — Ele puxa meus braços, deixando-me sentada. —
Precisa ir pra escola. Já faltou demais e eu vou deixar você na
escola todos os dias a partir de hoje — tomo coragem em abrir
meus olhos.
— Eu estou com tanto sono — digo sonolenta. — Quero dormir
por mais... quantos meses eu estou mesmo? Acho que três meses.
— Grande mãe você é. — Ele me encara.
— Grande pai você é que nunca me acompanhou nas
consultas.
— Deve ser porque você passou um mês sem olhar na minha
cara.
— Você podia ir mesmo assim.
— Para de me enrolar e vai pro banheiro agora. — Ele fala,
imitando-me, cruzando os braços. Rio dele. Vou para o banheiro,
mas paro antes de entrar.
— Sabe que nós seremos péssimos pais?
— Sei. — Ele ri.
Arrumo-me e desço com Justin para tomar café. Richard e
Melissa ainda estão lá.
— Bom dia — Justin cumprimenta. Passo direto sem falar nada
e sento-me.
— Bom dia, filho, e bom dia pra você também, Zara — Richard
se pronuncia.
— Não precisa fingir que gosta de mim e nem eu de você.
— Obrigado pela sua sinceridade logo de manhã. — Richard
encara Justin, como ele sempre faz quando quer o obrigar a me
repreender. Mas Justin apenas me beija.
— Tem que parar de comer tanto, Zara — diz quando já estou
na terceira fatia de bolo.
— Estou comendo por dois. Eu vou poder usar isso por muitos
meses.
— Tem certeza de que não é trigêmeos? — dou um soco em
seu ombro e ele e Melissa soltam risadas. Apenas Richard continua
com a mesma cara de bosta de sempre.
— Não tem nenhum problema nisso, o que importa é que seja
um menino — Richard se impõe, como sempre, tentando estragar
tudo.
— É o que veremos, Richard — digo e Justin me tira da mesa.
— Vai se atrasar, Zara, vamos — saímos quase correndo. —
Zara, eu juro que quero te defender, mas você tem que ajudar, para
de desafiar ele. Ele já estava com raiva e agora não quero nem
imaginar.
— Viu como ele falou? — Entro no carro e Justin faz o mesmo.
— Não vou aceitar isso, Justin.
— Ele pode denunciar isso para o clã, aí nós estaremos
ferrados.
— Ele não ia arriscar tudo. Seu pai é tudo, menos burro. Você
é o único filho que ele tem.
— Zara, só tenta fazer as coisas serem mais fáceis pra mim —
ele diz, bufando. Ele parece estar cansado ultimamente.
— Não quero mais morar naquela casa. Você está
trabalhando, nós vamos ter um filho já está na hora de ter nossa
própria casa.
— Eu também estava pensando nisso. Vamos procurar uma no
final de semana. Não suporto mais meu pai se metendo em tudo.
A escola, como sempre é um saco, tirando a parte da Maia,
que faz tudo ficar um pouco melhor, ela é minha única amiga agora.
Olho-me no espelho, coloquei um moletom folgado e uma
calça jeans. Minha barriga já começa a dar sinais e não quero que
descubram agora, vou para a sala. Andrew entra visivelmente
irritado na sala e não fala com ninguém. Ele passa alguns minutos
focado em alguns papéis quando finalmente os solta e nos olha.
Seu sorriso aparece quando ele me vê.
— Parece que temos você de volta.
— É, parece — digo. — Eu estava doente, por isso faltei tanto,
foi mal.
— Sem problemas, depois você pega os conteúdos comigo.
— Ok — digo e vejo Valentina revirar os olhos.
— Podemos começar a aula — ela diz alto o suficiente até
para diretora da escola ouvir.
— Que bom saber que você está tão interessada na aula,
Valentina — Andrew diz, aproximando-se dela. — Você pode vir
aqui na frente e nos explicar o que você entendeu da nossa última
aula? — Ela o encara irritada e levanta-se.
— É... — tenta falar, mas não consegue, então me encara e
sorri. —Desculpa, professor, acho que preciso daquelas aulas
particulares que você ofereceu para Zara e ela recusou. — Quem
contou isso para ela? Só tinha comentado isso com Maia.
— Não, Valentina, você precisa apenas prestar atenção nas
aulas em vez de prestar atenção na vida das pessoas — sorrio para
Andrew.
Quando a aula termina, vou falar com ele.
— Obrigada por isso.
— Não fiz isso por você, ela estava me envolvendo no meio.
— Mesmo assim, muito obrigada. Está a fim de sair?
Aparentemente, Justin está em uma reunião e não pode me buscar
agora e não estou a fim de voltar para aquela casa.
— Claro.
Andrew me leva para uma lanchonete ali perto. Peço tanta
coisa que ele se assusta.
— Você gosta de comer mesmo, não é? — ele pergunta,
sorrindo de lado.
— Preciso me abastecer. Acho que fui mal-educada por ter
recusado suas aulas, você só queria ajudar.
— Não precisa se desculpar, mas ainda pode aceitar elas,
teremos provas ainda esse mês. Se resolver aceitar, eu sempre fico
até tarde na escola.
— Se eu estiver disposto, juro que vou. — Ele sorri.
Comemos enquanto ele me conta como decidiu ser professor e
como era na faculdade.
— E você, pretende cursar o quê?
— Eu também penso em ser professora, mas não tenho
certeza qual matéria seria melhor pra mim. Gosto de muitas,
inclusive Química.
— Se eu fosse você, apostaria em Química. Posso te mostrar
algumas experiências, se você for ter aquelas aulas.
— Acho que seria muito perigoso para alguém que está
grávida. — Só quando falo, lamento-me pela minha boca grande.
— Como? — Ele me encara confuso.
— Eu estou grávida.
— Não podia ter deixado isso acontecer.
Tento entender o que ele quer dizer. Eu sei das regras. Fico
paralisada, como ele sabe disso?
— Andrew...
— Justin me contou sobre o que a família dele segue quando
estudávamos, não me contou muitos detalhes, mas eu sei que tem
regras.
— Andrew, não posso falar disso.
— Sinto muito por você, se quiser, posso ajudar.
— Por que me ajudaria?
— Existem coisas que certas pessoas não merecem, acha
mesmo que Justin ou a família dele merecem ser felizes? São
pessoas doentes.
— Então por que continua sendo amigo dele?
— Eu não continuo, eu só fiquei preocupado com você desde o
dia que disse que ia casar com ele. Eu sei que pensou que eu
queria outra coisa, mas eu só queria um momento a sós pra falar
sobre isso com você.
— Andrew, eu não posso fugir, eles matariam minha mãe e não
demoraria para me encontrarem, essa criança é importante para
eles.
— Eu sei que ela é mais importante ainda pra você. Eu tentei
denunciar eles e ninguém acreditou, então procurei um amigo do
FBI e ele está investigando o caso, acredito que é um dos poucos
que estão lá e não é comprado por eles. Ele vai poder te ajudar... —
Olho para o relógio na parede e vejo que já está quase no horário
que Justin disse que iria me buscar.
— Podemos conversar sobre isso depois? Se ele pode mesmo
me ajudar, então eu quero, mas agora preciso ir. — Ele me
acompanha de volta até a escola.
Capítulo 11
Quando Jake fez um ano, não consegui o levar para ficar com
Justin, então eu decido o levar hoje. Desde minha última visita ao
Justin, nunca mais fui vê-lo, não queria que me perguntasse sobre
Maia de novo. Mas ele ainda é o pai de Jake e não posso esquecer
isso. Estaciono o carro e tiro uma caixa da mala com cuidado para
não amassar a pequena festinha que fiz para nós. Pego Jake e
entro, as mulheres que ficam lá me levam até o quarto em que ele
está. Agora, bem melhor do que antes o quarto, tem luz, cama,
mesa e livros e Justin não tem marcas sobre o seu rosto. Fico feliz
por Amélia ter melhorado sua situação aqui. Seus olhos brilham
quando me vê com Jake em meu colo. Ele o pega e beija-o.
— Que saudades, filhão — diz com um grande sorriso. — Você
fez um ano, hein?
— Como sabe?
— Não tem muito o que fazer aqui, então conto os dias. —
Mordo os lábios envergonhada pelo que fiz a ele. — Pensei que
você viria mais vezes.
— Saí daqui um pouco irritada com você da última vez. — Tiro
um minibolo da caixa e muitos cupcakes. Coloco em cima da
mesinha. — Trouxe uma minifesta para nós. — Ele sorri. Cantamos
parabéns para Jake e servimo-nos. Justin sorri com cada graça que
ele faz. Ele está muito mudado, o cabelo grande e barba. Ele me
pega o observando.
— Elas não me deixam cortar o cabelo e fazer a barba o tempo
todo — ele diz como se lesse meus pensamentos.
— Você está bem assim também. — Percebo o olhar dele, sei
o que ele quer me perguntar, então respondo: — Encontrei Maia no
cemitério, visitando seu túmulo, ela estava ainda abalada, mas me
parecia bem.
— Você falou para ela que já sabia?
— Ela estava bem até eu dar um tapa na cara dela. — Ele me
olha surpreso, mas depois sorri. — Acha graça eu bater nela?
— Acho graça você com ciúmes.
— Não estou com ciúmes. Só não é legal saber que sua amiga
andava dormindo com seu marido.
— Ciúmes. — Reviro os olhos. Ele vem para o meu lado. —
Quais são seus planos para acabar com o clã?
— Eu estou grávida de Lúcio.
— Não terá plateias quando estiverem se casando, entendi.
— As mulheres do clã vão entrar e vamos acabar com eles.
— Não vai dar certo. Não vai ser esse passe de mágica que
você estar imaginando e Lúcio não vai negar o clã por você.
— Como assim?
— Eu ainda estou vivo, então ainda estamos casados. Mesmo
que mate eles, mesmo que faça tudo, quando as pessoas
descobrirem que estou vivo, elas não vão aceitar o clã como
acabado. — Encaro-o surpresa.
— Amélia não me falou nada sobre isso.
— Porque ela vai me matar. Zara, quando estiver próximo de
tudo isso, ela vai me matar. Amélia é uma cobra, não confie nela,
existe alguma coisa por trás de tudo isso.
— Justin, não pode ser.
— Me mantenha vivo e eu vou ajudar você, tente me tirar daqui
pouco tempo antes do seu casamento, me tire daqui e me deixe
pronto para o dia. Vou negar o clã por você.
— Não posso confiar em você.
— Tem que confiar.
— Sempre me disse que me ajudaria e se for você, vou ter que
matar o Lúcio.
— Deixe o Lúcio pensar que ele é quem deve negar o clã,
quando ele negar o clã, vai negar sua liderança e assim não será
mais um líder.
— Justin, você está blefando, como sempre fez. — Ele se
aproxima mais de mim e encara-me bem no fundo dos meus olhos.
— Não estou blefando — e tenta me beijar. Então caio na real,
ele não está blefando.
— Você não está porque só pode ficar com ela se o clã acabar
ou se me matar. Acha mesmo que um beijo me faria cair nisso? Mas
se está disposto de verdade a ficar com ela, me espere que eu vou
tirar você daqui, mas acho bom cumprir todo o nosso combinado.
— Eu vou cumprir.
Fico mais um tempo lá enquanto Justin brinca com Jake.
Penso no que ele me disse e percebo que, sim, ele tem razão, não
aceitariam meu casamento se Justin estivesse vivo. Amélia não iria
me contrariar, então deixaria Justin para morrer apenas no final. Ane
tentou me avisar sobre elas e agora Justin. Percebo que estou
sozinha nessa. Volto para casa determinada a dar meus primeiros
passos. Coloco Jake para dormir e chamo minha mãe para uma
conversa séria. Conto tudo a ela do começo ao fim sobre o clã.
— Filha — ela me abraça —, eu não imaginava.
— Mãe, precisa me ajudar. Tem pessoas me ajudando a
acabar com eles, mas eu preciso que você me ajude pois não sei se
posso confiar nelas.
— O que eu preciso fazer?
— Procure essa pessoa, ela é da polícia — digo, entregando o
papel com o número que Andrew me entregou.
— Como vou fazer eles acreditarem nisso tudo? Filha, eu só
acreditei pelas marcas em suas costas.
— Dessa mesma forma! Mãe, tem que fazer eles ouvirem
você, os mantenham longe de mim, não quero nenhum contato com
eles até isso tudo acabar, você vai ser minha porta voz. Daqui
alguns meses, isso vai acabar e eu quero resolver isso da melhor
forma.
— Zara, eu posso tentar, mas...
— Não tem mas, você tem que conseguir.
— Tudo bem. — Ela tira fotos das minhas costas sem revelar
meu rosto. Eu estou me arriscando, pois eles podem descobrir, mas
chegou a hora, existe leis em nosso país e elas devem ser
cumpridas.
Volto para visitar Justin e contar dos nossos novos passos a
ele.
— Zara, como estão meus pais? — Lembro de tudo o que
aconteceu naquele dia.
— Seu pai levou um tiro e está de cadeiras de rodas, ele
perdeu os movimentos da cintura para baixo. — Ele me encara
surpreso.
— Como isso aconteceu?
— Eu não sei — minto, não quero que ele me odeie agora. —
Mas sua mãe está bem, ela o ajuda — mas nada do que eu falo tira
seu semblante triste. Sinto muito.
Capítulo 29
— Como você pode estar vivo? Meu Deus, você morreu, Justin
— Maia diz depois de ter se acalmado e se livrado do seu
namorado.
— Eu forjei a morte dele.
— Como? Por quê?
— Porque Maia existe coisas que você não sabe sobre Justin e
todos os dias, você deve agradecer por ter saído a tempo disso. —
Justin mal olha para a cara dela.
— Justin, não vai falar nada?
— Falar o quê?
— Eu não sei. Até a meia hora atrás, você estava morto pra
mim.
— Então por que não continua assim, Maia? Eu continuo morto
pra você — ele grita e ela se encolhe no sofá.
— Eu pensava que você tinha morrido, eu só segui a minha
vida. — Seus olhos enchem de lágrimas.
— Rápido demais, não acha?
— Justin, eu não tinha como adivinhar que você não estava
morto, tudo o que eu fazia era chorar, eu segui em frente porque eu
estava cansada de sofrer.
— Não importa — entro no meio da conversa. — Temos coisas
bem mais importantes. — Levanto-me e abaixo as mangas da
minha blusa, deixando minhas costas expostas a ela. — Você tem
uma longa história para ouvir, Maia. — Conto tudo a ela, do começo
ao fim sobre o clã. Quando termino, Maia praticamente voa em mim
e abraça-me.
— Zara, me perdoa! — Ela chora. — Eu não tinha ideia! — fico
sem reação.
— Preciso que Justin fique aqui e que você mantenha seu
namorado longe daqui. — Ela encara Justin e dessa vez, com o
medo claro em seus olhos.
— Não vou fazer nada com você, não sou esse monstro que
você parece estar pensando que eu sou. — Justin se levanta e sai.
— Paciência, Maia — digo.
— Não sei se quero ele aqui. — Vou até ela irritada.
— Você quer sim — digo, apontando meu dedo em sua cara.
— Da mesma forma que você quis quando eu estava fora e você
dormia com ele! — grito e ela me encara assustada.
— Zara, ele fez você sofrer.
— Você também fez quando eu descobri que a única pessoa
que parecia ser minha amiga, na verdade, não era. Muitas pessoas
me fizeram sofrer, Maia, se eu fosse guardar rancor de todas elas,
eu estaria louca. Mas eu não tenho tempo pra isso e nem fui feita
pra isso, sei perdoar e amar, mas odiar é doloroso pra mim. Não
odeio Lúcio, não odeio Justin, mas odeio o clã e por mais que eles
sejam monstros, ainda sim tento achar motivos para tirar esse ódio,
mas é impossível. As pessoas vão sempre te fazer sofrer, você pode
não saber disso, porque me parece que sua vida foi fácil, mas todos
passamos por momentos difíceis e aprendemos a enxergar isso,
alguns mais que os outros. Maia, só preciso que o mantenha aqui,
se quer realmente me ajudar o mantenha aqui.
— Tudo bem, Zara. — Ela volta a me abraçar e eu retribuo.
Minha cabeça está a mil, vou pensar sobre Maia quando tudo isso
acabar.
— Preciso ir, diga ao Justin que volto assim que der. — Saio de
lá direto para meu carro, volto para casa e torço para não acordar
Lúcio.
Saio com Lúcio, Luciano, minha mãe e Jake para passear.
Lúcio parece ter acordado bem e obrigou-nos a sair de casa, não
me deixou nem passar no hospital antes. Andamos pelo shopping
abraçados. Tento esquecer que tenho a vida que eu tenho, nem que
seja por algumas horas. Sentamo-nos para tomar café, enquanto
minha mãe leva Luciano e Jake para brincar.
— Gosta? — Lúcio pergunta, dando um sorriso de lado que só
o deixa mais lindo.
— Do quê?
— Disso. Um pouco de paz.
— Você ainda pergunta? Gosto mais ainda de ter ver assim,
gentil.
— Desculpa por não ser a melhor pessoa do mundo pra você.
— Lúcio pega minha mão e leva até seu peito esquerdo. — Você faz
a dor aqui ser menor. E eu vou fazer o mesmo por você. — Lúcio
me beija. Vejo minha mãe voltando acompanhada de um homem,
que aparenta ter sua mesma idade, esqueço-me até de questionar
Lúcio.
— Vou lá onde ela está. — Levanto-me e vou até ela. Pego
Jake do seu colo, que se joga para mim assim que me vê.
— Filha, esse aqui é o Morgan. — Ele estende sua mão e eu
aperto a dele. — Morgan, você já conhece a Zara.
— Conhece?
— Zara, eu estou cuidando do seu caso — diz baixinho. —
Estou fazendo de tudo para o seu caso não chegar aos ouvidos do
clã dentro da polícia. Já recebi outras denúncias sobre eles, mas
sempre acontecia alguma coisa e o caso era encerrado, agora não.
Nós vamos até o fim. Tenho um agente especial cuidando do seu
caso. — A confiança que ele me passa me faz querer chorar. —
Agora volte pro seu marido antes que ele desconfie. — Viro-me para
ir até Lúcio, mas paro e volto na direção deles.
— Me prometa que vai conseguir um acordo de imunidade
para Justin e Lúcio.
— Tem certeza que você quer isso?
— Absoluta.
— Eu vou tentar, mas não garanto.
— Obrigada.
Volto para Lúcio.
— Quem é? — Lúcio pergunta.
— Um amigo da minha mãe — digo, ajeitando Jake em meu
colo, tentando parecer o mais normal possível.
— Não sabia que sua mãe conhecia pessoas da polícia
federal. — Quase caio da cadeira.
— Polícia federal? Tem certeza?
— Esse cara é um dos problemas do clã na polícia. — Lúcio
me encara e percebe meu interesse, tento disfarçar. — Falando na
sua mãe, sabe que ela não pode ficar lá pra sempre.
— Nos dê só mais um tempo.